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4 IDENTIFICAÇÃO DE LESÕES

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DEFINIÇÃO
Lesões celulares reversíveis. Pigmentos e a pigmentação patológica. Comprometimento circulatório.
PROPÓSITO
Conhecer os mecanismos pelos quais as células conseguem se adaptar aos estímulos não nocivos e manter o funcionamento normal das células e as consequências dessas lesões, como o acúmulo de substâncias intracelulares e de pigmentos, que podem ser de origem exógena e produzidos pela própria célula. Compreender as alterações circulatórias é essencial para conhecer como a ausência de sangue e nutrientes pode levar a danos teciduais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Diferenciar as lesões reversíveis
MÓDULO 2
Identificar os pigmentos e a pigmentação patológica
MÓDULO 3
Compreender as alterações circulatórias
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos explorar as lesões celulares, abordando as lesões reversíveis. Nas lesões reversíveis, as células podem sofrer um processo de adaptação, alterando o crescimento e o padrão de diferenciação celular (como ocorre na hiperplasia, hipertrofia, atrofia, displasia, metaplasia e atrofia). Vamos entender algumas alterações metabólicas nas células lesadas. Além disso, compreenderemos a importância do sistema circulatório e como as lesões celulares são prejudiciais a órgãos e tecidos, podendo levar à morte pela simples privação de oxigênio e nutrientes.
VOCÊ SABIA
Que as células podem acumular algumas substâncias, como proteínas e lipídios no citoplasma e no núcleo? Será que essas substâncias geram algum dano ao organismo? Sabia que, além dessas substâncias, a célula pode acumular outros pigmentos, como melanina? Você sabe a diferença entre a trombose e embolia? Também é importante entender como ocorre o infarto e como identificar se aquela área foi lesada.
Vamos juntos conhecer as lesões reversíveis, os pigmentos e o comprometimento circulatório.
MÓDULO 1
Diferenciar as lesões reversíveis
DIFERENCIAR AS LESÕES REVERSÍVEIS
O QUE DIFERENCIA AS LESÕES?
As células, quando expostas a algum dano (infeccioso, agentes físicos, agentes químicos, privação de nutrientes e de oxigênio ou deficiência genética), geram lesões celulares que podem resultar em morte celular (lesão irreversível) ou em uma adaptação celular (lesão reversível).
Fonte: Adaptado de GROSSMAN & PORTH, 2019 e Tefi / ShutterstockTipos de respostas às lesões celulares.
Na figura apresentada, relembramos os caminhos que as células podem seguir durante uma lesão celular.
Assista a este vídeo e veja como as lesões celulares são destravadas.
É IMPORTANTE DESTACAR QUE, DEPENDENDO DA DURAÇÃO DO ESTÍMULO, UMA LESÃO CELULAR REVERSÍVEL EVOLUI PARA MORTE CELULAR.
As lesões celulares reversíveis são destravadas quando o dano é leve ou durante os estágios iniciais. Essas lesões causam degeneração celular, em que ocorrem lesão no citoplasma e acúmulo de substâncias exógenas ou pré-existentes, que podem comprometer o funcionamento, mas evitam a morte celular. Nessas lesões, quando os estímulos são retirados, as células podem voltar ao seu funcionamento normal.
COMO DIFERENCIAR AS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS CAUSADAS PELAS LESÕES REVERSÍVEIS DAQUELAS MOTIVADAS POR LESÕES IRREVERSÍVEIS?
Clique a seguir e leia as principais diferenças entre as alterações celulares e teciduais durante uma lesão celular reversível e uma irreversível.
LESÃO IRREVERSÍVEL
	Digestão dos conteúdos citoplasmáticos
	Quebra da membrana plasmática
	Figuras de mielenia abundantes
	Retração, fragmentação e dissolução nuclear
	Perda dos conteúdos citoplasmáticos
	Aumento da esinofilia
LESÃO REVERSÍVEL
	Tumefação celular
	Degeneração gordurosa
	Formação de bolhas na membrana plasmática e perda de microvilosidades
	Tumefação mitocondrial
	Dilatação do retículo endoplasmático rugoso
	Esinofilia (devido à diminuição do RNA citoplasmático)
Nas lesões reversíveis, acontecem também algumas alterações metabólicas, como o acúmulo intracelular de quantidades anormais de diferentes substâncias(Proteínas, colesterol, triglicerídeos, glicogênio e pigmentos.), que podem ser produzidas pela própria célula ou por outras células. Essas substâncias são armazenadas no citoplasma dentro de organelas(Principalmente nos lisossomos) e no núcleo.
A seguir, observamos os principais mecanismos de acúmulo dessas substâncias no interior das células, que podem ocorrer devido a:
Fonte: Adaptado de shopplaywood / Shutterstock
Anormalidades no metabolismo.
Fonte: Adaptado de shopplaywood / Shutterstock
Defeito no transporte de proteínas.
Fonte: Adaptado de shopplaywood / Shutterstock
Ausência de enzimas por deficiência enzimática hereditária.
Fonte: Adaptado de shopplaywood / Shutterstock
Ingestão de moléculas em que não existe maquinaria enzimática no organismo para a sua degradação e excreção.
De acordo com a substância armazenada, a degeneração pode ser classificada em:
· Hidrópica;
· Gordurosa;
· Glicogênica;
· Hialina.
Vamos conhecer cada uma delas mais detalhadamente.
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA
(OU ALTERAÇÃO HIDRÓPICA OU DEGENERAÇÃO VACUOLAR)
Na maiorias das lesões celulares, a tumefação celular representa a primeira alteração observada.
VOCÊ LEMBRA O QUE É TUMEFAÇÃO CELULAR?
RESPOSTA
A tumefação celular representa o acúmulo de líquidos no interior das células tornado as volumosas.
Observamos que esse acúmulo ocorre quando há redução na concentração de ATP e, consequentemente, falta energia para o funcionamento correto da bomba de sódio e potássio, que é dependente do ATP. Além da isquemia e da hipóxia, a depleção do ATP pode ocorrer através de distúrbios circulatórios, hipotapotassemia (diminuição de potássio), infecções e toxinas.
RELEMBRANDO
VOCÊ LEMBRA QUAL É A IMPORTÂNCIA DA BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO?
No corpo humano, a concentração de eletrólitos como sódio, potássio, cloro e cálcio é essencial para o funcionamento normal das células. O sódio é o principal cátion extracelular, e o potássio é o principal cátion intracelular. As concentrações dessas moléculas são mantidas pela bomba de sódio e potássio dependente de ATP, que é responsável pelo transporte ativo de três íons de sódio para o meio extracelular e dois íons de potássio para o meio intracelular.
BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO
Fonte: extender_01 / ShutterstockIlustração do funcionamento da bomba de sódio e potássio. Ela bombeia ativamente três íons sódios para o meio extracelular e dois íons potássio para o meio intracelular com gasto de energia (ATP).
O transporte desses íons gera uma diferença de cargas entre as porções intra e extracelular, o chamado potencial de repouso, e atua na regulação osmótica. A maior concentração intracelular de potássio é importante, pois esse íon funciona como cofator enzimático de diferentes enzimas, como nas da via glicolítica. A maior concentração de sódio no meio extracelular é importante para a conservação do equilíbrio osmótico. A manutenção da bomba é importante para o transporte de água, que difunde livremente através da membrana celular através de poros, as aquaporinas, e é regulado pelas concentrações de íons osmoticamente ativos (sódio e potássio) de cada lado da membrana.
A depleção do ATP impede o funcionamento normal da bomba de N+/K+/ATPase, ocorrendo acúmulo de sódio no interior das células e diminuição na concentração de potássio no ambiente intracelular e, consequentemente, aumento da pressão osmótica intracelular. O aumento de sódio no interior da célula leva à entrada de água no interior da célula (tumefação celular) por osmose. A maior circulação de água e íons no interior das células alterará a permeabilidade da membrana, diminuirá a função mitocondrial e gerará alargamento do retículo endoplasmático. Esse padrão de alteração é chamado de alteração hidrópica, degeneração hidrópica ou degeneração vacuolar.
 SAIBA MAIS
Essa alteração pode ser reversível ou irreversível. Nas alterações reversíveis, quando o suprimento de oxigênio é restabelecido, a célula consegue voltar ao funcionamento normal. Porém, se o suprimento não for restabelecido, ocorre perda contínua de enzimas, proteínas, ácido nucleicos, além de lesão na membrana dos lisossomos, que possibilita o extravasamentodas enzimas para o citoplasma, causando a digestão enzimática e a morte celular.
A tumefação celular, embora seja a primeira manifestação na maioria das agressões celulares, é muito difícil de ser observada no microscópio óptico. Ela pode ser detectada na análise do órgão por inteiro, pois acomete muitas células, causando palidez e aumento do peso do órgão e do turgor. Nas células, observa-se aumento da eosinofilia, a presença de pequenos vacúolos pequenos no citoplasma da célula, e o citoplasma fica com aspecto claro.
TURGOR
Turgor mede o inchaço do órgão ou do corpo pelo acúmulo de humores. Baixo turgor indica que a pessoa está desidratada, e aumento do turgor, edemaciada (acúmulo de líquidos).
As imagens a seguir mostram os cortes histológicos de tecido corados pela HE(hematoxilina-eosina), aumento de 10x e 40x, mostrando hepatócitos com degradação hidrópica e hepatócitos normais para servir de base de comparação.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Hepatócitos mostrando degeneração hidrópica. As células apresentam citoplasma claro e vacuolizado (seta). Aumento de 10x.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Hepatócitos mostrando degeneração hidrópica. As células apresentam citoplasma claro e vacuolizado (seta). Aumento de 40x.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Hepatócitos normais para comparação. Aumento de 10x.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Hepatócitos normais para comparação. Aumento de 40x.
DEGENERAÇÃO GORDUROSA
Além da tumefação celular, a degradação gordurosa, que representa acúmulo intracelular de lipídios em vacúolos, também é uma das alterações que podem ser observadas na microscopia óptica.
