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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

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Segundo a Lei 10.436/2002 (BRASIL, 2002), atualmente os surdos têm direito a 
Libras em qualquer órgão público que se encontrarem. Mas nem sempre foi assim, a vida dos 
surdos teve uma trajetória historicamente de muita superação. Não há muitos registros sobre 
a história dos surdos, mas existe o suficiente para mostrar a crueldade na qual foram 
submetidos. 
As pessoas surdas enfrentaram dificuldades de inserção na sociedade em grande 
parte da história e o sistema educacional de ensino através dos tempos estava constantemente 
em mudanças, decorrente dos métodos de ensino que adotavam e defendiam os educadores 
e pesquisadores. 
Para compreendermos a atual situação do processo educacional do aluno surdo, é 
necessário conhecermos como eram tratados e os métodos educacionais aplicados em épocas 
anteriores. 
 
1 Idade Antiga 
 
Na antiguidade, as pessoas surdas ou com alguma deficiência eram consideradas 
pessoas castigadas pelos deuses, vistos como incômodos para a sociedade, por isso, eram 
rejeitadas, abandonadas e em alguns casos sacrificadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aristóteles (348-322 a.C.), considerava a pessoa surda também muda, acreditava 
que o pensamento e a consciência humana somente era possível ser desenvolvida e alcançada 
através dos sentidos. Consequentemente, o surdo por não possuir a linguagem não adquiria 
o conhecimento. Para ele, o pensamento se dava perante a fala e o surdo seria incapaz de 
aprender e desenvolver as capacidades intelectuais (MAURICIO, 2010). 
 
Em Roma, eles eram colocados na base de uma estátua nas praças principais 
e devorados pelos cães. Por este motivo, muitos historiadores pensaram que 
certamente as crianças surdas não se desse tal destinação dado que 
seguramente, mesmo hoje é difícil fazer um diagnóstico precoce da surdez 
(RADUSTZKY apud BALBUENO, 2010, p. 37). 
 
 
Em contrapartida, no Egito e na Pérsia, acreditava-se que os surdos eram enviados 
pelos deuses, considerados criaturas privilegiadas e divinas, havia respeito e idolatria, no 
entanto, não tinham direito à educação (STROBEL, 2008). 
Você Sabia? 
 
Para Aristóteles, a fala era a condição primordial para o desenvolvimento do 
pensamento, portanto, o surdo que não falava, não se dava condição de ser humano, 
sendo considerado como incapaz (HONORA, 2009). 
 
Nessa época, as pessoas surdas eram conceituadas como incompetentes e 
ineficientes na sociedade, existia uma indiferença e o menosprezo educacional (BALBUENO, 
2010). 
Na China, os surdos eram atirados ao mar, em Esparta eram arremessados do alto 
do penhasco. Em Atenas, os surdos eram largados em praças públicas ou no mato. Os Hebreus 
tinham a concepção que pessoas com deficiência eram impuras, eram consideradas como 
demoníacas e a reprodução do pecado era da própria pessoa com deficiência ou dos pais 
(BALBUENO, 2010). 
A filosofia Iluminista era centrada no intelectual e se baseava na perfeição humana. 
Os romanos adquiriram dos gregos adoração pela perfeição física. Assim, a criança que 
acabava de nascer e manifestava alguma deformidade, era sacrificada. Possivelmente, as 
crianças surdas obtiveram o mesmo destino cruel. 
Nessa época, acreditava-se que as pessoas surdas eram incapazes de serem 
ensinadas e, eram consideradas ‘anormais’, indivíduos improdutivos, ficaram à margem da 
sociedade, sem exercer seus direitos de cidadãos (STROBEL, 2008). 
 
