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Indaial – 2021 Gestão em manutenção mecânica Profª. Mikelly Chaves Cruz 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Mikelly Chaves Cruz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C957g Cruz, Mikelly Chaves Gestão em manutenção mecânica. / Mikelly Chaves Cruz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 178 p.; il. ISBN 978-65-5663-511-8 ISBN Digital 978-65-5663-512-5 1. Manutenção mecânica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 620 apresentação A elaboração deste livro busca levar em consideração as distintas técnicas de manutenção, não esquecendo do gerenciamento de negócios disponíveis, com inúmeras alternativas, facilidades e complexidades. Tratando-se do gerenciamento e da manutenção, dividem-se em apenas dois caminhos: os que veem a manutenção como parte de um negócio lucrativo e os que vêem como um gasto desnecessário. Os objetivos deste livro didático não são só a preparação e a qualificação dos futuros profissionais de Engenharia Mecânica, mas, também, proporcionar dinamismo e criatividade, de forma a instigar o constante avanço profissional e da indústria. Dessa forma, o profissional de Engenharia Mecânica deverá ser capaz de: • desenvolver características preponderantes, senso crítico, autonomia intelectual e sociabilidade; • desenvolver espírito empreendedor; • contribuir com a iniciativa do gerenciamento do próprio percurso no mercado de trabalho de modo flexível, interdisciplinar e contextualizado; • ter sólidas bases de conhecimentos tecnológicos e científicos; • ter boas comunicações oral e escrita; • desempenhar atividades, buscando qualidade, controle de custo e segurança; • ter posturas profissional e ética. Neste livro, o aluno perceberá que a gestão da Manutenção Mecânica é ditada pela competitividade, estabelecida pelo mercado mundial. Assim como o avanço tecnológico dos equipamentos, a manutenção é apontada como uma estratégia para alcançar os objetivos da organização. Para tanto, soluções eficientes e eficazes nos equipamentos devem ser utilizadas para garantir o aumento da confiabilidade e da disponibilidade. Observa-se que os processos produtivos das empresas estão fortemente dependentes das máquinas e dos equipamentos, para conceber e assegurar vantagem competitiva sobre os concorrentes. Assim nota-se que, gradativamente, os equipamentos dependem de uma manutenção cada vez mais eficiente e apropriada e, por causa do desenvolvimento tecnológico, tornam-se mais complexos e com um padrão de qualidade ainda mais elevado, ressaltando que a manutenção deve ser o suporte para qualquer atividade industrial. Para que o aluno fique mais familiarizado com o conteúdo deste livro, será descrito um breve resumo das Unidades 1, 2 e 3. Na Unidade 1, será abordado o histórico da manutenção, levando em consideração a importância para os dias atuais, mostrando como a visão moderna influencia nos negócios dentro das pequenas e das grandes empresas, permitindo uma visualização mais objetiva das atribuições das áreas, do controle de custos e da operação. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os meios de criar competitividade dentro de uma indústria, por meio da aplicação da gestão da manutenção, evitando determinados prejuízos e garantindo segurança aos equipamentos. Na Unidade 3, aprenderemos a respeito do que influencia, diretamente, na qualidade da manutenção, levando em consideração a importância estratégica da manutenção como ferramenta de competitividade, sendo possível antecipar, além de evitar falhas, que, certamente, causariam interrupção do equipamento, ocasionando prejuízo para a empresa. Nesta unidade, mostraremos, também, que, através da gestão da manutenção, é possível um planejamento com mais confiabilidade, pois a disponibilidade dos equipamentos tem uma importância crucial nos resultados das empresas. Por fim, esperamos que este material auxilie de maneira esclarecedora, e mais completa possível, na formação de novos profissionais da Engenharia Mecânica, aprimorando o conhecimento a respeito de Gestão em Manutenção Mecânica através das aulas teóricas e práticas, realizando atividades de aprendizado por meio da resolução de questões. Bons estudos! Profª. Mikelly Chaves Cruz Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO ................................................................................................. 1 TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO ........................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO .................................................................................................. 4 2.1 TIPOS OU MÉTODOS DE MANUTENÇÃO ............................................................................. 6 2.1.1 Manutenção corretiva............................................................................................................ 6 2.1.2 Manutenção preventiva ....................................................................................................... 7 2.1.3 Manutenção preditiva ........................................................................................................... 7 2.1.4 Manutenção detectiva .......................................................................................................... 8 2.1.5 Engenharia de manutenção .................................................................................................9 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA ............................................ 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 2 GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO ................................................................................................... 16 2.1 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO ........................................................ 18 2.2 A MANUTENÇÃO E AS POLÍTICAS ....................................................................................... 20 2.3 ATIVOS CRÍTICOS ....................................................................................................................... 21 2.4 REQUERIMENTOS LEGAIS ....................................................................................................... 22 2.5 PLANEJAMENTO DE TRABALHO .......................................................................................... 22 2.6 FREQUÊNCIA ............................................................................................................................... 23 2.7 INVESTIMENTO .......................................................................................................................... 23 2.8 ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS VOLTADAS PARA A MANUTENÇÃO ............................. 23 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 27 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28 TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE ......................................... 31 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 31 2 MÉTODO GERENCIAL DE CONTROLE DE PROCESSOS (PDCA) ..................................... 32 3 PRÁTICAS DA MANUTENÇÃO MODERNA .......................................................................... 34 3.1 PROGRAMA 5S ............................................................................................................................ 34 3.2 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM) ...................................................................... 38 3.3 POLIVALÊNCIA OU MULTIESPECIALIZAÇÃO .................................................................. 41 4 AUDITORIA NA MANUTENÇÃO .............................................................................................. 42 5 SISTEMAS DE CONTROLE DE MANUTENÇÃO ................................................................... 44 6 CUSTOS DE MANUTENÇÃO ........................................................................................................ 46 7 INDICADORES DE MANUTENÇÃO ......................................................................................... 48 7.1 TEMPO MÉDIO ENTRE FALHAS - MTBF ............................................................................. 49 7.2 TEMPO MÉDIO PARA REPAROS - MTTR ............................................................................. 49 7.3 DISPONIBILIDADE – DISP ........................................................................................................ 50 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 58 UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL ................................. 61 TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO ....................................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 TERCEIRIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO ...................................................... 