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1 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO ............................................. 3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............................................................. 5 O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO .............................................................. 7 manutenção ..................................................................................................... 9 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO .................................................................. 10 TIPOS DE MANUTENÇÃO ........................................................................... 12 Manutenção Corretiva ................................................................................... 12 Manutenção Preventiva ................................................................................. 13 Manutenção Preditiva .................................................................................... 14 Manutenção Detectiva ................................................................................... 15 Engenharia de Manutenção ........................................................................... 15 GESTÃO DA MANUTENÇÃO ....................................................................... 17 TPM (Total Productive Maintenance) ou Manutenção Produtiva Total .......... 19 RCM (Reliability-Centered Maintenance) ou MCC (Manutenção Centrada na Confiabilidade) ......................................................................................................... 24 PLANEJAMENTO E CONTROLE NA MANUTENÇÃO (PCM) ...................... 26 REFERENCIAS ............................................................................................. 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO A Revolução Industrial foi um marco na evolução da administração das empresas. As características básicas deste período são o desenvolvimento do setor fabril, a aplicação da energia à indústria, o melhoramento dos meios de transporte e comunicação, o aumento do domínio do capitalismo e o grande desenvolvimento tecnológico. A história do planejamento estratégico passa pela atuação do Estado, particularmente do estamento militar, que a partir de estratégias pré-definidas estabelecia planos que se transformavam em ações no teatro de operações. Ao longo do tempo outros autores escreveram sobre o tema. Maquiavel, no clássico trabalho “O Príncipe” escrito em 1513, mas só publicado em 1532, apresenta princípios básicos de estratégia e mesmo de planejamento ao estruturar a base do pensamento republicano que pretendia unificar as potências na península itálica. O príncipe deveria ter uma tríplice missão: tomar o poder; assegurar a estabilidade política; construir a República unificada. Maquiavel viu em Lourenço de Médici a figura desse príncipe. Deveria ser um herói trágico, impiedoso e astucioso, resoluto e frio, porque esta era a única maneira de controlar a instabilidade política e a perversão dos homens, a fim de que fosse instaurada a cidade justa. E para atingir tais objetivos, deveria planejar e arquitetar alianças, construir cenários futuros. Clausewitz, com seu famoso trabalho “A Guerra”, publicado postumamente, ficou conhecido com a frase em que ele define a associação entre guerra e política: “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Os ensinamentos do general prussiano do século XIX são baseados na incerteza, na necessidade de adaptação de posições, onde se destacam os conceitos de tática e estratégia. Ainda no século XIX, George Siemens estudou a administração, em especial o planejamento, como função e como estrutura e sobressaiu-se na Alemanha, entre 1870 a 1880, ao projetar e construir o "Deutsch Bank" que se transformou em pouco tempo numa instituição financeira líder e dinâmica dentro da Europa continental. 4 A revolução industrial produziu alterações significativas na estrutura econômica da sociedade. As relações de produção foram modificadas e surgiu a necessidade de sistematizar e gerir a produção que crescia exponencialmente. Neste contexto, entre o final do século XIX até a década de 20 do século passado tivemos vários autores com trabalhos expressivos acadêmicos ou não que influenciaram o modo de gerir as empresas e instituições, o que sem dúvida estimulou o uso do planejamento estratégico, como ferramenta de gestão. Taylor, Gant, Fayol, Ford e Weber estão entre eles. As duas grandes guerras obrigaram os Estados, em particular, suas Forças Armadas e os segmentos industriais a desenvolverem técnicas e ferramentas que otimizassem seus recursos, especialmente , os logísticos. Reforça-se, assim, o planejamento estratégico como ferramenta decisiva para o desenvolvimento de ações de médio e longo prazo. Com relação ao planejamento estratégico do Estado, o Brasil acumulou, sobretudo entre os anos 40 e 70 do século passado, uma experiência razoável em matéria de planejamento governamental. Desde os primeiros exercícios, no imediato Pós-Segunda Guerra, por meio, entre outros, do Plano Salte (saúde, alimentação, transportes e energia) e, mais adiante, do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, até os mais recentes planos plurianuais, determinados constitucionalmente, o Estado brasileiro empreendeu, ao longo destas últimas cinco ou seis décadas, diversas tentativas de planejamento do futuro e de organização do processo de desenvolvimento econômico. Na iniciativa privada, no entanto, foi a partir de 1950 que as mudanças começaram a serem intensas, contínuas e cada vez mais rápidas. A cada década, novos conceitos e aplicações de Planejamento Estratégico foram surgindo, impactando