A degeneração gordurosa aparece em situações de hipóxia, em casos de lesão celular que comprometam o metabolismo dos lipídios e através de toxinas. Além disso, pode ocorrer o acúmulo de lipídios nas células que apresentam maior sobrecarga de lipídios, como nos obesos. Esse acúmulo normalmente é verificado no fígado, local do organismo onde acontece a maior metabolização dos lipídios, no rim, no miocárdio, no pâncreas e nas fibras musculares estriadas esqueléticas. Os lipídios acumulados podem ser os triglicerídeos e o colesterol/ésteres de colesterol.
DEGRADAÇÃO GORDUROSA (ESTEATOSE)
Refere-se ao acúmulo de triglicerídeos dentro das células parenquimentosas, principalmente no fígado, mas pode ocorrer também nos músculos, rins e no coração. As causas da esteatose são observadas no Quadro 2. As alterações microscópicas da esteatose indicam acúmulo de gorduras no citoplasma das células em vacúolos, que podem ser simples e múltiplos ou volumosos, com o deslocamento do núcleo para a periferia, dando à célula aspecto pálido e esponjoso (Figura 5). Macroscopicamente, o órgão apresenta aspecto gorduroso e coloração amarelada.
VACÚOLOS
A degeneração hidrópica causa comprometimento maior que o edema celular e indica lesão grave em geral. Para a diferenciação da degradação gordurosa da degradação hidrópica, podem ser utilizadas colorações especiais, como a coloração (Azul do Nilo e Sudan IV) com processamentos específicos para evitar a degradação da gordura. Normalmente, a presença de vacúolos grandes indica lesões tóxicas e virais e de vacúolos pequenos doenças metabólicas agudas.
Fonte: Anônimo / UNICAMPCortes histológicos de tecido corados pela HE, aumento de 10x, mostrando hepatócitos com degradação gordurosa. Podemos observar o acúmulo de lipídeos no interior das células (seta) com o deslocamento do núcleo para a periferia.
Na imagem, observamos o acúmulo de lipídios no interior das células (seta) com o deslocamento do núcleo para a periferia.
CAUSAS DA ESTEATOSE
	Obesidade
	Diabetes melito
	Abuso de álcool
	Anoxia (ausência de oxigenação)
	Toxinas
	Desnutrição proteica
DEGRADAÇÃO GORDUROSA (ACÚMULO DE COLESTEROL E ÉSTERES DE COLESTEROL)
As células, normalmente, absorvem o colesterol apenas para a síntese das membranas plasmáticas, não acontecendo o acúmulo intracelular em seu citoplasma. No entanto, em algumas condições patológicas, pode ocorrer o acúmulo dessa molécula em vacúolos. As principais causas de acúmulo de colesterol estão descritas no quadro a seguir.
CAUSAS DO ACÚMULO DE COLESTEROL
	Condição patológica
	Localização do acúmulo de colesterol
	Características celulares
	Características macroscópicas
	Observação
	Aterosclerose
	Células musculares lisas e macrófagos da túnica da aorta e de grandes artérias.
	Aspecto gorduroso com vacúolos.
	Placas amareladas.
	Nos cortes histológicos, podem aparecer fendas, que ocorrem pela cristalização do colesterol em agulhas.
	Xantomas
	Acúmulo de colesterol em macrófagos característicos dos estados hiperglicêmicos hereditários ou adquiridos.
	Aglomerados de células espumosas são encontrados no tecido conjuntivo subepitelial da pele e dos tendões.
	Massas tumorais conhecidas como xantomas.
	---
	Colesterolose
	Acúmulo de macrófagos localizados na lâmina própria da vesícula biliar.
	Células com aspecto volumoso.
	Vesícula biliar exibindo mucosa; é levemente granular e de coloração amarelada.
	---
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
DEGENERAÇÃO GLICOGÊNICA
Normalmente, as células acumulam o glicogênio no seu interior. No entanto, em algumas condições, pode ocorrer o acúmulo dessa molécula de forma anormal, principalmente no diabetes melito, mas outras condições também podem causar esse aumento anormal da molécula. No quadro a seguir, podemos ver essas causas.
CONDIÇÕES PATOLÓGICAS QUE LEVAM A ACÚMULO DO GLICOGÊNIO
	Hiperglicemia
	Doença metabólica causada por fármacos (como os corticosteroides)
	Deficiência enzimática relacionadas a doenças de armazenamento.
	Tumores hepatocelular.
As células apresentam vacúolos intracelulares de diferentes tamanhos, mal delimitados e claros, como verificados na figura.
O glicogênio, sendo hidrossolúvel, dissolveu-se no fixador, que é aquoso. Temos, portanto, a imagem após a retirada do glicogênio. Os filamentos róseos, que contrastam com o aspecto vazio do citoplasma, correspondem a organelas, como mitocôndrias e retículo endoplasmático. O núcleo tende a permanecer central.
Fonte: Anônimo / UNICAMPCortes histológicos de tecido fixados por formol, incluídos em parafina e corados pela HE, aumento de 10x, mostrando hepatócitos com inúmeros vacúolos claros e mal delimitados (seta).
 SAIBA MAIS
O glicogênio se dissolve em fixadores aquosos, como o formol. Assim, quando o tecido é corado com o glicogênio, é dissolvido. O que observamos na microscopia é uma região clara, onde estava localizada a substância. Para observar essa substância, devem ser utilizados como fixadores substâncias alcóolicas, como o álcool absoluto. Além disso, podem ser utilizadas as colorações com carmim de Best ou a reação do PAS, que conferem ao glicogênio uma cor entre rosa e violeta, permitindo a diferenciação do acúmulo de glicogênio da degeneração hidrópica.
DEGENERAÇÃO HIALINA
Em histologia, o termo hialino é utilizado como um algo descritivo, que não indica lesão celular necessariamente, sendo causado por uma variedade de alterações, mas sem representar o acúmulo específico de alguma substância. Nessa alteração, ocorrem modificações intra ou extracelular, que conferem ao tecido aparência homogênea, vítrea e rosa.
Um exemplo de depósitos hialinos são os acúmulos de proteínas intracelulares. O acúmulo intracelular de proteínas ocorre na forma de agregados esionofílicos, gotículas ou vacúolos no citoplasma.
Fonte: Anônimo / UNICAMPCortes histológicos de hepatócitos corados pela HE, aumento de 10x. Podemos verificar pequenos vacúolos esinofílicos no citoplasma das células (seta), mostrando o acúmulo de proteínas. O acúmulo de proteínas confere à célula um aspecto translúcido, homogêneo e eosinofílico, chamado de degeneração hialina.
Esse acúmulo ocorre pelo desbalanço entre a síntese e a degradação das proteínas. Suas causas estão descritas no quadro a seguir.
CONDIÇÕES QUE LEVAM AO ACÚMULO ANORMAL DE PROTEÍNAS.
	Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais são observadas em doenças renais associadas à perda de proteínana urina (proteinúria).
	As proteínas normais secretadas são produzidas em quantidade excessiva, como ocorre em certos plasmócitos envolvidos na síntese ativa de imunoglobulinas. O retículo endoplasmático se torna esinofílico e distendido (corpúsculos de Russel).
	Defeito intracelular no transporte e na secreção de proteínas fundamentais.
	Acúmulo de proteínas do citoesqueleto.
	Agregação de proteínas anormais, como ocorre na amiloidose.
	Cirrose hepática com a formação dos corpúsculos de Mallory.
	Em infecção virótica, como citomegalovírus, com a formação dos corpúsculos de Mallory.
 SAIBA MAIS
O acúmulo extracelular de proteínas é difícil de ser analisado. No entanto, na hipertensão de longa duração e no diabetes melito, as paredes das arteríolas tornam-se hialinizadas devido ao extravasamento de proteínas plasmáticas na membrana basal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. NESTE MÓDULO, ANALISAMOS OS DIFERENTES TIPOS DE DEGENERAÇÃO CELULAR QUE ACONTECEM DURANTE AS LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS E VIMOS AS DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS EM RELAÇÃO À LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL. SOBRE AS LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
As lesões celulares reversíveis são destravadas apenas em um quadro de hipóxia a isquemia.
Nas lesões celulares irreversíveis, ocorre formação de bolhas na membrana plasmática e perda de microvilosidades.
As primeiras alterações microscópicas observadas são tumefação celular e degeneração gordurosa.
Nas lesões celulares reversíveis, a alteração citoplasmática mais importante é o acúmulo de proteínas.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. ANALISAMOS OS DIFERENTES PADRÕES DE DEGENERAÇÃO CELULAR E APRENDEMOS QUE ELES PODEM SER CLASSIFICADOS EM QUATRO TIPOS DISTINTOS. SOBRE OS TIPOS DE DEGENERAÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A degeneração glicogênica é o acúmulo normal de amido, que ocorre no interior das células.
A degeneração hidrópica representa a tumefação celular, com acúmulo de água no interior das células.
A degeneração gordurosa ocorre quando há apenas o acúmulo de colesterol nas células.
A degeneração hialina consiste no acúmulo de proteína no citoplasma das células devido ao desbalanço da bomba de sódio e potássio.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Neste módulo, analisamos os diferentes tipos de degeneração celular que acontecem durante as lesões celulares reversíveis e vimos as diferenças morfológicas em relação à lesão celular irreversível. Sobre as lesões celulares reversíveis, assinale a alternativa correta.
A alternativa "C " está correta.
As lesões celulares reversíveis são desencadeadas por diferentes agentes, como infecciosos, físicos e químicos. Os mecanismos são complexos e parecem ser destravados por ação direta ou indireta que envolvem hipóxia/isquemia, desbalanço na homeostase de cálcio e formação de radicais livres. As lesões celulares reversíveis são destravadas quando o dano é leve ou nos estágios iniciais de uma lesão que causa alterações celulares, chamadas de degeneração. As primeiras alterações microscópicas observadas são tumefação celular e degeneração gordurosa. Também pode haver acúmulo de diferentes substâncias intracelulares, como proteínas, lipídios e glicogênio. Nessas lesões, ocorre a formação de bolhas na membrana plasmática e perda de microvilosidades.
2. Analisamos os diferentes padrões de degeneração celular e aprendemos que eles podem ser classificados em quatro tipos distintos. Sobre os tipos de degeneração, assinale a alternativa correta.
A alternativa "B " está correta.
