Buscar

Teoria Literária - Atividades A02 e A04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade: UAM Ano: 2022 
Curso: Licenciatura em Letras – Inglês 
Disciplina: Teoria Literária 
 
Atividades A02 e A04 
 
Questão 01 
Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. 
“Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se 
tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem 
sou eu?” 
Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. 
A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe 
responde ao sorriso porque nem ao menos a olham. 
Voltando a mim: o que escreverei não pode ser absorvido por mentes que muito exijam e ávidas 
de requintes. Pois o que estarei dizendo será apenas nu. Embora tenha como pano de fundo - e 
agora mesmo - a penumbra atormentada que sempre há nos meus sonhos quando de noite 
atormentado durmo. Que não se esperem, então, estrelas no que se segue: nada cintilará, trata-
se de matéria opaca e por sua própria natureza desprezível por todos. É que a esta história falta 
melodia cantabile. O seu ritmo é às vezes descompasso. E tem fatos. Apaixonei-me subitamente 
por fatos sem literatura - fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, 
de fatos não há como fugir. 
Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém 
que eu mesmo ainda não sei bem como isto terminará. E também porque entendo que devo 
caminha passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o 
tempo. E esta é também a minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar 
da impaciência que tenho em relação a essa moça.” 
(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.) 
 
Assinale a alternativa correta em relação ao modo de enunciação observado: 
 
 
 
Questão 02 
Leia o trecho a seguir: 
“Uma voz chega a alguém no escuro. Imaginar. 
A alguém deitado de costas no escuro. Isso ele pode dizer pela pressão nas partes traseiras e 
pela mudança do escuro quando ele fecha os olhos e de novo quando os abre de novo. Só uma 
pequena parte do que é dito pode ser verificada. Como por exemplo quando ele ouve, Você está 
deitado de costas no escuro. Então ele deve reconhecer a verdade do que é dito. Mas de longe a 
maior parte do que é dito não pode ser verificada. Como por exemplo quando ouve, Você viu a luz 
primeiro em tal e tal dia. Às vezes os dois se combinam como por exemplo, Você viu a luz 
primeiro em tal e tal dia e agora está deitado de costas no escuro. Um expediente talvez da 
incontrovertibilidade de um para ganhar crédito para o outro. Aquela então é a proposição. A 
alguém deitado de costas no escuro uma voz conta de um passado. Com alusões ocasionais a 
um presente e mais raramente a um futuro como por exemplo, Você acabará como está agora. E 
num outro escuro ou no mesmo um outro imaginando tudo por companhia. Depressa deixa-lo. 
(...) Inventor da voz e do seu ouvinte e dei si mesmo. Inventor de si mesmo por companhia. Deixar 
assim. Ele fala de si mesmo como de um outro. Ele diz falando de si mesmo, Ele fala de si mesmo 
como de um outro. A si mesmo ele inventa também por companhia. Deixar assim. Confusão 
também é companhia até certo ponto Melhor esperança adiada que nenhuma. Até certo ponto Até 
o coração começar a desgostar-se. Companhia também até certo ponto. Melhor um coração 
desgostoso que nenhum. Até começar a partir-se. Então falando de si mesmo ele conclui por 
enquanto, Por enquanto deixar assim.” 
(BECKETT, Samuel. Companhia. In: BECKETT, Samuel. Companhia e outros textos. 
São Paulo: Globo, 2012. p. 27-64.) 
 
No conto Companhia, obra de Samuel Beckett, a interpretação do tipo de narrador é crucial para a 
apreensão de sentido. Pensando nisso, leia o trecho a seguir e assinale a alternativa correta em 
relação aos recursos formais utilizados pelo autor quanto ao modo de enunciação. 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 03 
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. 
“- NONADA. TIROS QUE O SENHOR ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei 
mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde 
mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, 
os olhos de nem ser - se viu -; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. 
Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara 
de gente, cara de cão: determinaram - era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei 
quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... 
Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente - depois, 
então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que 
situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, 
demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, 
que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar 
dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, 
arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira 
dele, tudo dá - fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; 
culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O 
gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o 
senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.” 
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível 
em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso 
em: 03 ago. 2019.) 
 