Lembre-se 
 
 
 
 
 
 
 
2. Idade Média 
 
No início da Idade Média, as pessoas surdas eram queimadas vivas, colocadas em 
enormes fogueiras, e então consideradas como objetos de curiosidade, havia sentimento de 
desprezo e descaso (PERLIN; STROBEL, 2006). 
No século VI, em Roma, os surdos não tinham seus direitos legais garantidos. 
Elaborado o Código Justiniano, determinando que as crianças que nascessem surdas ou 
mudas, não poderiam possuir e nem herdar bens de herança, eram proibidas de votar, enfim, 
eram vetadas de todos os seus direitos como cidadãos. 
Na igreja católica acreditava-se que os surdos não possuíam alma imortal, devido 
não ter condições de professar os sacramentos (MAURICIO, 2010). 
Em 530 d.C, na Itália, os surdos eram proibidos de receber comunhão, os monges 
beneditinos, com intuito de não violar o voto do silêncio, fizeram uso de sinais entre eles para 
a comunicação (FELIPE, 2009). 
 
Pare e Reflita 
 
 
 
Os mais antigos registros indicam que na Antiguidade, os indivíduos que não se 
adequavam nos padrões propostos da normalidade, que apresentavam alguma 
característica de imperfeição, estética, intelectual e física eram eliminados ou rejeitados pela 
sociedade, considerados como “anormais”. 
 
Pare e Reflita 
Reflita sobre a forma de tratamento que as pessoas surdas recebiam na Idade Antiga e 
Média. 
 
3. Idade Moderna 
 
No século XVI, Pedro Ponce De Léon (1510-1584), monge beneditino espanhol, 
ensinava as crianças surdas, filhos das famílias nobres a rezar, ler, escrever, fazer cálculos, Física 
e Astronomia. Considerado o primeiro educador de surdos, não existe muitos registros sobre 
seu método, sabe-se que desenvolveu o alfabeto manual, representava a letra latino, com as 
configurações de mão, juntamente utilizava os recursos dos sentidos, a visão e o tato 
(MAURICIO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
No século XVI, Pedro Ponce De Léon (1510-1584), monge beneditino espanhol 
ensinava as crianças surdas, filhos das famílias nobres a rezar, ler, escrever, fazer cálculos, Física 
e Astronomia. Considerado o primeiro educador de surdos, não existe muitos registros sobre 
seu método, sabe-se que desenvolveu o alfabeto manual, representava a letra latino, com as 
configurações de mão, juntamente utilizava os recursos dos sentidos, a visão e o tato 
(MAURICIO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Juan Pablo Bonet 
 
 Fonte: Wikipedia (2016). 
 
 
 
Você Sabia? 
Girolamo foi o primeiro educador que demonstrou preocupação na educação dos surdos, 
pela razão de ter um filho surdo, mas seus estudos eram relacionados na área médica. 
Você Sabia? 
A nobreza espanhola contratava e pagava pelos ensinamentos aos monges para educarem 
seus filhos surdos, assim garantiam condições como cidadãos reconhecidos pela sociedade, 
possibilitando de receberem herança e bens familiares. 
Na Espanha em 1620, Juan Pablo Bonet, 
professor de surdos, utilizava o todo 
educacional de ensino oral, ensinava 
através da leitura labial, fazendo o 
treinamento da fala e da escrita, acreditava 
que os surdos deveriam saber a leitura e a 
escrita, publicou o primeiro livro sobre a 
educação dos surdos, Reducción de las 
letras y artes para ensenar a hablar a los 
mudos. (PINHEIRO, 2010). 
 
John Bulwer 
 
 
Fonte: Wikipedia (2016). 
 
John Bulwer, um médico britânico, em 1640 publicou Chirologia e Natural 
LanguageoftheHand. Utilizava alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial, na época foi 
considerado um avanço para a língua de sinais (PINHEIRO, 2010). 
 
Jacob Rodrigues Pereira 
 
Fonte: Wikipedia (2016). 
 
 
Na França, em 1741, Jacob Rodrigues Pereira, educador de surdos, defendia o 
oralismo e a fala com os exercícios auditivos, assim, oralizou a sua irmã surda, ficou 
reconhecido pelo seu sucesso na Academia Francesa de Ciências, porém utilizava o alfabeto 
manual (STROBEL, 2008). 
 
Samuel Heinicke 
 
Fonte: Wikipedia (2016). 
 
Em 1755, Samuel Heinicke (1729-1790), considerado o “Pai do Método Alemão”, 
conduzia seutrabalho no método oralismo puro, o ensino apenas na língua falada, a língua de 
sinais poderia atrapalhar a aprendizagem. Em 1778, fundou a primeira escola oral para surdos 
na Alemanha. Segundo seus seguidores, dizia que a situação adequada para que a pessoa 
surda pudesse interagir na sociedade ouvinte era somente pela língua oral (MAURICIO, 2010). 
 