Durante as lesões reversíveis celulares, ocorre o acúmulo de diferentes substâncias, como os lipídios, as proteínas e a água. O glicogênio é uma substância encontrada no citoplasma das células, mas, em algumas condições patológicas, ele pode ser observado, como no diabetes melito. Na degeneração gordurosa, pode ocorrer o acúmulo de triglicerídeos ou colesterol. Um exemplo da degeneração hialina é o acúmulo de proteínas no interior das células, que ocorre por um desbalanço entre a produção e degeneração das proteínas. A tumefação celular ocorre nos quadros de hipóxia/isquemia pela depleção do ATP, que desregula a bomba de sódio e potássio. O aumento do influxo de sódio para o interior da célula leva à entrada de água por osmose e ao edema citoplasmático.
MÓDULO 2
Identificar os pigmentos e a pigmentação patológica
Como medida de resposta às lesões, as células acumulam algumas substâncias coloridas no seu interior, chamadas de pigmentos, que podem ser endógenos ou exógenos. Alguns desses pigmentos são normais, como a melanina e a hemoglobina. Outros são anormais e podem indicar alguma alteração funcional.
PIGMENTOS
Processo de formação ou acúmulo normal ou patológico de pigmentos em certos locais do organismo.
ENDÓGENOS
Pigmentos produzidos pela própria atividade metabólica da célula.
EXÓGENOS
Pigmento exógeno é introduzido no organismo por digestão, inalação ou inoculação. São corpos estranhos ao organismo que se depositam no tecido e são fagocitados por macrófagos ou drenados pelos vasos linfáticos.
TIPOS DE PIGMENTOS
No esquema a seguir, os tipos de pigmentos foram divididos didaticamente.
Fonte: AutoraPneumoconiosis - É uma doença pulmonar ocupacional.
PIGMENTOS EXÓGENOS
ANTRACOSE
O pigmento exógeno mais comum é o carbono (poeira de carvão). Ele é inalado em pequenas partículas e está presente nas fumaças, no fumo e representa o principal poluente do ar em áreas urbanas. Essas partículas sólidas são inaladas na forma de pequenas partículas, que conseguem chegar aos alvéolos e são fagocitadas pelos macrófagos alveolares. Esses pigmentos conferem cor negra ao citoplasma dessas células.
Além dos macrófagos alveolares, os linfonodos localizados na árvore traqueobrônquica também apresentam essa coloração. Normalmente, o pulmão apresenta uma coloração rósea e uniforme. Com o passar do tempo e com acúmulo das partículas de carvão, o pulmão vai ficando com uma coloração cinza e com manchas pretas(Agregados de macrófagos com o pigmento), chamada de antracnose.
Na imagem, podemos verificar pequenas manchas negras, as quais representam agregados de macrófagos com pigmento negro, que consiste em poeiras de carbono (seta).
Fonte: Anônimo / Departamento de patologia da UFRJCortes histológicos de pulmão corados pela HE, aumento de 10x, mostrando a antracnose pulmonar.
 SAIBA MAIS
Essa condição não desenvolve sintomas clínicos, mas aumenta a probabilidade do desenvolvimento de doença pulmonar nos fumantes e nos mineradores de carvão. Nos mineradores, é comum uma doença pulmonar grave, conhecida como pneumoconiose. Essa doença se desenvolve, pois os agregados de poeira de carvão podem induzir a uma reação fibroblástica e, até mesmo, ao enfisema.
VOCÊ SABIA QUE A TATUAGEM É UM PIGMENTO EXÓGENO?
Na tatuagem, os pigmentos inoculados (tinta nanquim, carvão) são fagocitados pelos macrófagos da derme, que vivem pelo resto da vida com esses pigmentos em seu interior. Normalmente, a fagocitose desses pigmentos pelos macrófagos não gera uma resposta inflamatória. Histologicamente, esses pigmentos são vistos como pequenos grânulos fagocitados por macrófagos ou ficam retidos no tecido conjuntivo frouxo.
Fonte: Ivan River / Shutterstock
PIGMENTOS ENDÓGENOS NÃO HEMOGLOBÍNICOS
Neste tópico, vamos estudar a melanina e os pigmentos derivados dos lipídios.
MELANOSE
A melanina, um dos principais pigmentos endógenos do corpo humano, é produzida pelos melanócitos, células glandulares exócrinas presentes na camada basal da epiderme, próxima aos queratinócitos. Os melanócitos são estimulados pela radiação solar e sintetizam a melanina a partir do aminoácido tirosina com a ativação da enzima tirosinase. Nos melanócitos, essa substância é produzida e armazenada nos melanossomas.
A melanina é um pigmento com cor que varia do castanho ao negro (maior concentração). Ela é responsável pela coloração dos pelos, da pele e dos olhos e apresenta ação de proteção contra os raios ultravioletas, que poderiam causar lesão na pele.
MELANINAAs pessoas apresentam a mesma quantidade de melanócitos. Então, o que leva às diferenças nas colorações da pele? A diferença está na quantidade de melanina produzida e no número, tamanho, tipo e na distribuição dos melanossomas.
Fonte: Blackday / Shutterstock
Os distúrbios relacionados à melanina podem ser por aumento da produção ou pela formação de melanina deficiente. Esses distúrbios estão descritos no quadro a seguir.
DISTÚRBIOS DA PRODUÇÃO DE MELANINA
	Hiperprodução
	Formação deficiente da melanina
	Sardas: acúmulo de melanina que gera manchas após a exposição solar.
	Vitiligo (focal): doença onde há perda da pigmentação natural da pele. Não se sabe a causa, mas parece estar relacionado à doença autoimune. São manchas brancas que aparecem ao longo da pele humana. Patologicamente, no vitiligo, há diminuição do número ou perda de função dos melanócitos.
	Nevus melanocítico: Aglomerado de células melanocíticas neoplásicas.
	Albinismo: apresenta os melanócitos na pele, mas há problemas na síntese da melanina a partir do aminoácido tirosina, não produzindo esse pigmento.
	Lentigo simples: hiperplasia de melanócitos, produzindo uma camada basal linear hiperpigmentada.
	Hanseníase: doença granulomatosa que apresenta manchas hipocrômicas e anestesiadas na pele.
	Melanoma (focal): neoplasia maligna de pele que não evolui para metástase.
	---
	Doença de Addison: insuficiência crônica da glândula suprarrenal seguida de hiperpigmentação pelo aumento da produção dos hormônios que estimulam os melanócitos.
	---
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quando essa substância é produzida e armazenada em locais impróprios, os depósitos de melanina recebem o nome de melanose, que pode aparecer na pleura, meninge, no intestino grosso, nos tumores e no coração. Essa condição parece estar relacionada a uma ectopia (que se encontra fora do local comum) dos melanócitos. Microscopicamente, são observadas granulações marrom-escuras no interstício ou no interior das células. As máculas de melanina se dispõem caracteristicamente em “tabuleiro de xadrez”, com limites nítidos.
Fonte: Anônimo / Departamento de Patologia da UNICAMPCortes histológicos do cólon corados pela HE, aumento de 10x, mostrando a malanose. Na imagem, podemos ver células com pigmentos marrom-castanho (seta) presentes nos tumores de pele (melanoma maligno).
LIPOFUSCINA (LIPOCROMO OU PIGMENTO DE DESGASTE)
A lipofuscina é um pigmento insolúvel formado a partir da peroxidação de lipídios poli-insaturados das membranas plasmáticas, indicando que a célula foi lesada por radicais livres e peroxidação lipídica. Esse pigmento é composto por polímeros de lipídios e fosfolipídios complexados com proteínas, não é nocivo e é um sinal indireto de envelhecimento celular observado em células que sofrem alterações regressivas lentas, na desnutrição grave e no fígado, cérebro e coração de idosos. Nos cortes histológicos, ele aparece como um pigmento castanho-amarelado granular distribuído no citoplasma das células, normalmente com localização perinuclear.
Fonte: Anônimo / UNICAMPCortes histológicos de coração corados pela HE, aumento de 10x, mostrando miócitos com depósitos castanho-amarelado finamente granular citoplasmático, frequentemente perinuclear (seta).
COROIDE
Coroide é um tipo de pigmento lipídico comum nos macrófagos após lesão tecidual e hemorragia. Nas áreas degeneradas, necróticas e hemorrágicas, em que os lipídios são liberados e fagocitados pelos macrófagos, eles apresentam em seu interior granulações de cor marrom e granular.
Fonte: Anônimo / UNICAMPCortes histológicos corados pela HE, aumento de 10x, mostrando pigmentos coroides no interior de macrófagos (seta).
PIGMENTOS ENDÓGENOS HEMOGLOBÍNICOS
Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre os pigmentos originados a partir da hemoglobina.
RECOMENDAÇÃO
Visite após a aula e leia, no Explore +, o PDF Composição da hemoglobina e a degradação da hemácia.
HEMOSSIDERINA
O ferro é um mineral vital ao organismo, pois é importante para o transporte de oxigênio, a síntese de DNA e o metabolismo energético, funcionando como cofator enzimático. É obtido via alimentação e a partir da degradação das hemácias. Na corrente sanguínea, o ferro é transportado pela transferrina e armazenado em associação com uma proteína, a apoferritina, para formar as micelas de ferritina, que funcionam como um depósito do ferro no organismo. No entanto, quando há excesso de ferro local ou sistêmico, ocorre acúmulo de ferro na forma de grânulos de hemossiderina (agregados de micelas de ferritina). A hemossiderina é um pigmento granular ou cristalino, de amarelo-ouro a marrom.
Corte de tecido pulmonar corado por HE (A) e pelo azul da Prússia (B), aumento de 10x, mostrando grânulos de hemossiderina.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
A
Os grânulos de hemossiderina corados com HE são pigmentos de aspecto marrom, granular, com o tamanho variável e aspecto refringente (seta preta).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
B
O ferro está na forma Fe+3 e pode ser corado pelo azul da Prússia (ou de Perls), ou seja, reage com ferrocianeto de potássio para dar ferrocianeto férrico, que é azul intenso e insolúvel (seta vermelha). Na imagem, estão no interior de macrófagos.
Esses pigmentos podem ser observados em condições normais, nas células envolvidas na degradação das hemácias, ou seja, nos fagócitos localizados na medula óssea, no baço e fígado. No entanto, os excessos de ferro causam acúmulo de hemossiderina dentro das células de forma local ou sistêmica. No quadro a seguir, podemos conhecer algumas condições em que há o excesso de ferro.
CONDIÇÕES EM QUE OCORRE EXCESSO DE FERRO NO ORGANISMO E ACÚMULO LOCAL OU SISTÊMICO DE HEMOSSIDERINA.
	