Leia as afirmações a seguir: 
1. Considerando-se que este é o parágrafo de abertura do romance, é possível afirmar que o 
leitor é colocado in medias res (ou seja, sem explicações sobre as motivações que vieram 
antes do que está sendo dito) no discurso. 
2. Observam-se procedimentos estéticos que visam a aproximação do leitor, tais como a 
criação, evocação e construção desta figura do senhor, interlocutor da história, como em “o 
senhor tolere” e “o senhor ri certas risadas…”; e a utilização de formas verbais no presente 
indicativo. 
3. Uma hipótese possível, com base na análise do texto, é de que estabelece-se um paralelo 
entre o narrador a partir da construção da figura do interlocutor: o evidenciamento de 
certos aspectos da personalidade deste senhor que ouve os causos opera de maneira a 
contrastar estes mesmos aspectos em relação ao narrador, estabelecendo uma cisão 
entre eu x outro. 
Assinale a alternativa que possui apenas afirmações corretas: 
 
Questão 04 
Leia o trecho a seguir, retirado do livro Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. 
“Ao ver, o menino mandou encostar; só descemos. - ‘Você não arreda daqui, fica tomando conta!’ 
- ele falou para o canoeiro, que seguiu de cumprir aquela autoridade, desde que amarrou a 
corrente num pau-pombo. Aonde o menino queria ir? Sofismei, mas fui andando, fomos, na 
vargem, no meio avermelhado do capim-pubo. Sentamos, por fim, num lugar mais salientado, com 
pedras, rodeado por áspero bamburral. Sendo de permanecer assim, sem prazo, isto é, o quase 
calados, somente. Sempre os mosquitinhos era que arreliavam, o vulgar. - ‘Amigo, quer de 
comer? Está com fome?’ - ele me perguntou. E me deu a rapadura e o queijo. Ele mesmo, só 
tocou em miga. Estava pitando. Acabou de pitar, apanhava talos de capim-capivara, e mastigava; 
tinha gosto de milho-verde, é dele que a capivara come. Assim quando me veiovontade de urinar, 
e eu disse, ele determinou: - ‘Há-te, vai ali atrás, longe de mim, isso faz…’ Mais não conversasse; 
e eu reparei, me acanhava, comparando como eram pobres as minhas roupas, junto das dele.” 
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível 
em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso 
em: 03 ago. 2019.) 
 
Assinale a alternativa que indica adequadamente o tipo de narrador que está sendo desenvolvido 
no romance. 
 
Questão 05 
Leia o trecho a seguir, extraído do conto O dia do desmoronamento, de Juan Rulfo. 
“- Isto aconteceu em Setembro. Não em Setembro deste ano mas sim no do ano passado. Ou foi 
no ano anterior, Melitón? 
- Não, foi no ano passado. 
- Sim, eu bem me lembrava. Foi em Setembro do ano passado, pelo dia vinte e um. Ouve-me, 
Melitón, Não foi a vinte e um de Setembro o dia do tremor de terra? 
- Foi um pouco antes. Quer-me parecer que foi a dezoito. 
- Tens razão. Eu por esses dias andava em Tuxcacuesco. Até vi quando se desmoronavam as 
casas como se fossem feitas de mel, simplesmente, retorciam-se assim, fazendo trejeitos, e 
vinham as paredes inteiras para o chão. E as pessoas saíam dos escombros todas aterrorizadas, 
correndo direitinhas para a igreja aos gritos. Mas esperem. Ouve, Melitón, parece-me que em 
Tuxcacuesco não existe nenhuma igreja. Tu não te lembras? 
- Não há. Ali não restam senão umas paredes feitas em quatro bocados que dizem que foi a igreja 
há coisa de duzentos anos; mas ninguém se lembra dela, nem de como era; aquilo mais parece 
um curral abandonado infestado de figueirinhas. 
- Dizes bem. Então não foi em Tuxcacuesco que me apanhou o tremor de terra, deve ter sido no 
El Pochote. Mas El Pochote é um rancho, não é?” 
(RULFO, Juan. O dia do desmoronamento. In: RULFO, Juan. A planície em chamas. Lisboa: 
Cavalo de Ferro Editores Ltda, 2003. p. 121-129.) 
 
