Buscar

ATIVIDADE A2 TEORIA LITERÁRIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ATIVIDADE A2 TEORIA LITERÁRIA
Pergunta 1
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do romance Os sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe.
“10 de maio
Uma serenidade admirável domina minha alma inteira, semelhante à doce manhã primaveril que eu gozo de todo o coração. Estou tão só e minha vida é feita de alegrias por viver numa região que parece ter sido criada para almas como a minha. Estou tão feliz, meu amigo, tão mergulhado na sensação de minha calma existência, que a minha arte sofre com isso. Não poderia desenhar nada agora, nem sequer um traço, embora jamais tenha sido tão grande pintor quanto neste instante. Quando a bruma do vale se levanta a minha volta, e o sol altaneiro descansa sobre a abóbada escura e impenetrável da minha floresta, e apenas alguns escassos raios deslizam até o fundo do santuário, ao passo em que eu, deitado no chão entre a relva alta, na encosta de um riacho, descubro no chão mil plantinhas desconhecidas... Quando sinto mais perto de meu coração a existência desse minúsculo mundo que formiga por entre a relva, essa incontável multidão de ínfimos vermes e insetinhos de todas as formas e imagino a presença do Todo-poderoso, que nos criou a sua imagem e semelhança, e o hálito do Todo amado que nos leva consigo e nos ampara a pairar em eternas delícias... Ah, meu amigo, quando o mundo infinito começa a despontar assim ante meus olhos e o céu se reflete todo ele em minha alma, como a imagem de uma amada... Então suspiro profundamente e penso: Ah! pudesses tu voltar a expressá-lo, pudesses tu exalar o sentimento e fixar no papel aquilo que vive em ti com tanta abundância e tanto calor, de maneira que o mesmo papel pudesse se fazer o espelho de tua alma, como tua alma é o espelho do Deus infinito! Meu amigo! Mas vou ao chão ante isso, sucumbo ante o poder e a majestade dessas aparições.”
(GOETHE., Johann Wolfgang von. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&pm Pocket, 2001. 100 p. Tradução de Marcelo Backes. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/profs/romulo/Johann-Wolfgang-von-Goethe-Os-Sofrimentos-do-Jovem-Werther.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019.)
 
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Narrador protagonista.
	Resposta Correta:
	 
Narrador protagonista.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. O narrador protagonista tem por característica a centralização da voz narrativa - do eu. Como podemos observar no trecho em destaque, Werther, narrador da própria história, dirige-se ao leitor contando acontecimentos e descrevendo percepções e canários no aqui e agora do espaço-tempo da narração.
	
	
	
Pergunta 2
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir.
O rugido do jaguar abala a floresta; mas o caçador também despreza o jaguar, que já cansou de vencer.
Elle chama-se Jaguaré, o mais feroz jaguar da floresta; os outros fogem espavoridos quando de longe o pressentem.
Não é esse o inimigo que procura, porém outro mais terrível para vencê-lo em combate de morte e ganhar nome de guerra.
Jaguaré chegou à idade em que o mancebo troca a fama do caçador pela glória do guerreiro.
Para ser aclamado guerreiro por sua nação é preciso que o jovem caçador conquiste esse título por uma grande façanha.
Por isso deixou a taba dos seus, e a presença de Jandyra, a virgem formosa que lhe guarda o seio de esposa.
Mas o sol três vezes guiou o passo rápido do caçador através das campinas, e três vezes como agora deitou-se além nas montanhas da Aratuba, sem mostrar-lhe um inimigo digno de seu valor.
 
O romance Ubirajara, de José de Alencar, possui um subtítulo que diz “Lenda Tupy”. Lido o trecho apresentado, retirado do primeiro capítulo do livro, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Justamente, a utilização de um subtítulo como este, que diz “Lenda Tupy” indica uma busca por verossimilhança na obra por parte do autor, que pretende compor um mito a respeito da formação do estado do Tocantins.
	Resposta Correta:
	 
Justamente, a utilização de um subtítulo como este, que diz “Lenda Tupy” indica uma busca por verossimilhança na obra por parte do autor, que pretende compor um mito a respeito da formação do estado do Tocantins.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. O subtítulo e o tipo de narrador escolhidos por José de Alencar nos apontam para uma tentativa de escrever uma história confiável, criar, de fato, um mito de formação. Pensando sobre isto, faz sentido, pensando nas características do narrador onisciente neutro, que o modo de elocução escolhida seja o da sumarização.
	
