Buscar

4 04 TNR Gestão Portuarea - Conceitos de Regime aduaneiro (TEXTO)

Prévia do material em texto

Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22459 
Viabilidade econômica e financeira na utilização do regime especial de 
entreposto aduaneiro: um estudo de caso em uma empresa de componentes 
elétricos 
 
Economic and financial viability in the use of customs warehouse: a case 
study in a company of electrial components 
 
DOI:10.34117/bjdv5n10-367 
 
Recebimento dos originais: 10/09/2019 
Aceitação para publicação: 30/10/2019 
Amanda Inês Avistá 
Pós-Graduanda em Logística e Operaçãos 
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Suzano 
Endereço: Av. Mogi das Cruzes, 1501 - Parque Suzano, Suzano - SP, 08673-010 
E-mail: Amanda.avista@live.com 
 
RESUMO 
 
Muitos são os fatores que levam as empresas a realizar negócios internacionais, tanto 
importações quanto exportações, e o advento da globalização apenas fortaleceu a necessidade 
de aderir a esta nova cultura, pois a busca por qualidade e melhores custos é um ciclo 
incessante. Sendo assim, o presente estudo buscou analisar se as decisões estratégicas de uma 
empresa em adotar o regime de entreposto aduaneiro trouxeram vantagens competitivas e 
operacionais se comparada com uma importação que é feita utilizando-se do método comum. 
Para isso foi realizado um estudo de caso na empresa selecionada, no qual foram comparados 
os dados das importações que utilizam o entreposto aduaneiro com os dos processos que não 
fizeram uso deste benefício. As informações analisadas demonstraram que a utilização do 
entreposto aduaneiro possui vantagens se comparado com o regime comum. 
 
Palavras-chave: Importação; Entreposto Aduaneiro; Regimes especiais 
 
ABSTRACT 
 
There are many factors that lead companies to conduct international business, both imports 
and exports, and the advent of globalization only strengthened the need to adhere to this new 
culture, as the search for quality and best costs is a constant cycle. Therefore, this study sought 
to examine whether the strategic decisions of a company to adopt the customs warehouse 
regime brought competitive and operational advantages if purchased with an import that is 
made using the traditional method. For this we conducted a case study on the selected 
company, which were both compared to the import data using the customs warehouse with the 
processes that did not use this benefit. The analyzed data evidenced that the use of customs 
warehouse has advantages if compared to the common method. 
 
