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Segundo a Lei 10.436/2002 (BRASIL, 2002), atualmente os surdos têm direito a Libras em qualquer órgão público que se encontrarem. Mas nem sempre foi assim, a vida dos surdos teve uma trajetória historicamente de muita superação. Não há muitos registros sobre a história dos surdos, mas existe o suficiente para mostrar a crueldade na qual foram submetidos. As pessoas surdas enfrentaram dificuldades de inserção na sociedade em grande parte da história e o sistema educacional de ensino através dos tempos estava constantemente em mudanças, decorrente dos métodos de ensino que adotavam e defendiam os educadores e pesquisadores. Para compreendermos a atual situação do processo educacional do aluno surdo, é necessário conhecermos como eram tratados e os métodos educacionais aplicados em épocas anteriores. 1 Idade Antiga Na antiguidade, as pessoas surdas ou com alguma deficiência eram consideradas pessoas castigadas pelos deuses, vistos como incômodos para a sociedade, por isso, eram rejeitadas, abandonadas e em alguns casos sacrificadas. Aristóteles (348-322 a.C.), considerava a pessoa surda também muda, acreditava que o pensamento e a consciência humana somente era possível ser desenvolvida e alcançada através dos sentidos. Consequentemente, o surdo por não possuir a linguagem não adquiria o conhecimento. Para ele, o pensamento se dava perante a fala e o surdo seria incapaz de aprender e desenvolver as capacidades intelectuais (MAURICIO, 2010). Em Roma, eles eram colocados na base de uma estátua nas praças principais e devorados pelos cães. Por este motivo, muitos historiadores pensaram que certamente as crianças surdas não se desse tal destinação dado que seguramente, mesmo hoje é difícil fazer um diagnóstico precoce da surdez (RADUSTZKY apud BALBUENO, 2010, p. 37). Em contrapartida, no Egito e na Pérsia, acreditava-se que os surdos eram enviados pelos deuses, considerados criaturas privilegiadas e divinas, havia respeito e idolatria, no entanto, não tinham direito à educação (STROBEL, 2008). Você Sabia? Para Aristóteles, a fala era a condição primordial para o desenvolvimento do pensamento, portanto, o surdo que não falava, não se dava condição de ser humano, sendo considerado como incapaz (HONORA, 2009). Nessa época, as pessoas surdas eram conceituadas como incompetentes e ineficientes na sociedade, existia uma indiferença e o menosprezo educacional (BALBUENO, 2010). Na China, os surdos eram atirados ao mar, em Esparta eram arremessados do alto do penhasco. Em Atenas, os surdos eram largados em praças públicas ou no mato. Os Hebreus tinham a concepção que pessoas com deficiência eram impuras, eram consideradas como demoníacas e a reprodução do pecado era da própria pessoa com deficiência ou dos pais (BALBUENO, 2010). A filosofia Iluminista era centrada no intelectual e se baseava na perfeição humana. Os romanos adquiriram dos gregos adoração pela perfeição física. Assim, a criança que acabava de nascer e manifestava alguma deformidade, era sacrificada. Possivelmente, as crianças surdas obtiveram o mesmo destino cruel. Nessa época, acreditava-se que as pessoas surdas eram incapazes de serem ensinadas e, eram consideradas ‘anormais’, indivíduos improdutivos, ficaram à margem da sociedade, sem exercer seus direitos de cidadãos (STROBEL, 2008). Lembre-se 2. Idade Média No início da Idade Média, as pessoas surdas eram queimadas vivas, colocadas em enormes fogueiras, e então consideradas como objetos de curiosidade, havia sentimento de desprezo e descaso (PERLIN; STROBEL, 2006). No século VI, em Roma, os surdos não tinham seus direitos legais garantidos. Elaborado o Código Justiniano, determinando que as crianças que nascessem surdas ou mudas, não poderiam possuir e nem herdar bens de herança, eram proibidas de votar, enfim, eram vetadas de todos os seus direitos como cidadãos. Na igreja católica acreditava-se que os surdos não possuíam alma imortal, devido não ter condições de professar os sacramentos (MAURICIO, 2010). Em 530 d.C, na Itália, os surdos eram proibidos de receber comunhão, os monges beneditinos, com intuito de não violar o voto do silêncio, fizeram uso de sinais entre eles para a comunicação (FELIPE, 2009). Pare e Reflita Os mais antigos registros indicam que na Antiguidade, os indivíduos que não se adequavam nos padrões propostos da normalidade, que apresentavam alguma característica de imperfeição, estética, intelectual e física eram eliminados ou rejeitados pela sociedade, considerados como “anormais”. Pare e Reflita Reflita sobre a forma de tratamento que as pessoas surdas recebiam na Idade Antiga e Média. 