	
	
Pergunta 3
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.
“Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar palavras que vos sustentam. A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser mordenoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e de chuva caindo.
(...) Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?”
Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham.
(...) De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu. Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve por causa da esvoaçada magreza. E se for triste a minha narrativa? Depois na certa escreverei algo alegre, embora alegre por quê? Porque também sou um homem de hosanas e um dia, quem sabe, cantarei loas que não as dificuldades da nordestina.”
(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.)
 
Indique que tipo de narrador está sendo desenvolvido no trecho.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Narrador onisciente intruso.
	Resposta Correta:
	 
Narrador onisciente intruso.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. No trecho, percebemos que a obra está narrada na terceira pessoa: Rodrigo S. M. narra a história da nordestina (Macabéa), realizando diversos comentários a respeito de si mesmo, do próprio ato de escrever e da personagem, dialogando com o leitor ao dizer “Cuidai dela (...)”.
	
	
	
Pergunta 4
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.
“Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?”
Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham.
Voltando a mim: o que escreverei não pode ser absorvido por mentes que muito exijam e ávidas de requintes. Pois o que estarei dizendo será apenas nu. Embora tenha como pano de fundo – e agora mesmo – a penumbra atormentada que sempre há nos meus sonhos quando de noite atormentado durmo. Que não se esperem, então, estrelas no que se segue: nada cintilará, trata-se de matéria opaca e por sua própria natureza desprezível por todos. É que a esta história falta melodia cantabile. O seu ritmo é às vezes descompasso. E tem fatos. Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura – fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir.
Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém queeu mesmo ainda não sei bem como isto terminará. E também porque entendo que devo caminha passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta é também a minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça.”
(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.)
 
Assinale a alternativa correta em relação ao modo de enunciação observado.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
A digressão é o modo enunciativo amplamente explorado nesta obra, assim como em outras de Clarice Lispector. No trecho em destaque, observa-se que as reflexões a respeito da construção de personagem desencadeiam reflexões sobre o ato da escrita e sobre o próprio narrador, e vice-versa.
	Resposta Correta:
	 
A digressão é o modo enunciativo amplamente explorado nesta obra, assim como em outras de Clarice Lispector. No trecho em destaque, observa-se que as reflexões a respeito da construção de personagem desencadeiam reflexões sobre o ato da escrita e sobre o próprio narrador, e vice-versa.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. Conhecida pela ampla utilização de digressões, Clarice Lispector não poderia escrever sua última obra diferente. Na leitura de A Hora da Estrela, percebemos em diversos momentos a relação de espelhamento entre a personagem de quem o narrador conta a história (a nordestina Macabéa) e a personagem que cria para si próprio, de nome Rodrigo S. M. Isto torna-se possível na narração através do uso do modo digressivo, uma vez que as reflexões sobre um aspecto puxam reflexões sobre os demais aspectos, em um contínuo até o fim da história. 
	
	
	
Pergunta 5
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
“– NONADA. TIROS QUE O SENHOR ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.”
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Leia as afirmações a seguir:
 
1. Considerando-se que este é o parágrafo de abertura do romance, é possível afirmar que o leitor é colocado in medias res (ou seja, sem explicações sobre as motivações que vieram antes do que está sendo dito) no discurso.
2. Observam-se procedimentos estéticos que visam a aproximação do leitor, tais como a criação, evocação e construção desta figura do senhor, interlocutor da história, como em “o senhor tolere” e “o senhor ri certas risadas…”; e a utilização de formas verbais no presente indicativo.
3. Uma hipótese possível, com base na análise do texto, é de que estabelece-se um paralelo entre o narrador a partir da construção da figura do interlocutor: o evidenciamento de certos aspectos da personalidade deste senhor que ouve os causos opera de maneira a contrastar estes mesmos aspectos em relação ao narrador, estabelecendo uma cisão entre eu x outro.
 
Assinale a alternativa que possui apenas afirmações corretas:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
I, II e III. 
	Resposta Correta:
	 
I, II e III. 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. A definição de in medias res é observada no primeiro parágrafo de Grande sertão: veredas, pois enquanto leitores somos colocados no meio da narração, com a sensação de que perdemos alguma contextualização. Em outras palavras, quando começamos a ler o romance, o efeito estilístico produzido é de estranhamento. Mas logo somos atraídos à história enquanto leitores pela utilização de formas verbais no presente do indicativo e vocativos direcionados a este senhor - uma possível interpretação a respeito desta figura é a de que o senhor
evoca ao público da época, da mesma forma que, nos romances de Machado de Assis, o narrador dirige-se ao público feminino. Por contraste, estabelece-se uma cisão entre o eu que narra e o outro
que ouve/lê, de modo que as características evidenciadas a respeito deste senhor são evidenciadas justamente para mostrar as diferenças entre eu x outro.
	
