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História da Educação do Surdo

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Libras – Amanda Longo Louzada 
1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO SURDO: 
NA ANTIGUIDADE: 
 No Egito Antigo, em meados de 4.000 a.C, os 
surdos eram considerados como semideuses ou 
criaturas privilegiadas e protegidas pelos deuses, 
entretanto, não eram educados e tinham vidas 
praticamente ociosos. Já o filósofo Heródoto 
considerava os surdos como aberrações e 
punições dos deuses, como pecadores, portanto 
não poderiam se comunicar de nenhuma forma 
humana. Na China, os surdos por não 
conseguirem se comunicar, eram sacrificados. 
 Na Grécia, por volta de 480-425 a.C, os surdos 
eram considerados incapazes de pensar, 
questionar e relacionar-se com a sociedade 
eram destinados a morte em praça pública, 
lançados aos leões e jogados ao abismo. 
EDUCAÇÃO DOS SURDOS: 
 Até o século XV, surdos – bem como todos os 
outros deficientes – tornaram-se alvos da 
medicina e da Igreja Católica. A primeira estava 
mais interessada em suas pesquisas e a 
segunda, em promover caridade com pessoas 
tão desafortunadas, pois para ela a doença 
representava punição. 
 No Ocidente, os primeiros educadores de surdos 
que se tem noticia, começaram a surgir a partir 
do século XVI. Um deles era o médico, 
matemático e astrólogo italiano Gerolamo 
Cardano (1501-1576), cujo o primeiro filho era 
surdo. Cardano afirmava que a surdez não 
impedia os surdos de receberem instrução. Ele 
fez tal afirmação depois de pesquisar e descobrir 
que a escrita representava os sons da fala ou 
das ideias de pensamento. 
 Outro educador foi Pedro Ponce de Leon (1510-
1584), monge beneditino que viveu em um 
monastério, na Espanha, em 1570, e usava 
sinais rudimentares para se comunicar, pois lá 
havia o Voto do Silêncio. 
 Há registros de que uma família espanhola teve 
muitos descendentes surdos por ter o costume 
de se casarem entre si para não dividirem bens 
com estranhos. Dois membros dessa família 
foram para o mosteiro de Ponce de Leon e lá 
deram início a Língua de Sinais. Ponce foi tutor 
de muitos surdos e foi da do a ele o mérito de 
provar que a pessoa surda era capaz. Seus 
alunos foram pessoa importantes que 
dominavam Filosofia, História, Matemática e 
outras ciências, o que fez com que o trabalho de 
Leon fosse reconhecido em toda a Europa. 
 Os nobres, que tinham em sua família um 
descendente surdo, começaram a educá-lo, pois 
os primogênitos surdos não tinham direito a 
herança se não aprendessem a falar, o que 
colocava toda a riqueza da família em risco. Se 
falassem teriam garantidos sua posição e 
reconhecimento como cidadão. 
 No século XVII, era percebido o grande interesse 
que os estudiosos tinham pela educação dos 
surdos, principalmente porque tinham 
descoberto que esse tipo de educação 
possibilitava ganhos financeiros, pois as famílias 
abastadas que tinham descendentes surdos 
pagavam grandes fortunas para que seus filhos 
aprendessem a falar e escrever. 
 O abade Charles-Michel de L’Epée (1712-1789) 
foi um educador filantrópico francês que ficou 
conhecido como “Pai dos Surdos” e também um 
dos primeiros que defendeu o uso da Língua de 
Sinais. Reconheceu que a língua existia, 
desenvolvia-se e servia de base comunicativa 
essencial entre os surdos. L’Eppe teve a 
disponibilidade de aprender a Língua de Sinais 
para poder se comunicar com os surdos. Criou a 
primeira escola pública no mundo para surdos 
em Paris , o Instituto Nacional para Surdos-
mudos em 1760. 
NO BRASIL: 
 A história da língua de sinais se mistura com a 
história dos surdos no Brasil. Até o século XV os 
surdos eram mundialmente considerados como 
ineducáveis. A partir do século XVI, com 
mudanças nessa visão acontecendo na Europa, 
essa ideia foi sendo deixada de lado. Teve início 
a luta pela educação dos surdos, na qual ficou 
marcada a atuação de um surdo francês, 
chamado Hernest Huet. Em 1857, Huet veio ao 
Brasil a convite de D. Pedro II para fundar a 
primeira escola para surdos do país, chamada 
na época de Instituto Imperial de Surdos Mudos. 