Abade Charles Michel de L’Epée 
 
Fonte: Wikipedia (2016). 
 
Na França, em 1755, Abade Charles Michel de L’Epée (1712-1789),com seu 
“método francês”, iniciou o processo educacional partindo da linguagem gestual, apoiado na 
linguagem de sinais da comunidade de surdos franceses, acrescentou alguns sinais que 
tornaram a estrutura da linguagem dos surdos mais parecida com o francês e denominou esse 
sistema de “sinais metódicos” (MAURICIO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1760, L’Epée, fundou a primeira escola pública para surdos, o Instituto Nacional 
para Surdos-Mudos de Paris, formou vários professores para surdos da França e Europa, foi o 
primeiro a defender que o surdo se desenvolve pela língua de sinais. Fundou 21 escolas para 
surdos na França e Europa, até 1789 em seu falecimento (PINHEIRO, 2010). 
 
4 Idade Contemporânea até os Dias Atuais 
 
Jean Marc Itard 
 
 
 
 
Em 1802, Jean Marc Itard, médico francês do Instituto Nacional de Surdos-Mudos 
de Paris, estudava com Philipe Pinel, seguia os pensamentos do filósofo Condillac, dizia que a 
base para o conhecimento humano se dá por meio das sensações e experiências externas. Com 
intuito de curar a surdez, realizou vários procedimentos médicos e terapêuticos, afirmava que 
o surdo poderia ser ensinado para ouvir, e que o uso dos sinais comprometia o estímulo de 
percepção de memória, atenção e dos sentidos (STROBEL, 2008). 
Você Sabia? 
Dentre todos os professores de surdos da história, o primeiro que se destacou no ensino 
foimDe L’Epée. Tornou-se muito conhecido na comunidade dos surdos porque obteve 
progressos significativos no processo educacional com a língua de sinais. De L’Epée era alvo 
de comentários desfavoráveis pela oposição, principalmente pelo professor alemão Samuel 
Heinicke, que defendia o método oralista. 
Conforme Lane (apud STROBEL, 2008, p.), o médico Jean Marc Itard, sobre a 
concepção clínica efetuou diversas experiências desumanas e impiedosas para satisfazer suas 
investigações médicas, tais como: 
 
• dissecou os surdos falecidos; 
• aplicou eletricidade nas orelhas; 
• colocou sanguessugas no ouvido dos surdos para produzir sangramento; 
• furou os tímpanos dos alunos (causando o falecimento de um deles); 
• cobria os ouvidos por uma liga de agente borbulhante, fazendo a pele do 
ouvido ficar em carne viva, com finalidade de expelir o pus; 
• fraturou crânios batendo com martelo na área de trás dos ouvidos. 
 
Após muitas experiências médicas sem sucessos, Dr. Itard foi atuar como docente 
para crianças surdas numa instituição escolar, conseguiu reconhecimento pelo trabalho com 
Victor, o garoto selvagem. Não atingiu sucesso na área da surdez, porém, na Educação 
Especial teve influência com o programa de adaptação do ambiente, Sem Socialização não 
Existe Educação (STROBEL, 2008). 
 
Thomas Hopkins Gallaudet 
 
 
 
No século XVII nos Estados Unidos, em Hartford, Thomas Hopkins Gallaudet (1787-
1851) começou a se interessar pela educação dos surdos após observar uma menina surda 
isolada brincando em seu jardim, sendo excluída das demais crianças. Gallaudet ficou 
comovido ao perceber que não existia uma escola especializada para surdos na qual a menina 
pudesse frequentar, foi então, que iniciou seu ensinamento junto com o pai da menina. 
Gallaudet decidiu procurar um sistema educacional de ensino para surdos, viajou 
à França para conhecer o método de L’Epée, com objetivo de abrir a sua própria escola, ficou 
impressionado com a língua de sinais, o método utilizado do Instituto (PERLIN; STROBEL, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
Laurent Clerc 
 