	
	
Pergunta 6
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia os trechos a seguir, retirados do romance A menina morta , de Cornélio Penna.
“- Não dona Frau, vancê não pode mais costurar êsse babado no vestido, neste vestido (...).
(...) Considerou com grave atenção a roupa posta diante dela pela escrava a reconheceu tristemente ter esquecido de não se tratar de vestuário de gala destinado a figurar nas reuniões da Côrte longínqua, apenas entrevista quando de sua vinda da Europa para ‘As Américas’. Aquêle pesado estofo de pregas duras não iria revestir o corpinho quente e agitado da criança que recebera com tanto carinho e crescera tão diferente da imperiosa e morena imaginada por ela… (...)”
Capítulo I.
“(...) Era ali que devia ser posto o pequenino caixão de cetim branco, nesse momento quase terminado por José Carapina, e fôra esse trabalho demorado porque o escravo o fazia sem enxergar bem o que tinha diante de si, de tal modo seus olhos estavam nublados. (...) Não era o suor que lhe caía do rosto, e abria pequenas manchas no pinho de Riga, muito branco e marmoreado por desenhos em sépia, mas sim lágrimas puras e cristalinas, em contraste luminoso com a pele negra e enrugada. Na alma do velho carpinteiro cativo enovelavam-se pequenos e confusos problemas, que se formavam e desapareciam sem que êle pudesse perceber onde estava a verdade e até onde ia a tentação do demônio, pois parecia-lhe grande crime estar a fazer o caixão onde seria aprisionada a Sinhazinha. (...)”
Capítulo II.
“(...) Mas agora Bruno sabia que o passeio seria bem triste… Ia buscar o padre que viria abençoar a Sinhazinha, para que ela pudesse partir para sempre. Como não iria ela para o Céu, se os anjos deviam estar ansiosos para tê-la em sua companhia? Pensou, pois sempre imaginara que os serafins deviam ter aquêle rosto pequeno e redondo (...).
As bestas olharam para êle, e pôde ler naquelas pupilas luminosas compreensão de tal modo perfeita que não lhe foi possível resistir, e deixou as lágrimas correrem, sem ao menos espiar para todos os lados se alguém o via nesse estado (...).”
Capítulo III.
(PENNA, Cornélio. A menina morta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.)
Indique a que tipo de narrador o texto parece aderir.
 
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Onisciência seletiva múltipla.
	Resposta Correta:
	 
Onisciência seletiva múltipla.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta.Como podemos observar nos trechos transcritos, o narrador acompanha as reflexões, sentimentos e percepções de diversas personagens (Dona Frau, José Carapina, Bruno), sem se ater a uma em específico, mostrando o que se passa na mente destas personagens hora utilizando o discurso indireto livre, hora sumarizando as experiências.
	
	
	
Pergunta 7
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia os trechos a seguir, retirados do romance Os sofrimentos do jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe.
“10 de maio
Uma serenidade admirável domina minha alma inteira, semelhante à doce manhã primaveril que eu gozo de todo o coração. Estou tão só e minha vida é feita de alegrias por viver numa região que parece ter sido criada para almas como a minha. Estou tão feliz, meu amigo, tão mergulhado na sensação de minha calma existência, que a minha arte sofre com isso. Não poderia desenhar nada agora, nem sequer um traço, embora jamais tenha sido tão grande pintor quanto neste instante. Quando a bruma do vale se levanta a minha volta, e o sol altaneiro descansa sobre a abóbada escura e impenetrável da minha floresta, e apenas alguns escassos raios deslizam até o fundo do santuário, ao passo em que eu, deitado no chão entre a relva alta, na encosta de um riacho, descubro no chão mil plantinhas desconhecidas... Quando sinto mais perto de meu coração a existência desse minúsculo mundo que formiga por entre a relva, essa incontável multidão de ínfimos vermes e insetinhos de todas as formas e imagino a presença do Todo-poderoso, que nos criou a sua imagem e semelhança, e o hálito do Todo amado que nos leva consigo e nos ampara a pairar em eternas delícias... Ah, meu amigo, quando o mundo infinito começa a despontar assim ante meus olhos e o céu se reflete todo ele em minha alma, como a imagem de uma amada... Então suspiro profundamente e penso: Ah! pudesses tu voltar a expressá-lo, pudesses tu exalar o sentimento e fixar no papel aquilo que vive em ti com tanta abundância e tanto calor, de maneira que o mesmo papel pudesse se fazer o espelho de tua alma, como tua alma é o espelho do Deus infinito! Meu amigo! Mas vou ao chão ante isso, sucumbo ante o poder e a majestade dessas aparições.
(...)
04 de setembro
Sim, é bem assim. Do mesmo modo que a Natureza se inclina ao outono, o outono principia em mim e ao redor de mim. As minhas folhas amarelam, e as folhas das árvores vizinhas já caíram. Não te escrevi certa vez de um jovem criado do campo que eu vi quando tinha acabado de chegar por aqui? Pedi notícias dele há pouco, em Wahlheim. Disseram-me que tinha sido expulso da casa onde estava, e ninguém quis dizer-me mais nada a respeito. (...) Mas por quê? Por que não conservar em mim o que me aflige e me adoece? Por que entristecer-te também? Por que dou-te sempre motivo de lamentares o que se passa comigo e me ralhares? Que seja! Quem sabe se isso não faz parte do meu destino...”
(GOETHE., Johann Wolfgang von. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&pm Pocket, 2001. 100 p. Tradução de Marcelo Backes. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/profs/romulo/Johann-Wolfgang-von-Goethe-Os-Sofrimentos-do-Jovem-Werther.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019.)
 