	Exemplos
	Mecanismos
	Excessos locais de ferro
	Hemorragias de tecido.
	No local de extravasamento de sangue, como um hematoma, as hemácias são fagocitadas por macrófagos, que liberam o ferro, e são acumulados como hemossiderina no citoplasma. Isto contribui para a cor amarelada ou ferruginosa do tecido durante a reabsorção do hematoma.
	
	Congestão passiva crônica dos pulmões.
	Na insuficiência cardíaca esquerda, há aumento da pressão nos capilares do pulmão e extravasamento de hemácias para os alvéolos. Estas são fagocitadas por macrófagos, que ficam abarrotados de hemossiderina.
	Excessos sistêmicos de ferro (hemossiderina é depositada em muitos órgãos e tecidos, uma condição denominada hemossiderose)
	Destruição excessiva de hemácias, como a anemia hemolítica, anemia falciforme e anemias autoimunes.
	Hemossiderina aparece mais nos macrófagos, notavelmente no baço, local onde ocorre a maior destruição das hemácias.
	
	Aumento da absorção de ferro, devido a um erro inato do metabolismo. Essa doença é chamada hemocromatose.
	Hemossiderina aparece mais nos hepatócitos no citoplasma e em menor quantidade nos macrófagos.
	
	Transfusões múltiplas.
	As hemácias transferidas constituem uma carga exógena de ferro.
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 SAIBA MAIS
Um exemplo de excesso de ferro local é a equimose (sangramento em que ocorre a infiltração do sangue nos tecidos do corpo, como a pele, por exemplo, devido à ruptura de alguns vasos sanguíneos, que resulta em manchas roxas no corpo). No local da lesão, as hemácias são fagocitadas durante vários dias pelos macrófagos, que degradam a hemoglobina e recuperam o ferro. Após a recuperação do ferro e sua absorção na ferritina e, depois, na hemossiderina, a porção heme é convertida em biliverdina e em bilirrubina. Essas conversões são responsáveis pela dramática mudança de cores vista em uma equimose em reabsorção, que tipicamente muda de vermelho-arroxeada para azul-esverdeada e para amarelo-ouro até desaparecer.
BILIRRUBINA
A maior parte da bilirrubina é proveniente da degradação das hemácias, mas ela também pode ser originada a partir de outras proteínas hêmicas, ou seja, que apresentem em sua composição o grupamento heme, como citocromo e mioglobina. O aumento da concentração plasmática debilirrubina causa icterícia, na qual a pele, a mucosa e esclera ocular ficam amareladas.
Dependendo do tipo de bilirrubina (conjugada ou não conjugada), com níveis plasmáticos aumentados, podemos classificar o tipo de icterícia em pré-hepatica ou hemolítica, hepática ou por lesão hepatocelular e icterícia pós-hepática ou colestática (conforme observado no quadro a seguir.
CONDIÇÕES DA BILIRRUBINA
CONDIÇÕES EM QUE OCORRE EXCESSO DE BILIRRUBINA CONJUGADA E NÃO CONJUGADA NO ORGANISMO.
	
	Tipo de bilirrubina aumentada
	Condição
	Características
	Icterícia pré-hepática ou hemolítica
	Bilirrubina não conjugada
	Por superprodução de bilirrubina
	Ocorre principalmente por superprodução de bilirrubina na destruição excessiva de hemácias (hemólise). A quantidade de bilirrubina Não conjugada excede a capacidade do fígado de removê-la.
	
	
	No recém-nascido, icterícia fisiológica
	A imaturidade da enzima hepática (glicuronil-transferase – a enzima de conjugação).
	
	
	Doença hemolítica do recém-nascido
	Processo hemolítico causado pela incompatibilidade do fator Rh ou pelo sistema ABO. Como a barreira hemoencefálica no RN, e mais ainda no prematuro, é ainda imatura, a bilirrubina pode atravessá-la e passar ao tecido nervoso, onde é tóxica, causando morte de neurônios. O tecido fica impregnado de bilirrubina, tomando cor amarela. A doença recebe o nome de kernicterus (kern, em alemão, significa núcleo) e causa crises convulsivas, sendo fatal ou deixando graves sequelas.
	Icterícia hepática ou por lesão hepatocelular
	Bilirrubina conjugada
	Hepatites viriais
	Aumento do nível de bilirrubina conjugada. Ocorre lesão nos hepatócitos que envolvem o metabolismo da bilirrubina, com lesão nos canalículos biliares, dificultando a sua excreção.
	