64 2.1 TIPOS DE TERCEIRIZAÇÃO .................................................................................................... 66 2.2 TERCEIRIZAÇÃO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA INDÚSTRIA ................ 67 2.3 O SERVIÇO DE MANUTENÇÃO COMO FORMA DE NEGÓCIO ..................................... 68 2.3.1 Gestão e controle da manutenção em prestadoras de serviços ..................................... 69 2.3.2 A informatização das rotinas de manutenção em prestadores de serviços ................ 69 2.3.3 Terceirização e parceiro fornecedor ................................................................................. 69 2.3.4 Vantagens da implementação de um software de gestão .............................................. 70 2.4 CUSTOS DA TERCEIRIZAÇÃO ................................................................................................ 71 2.4.1 Outros pontos garantem a redução de custos ................................................................. 72 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 73 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 74 TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS .................................................... 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77 2 QUALIDADE NA MANUTENÇÃO .............................................................................................. 77 2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA QUALIDADE QUE SE APLICAM À TQM E À MANUTENÇÃO .................................................................................................................. 78 2.2 QUEBRA DE PARADIGMA NA MANUTENÇÃO ............................................................... 79 3 ANÁLISE DE FALHAS NA MANUTENÇÃO ............................................................................. 81 3.1 FINALIDADE DA REALIZAÇÃO DE ANÁLISE DE FALHA .............................................. 83 3.2 ANÁLISE DA CAUSA-RAIZ DA FALHA (RCFA) ................................................................. 83 3.2.1 Sistemática de funcionamento da Análise De Falha (RCFA) ........................................ 84 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 3 — SEGURANÇA DE SERVIÇOS E DE TRANSPORTES ........................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS .................. 95 2.1 MANUTENÇÃO EM CORREIAS E POLIAS .......................................................................... 96 2.1.1 Manutenção e uso correto de correias e polias ............................................................... 96 2.2 MANUTENÇÃO EM ROLAMENTOS ................................................................................... 102 2.3 MANUTENÇÃO EM ENGRENAGENS ................................................................................103 2.4 MANUTENÇÃO EM CABOS DE AÇO ................................................................................. 104 2.5 MANUTENÇÃO EM CORRENTES ....................................................................................... 109 2.6 MANUTENÇÃO EM BOMBAS ............................................................................................... 111 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 113 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 117 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 120 UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES............................................... 123 TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO .................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 PROPÓSITO DA LUBRIFICAÇÃO ............................................................................................. 125 2.1 PLANO DE LUBRIFICAÇÃO .................................................................................................. 126 2.1.1 Elaboração da árvore estrutural de ativos em oito níveis ............................................ 128 2.1.2 Mapear os pontos de lubrificação.................................................................................... 130 2.1.3 Selecionar os lubrificantes ................................................................................................ 131 2.1.4 Como calcular a quantidade de lubrificante que deve ser aplicada........................... 133 2.1.5 Como calcular a frequência de lubrificação e troca de lubrificante ........................... 133 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 136 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137 TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO ............................................................................. 139 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 139 2 ANÁLISE VIBRATÓRIA E MANUTENÇÃO PREDITIVA ................................................... 139 2.1 PARÂMETROS DE MEDIÇÃO NA MANUTENÇÃO PREDITIVA ................................... 140 2.2 ANÁLISE DE VIBRAÇÃO ......................................................................................................... 141 2.2.1 Frequência da vibração .................................................................................................... 143 2.2.2 Determinação da variável a ser medida ........................................................................ 143 2.2.3 Transdutores de vibração ................................................................................................. 144 2.3 DIAGNÓSTICO DE FALHAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE VIBRAÇÕES ....................... 151 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 160 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 161 TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA ............................................... 163 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 163 2 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DO RISCO ........................................................................................ 163 3 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA (NR-12) ................................................................................ 166 3.1 NR 12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EM EQUIPAMENTOS .......... 166 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 169 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 175 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 178 1 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • elaborar os planos de manutenção; • fazer orçamentos de materiais, de serviços e de equipamentos; • fiscalizar, acompanhar e controlar serviços de manutenção industrial; • conhecer e aplicar, adequadamente, procedimentos, normas e técnicas de manutenção; • planejar, programar e executar a manutenção industrial rotineira e em paradas; • avaliar, qualificar e quantificar equipes para a realização de serviços de manutenção industrial. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO TÓPICO 2 – ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO 1 INTRODUÇÃO Kardec e Nascif (2009) definem o ato de manter ou a manutenção industrial como garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e das instalações, de modo a atender a um processo de produção e à preservação do meio ambiente, com confiabilidade, segurança e custos adequados. É o conjunto de todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou restaurado, podendo permanecer de acordo com uma condição desejada. Há uma revisão do termo, como sendo a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou re- colocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida. De forma geral, existe uma gama de definições e de conceitos apresentados para a manutenção, a maioria, com enfoque nos aspectos preventivos, conservativos e corretivos da atividade, porém, é interessante observar a mudança mais recente, que incluiu, nas definições, os aspectos humanos, de custos e de confiabilidade da função manutenção, como consequência do aumento da importância e das responsabilidades do setor dentro das organizações. Nos dias atuais, os indicativos de desenvolvimento da economia mundial levam em consideração conceitos de sustentabilidade e de responsabilidade social nas empresas. No entanto, esses fatores aceleram a concorrência entre as organizações, e estas são obrigadas a responder ao mercado, inovando e efetuando melhorias contínuas. Assim, a atividade de manutenção eficaz é essencial ao processo produtivo para que a empresa caminhe rumo à excelência. Sabe-se que o setor da manutenção deve estar diretamente ligado com o setor da produção, pois influenciam na qualidade e na produtividade, estabelecendo melhorias dos resultados operacionais e financeiros dos negócios. A grande interseção do setor de manutenção com o de produção, influenciando, diretamente, a qualidade e aprodutividade, faz com que seja desempenhado um papel estratégico fundamental para a melhoria dos resultados operacionais e financeiros dos