 
Laurent Clerc, (1785 - 1869), professor surdo francês do Instituto, apresentado e 
indicado por L’Epée, voltou para os Estados Unidos com Gallaudet, ensinou e instruiu a língua 
de sinais, que por sua vez Gallaudet também ensinou-lhe o inglês. Juntos, fundaram em 1817, 
a primeira escola para surdos nos Estados Unidos, “Connecticut Asylum for the Education and 
Instruct Cult of Deafand Dumb Persons”, e assim conseguiram atingir grandes sucessos com a 
educação de crianças surdas americanas (PINHEIRO, 2010). 
Nesta fase, havia muitos professores surdos fluentes na língua de sinais, portanto 
a língua de sinais ganhou muito destaque e o processo educacional das crianças surdas obteve 
grandes avanços e desenvolvimento. Edward Miner Gallaudet (1837-1917), em 1864 realizou o 
sonho do seu pai Thomas Hopkins Gallaudet, ao fundar a primeira universidade nacional para 
surdos em Washington nos Estados Unidos (PERLIN; STROBEL, 2006). 
 
 
 
 
 
 
Alexander Graham Bel 
 
Saiba Mais 
Gallaudet University é a única Universidade no mundo que possui direção por surdos e 
atualmente é reconhecida como o único centro referencial de nível universitário para estudantes 
surdos do mundo inteiro. Para conhecer melhor acesse o site Gallaudet University. 
 
 
 
 
 
Em 1846, o inventor de telefone, o escocês Alexander Grahan Bell, professor de 
surdos, com o objetivo de acabar com a língua de sinais, inventou um código de símbolos, 
‘Fala Visível’, que era a favor do método oral e ficou conhecido como inimigo dos surdos 
americanos (PINHEIRO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1880, foi realizado o Congresso de Milão, um acontecimento marcante na 
história dos surdos da política pública na eliminação da língua de sinais e com egresso dos 
professores surdos das escolas especializadas. Este congresso foi organizado e conduzido pela 
maioria de especialistas educacionais ouvintes na área da surdez de diversos países. Evento 
decisivo sobre qual método seria adotado na educação dos surdos, dos 174 representantes 
presentes que eram ouvintes, somente um representante era surdo. 
O método oralista venceu, alegavam superioridade à língua de sinais, houve 
influência de autoridades de poder defendendo a língua oral, em benefício da palavra falada, 
demonstram a tendência do período caracterizado pelo racional em contradição do emocional, 
compreendido na pronúncia de um italiano representante (SKLIAR, 2005). 
 
Em todas as instituições onde se deseja sincera e eficazmente introduzir o 
verdadeiro método da palavra, devemos inicialmente, separar os iniciantes 
dos outros alunos e, por todos os meios possíveis, desenraizar a erva daninha 
da língua de sinais. A linguagem mímica exalta os sentidos, e provoca, 
demasiadamente, a fantasia e a imaginação (SKLIAR, 2005). 
 
 
Os congressistas afirmavam que o oralismo seria o mais adequado, e que os surdos 
são preguiçosos para falar, preferindo a língua de sinais que não estimula a fala. Alexander 
Grahan Bell, presente ao Congresso, teve grande influência e defendeu o método oral. Ficou 
decidido que a partir daquele momento a língua de sinais seria proibida, impedida e abolida 
na educação dos surdos (PERLIN; STROBEL, 2006). 
Os professores surdos foram impedidos de ensinar, perdendo seu emprego. Era 
comum educadores ouvintes amarrarem as mãos dos alunos para trás, assim evitando que se 
comunicassem pela língua de sinais (PINHEIRO, 2010). 
Até nesse período, os alunos surdos possuíam igualdade de conhecimento e 
intelectual aos alunos ouvintes da mesma instituição escolar, depois desse momento 
com a eliminação da língua de sinais e dos educadores surdos em todas as escolas, 
apresentou-se um retrocesso comunicacional e no desenvolvimento educacional dos surdos 
(NANTES, 2010). 
Um acontecimento histórico de grande superação e inspiração aos surdos--cegos 
é a história de vida de Hellen Keller. Nascida em Alabama nos Estados Unidos, ficou cega, surda 
e muda aos 2 anos de idade, se tornando uma menina revoltada. Quando Ellen estava com 7 
Você Sabia? 
A mãe e esposa do inventor Grahan Bell eram surdas, mas mesmo assim, ele era contra a 
língua de sinais. 
 
anos, a professora especialista Anne Sullivan iniciou o ensino do alfabeto manual tátil. Hellen 
Keller obteve graus universitários, publicando trabalhos e diversos artigos (PERLIN; STROBEL, 
2006). 
 