	
	Cirrose
	Desorganização da arquitetura do lóbulo hepático com dificuldade de excreção da bilirrubina e compressão dos nódulos intra-hepáticos por nódulos regenerativos.
	Icterícia hepática ou colestase
	Bilirrubina conjugada
	Problemas na excreção da bilirrubina por cálculos biliares e tumores que comprimem as vias biliares extra-hepáticas (exemplo: carcinoma da cabeça do pâncreas).
	O aumento da bilirrubina conjugada é explicado como uma insuficiência da secreção para os canalículos biliares, que é o passo limitante do processo. Como há muita bilirrubina não conjugada para ser processada, nem toda que se forma é secretada para a bile. Parte reflui para o sangue a partir dos próprios hepatócitos, aumentando os níveis séricos de bilirrubina conjugada (normalmente próximos de zero). Provocam hiperbilirrubinemia predominantemente conjugada, bilirrubinúria e fezes descoradas (acólicas).
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A ictérica pode ser diagnosticada, na maioria das vezes, por meio de exames laboratoriais e clínicos (pela coloração da pele), não sendo necessário realizar a biopsia do tecido. No entanto, a bilirrubina apresenta-se no citoplasma das células como pigmentos de coloração parda.
Fonte: Zay Nyi Nyi / Shutterstock
Foto a esclera ocular amarela, característica clínica da icterícia. Além dos olhos, a cor da pele também fica amarelada.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico do fígado corado por HE, aumento de 10x. Na imagem, verificamos grânulos pardos no citoplasma, que representam a bilirrubina (seta). Além disso, há hepatócitos balonizados, ou seja, com citoplasma abundante e claro pela entrada de água e dispersão das organelas. Essa imagem é característica da hepatite viral.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Kernicterus (kern, em alemão, significa núcleo). Imagem mostrando a impregnação de bilirrubina (amarelada) não conjugada no bulbo e ponte de recém-nascidos. Essa condição pode ser observada em prematuros e quando a concentração de bilirrubina for alta, como na doença hemolítica do recém-nascido.
HEMATINA
Estudamos dois tipos de pigmentos derivados do metabolismo normal da hemoglobina, a hemossiderina e a bilirrubina, no qual seu aumento está estritamente relacionado ao aumento da produção ou dificuldade de eliminação dessas moléculas. Vamos conhecer um pigmento derivado da hemoglobina, que é formado após o contato com ácidos e bases fortes. Porém, quando isso acontecerá?
No sangramento digestivo alto, ou seja, no sangramento ocasionado por gastrite aguda erosiva, úlceras e erosões, a hemácia tem contato com o suco gástrico, que é altamente ácido, e isso faz com que a hemoglobina se transforme em hematina, um pigmento com característica negra. A hematina também é conhecida como meta heme livre, ou seja, o grupamento heme com ação do ácido ou da base forte se dissocia da porção globina da hemoglobina e fica com o Fe+3, conferindo o pigmento marrom-escuro aos tecidos quando corado com hematoxilina-eosina. Nas pessoas com sangramento digestivo alto, o pigmento apresenta-se com vômitos em “borra de café(pigmento preto da hemoglobina)”.
Fonte: Anônimo / UNICAMPPigmento de hematina.
O pigmento marrom visto em grumos próximo à hemossiderina é a hematina (seta verde). Na imagem, esse pigmento é um artefato da modificação da hemoglobina, a hematina. É mais escuro e mais fino que a hemossiderina em HE, mas a diferenciação pode ser difícil. Com Perls, esse pigmento, que é hematina ou meta heme livre (heme separado da globina e com ferro em valência 3), não reage ao azul da Prússia e permanece com sua cor original.
COMENTÁRIO
Nos tecidos altamente vascularizados, a hematina pode se apresentar como um artefato de coloração, os chamados pigmentos de formol. Esse se deve à transformação da hemoglobina em hematina através da ação dos fixadores de formaldeído.
É MUITO DIFÍCIL FAZER A DIFERENCIAÇÃO DA HEMATINA PELA HEMOSSIDERINA NA COLORAÇÃO DE HE. NORMALMENTE, A HEMATINA É UM PIGMENTO MAIS ESCURO E FINO QUE A HEMOSSIDERINA. A MELHOR VISUALIZAÇÃO É ATRAVÉS DA COLORAÇÃO DE PERLS, POIS A HEMATINA NÃO REAGE COM O AZUL DA PRÚSSIA E PERMANECE COM SUA COR ORIGINAL.
O vídeo mostra que, além de pigmentações, ocorre, em alguns casos, a calcificação patológica, com acúmulo anormal de cálcio.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. APRENDEMOS SOBRE OS DIFERENTES TIPOS DE PIGMENTOS EXÓGENOS E ENDÓGENOS QUE PODEM SER ENCONTRADOS NO NOSSO ORGANISMO. SOBRE ESSE ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.
O carbono é o pigmento exógeno mais comum, sendo o principal poluente de áreas urbanas. Quando inalado em pequenas partículas, estas conseguem chegar aos alvéolos pulmonares e são fagocitadas pelos macrófagos alveolares. Esses pigmentos conferem cor negra ao citoplasma dessas células.
A lipofuscina é um pigmento insolúvel originado pela esterificação dos ácidos graxos da alimentação.
Coroide é um tipo de pigmento lipídico comum nos macrófagos após lesão tecidual e hemorragia.
A melanose é a condição em que a melanina, um pigmento endógeno, é produzida e armazenada em locais impróprios do organismo, como a pleura.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. ANALISAMOS OS DIFERENTES PIGMENTOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA, COMO A HEMOSSIDERINA, BILIRRUBINA E A HEMATINA. SOBRE A FORMAÇÃO DESSES PIGMENTOS ENDÓGENOS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
O ferro proveniente da alimentação e da hemólise é armazenado no organismo na forma de ferritina. Quando o organismo está com baixa concentração de ferro, a ferritina passa a ser chamada de hemossiderina.
A bilirrubina conjugada aumentada acontece nos casos de hemólise pelo aumento da disponibilidade da bilirrubina.
A bilirrubina não conjugada, que confere coloração amarelada, aumenta após lesão hepatocelular.
O pigmento hematina é formado em virtude da destruição da hemoglobina pela ação de um ácido ou uma base forte.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Aprendemos sobre os diferentes tipos de pigmentos exógenos e endógenos que podem ser encontrados no nosso organismo. Sobre esse assunto, assinale a alternativa incorreta.
A alternativa "B " está correta.
A lipofuscina é um pigmento insolúvel formado a partir da peroxidação de lipídios poli-insaturados das membranas plasmáticas,indicando que a célula foi lesada por radicais livres e peroxidação lipídica. Esse pigmento, composto de polímeros de lipídios e fosfolipídios complexados com proteínas, não é nocivo e é um sinal indireto de envelhecimento celular. A lipofuscina é observada em células que sofrem alterações regressivas lentas, na desnutrição grave e no fígado, cérebro e coração de idosos.
2. Analisamos os diferentes pigmentos derivados da hemoglobina, como a hemossiderina, bilirrubina e a hematina. Sobre a formação desses pigmentos endógenos, assinale a alternativa correta.
A alternativa "D " está correta.
O ferro proveniente da alimentação e da degradação da hemoglobina fica armazenado no organismo em micelas de ferritina. Caso a concentração de ferro disponível aumente, a ferritina se agrega e forma a hemossiderina, um pigmento marrom. A bilirrubina é formada no nosso organismo após a degradação do grupo heme. Nos macrófagos do baço, na medula óssea e no fígado, o grupo heme é quebrado em Fe+², monóxido de carbono e biliverdina. A biliverdina é convertida em bilirrubina não conjugada, que será carreada pela corrente sanguínea, e, no fígado, será convertida em bilirrubina conjugada. A partir do fígado, a bilirrubina conjugada é encaminhada para a vesícula biliar, onde será eliminada via bile, mas também pode ser absorvida pelo intestino delgado e ser convertida em urobilinogênio e eliminada posteriormente nas fezes ou pela urina. Em condições de hemólise, em que há maior degradação da hemoglobina, a bilirrubina não conjugada aumenta, pois há muita produção para pouca metabolização hepática, o que eleva sua concentração plasmática. A bilirrubina conjugada aumenta nos casos de lesão hepatocelular e de colestase, pois essas lesões levam à deficiência em eliminar a bile e, consequentemente, a bilirrubina conjugada.
MÓDULO 3
Compreender as alterações circulatórias
Estudamos até aqui os tipos de degeneração que acontecem nas lesões reversíveis e os tipos de pigmentos encontrados em condições normais e patológicas, analisando as diferenças entre os pigmentos e os tipos de degenerações. Agora, vamos compreender algumas alterações circulatórias importantes. Você sabia que as doenças cardiovasculares são a maior causa de morbidade e mortalidade na sociedade?
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
Na ilustração a seguir, estão as principais alterações circulatórias que vamos abordar ao longo deste tema.
DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO.
Fonte: Autora
RECOMENDAÇÃO
Para relembrar o sistema circulatório, acesse, após a aula, no Explore +, o PDF O sistema circulatório.
Vamos entender o que acontece em cada uma das alterações?
HIPEREMIA E CONGESTÃO
A hiperemia e a congestão(Também conhecida como hiperemia passiva) são distúrbios relacionados à irrigação sanguínea.
A hiperemia (eritema) consiste no aumento da irrigação sanguínea em determinada região do corpo. Os tecidos tornam-se vermelhos pelo aumento da quantidade de sangue com maior concentração de hemácias e, consequentemente, de oxigênio disponibilizado. A hiperemia pode ser fisiológica ou patológica.
Observe a seguir as ilustrações do aumento da irrigação sanguínea pelo aumento da dilatação arteriolar que acontece na hiperemia.
Fonte: Anônimo / Esquema adaptado de Laboratório de Investigação do Câncer (LAIC)
Fonte: Anônimo / Esquema adaptado de Laboratório de Investigação do Câncer (LAIC)
Esquema ilustrando a diminuição do e fluxo sanguíneo que acontece na hiperemia.
EXEMPLOS DE HIPERMIA
	Hiperemia fisiológica
	Hiperemia patológica
	Durante a digestão, há aumento da irrigação sanguínea no trato gastrointestinal.
	Injúrias térmicas (congelamento e queimaduras).
	Durante a prática de exercícios, a irrigação sanguínea na musculatura estriada esquelética aumenta.
	Irradiação intensa e traumatismos.
	Durante a lactação, há maior irrigação nas glândulas mamárias.
	Inflamação aguda.
	Durante a excitação sexual, há aumento da irrigação nos corpos cavernosos.
	Infecção.
Nos tecidos com hiperemia, é possível observar aumento das artérias e veias, conforme demonstrado a seguir.
Fonte: Anônimo / Unicamp
Imagem mostrando hemisfério cerebral com hiperemia dos vasos sanguíneos (seta verde). Imagem de um paciente com meningite aguda purulenta. Exemplo de hiperemia ativa por inflamação patológica.
Corte histológico corado pela HE (aumento de 10x), mostrando hiperemia de vasos sanguíneos na serosa do apêndice (seta azul). Essa hiperemia acontece na apendicite aguda.
Fonte: Anônimo / Unicamp
A congestão ou hiperemia passiva consiste na diminuição da drenagem venosa (efluxo cardíaco), o que provoca estagnação do sangue em determinada região, com maior permanência de hemácias com hemoglobina desoxigenada, tornando o tecido cianótico, ou seja, com uma coloração vermelho-escuro a azul.
Fonte: Anônimo / Esquema adaptado de Laboratório de Investigação do Câncer (LAIC)
Fonte: Anônimo / Esquema adaptado de Laboratório de Investigação do Câncer (LAIC)
A congestão pode ser sistêmica (como acontece na insuficiência cardíaca) ou local (quando há obstrução de uma veia isolada). No quadro a seguir, podemos observar exemplo dos dois tipos de congestão.
Exemplos de congestões local e sistêmica.
CONGESTÃO LOCAL
	Varizes.
	Obstrução ou compressão vascular.
	Trombos venosos, embolias em sistemas porta.
	Compressão vascular por neoplasias, granulomas e útero gravídico.
CONGESTÃO SISTÊMICA
	Insuficiência Cardíaca Congênita.
	Trombose pulmonar.
	Lesões pulmonares extensas.
	Embolia pulmonar.
A congestão leva ao aumento da pressão hidrostática e, consequentemente, ao edema. Na congestão crônica, de longa duração, há baixo suprimento de oxigênio (hipóxia), o que pode causar lesão tecidual isquêmica seguida de cicatrização. Além disso, pode acontecer a ruptura dos capilares, gerando pequenos focos hemorrágicos com subsequente degradação de hemácias e macrófagos carregados de hemossiderina.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico de pulmão corado por HE (aumento de 10x), mostrando septos alveolares espessados, com mais células e colágeno do que o normal devido à congestão (seta branca). As hemácias extravasam dos capilares para a luz alveolar (exemplo de hemorragia por diapedese) e são fagocitadas por macrófagos alveolares, dando origem ao pigmento hemossiderótico (seta amarelada).
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças
Fígado mostrando a congestão passiva crônica. Na imagem, a região centrolobular (área distal do fornecimento do sangue) sofreu necrose isquêmica e apresenta uma região vermelho-acastanhada e levemente deprimida (seta azul) em relação à área ao redor, não congesta (seta preta), de cor amarelo-acastanhado, dando aspecto de noz-moscada.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças
Corte histológico de fígado corado por HE (aumento de 10x), mostrando hemorragia centrolubular com macrófagos contendo pigmentos de hemossiderina (resultado da hemólise), perda de hepatócitos e necrose. Área está demarcada pelo círculo.
HEPATÓCITOS E NECROSE
 SAIBA MAIS
HIPEREMIA X HIPEREMIA PASSIVA
DILATAÇÃO DOS
ESFÍNCTERES
VASODILATAÇÃO
ARTERIOLAR
HIPEREMIA
ATIVA
REDUÇÃO DA SAÍDA
DE SANGUE DO TECIDO
DIMINUIÇÃO DO
RETORNO VENOSO
HIPEREMIA
PASSIVA
EDEMA E HEMORRAGIA
EDEMA
O edema caracteriza-se pelo acúmulo de líquido dentro do interstício, que pode ocorrer em uma região limitada ou em grandes cavidades. Para acontecer o edema, é necessária a quebra dos mecanismos que controlam a distribuição de líquidos no espaço intersticial. A regulação do fluxo dos líquidos é controlada pelas forças de Starling, ou seja, pelo equilíbrio que existe entre a pressão hidrostática(pressão exercida pelos líquidos existentes no plasma) e a pressão oncótica ou coloidosmótica(pressão exercida pelas proteínas plasmáticas).
Assista no vídeo como ocorrem a regulação do fluxo dos líquidos e o edema.
Os mecanismos pelo qual o edema é desencadeado estão descritos no quadro a seguir.
	Mecanismo do edema
	Exemplos
	Aumento da pressão hidrostática.
	Insuficiência cardíaca.
	Diminuição da pressão oncótica, ou seja,diminuição da pressão.
	Glomerulopatias e cirrose hepática.
	Aumento da permeabilidade celular.
	Inflamação.
	Bloqueio da circulação linfática.
	Obstrução do sistema linfático.
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O tipo de líquido extravasado pode ser rico em proteína (exsudato) ou pobre em proteínas (transudato). O transudato é comum quando o edema é provocado por condições não inflamatórias, como na insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, em doenças renais e na desnutrição grave.
 SAIBA MAIS
Para compreender mais os edemas causados por causas não inflamatórias, como:
Na diminuição das proteínas plasmáticas:
· Pela menor concentração de proteínas, como acontece na desnutrição grave e insuficiência hepática;
· Por perda das proteínas, como na insuficiência renal.
E na insuficiência cardíaca, veja o esquema ilustrado a seguir:
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doençasEsquema mostrando do edema sistêmico causado por patologias não inflamatórias.
O edema pode acontecer em diferentes tecidos, porém é mais comum no tecido pulmonar, cérebro e subcutâneo. A análise macroscópica revela aumento do volume tecidual, e a microscópica apresenta clareamento e separação da matriz extracelular e discreta tumefação celular.
Na imagem, repare o material róseo e homogêneo, indicando o líquido do edema (seta azul). Na imagem, está sinalizado um macrófago com grânulos de hemossiderina (seta preta). Na imagem, os capilares estão repletos de hemácia (seta vermelha), resultado da hiperemia passiva.
Fonte: Departamento de Patologia da UFRJCorte histológico de pulmão com edema agudo, corado com HE (aumento de 10X).
 SAIBA MAIS
· O edema subcutâneo pode ser difuso e é influenciado nas regiões com maior gravidade (pernas, quando estiver de pé, e sacro, quando estiver deitado).
· Edemas resultantes da disfunção renal aparecem, em primeiro lugar, nas partes do corpo com tecidos conjuntivos frouxos, como as pálpebras.
· O edema cerebral pode ser localizado ou generalizado, dependendo da natureza e extensão da lesão ou processo patológico. O cérebro edemaciado apresenta sulcos estreitados e circunvoluções alargadas e achatadas, pois são comprimidos pelo crânio inflexível.
· No edema pulmonar, os pulmões apresentam de duas a três vezes o seu peso normal e a superfície revela um líquido espumoso, sanguinolento, representando uma mistura de ar, líquido de edema e hemácias extravasadas.
HEMORRAGIA
A hemorragia consiste em extravasamento do sangue dos vasos sanguíneos para um compartimento extracelular, ou seja, para cavidades, interstício e para fora do organismo. Para ocorrerem os distúrbios hemorrágicos, é necessário haver alguma alteração nos mecanismos de hemostasia.
HEMOSTASIA
Hemostasia é um processo fisiológico altamente regulado que envolve plaquetas, fatores de coagulação e o endotélio, que controla o sangramento quando ocorre lesão vascular. Esse processo começa no momento da lesão vascular e culmina na formação do tampão fibrinoplaquetário, que serve para prevenir ou limitar a extensão do sangramento.
As hemorragias podem ser classificadas como:
· Internas (em cavidades):
· Extensas: hemotórax (acúmulo de sangue na cavidade torácica);
· Pouco intensas (púrpuras, petéquias, equimoses, hematoma).
· Externas (cortes).
A HEMORRAGIA OCORRE DEVIDO A ALTERAÇÕES PRIMÁRIAS OU SECUNDÁRIAS NOS VASOS, DEFEITOS NAS PLAQUETAS OU NOS FATORES DE COAGULAÇÃO.
HEMORRAGIA
A figura a seguir mostra algumas alterações histológicas decorrentes da hemorragia.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico de pulmão, corado com HE (aumento de 10x). A foto mostra um pulmão que sofreu um infarto hemorrágico, com necrose nos septos alveolares decorrentes da hemorragia intra-alveolar. A presença de hemácias íntegras indica que o infarto é recente.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças
Petéquias puntiformes na mucosa colônica.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças
Sangramento intracerebral grave. A trombocitopenia (baixa concentração plasmática de plaqueta no sangue) pode levar à hemorragia cerebral, que pode ser fatal. A hemorragia intracraniana também pode ocorrer nos casos que existem distúrbios de fatores de coagulação.
O quadro a seguir exibe algumas causas da hemorragia. Além disso, podemos ver as alterações histológicas decorrentes da hemorragia.
	Causas
	Localização da alteração
	Exemplos
	Defeitos da hemostasia primária.
	Defeito plaquetário e doença de von Willebrand.
	Petéquias: pequenos sangramentos na pele ou nas membranas mucosas. Essas hemorragias tipicamente assumem a forma de petéquias, hemorragias diminutas (1 a 2mm).
	