negócios. Para isso, a gestão da empresa deve ser UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 4 sustentada por uma visão de futuro e os processos gerenciais devem focar na satisfação plena dos clientes, através da qualidade intrínseca dos produtos e dos serviços, tendo, como balizadora, a qualidade total dos processos produtivos (KARDEC; NASCIF, 2009). Gestão estratégica da manutenção envolve o conhecimento integrado da empresa, de cada setor e de cada equipamento, decidindo onde, quando e por que aplicar cada tipo de manutenção. O aumento da complexidade e a diversidade de ativos físicos, dentro de uma organização, aumentam, ainda mais, a demanda por sistemas de manutenção eficientes e economicamente viáveis. Acadêmico, no Tópico 1, você estudará o histórico da manutenção e os principais tipos de manutenção. No Tópico 2, falaremos da gerência de manutenção e das estratégias políticas e econômicas da manutenção. O Tópico 3 tratará da organização, do planejamento e do controle, levando em consideração o ciclo PDCA, os programas 5S, a manutenção produtiva, os custos, as auditorias etc. 2 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO De forma geral, define-se a manutenção como sendo um conjunto de atividades e de ações que visa preservar e garantir o funcionamento normal de um ativo, equipamento ou ferramenta, dentro dos limites de eficiência para os quais foi projetado. Para compreender a importância da manutenção nos dias atuais, é interessante desvendar a evolução, as tipologias e as filosofias do gerenciamento. De acordo com Wyrebski (1997), a conservação de instrumentos e de ferramentas é uma prática observada desde os primórdios da civilização, mas, efetivamente, deu-se com o surgimento das primeiras máquinas têxteis, a vapor, no século XVI. Naquela época, aquele que projetava as máquinas treinava as pessoas para operarem e para consertarem, intervindo apenas em casos mais complexos. Até então, o operador era o mantenedor, ou seja, o mecânico. Quando as máquinas passaram a ser movidas por motores elétricos, surgiu a figura do mantenedor eletricista. No fim do século XVIII e início do século XIX, durante a evolução industrial, surge a primeira geração de manutenção chamada de manutenção corretiva. Nesse momento, iniciou o trabalho de reparo de máquinas, implantando conceitos de custos e de competitividade, além das preocupações com as falhas ou paradas de equipamentos, gerando perdas para a produção. TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO 5 Durante a Segunda Guerra Mundial, surge um novo conceito de manutenção, a chamada manutenção preventiva, assim, neste momento, a manutenção teve um desenvolvimento importante, devido às aplicações militares. O foco principal era manter a vida útil do equipamento, evitando falhas precoces e minimizando impactos e custos. A manutenção preditiva se iniciou nos anos 60 do século XX, e consistia em coletar dados para a determinação da vida útil restante dos equipamentos, dos componentes críticos, além de fazer previsões antes que a falha ocorresse. Hoje, o cenário muda rapidamente, com a implementação da Internet das Coi- sas (IoT). O custo de sensores e de dispositivos é cada vez menor, e medidores podem realizar toda a captura de dados em tempo real. Dessa forma, tem-se a manutenção produtiva, cuja razão é, fundamentalmente, baseada na ação, antes que apareça a falha, e, consequentemente, evitando o tempo de inatividade não planejado. Esse conceito surgiu nos Estados Unidos, e faz referência não apenas a manter o equipamento, mas a melhorar a qualidade, a confiabilidade e a manu- tenção dos ativos. Nas décadas de 1960 e 1970, com a filosofia ou a técnica organizacional para aplicar a manutenção e melhorar, significativamente, os resultados, surge a manutenção centrada na confiabilidade (RCM), com sigla em inglês, Realiability Centered Maintenance. Esse tipo de manutenção surgiu para ajudar as empresas a determinarem políticas, melhorarem as funções dos ativos e gerenciarem as consequências das falhas. Em resumo, para Kardec e Nascif (2009), a partir de 1930, a evolução da manutenção pode ser dividida em quatro gerações: FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO FONTE: Adaptada de Kardec e Nascif (2009) UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 6 Por fim, tem-se a Manutenção Produtiva Total (TPM), sistema de gerenciamento de manutenção baseado na implementação da manutenção autônoma, que é realizada pelos próprios operadores de produção. Essa filosofia surgiu no Japão como um sistema de controle de equipamentos com um importante nível de automação. Foi implementada para enfrentar a recessão econômica dos anos 70. 2.1 TIPOS OU MÉTODOS DE MANUTENÇÃO Os tipos ou métodos de manutenção são determinados pela forma como é realizado o procedimento no sistema. As principais práticas de manutenção, para Kardec e Nascif (2009), são: • Manutenção corretiva não planejada • Manutenção corretiva planejada • Manutenção preventiva • Manutenção preditiva • Manutenção detectiva • Engenharia de manutenção 2.1.1 Manutenção corretiva Como foi visto na evolução histórica da manutenção, a manutenção corretiva é a forma mais simples e primitiva de manutenção. Para Slack, Chambers e Johnston (2002), significa deixar as instalações continuarem a operar até que quebrem. O trabalho de manutenção é realizado somente após a quebra do equipamento ter ocorrido. Mesmo que essa definição aponte para uma manutenção entregue ao acaso, essa abordagem pode ser subdividida em duas categorias: planejada e não planejada. Manutenção corretiva não planejada: Conhecida, também, como manutenção corretiva não programada ou emergencial, a manutenção corretiva não planejada é a correção da falha de maneira aleatória (KARDEC; NASCIF, 2009). Isso acontece quando o fato já ocorreu, seja por falha ou por desempenho menor do que o esperado. Não há tempo para preparação do serviço, e esse tipo de manutenção ainda é muito praticado. Esse tipo de manutenção corretiva não planejada gera altos custos, uma vez que uma quebra inesperada pode causar pouca confiabilidade e perdas de produção e da qualidade do produto, gerando ociosidade e grandes danos aos equipamentos, muitas vezes, irreversíveis, e elevados custos indiretos de manutenção (KARDEC; NASCIF, 2009). TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO 7 Manutenção corretiva planejada: De acordo com Kardec e Nascif (2009), a Manutenção Corretiva Planejada é a correção do desempenho menor do que o esperado ou a correção da falha por decisão gerencial. Frequentemente, a decisão gerencial se baseia na modificação dos parâmetros de condição observados pela manutenção preditiva. Para os autores, a manutenção corretiva planejada tem, como característica principal, ser função da qualidade da informação fornecida pelo acompanhamento do equipamento. Sabe-se que um trabalho planejado é, com efeito, mais acessível, mais rápido e mais seguro do que um trabalho não planejado, e será, invariavelmente, de melhor qualidade. 2.1.2 Manutenção preventiva De 1960 até o fim dos anos 80, a manutenção preventiva (MP) foi a mais avançada técnica utilizada pelos departamentos de manutenção das organizações. A MP é baseada em dois princípios: o de que existe uma forte correlação entre idade e taxa de falhas dos equipamentos, e o de que a vida útil do componente e a proba- bilidade de falha do equipamento podem ser determinadas estatisticamente, e, por conseguinte, as peças podem ser substituídas ou reconstruídas antes do fracasso. Utilizada para evitar que a falha ocorra, essa manutenção é definida emintervalos de tempo, visando eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas das instalações. Na manutenção preventiva, os programas de gerência de manutenção assumem que as máquinas degradarão com um quadro típico de classificação em particular, ou seja, os reparos e os recondicionamentos de maquinarias, na maioria das empresas, são planejados a partir de estatísticas, sendo, a mais largamente usada, a curva do tempo médio para falha (CTMF) (ALMEIDA, 2000). O problema para tal tipo de abordagem é se basear em estatísticas para a programação de paradas, sem avaliar as variáveis específicas da planta que afetam diretamente a vida operacional normal da máquina. Essas generalizações são as principais responsáveis pelos dois problemas mais comuns ao se adotar a manutenção preventiva: reparos desnecessários ou antecipados e falhas inesperadas (ALMEIDA, 2000). No primeiro caso, adota-se um horizonte temporal conservador, sendo, o reparo, realizado muito antes do necessário, desperdiçando peças e trabalho. Já no segundo caso, o mais crítico, apesar dos esforços para prevenirem a falha, esta acaba acontecendo, associando gastos preventivos aos corretivos que, conforme mostrado anteriormente, são bem maiores. 