Keywords: Importation; Customs Warehousing; Special schemes 
 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22460 
1 INTRODUÇÃO 
O ambiente globalizado e altamente competitivo em que as empresas estão inseridas 
faz com que a busca de possíveis vantagens estratégicas seja um requisito mandatório para sua 
continuidade no mercado em que atuam. Com isso, boa parte das organizações não restringem 
mais seus negócios ao mercado local e passam a buscar oportunidades também no mercado 
externo, fazendo com que a prática de importação se torne cada vez mais comum. 
Entretanto, a inserção neste novo escopo de operação exige um bom estudo a respeito 
das regras, diretrizes e procedimentos do comércio exterior. Pois tanto as importações quanto 
as exportações possuem regras e obrigação específicas, muitas vezes variando para produtos 
diferentes. Além disso, se a devida análise não for realizada da forma correta, a empresa pode 
não só sofrer penalidades, mas também deixar de utilizar algum tipo de benefício que poderia 
auxiliá-la neste ganho de competitividade. 
A empresa estudada adquiria 100% de sua mercadoria no mercado nacional, mas com 
o tempo diversos clientes estavam reduzindo seu volume de compras, sendo que após algumas 
analises, foi notado que o custo de aquisição dos produtos no mercado nacional onerava o 
processo de produção, fato este que gerou a decisão de iniciar uma operação de importação 
para os artigos comercializados. 
Foi a partir desta decisão que a empresa identificou que a importação demanda um 
tempo maior de trânsito, fato que causaria impacto nos prazos de entrega para seus clientes. A 
solução para este problema seria importar um volume maior e consequentemente ter um 
estoque maior. Contudo, a imobilização deste recurso financeiro poderia gerar impactos para 
o fluxo de caixa. A alternativa encontrada para manter o produto em um ponto onde a 
disponibilização para o cliente não fosse tão longa foi utilizar o regime de entreposto 
aduaneiro, pelo qual os itens ficam armazenados com a suspensão do pagamento dos tributos. 
O presente estudo propõe analisar se a utilização deste regime especial pela empresa é 
viável financeira e operacionalmente se comparado com uma importação sem a utilização 
deste benefício. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 IMPORTAÇÃO – REGRA GERAL 
Nesta seção serão descritos os procedimentos e alguns conceitos de uma importação 
comum, ou seja, uma importação onde não é realizado nenhum processo para obtenção de 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22461 
benefícios fiscais ou até mesmo logísticos, procedimento este que é utilizado por boa parte das 
empresas. 
Uma importação consiste na entrada definitiva ou temporária de produtos ou serviços 
provenientes de origens estrangeiras no território nacional (LOPES;GAMA, 2013). Este tipo 
de operação envolve diversas etapas, sendo que a primeira delas é definir em qual NCM o 
produto ou serviço será enquadrado. A Nomenclatura Comum do Sul (NCM) é um código 
utilizado por todos os países membros do MERCOSUL para classificar as mercadorias nas 
transações comerciais. A correta codificação dos produtos importados é extremamente 
importante, tanto para obtenção de possíveis vantagens tarifárias, quanto para evitar qualquer 
penalidade advinda da incorreta utilização deste código. 
Como forma de controlar a entrada de certos bens, o estado pode criar algumas medidas 
administrativas de controle, como por exemplo: licenciamento prévio ao embarque, 
apresentação de documentos ou certificados, aplicação de antidumping, entre outros (MIDIC, 
2017). Com o NCM definido, o importador deve verificar se existe algum tipo de restrição ou 
exigência específica para o item que se deseja adquirir, e se terá capacidade de atender tais 
exigências. Caso se identifique qualquer fator impeditivo nesta etapa, a importação deve ser 
considerada como inviável. 
Boa parte dos itens que são comercializados não possuem nenhum tipo de restrição 
para importação (MIDIC, 2017), entretanto existem outros documentos que devem 
obrigatoriamente ser apresentados durante o desembaraço aduaneiro, sendo os principais 
deles: fatura comercial, packing list (romaneio de carga), conhecimento de embarque e 
certificado de origem. A emissão da fatura comercial deve conter todas as informações 
solicitadas pelo artigo 557 do Regulamento Aduaneiro (BRASIL, 2009). 
Com as análises anteriormente mencionadas concluídas, pode-se então efetivar o 
embarque da mercadoria para o Brasil. A responsabilidade de quem irá efetuar e assumir o 
custo desta etapa é definida utilizando-se o incoterm da transação comercial. Os Incoterms são 
uma série de termos comerciais pré-definidos que foram reconhecidos pela International 
Chamber of Commerce(ICC), e são comumente usados nas transações internacionais, além de 
ser uma das informações que deve obrigatoriamente constar na fatura comercial, conforme 
determinado pelo artigo 557, inciso XIV do Regulamento Aduaneiro (BRASIL, 2009). Cada 
um destes termos define onde se inicia e encerra a responsabilidade de cada parte em uma 
operação de compra e venda, o quadro abaixo apresenta quais são as obrigações definidaspela 
ICC para cada um dos termos. 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22462 
Tabela 1 – Incoterms 2010 – Obrigações e responsabilidades 
INCOTERM 
EXW FCA FAS FOB CFR CIF CPT CIP DAT DAP DDP 
Ex Works 
Free 
Carrier 
Free 
Alongside 
Ship 
Free on 
Board 
Cost and 
Freight 
Cost, 
Insurance 
and 
Freight 
Carriage 
Paid To 
Carriage 
and 
Insurance 
Paid to 
Delivered 
At 
Terminal 
Delivered 
At Place 
Delivered 
Duty Paid 
DESIGNAÇÕES 
Saída 
da 
Fábrica 
Transporte principal não 
pago pelo vendedor 
Transporte principal pago pelo 
vendedor 
Custos de 
encaminhamento 
suportados pelo vendedor 
até o destino 
CUSTOS RESPONSÁVEL 
Embalagem V V V V V V V V V V V 
Carregamento 
na fábrica 
C V V V V V V V V V V 
Transporte 
Interno 
(origem) 
C V V V V V V V V V V 
Desembaraço 
na Origem 
C V V V V V V V V V V 
Despesas 
portuárias na 
origem 
C C C V V V V V V V V 
Transporte 
internacional 
C C C C V V V V V V V 
Seguro 
transporte 
C C C C C V C V V V V 
Despesas 
portuárias no 
destino 
C C C C C C C C V V V 
Desembaraço 
no destino 
C C C C C C C C C C V 
Transporte 
Interno 
(destino) 
C C C C C C C C C C V 
Descarga na 
fábrica 
C C C C C C C C C C V 
Legenda: C = Comprador e V = Vendedor 
Fonte: Elaboração do autor a partir da tradução dos incoterms disponível em 
<https://www.bb.com.br/docs/pub/dicex/dwn/IncotermsRevised.pdf> 
https://www.bb.com.br/docs/pub/dicex/dwn/IncotermsRevised.pdf
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22463 
Com as questões burocráticas, legais e comerciais observadas, o desembaraço 
aduaneiro só será iniciado com a chegada da carga em território aduaneiro. A partir deste 
momento, o artigo 546 do Regulamento Aduaneiro (BRASIL, 2009) determina que o 
importador tem 90 dias para realizar a nacionalização da carga, regra esta que é aplicada para 
as importações comuns. Entende-se por nacionalização o registro da declaração de importação 
seguindo as diretrizes determinadas no artigo 551 do Regulamento aduaneiro e o recolhimento 
dos tributos devidos (BRASIL, 2009). 
A última etapa antes que a carga possa ser retirada da zona alfandegada é aguardar a 
parametrização da declaração de importação, realizada pela Receita Federal do Brasil, que a 
faz utilizando três categorias: VERDE – Liberado sem conferência; AMARELO – Será feita 
a conferência documental; e VERMELHO – além da conferencia documental, uma inspeção 
física será feita (BRASIL, 2006). Nos casos em que a Declaração de Importação é 
parametrizada em canal verde, a carga está desembaraçada e a retirada poderá ser feita pelo 
importador; nos outros dois casos, o importador terá que aguardar a inspeção da RFB e só 
então a coleta do material poderá ser feita. 
 