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto, considerando-se que a 
estrutura apresentada no trecho segue até o final do conto 
 
 
Questão 06 
Leia a seguir um fragmento do conto Colinas como elefantes brancos, de Ernest Hemingway. 
“‘Você faria uma coisa por mim?’ 
‘Faria qualquer coisa por você.’ 
‘Você pode parar de falar, por favor, por favor, por favor?’ 
Ele não disse nada mas olhou para as malas encostadas na mureta da estação. Tinham etiquetas 
de todos os hotéis em que haviam dormido. 
‘Mas eu não quero que você faça’, ele disse, ‘eu não me importo com nada.’ 
‘Eu vou gritar’, a moça disse. 
A mulher atravessou a cortina com dois copos de cerveja e os depositou sobre os apoios de feltro 
úmidos. ‘O trem chega em cinco minutos’, ela disse. 
‘O que ela disse?’, perguntou a moça. 
‘Que o trem chega em cinco minutos.’ 
A moça deu um sorriso radiante para a mulher, para agradecer. 
‘Acho melhor levar as malas para o outro lado da estação’, o homem disse. Ela sorriu para ele. 
‘Está bem. Depois volte e terminamos a cerveja.’ 
Ele pegou as duas malas pesadas e carregou-as pela estação até os trilhos do outro lado. 
Espreitou mas não conseguiu ver o trem. Voltando, entrou no salão do bar, onde as pessoas que 
esperavam o trem estavam bebendo. Bebeu um anis no balcão e olhou para as pessoas. Todas 
esperavam ordeiramente pelo trem. Atravessou a cortina de contas. Ela estava sentada à mesa e 
sorriu para ele. 
 ‘Está se sentindo melhor?’, ele perguntou. 
 ‘Estou bem’, ela disse. ‘Não tem nada de errado comigo. Estou bem.’” 
(HEMINGWAY, Ernest. Colinas como elefantes brancos. Tradução: Samuel Titan Jr.. Disponível 
em: <http://stoa.usp.br/gabrielamorandini/files/2130/12075/7+Colinas+como+Elefantes+Brancos+-
+Ernest+Hemingway+OK.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.) 
 
Assinale a alternativa que melhor corresponde ao tipo de narrador apresentado. 
 
 
Questão 07 
Leia o trecho a seguir, retirado do conto Viagem à semente, do escritor cubano Alejo Carpentier. 
“I 
− O que você quer, velho? 
Várias vezes a pergunta caiu do alto dos andaimes. Mas o velho não respondia. Andava de um 
lado para o outro, bisbilhotando, arrancando da garganta um comprido monólogo de frases 
incompreensíveis. Já haviam descido as telhas, cobrindo os canteiros mortos com seu mosaico de 
barro cozido. Em cima, os cumes desprendiam pedras de alvenaria, fazendo-as rodar por calhas 
de madeira, com grande agitação de cal e gesso. E pelas ameias sucessivas que iam 
desdentando as paredes apareciam - despojados de seu segredo - céus planos ovais ou 
quadrados, cornijas, grinaldas, dentículos, astrágalos, e papéis colados que se penduravam dos 
testeiros como velhas peles de serpente em muda. Presenciando a demolição, uma Ceres com o 
nariz quebrado e a túnica desbotada, listado de preto o penteado de plantas, erguia-se no pátio, 
sobre sua fonte de máscaras borradas. Visitados pelo sol em horas de sombra, os peixes cinza do 
tanque bocejavam em água musgosa e morna, olhando com o olho redondo aqueles 
trabalhadores, negros sobre céu claro, que iam baixando a altura secular da casa. O velho tinha 
se sentado, com o cajado apontando para a barba, ao pé da estátua. Olhava o subir e baixar de 
baldes em que viajavam restos apreciáveis. Ouviam-se, em surdina, os rumores da rua enquanto, 
acima, as polias faziam um concerto, sobre ritmos de ferro com pedras, de seus gorjeios de aves 
desagradáveis e peitudas.” 
(CARPENTIER, Alejo. Viagem à semente. In: CARPENTIER, Alejo. Concerto barroco. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 50-59.) 
 