Leia as afirmações a seguir:
 
1. Observa-se, na primeira parte (referente ao dia 10 de maio), a utilização da cena de modo a descrever uma paisagem grandiosa que corresponde aos sentimentos do próprio narrador.
2. Este mesmo procedimento de correspondência entre as imagens da natureza e os sentimentos acontece também na segunda parte (referente ao dia 04 de setembro).
3. Na primeira parte (referente ao dia 10 de maio), a ferramenta formal utilizada pelo narrador é a construção de grandes períodos compostos por adição, criando o efeito de grandiosidade da paisagem descrita.
4. Na segunda parte (referente ao dia 04 de setembro), a descrição da paisagem, além de mais sucinta, é feita em apenas um período subordinado.
 
Tomando por base seus conhecimentos a respeito das modalidades de elocuções e efeitos de estilo possibilitados a partir das escolhas narrativas, assinale a alternativa que contém apenas as afirmações corretas.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
I, II, III e IV.
	Resposta Correta:
	 
I, II, III e IV.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. Segundo Marcelo Backes no prefácio da edição de 2001, afirma que “a natureza ajusta-se, em sua beleza e fúria, à alma de Werther” na obra de Goethe. Observa-se então que, por meio da cena, o narrador estabelece correspondências entre o que observa da natureza e o que se passa em sua própria mente. O procedimento formal e estilístico escolhido na composição do texto é justamente a utilização de períodos compostos por adição (como em “Quando a bruma do vale se levanta a minha volta, e o sol altaneiro descansa sobre a abóbada escura e impenetrável da minha floresta, e apenas alguns escassos raios deslizam até o fundo do santuário, ao passo em que eu, deitado no chão entre a relva alta, na encosta de um riacho, descubro no chão mil plantinhas desconhecidas…”) na primeira parte do grifo; e a objetivação total, basicamente um resumo das percepções na segunda parte.
	
	
	
Pergunta 8
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia a seguir um fragmento do conto Colinas como elefantes brancos, de Ernest Hemingway.
“‘Você faria uma coisa por mim?’
‘Faria qualquer coisa por você.’
‘Você pode parar de falar, por favor, por favor, por favor?’
Ele não disse nada mas olhou para as malas encostadas na mureta da estação. Tinham etiquetas de todos os hotéis em que haviam dormido.
‘Mas eu não quero que você faça’, ele disse, ‘eu não me importo com nada.’
‘Eu vou gritar’, a moça disse.
A mulher atravessou a cortina com dois copos de cerveja e os depositou sobre os apoios de feltro úmidos. ‘O trem chega em cinco minutos’, ela disse.
‘O que ela disse?’, perguntou a moça.
‘Que o trem chega em cinco minutos.’
A moça deu um sorriso radiante para a mulher, para agradecer.
‘Acho melhor levar as malas para o outro lado da estação’, o homem disse. Ela sorriu para ele.
‘Está bem. Depois volte e terminamos a cerveja.’
Ele pegou as duas malas pesadas e carregou-as pela estação até os trilhos do outro lado. Espreitou mas não conseguiu ver o trem. Voltando, entrou no salão do bar, onde as pessoas que esperavam o trem estavam bebendo. Bebeu um anis no balcão e olhou para as pessoas. Todas esperavam ordeiramente pelo trem. Atravessou a cortina de contas. Ela estava sentada à mesa e sorriu para ele.
 ‘Está se sentindo melhor?’, ele perguntou.
 ‘Estou bem’, ela disse. ‘Não tem nada de errado comigo. Estou bem.’”
(HEMINGWAY, Ernest. Colinas como elefantes brancos. Tradução: Samuel Titan Jr.. Disponível em: <http://stoa.usp.br/gabrielamorandini/files/2130/12075/7+Colinas+como+Elefantes+Brancos+-+Ernest+Hemingway+OK.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Assinale a alternativa que melhor corresponde ao tipo de narrador apresentado.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Câmera.
	Resposta Correta:
	 