 
 
 
Por mais de 100 anos as pessoas surdas foram omitidas a participarem e 
contestarempolêmicas de suas próprias existências culturais e melhor metodologia 
educacional, não possuindo direito a se expressarem e a votarem. Os ouvintes, desde os 
primeiros estudos educacionais, que sempre definiam e designavam a integração das pessoas 
surdas na sociedade e no processo educacional (FERNANDES, 2011). 
Por volta de 1960, Willian Stokoe iniciou pesquisas sobre as línguas de sinais 
usadas pelas comunidades surdas, e ao pesquisar a língua de sinais americana, percebeu que 
existia uma estrutura semelhante à língua oral (MAURICIO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
5 A Educação dos Surdos no Brasil 
 
De acordo com Honora (2009), a convite de D. Pedro II, Eduardo Huet, professor 
francês surdo, veio para o Brasil em 1857 e fundaram a primeira escola de meninos surdos no 
Rio de Janeiro, Instituto de Surdos Mudos, atualmente, Instituto Nacional de Educação de 
Surdos – INES. 
Assim, os surdos brasileiros puderam ter oportunidade de desenvolverem com a 
língua de sinais brasileira misturada com a língua de sinais francesa e com sinais usados pelos 
surdos de diversas localizações do Brasil (MAURICIO, 2010). 
Huet iniciou seu trabalho no instituto com dois alunos surdos, após quatro anos 
tinha dezessete alunos. No princípio foi muito difícil, pois as famílias sentiam desconforto em 
deixar seus filhos a um desconhecido de outra nacionalidade que não é a nossa. Devido a 
problemas pessoais, em 1861, Huet deixou a direção do instituto (BALBUENO, 2010). 
 
 
 
 
Dica 
Sugero que você assista ao filme Helen Keller e reflita sobre a proposta de trabalho da 
professora Anne Sullivan com a menina Helen. 
Importante 
Com intuito de exterminar a língua de sinais, a educação dos surdos ficou por várias décadas 
como sendo de caráter clínico-terapêutico e na reabilitação com influência da medicina, 
objetivando a busca de tratamento ou correção para diminuir um problema biológico da pessoa 
surda. A surdez, sendo vista como uma deficiência a ser curada, naquela época, ficou 
denominada como medicalização da surdez. 
Saiba Mais 
O Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES), localizado no Rio de Janeiro, ficou denominado 
o centro de referência educacional, social e profissional para surdos brasileiros. Para conhecer um 
pouco mais acesse o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. 
 