2.1.3 Manutenção preditiva A manutenção preditiva consiste no acompanhamento da performance da máquina através da avaliação de alguns indicadores para a definição do momento correto da intervenção da manutenção. UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 8 A manutenção preditiva prega uma filosofia que evita a tendência à supermanutenção (por exemplo, a manutenção e os reparos excessivos) a que estão propensos os enfoques convencionais de manutenção preditiva. Também é uma filosofia de promoção de atividades econômicas de MP, com base, principalmente, em uma pesquisa de engenharia dos ciclos de manutenção otimizados. A seguir, serão listadas algumas metas definidas para a manutenção preditiva: • Determinar o melhor período para a manutenção. • Reduzir o volume do trabalho da manutenção preventiva. • Evitar avarias abruptas e reduzir o trabalho de manutenção não planejado. • Aumentar a vida útil das máquinas, das peças e dos componentes. • Melhorar a taxa de operação eficaz do equipamento. • Reduzir os custos de manutenção. • Melhorar a qualidade do produto. • Melhorar o nível de precisão da manutenção do equipamento. Nessa manutenção, é realizado o acompanhamento de variáveis e de parâmetros de desempenho de máquinas e de equipamentos, visando definir o instante correto da intervenção com o máximo de aproveitamento do ativo. Segundo Almeida (2000), a manutenção preditiva é um meio de melhorar a produtividade, a qualidade do produto, o lucro e a efetividade global das plantas industriais de manufatura e de produção, isso porque utiliza ferramentas adequadas para garantir a condição operativa real dos sistemas produtivos, ou seja, fornece dados da condição mecânica de cada máquina, determinando o tempo médio real para a falha. Portanto, todas as atividades de manutenção são programadas, conforme necessário. A diferença entre as manutenções reativa e preditiva é a capacidade de programar o reparo quando ele tiver o menor impacto sobre a produção. O tempo de produção perdido, como resultado da manutenção reativa, é substancial, e, raramente, pode ser recuperado. A maioria das plantas industriais, durante períodos de produção de pico, opera 24 horas por dia. Portanto, o tempo perdido de produção não pode ser recuperado. 2.1.4 Manutenção detectiva Começou a ser referenciada na literatura a partir dos anos 90. A designa- ção detectiva é oriunda da palavra “detectar”, tendo, como finalidade, investigar as causas das falhas ocultas, falhas não evidentes para as equipes de manutenção em condições normais de operação. A atuação é efetuada por sistemas de prote- ção, de comando e de controle, a fim de garantir a confiabilidade. Em sistemas TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO 9 complexos, essas ações devem ser executadas pelo pessoal especializado do setor de manutenção. Nesse tipo de manutenção, especialistas fazem investigações no sistema, sem tirá-lo de operação, sendo capazes de detectar falhas ocultas, e, pre- ferencialmente, podem corrigir a situação, mantendo o sistema operando. Ferreira (2009) cita um exemplo de aplicação da manutenção detectiva, de maneira a aumentar a confiabilidade do processo, por exemplo, o circuito que comanda a entrada de um gerador em um hospital: se houver falta de energia e o circuito tiver uma falha, o gerador não entra. Por isso, esse circuito é testado/ acionado de tempos em tempos, para verificar a funcionalidade. A manutenção detectiva é especialmente importante quando o nível de automação, dentro das indústrias, aumenta, ou o processo é crítico e não suporta falhas. 2.1.5 Engenharia de manutenção Com a evolução das tecnologias e o advento da manutenção preditiva, a prática da Engenharia de Manutenção pode ser considerada uma quebra de paradigma, principalmente, em virtude das mudanças na rotina da atividade e na consolidação de uma política de melhoria contínua para a área de manutenção. A Engenharia de Manutenção surge aplicando técnicas modernas, para aumentar a confiabilidade, a disponibilidade, a segurança e a manutenibilidade, eliminando problemas crônicos e solucionando problemas tecnológicos, melho- rando a gestão de pessoal, materiais e sobressalentes, participando de novos pro- jetos e dando suporte à execução, analisando falhas e estudos, para a elaboração de planos de manutenção, nos quais visa fazer análise crítica e acompanhar indi- cadores, zelando pela documentação técnica (KARDEC; NASCIF, 2009). A empresa que pratica a Engenharia de Manutenção não está apenas realizando acompanhamento preditivo dos equipamentos e das máquinas, está alimentando, também, a estrutura de dados e de informações da manutenção, permitindo análises e estudos para a proposição de melhorias no futuro. A seguir, ilustraremos as diferenças entre os diversos tipos de manutenção e a posição da Engenharia de Manutenção nesse cenário. UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 10 FIGURA 2 – TIPOS DE MANUTENÇÃO FONTE: Adaptada de Kardec e Nascif (2009) 11 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A evolução da manutenção se deu com os processos das revoluções industriais. Viu-se que a industrialização constitui, historicamente, o fator mais poderoso no processo de aceleração do crescimento econômico, fornecendo máquinas e equipamentos que transformam as condições de produção da agricultura e da indústria. Além disso, essa indústria é importante para o desenvolvimento econômico porque incorpora novos conhecimentos tecnológicos ao processo produtivo, por meio da introdução de novos bens de capital que elevam a produtividade e a eficiência do sistema econômico. • Por muitos anos, houve a deterioração dos equipamentos que compõem o parque fabril, pois a única manutenção praticada na empresa era a de caráter corretivo, não existindo nenhum tipo de controle sobre esse processo. As manutenções ocorrem, do mesmo modo, na medida em que as máquinas quebram, por isso, a importância da manutenção estratégica. • Uma boa prática de manutenção envolve o conhecimento integrado da empresa, de cada setor e de cada equipamento, decidindo onde, quando e por que aplicar cada tipo de manutenção. • O aumento da complexidade e a diversidade de ativos físicos, dentro de uma organização, aumentam ainda mais a demanda por sistemas de manutenção eficientes e economicamente viáveis. 12 1 Estimuladas por um mercado cada vez mais exigente e competitivo, as indústrias buscam, constantemente, adaptar-se a novas tendências,trazendo inovação, melhoria da qualidade e redução dos custos. Para possibilitar isso, torna-se essencial a redução dos custos de produção, e uma política de manutenção bem definida acaba sendo extremamente importante nessa busca por qualidade e menores custos. Com relação à manutenção, é CORRETO afirmar: a) ( ) A manutenção corretiva é mais eficiente do que a manutenção preventiva na redução de paradas por falha do equipamento. b) ( ) A manutenção preventiva exige a implantação de um sistema de inspeção permanente nos equipamentos. c) ( ) A manutenção preditiva permite antecipar a ocorrência de falhas em componentes. d) ( ) A confiabilidade da vida útil de componentes não pode ser superior a 3s, ou seja, 99,95%. e) ( ) Os sistemas de gestão da qualidade não admitem a manutenção corretiva. 2 Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas: ( ) Conservação, restauração e substituição de elementos de máquinas são operações desnecessárias nos programas de manutenção das empresas. ( ) Garantir a produção normal e a qualidade dos produtos fabricados são objetivos da manutenção efetuada pelas empresas. ( ) A troca de óleo é um serviço de rotina na manutenção de máquinas. ( ) A responsabilidade pelos serviços de rotina, na manutenção de máquinas, é exclusividade dos operadores. ( ) O desmonte completo de uma máquina só ocorre em emergências. ( ) A checagem de ajustes é um serviço de rotina na manutenção de máquinas. ( ) O registro do estado de uma máquina e dos reparos nela efetuados faz parte dos programas de manutenção das empresas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F - V – F – F - V b) ( ) F – V – V – F – F – V - V. c) ( ) F – V – F - V – V – F - V d) ( ) F – F – F - V – F – F – V AUTOATIVIDADE 13 3 Sobre o fato de a manutenção corretiva ser aplicável, independentemente da evolução ocorrida nas técnicas e nos tipos de manutenção, é CORRETO afirmar que: a) ( ) Avanços na automação industrial; emprego do sistema “just-in-time”; consciência de preservação ambiental; e conservação de energia. b) ( ) A manutenção corretiva permite antecipar a ocorrência de falhas em componentes. c) ( ) Apesar do elevado custo, a manutenção corretiva é a forma mais óbvia e mais primária de manutenção. É um ciclo “quebra-repara”, ou seja, o reparo dos equipamentos após a avaria. É impossível eliminar completamente esse tipo de manutenção, pois não se pode prever, em muitos casos, o momento exato em que se verificará um defeito que obrigará uma manutenção corretiva de emergência. d) ( ) As melhores práticas, uma vez estabelecidas, devem ser seguidas sem qualquer atitude de dúvida pela equipe de manutenção, o que gera desagrado no time. 4 Defina a manutenção corretiva planejada e a não planejada. Exemplifique-as. 5 A manutenção, como atividade de gestão e apoio aos processos produtivos empresariais, sofre o efeito do fator econômico, como outras atividades industriais. Enumere e descreva, sucintamente, esses fatores na escolha das opções de estratégia de manutenção. 