	
	Púrpura: um pouco maiores (>3mm) que as petéquias.
	
	
	Epistaxe: sangramento pelo nariz.
	
	
	Sangramento gastrointestinal.
	
	
	Menorragia: menstruação excessiva.
	Defeitos da hemostasia primária.
	Defeitos nos fatores de coagulação.
	Sangramento em tecidos moles (como músculo)
	
	
	Hemartrose: sangramento em articulações.
	Defeitos generalizados envolvendo pequenos vasos.
	Características de distúrbios sistêmicos que rompem os vasos sanguíneos pequenos (vasculites,) ou que levam à fragilidade dos vasos sanguíneos.
	Equimose: equimoses (muitas vezes chamadas simplesmente de manchas roxas) são hemorragias com tamanho entre 1 e 2cm.
	
	
	Púrpura palpável: pequenas hemorragias na pele.
	Outras causas.
	Condições patológicas.
	Resultado de traumatismo, aterosclerose, aumento da pressão arterial, neoplasias, infecções.
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CURIOSIDADES
Fonte: Kuttelvaserova / Shutterstock
HEMATOMA
Tanto na púrpura quanto na equimose, o volume de sangue extravasado é suficiente para criar uma massa palpável de sangue, conhecida como hematoma.
HEMORRAGIAS
As hemorragias causam anemia, asfixia e hemorragia intracraniana A significância clínica da hemorragia depende do volume do sangramento, da velocidade com que ocorre e de sua localização. A perda rápida de até 20% do volume sanguíneo pode ter pouco impacto em adultos saudáveis; contudo, perdas maiores podem causar choque hemorrágico (hipovolêmico).
Fonte: Mr.Phakorn Kaewvichit / Shutterstock
TROMBOSE E EMBOLIA
TROMBOSE
Trombose é a patologia caracterizada pela formação de uma massa sólida originada a partir do sangue (trombo) dentro de um vaso ou do coração do indivíduo vivo. Ela é resultado de três tipos de alterações, conhecidas como a tríade de Virchow, que podem agir de forma isolada ou simultânea.
TIPOS DE ALTERAÇÕES
Lesão vascular, alteração no fluxo sanguíneo e hipercoagulabilidade.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doençasA tríade de Virchow da trombose. Dos três mecanismos, a lesão endotelial é o mais importante, pois pode alterar o fluxo sanguíneo local ou sistêmico e alterar a coagulabilidade do sangue.
 SAIBA MAIS
Lesão endotelial leva à ativação plaquetária. Os trombos cardíacos e a circulação arterial apresentam grande quantidade de plaquetas. Causas: traumas (punções muito repetidas, por exemplo), localização de bactérias na superfície vascular, infecções virais de células endoteliais, migração de parasitos na parede vascular (angeites e endocardites), arteriosclerose, infarto no miocárdio e erosões vasculares decorrentes de infiltrações neoplásicas.
Alteração do fluxo sanguíneo favorece a formação do trombo. No fluxo sanguíneo normal, as células fluem centralmente, não apresentando o contato com o endotélio.
· Pode ser por diminuição no fluxo sanguíneo (estase), que altera o fluxo lamelar e faz com que as células (inclusive plaquetas) passem à corrente marginal, facilitando o contato das plaquetas com o endotélio, ao mesmo tempo em que concentra os fatores da coagulação.
· Por turbulência, predispõem à deposição de plaquetas (por alterar o fluxo lamelar com modificação da corrente axial em marginal) e por traumatizar o endotélio, facilitando a exposição do colágeno subendotelial.
VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE TROMBO E COÁGULO?
TROMBO COÁGULO
TROMBO
Massa sólida estruturada derivadadentro da correte sanguínea (plaquetas, fibrinas e elementos celulares).
COÁGULO
Massa não estruturada de sangue que extravasa para fora dos vasos sanguíneos. Os coágulos que se formam após a morte são gelatinosos e exibem duas porções, uma vermelho-escuro mais declive, devido à decantação das hemácias pela ação da gravidade, e uma porção superior amarela, semelhante à “gordura de galinha”, e não estão aderidos à parede venosa subjacente.
Os trombos podem ser formados em qualquer lugar do sistema cardiovascular. Os trombos venosos se originam em locais de estase, e os arteriais, de lesão endotelial ou de turbulência. Eles são classificados em quatro tipos diferentes, como podemos observar a seguir. Clique nas abas para leitura.
CLASSIFICAÇÃO DOS TROMBOS
	Classificação quanto à estrutura
	Trombos vermelhos ou de coagulação: ricos em hemácias, comum nos trombos venosos.
	
	Trombos brancos: constituídos basicamente de plaquetas e fibrina, geralmente associados às alterações endoteliais, sendo mais frequentes em artérias.
	
	Trombos hialinos: constituídos de agregados microscópios de fibrina e plaqueta, relacionados a alterações na composição genética e a coagulação intracelular disseminada.
	
	Trombos mistos: são os mais comuns, formados por estratificações fibrinosas (brancas), alternadas com partes (vermelhas). São alongados e apresentam três partes:
· Cauda: trombo vermelho;
· Colo: porção estreita intermediária, na qual se configuram as “linhas de Zahn” resultantes da alternância de zonas brancacentas e avermelhadas.
· Cabeça: trombo branco, pequeno, fixado no endotélio.
	Classificação quanto à Localização
	Venoso: localizado predominantemente nos membros inferiores. São úmidos e gelatinosos, associam-se às flebectasias e à estase prolongada. Quase sempre oclusivo. Apresentam mais hemácias e menos plaquetas, devido à circulação mais lenta, e são conhecidos como trombos vermelhos ou de estase. Acometem mais as veias dos membros inferiores.
	
	Murais: ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen da aorta. A contração anormal do miocárdio (arritmias, cardiomiopatia dilatada ou infarto do miocárdio) ou a lesão endomiocárdica (miocardite ou trauma por cateter) promovem trombos murais cardíacos. Os trombos nas válvulas cardíacas são chamados de vegetações e podem ter colonização de bactérias ou fungos que tiveram uma via de entrada (como válvulas e cateteres).
	
	Arteriais: normalmente, são oclusivos e mais comuns nas aterias coronárias, cerebrais e femorais. Costumam se formar a partir de uma placa de ateroma rompida, mas podem ser originados por outras lesões, como vasculites ou trauma. Eles são uma malha friável de plaquetas, fibrinas, hemácias e leucócitos degenerados (trombo branco).
	