Com o passar do tempo, o termo “surdo-mudo” 
saiu de uso, por ser um termo incorreto, mas a 
escola persistiu e funciona até hoje, com o nome 
de Instituto Nacional de Educação de Surdos – a 
famosa INES 
 A língua de sinais – Libras foi criada, junto com a 
INES, a partir de uma mistura entre a Língua 
Francesa de Sinais e de gestos já utilizados 
pelos surdos brasileiros. Ela foi ganhando 
espaço pouco a pouco, mas sofreu uma grande 
derrota em 1880. Um congresso sobre surdez 
em Milão proibiu o uso das línguas de sinais no 
mundo, acreditando que a leitura labial era a 
melhor forma de comunicação para os surdos. 
Esse fato não fez com que parassem de se 
comunicar por sinais, mas atrasou a difusão da 
língua no país. 
Libras – Amanda Longo Louzada 
2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO SURDO: 
CONGRESSO DE MILÃO: 
 Entre 6 e 11 de setembro de 1880, em Milão, 
Itália, coroaram os pressupostos oralistas. As 
resoluções foram quase unânimes, contando 
com poucas, e isoladas, oposições: às escolas 
de surdos cabia o ensino da fala como meio de 
inserção do surdo em um mundo ouvinte. Os 
gestos? Que fossem banidos. As práticas 
bimodais que utilizavam sinais em 
simultaneidade com a fala também foram 
rejeitadas. O oralismo puro, como acordado por 
grande parte dos 164 membros do Congresso 
(em sua quase totalidade ouvintes), foi apontado 
como a melhor abordagem para a educação de 
surdos. 
 As oito resoluções ali decididas por educadores 
(majoritariamente ouvintes) de diferentes países 
acenavam para a incontestável superioridade da 
língua oral como meio privilegiado de acesso ao 
conhecimento. E o oralismo puro, sem a 
interferência de qualquer sistema gestual, foi 
ratificado oficialmente, naquele momento, como 
a abordagem preferível em escolas e instituições 
para surdos. 
 Durante boa parte do século XX, o oralismo 
vigorou como abordagem predominante nas 
instituições de ensino para surdos de diferentes 
países do mundo. A proscrição dos sistemas 
gestuais em salas de aula e a proibição das 
línguas de sinais em ambientes escolares 
justificavam-se, sobretudo, pelo argumento de 
que a comunicação manual prejudicava e 
desestimulava o aprendizado da língua oral. O 
uso de linguagens visuais-motoras tornava os 
surdos “preguiçosos” para a fala. Em muitas 
instituições, alunos eram castigados quando 
flagrados a sinalizar; em outras, mãos chegavam 
a ser amarradas para se evitar a propagação do 
gesto. 
 Após o congresso, a maioria dos países adotou 
rapidamente o método oral nas escolas para 
surdos, proibindo oficialmente a língua de sinais, 
decaiu muito o número de surdos envolvidos na 
educação de surdos. Em 1960, nos Estados 
Unidos, eram somente 12% os professores 
surdos como o resto do mundo. 
 Em consequência disto, a qualidade da 
educação dos surdos diminuiu e as crianças 
surdas saíam das escolas com qualificações 
inferiores e habilidades sociais limitadas. 
 Ali começou uma longa e sofrida batalha do povo 
surdo para defender o seu direito linguístico 
cultural, as associações dos surdos se uniram 
mais, os povos surdos que lutam para evitar a 
extinção das suas línguas de sinais. 
ORALISMO, BILINGUISMO E COMUNICAÇÃO 
TOTAL: 
 Oralismo: Consiste no ensino da língua materna 
através da imposição da oralização nos 
processos de aprendizagem do surdo. Dessa 
maneira, neste método é proibida qualquer 
manifestação que se diferencie da fala, como 
ocorre na comunicação gestual e na utilização 
de mímicas. Portanto, o surdo deveria utilizar a 
fala, os vestígios de audição remanescentes, e 
um comportamento semelhante ao do ouvinte 
para ser aceito socialmente e finalmente ser 
curado da surdez através da prática da fala. 
 Bilinguismo: a proposta de ensino bilíngue 
contrapõe-se ao oralismo porque considera a 
comunicação visual e gestual prioritária no 
ensino da linguagem. E sediferencia da 
comunicação total, pois defende 
fundamentalmente a língua de sinais na 
educação do surdo, não misturando uma 
manifestação linguística com a outra. Nesta 
corrente, ensina-se primeiramente a língua de 
sinais e secundariamente a língua dos ouvintes, 
que pode ser manifesta apenas em sua forma 
escrita. 
 Comunicação total: consiste na utilização dos 
sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto 
digital no ensino da língua materna. Sendo 
assim, nesta corrente comunicativa o surdo tem 
livre arbítrio para escolher qual manifestação de 
linguagem lhe é mais adequada para comunicar-
se socialmente. Visto que esta foi uma corrente 
que abriu espaço para o que conhecemos hoje 
como língua de sinais, assim como a autonomia 
e independência do surdo e sua inserção na 
sociedade, contudo não foi completamente 
efetiva devido a superficialidade no ensino de 
uma ou outra forma de comunicação.

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