14 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 1 INTRODUÇÃO Os desafios dos gestores das empresas, diante da intensa exigência por resultados pelos investidores, parecem infinitos. Eles buscam soluções por todas as áreas e pelas mais diversas ferramentas que possam fazer diferença nos resultados. Através das definições das visões, das missões e dos objetivos estratégicos, as formas de difusão, nos mais diversos níveis, tornam-se mais ou menos plausíveis, tanto no âmbito externo como no interno. Os cenários são variados e incertos, e as grandes certezas são as mudanças. Para acompanhá-las e perpetuar a empresa, serão pesquisadas as técnicas, além do uso, inclusive, possíveis combinações e resultados, sejam de origem ocidental ou oriental. As empresas da classe mundial buscam essa perpetuação através da obtenção de disponibilidade e de desempenho das plantas, atingindo e elevando as expectativas, seguidas da qualidade, cada vez mais exigida pelos clientes. Os objetivos dessa pesquisa são oxigenar o tema manutenção; apontar técnicas de soluções possíveis e pragmáticas, que levem as empresas à Efetividade, à Eficiência Global dos Equipamentos (Overall Equipment Effectiveness – OEE) ou à Planta de Classe Mundial e, por consequência, ao elevado valor de mercado ou à agregação de riqueza ao patrimônio dos sócios. Muitas empresas estão conscientes dos desafios da função da manutenção, e implementam políticas ou estratégias para fazer dela uma função com a mesma importância de outras funções da organização, ou seja, a função manutenção é parte integral das estratégias que a organização deve implementar para ser a melhor. Considerar a manutenção somente como funções tática e operacional é ter uma visão míope. Também há uma dimensão estratégica, visando aspectos, como definição da concepção da manutenção, gestão dos recursos à disposição da função, elaboração de programas de manutenção, melhoramento das capacidades dos colaboradores, aumento do desempenho dos equipamentos e obtenção da tecnologia necessária para manter os bens durante a vida útil. Esse tópico busca discutir a manutenção como estratégia empresarial, as abordagens, as estruturas, as ferramentas e os benefícios sobre decisões quanto a investimentos em equipamentos e em políticas de conservação. O acadêmico perceberá que o retorno almejado pelos proprietários varia em função do uso do investimento na planta, além do planejamento, da pesquisa e da escolha do equipamento. Percebe-se, também, como as políticas de produção e de manutenção influenciarão na análise do custo do ciclo de vida do equipamento ou da planta. 16 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 2 GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO Com as mudanças ocorridas nos setores tecnológico e de produção nos últimos anos, com a complexidade dos equipamentos e, ao mesmo tempo, com a grande exigência de produtividade e de qualidade, a função manutenção tem assumido grandes responsabilidades, no sentido de garantir confiabilidade e disponibilidade, fatores que refletem diretamente no desempenho operacional da organização. Para Nunes e Valladares (2008), a função manutenção deve garantir atendimento a três clientes: 1) Os proprietários dos ativos físicos, ou seja, os empresários, que esperam que estes gerem o retorno financeiro do investimento. 2) Os usuários dos ativos, que esperam que eles mantenham um padrão esperado de desempenho. 3) A sociedade, que espera por padrões de qualidade dos produtos, ao mesmo tempo em que espera que os ativos não falhem, garantindo segurança e um cenário de riscos reduzidos para o meio ambiente. De forma geral, pode-se afirmar que toda evolução tecnológica dos equipamentos, dos processos e das técnicas de manutenção, a necessidade de controles cada vez mais eficientes e dos programas de apoio à decisão, os estudos relacionados ao desgaste e ao controle das falhas e das consequências, a dependência de equipes treinadas e motivadas para enfrentar esses desafios, o desenvolvimento de novas técnicas, e, consequentemente, os custos de manutenção em termos absolutos e proporcionalmente às despesas globais transformaram a gestão da manutenção em um segmento estratégico para o sucesso empresarial. Percebe-se que a concepção, ou modelo, revela como a empresa pretende que a função manutenção alcance as metas de negócios. A seguir, ilustraremos um exemplo de metodologia para ajudar o gestor a decidir qual a concepção de manutenção mais adequada, de acordo com as características da empresa. FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA DEFINIÇÃO DO MELHOR SISTEMA DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO TÓPICO2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 17 FONTE: Adaptada de Fuentes (2006) É bom deixar claro que nenhuma modalidade de manutenção substitui a outra, mas que devem estar associadas para trazer melhorias em termos de desempenho de gestão. Nesse sentido, diversas práticas atuais estão voltadas para a Engenharia de Manutenção, que busca aumentar a confiabilidade ao mesmo tempo em que garante a disponibilidade. Para isso, concentra-se na busca das causas, na melhoria dos padrões e das sistemáticas, na modificação de situações permanentes de mau desempenho, no desenvolvimento da manutenibilidade e na intervenção das compras e dos projetos. Mais importante do que restringir a política de manutenção a uma abordagem ou a outra, é utilizar uma metodologia adequada de gestão do sistema de manutenção. Assim, a função manutenção deixará de ser um gasto adicional para a empresa, e poderá ser encarada como fator estratégico para a redução dos custos totais de produção. A manutenção, para ser estratégica, precisa estar voltada para os resultados empresariais da organização. Com a gestão estratégica da manutenção, pode-se definir onde, quando e por que aplicar cada tipo de manutenção. Deve ter um papel essencial para: http://blog.engeman.com.br/entenda-quais-sao-os-tres-principais-tipos-de-manutencao/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost 18 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO • estabelecer diretrizes para a formulação de estratégias de manutenção para cada modelo de equipamento instalado na empresa; • sistematizar, como resultado, a manutenção das máquinas, conforme a importância, dentro do processo produtivo, além dos riscos que a falha traria ao negócio. Todas as decisões devem estar vinculadas às áreas que sofrerão o impacto, como produção, estoque, compras, RH e logística, porém, para isso acontecer, deve existir uma série de etapas a ser vencida no percurso do planejamento. Desafios que os profissionais de manutenção enfrentam: mesmo tendo uma grande importância no processo de produção, o trabalho dos profissionais de manutenção nem sempre é valorizado. Grande parte dos gestores faz investimentos em inovação nos controles, nos tipos de manutenção, na intervenção e no uso de tecnologias de gerenciamento de dados, deixando de lado a qualidade dos equipamentos e o investimento em mão de obra qualificada comprometida. É claro que novas tecnologias e metodologias são bem-vindas, porém, isso deve estar alinhado à empresa e aos funcionários, para que o conjunto traga os resultados esperados. Além disso, os profissionais de manutenção, na maioria das vezes, só são lembrados quando ocorrem falhas nos equipamentos, em contraste, perdendo o potencial estratégico de prevenir problemas e de otimizar processos, o que reduziria o tempo e os custos dedicados à produção. Uma manutenção estratégica é capaz de vencer a maior parte desses desafios, como veremos a seguir. 