ou sendo impactados por áreas como Marketing, Finanças, Produção, Globalização, Tecnologia e Qualidade. No entanto, o planejamento estratégico, como hoje se conhece, surgiu somente no início da década de 70. Nas décadas de 50 e 60 os administradores empregavam um planejamento mais operacional, uma vez que o crescimento de demanda total estava controlado, e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem sucedido no negócio. Isso mudou com a turbulência dos anos 70, que trouxe a tona 5 diversas crises: os preços do petróleo dispararam com a guerra entre árabes e israelenses; houve escassez de energia e matéria-prima, inflação de dois dígitos, recessão econômica e alarmantes índices de desemprego. Essa sequência de eventos na economia trouxe como consequência a necessidade de um novo processo de planejamento estratégico, visando manter as empresas numa boa posição, mesmo diante de problemas que possam ocorrerem qualquer um de seus negócios ou linhas de produtos. A estratégia e mais diretamente o planejamento estratégico entraram definitivamente na agenda das empresas no século XXI. Um dos mais respeitados autores é Michael Porter, considerado a maior autoridade mundial em estratégia competitiva. É autor dos maiores best-sellers internacionais na área, entre os quais se destacam: Vantagem Competitiva, Estratégia Competitiva, A Vantagem Competitiva das Nações, On competition e, mais recentemente, Redefining Health care que está revolucionando a gestão da saúde em todo o mundo. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Uma das grandes dificuldades das empresas é a conceituação da função do planejamento estratégico, em especial sua real amplitude e abrangência. Drucker (1977), em seu livro Introdução a Administração, guarda em um de seus capítulos um espaço para o tema em questão e, antes mesmo de definir o que é planejamento estratégico, ele define o que não é planejamento estratégico. Segundo ele: • Planejamento estratégico não é uma caixa de mágicas nem um amontoado de técnicas – quantificar não é planejar; • Não é previsão – ele se faz necessário por não se ter a capacidade de prever; • Não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas decisões presentes; 6 • Ele não é uma tentativa de eliminar o risco. É fundamental que os riscos assumidos sejam os riscos certos. Há muitas conceituações para planejamento estratégico. Segundo Kotler (1992, p.63), “planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado”. O objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios. Já Drucker (1977) define Planejamento Estratégico como um processo contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que minimizem riscos. Outra conceituação interessante apresenta o planejamento estratégico “como um processo administrativo para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e diferenciada” (Oliveira – 2007). Independente do autor fica claro que o planejamento estratégico é um conjunto de ferramentas que por si só são insuficientes, mas quando é seguido de planejamentos táticos e operacionais, consiste em robusta ferramenta para implementar o pensamento estratégico da organização. Mas qual a diferença entre o planejamento entre o planejamento estratégico, tático e operacional? De forma resumida, pode-se dizer que quanto aos níveis, o planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto o planejamento tático relaciona-se aos objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente, afetam somente parte da empresa. Já o planejamento operacional pode ser considerado como partes homogêneas do planejamento tático, sendo a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidos. Tem foco nas atividades do dia-a-dia. De uma maneira geral, o planejamento estratégico é responsabilidade dos níveis hierárquicos mais elevados da empresa/organização, o planejamento tático é desenvolvido pelos níveis 7 intermediários, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis e o planejamento operacional é elaborado pelos níveis mais baixos da organização. O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO É a avaliação real da posição da instituição. Nesta etapa são considerados os aspectos internos e externos a partir dos dados consistentes levantados durante a análise do ambiente interno e externo. De acordo com Rebouças (2006, p. 86): O diagnóstico estratégico corresponde à primeira fase do processo de planejamento estratégico e procura responder à pergunta “qual a real situação da empresa quanto a seus aspectos internos e externos?”, verificando o que a empresa tem de bom, de regular ou de ruim em seu processo administrativo. Com a elaboração do diagnóstico interno e externo, pode ser feita uma complementação na análise e se obterem acertos nas estimativas futuras, baseando- se nas situações atuais. Os fatores externos são formados por: fatores econômicos, fatores sociais, fatores políticos/legais e fatores tecnológicos. Existem também os fatores externo operacional, que são formados por: mercado consumidor, mercado fornecedor e mercado concorrente, denominadas forças macro ambientais. Essas forças não estão, em geral, ligadas ao controle direto das organizações. Nas palavras de Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 48): O objetivo da administração estratégica é criar condições para que a empresa opere com eficácia diante de ameaças ou restrições ambientais, e possa também capitalizar as oportunidades oferecidas pelo ambiente. Para atingir esse objetivo, os administradores estratégicos devem identificar e analisar essas forças macro ambientais nacionais e mundiais. Um dos métodos que podem auxiliar o processo do diagnóstico estratégico é o benchmarking. Como para Rebouças (2006) apud Leibfried