 
Em 1862, o diretor designado foi Dr. Manoel de Magalhães Couto, que não possuía 
conhecimento sobre surdez, no entanto, em 1868, por meio de uma fiscalização do governo, 
conclui-se que o instituto estava funcionando como uma instituição de abrigo para surdos, 
assim foi designado outro diretor (BALBUENO, 2010). 
Em 1875, Flausino José da Gama, um ex-aluno do INES, aos 18 anos, publicou o 
primeiro dicionário de língua de sinais brasileira, ‘Iconographia dos Signaes dos Surdos-
Mudos’ (PERLIN; STROBEL, 2006). 
Em 1896, o professor do INES, A.J. de Moura e Silva a pedido do governo brasileiro, 
viajou para o instituto de Surdos da França a fim de analisar a decisão do ocorrido no 
Congresso de Milão em 1880, e assim concluiu em seu registro de avaliação que o “método 
oralista puro” não era adequado para ser ensinado a todos os surdos (FELIPE, 2009). 
Após o Congresso de Milão, o INES passou a utilizar a metodologia oral, como 
também outras instituições para surdos fundadas no Brasil, como: Santa Terezinha para 
meninas surdas (SP), a escola Concórdia (Porto Alegre -RS), a Escola de Surdos de Vitória, o 
centro de Audição e Linguagem “Ludovico Padovani” – CEAL/LP- em Brasília – DF (MAURICIO, 
2010). 
Na década de 1920, dois médicos da área da otologia, admitiram à diretoria do 
INES, reconhecidos em efetuarem procedimentos da medicina para corrigir as falhas existentes 
no ouvido dos surdos. Os alunos surdos eram divididos em dois grupos, a primeira terapia 
envolvia o oral, compreendido na linguagem articulada e a leitura labial, propostos aos surdos 
com perda auditiva profunda, mas com intelecto normal e aos que tinham perda auditiva de 
grau menor, porém não poderia ser congênita; e o segundo procedimento propunha a 
linguagem escrita e ao alfabeto manual era designada aos que tinham deficiência intelectual, 
e aos surdos que entravam após 9 anos (FERNANDES, 2011). 
Entre 1960 a 1970, surgiu no Brasil a comunicação total, com propósito principal 
de comunicar, utilizando todos os recursos possíveis, como: gestos, língua de sinais, alfabeto 
manual, leitura labial, escrita e leitura, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Percebe-se que a história dos surdos no Brasil é caracterizada em duas etapas 
nitidamente tracejadas e uma terceira etapa que estamos vivenciando atualmente em 
procedimento de mudança (QUADROS, 1997). 
Atualmente, a terceira etapa que estamos vivenciando é a grande conquista do 
reconhecimento oficial pela Lei Federal nº 10.436/2002 (BRASIL, 2002), sendo a Língua de 
Sinais meio legal de comunicação e expressão das pessoas surdas do Brasil, conforme o 
Decreto 5.626/2005 (BRASIL, 2005), que regulamenta a lei anterior e a lei 10.098/2000, que 
dispõe sobre a acessibilidade na comunicação, para o aluno surdo. 
 