2.2 ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO 
O entreposto aduaneiro na importação é um regime especial que está amparado pela 
Instrução Normativa SRF N.º 241 de 06 de novembro de 2002.Este benefício pode trazer 
interessantes vantagens competitivas no processo de importação de uma empresa. 
Como determinado no Art. 3° da IN SRF n.° 241 (BRASIL, 2002), este regime especial 
possibilita o armazenamento dos produtos em uma zona alfandegada com a suspensão do 
pagamento dos tributos. Este tipo de operação exige o registro de uma declaração de admissão 
em entreposto aduaneiro (DA), sendo que a suspensão do pagamento dos impostos acontece a 
partir do registro desta declaração. O efetivo pagamento dos tributos de importação ocorre 
apenas quando a declaração de importação (DI) é registrada, ou seja, quando o importador 
decide nacionalizar a mercadoria (BRASIL, 1966). 
Além de ter a suspensão dos impostos, a utilização dos entrepostos permite que o 
importador mantenha a carga armazenada sem que a nacionalização seja feita pelo prazo de 
um ano, podendo ser prorrogado por mais um ano. Outro benefício presente neste tipo de 
regime é a possibilidade de nacionalizar as mercadorias parcialmente, com isso entende-se 
que, com uma DA, poderão ser gerados mais de um registro de DI (BRASIL, 2002). 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22464 
As importações realizadas nesta modalidade podem trazer benefícios para diversas 
áreas das organizações. Entre elas podemos citar a gestão do fluxo financeiro, pois o 
desembolso com o pagamento dos impostos pode ocorrer mais próximo da venda para o 
cliente; a gestão do estoque também pode ser beneficiada, pois os produtos poderão ser 
nacionalizados fracionadamente de acordo com as necessidade e realidade da empresa em cada 
situação (MAGALHÃES, 2007). 
 