e McNair (1994), ele é um processo contínuo e interativo para com as realidades ambientais para a avaliação de desempenho corrente, estabelecimento de objetivos, bem como para identificação de áreas de 8 aperfeiçoamento e mudança nas empresas. Ou seja, o diagnóstico aumenta a possibilidade de melhorias nas empresas e tem por objetivo principal projetar o futuro da organização. Independentemente do seu tipo ou tamanho, muitos se utilizam de exemplos ou realidades encontradas no mercado e assim estabelecem objetivos adaptados a suas próprias atividades. Martins (2007) destaca que uma ferramenta bastante difundida e utilizada para a elaboração de um bom diagnóstico situacional é a Matriz SWOT (vindo do inglês strengths [forças], weaknesses [fraquezas], opportunities [oportunidades] e threats [ameaças]. Também conhecida como análise de equilíbrio, ela visa confrontar os aspectos negativos e positivos com relação às condições internas e externas que podem afetar de alguma forma a organização. Essa ferramenta vem na área da Administração e se encaixa com bastante veracidade no processo de planejamento estratégico, sendo um eficiente recurso a ser usado no mapeamento das condições socioeconômicas do ambiente onde está inserida, bem como no levantamento dos acertos e dos pontos a melhorar no que diz respeito à própria forma de trabalho e funcionamento da instituição que está sendo gerenciada. Com o objetivo de ajudar no processo decisório das instituições e permitir uma ação mais rápida e uniforme das pessoas envolvidas, a Matriz SWOT (...) deve ser elaborada com total franqueza, honestidade e ousadia para que retrate o ambiente de funcionamento da escola da forma mais precisa e clara possível, oferecendo segurança àqueles que tomarão as decisões estratégicas da organização. Como demonstrado no quadro a seguir, é recomendado que se criem quatro quadrantes onde serão descritas, de forma resumida e clara, as variáveis que podem ser controladas e as que não podem ser controladas pela empresa, Deve-se tomar como referência os aspectos positivos e negativos de um produto ou serviço oferecido pela empresa. 9 MANUTENÇÃO De acordo com MONCHY (1987, p. 3), “o termo manutenção tem sua origem no vocábulo militar, cujo sentido era manter nas unidades de combate o efetivo e o material num nível constante de aceitação”. KARDEC & NASCIF (2009, p. 23) define o ato de manter ou a manutenção industrial como “garantir a disponibilidade da funçãodos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção e a preservação do meio ambiente, com confiabilidade, segurança e custos adequados”. Em 1975, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, pela norma TB-116, definiu o termo manutenção como sendo o conjunto de todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou restaurado de modo a poder permanecer de acordo com uma condição desejada. Anos mais tarde, em 1994, a NBR-5462 trazia uma revisão do termo como sendo a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida (ABNT, 1994). 10 Existem diversas definições e conceitos apresentados para a manutenção, a maioria com enfoque nos aspectos preventivos, conservativos e corretivos da atividade; mas é interessante observar a mudança, mais recente, que incluiu nas definições os aspectos humanos, de custos e de confiabilidade da função manutenção, como consequência do aumento da importância e responsabilidades do setor dentro das organizações. HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO Formas simples de manutenção, como conservação de objetos e ferramentas de trabalho, estendendo-se até pequenas atividades de reparo, podem ser observadas desde os primórdios das civilizações. No entanto, foi apenas com a Revolução Industrial do século XVIII, aliada a um grande avanço tecnológico, que a função manutenção emergiu na indústria, como forma de garantir a continuidade do trabalho. Neste caso, o próprio operador da máquina era responsável pela sua manutenção, sendo treinado para realizar reparos (WIREBSK, 2007). Esse cenário, com manutenção e produção realizadas pelo próprio operador, predominou até a I Guerra Mundial, onde as linhas de montagem introduzidas por Henry Ford iniciaram a demanda por sistemas de manutenção mais ágeis e eficazes, predominantemente direcionados para o que hoje se denomina manutenção corretiva (FILHO, 2008). Apesar de existirem na indústria pessoas responsáveis pela manutenção, estes ainda eram subordinados à função operação e executavam manutenção corretiva emergencial, o que implicava em conserto após falha e eventual indisponibilidade de máquina. Apenas com a II Guerra Mundial, no final da década de 30, e com a necessidade de produções cada vez maiores e mais enxutas, é que se começou a praticar o monitoramento de máquinas e equipamentos com base no tempo, caracterizando o que hoje se conhece por manutenção preventiva. Assim, a função manutenção, corretiva e preventiva, viria a assumir dentro da indústria posição hierárquica igual à da função produção (FILHO, 2008). O aumento dos registros de ocorrências de manutenção, bem como os altos gastos com peças de reposição, que ficaram ainda mais evidentes com a prática da manutenção preventiva, impulsionaram as empresas a desenvolver o setor, entre as 11 décadas de 40 e 50, aprimorando o planejamento e a gestão da manutenção, com o advento da Engenharia de Manutenção em nível departamental, subordinada a uma gerência de manutenção (CAMPOS JÚNIOR, 2006). O foco no controle e prevenção de falhas passou a fazer parte do cotidiano da equipe de manutenção e trouxe bons resultados em termos de aumento da confiabilidade e disponibilidade de máquinas e equipamentos, diminuição dos riscos de segurança e saúde do trabalhador, entre