Saiba Mais 
Momentos Históricos da Educação dos Surdos no Brasil a partir de 1970 
• 1977 - FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos). 
• 1987 - FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) no Rio de 
Janeiro – Brasil, sendo que a mesma foi reestruturada da antiga ex-FENEIDA. Para saber mais 
acesse a FENEIS. 
• 1994 - Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo 
– Brasil. Você pode conferir pelo site a CBDS. 
• 1996 - Lei Municipal N° 7.857 (30/09/1996) – Porto Alegre. A Câmara Municipal de Porto 
Alegre aprovou a lei e a língua de sinais oficializada. 
• 1999 - Lei Estadual N° 11.405 (31/12/1999) – Rio Grande do Sul. Aprovada pelo governo 
do Estado do Rio Grande do Sul, reconhece a Libras como meio de comunicação para os 
surdos. 
• 2000 - Lei nº 10.098 (10/12/200) – Brasil. Lei de acessibilidade das pessoas portadoras de 
deficiência ou com mobilidade reduzida, cita a promoção da eliminação de barreiras de 
comunicação. 
• 2002 - Lei Federal N° 10.436 (24/04/2002) – Brasil. Essa lei oficializou a Libras no Brasil. 
• 2002 - Formação de agentes multiplicadores para o ensino de Libras em Contexto, 
MEC/Feneis. 
• 2005 - Decreto 5.626 (22/12/2005) – Brasil. Esse decreto sustenta a Lei 10.436 de 24 de 
Abril de 2002 e especifica os demais direitos dos cidadãos Surdos como na área da saúde, 
educação, trabalho. Também defende a Cultura Surda e a importância e obrigatoriedade do 
Intérprete de Libras e sua devida formação. 
• 2006 - Curso de Graduação em Letras/Libras, com a coordenação da Universidade Federal 
de Santa Catarina e com a participação de 9 (nove) pólos, situados em diferentes estados 
brasileiros. 
Para saber mais, acesse o site: Libras UFSC - Língua Brasileira de Sinais. 
• 2008 - Curso de graduação em Letras/Libras, licenciatura e bacharelado, coordenado pela 
Universidade Federal de Santa Catarina, sendo a UFRGS em Porto Alegre, um dos pólos. No 
total 
há 15 pólos, em diferentes cidades brasileiras. Você pode saber mais, acessando o site: 
Libras UFSC - Língua Brasileira de Sinais. 
Resumo 
Ao resgatar o período histórico na Antiguidade, percebe-se que cada sociedade 
tomava diferentes atitudes diante das pessoas com deficiência, ou seja, elas eram sacrificadas, 
rejeitadas, vítimas de exclusão e extermínio. Indivíduos que não se adequavam nos padrões 
propostos da normalidade, apresentando alguma característica de imperfeição, estética, 
intelectual e física eram eliminados ou rejeitados, considerados como “anormais”, sendo vistos 
como incapazes para a sociedade. Porém, no Egito as pessoas com deficiências eram 
glorificadas. 
Na Idade Média, em um grandeperíodo da história, os surdos não frequentaram 
escola, não existia um ensino especializado, pois eram considerados incapacitados para 
aprender, assim eram proibidos de casar, herdar, possuir bens e de viver numa sociedade como 
as demais pessoas. 
Na Idade Moderna, o monge espanhol Ponce De Léon, o primeiro educador de 
surdos, ensinou o método que desenvolveu para comunicar com os surdos, ensinava apenas 
crianças surdas da nobreza. Com o tempo, foram surgindo vários educadores e pesquisadores 
de surdos que publicaram livros com diversas metodologias referentes aos processos 
educacionais, cada um defendia seu método adotado. 
Os dois principais educadores que mais se destacaram na Idade Moderna 
utilizavam metodologias diferentes: Abade Charles Michel De L’Epée, criador dos “sinais 
metódicos”, defendia a língua de sinais, fundou a primeira escola pública na França, de acordo 
com seu método educacional utilizado, os surdos conseguiram avançar bastante, gerando 
muita crítica pelo educador alemão Samuel Heinicke que defendia o oralismo puro, 
considerado como “Pai do Método Alemão”, fundou a primeira escola oralista na Alemanha. 
Na Idade Contemporânea, século XVIII, em Hartford nos Estados Unidos, Gallaudet, 
descontente de não ter um sistema educacional para suprir as necessidades educacionais das 
crianças surdas americanas, buscou alternativa para o aprendizado dos surdos, baseando no 
uso de sinais pelo Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris na França, fundou a primeira 
escola nos Estados Unidos e posteriormente seu descendente fundou a primeira Universidade 
para surdos, “Universidade Gallaudet”. 
Em 1855, a convite de D. Pedro II, o professor surdo Eduardo Huet, veio da França 
ao Brasil e fundou em 1857 a primeira escola de surdos no Rio de Janeiro, Imperial Instituto 
dos Surdos-Mudos, atualmente denominada INES - Instituto Nacional da Educação de Surdos, 
utilizando o método de miscigenação, que seria a antiga língua de sinais brasileira com a língua 
de sinais francesa, surgiu a Libras - Língua Brasileira de Sinais. 
No entanto, em 1880, houve o Congresso de Milão, para decidir qual metodologia 
mais adequada para ser adotada na educação dos surdos, ficando o método oralista a mais 
votada e defendida pelos congressistas ouvintes presentes, julgando ser o melhor no processo 
de ensino e aprendizagem. Dessa maneira, foi aprovada uma resolução proibindo a língua de 
sinais nas escolas, este acontecimento histórico ficou marcado na comunidade surda. 
Com o passar do tempo, pesquisadores e educadores da área, insatisfeitos com a 
defasagem e os maus resultados apresentados pelo método oral, que ocorria em relação à 
aprendizagem dos alunos surdos, passaram a pesquisar e estudar alternativas nas práticas de 
ensino. 
Em Honora (2009), vimos que no século XXI, uma grande conquista para o surdos 
foi a oficialização da Libras pela Lei nº 10.436/2002, que reconhece a língua natural e materna 
dos surdos brasileiros e por meio do decreto 5.626 de 2005, avanços se efetivaram até o 
presente momento, como a disciplina de Libras na grade curricular nos cursos de Licenciatura 
e Fonoaudiologia, cursos de formação de agentes multiplicadores, curso de graduação em 
Letras/Libras e regulamentação na profissão de Tradutor e Intérprete de Libras, entre outras.

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