3 METODOLOGIA 
Este estudo possui uma abordagem qualitativa, onde os dados coletados estão 
relacionados apenas a um fato específico centrado em esclarecer unicamente esta situação. 
Com fins descritivos, pois, conforme Gil (2002), objetiva descrever características de 
determinada população ou fenômeno. Quanto ao método, tem caráter bibliográfico, 
documental e estudo de caso. 
A pesquisa foi denominada conforme citado anteriormente uma vez que visa analisar 
e verificar a viabilidade das importações na empresa selecionada para o presente estudo de 
caso, em se utilizando o regime especial de entreposto aduaneiro. Como pesquisa documental 
foram realizadas análises de relatórios extraídos dos sistemas de gestão da empresa 
selecionada para o estudo, além de documentos adicionais disponibilizados para análise dos 
históricos de importação tais como: declarações de importação, demonstrativos de custo, notas 
fiscais, faturas comerciais, entre outros. Além disso, diversos autores relacionados à área de 
comércio internacional, importação, gestão de estoque, direito aduaneiro e custos foram 
consultados, buscando fundamentar e embasar este trabalho. 
A pesquisa foi desenvolvida utilizando a metodologia estudo de caso. Segundo Gil 
(2002), este tipo de estudo investiga um conjunto de entidades ou situações; com o mesmo 
tipo de comportamento ou perfil, em um contexto da vida real, procurando detalhar e encontrar 
o maior número de informações, a fim de conhecer a fundo a situação estudada. 
Os dados deste estudo foram coletados por meio de entrevistas informais não 
estruturadas com membros responsáveis pela operacionalização do departamento de 
importação e planejamento da empresa selecionada. Após a realização destas entrevistas, os 
membros responsáveis pela gestão dos departamentos anteriormente citados também foram 
consultados a respeito de sua percepção sobre o assunto pesquisado.Em conjunto foram 
utilizados os documentos e relatórios disponibilizados, com o intuito de verificar se as 
informações coletadas durante as entrevistas poderiam ser confirmados utilizando os dados 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22465 
destes documentos. Como forma secundária de obtenção de dados foi utilizada a pesquisa 
bibliográfica. 
Por se tratar de dados estratégicos da empresa, o volume total de importações 
realizadas no período não foi apresentado para estudo, além de não ter sido informado o tempo 
total de permanência das mercadorias no entreposto. A falta do volume total importado impede 
apenas que seja mensurado o resultado total obtido pela empresa com a utilização do 
entreposto;já com relação à ausência do tempo total de permanência da carga, foram 
disponibilizados demonstrativos de custos elaborados pela empresa que visavam analisar a 
viabilidade da operação dentro de sua realidade, além de ter sido assegurado que as 
mercadorias não ultrapassavam o prazo de doze meses armazenadas e que o regime não era 
extintoantes de oito meses. 
Vale mencionar que devido ao grande número de exceções e variações contidas na 
legislação, a fundamentação teórica priorizou os aspectos fundamentais das operações que 
eram essenciais para o entendimento do estudo de caso. Além de ter priorizado a própria norma 
de importação ao invés de diversos autores que escreveram sobre o tema, pois tais autores 
desenvolveram estudos de caso que buscavam analisar uma situação específica que não se 
enquadrariam totalmente com o exposto neste estudo. 
 