3. Idade Moderna No século XVI, Pedro Ponce De Léon (1510-1584), monge beneditino espanhol, ensinava as crianças surdas, filhos das famílias nobres a rezar, ler, escrever, fazer cálculos, Física e Astronomia. Considerado o primeiro educador de surdos, não existe muitos registros sobre seu método, sabe-se que desenvolveu o alfabeto manual, representava a letra latino, com as configurações de mão, juntamente utilizava os recursos dos sentidos, a visão e o tato (MAURICIO, 2010). No século XVI, Pedro Ponce De Léon (1510-1584), monge beneditino espanhol ensinava as crianças surdas, filhos das famílias nobres a rezar, ler, escrever, fazer cálculos, Física e Astronomia. Considerado o primeiro educador de surdos, não existe muitos registros sobre seu método, sabe-se que desenvolveu o alfabeto manual, representava a letra latino, com as configurações de mão, juntamente utilizava os recursos dos sentidos, a visão e o tato (MAURICIO, 2010). Juan Pablo Bonet Fonte: Wikipedia (2016). Você Sabia? Girolamo foi o primeiro educador que demonstrou preocupação na educação dos surdos, pela razão de ter um filho surdo, mas seus estudos eram relacionados na área médica. Você Sabia? A nobreza espanhola contratava e pagava pelos ensinamentos aos monges para educarem seus filhos surdos, assim garantiam condições como cidadãos reconhecidos pela sociedade, possibilitando de receberem herança e bens familiares. Na Espanha em 1620, Juan Pablo Bonet, professor de surdos, utilizava o todo educacional de ensino oral, ensinava através da leitura labial, fazendo o treinamento da fala e da escrita, acreditava que os surdos deveriam saber a leitura e a escrita, publicou o primeiro livro sobre a educação dos surdos, Reducción de las letras y artes para ensenar a hablar a los mudos. (PINHEIRO, 2010). John Bulwer Fonte: Wikipedia (2016). John Bulwer, um médico britânico, em 1640 publicou Chirologia e Natural LanguageoftheHand. Utilizava alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial, na época foi considerado um avanço para a língua de sinais (PINHEIRO, 2010). Jacob Rodrigues Pereira Fonte: Wikipedia (2016). Na França, em 1741, Jacob Rodrigues Pereira, educador de surdos, defendia o oralismo e a fala com os exercícios auditivos, assim, oralizou a sua irmã surda, ficou reconhecido pelo seu sucesso na Academia Francesa de Ciências, porém utilizava o alfabeto manual (STROBEL, 2008). Samuel Heinicke Fonte: Wikipedia (2016). Em 1755, Samuel Heinicke (1729-1790), considerado o “Pai do Método Alemão”, conduzia seutrabalho no método oralismo puro, o ensino apenas na língua falada, a língua de sinais poderia atrapalhar a aprendizagem. Em 1778, fundou a primeira escola oral para surdos na Alemanha. Segundo seus seguidores, dizia que a situação adequada para que a pessoa surda pudesse interagir na sociedade ouvinte era somente pela língua oral (MAURICIO, 2010). Abade Charles Michel de L’Epée Fonte: Wikipedia (2016). Na França, em 1755, Abade Charles Michel de L’Epée (1712-1789),com seu “método francês”, iniciou o processo educacional partindo da linguagem gestual, apoiado na linguagem de sinais da comunidade de surdos franceses, acrescentou alguns sinais que tornaram a estrutura da linguagem dos surdos mais parecida com o francês e denominou esse sistema de “sinais metódicos” (MAURICIO, 2010). Em 1760, L’Epée, fundou a primeira escola pública para surdos, o Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris, formou vários professores para surdos da França e Europa, foi o primeiro a defender que o surdo se desenvolve pela língua de sinais. Fundou 21 escolas para surdos na França e Europa, até 1789 em seu falecimento (PINHEIRO, 2010). 