Considerando que os procedimentos formais do texto em destaque replicam-se em todo o conto, 
assinale a alternativa que indica o tipo de narrador que melhor se encaixa neste tipo de narração. 
 
 
Questão 08 
Leia o trecho a seguir, retirado do texto O ponto de vista na ficção, de Norman Friedman: 
Já que o problema do narrador é a transmissão apropriada de sua estória ao leitor, as questões 
devem ser algo como: 1) Quem fala ao leitor? (...); 2) De que posição (ângulo) em relação à 
estória ele a conta? (de cima, da periferia, do centro, frontalmente ou alternando); 3) Que canais 
de informação o narrador usa para transmitir a estória ao leitor? (palavras, pensamentos, 
percepções e sentimentos do autor; ou palavras e ações do personagem; pensamentos, 
percepções e sentimentos do personagem: através de qual - ou de qual combinação - destas três 
possibilidades as informações sobre estados mentais, cenário, situação e personagem vêm?); e 4) 
A que distância ele coloca o leitor da estória? (próximo, distante ou alternando?). 
O PONTO DE VISTA NA FICÇÃO: O desenvolvimento de um conceito crítico. São Paulo: Revista 
Usp, maio 2002. Norman Friedman. Disponível em: 
<http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/33195>. Acesso em: 30 ago. 2019. 
Com base em seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, assinale a 
alternativa correta. 
 
 
Questão 09 
Nos itens a seguir, estão relacionados trechos retirados do romance Grande sertão: veredas e suas 
possíveis correlações a questões filosóficas. 
I: “O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão 
sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou 
desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.” (ROSA, João 
Guimarães. 1994. p. 24-25). Relaciona-se ao conceito de formação da subjetividade. 
II: “Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o 
rúim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito 
e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este 
mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do 
desespero. Ao que, este mundo é muito misturado…” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 306-307). 
Relaciona-se ao conceitode propriedade privada. 
III: “Sertão é o sozinho. Compadre meu Quelemém diz: que eu sou muito do sertão? Sertão: é 
dentro da gente. O senhor me acusa?” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 435). Relaciona-se ao 
conceito de individualidade e pertencimento. 
IV: “A gente vive repetido, o repetido, e, escorregável, num mim minuto, já está empurrado noutro 
galho. Acertasse eu com o que depois sabendo fiquei, para de lá de tantos assombros... Um está 
sempre no escuro, só no último derradeiro é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem 
na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 
84). Relaciona-se ao conceito de percepção de tempo e destino. 
V: “O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se 
sente é todo lambente - “Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao 
senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim 
escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do 
viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas - como quando a chuva entreonde-
os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha 
mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade.” (ROSA, João 
Guimarães. 1994. p. 408-409). Relaciona-se ao conceito de idealização amorosa. 
 
 Assinale a alternativa que possui apenas afirmações corretas. 
 