4 RESULTADOS 
A empresa selecionada para coleta de dados sediada no estado de Minas Gerais. Seu 
foco é fornecer painéis elétricos para diversos setores da indústria brasileira. Devido a sua 
localização relativamente afastada dos principiais portos brasileiros, inicialmente a empresa 
adquiria seus insumos apenas do mercado interno, mas visando ganhar competitividade frente 
a seus concorrentes, em 2006 introduziu a importação como forma de aquisição de matéria 
prima. 
As importações são planejadas a partir de uma previsão de demanda dimensionada pelo 
departamento de vendas, que observa o comportamento do mercado e demais fatores externos. 
De acordo com as movimentações do mercado e de demanda, o volume de compras (e 
consequentemente o de importações) vai se ajustando, para que fique em um nível de 
abastecimento mais próximo da atual necessidade da empresa, sem desconsiderar o nível de 
serviço que a organização deseja alcançar, ou seja, existe uma preocupação tanto com não 
manter itens desnecessários no estoque, quanto com ter disponível uma quantidade suficiente 
de produtos para atender o nível de serviço estabelecido no plano estratégico da organização. 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22466 
Atualmente ambos os modelos de importação são praticados pela empresa, ou seja, são 
feitas compras internacionais onde o modelo comum de importação é utilizado e outras com 
aplicação do regime especial de entreposto aduaneiro. A decisão de utilizar o entreposto 
aduaneiro foi realizada com o intuito de reduzir o tempo de trânsito de certos insumos que 
eram importados. 
De forma geral, a demanda de produtos que possuem características técnicas fora do 
escopo tradicional de fornecimento são atendidas com o modelo tradicional de importação, 
pois o giro e a demanda para estes itens não justificam a estocagem em entrepostos 
aduaneiros.Já os itens que apresentam um consumo mais frequente são removidos para o 
entreposto aduaneiro. Esta distinção acontece pois, quando é gerada a necessidade de uma 
matéria prima fora do escopo tradicional, este material irá atender a um projeto que já possui 
contrato fechado e sua venda já está garantida. Diferente do que acontece com os itens de 
maior giro, onde a venda não foi fechada previamente à importação e o tempo de entrega torna-
se um fator crítico para que a compra seja concretizada pelo cliente. 
Quase que a totalidade das importações efetuadas pela empresa são provenientes da 
China e utilizam o modal marítimo para transporte da carga.Dessa forma, o transit time entre 
a conclusão da fabricação e chegada na fábrica pode variar de acordo com o quadro abaixo: 
 
Tabela 2 - Comparativo de transit time em dias – LCL x FCL (Importação Comum) 
Transit Time – Importação Comum Carga Solta (LCL) Full Container (FCL) 
Transporte Fabrica x Porto (origem) 3 3 
Transit time porto de origem x porto destino 30 30 
Remoção EADI (Estação Aduaneira Interior) 7 3 
Nacionalização 3 2 
Transporte até a fábrica 1 1 
Total 44 39 
Fonte: Elaboração do autor 
 
É importante ressaltar que o quadro acima foi elaborado sem considerar o transit time 
de itens que necessitam de requerimento de licenciamento de importação prévio ao embarque, 
pois o prazo para liberação de tal licenciamento sofre algumas variações. Ademais, o prazo de 
deferimento estipulado pela legislação não condiz com a realidade, pois a prática comum 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22467 
demonstra que determinados órgãos anuentes fazem sua análise em prazo menor que o 
definido pela legislação, enquanto outros acabam por extrapolar tal determinação. 
 Nos casos de importação sob o regime de entreposto aduaneiro, todas as etapas 
relativas ao transporte da mercadoria até o ponto onde ela será nacionalizada já foram 
realizados, restando apenas o registro da declaração de importação e transporte para a fábrica, 
conforme exemplificado abaixo: 
 
Tabela 3 - Comparativo de transit time em dias – LCL x FCL (Importação Entreposto) 
Transit Time – importação entreposto Carga Solta (LCL) Full Container (FCL) 
Transporte Fábrica x Porto (origem) 3 3 
Transit time porto de origem x porto destino 30 30 
Remoção EADI (Estação Aduaneira Interior) 7 3 
MERCADORIA EM ENTREPOSTO – EADI (POR PRAZO INDEFINIDO) 
Nacionalização 2 2 
Transporte até a fábrica 1 1 
Total 43 39 
Fonte: Elaboração do autor 
 
As mercadorias que são entrepostadas podem ser liberadas pela empresa e 
disponibilizadas para produção em um tempo bem inferior que o da importação convencional, 
pois os itens já estarão no Brasil, sendo necessário apenas efetuar o recolhimento dos impostos 
para que os produtos possam ser retirados da zona alfandegada. 
Quanto aos aspectos financeiros, uma vez que o recolhimento dos impostos em sua 
totalidade não se faz necessário, a empresa tem capital financeiro para importar um volume 
maior de mercadorias, diluindo os custos fixos e aumentando seu poder de barganha junto aos 
fornecedores. 
Na época do levantamento das informações, as importações eram realizadas utilizando 
o Incoterm CIP,o que quer dizer que os custos de frete e seguro são de responsabilidade do 
fornecedor. A título de comparação e estudo de viabilidade de custos entre cargas com o 
mesmo valor CIP, o quadro abaixo foi elaborado utilizando os dados fornecidos pela empresa: 
 