outros. Ainda assim, as interrupções frequentes e os custos gerados pela manutenção preventiva tiveram repercussões negativas na produtividade, afetando o custo dos produtos. Aliado a tal fato, o avanço tecnológico, com difusão dos computadores a partir de meados da década de 60, trouxe inovações para controle, medição e análise de falhas, tanto em termos de tratamento de dados quanto em termos de disponibilidade de novos instrumentos e equipamentos. Assim, foram desenvolvidos critérios de previsão de falhas, com equipes focadas no melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, através de controles estatísticos, estudos das avarias e uso de sistemas informatizados. Neste contexto, surge a Manutenção Preditiva e a área de Planejamento e Controle da Manutenção - PCM (FILHO, 2008). A partir de 1980, com desenvolvimento dos microcomputadores a custos mais acessíveis e controles mais simples, as equipes de manutenção adquiriram maior independência para criar e aplicar seus programas, sem necessidade de analista externo à área. Isso possibilitou enorme avanço no manejo de informações e análise de dados que envolviam manutenção e produção. Houve grande aproximação dessas duas áreas, que buscaram trabalhar com sinergia para otimizar qualidade e produtividade (TAVARES, 2000). Observou-se aumento da confiabilidade dos processos industriais e da disponibilidade de equipamentos e máquinas; intervenções mais curtas, conscientes e precisas com análises dos riscos envolvidos; melhoria da segurança e condições ambientais em geral; sistematização dos programas de manutenção, favorecendo a interseção com a própria produção (NETTO, 2008). Outro aspecto importante dos avanços na manutenção foi a dependência cada vez maior das organizações na capacidade de criação e resposta deste setor, já que as novas exigências do mercado tornaram visíveis as limitações dos sistemas de 12 gestão (MOUBRAY, 1996). Em muitos casos, a necessidade de inovação e otimização demandava criação de equipes multidisciplinares para interações nas fases de projeto, fabricação e manutenção de equipamentos e máquinas, proporcionando resultados ainda melhores em termos de produtividade e eficiência em custos. Além disso, com a crescente exigência de qualidade dos produtos por parte dos consumidores, a manutenção foi obrigada a responder por suas intervenções com maior rigor e confiabilidade, diminuindo retrabalhos e falhas na produção. Neste contexto, a Manutenção assumiu papel não apenas importante, mas estratégico dentro das empresas (FILHO, 2008). TIPOS DE MANUTENÇÃO Os tipos de manutenção são caracterizados pela maneira como é feita a intervenção no sistema. Neste capítulo, serão descritas seis práticas básicas de manutenção, consideradas como principais por diversos autores. São elas: manutenção corretiva planejada e não planejada, manutenção preventiva, manutenção preditiva, manutenção detectiva e engenharia de manutenção. MANUTENÇÃO CORRETIVA É a forma mais simples e mais primitiva de manutenção. De acordo com SLACK et al. (2002, p. 625) “significa deixar as instalações continuarem a operar até que quebrem. O trabalho de manutenção é realizado somente após a quebra do equipamento ter ocorrido [...]”. Apesar de esta definição apontar para uma manutenção simplesmente entregue ao acaso, essa abordagem ainda se subdivide em duas categorias: planejada e não-planejada. Manutenção corretiva não-planejada: a correção da falha ou do desempenho abaixo do esperado é realizada sempre após a ocorrência do fato, sem acompanhamento ou planejamento anterior, aleatoriamente. Implica em altos custos e baixa confiabilidade de 13 produção, já que gera ociosidade e danos maiores aos equipamentos, muitas vezes irreversíveis (OTANI & MACHADO, 2008). Manutenção corretiva planejada: quando a manutenção é preparada. Ocorre, por exemplo, pela decisão gerencial de operar até a falha ou em função de um acompanhamento preditivo. OTANI & MACHADO (2008, p. 4) apontam que “pelo seu próprio nome 23 planejado, indica que tudo o que é planejado, tende a ficar mais barato, mais seguro e mais rápido”. De acordo com ALMEIDA (2000, p. 2) “poucas plantas industriais usam uma filosofia verdadeira de gerência por manutenção corretiva. Em quase todos os casos, as plantas industriais realizam tarefas preventivas básicas, como lubrificação e ajustes da máquina, mesmo em um ambiente de manutençãocorretiva.” Entretanto, o mais importante, segundo ALMEIDA (2000), é que ao adotar esse tipo de filosofia, as máquinas e equipamentos da planta não são revisados e não passam por grandes reparos até a falha. Esse tipo de gerência de manutenção, apesar de simples, pode requerer custos altíssimos, associados a: estoque de peças sobressalentes, trabalho extra, custo ociosidade de máquina e baixa disponibilidade de produção (ALMEIDA, 2000). E os custos tendem a aumentar ainda mais caso o tempo de reação se prolongue, seja por falha da equipe de manutenção, seja por falta de peça de reposição. Segundo ALMEIDA (2000, p. 2) “(...) O resultado líquido deste tipo reativo de gerência de manutenção é o maior custo de manutenção e menor disponibilidade de maquinaria de processo. A análise dos custos de manutenção indica que um reparo realizado no modo corretivo-reativo terá em média um custo cerca de 3 vezes maior que quando o mesmo reparo for feito dentro de um modo programado ou preventivo.” MANUTENÇÃO PREVENTIVA É a manutenção voltada para evitar que a falha ocorra, através de manutenções em intervalos de tempo pré-definidos. Segundo SLACK et al. (2002, p. 645), “visa eliminar ou reduzir as probabilidade de falhas por manutenção (limpeza, lubrificação, substituição e verificação) das instalações em intervalos de tempo pré- planejados”. 