 
 
 
Questão 10 
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Os sofrimentos do Jovem Werther, de Johann 
Wolfgang von Goethe. 
“10 de maio 
Uma serenidade admirável domina minha alma inteira, semelhante à doce manhã primaveril que 
eu gozo de todo o coração. Estou tão só e minha vida é feita de alegrias por viver numa região 
que parece ter sido criada para almas como a minha. Estou tão feliz, meu amigo, tão mergulhado 
na sensação de minha calma existência, que a minha arte sofre com isso. Não poderia desenhar 
nada agora, nem sequer um traço, embora jamais tenha sido tão grande pintor quanto neste 
instante. Quando a bruma do vale se levanta a minha volta, e o sol altaneiro descansa sobre a 
abóbada escura e impenetrável da minha floresta, e apenas alguns escassos raios deslizam até o 
fundo do santuário, ao passo em que eu, deitado no chão entre a relva alta, na encosta de um 
riacho, descubro no chão mil plantinhas desconhecidas... Quando sinto mais perto de meu 
coração a existência desse minúsculo mundo que formiga por entre a relva, essa incontável 
multidão de ínfimos vermes e insetinhos de todas as formas e imagino a presença do Todo-
poderoso, que nos criou a sua imagem e semelhança, e o hálito do Todo amado que nos leva 
consigo e nos ampara a pairar em eternas delícias... Ah, meu amigo, quando o mundo infinito 
começa a despontar assim ante meus olhos e o céu se reflete todo ele em minha alma, como a 
imagem de uma amada... Então suspiro profundamente e penso: Ah! pudesses tu voltar a 
expressá-lo, pudesses tu exalar o sentimento e fixar no papel aquilo que vive em ti com tanta 
abundância e tanto calor, de maneira que o mesmo papel pudesse se fazer o espelho de tua 
alma, como tua alma é o espelho do Deus infinito! Meu amigo! Mas vou ao chão ante isso, 
sucumbo ante o poder e a majestade dessas aparições.” 
(GOETHE., Johann Wolfgang von. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&pm 
Pocket, 2001. 100 p. Tradução de Marcelo Backes. Disponível em: 
<http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/profs/romulo/Johann-Wolfgang-von-Goethe-
Os-Sofrimentos-do-Jovem-Werther.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019.) 
 
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto. 
 
 
 
 
 
 
Questão 11 
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
 
Husserl afirma que, ao nível da consciência, podemos ter a certeza sobre a forma como 
apreendemos os fenómenos em si mesmos, ilusórios ou reais, mesmo que não exista evidência 
sobre a existência independente das coisas. Toda a consciência é consciência de alguma coisa, 
isto é, não há consciência sem um objecto de referência, porque um pensamento está sempre 
‘voltado para algum objecto. O mundo exterior fica assim reduzido àquilo que se forma na nossa 
consciência, às realidades que constituem os puros fenômenos (...). Se não pode existir um acto 
de pensamento consciente sem um objecto de referência, também não pode existir um objecto 
sem existir também um sujeito capaz de o interpretar e apreender. 
E-Dicionário de Termos Literários (EDTL), coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, 
<http://www.edtl.com.pt>, consultado em 20 ago. 2019. Grifo nosso. 
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no 
excerto. 
 
 
Questão 12 
Leia o trecho a seguir, extraído do artigo Psicologia da literatura e psicologia na literatura, de 
Rosemary Conceição dos Santos et al. A seguir, responda ao que se pede. 
 
Considerando que o comportamento resulta dessa interação organismo-ambiente, Leite entende 
que a psicologia atual deve ter, portanto, recursos para explicar duas formas de comportamento 
que interessam diretamente à literatura, que são, o pensamento criador e a leitura de obra 
literária. Examinar a adequação da psicologia para explicar esses dois comportamentos é lançar 
luz sobre como se realiza, e concretiza, a tentativa de tanto o psicólogo quanto o ficcionista 
apresentar a descrição convincente de uma pessoa e de um personagem. 
SANTOS, Rosemary Conceição dos; SANTOS, João Camilo dos; SILVA, José Aparecido 
da. Psicologia da literatura e psicologia na literatura. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 26, n. 
2, p. 767-780, jun. 2018 . 
 
Levando em consideração os seus conhecimentos a respeito das diversas teorias de psicologia 
aplicáveis à crítica literária, assinale a alternativa que corresponde ao ramo da psicologia 
elaborado no texto. 
 