	Capilares: geralmente hialinos, ocorrendo nas coagulopatias de consumo (coagulação intravascular disseminada).
	Classificação quanto à interrupção do fluxo sanguíneo
	Oclusivos: obstruem totalmente a luz vascular. Comuns na trombose arterial e na venosa.
	
	Murais, semioclusivos e parietais: obstruem parcialmente a luz vascular. Comuns na trombose arterial e na cardíaca.
	
	Canalizado: trombo oclusivo que sofreu proliferação fibroblástica e neovascularização, restabelecendo, pelo menos, parte do fluxo sanguíneo.
	Classificação quanto à presença de infecção
	Séptico: quando o trombo tem a presença de vegetação bacteriana, como, por exemplo, na endocardite.
	
	Asséptico
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IMAGENS DOS TROMBOS
ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS E MICROSCÓPICAS DA TROMBOSE
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando trombos hialinos nos glomérulos renais. São agregações microscópicas de plaquetas e fibrina (seta) e podem ser observadas em capilares, quando a coagulação do sangue é ativada dentro dos vasos in vivo.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 40x), mostrando trombos vermelhos repletos de hemácias e fibrinas, comum na trombose venosa (seta).
Fonte: Anônimo / LabPath UFRN
Corte histológico, corado por HE (aumento de 4x), mostrando trombos vermelhos repletos de hemácias (seta preta) e fibrinas e plaquetas mais claras (seta azul).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando artéria com trombose, formando uma malha friável de plaquetas, fibrinas hemácias e leucócitos degenerados.
Fonte: KUMAR, ABBAS e ASTER, 2016
Trombos murais localizados nos ventrículos esquerdo e direito (seta branca), mostrando áreas mais claras.
Fonte: Anônimo / LabPath UFRN
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando laminações aparentes chamadas de linhas de zahn. Trata-se de depósitos brancos (círculo azul) de fibras e plaquetas com camadas vermelhas (círculo preto) repletas de hemácias. Essas laminações indicam que um trombo foi formado na presença de fluxo sanguíneo.
Vimos que o trombo pode ser classificado como oclusivo, semioclusivo e canalizado conforme o quadro de classificações. Porém, qual é o destino do trombo? Observe a imagem a seguir e reflita.
Fonte: Autora
EMBOLIA
A embolia representa uma massa intravascular solta, ou seja, uma massa sólida (trombo), líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue da sua origem até encontrar vasos sanguíneos e linfáticos que não permitam mais a sua passagem, causando a oclusão total ou parcial, a disfunção tecidual ou um infarto. As consequências clínicas vão depender do tamanho, local e tipo de vaso que está sendo ocluído, mas, normalmente, leva à morte do indivíduo. No quadro a seguir, estão resumidos os principais tipos de êmbolos. Além disso, a figura ao lado apresenta algumas alterações histológicas encontradas na embolia de medula óssea ou gordurosa.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doençasCorte histológico corado por HE (aumento de 10x), mostrando êmbolo de medula óssea (seta preta) na circulação pulmonar (seta azul). No êmbolo, há vacúolos brancos repletos de adipócitos (seta vermelha) e células provenientes da medula óssea (seta laranja).
TIPOS DE ÊMBOLOS
	Tipos de êmbolos
	Origem
	Embolia pulmonar
	Origina-se na trombose venosa e é transportado através de veias progressivamente maiores para o lado direito do coração antes de colidir dentro da rede vascular arterial pulmonar. Dependendo do tamanho do êmbolo, ele pode ocluir a artéria pulmonar principal, impactar-se numa bifurcação da artéria pulmonar (êmbolo em sela) ou parar dentro das artérias ramificadas menores. Trata-se do mais comum sintoma da doença tromboembolítica.
	Tromboembolismo sistêmico
	A maioria dos êmbolos arteriais sistêmicos (80%) surge a partir de trombos murais intracardíacos, mas podem ter origem em aneurismas aórticos, placas ateroscleróticas, vegetações valvares ou trombo venoso (embolia paradoxal). Os êmbolos arteriais podem atingir vários locais diferentes. Seu ponto de parada dependerá da sua origem e do volume relativo do fluxo sanguíneo que cada tecido recebe. A maioria se aloja nas extremidades inferiores (75%) ou no cérebro (10%), mas outros tecidos, incluindo os intestinos, rins, o baço e as extremidades superiores, podem ser ocasionalmente comprometidos. Podem ocorrer diferentes consequências dependendo do local acometido, mas o resultado é normalmente o infarto tecidual.
	Embolia gordurosa e de medula óssea
	Glóbulos de gordura microscópicos — por vezes associados à medula óssea hematopoiética — podem ser encontrados na vasculatura pulmonar após a fratura de ossos longos ou, mais raramente, nos casos de trauma em tecidos das partes moles ou em queimaduras. A embolia gordurosa ocorre em aproximadamente 90% das pessoas com lesões ósseas graves, mas geralmente é assintomática.
	Embolia gasosa
	As bolhas gasosas dentro da circulação podem coalescer e formar massas espumosas que obstruem o fluxo vascular, causando lesão isquêmica distal. A embolia gasosa pode ocorrer durante uma cirurgia de revascularização, ou uma neurocirurgia, na perfuração do tórax com aspiração de ar e na doença de descompressão.Embolia do líquido amniótico
	Corresponde a uma complicação durante o parto ou no pós-parto, com grande mortalidade materna. A causa de base é a infusão de líquido amniótico ou tecidos fetais na circulação materna através de laceração das membranas placentárias ou pela ruptura de veias uterinas, o que leva à ativação do sistema imunológico e do sistema de coagulação intravascular. A mortalidade é mais relacionada à grande ativação do sistema imune e à coagulação do que à obstrução das veias pulmonares.
 SAIBA MAIS
A maioria dos êmbolos é derivada dos trombos. Por isso, são chamados também de tromboembolismo. Outros êmbolos mais raros são: gotículas de gordura, bolhas de nitrogênio, detritos ateroscleróticos (êmbolos de colesterol), fragmentos de tumor, fragmentos da medula óssea ou outros corpos estranhos.
CURIOSIDADES
· A maioria dos pacientes com êmbolos após a lesão de ossos longos são assintomáticos. Os pacientes sintomáticos apresentam uma série de manifestações clínicas chamadas de síndrome da embolia gordurosa, caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia e trombocitopenia. A patogênese da síndrome de embolia gordurosa provavelmente envolve obstrução mecânica e lesão bioquímica. Microêmbolos gordurosos associados a hemácias e agregados plaquetários podem ocluir a microvasculatura pulmonar e cerebral. A liberação de ácidos graxos livres dos glóbulos de gordura agrava a situação por provocar lesão tóxica local ao endotélio, ativação plaquetária e recrutamento de granulócitos (que liberam radicais livres, proteases e eicosanoides), o que completa o ataque ao vaso.
· A doença de descompressão (doença dos mergulhadores) é um exemplo de embolia gasosa. Quando eles estão mergulhando em águas profundas, o ar inalado apresenta alta pressão, e isso faz com que gases, como o nitrogênio, fiquem dissolvidos no sangue e tecido. Se o mergulhador subir muito rápido (despressurização), o nitrogênio sai da sua forma solubilizada nos tecidos e forma bolhas insolúveis ao sangue, principalmente nos músculos esqueléticos e nos tecidos periarticulares. Nos pulmões, as bolhas gasosas na vasculatura causam edema, hemorragia e atelectasia ou enfisema focais, levando a uma forma de desconforto respiratório (engasgo). No músculo esquelético, leva à necrose isquêmica.
INFARTO E CHOQUE
INFARTO
O infarto consiste em uma área tecidual de necrose gerada por isquemia prolongada causada pela obstrução de uma veia ou artéria. No entanto, a maioria dos infartos é ocasionada pela embolia arterial ou por trombos arteriais. Os infartos por trombose venosa são mais frequentes nos órgãos de apenas uma via eferente, como acontece nos testículos e ovários. Nos tecidos que apresentam uma via eferente ramificada, com inúmeros canais colaterais, a trombose venosa causa apenas congestão (hiperemia passiva) e, quando isso ocorre, os canais colaterais rapidamente se dilatam para melhorar o fluxo sanguíneo na região, sem danificar o tecido. Além dessas causas, existem outros mecanismos que destravam o infarto, como exposto no quadro a seguir. Vamos conhecê-los?
ISQUEMIA PROLONGADA
É a diminuição ou a escassez de fluxo de sangue para um órgão ou local do organismo.
CAUSAS DO INFARTO
	Trombose arterial
	Embolia arterial
	Trombose venosa
	Vasoespasmo local
	Hemorragia dentro de uma placa ateromatosa
	Compressão extrínseca do vaso (por tumor)
	Torção dos vasos (torção intestinal ou testicular)
	Ruptura vascular traumática
	Compressão vascular por edema
QUAL A PROBABILIDADE DE UMA OCLUSÃO NOS VASOS PROVOCAREM UM INFARTO?
RESPOSTA
A probabilidade de uma oclusão vascular provocar ou não um infarto é influenciada pela presença de circulação colateral, pela velocidade de desenvolvimento da obstrução, pela suscetibilidade intrínseca do tecido à isquemia e pela oxigenação do sangue. As implicações dos infartos dependem do local, podendo ser letais, quando ocorrem no cérebro, coração e no intestino, ou nem ser percebidas, como acontece no infarto renal ou esplênico.
Os infartos são classificados de acordo com seus aspectos morfológicos, como coloração (brancos ou vermelhos), ou pela a presença de contaminantes, em sépticos e assépticos (sem contaminantes). Podemos entender mais sobre os tipos de infarto clicando a seguir.
INFARTO BRANCO
· Aspecto morfológico – A área onde ocorreu a lesão fica branca (pálida) em relação à coloração normal do órgão e bem definida.
· Localização – Ocorre nos órgãos que não apresentam vasos sanguíneos colaterais, nos chamados órgãos sólidos com circulação terminal (baço, rim, cérebro e coração).
· Causa – Obstrução sempre arterial.
INFARTO VERMELHO
· Aspecto morfológico – A área onde ocorreu a lesão fica vermelha devido à intensa hemorragia.
· Localização – Ocorre em áreas que apresentam vasos sanguíneos colaterais, quando há oclusão dos vasos principais (intestino ou pulmão).
· Causa – Obstrução arterial ou venosa.
INFARTO SÉPTICO
· Aspecto morfológico – A área em que ocorreu um infarto apresenta abscesso.
· Localização – Ocorre intensa resposta inflamatória na região.
· Causa – Vegetações de microrganismos presentes nas válvulas cardíacas que passam por embolia.