14 De acordo com ALMEIDA (2000, p.3) “todos os programas de gerência de manutenção preventiva assumem que as máquinas degradarão com um quadro típico de sua classificação em particular”. Ou seja, os reparos e recondicionamentos de máquinas, na maioria das empresas, são planejados a partir de estatísticas, sendo a mais largamente usada a curva do tempo médio para falha – CTMF (ALMEIDA, 2000). O grande problema deste tipo de abordagem, no entanto, é basear-se em estatísticas para programação de paradas sem, no entanto, avaliar as variáveis específicas da planta que afetam diretamente a vida operacional normal da maquinaria. ALMEIDA (2000, p.3) cita como exemplo que “o tempo médio entre as falhas (TMF) não será o mesmo para uma bomba que esteja trabalhando com água e bombeando polpas abrasivas de minério”. Tais generalizações são as principais responsáveis pelos dois problemas mais comuns ao se adotar a manutenção preventiva: reparos desnecessários ou bastante antecipados e falhas inesperadas (ALMEIDA, 2000). No primeiro caso, adota-se um horizonte temporal conservador, sendo o reparo realizado muito antes do necessário, desperdiçando peças e trabalho. Já no segundo caso, o mais crítico, apesar dos esforços para prevenir a falha, esta acabou acontecendo, associando gastos preventivos aos corretivos que, conforme mostrado anteriormente, são bem maiores. MANUTENÇÃO PREDITIVA É a manutenção que realiza acompanhamento de variáveis e parâmetros de desempenho de máquinas e equipamentos, visando definir o instante correto da intervenção, com o máximo de aproveitamento do ativo (OTANI & MACHADO, 2008). Segundo ALMEIDA (2000, p. 4): “(...) trata-se de um meio de se melhorar a produtividade, a qualidade do produto, o lucro, e a efetividade global de nossas plantas industriais de manufatura e de produção”. Isso porque tal abordagem se utiliza de ferramentas mais efetivas para obter a condição operativa real dos sistemas produtivos, ou seja, consegue fornecer dados sobre a condição mecânica de cada máquina, determinando o tempo médio real para falha. Portanto, todas as atividades de manutenção são programadas em uma base “conforme necessário”. 15 ALMEIDA (2000, p. 4) ainda destaca a diferença mais substancial entre a manutenção corretiva e a preditiva: “(...) Talvez a diferença mais importante entre manutenção reativa e preditiva seja a capacidade de se programar o reparo quando ele terá o menor impacto sobre a produção. O tempo de produção perdido como resultado de manutenção reativa é substancial e raramente pode ser recuperado. A maioria das plantas industriais, durante períodos de produção de pico, operam 24 horas por dia. Portanto, o tempo perdido de produção não pode ser recuperado.” MANUTENÇÃO DETECTIVA O termo manutenção detectiva vem da palavra “detectar” e começou a ser referenciado a partir da década de 90. O objetivo da prática desta política é aumentar a confiabilidade dos equipamentos, haja vista, é caracterizada pela intervenção em sistemas de proteção para detectar falhas ocultas e não perceptíveis ao pessoal da operação (SOUZA, 2008). FERREIRA (2008, p. 23) cita um exemplo de aplicação da manutenção detectiva, de maneira a aumentar a confiabilidade do processo: “Um exemplo clássico é o circuito que comanda a entrada de um gerador em um hospital. Se houver falta de energia e o circuito tiver uma falha, o gerador não entra. Por isso, este circuito é testado/acionado de tempos em tempos, para verificar sua funcionalidade”. Portanto, a manutenção detectiva é especialmente importante quando o nível de automação dentro das indústrias aumenta ou o processo é crítico e não suporta falhas. ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO Após o advento da manutenção preditiva, a prática da Engenharia de Manutenção pode ser considerada como uma quebra de paradigma, principalmente 16 em virtude das mudanças na rotina da atividade e da consolidação de uma política de melhoria contínua para a área de manutenção. De acordo com KARDEC & NASCIF (2009, p. 50) a Engenharia de Manutenção significa “perseguir benchmarks, aplicar técnicas modernas, estar nivelado com a manutenção do Primeiro Mundo”. Para tanto, visa, dentre outros fatores, aumentar a confiabilidade, disponibilidade, segurança e manutenibilidade; eliminar problemas crônicos e solucionar problemas tecnológicos; melhorar gestão de pessoal, materiais e sobressalentes; participar de novos projetos e dar suporte à execução; fazer análise de falhas e estudos; elaborar planos de manutenção, fazer análise crítica e acompanhar indicadores, zelando sempre pela documentação técnica (KARDEC & NASCIF, 2009). A empresa que pratica a Engenharia de Manutenção não está apenas realizando acompanhamento preditivo de seus equipamentos e máquinas, ela está alimentando sua estrutura de dados e informações sobre manutenção que irão lhe permitir realizar análises e estudos para proposição de melhorias no futuro. A figura abaixo ilustra melhor as diferenças entre os diversos tipos de manutenção e a posição da Engenharia de Manutenção neste cenário. 