Questão 13 
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
 
Sem deixar de estabelecer as necessárias conexões entre os gêneros e as diversas obras da 
mesma série, a postura imanentista encara o texto como objeto autônomo, e não como 
documento ou manifestação de qualquer instância exterior. O (...) propõe o abandono do exame 
particular das obras, tomando-as como manifestação de outra coisa para além delas próprias: a 
estrutura do discurso literário, formado pelo conjunto abstrato de procedimentos que caracterizam 
esse discurso, enquanto propriedade típica da organização mental do homem. 
 CULT: Fortuna crítica 4. São Paulo: Bregantini, out. 1998. Grifo Nosso 
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no 
excerto. 
 
 
Questão 14 
O trecho a seguir foi retirado do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector. Leia-o e, depois, 
responda ao que se pede. 
 
Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que 
tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de 
guerra. E tinha um luxo, além de uma vez por mês ir ao cinema: pintava de vermelho 
grosseiramente escarlate as unhas das mãos. Mas como as roia quase até o sabugo, o vermelho 
berrante era logo desgastado e via-se o sujo preto por baixo. 
E quando acordava? Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que pensava com 
satisfação: sou datilógrafa e virgem, e gosto de coca-cola. Só então vestia-se de si mesma, 
passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser. Será que eu enriqueceria 
este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem 
nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não marcharia por nada deste 
mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa. Durante o dia eu 
faço, como todos, gestos despercebidos por mim mesmo. Pois umdos gestos mais despercebidos 
é esta história de que não tenho culpa e que sai como sair. A datilógrafa vivia numa espécie de 
atordoado nimbo, entre céu e inferno. Nunca pensara em ‘eu sou eu’. Acho que julgava não ter 
direito, ela era um acaso. Um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal. Há milhares 
como ela? Sim, e que são apenas um acaso. Pensando bem: quem não é um acaso na vida? 
Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo, o que é um ato que é um 
fato. É quando entro em contato forças interiores minhas, encontro através de mim o vosso Deus. 
Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou 
eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-
me com o meu encontro. 
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998. Disponível em: 
<http://colegioplante.com.br/wp-content/uploads/2016/06/A-Hora-da-Estrela-Clarice-
Lispector.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2019. 
 
Sob o ponto de vista da crítica literária de viés psicológico, assinale a alternativa correta. 
 
 
Questão 15 
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
 
O movimento deliberou, a partir de sua visão inovadora, que os críticos fizessem uma leitura 
minuciosa do poema (close reading), ou seja, para entender o poema deve-se apreciá-lo 
emocionalmente, buscando resolver as tensões entre as diversas unidades semânticas do texto 
que independem das emoções do autor, ainda que essas emoções possam ter ocorrido durante a 
produção. 
Houve também outras deliberações essenciais para a formação da estrutura teórica da crítica 
analisada nesse ensaio. A maioria dos críticos adeptos a essa corrente dirigiam seu olhar ao 
desprezo da intenção do autor e da história social em que o poema estaria inserido. 
 
REVISTA ANAGRAMAS: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação. São Paulo: Edusp, 
v. 5, n. 3, maio 2012. Grifo nosso. 
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no 
excerto. 
 
 
 
Questão 16 
Leia o trecho a seguir. 
 
Foi decepcionante não ter trazido para casa, à noite, alguma afirmação importante, algum fato 
autêntico. As mulheres são mais pobres do que os homens por causa. . . disto ou daquilo. (...) 
Melhor seria cerrar as cortinas, deixar as distrações do lado de fora, acender o abajur, abreviar a 
pesquisa e pedir ao historiador, que registra não opiniões, mas fatos, para descrever sob que 
condições viviam as mulheres, não em todas as épocas mas, na Inglaterra, digamos, na época de 
Elizabeth. 
Pois é um enigma perene a razão por que nenhuma mulher escreveu uma só palavra daquela 
extraordinária literatura, quando um em cada dois homens, parece, era dotado para a canção ou o 
soneto. Quais eram as condições em que viviam as mulheres? (...) 
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do Livro S.a, 1928. 141 p. Disponível em: 
<https://iedamagri.files.wordpress.com/2014/07/uma-hipotc3a9tica-irmc3a3-de-shakespeare-um-
teto-todo-seu.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019. Grifo nosso. 
 
