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INTRODUÇÃO O uso de drogas ilícitas aumentou em vários países do mundo, bem como no Brasil. Nos Estados unidos, 5% das gestantes relataram ter usado droga ilícita, sendo o uso da canabis o mais comum, seguido da cocaína. O uso de álcool e drogas por mulheres grávidas pode resultar em significativa morbidade e mortalidade materna, fetal e neonatal. Menos propensas a procurar cuidado pré-natal e têm taxas mais elevadas de HIV, hepatite e outras infecções sexualmente transmissíveis. A pesquisa para o uso de drogas deve fazer parte do cuidado obstétrico. Pesquisar, rápida intervenção e encaminhamento para tratamento é a abordagem ideal ALCOOL Segundo recente estudo de Lange et al. (2017), 10% das mulheres da população global consomem álcool durante a gestação, resultando, na prática, que uma em cada 67 mulheres terá um filho com SAF, ou seja, 119.000 crianças por ano afetadas no mundo. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) malformações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais, as alterações comportamentais estão sempre presentes. No mundo, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos. No Brasil não há dados oficiais No Hospital Cachoeirinha, um estudo com 2 mil pacientes apontou que 33% bebiam mesmo esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz. Os efeitos de álcool no feto podem não ser reconhecidos ao nascimento, e se manifestarem muito mais tardiamente, na idade escolar, comprometendo o desenvolvimento da criança na escola, permanecendo durante toda a vida. Não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a criança de qualquer risco. Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica. Mecanismos do álcool para explicar os efeitos teratogênicos: ♥ aumento do estresse oxidativo pela formação de radicais livres; ♥ distúrbio no metabolismo da glicose, proteínas, lipídios e no DNA; ♥ neurogênese diminuída e aumento da apoptose celular, em particular de células da crista neural. As consequências finais são o atraso no crescimento intrauterino e a ocorrência de malformações congênitas Dismorfismos faciais: fissuras palpebrais pequenas, ausência de filtro nasal, borda vermelha do lábio superior fina TABAGISMO O tabagismo é a principal causa de morte passível de prevenção no mundo. 6 milhões de pessoas morrem ao ano em decorrência direta ou indireta do uso. Mais de metade dos fumantes manifesta desejo de cessar o uso, mas menos da metade tentou fazer isso no último ano Apenas 1/4 das pessoas que tenta parar de fumar busca auxílio profissional, e uma quantidade menor ainda recebe tratamentos comprovadamente efetivos (Rigotti, 2012). O dobro de chance de ter um recém-nascido classificado como baixo peso (<2.500 gramas) e com menor comprimento. Maior prevalência de aborto espontâneo, partos pré-termos, baixo peso ao nascer, mortes fetais e de recém-nascidos, entre outras consequências. A triagem para uso de cigarro é de extrema importância, deve ser realizada em primeiros atendimentos e periodicamente nas consultas médicas. Dessa forma podem-se realizar intervenções direcionadas à abstinência, sendo essas as principais estratégias de prevenção que podem ser utilizadas na área da saúde como um todo. Alterações congênitas por tabagismo Impacto do tabagismo no pós-natal ESTRATÉGIAS FARMACOLÓGICAS Entre as estratégias de primeira linha estão as terapias de reposição de nicotina (TRNs) (Committee on Underserved Women e Committee on Obstetric Practice, 2017) e bupropiona (Jorenby et al., 1999). CANABIS O delta-9-tetrahidrocanabinol, substância que atravessa com facilidade a barreira placentária. Redução significativa, tanto no início como na duração da amamentação O resultado mais comum ligado à exposição à canabis no útero é a diminuição do peso ao nascer Transtornos cognitivos e emocionais COCAÍNA Está associado a convulsões, ruptura prematura das membranas e descolamento prematuro da placenta. Pode levar ainda a pré-eclâmpsia grave, aborto espontâneo, parto prematuro e complicações no parto. Os fetos expostos ao uso da cocaína durante a gravidez são frequentemente prematuros, têm baixo peso ao nascer, circunferência cefálica menor e menor estatura quando comparados a recém-nascidos não expostos. ESTIMULANTES As anfetaminas causam euforia, aumento de energia e supressão do apetite. No entanto, a exposição a anfetamina durante os períodos do pós- parto precoce e tardio interrompem a interação mãe-bebê e encurta a duração da amamentação. ECSTASY Associada à morbidade e mortalidade materna e neonatal. Aumento de duas a quatro vezes no risco de restrição do crescimento fetal, pré-eclâmpsia, descolamento prematuro da placenta, parto prematuro, morte fetal, morte neonatal e morte infantil. OPIÁCEOS As taxas de morte associadas a analgésicos opioides aumentaram quase 400% entre 2000 e 2014. Com o aumento do uso indevido de opioides prescritos, houve aumento acentuado das taxas de uso de heroína. As mortes por overdose que envolvem heroína aumentaram mais de 300% em menos de cinco anos, de pouco mais de 3.000 em 2010 para mais de 10.500 em 2014. Os tipos de opiáceos mais importantes são: morfina, codeína, meperidina, metadona, heroína e oxicodona. O uso de opióides na gravidez aumentou drasticamente nos últimos anos, em paralelo com a epidemia observada na população em geral, levando a um aumento da mortalidade materna. Os opiáceos, como a heroína, raramente causam anomalias congênitas, mas como atravessam a barreira placentária podem levar à síndrome da abstinência fetal, cujos sintomas são: irritabilidade, choro excessivo, nervosismo, vômitos e diarreia. CONSIDERAÇÃO FINAL A conscientização das mulheres das graves consequências do abuso de substâncias no período periconcepcional, na gestação e pós-parto deve fazer parte da assistência primária à saúde.
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