17 FIGURA 1: Tipos de Manutenção Fonte: adaptado de KARDEC & NASCIF, 2009. GESTÃO DA MANUTENÇÃO A função manutenção tem se transformado e tem evoluído, à medida que os gestores das organizações industriais têm se apercebido o quanto as falhas em equipamentos afetam a segurança, a qualidade e os custos da produção (SELLITO, 2007). Segundo Moubray (1996) apud Sellito (2007), gestores de manutenção têm adotado novos modos de pensar, tanto no papel de técnicos como no papel de 18 estrategistas, ao mesmo tempo em que as limitações dos sistemas de gestão existentes se tornam mais visíveis. Xenos (1998) afirma que as atividades de manutenção resultam de ações tomadas no dia-a-dia para prevenir ou corrigir eventuais anomalias ou falhas detectadas nos equipamentos pelos operadores da produção ou pelas equipes de manutenção. E ainda explica que as atividades de manutenção compreendem métodos de manutenção e atividades gerenciais, que podem ser chamadas de funções de apoio ou funções gerenciais da manutenção. Kardec e Nascif (2009, p.9) apontam como deve ser a postura da gerência moderna: “A condução moderna dos negócios requer uma mudança profunda de mentalidade e de posturas. A gerência moderna deve estar sustentada por uma visão de futuro e regida por processos de gestão onde a satisfação plena de seus clientes sejaresultante da qualidade intrínseca dos seus produtos e serviços e a qualidade total dos seus processos produtivos seja o balizador fundamental.” Uma modificação nos atuais sistemas de gestão da manutenção industrial é a formulação de uma estratégia formal de manutenção, cujas crenças subjacentes sejam fundamentadas na teoria da confiabilidade e de manutenibilidade (SELLITO, 2007). Kardec e Nasfic (2009) afirmam que o novo papel da manutenção é um grande desafio gerencial, a visão sistêmica do negócio e a mudança de paradigmas e de conceitos levarão a grandes inovações. Costa (2013) conclui que “mais importante do que restringir a política de manutenção a uma abordagem ou outra, é necessário utilizar uma metodologia adequada de gestão do sistema de manutenção. Assim, a função manutenção deixará de ser um gasto adicional para a empresa e poderá ser encarada como fator estratégico para redução dos custos totais de produção”. Dentro desse cenário, serão apresentadas duas ferramentas/filosofias de manutenção: o TPM (Total Productive Maintenance) ou Manutenção Produtiva Total, e o RCM (ReliabilityCentered Maintenance) ou MCC (Manutenção Centrada na Confiabilidade). 19 TPM (TOTAL PRODUCTIVE MAINTENANCE) OU MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL A TPM surgiu no Japão na década de 70, é um sistema desenvolvido com foco na qualidade e na confiabilidade, eliminando perdas, reduzindo paradas e diminuindo custos. No Brasil, foi apresentado pela primeira vez em 1986. Não é apenas uma iniciativa da manutenção ou um programa de melhorias, mas uma filosofia operacional estratégica e que envolve toda a organização, desde os operadores até o nível hierárquico mais alto (SOUZA, 2004). Souza (2004) ainda cita que a TPM dirigiu sua atenção para a redução de custos do equipamento no seu ciclo de via, combinando manutenção preventiva com melhorias sustentáveis e projeto de manutenção preditiva. Conforme Banker (1995) apud Souza (2004, p. 32): “(...) a TPM cria um autogerenciamento no local de trabalho, uma vez que os operadores assumem a propriedade de seu equipamento e passam a mantê-los. A TPM se baseia no respeito à inteligência e ao potencial de conhecimento de todos os empregados da empresa.” Branco Filho (2000) apud Souza (2004, p.32) ainda reforça: “(...) a TPM é um sistema de organização do trabalho, no qual parte da manutenção é realizada pelo operador do equipamento ou máquina. Dentre as atividades realizadas pelo operador, podese citar: (i) limpezas; (ii) lubrificações; (iii) ajuste e troca de ferramentas; (iv) pequenos reparos; e (v) verificações e inspeções visuais.” A TPM tem seu foco de atuação no que ela considera as seis grandes perdas responsáveis pela redução do rendimento operacional global dos equipamentos: (i) perda por quebras ou paradas acidentais, (ii) perda por mudança de linha, (iii) perda por operação em vazio e pequenas paradas, (iv) perda por velocidade reduzida em relação à nominal, (v) perda por defeitos de produção, e (vi) perda por queda de rendimento (KARDEC e NASCIF, 2009). Nakajima (1989) apud Souza (2004, p. 35), bem explicou cada uma dessas perdas: 20 (i) Perda por parada acidental: As perdas por parada acidental podem ser divididas em dois tipos: perda total da capacidade, quando a máquina quebra e não opera mais, e perda parcial de capacidade, quando o desgaste das máquinas começa a reduzir as condições originais do equipamento. (ii) Perda por parada durante a mudança de linha: Essa perda surge sempre que há uma mudança de produto na linha. São as perdas originadas quando um equipamento é utilizado para produzir vários produtos e, a cada mudança de produtos, necessitar de regulagens e ajustes. (iii) Perda por operação em vazio ou por pequenas paradas: São as paradas momentâneas resultantes de um problema qualquer que não constitui quebras. São as interrupções devido aos controles existentes nas máquinas e que bloqueiam seu funcionamento. Normalmente, com a intervenção do operador, basta dar início ao ciclo e o equipamento volta a operar normalmente. (iv) Perda por queda de velocidade: Essa perda se dá quando ocorre a queda da velocidade normal de trabalho ocasionada por problemas mecânicos, problemas relativos à qualidade ou a outros fatores que obrigam a produzir com velocidade reduzida. (v) Perda por defeito no processo: Compreende todas as operações relativas a retrabalhos ou mesmo à eliminação de produtos defeituosos gerados durante o processo de fabricação. (vi) Perda por defeito no início da produção: Esse tipo de perda é também denominado de perda para entrada em regime de produção. Pode ser considerado como o tempo gasto para que a produção inicie o processo normal e pode ser ocasionado pela instabilidade da própria operação, por ferramentas inadequadas, falta de manutenção, problemas de domínio técnico do operador ou falta de matérias-primas. Segundo a JIPM (Japan Institute Productive Management) apud Freitas (2002), a estrutura do TPM é baseada em 8 pilares, onde a aplicação de todos levará a 21 empresa a um resultado de excelência. Estes