4 Idade Contemporânea até os Dias Atuais Jean Marc Itard Em 1802, Jean Marc Itard, médico francês do Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris, estudava com Philipe Pinel, seguia os pensamentos do filósofo Condillac, dizia que a base para o conhecimento humano se dá por meio das sensações e experiências externas. Com intuito de curar a surdez, realizou vários procedimentos médicos e terapêuticos, afirmava que o surdo poderia ser ensinado para ouvir, e que o uso dos sinais comprometia o estímulo de percepção de memória, atenção e dos sentidos (STROBEL, 2008). Você Sabia? Dentre todos os professores de surdos da história, o primeiro que se destacou no ensino foimDe L’Epée. Tornou-se muito conhecido na comunidade dos surdos porque obteve progressos significativos no processo educacional com a língua de sinais. De L’Epée era alvo de comentários desfavoráveis pela oposição, principalmente pelo professor alemão Samuel Heinicke, que defendia o método oralista. Conforme Lane (apud STROBEL, 2008, p.), o médico Jean Marc Itard, sobre a concepção clínica efetuou diversas experiências desumanas e impiedosas para satisfazer suas investigações médicas, tais como: • dissecou os surdos falecidos; • aplicou eletricidade nas orelhas; • colocou sanguessugas no ouvido dos surdos para produzir sangramento; • furou os tímpanos dos alunos (causando o falecimento de um deles); • cobria os ouvidos por uma liga de agente borbulhante, fazendo a pele do ouvido ficar em carne viva, com finalidade de expelir o pus; • fraturou crânios batendo com martelo na área de trás dos ouvidos. Após muitas experiências médicas sem sucessos, Dr. Itard foi atuar como docente para crianças surdas numa instituição escolar, conseguiu reconhecimento pelo trabalho com Victor, o garoto selvagem. Não atingiu sucesso na área da surdez, porém, na Educação Especial teve influência com o programa de adaptação do ambiente, Sem Socialização não Existe Educação (STROBEL, 2008). Thomas Hopkins Gallaudet No século XVII nos Estados Unidos, em Hartford, Thomas Hopkins Gallaudet (1787- 1851) começou a se interessar pela educação dos surdos após observar uma menina surda isolada brincando em seu jardim, sendo excluída das demais crianças. Gallaudet ficou comovido ao perceber que não existia uma escola especializada para surdos na qual a menina pudesse frequentar, foi então, que iniciou seu ensinamento junto com o pai da menina. Gallaudet decidiu procurar um sistema educacional de ensino para surdos, viajou à França para conhecer o método de L’Epée, com objetivo de abrir a sua própria escola, ficou impressionado com a língua de sinais, o método utilizado do Instituto (PERLIN; STROBEL, 2006). Laurent Clerc Laurent Clerc, (1785 - 1869), professor surdo francês do Instituto, apresentado e indicado por L’Epée, voltou para os Estados Unidos com Gallaudet, ensinou e instruiu a língua de sinais, que por sua vez Gallaudet também ensinou-lhe o inglês. Juntos, fundaram em 1817, a primeira escola para surdos nos Estados Unidos, “Connecticut Asylum for the Education and Instruct Cult of Deafand Dumb Persons”, e assim conseguiram atingir grandes sucessos com a educação de crianças surdas americanas (PINHEIRO, 2010). Nesta fase, havia muitos professores surdos fluentes na língua de sinais, portanto a língua de sinais ganhou muito destaque e o processo educacional das crianças surdas obteve grandes avanços e desenvolvimento. Edward Miner Gallaudet (1837-1917), em 1864 realizou o sonho do seu pai Thomas Hopkins Gallaudet, ao fundar a primeira universidade nacional para surdos em Washington nos Estados Unidos (PERLIN; STROBEL, 2006). Alexander Graham Bel Saiba Mais Gallaudet University é a única Universidade no mundo que possui direção por surdos e atualmente é reconhecida como o único centro referencial de nível universitário para estudantes surdos do mundo inteiro. Para conhecer melhor acesse o site Gallaudet University. Em 1846, o inventor de telefone, o escocês Alexander Grahan Bell, professor de surdos, com o objetivo de acabar com a língua de sinais, inventou um código de símbolos, ‘Fala Visível’, que era a favor do método oral e ficou conhecido como inimigo dos surdos americanos (PINHEIRO, 2010). Em 1880, foi realizado o Congresso de Milão, um acontecimento marcante na história dos surdos da política pública na eliminação da língua de sinais e com egresso dos professores surdos das escolas especializadas. Este congresso foi organizado e conduzido pela maioria de especialistas educacionais ouvintes na área da surdez de diversos países. Evento decisivo sobre qual método seria adotado na educação dos surdos, dos 174 representantes presentes que eram ouvintes, somente um representante era surdo. O método oralista venceu, alegavam superioridade à língua de sinais, houve influência de autoridades de poder defendendo a