2.1 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO Ao analisar a importância da manutenção, verifica-se que esta é fundamental para os sistemas de produção de qualquer organização. Assim, o gestor que busca aumentar os ganhos com produtividade, sem se preocupar com a adequada manutenção dos equipamentos, encontrar-se-á fadado à frustração, pois, conforme visto no Tópico 1, compete, ao processo de manutenção, cuidar da conservação e da operacionalidade dos equipamentos de produção, objetivando a antecipação dos defeitos através da observação técnica e criteriosa da vida útil dos equipamentos, realizando as intervenções necessárias para garantir a continuidade e a qualidade da produção. Com a economia globalizada e altamente competitiva dos dias de hoje, as mudanças vêm ocorrendo com uma rapidez que impressiona, e a manutenção, como uma das atividades essenciais para o processo produtivo, não poderia ficar sem ocorrerem mudanças. Com tais mudanças, as organizações, de forma incansável, buscam novas ferramentas que auxiliem no gerenciamento, que as tornem mais competitivas através da qualidade e da produtividade dos produtos, dos processos e dos serviços (KARDEC; NASCIF, 2009). TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 19 O setor de manutenção sempre tem mudanças significativas, e essas mu- danças podem ser observadas em números e em variedades das instalações pro- dutivas, com projetos cada vez mais elaborados, conhecimento cada vez mais elevado, sendo obrigatória uma atualização contínua dos profissionais do setor de manutenção. A manutenção, como ferramenta estratégica das organizações, é direta- mente responsável pela disponibilidade dos equipamentos, tem importância cru- cial no resultado das empresas. Um outro aspecto importante para a estratégia de manutenção é a busca pela qualidade total dos produtos e dos serviços, além do gerenciamento ambiental, foco de todas as organizações mundiais. A importância de se estabelecer um programa de manutenção é para que seja possível evitar danos, como equipamentos parados. Além de representarem uma grave falha na manutenção, geram um grande prejuízo para a empresa, causando diminuição ou interrupção da produção, atrasos nas entregas, perdas financeiras, aumento dos custos e rolamentos, com a possibilidade de apresentação de defeitos de fabricação, além da insatisfação dos clientes e da perda de mercado. Até aqui, os quesitos analisados revelam a importância que possui a manutenção, e como a compreensão vem evoluindo ao longo dos anos, deixando de ser interpretada como um mal necessário para ser vista como uma ferramenta fundamental para o sucesso de qualquer organização. Nesse sentido, somam forças as novas técnicas de administração, de gerenciamento e de manutenção, que possibilitam a redução dos custos. GRÁFICO 1 – PORCENTAGEM DE CUSTO COM MANUTENÇÃO EM RELAÇÃO AO FATURAMENTO BRUTO NO BRASIL FONTE: Adaptado de Moro e Auras (2007) No Brasil, verifica-se um novo passo evolutivo das questões relacionadas à manutenção desde o surgimento da Engenharia de Manutenção, que foi fortalecida pela criação e pela consolidação da ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção). 20 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 2.2 A MANUTENÇÃO E AS POLÍTICAS À medida que a disponibilidade dos recursos da produção se torna fator crucial para o atendimento dos objetivos estratégicos das empresas, é impossível pensar na manutenção como uma área isolada do planejamento estratégico. No entanto, vale ressaltar que já houve tempo em que a manutenção era tratada como aquela função que deveria, simplesmente, ser mantida em condições satisfatórias dos ativos das empresas, por meio das inspeções, dos reparos e das substituições. Em função dessa fase da história, até hoje, em muitas empresas, é vista como uma área que apenas gera gastos dentro do processo produtivo, além de atrapalhar a produção, quando devem ser feitas intervenções nas máquinas e nos equipamentos (MIRSHAWKA; OLMEDO, 1994). Seguem as estruturas organizacionais norte-americanas do passado, já considerando a área de manutenção como parte integrante da manufatura e trazendo para os dias atuais. Fica evidente que as formas para determinar o grau de criticidade de cada máquina ou equipamento devem ser estabelecidas conjuntamente, entre a manutenção e a produção. As formas como tais intervenções ocorrem determinam a política de manutenção a ser adotada. Apesar das diversas formas que possam advir das necessidades de cada empresa e em determinada época, pode-se observar que, na realidade, surgem apenas duas políticas mais claras: a corretiva e a preventiva. Todas as demais acabam, de certa forma, sendo um tipo de preventiva. FIGURA 4 – TÍPICA ESTRUTURA ORGANIZACIONALNORTE-AMERICANA (EUA) FONTE: O autor TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 21 Vale salientar, atualmente, que os benefícios da gestão estratégica, aliada às políticas de manutenção, têm influência direta no setor da produtividade e sobre os colaboradores, contribuindo para a melhoria dos resultados operacionais e do aumento da lucratividade. Por meio dessas características, os gestores podem acompanhar a produtividade da equipe e identificar falhas, como sobrecarga de indivíduos, pouca eficiência e desmotivação. Com isso, poderão tratá-las em comum acordo com os responsáveis. A gestão deve estar relacionada a todo conjunto de ações, de decisões e de definições a respeito de tudo o que se tem que realizar, utilizar, coordenar e controlar para gerir os recursos fornecidos para a função manutenção, fornecendo, assim, os serviços que são aguardados pela manutenção. ATENCAO Elaborar uma estratégia de manutenção é assegurar eficiência e produtividade do empreendimento. Conforme já visto, somente com a gestão da manutenção adequada, a empresa será capaz de evitar avarias, de entrever os riscos e de promover a segurança necessária, garantindo sucesso e confiabilidade no mercado, buscando controlar os custos, otimizar os recursos e ampliar as oportunidades. Para criar um plano de manutenção efetivo com base nas metas e nos recursos disponíveis, a empresa, de forma geral, deve estar estruturada em cinco pilares extremamente importantes: ativos críticos, requerimentos legais, plano de trabalho, frequência e investimento. 2.3 ATIVOS CRÍTICOS O primeiro passo é fazer levantamentos dos bens da empresa, que, de alguma maneira, geram retorno financeiro. Os melhores ou mais importantes ativos, chamados de críticos, são aqueles que geram grande quantidade de dinheiro com o menor esforço possível. Podem ser gerados por meio de um ganho único (venda) ou de um ganho periódico (de investimento). A fim de fazer a gestão de ativos, ou seja, de coordenar o ciclo de vida e de melhorar o desempenho operacional, é preciso considerar quatro pontos cruciais: 22 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO • Determinar a criticidade dos ativos São determinados os ativos críticos da empresa, fazendo um cálculo simples de performance versus resultado, ponderando-se os riscos para uma determinada tomada de decisão, ou seja, basta avaliar a performance e o investimento do ativo em relação ao retorno que ele promove. Resumindo, é preciso gerenciar, além de otimizar, com o objetivo de extrair ao máximo, garantindo a confiabilidade e a qualidade. • Priorizar para não estourar o orçamento Nesta etapa, busca-se a priorização dos recursos, respeitando a estratégia criada e as limitações de orçamento. É muito importante ter em mente a gestão dos custos, para calcular e avaliar possíveis riscos. • Prevenir avarias ou situações inesperadas O melhor jeito de contornar esse tipo de situação é a realização de tarefas preventivas, além da aplicação de técnicas corretivas de manutenção, monitorando e acompanhando os ativos, principalmente, os críticos. Desta forma, é possível programar os custos, além de aumentar o desempenho. • Otimizar as operações Por fim, a otimização dos processos. Não adianta ter tudo planejado se não conseguir ter acesso aos dados sem perder tempo na operação. Para esse caso, os profissionais precisam ter em mente as vantagens da utilização do software na gestão de manutenção. 2.4 REQUERIMENTOS LEGAIS Para essas questões, devem ser levados em consideração as inspeções, as auditorias, os monitoramentos e as certificações, pontos importantíssimos para a estratégia de manutenção funcionar de forma hábil. 2.5 PLANEJAMENTO DE TRABALHO Para o caso em questão, a estratégia de manutenção exige tipos específicos para garantir o cumprimento dos cronogramas estabelecidos, assim como a capacidade de produção. Nesse aspecto, deve-se coordenar as necessidades, com toda a equipe, de gestão, de manutenção e de execução. Dessa forma, garante-se a redução dos custos, além da minimização dos riscos e de possíveis prejuízos. TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 23 2.6 FREQUÊNCIA Todas as informações anteriores permitem que os profissionais delineiem estratégias de manutenção de forma planejada, porém, ainda existe o seguinte questionamento: qual a frequência de realização das pesquisas, das inspeções, das melhorias e dos testes que garantem a produtividade e a segurança? As respostas consideram não apenas os ativos críticos, as respectivas manutenções e os requisitos legais, mas, também, a experiência do cliente e a confiabilidade, quesitos fundamentais para o desenvolvimento do negócio. Nesse sentindo, faz-se necessário levar em consideração a determinação do tipo de manutenção escolhida, além da procura de mão de obra, da definição se há ou não critérios de sazonalidade (maior ou menor produção), da verificação se os feriados e os fins de semana não prejudicaram a execução das ações, ou seja, aqui, deve-se envolver toda a equipe, para que haja sincronização na hora de executar as tarefas. 