Os infartos recentes apresentam uma característica macroscópica mal definida, não apresentam bordas limitadas e são levemente hemorrágicos. Após um período, eles passam a ser bem definidos pela hiperemia e inflamação desencadeada na região. No infarto branco, com o passar das horas, a região infartada fica com uma coloração pálida e bem definida, com deposição de fibrina. No infarto vermelho, as hemácias extravasadas pela hemorragia são fagocitadas pelos macrófagos, que degredam o grupamento heme e acumulam grânulos de hemossiderina. Caso a hemorragia seja intensa, é observada uma coloração castanho-viva. Observe abaixo as características morfológicas do infarto. A partir da figura, podemos observar que o infarto apresenta em forma de cunha, com o vaso ocluído no ápice.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças.
Em (A), infarto vermelho, que ocorre nos tecidos que apresentam vasos colaterais. Na imagem, o pulmão apresenta uma área com intensa hiperemia em formato de cunha.
Fonte: Anônimo / Robbins & Contran: bases das doenças.
Em (B), infarto branco, característicos de órgãos terminais. Na imagem, o rim apresenta uma área pálida em formato de cunha.
Em cortes histológicos, observa-se a necrose coagulativa isquêmica(No cérebro, acontece a necrose liquefativa).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando tecido muscular cardíaco normal com células apresentando núcleo central.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando tecido muscular cardíaco após infarto branco por oclusão de uma artéria coronariana. Na foto, é verificada a necrose coagulativa isquêmica, com as células perdendo o núcleo, e presença de células inflamatórias (setas).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando pulmão com área com hemorragia intra-aveolar (círculo azul).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando pulmão com infarto vermelho com presença de hemácias (seta branca) e necrose dos alvéolos, as células não apresentam mais núcleo ou estão picnóticas.
CHOQUE
O choque é um estado de diminuição do débito cardíaco ou do volume de sangue eficaz para suprir os tecidos com oxigênio e nutrientes, levando à hipóxia celular. Inicialmente, a lesão celular provocada pelo choque é reversível, podendo progredir para irreversível quando o quadro for prolongado. O choque pode ser causado por diferentes mecanismos; seus tipos são apresentados a seguir.
DÉBITO CARDÍACO
Débito cardíaco é o volume de sangue bombeado por minuto.
TIPOS DE CHOQUE
	Tipos de choque
	Exemplos
	Principais mecanismos
	Cariogênico
	· Infarto do miocárdio.
· Ruptura ventricular.
· Arritmia.
· Miocardite.
· Embolia pulmonar.
	Resulta de um baixo débito cardíaco devido à falência da bomba miocárdica.
	HipovolêmicoPerda de líquidos (hemorragia, diarreia, vômitos, queimaduras e traumas).
	Resulta de um débito cardíaco baixo devido à perda do volume sanguíneo.
	Choque relacionado à inflamação
	· Infecções microbianas graves.
· Trauma, queimadura e pancreatite.
· Superantígenos (síndrome do choque tóxico).
	Ativação de inúmeras citocinas, vasodilatação periférica, lesão/ativação endotelial, lesão induzia por leucócitos, coagulação intracelular disseminada.
A característica patogênica comum é a liberação de mediadores inflamatórios das células da imunidade inata e adquirida que produzem vasodilatação arterial, perda de líquido intravascular e represamento de sangue venoso. Essas anormalidades cardiovasculares resultam em hipoperfusão tecidual, hipoxia celular e desarranjos metabólicos, que levam à disfunção dos órgãos e, se graves e persistentes, à falência de órgãos e morte.
 SAIBA MAIS
O choque séptico é causado pela resposta do hospedeiro às infecções bacterianas, virais ou fúngicas, e é uma condição inflamatória sistêmica caracterizada pela ativação da célula endotelial, edema tecidual, coagulação intravascular disseminada e desarranjos metabólicos, que geralmente levam à falência dos órgãos e à morte.
No choque, as alterações morfológicas podem ser observadas em qualquer tecido, mas elas estão mais presentes no cérebro, coração, nos pulmões, rins, em glândulas suprarrenais e no trato gastrointestinal, onde ocorre lesão celular, resultado da hipóxia. Nas imagens abaixo, podemos observar as alterações morfológicas durante o choque.
Fonte: Anônimo / UNICAMP
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando tecido hepático com hepatócitos normais.
Corte histológico, corado por HE (aumento de 10x), mostrando tecido hepático após choque. Observamos alterações verificadas na lesão hipóxia. A falta de ATP leva à inativação da bomba de sódio e potássico, com acumulação de sódio na célula e água, levando à tumefação celular (seta). (degeneração hidrópica).
Fonte: Anônimo / UNICAMP
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. NESTE MÓDULO, APRENDEMOS QUE O SISTEMA CIRCULATÓRIO PODE SER ALTERADO, ORIGINANDO DIFERENTES EVENTOS DENOMINADOS DISTÚRBIOS DA CIRCULAÇÃO. SOBRE HIPEREMIA, HEMORRAGIA E EDEMA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A hiperemia consiste no aumento da irrigação sanguínea em determinada região do corpo. Os tecidos tornam-se vermelhos pelo aumento da quantidade de sangue com oxigênio disponibilizado. A hiperemia é apenas verificada em condições patológicas.
A congestão ou hiperemia passiva consiste na diminuição da drenagem venosa e pode ocorrer apenas localmente.
A hemorragia consiste no extravasamento de sangue da corrente sanguínea para o meio exterior, interstício ou as cavidades do corpo, resultantes de defeitos na hemostasia ou em decorrência de traumas.
O edema caracteriza-se pelo acúmulo de líquido dentro do interstício, o que pode ocorrer limitado a uma região ou em grandes cavidades. Há dois tipos de edema, o transudato, que é rico em proteína, e o exsudato, pobre em proteína.
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2. VERIFICAMOS, AO LONGO DESTE MÓDULO, QUE A FORMAÇÃO DE UM TROMBO NO ORGANISMO PODE OBSTRUIR UM VASO OU LEVAR À FORMAÇÃO DE UM ÊMBOLO, QUE CAUSA INFARTO DO TECIDO LESIONADO E O CHOQUE. SOBRE TROMBOSE, EMBOLIA, INFARTO E CHOQUE, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.
O infarto consiste em uma área tecidual de necrose gerada por isquemia prolongada (diminuição ou a escassez de fluxo de sangue para um órgão ou local do organismo) causada pela obstrução de uma veia ou artéria.
O choque representa a falência circulatória e a capacidade de suprir os tecidos de oxigênio e nutrientes, ocasionado pelo aumento do débito cardíaco.
A embolia representa uma massa intravascular solta, ou seja, uma massa sólida (trombo), líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue da sua origem até encontrar vasos sanguíneos e linfáticos que não permitem mais a sua passagem.
Trombose é a patologia caracterizada pela formação de uma massa sólida originada a partir do sangue (trombo) dentro de um vaso ou do coração do indivíduo vivo. A trombose é resultado de três tipos de alterações (lesão vascular, alteração no fluxo sanguíneo e hipercoagulabilidade), conhecidas como a tríade de Virchow, que podem agir de forma isolada ou simultânea.
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GABARITO
1. Neste módulo, aprendemos que o sistema circulatório pode ser alterado, originando diferentes eventos denominados distúrbios da circulação. Sobre hiperemia, hemorragia e edema, assinale a alternativa correta.
A alternativa "C " está correta.
A hiperemia, que consiste no aumento da irrigação sanguínea em determinada região do corpo, é verificada apenas em condições patológicas (infeção ou inflamação) ou fisiológicas (após exercício físico). A congestão é a diminuição da irrigação sanguínea. Ela pode ser ocasionada por fatores locais (como varizes) ou sistêmicos (como um trombo venoso). O edema caracteriza-se pelo acúmulo de líquido dentro do interstício. Ele pode ocorrer limitado a uma região ou em grandes cavidades. Há dois tipos de edema, o exsudato, que é rico em proteína e é característico do edema ocasionado por causas inflamatórias, e o transudato, característico de edemas com causa não inflamatórias.
2. Verificamos, ao longo deste módulo, que a formação de um trombo no organismo pode obstruir um vaso ou levar à formação de um êmbolo, que causa infarto do tecido lesionado e o choque. Sobre trombose, embolia, infarto e choque, assinale a alternativa incorreta.
A alternativa "B " está correta.
O choque representa a falência circulatória e a capacidade de suprir os tecidos de oxigênio e nutriente, pela diminuição do débito cardíaco (quantidade de sangue bombeado por minuto) ou diminuição do volume de sangue eficaz para suprir os tecidos com oxigênio e nutrientes.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, estudamos as alterações celulares reversíveis, entendendo o mecanismo em que ocorre essas lesões e os tipos de alterações morfológicas (degenerações) que elas causam. Vimos que as primeiras alterações reversíveis detectadas em uma célula são tumefação celular e acúmulo de gordura no seu citoplasma. Essas alterações são verificadas no início de um estímulo nocivo. Caso esse estímulo se prolongue, ocorre a morte celular (necrose ou apoptose).
Além disso, foi possível analisar quais são os tipos de pigmentos (substâncias que geram coloração) acumulados no citoplasma das células. Nosso organismo pode apresentar pigmentos exógenos, como carvão e tatuagem, e endógenos, que são feitos pelo próprio organismo, como hemossiderina, bilirrubina, lipfusina e melanina, que são produzidos em condições fisiológicas, mas podem apresentar maior produção em situações patológicas.
Ao final deste tema, vimos os principais distúrbios circulatórios. São eles: hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo); edema (acúmulo de líquidos no interstício); hemorragia (extravasamento do sangue); trombose (massa sólida que é formada dentro do organismo); embolia (massas solidas, liquidas ou gasosas que são transportadas pela circulação); infarto (área de necrose tecidual); choque (falência circulatória). Verificamos suas causas, principais manifestações e consequências ao organismo e alterações morfológicas de cada distúrbio. Para isso, foi preciso relembrar o sistema circulatório, seus constituintes, suas funções e os mecanismos que garantem a hemostasia para compreender como esses distúrbios acontecem.

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