língua oral, em benefício da palavra falada, demonstram a tendência do período caracterizado pelo racional em contradição do emocional, compreendido na pronúncia de um italiano representante (SKLIAR, 2005). Em todas as instituições onde se deseja sincera e eficazmente introduzir o verdadeiro método da palavra, devemos inicialmente, separar os iniciantes dos outros alunos e, por todos os meios possíveis, desenraizar a erva daninha da língua de sinais. A linguagem mímica exalta os sentidos, e provoca, demasiadamente, a fantasia e a imaginação (SKLIAR, 2005). Os congressistas afirmavam que o oralismo seria o mais adequado, e que os surdos são preguiçosos para falar, preferindo a língua de sinais que não estimula a fala. Alexander Grahan Bell, presente ao Congresso, teve grande influência e defendeu o método oral. Ficou decidido que a partir daquele momento a língua de sinais seria proibida, impedida e abolida na educação dos surdos (PERLIN; STROBEL, 2006). Os professores surdos foram impedidos de ensinar, perdendo seu emprego. Era comum educadores ouvintes amarrarem as mãos dos alunos para trás, assim evitando que se comunicassem pela língua de sinais (PINHEIRO, 2010). Até nesse período, os alunos surdos possuíam igualdade de conhecimento e intelectual aos alunos ouvintes da mesma instituição escolar, depois desse momento com a eliminação da língua de sinais e dos educadores surdos em todas as escolas, apresentou-se um retrocesso comunicacional e no desenvolvimento educacional dos surdos (NANTES, 2010). Um acontecimento histórico de grande superação e inspiração aos surdos--cegos é a história de vida de Hellen Keller. Nascida em Alabama nos Estados Unidos, ficou cega, surda e muda aos 2 anos de idade, se tornando uma menina revoltada. Quando Ellen estava com 7 Você Sabia? A mãe e esposa do inventor Grahan Bell eram surdas, mas mesmo assim, ele era contra a língua de sinais. anos, a professora especialista Anne Sullivan iniciou o ensino do alfabeto manual tátil. Hellen Keller obteve graus universitários, publicando trabalhos e diversos artigos (PERLIN; STROBEL, 2006). Por mais de 100 anos as pessoas surdas foram omitidas a participarem e contestarempolêmicas de suas próprias existências culturais e melhor metodologia educacional, não possuindo direito a se expressarem e a votarem. Os ouvintes, desde os primeiros estudos educacionais, que sempre definiam e designavam a integração das pessoas surdas na sociedade e no processo educacional (FERNANDES, 2011). Por volta de 1960, Willian Stokoe iniciou pesquisas sobre as línguas de sinais usadas pelas comunidades surdas, e ao pesquisar a língua de sinais americana, percebeu que existia uma estrutura semelhante à língua oral (MAURICIO, 2010). 5 A Educação dos Surdos no Brasil De acordo com Honora (2009), a convite de D. Pedro II, Eduardo Huet, professor francês surdo, veio para o Brasil em 1857 e fundaram a primeira escola de meninos surdos no Rio de Janeiro, Instituto de Surdos Mudos, atualmente, Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Assim, os surdos brasileiros puderam ter oportunidade de desenvolverem com a língua de sinais brasileira misturada com a língua de sinais francesa e com sinais usados pelos surdos de diversas localizações do Brasil (MAURICIO, 2010). Huet iniciou seu trabalho no instituto com dois alunos surdos, após quatro anos tinha dezessete alunos. No princípio foi muito difícil, pois as famílias sentiam desconforto em deixar seus filhos a um desconhecido de outra nacionalidade que não é a nossa. Devido a problemas pessoais, em 1861, Huet deixou a direção do instituto (BALBUENO, 2010). Dica Sugero que você assista ao filme Helen Keller e reflita sobre a proposta de trabalho da professora Anne Sullivan com a menina Helen. Importante Com intuito de exterminar a língua de sinais, a educação dos surdos ficou por várias décadas como sendo de caráter clínico-terapêutico e na reabilitação com influência da medicina, objetivando a busca de tratamento ou correção para diminuir um problema biológico da pessoa surda. A surdez, sendo vista como uma deficiência a ser curada, naquela época, ficou denominada como medicalização da surdez. Saiba Mais O Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES), localizado no Rio de Janeiro, ficou denominado o centro de referência educacional, social e profissional para surdos brasileiros. Para conhecer um