Considerada uma das primeiras autoras feministas de importância, Virginia Woolf, no ensaio Um 
teto todo seu, palestra a respeito da relação entre “mulher” e “ficção”. Seus procedimentos para tal 
envolvem a quebra do gênero ensaio neste texto de auto-ficção das experiências - mas que, como 
todo ensaio, é pautado em dados empíricos e científicos. O livro é um marco na crítica literária 
feminista e está na ementa de cursos de literatura mundialmente reconhecidos. 
 
 
 
 
 
Pensando a respeito das correntes críticas já estudadas até aqui e no trecho em destaque acima, 
assinale a alternativa correta. 
 
 
 
Questão 17 
Leia o texto a seguir, de Christophe Dejours e responde ao que se pede. 
 
“A sexualidade e as pulsões são amorais e egocêntricas. Em outras palavras, a referência à 
sexualidade não é neutra axiologicamente. A antropologia freudiana sugere, portanto, que as 
pulsões não conduzem o ser humano para a vida em sociedade, nem para a vida conjunta e para 
a solidariedade. As pulsões sexuais engendram, antes, o egoísmo e a rivalidade entre os seres 
humanos para gozar os prazeres terrestres, levando ao ódio, à violência e à morte na luta pela 
possessão dos objetos de prazer. 
Se, contudo, os seres humanos fazem sociedade, não é por causa de suas pulsões sexuais, mas 
por causa da necessidade. Não é por desejo, mas por obrigação. A resposta de Freud consiste 
em reconhecer que a sociedade não seria possível sem alguma modificação, desvio, ou mesmo 
amputação das metas pulsionais; além de recorrer à inibição quanto à meta sexual, à reversão 
contra a própria pessoa, à reversão em seu oposto, ao recalque, à sublimação. Ademais, Freud 
sustenta que a própria cultura é construída sobre a renúncia à satisfação sexual da pulsão, ou 
seja, sobre o sacrifício da pulsão. 
DISSONÂNCIA REVISTA DE TEORIA CRÍTICA. Campinas: Unicamp, v. 1, n. 1, 2017 (adaptado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no 
excerto, de acordo com os seus conhecimentos. 
 
Questão 18 
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
 
Essa universalidade do teor lírico, contudo, é essencialmente social. Só entende aquilo que o 
poema diz quem escuta, em sua solidão, a voz da humanidade; mais ainda, a própria solidão da 
palavra lírica é pré-traçada pela sociedade individualista e, em última análise, atomística, assim 
como, inversamente, sua capacidade de criar vínculos universais (allgemeine Verbindlichkcit) vive 
da densidade de sua individuação. Por isso mesmo, o pensar sobre a obra de arte está autorizado 
e comprometido a perguntar concretamente pelo teor social, a não se satisfazer com o vago 
sentimento de algo universal e abrangente. 
ADORNO, Theodor W.. Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003. Grifo nosso. 
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no 
excerto. 
 
Questão 19 
O trecho a seguir foi retirado do ensaio de Juliana Fausto, Terranos e poetas: o “povo de Gaia” 
como “povo que falta” e é de autoria de Ted Hughes. Nele, o autor descreve como foi o processo 
criativo de seu conhecido poema The Thought-Fox. Leia-o e, depois, responda ao que se pede. 
 