 
 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22468 
Tabela 4 – Comparativo de custo em USD – Entreposto x Importação comum 
 
PROCESSO COMUM ENTREPOSTO 
Valor CIP 100.000,00 100.000,00 
Despesas Administrativas 1.860,89 1.860,89 
Armazenagem 3.454,65 2.185,34 
Total 105.315,54 104.046,23 
 
Após análise dos dados coletados, pode-se verificar que a utilização do entreposto 
aduaneiro é uma ferramenta que proporciona ganhos financeiros e operacionais se comparado 
com a importação comum. Os ganhos operacionais são visualizados mais facilmente, pois a 
partir da geração de necessidade, o item pode ser disponibilizado para utilização em 3 dias, 
com uma interferência muito menor de fatores que podem gerar atrasos, já que existem apenas 
duas etapas para que a liberação seja concluída. Já os ganhos financeiros precisam de uma 
análise mais ampla, pois se apenas o comparativo de custos for analisado, a vantagem não 
demonstra ser tão relevante, uma vez que o imposto é pago mais próximo da data em que a 
mercadoria será faturada para o cliente o custo financeiro é reduzido e existindo também 
ganhos relacionados ao fluxo de caixa. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O crescimento da competitividade entre as organizações e o crescimento dos 
intercâmbios comerciais entre os países forçaram as empresas a tentar encontrar alternativas 
ou métodos que viabilizem seus negócios. Neste trabalho foi apresentada a forma como a 
empresa estudada encontrou de manter um estoque de produtos, sem que seu fluxo financeiro 
fosse grandemente afetado e a transferência do material para a fábrica não levasse muito 
tempo. 
Com base nos dados coletados, é possível afirmar que a utilização do regime de 
entreposto aduaneiro é viável para a empresa.Tal conclusão foi tomada com base nosseguintes 
pontos: 
Se analisarmos o transit time de uma importação comum, é visível que a utilização do 
entreposto proporciona uma disponibilização mais ágil do material para empresa, assim como 
para o cliente final. Uma vez que o material está em um ponto mais próximo do destino final 
(entreposto), e todos os outros trâmites de importação já foram realizados, o tempo utilizado 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22469 
para chegada da carga na fábrica em um processo de entreposto é de três dias, sendo que caso 
o processo fosse iniciado do zero, o tempo de transito seria de até quarenta e três dias. 
Outra vantagem que pode ser observada na utilização do entreposto é a possibilidade 
de adquirir um volume maior de produtos, fato este que proporciona uma maior diluição dos 
custos fixos e também um aumento do poder de negociação do comprador, pois com um 
volume maior de compra, torna-se mais fácil negociar descontos ou até mesmo outras 
condições comercias, como por exemplo, um prazo de pagamento mais estendido. 
A possibilidade de diluir os custos fixos e também as vantagens obtidas na negociação 
comercial subsidia a despesa extra de armazenagem, já que a carga ficará armazenada por um 
tempo maior na EADI. Obviamente que caso a carga fique armazenada no entreposto pelo 
prazo total permitido pela legislação, a despesa de armazenagem se tornará tão onerosa que 
geraria um impacto muito grande no custo do produto. Mas como nas operações estudadas 
neste trabalho resultam em um armazenamento entre oito e doze meses no máximo, o custo 
do produto não sofre grandes alterações. 
Além dos pontos já citados, é relevante ressaltar que nas importações diretas o prazo 
para nacionalização é de 90 dias a partir da data de chegada, ou seja, a empresa possui um 
prazo determinado para realizar o pagamento dos tributos. Já na importação amparada pelo 
regime especial de entrepostos, o prazo é estendido consideravelmente, pois a empresa pode 
manter a carga armazenada pelo prazo de um ano, prorrogável por mais um ano. Isso 
proporciona uma maior flexibilidade no planejamento financeiro, no que se refere ao 
pagamento dos tributos. 
Conforme demonstrado, há viabilidade em realizar importação em entreposto 
aduaneiro, uma vez que este tipo de operação proporciona um tempo menor para 
disponibilização do produto, melhores condições de negociação com o fornecedor, prazo 
estendido de nacionalização e recolhimento dos tributos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22470 
REFERÊNCIAS 
BANCO DO BRASIL. Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS). Disponivel 
em: <http://www.bb.com.br/docs/pub/dicex/dwn/IncotermsRevised.pdf>. Acesso em: 2018 
Abril 22. 
BIZELLI, J. D. S. Noções básicas de importação. 9. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002. 
BORNIA, A. C. Análise Gerencial de Custos. São Paulo: Atlas, 2010. 
BRASIL. Lei Nº 5172, de 25 de Outubro de 1966 - Dispõe sobre o sitema Tributário Nacional 
institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios,Diário 
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 Outubro 1966, p.12452. 
BRASIL. Ministério da Economia.Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa da 
Secretaria da Receita Federal nº 241, de 06 de novembro de 2002. Dispõe sobre o regime de 
entrepostoaduaneiro na importação e exportação.,Diário Oficial da União, Brasília, DF, 08 
de Novembro de 2006, Seção 1, p. 119. 
BRASIL. Ministério da Economia.Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa SRF 
680, de 02 de Outubro de 2006 - Disciplina o despacho aduaneiro de importação, Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 05 de Outubro de 2006, Seção 1, p. 38. 
BRASIL. Decreto N. 6.759/09, de 5 defevereiro de 2009. Regulamenta a administração das 
atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio 
exterior.,Diário Oficial da União,Poder Executivo, Brasilia, DF, 06 Fevereiro 2009. Seção 1, 
p.1. 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Importação e exportação: 
despacho aduaneiro de importação, 24 Novembro 2014. Disponivel em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e-exportacao/despacho-
aduaneiro-de-importacao>. Acesso em: 2018 Abril 17. 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Regimes aduaneiros 
especiais - Entreposto Aduaneiro, 01 Dezembro 2014. Disponivel em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/regimes-e-controles-
especiais/regimes-aduaneiros-especiais/entreposto-aduaneiro>. Acesso em: 18 Abril 2018. 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Manual de Importação, 20 
Agosto 2016. Disponivel em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao>. 
Acesso em: 2018 Abril 17. 
Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 22459-22471 oct. 2019 ISSN 2525-8761 
 