possuem, objetivos próprios, conforme demonstrado a seguir: - Pilar Manutenção da Qualidade: garantir zero defeito de qualidade, mantendo condições ideais de materiais, equipamentos, métodos e pessoas; - Pilar Melhoria Específica: conhecer e eliminar perdas de todo o processo produtivo através de técnicas analíticas; - Pilar Segurança, Saúde e Meio ambiente: busca de zero acidentes, com danos pessoais, materiais e ambientais, através de equipamentos confiáveis, prevenção do erro humano e processos e equipamentos que não agridam o meio ambiente; - Pilar Manutenção Planejada: busca reduzir custos de manutenção, mantendo condições ótimas de processos e equipamentos, através de atividades de melhoria continua e gerenciamento da manutenção. Suportar fortemente o Pilar de Manutenção Autônoma; - Pilar Office TPM: identificar e eliminar perdas administrativas; tipicamente reduz tempo e aumenta a qualidade/precisão das informações; - Pilar Controle Inicial: aproveitar o conhecimento adquirido por melhorias e introduzir novos projetos sem qualquer tipo de perda (velocidade, qualidade, tempo, custo, quebras, etc.); - Pilar Educação e Treinamento: desenvolver o conhecimento e habilidades suportando os outros pilares no desenvolvimento das atividades de TPM; - Pilar Manutenção Autônoma: detectar e lidar prontamente com as anormalidades observadas nos equipamentos, de forma a manter condições ideais de funcionamento. Esses oito pilares definem e norteiam a filosofia do TPM, cujo foco é a “Falha Zero” ou “Quebra Zero”. Kardec e Nascif (2009) delimitam as medidas que são fundamentais para a obtenção e conquista definitiva da quebra zero: - Estruturação das condições básicas para a operação: limpeza da área, asseio, lubrificação e ordem; 22 - Obediência às condições de uso: operar os equipamentos dentro das condições e limites estabelecidos; - Regeneração do envelhecimento: recuperar o equipamento por problemas de envelhecimento e evitar quebras futuras; eliminar as causas de envelhecimento dos equipamentos; restaurar os equipamentos, periodicamente, retornando-os às condições originais; ter o domínio das anomalias que provocam a degradação dos componentes internos através dos cinco sentidos das pessoas e das técnicas e instrumentos que fornecem a condição das máquinas (vibração, temperatura...); - Sanar os pontos falhos decorrentes de projeto: corrigir eventuais deficiências do projeto original; fazer previsão da vida média através de técnicas de diagnóstico; - Incrementar capacidade técnica: capacitação e desenvolvimento do elemento humano, de modo que ele possa perceber, diagnosticar e atuar convenientemente. Kardec e Nascif (2009) ainda apresentam um esquema de implementação daTPM, conforme o FIGURA 2 a seguir: 23 FIGURA 2 – Etapas da Implementação da TPM. Fonte: Adaptado de Kardec e Nascif, 2009. 24 Costa (2013) afirma que o foco da metodologia da TPM é capacitar os operadores para que conduzam a manutenção de forma espontânea e trabalhem proativamente para a melhoria das condições equipamentos, aliando a isso, a capacitação da equipe de manutenção para que seja polivalente, atuando na busca permanente de economias, seja através de reprojetos, seja através da eliminação dos obstáculos à produção. RCM (RELIABILITY-CENTERED MAINTENANCE) OU MCC (MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE) O conceito de confiabilidade foi introduzido na manutenção por um trabalho sobre falhas em equipamentos eletrônicos de uso militar, nos anos 1950, nos Estados Unidos. A tarefa foi conduzida por um grupo de estudos da Federal Aviation Administration, para a indústria aeronáutica, cujas conclusões reorientaram os procedimentos de manutenção até então vigentes: (i) se um item não possui um modo predominante e característico de falha, revisões programadas afetam muito pouco o nível de confiabilidade deste item; e (ii) para muitos itens, a prática de manutenção preventiva não é eficaz (MOUBRAY, 1996 apud SELLITO, 2007). Para um item cujo reparo é impossível, tal como um satélite artificial, a confiabilidade é a duração esperada de desempenho sem falhas, sob condições de projeto. Para itens reparáveis, como equipamentos industriais, a confiabilidade é a probabilidade de desempenho sem falhas durante um dado intervalo de tempo, sob as condições de projeto (ELSAYED, 1996 apud SELLITO, 2007). Segundo Kardec e Nascif (2009), a RCM é uma metodologia que estuda um equipamento ou sistema em detalhes, analisa como ele pode falhar e define a melhor forma de fazer manutenção de modo a prevenir a falha ou minimizar as perdas decorrentes das falhas. Desse modo, é uma ferramenta de suporte à decisão gerencial. Segundo Souza e Lima (2003) apud Costa (2013), diferentemente de outras metodologias, a RCM busca direcionar e replanejar a manutenção de uma área/equipamento específico ou da empresa como um todo, e é a própria empresa que vai dizer qual o nível de serviço que deseja ou que considera aceitável para seus 25 equipamentos, de acordo com especificações de projeto, custo x benefício, custo e impacto de falhas, entre outros. Kardec e Nascif (2009) definem os seguintes passos para a implantação da RCM: - Seleção do sistema; - Definição das funções e padrões de desempenho; - Determinação das falhas funcionas e de padrões de desempenho; - Análise dos modos e efeitos das falhas; - Histórico de manutenção e revisão da documentação técnica; - Determinação de ações de manutenção: política, tarefas, frequência. Ainda Kardec e Nascif (2009) recomendam a aplicação das sete perguntas abaixo para enquadrar um equipamento, componente ou sistema no processo de RCM: 1. Quais são as funções e os padrões de desempenho do item no seu contexto operacional atual? 2. De que forma ele falha em cumprir suas funções? 