2.7 INVESTIMENTO Outro ponto importante é o planejamento financeiro, sem isso, nada adianta ter uma estratégia de manutenção definida. Uma maneira que facilita a vida do gestor é ter um Sistema de Gestão de Manutenção Computadorizada (CMMS). Essa implementação ajuda a otimizar as ações de manutenção, assim como a produtividade da equipe. Calcula-se a relação entre o custo de mão de obra e o número de ativos, para, então, determinar o custo de manutenção por estratégia (valor/hora). Dessa forma, é possível justificar o investimento para a manutenção produtiva total da equipe. 2.8 ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS VOLTADAS PARA A MANUTENÇÃO As estratégias para o gerenciamento na manutenção passam por etapas e por ferramentas específicas para o retorno, a disponibilidade e o desempenho do equipamento, chegando à análise do ciclo de vida dos ativos. A seguir, observaremos oito fases e ferramentas que apresentam uma sequência de evolução de técnicas com focos específicos, como efetividade, eficiência, avaliação e melhoria, uma espécie de PDCA (Planejar, Fazer, Verificar e Agir) da manutenção, contribuindo para o conhecimento de estratégias e de técnicas voltadas para a manutenção de classe mundial. 24 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO QUADRO 1 – MODELO DE GERENCIAMENTO E TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO FONTE: Adaptado de Márquez (2007) 1ª Fase – Estratégia de definição de indicadores-chave Para esta fase, Márquez et al. (2009) propõem o uso dos Indicadores Balanceados de Desempenho (Balanced Scorecard – BSC) e dos Indicadores-Chave de Desempenho (Key Performance Indicators – KPI). O BSC é uma ferramenta usada para difundir estratégias, objetivos, medidas, metas e iniciativas aos mais variados níveis da empresa: dimensões financeiras, cliente, aprendizado e crescimento e processos internos (KAPLAN; NORTON, 1997). Quanto à manutenção, Márquez (2007) enfatiza a definição de indicadores-chave de desempenho e aponta os custos de manutenção (%) em relação à produção. 2ª Fase – Estratégia de definição de ativos prioritários e manutenção Márquez (2007), na estratégia de definição de atuação prioritária, sugere a utilização da Matriz de Criticidade (Criticality Matrix – CM). O risco é mensurado e priorizado na relação de frequência ou de probabilidade (de 1 a 4) versus de consequência (de 10 a 50). Primeiramente, é necessária a definição do propósito, além do escopo da análise; em seguida, estabelecem-se os fatores de risco, a relativa importância e se decide o número de nível de risco de criticidade do ativo. Finalmente, estabelecem-se todos os procedimentos para identificaçãoe para priorização dos ativos críticos. Nota-se que estimar a criticidade varia para cada sistema, planta ou negócio. TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA 25 FIGURA 5 – MATRIZ DE CRITICIDADE FONTE: Adaptada de Márquez (2007) 3ª Fase - Estratégia de intervenção imediata nos pontos fracos de maior impacto Nesta fase, Márquez (2007) propõe que, através da metodologia de Análise Causa-Raiz de Falhas (Root Cause Failure Analysis – RCFA), seja traçada a estratégia de intervenção imediata nos pontos fracos de maior impacto. Aqui, realiza-se uma análise investigativa em torno do problema (falha ou evento) discutido e, consequentemente, da melhor alternativa de resolução. 4ª Fase - Estratégia de planejamento de planos e recursos da manutenção preventiva Na categoria de ativos A da análise de criticidade, buscando melhoras dos níveis de confiabilidade, de manutenibilidade e de disponibilidade, Márquez (2007) aponta, como alternativas, a aplicação da Análise do Modo, Efeito e Criticidade de Falhas (Failure Mode, Effect, and Criticality Analysis – FMECA), a Manutenção Centrada em Confiabilidade (Reliability-Centred Maintenance – RCM) para a otimização das tarefas de manutenção, a padronização de tarefas de manutenção, a análise de deficiência de projeto e a revisão contínua de FMECA e de RCM. Já para a categoria de ativos C, os autores sugerem aplicar a Análise Causa-Raiz de Falhas (Root-Cause Failure Analysis – RCFA) e a padronização de tarefas de manutenção. 5ª Fase - Estratégia de definição de plano preventivo, otimização da programação e recursos Busca-se efetividade, além da eficiência das políticas de manutenção, via planos de manutenção ou de projeto. Na fase, é levado em consideração o horizonte do tempo. Para a aplicação de políticas de longo prazo, deve-se colocar ferramentas de capacitação de manutenção, políticas de estoques de peças de reparos e determinação de intervalos de manutenção e de substituição. No médio prazo, direcionam-se ou planejam-se escalas de manutenção por todo o piso da planta. A curto prazo, é recomendado dispor de recursos, além de todo o controle. 26 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 6ª Fase - Foco Avaliação: Estratégia de avaliação e controle da manutenção Márquez (2007) comenta que, através de técnicas ou de modelos de previsão, como Análise da Confiabilidade (Reliability Analysis – RA) e Método do Caminho Crítico (Critical Path Mehtod – CPM), é possível discutir os benefícios das diferentes políticas de manutenção passíveis de utilização em toda a planta. É possível quantificar níveis de desempenho, além de simular resultados através de modelos estatísticos com razoável grau de confiança. Através do plano e da meta, atividades e tipos de manutenção poderão ter previstos e controlados os desvios, buscando atingir bons indicadores de desempenho. 7ª Fase - Estratégia da análise do ciclo de vida dos ativos, otimização e substituição Calculam-se os custos dos ativos em toda a vida, incluindo custos, montante e a jusante (custos de investigação no decorrer de todo o ciclo de vida), ou seja, custos de pesquisas e de desenvolvimento do projeto, custos de investimentos (aquisição e construção) e custos de operação e de manutenção, até chegar aos custos de remoção. Na tomada de decisão com a Análise do Custo do Ciclo de Vida (Life Cycle Cost Analysis – LCCA), é possível comparar alternativas de investimentos, políticas de manutenção, estoques de peças de reparos, tempos de operação, tempos de reparos, custos de componentes e decisões de manter o equipamento ou de substituir. 8ª Fase - Estratégia de melhoria contínua e utilização de novas técnicas. Para essa estratégia, utilizam-se novas técnicas e tecnologias. Com relação à manutenção, os níveis de conhecimento, as experiências e os treinamentos são importantíssimos. No caso, surgem técnicas que envolvem os operadores, focando na Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance – TPM). Existem outras estratégias estudadas por diversos pesquisadores, porém, não entraremos em detalhes específicos. No entanto, o acadêmico que tiver interesse em se aprofundar um pouco mais no assunto, pode ler o artigo encontrado na seguinte referência: OLIVEIRA, F. P. Estratégia de manutenção: estrutura, ferramentas, benefícios/custos e melhoria contínua. 2020. Disponível em: https://www.pucpcaldas.br/graduacao/ administracao/revista/artigos/v6n1/v6n1a3.pdf. Acesso em: 21 maio 2020. DICAS 27 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A manutenção pode ser encarada como uma estratégia para o sucesso quando é voltada para resultados empresariais da organização; mantém a função dos equipamentos disponíveis para a operação; reduz a probabilidade de falhas e/ ou paradas inesperadas de produção; deixa de ser somente eficiente para se tornar eficaz. • Não basta apenas fazer reparos nos equipamentos ou nas instalações o mais rápido possível, é preciso, principalmente, manter a função do equipamento, reduzindo a probabilidade de uma parada não planejada na produção. • Existem dois grandes paradigmas na cronologia do tempo: no paradigma do passado, o homem da manutenção se sente bem quando consegue executar um bom reparo. Já o homem moderno da manutenção se sente bem quando consegue evitar falhas. • A falha corresponde à perda da função de um equipamento. A condição de funcionamento de um equipamento pode ter critérios diferenciados, por exemplo, atualmente, a agressão ao meio ambiente pode impedir o funcionamento do equipamento, tornando-se uma condição de falha. • A manutenção estratégica voltada para disponibilidade e confiabilidade gera aumento da disponibilidade; aumento do faturamento e do lucro; aumento da segurança pessoal e das instalações; redução da demanda de serviços; redução dos custos; redução de lucros cessantes; e a preservação ambiental. 28 1 Assinale a alternativa INCORRETA: A diversificação pode ser uma boa estratégia de desenvolvimento das empresas. As empresas procuram oportunidades no mercado para implementar um processo de diversificação quando: a) ( ) Os segmentos de mercado ficam saturados com os produtos. b) ( ) Não há oportunidade para fazer crescer os nichos de mercado. c) ( ) Têm dificuldades em atingir os objetivos e as metas. d) ( ) Têm facilidade em atingir os objetivos e as metas. 