22471 
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Documentos instrutivos 
do despacho aduaneiro, 04 Abril 2017. Disponivel em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-
importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/documentos-instrutivos-do-despacho>. 
Acesso em: 2018 Abril 17. 
CAVES, R. E.; JEFFREY A., F.; RONALD WINTHROP, J. Economia 
internacional:comércio e transações globais. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 
CHING, H. Y. Gestão de Estoque. São Paulo: Atlas, 2010. 
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
ICC - INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE. Incoterms 2010. Disponivel em: 
<https://iccwbo.org/resources-for-business/incoterms-rules/incoterms-rules-2010/>. Acesso 
em: 2018 Abril 22. 
LARA, J. E.; SOARES, A. B. A participação dos portos secos na interiorização das operações 
de importação e exportação: um estudo de caso.FACEF Pesquisa, 2005. V.8, N.3. 
LOPES, J.; GAMA, M. Comércio exterior competitivo. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2013. 
MIDIC - MINISTERIO DA INDUSTRÍA E COMÉRCIO. Informações gerais de 
importação, Agosto 2017. Disponivel em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-
exterior/importacao/dicas-de-importacao/informacoes-gerais-de-importacao>. Acesso em: 
2018 Abril 17. 
MORINI, C.; PIRES, S. I. Um modelo de decisão sobre a consignação de material 
estrangeiro em cadeias de suprimentos., Abril 2005. Disponivel em: 
<http://www.scielo.br/pdf/gp/v12n1/a07v12n1>. Acesso em: 2018 Abril 20. 
SOUZA, P. M. Entreposto aduaneiro como ferramenta estratégica de Gestão 
Administrativa: estudo de caso em uma empresa de tratores do Sul de Santa Catarina. 
Disponivel em: 
<http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/3895/1/PAULA%20CRISTINA%20MARIOT%20
DE%20SOUZA.pdf>. Acesso em: 2018 Abril 22. 
 
 
	1 INTRODUÇÃO
	2 REFERENCIAL TEÓRICO
	2.1 IMPORTAÇÃO – REGRA GERAL
	2.2 ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO
	3 METODOLOGIA
	4 RESULTADOS
	5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	REFERÊNCIAS

Continue navegando