3. O que causa cada falha operacional? 4. O que acontece quando ocorre cada falha? 5. De que forma cada falha tem importância? 6. O que pode ser feito para prevenir cada falha? 7. O que deve ser feito, se não for encontrada uma tarefa preventiva apropriada? Para responder a cada questão, a RCM utiliza métodos e ferramentas de um conjunto aberto de soluções, seguindo uma sequência estruturada. Kardec e Nascif (2009) apontam os principais resultados gerados pela implantação de análise pela RCM: 26 - Melhoria da compreensão do funcionamento do equipamento ou sistema, proporcionando uma ampliação de conhecimentos aos participantes de especialidades diversas; - Desenvolvimento do trabalho em grupo, com reflexos altamente positivos na análise, solução de problemas e estabelecimento de programas de trabalho; - Definição de como o item pode falhar e das causas básicas de cada falha, desenvolvendo mecanismos de evitar falhas que possam ocorrer espontaneamente ou causadas por atos das pessoas; - Elaboração dos planos para garantir a operação do item em um nível de performance desejado. Esses planos englobam: planos de manutenção; procedimentos operacionais; lista de modificações ou melhorias, normalmente a cargo da Engenharia, que fogem ao escopo de trabalho da Operação e da Manutenção, e são necessárias para que o item atinja e permaneça no patamar de performance desejado. PLANEJAMENTO E CONTROLE NA MANUTENÇÃO (PCM) Em um serviço de manutenção, a função planejamento é particularmente trabalhosa e delicada, os seus trabalhos são variados e a noção de urgência é mais frequente e com maiores consequências que na produção (MONCHY, 1987). Monchy (1987) também cita os problemas a serem resolvidos pelo planejamento da manutenção: dependência da produção (paradas de fabricação); segurança (prazos das restrições); acompanhamento dos trabalhos subcontratados, geralmente numerosos na manutenção; suprimento das peças de reposição; meios de manutenção especiais a tornar disponíveis; triagem das urgências de intervenções corretivas. A Produção engloba a Manutenção e a Operação, sendo que estas ocupam um mesmo nível hierárquico dentro de uma organização produtiva (VIANA, 2006). Logo, a tendência é que a Manutenção ocupe um nível de gerência departamental, da mesma forma que a operação. E o PCM é um órgão de suporte à manutenção, sendo diretamente ligado à gerência de departamento (VIANA, 2006). 27 Viana (2006, p. 53) explica que o reporte das informações concernentes aos serviços de manutenção possui uma grande importância no gerenciamento de um processo produtivo, pois com um banco de dados organizado é possível acompanhar toda a trajetória de um equipamento, e os problemas que o cercam; assim, é possível análise com exatidão de dados que servem de base para projetos de engenharia, estudo de troca de fornecedores, melhoria da mantenabilidade e tomada de decisões baseadas em fatos mensuráveis. Para que o PCM possa ser implantado é essencial a estruturação de um Sistema de Planejamento e Controle, que pode ser manual ou informatizado. Segundo Reis et al. (2010) apud Tavares (1987), “para que os envolvidos com tomada de decisão na área de manutenção possam ter informações confiáveis para basear a sua determinação é preciso que dados sejam buscados e gerados convenientemente no mais breve espaço de tempo possível, produzindo assim, relatórios, tabelas e gráficos com conteúdo conciso”. O FIGURA 3 abaixo mostra resumidamente benefícios e desvantagens na utilização de sistemas de controle de manutenção manual versus informatizado: 28 FIGURA 3 – Comparação entre sistemas de controle de manutenção manual versus informatizado. Fonte: Reis et al., 2010 Porém, apesar do alto índice de uso de pacotes de programas externos, grande parte das empresas ainda se utilizam de planilhas eletrônicas (18,95%), o que aponta para grandes oportunidades de melhoria e crescimento do setor. Viana (2006, p. 163) enumera os objetivos de um sistema de controle de manutenção: - Organizar e padronizar os procedimentos ligados aos serviços de manutenção, tais como: solicitação de serviços, programação de serviços e informações provenientes do banco de dados; - Facilitar a obtenção de informações da manutenção, por exemplo, custo do equipamento, performance, características técnicas, etc; - Gerenciar a estratégia de manutenção através dos planos preventivos, de forma a garantir que as tarefas planejadas sejam emitidas em formas de Ordem de Manutenção; - Aumentar a produtividade da manutenção através de informações, otimização de mão-de-obra e/ou priorização dos serviços; - Controlar o estadodos equipamentos; 29 - Fornecer relatórios de histórico dos equipamentos, bem como dos indicadores de manutenção. Viana (2006) ainda explica que deve-se estudar a realidade da manutenção da empresa, fazendo um paralelo com suas necessidades, assim traçando o perfil do sistema de controle de manutenção mais adequado para o PCM em questão. 30 REFERENCIAS ALMEIDA, M. T. Manutenção Preditiva: Confiabilidade e Qualidade. 2000. Disponível em: . Acesso em 06 out. 2011. BALLOU, Ronald H., Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física, São Paulo, Atlas: 1993. BALLOU, Ronald H., Logística Empresarial, São Paulo, Atlas: 1995. BALLOU, Ronald H., Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, 4ª Ed. Porto Alegre, Bookman: 2001. BELLEI, Ildony H. Edifíficos de múltiplos andares em aço. Fernando O. Pinho, Mauro O. Pinho. 2ª ed. – São Paulo/SP. Editora PINI, 2008. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J., Logistical management: the integrated supply chain process, New York, McGraw-Hill: 1996. CAMPOS JÚNIOR, E. E. 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