2 Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas: ( ) Conservação, restauração e substituição de elementos de máquinas são operações desnecessárias nos programas de manutenção das empresas. ( ) Garantir a produção normal e a qualidade dos produtos fabricados são objetivos da manutenção efetuada pelas empresas. ( ) A troca de óleo é um serviço de rotina na manutenção de máquinas. ( ) A responsabilidade pelos serviços de rotina, na manutenção de máquinas, é exclusividade dos operadores. ( ) O desmonte completo de uma máquina só ocorre em situações de emergência. ( ) A checagem de ajustes é um serviço de rotina na manutenção de máquinas. ( ) O registro do estado de uma máquina e dos reparos nela efetuados faz parte dos programas de manutenção das empresas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – V – V – F – F – V - V. b) ( ) F – V – F - V – V – F – V c) ( ) F – F – F - V – F – F – V d) ( ) V – F – F - V – F – F - V 3 Uma boa estratégia de manutenção e de confiabilidade garante o desempenho da empresa e dos investimentos. Nessa perspectiva, a alternativa que melhor define confiabilidade é: AUTOATIVIDADE 29 a) ( ) Realização de inspeções de rotina e conservação de equipamentos em bom estado. b) ( ) Correção dos problemas logo que eles aconteçam, para evitar paradaslongas na produção. c) ( ) Adoção de técnicas de manutenção preventiva para evitar que as falhas aconteçam. d) ( ) Probabilidade de que um componente, máquina ou produto funcione adequadamente por um certo tempo e sob as condições estabelecidas. 4 Como realizar um diagnóstico de falha em equipamentos? 5 Defina o que é manutenibilidade e disponibilidade. 30 31 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE 1 INTRODUÇÃO Os novos tempos pelos quais passam as organizações empresariais exigem, delas, a perseguição pela qualidade total nos processos executados e nos produtos e nos serviços oferecidos. Números favoráveis em indicadores, como zero defeito, lucratividade, produtividade, disponibilidade de máquina e aumento da competitividade, têm, como consequências, a satisfação e a fidelização dos clientes. Nos dias atuais, os objetivos da empresa são sempre relacionados aos lucros, e não se conseguem lucros com máquinas que realizam funções vitais que falham e interrompem todo um processo produtivo. Um mercado com crescentes exigências e competição acirrada faz com que os gestores da manutenção deixem de percebê-la como somente um custo adicional ao processo, e passem a buscar a evolução das práticas para que a produção não seja afetada por paradas, por falhas e por perdas não previstas. A gestão da manutenção sofreu, ao longo dos anos, grandes transformações no número e na diversidade de itens físicos nas plantas, além do uso de projetos cada vez mais complexos. À medida que as empresas aumentam a busca pela necessidade de um bom desempenho da produção, que gera o surgimento de novas práticas, processos e ferramentas em relação à manutenção, os crescentes bons resultados de uma manutenção bem estruturada em um grande número de organizações são a motivação para outras empresas seguirem o mesmo caminho, tornando a correta gestão da manutenção um objetivo a se alcançar. Neste tópico, demonstraremos a utilização de algumas técnicas e de ferramentas que facilitam as mudanças constantes e a aplicação de tecnologias não apenas na área operacional, mas, também, nos processos gerenciais, para garantir alta produtividade, buscando melhoria contínua nos processos de análise e de elaboração de estratégias. Portanto, neste tópico, será estudado o Ciclo PDCA, além das práticas da manutenção moderna e dos assuntos envolvendo auditoria da manutenção, sistemas de controle da manutenção, custos de manutenção e índices de manutenção. 32 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 2 MÉTODO GERENCIAL DE CONTROLE DE PROCESSOS (PDCA) O PDCA, conhecido como “Ciclo de Shewhart”, ou “Ciclo Deming”, surgiu no Japão, em 1950. É um método gerencial de tomada de decisão utilizado para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização, principalmente, em relação àquelas relacionadas às melhorias, possibilitando a padronização das informações de controle de qualidade e a baixa probabilidade de erros nas análises. O controle dos processos é exercido por meio do ciclo, e corresponde ao seguinte: Plan (Planejamento), Do (Fazer), Check (Verificar) e Action (Atuar). FIGURA 6 – CICLO PDCA FONTE: Adaptada de Werkema (1995) O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) é composto pelas seguintes etapas: • Planejamento (P): consiste em estabelecer os objetivos e as metas para alcançar os resultados, de acordo com os requisitos do cliente e as políticas das organizações. • Execução (D): diz respeito a programar os processos, ou seja, a executar as tarefas exatamente como foi previsto nas etapas de planejamento e de coleta de dados. São essenciais a educação e o treinamento no trabalho. TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE 33 • Verificação (C): a partir dos dados coletados na fase de execução, compara-se o resultado alcançado com a meta planejada. • Atuação Corretiva (A): esta etapa consiste em atuar no processo em função dos resultados obtidos. Conforme explanado anteriormente, o Ciclo PDCA consiste em solucionar problemas com o objetivo de atingir as metas estabelecidas. Essa metodologia de gestão utiliza ferramentas, de acordo com a natureza de cada problema. Em outras palavras, isso quer dizer as oito etapas do ciclo: identificação dos problemas, observação do problema, análise da causa principal, planejamento da ação do bloqueio, ação de bloqueio, verificação da ação, padronização e conclusão. Diante disso, deve-se repetir o ciclo PDCA, objetivando corrigir as falhas, o com intuito de melhorar, de forma contínua, o sistema e a metodologia de trabalho. FIGURA 7 – ETAPAS DO PDCA FONTE: Adaptada de Bezerra (2014) No decorrer da utilização do Ciclo PDCA, poderá ser preciso empregar várias ferramentas para a coleta, como o processamento e a disposição das informações necessárias à condução das etapas do PDCA. Essas ferramentas são denominadas de ferramentas da qualidade. Dentre as ferramentas da qualidade, as técnicas estatísticas são de especial importância, porém, não adentraremos, aqui, em detalhes. Algumas dessas técnicas são sete ferramentas da qualidade: amostragem, análise de variância, análise de regressão, planejamento de experimentos, otimização de processos, análise multivariada e confiabilidade. Se forem agregadas mais informações ao método, as chances de sucesso da meta serão grandes, portanto, maior será a necessidade de utilização de ferramentas apropriadas para coletar, processar e dispor essas informações durante o giro do PDCA. 34 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 3 PRÁTICAS DA MANUTENÇÃO MODERNA A manutenção moderna funciona conforme representado a seguir, sendo exemplificada por um conjunto de engrenagens em que ambas estão interligadas para que o resultado seja o melhor possível. FIGURA 8 – RELAÇÕES ESTRATÉGICAS DA PRÁTICA MODERNA DA MANUTENÇÃO FONTE: Adaptada de Bezerra (2014) Existem três principais práticas que devem ser consideradas básicas na manutenção moderna: Programa “5S”, “TPM” – Manutenção Produtiva Total e Polivalência ou Multiespecialização. 3.1 PROGRAMA 5S O programa 5S é uma forma de gestão criada por japoneses aplicados por organizações que preservam um bom desempenho. Antes de ser uma prática, era uma cultura, sem a qual, dificilmente, teríamos um ambiente que proporcionasse trabalhos com qualidade. Para Gonçalves (2015), a prática de bom senso pode ser ensinada, aperfeiçoada, praticada para os crescimentos humano e profissional, estando ligada ao hábito, ao costume e à cultura. O objetivo dessa metodologia é separar o que é necessário do desnecessário. A seguir, veremos um exemplo de aplicação da ferramenta 5S, ligada à organização, à limpeza e à identificação dos materiais. A ferramenta 5S é uma realidade espalhada pelas organizações, e, atualmente, existem programas com até 10S, sendo submetidas melhorias contínuas e incorporadas nos projetos iniciais. A ferramenta 5S oferece vantagens TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE 35 para a empresa, como disciplina e eficiência, trabalho, eliminação do desperdício, racionamento, utilização e aproveitamento do espaço, e muitas outras melhorias que contribuem para um ambiente saudável. FIGURA 9 – LAYOUT DE UMA FÁBRICA ANTES E DEPOIS DA APLICAÇÃO DA FERRAMENTA 5S FONTE: Adaptada de Martins (2018) As palavras do 5S geram uma atitude ou uma postura que os funcionários devem seguir: Seiri: Separação (consiste em eliminar o supérfluo): separar coisas necessárias das que são desnecessárias, dando um destino para aquelas que deixaram de ser úteis para aquele ambiente. FIGURA 10 – SENSO DE UTILIZAÇÃO FONTE: Adaptada de Martins (2018) 36 UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO Seiton: Ordenamento:
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