pouco mais acesse o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Em 1862, o diretor designado foi Dr. Manoel de Magalhães Couto, que não possuía conhecimento sobre surdez, no entanto, em 1868, por meio de uma fiscalização do governo, conclui-se que o instituto estava funcionando como uma instituição de abrigo para surdos, assim foi designado outro diretor (BALBUENO, 2010). Em 1875, Flausino José da Gama, um ex-aluno do INES, aos 18 anos, publicou o primeiro dicionário de língua de sinais brasileira, ‘Iconographia dos Signaes dos Surdos- Mudos’ (PERLIN; STROBEL, 2006). Em 1896, o professor do INES, A.J. de Moura e Silva a pedido do governo brasileiro, viajou para o instituto de Surdos da França a fim de analisar a decisão do ocorrido no Congresso de Milão em 1880, e assim concluiu em seu registro de avaliação que o “método oralista puro” não era adequado para ser ensinado a todos os surdos (FELIPE, 2009). Após o Congresso de Milão, o INES passou a utilizar a metodologia oral, como também outras instituições para surdos fundadas no Brasil, como: Santa Terezinha para meninas surdas (SP), a escola Concórdia (Porto Alegre -RS), a Escola de Surdos de Vitória, o centro de Audição e Linguagem “Ludovico Padovani” – CEAL/LP- em Brasília – DF (MAURICIO, 2010). Na década de 1920, dois médicos da área da otologia, admitiram à diretoria do INES, reconhecidos em efetuarem procedimentos da medicina para corrigir as falhas existentes no ouvido dos surdos. Os alunos surdos eram divididos em dois grupos, a primeira terapia envolvia o oral, compreendido na linguagem articulada e a leitura labial, propostos aos surdos com perda auditiva profunda, mas com intelecto normal e aos que tinham perda auditiva de grau menor, porém não poderia ser congênita; e o segundo procedimento propunha a linguagem escrita e ao alfabeto manual era designada aos que tinham deficiência intelectual, e aos surdos que entravam após 9 anos (FERNANDES, 2011). Entre 1960 a 1970, surgiu no Brasil a comunicação total, com propósito principal de comunicar, utilizando todos os recursos possíveis, como: gestos, língua de sinais, alfabeto manual, leitura labial, escrita e leitura, etc. Percebe-se que a história dos surdos no Brasil é caracterizada em duas etapas nitidamente tracejadas e uma terceira etapa que estamos vivenciando atualmente em procedimento de mudança (QUADROS, 1997). Atualmente, a terceira etapa que estamos vivenciando é a grande conquista do reconhecimento oficial pela Lei Federal nº 10.436/2002 (BRASIL, 2002), sendo a Língua de Sinais meio legal de comunicação e expressão das pessoas surdas do Brasil, conforme o Decreto 5.626/2005 (BRASIL, 2005), que regulamenta a lei anterior e a lei 10.098/2000, que dispõe sobre a acessibilidade na comunicação, para o aluno surdo. Saiba Mais Momentos Históricos da Educação dos Surdos no Brasil a partir de 1970 • 1977 - FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos). • 1987 - FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) no Rio de Janeiro – Brasil, sendo que a mesma foi reestruturada da antiga ex-FENEIDA. Para saber mais acesse a FENEIS. • 1994 - Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo – Brasil. Você pode conferir pelo site a CBDS. • 1996 - Lei Municipal N° 7.857 (30/09/1996) – Porto Alegre. A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou a lei e a língua de sinais oficializada. • 1999 - Lei Estadual N° 11.405 (31/12/1999) – Rio Grande do Sul. Aprovada pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, reconhece a Libras como meio de comunicação para os surdos. • 2000 - Lei nº 10.098 (10/12/200) – Brasil. Lei de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, cita a promoção da eliminação de barreiras de comunicação. • 2002 - Lei Federal N° 10.436 (24/04/2002) – Brasil. Essa lei oficializou a Libras no Brasil. • 2002 - Formação de agentes multiplicadores para o ensino de Libras em Contexto, MEC/Feneis. • 2005 - Decreto 5.626 (22/12/2005) – Brasil. Esse decreto sustenta a Lei 10.436 de 24 de Abril de 2002 e especifica os demais direitos dos cidadãos Surdos como na área da saúde, educação, trabalho. Também defende a Cultura Surda e a importância e obrigatoriedade do Intérprete de Libras e sua devida formação. • 2006 - Curso de Graduação em Letras/Libras, com a coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina e com a participação de 9 (nove) pólos, situados em diferentes estados brasileiros. Para saber mais, acesse o site: Libras UFSC - Língua Brasileira de Sinais. • 2008 - Curso de graduação em Letras/Libras, licenciatura e bacharelado, coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina, sendo a UFRGS em Porto Alegre, um dos pólos. No total há 15 pólos, em diferentes cidades brasileiras. Você pode saber mais, acessando o site: Libras UFSC - Língua Brasileira de Sinais. Resumo Ao resgatar o período histórico na Antiguidade, percebe-se que cada sociedade tomava diferentes atitudes diante das pessoas com deficiência, ou seja, elas eram sacrificadas, rejeitadas, vítimas de exclusão e extermínio. Indivíduos que não se adequavam nos padrões propostos da normalidade, apresentando alguma característica de imperfeição, estética, intelectual e física eram eliminados ou rejeitados, considerados como “anormais”, sendo vistos como incapazes para a sociedade. Porém, no Egito as pessoas com deficiências eram glorificadas. Na Idade Média, em um grandeperíodo da história, os surdos não frequentaram escola, não existia um ensino especializado, pois eram considerados incapacitados para aprender, assim eram proibidos de casar, herdar, possuir bens e de viver numa sociedade como as demais pessoas. Na Idade Moderna, o monge espanhol Ponce De Léon, o primeiro educador de surdos, ensinou o método que desenvolveu para comunicar com os surdos, ensinava apenas crianças surdas da nobreza. Com o tempo, foram surgindo vários educadores e pesquisadores de surdos que publicaram livros com diversas metodologias referentes aos processos educacionais, cada um defendia seu método adotado. Os dois principais educadores que mais se destacaram na Idade Moderna utilizavam metodologias diferentes: Abade Charles Michel De L’Epée, criador dos “sinais metódicos”, defendia a língua de sinais, fundou a primeira escola pública na França, de acordo com seu método educacional utilizado, os surdos conseguiram avançar bastante, gerando muita crítica pelo educador alemão Samuel Heinicke que defendia o oralismo puro, considerado como “Pai do Método Alemão”, fundou a primeira escola oralista na Alemanha. Na Idade Contemporânea, século XVIII, em Hartford nos Estados Unidos, Gallaudet, descontente de não ter um sistema educacional para suprir as necessidades educacionais das crianças surdas americanas, buscou alternativa para o aprendizado dos surdos, baseando no uso de sinais pelo Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris na França, fundou a primeira escola nos Estados Unidos e posteriormente seu descendente fundou a primeira Universidade para surdos, “Universidade Gallaudet”. Em 1855, a convite de D. Pedro II, o professor surdo Eduardo Huet, veio da França ao Brasil e fundou em 1857 a primeira escola de surdos no Rio de Janeiro, Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, atualmente denominada INES - Instituto Nacional da Educação de Surdos, utilizando o método de miscigenação, que seria a antiga língua de sinais brasileira com a língua de sinais francesa, surgiu a Libras - Língua Brasileira de Sinais. No entanto, em 1880, houve o Congresso de Milão, para decidir qual metodologia mais adequada para ser adotada na educação dos surdos, ficando o método oralista a mais votada e defendida pelos congressistas ouvintes presentes, julgando ser o melhor no processo de ensino e aprendizagem. Dessa maneira, foi aprovada uma resolução proibindo a língua de sinais nas escolas, este acontecimento histórico ficou marcado na comunidade surda. Com o passar do tempo, pesquisadores e educadores da área, insatisfeitos com a defasagem e os maus resultados apresentados pelo método oral, que ocorria em relação à aprendizagem dos alunos surdos, passaram a pesquisar e estudar alternativas nas práticas de ensino. Em Honora (2009), vimos que no século XXI, uma grande conquista para o surdos foi a oficialização da Libras pela Lei nº 10.436/2002, que reconhece a língua natural e materna dos surdos brasileiros e por meio do decreto 5.626 de 2005, avanços se efetivaram até o presente momento, como a disciplina de Libras na grade curricular nos cursos de Licenciatura e Fonoaudiologia, cursos de formação de agentes multiplicadores, curso de graduação em Letras/Libras e regulamentação na profissão de Tradutor e Intérprete de Libras, entre outras.
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