 
Comecei a sonhar. Sonhei que não tinha deixado minha mesa e ainda estava sentado ali, 
debruçado sobre a folha de papel pautado iluminado pela luminária, encarando as mesmas 
poucas linhas no alto. De repente minha atenção foi atraída para a porta. Achei que tinha ouvido 
algo ali. Enquanto esperava, escutando, vi que a porta se abria lentamente. Então uma cabeça 
apareceu no canto da porta. Era mais ou menos da mesma altura de uma cabeça humana, mas 
claramente a cabeça de uma raposa, apesar de a luz ali estar fraca. 
A porta abriu-se toda e pela pequena escada e através do quarto em direção a mim veio uma 
figura que era ao mesmo tempo um homem magricelo e uma raposa andando ereta nas patas 
traseiras. Era uma raposa, mas do tamanho de um lobo. À medida que se aproximava e vinha 
para a luz, eu vi que seu corpo e seus membros haviam acabado de sair de um forno. Cada 
polegada estava tostada, ardendo, carbonizada, partida e sangrando. Seus olhos, que estavam no 
nível dos meus onde eu sentava, incandesciam com a intensidade da dor. Veio até parar ao meu 
lado. Então abriu a mão - uma mão humana, como eu agora via, mas queimada e sangrando 
como todo o resto -, palma da mão para baixo no espaço branco de minha folha. Ao mesmo 
tempo disse: ‘Pare com isso. Você está nos destruindo.’ Então, enquanto levantava a mão, eu vi a 
pegada de sangue [blood-print], como um tipo de quiromante, com todas as linhas e vincos em 
sangue molhado e resplandecente na página. 
Acordei imediatamente. A impressão de realidade era tão total que me levantei da cama para 
olhar os papéis em minha mesa, bemcerto de que veria a pegada de sangue ali na página. 
 
FAUSTO, Juliana. Terranos e poetas: O "povo de gaia" como o "povo que falta". Revista Landa, 
Santa Catarina, v. 2, n. 1, p.166-181, jan. 2013. Disponível em: 
<http://www.revistalanda.ufsc.br/PDFs/vol2n1/Juliana%20Fausto%20Terranos%20e%20poetas.pd
f>. Acesso em: 26 ago. 2019. 
 
Leia as afirmações a seguir a respeito do texto de Ted Hughes e assinale a alternativa em que 
todas estão corretas. 
 
1. Há uma certa ficcionalização da experiência criativa por parte do autor - que não exclui de 
maneira alguma a importância e força de seu texto - mas sim, agrega significado ao 
processo narrado. 
2. O texto aponta um aspecto muito definidor da criação literária: a mimese do sentimento ou 
da dor do outro. 
3. Inúmeras possibilidades sobre o que, afinal de contas, representa a raposa carbonizada do 
sonho de Hughes, poderiam ser levantadas, mas o foco do texto, a despeito do que ele 
mesmo afirma, não está no que a raposa representa e sim, no que ela, o outro, diz. 
 
 
 
Questão 20 
 
Leia o trecho a seguir. 
 
Para a estética da recepção, a teoria da literatura deve ser fundada no reconhecimento da 
historicidade da arte. Segundo Jauss, as outras linhas teóricas não consideram a história nas 
análises do texto literário. (...) 
O processo da leitura, a experiência estética e o leitor, principal elo desse sistema, são elementos 
centrais para conhecimento e interpretação da obra. Jauss propõe o estudo da literatura sob a 
perspectiva de sua relação com a época de produção e com a posição histórica do intérprete. 
Assim, a estética da recepção é fruto do encontro entre poética e hermenêutica (estética e 
interpretação). O teórico defende uma história da arte fundada nas perspectivas do sujeito 
produtor e do consumidor e na sua interação mútua, vendo a obra de arte no horizonte histórico 
de sua origem, função social e ação no tempo. 
SILVA, A. C. S.; PAZ, Ravel Giordano. OBSERVAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA 
METODOLOGIA DA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO A HELENA, DE MACHADO DE ASSIS. REEL. 
Revista Eletrônica de Estudos Literários, v. 1, p. 1-17, 2014. 
 
No trecho em destaque, a autora faz um apanhado das principais características da chamada 
Estética da Recepção, uma teoria que propõe a reformulação da interpretação textual baseando-
se na relação entre leitor e obra sob um ponto de vista diacrônico. Com base em seus 
conhecimentos, assinale a alternativa em que cita-se uma corrente literária que está em 
consonância com a Estética da Recepção.

Continue navegando

Outros materiais