Câmera.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. Observamos a existência de diversos diálogos e de uma descrição dos movimentos do homem, da mulher e das demais pessoas no mesmo ambiente (a estação de trem). A respeito desta descrição, observamos também uma busca por imparcialidade, visto que não existem julgamentos ou valorações das atitudes de nenhum personagem. Este apagamento do narrador em um texto com tais características é típico do narrador câmera ou observador.
	
	
	
Pergunta 9
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do texto O ponto de vista na ficção , de Norman Friedman:
Já que o problema do narrador é a transmissão apropriada de sua estória ao leitor, as questões devem ser algo como: 1) Quem fala ao leitor? (...); 2) De que posição (ângulo) em relação à estória ele a conta? (de cima, da periferia, do centro, frontalmente ou alternando); 3) Que canais de informação o narrador usa para transmitir a estória ao leitor? (palavras, pensamentos, percepções e sentimentos do autor; ou palavras e ações do personagem; pensamentos, percepçõese sentimentos do personagem: através de qual - ou de qual combinação - destas três possibilidades as informações sobre estados mentais, cenário, situação e personagem vêm?); e 4) A que distância ele coloca o leitor da estória? (próximo, distante ou alternando?).
O PONTO DE VISTA NA FICÇÃO: O desenvolvimento de um conceito crítico. São Paulo: Revista Usp , maio 2002. Norman Friedman. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/33195>. Acesso em: 30 ago. 2019.
Com base em seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena.
	Resposta Correta:
	 
A câmera destaca-se em relação aos outros tipos de narrador pelo apagamento da figura do narrador, pretendendo-se, então, esvaziada de intenção. Neste tipo de narração, predomina o modo de elocução de cena.
	Comentário da resposta:
	Resposta correta. De acordo com Friedman (2002), o narrador tipo câmera seria o último estágio do apagamento de sua figura, caracterizando-se então pelo registro de uma cena. Ainda segundo o autor, ambos os narradores oniscientes acontecem, em geral, na terceira pessoa. Entretanto, há de se considerar que “(...) A ausência de intromissão não implica necessariamente, contudo, que o autor negue a si mesmo uma voz ao usar o Narrador Onisciente Neutro” (FRIEDMAN, 2002, p. 174). Já em relação aos narradores personagem e protagonista, estes diferenciam-se em relação ao ângulo em que posicionam-se na história: o narrador protagonista, como o próprio nome sugere, narra do centro (e se não estiver narrando do centro, pode ser considerado, então, personagem). Quanto à onisciência seletiva comum e a onisciência seletiva múltipla, a diferença está justamente no modo de elocução, visto que na onisciência seletiva comum o narrador costuma sumarizar o que está se passando na mente dos personagens, enquanto que na onisciência seletiva múltipla o narrador mostra em cena o que cada personagem está sentindo.
	
	
	
Pergunta 10
0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir:
“Uma voz chega a alguém no escuro. Imaginar.
A alguém deitado de costas no escuro. Isso ele pode dizer pela pressão nas partes traseiras e pela mudança do escuro quando ele fecha os olhos e de novo quando os abre de novo. Só uma pequena parte do que é dito pode ser verificada. Como por exemplo quando ele ouve, Você está deitado de costas no escuro. Então ele deve reconhecer a verdade do que é dito. Mas de longe a maior parte do que é dito não pode ser verificada. Como por exemplo quando ouve, Você viu a luz primeiro em tal e tal dia. Às vezes os dois se combinam como por exemplo, Você viu a luz primeiro em tal e tal dia e agora está deitado de costas no escuro. Um expediente talvez da incontrovertibilidade de um para ganhar crédito para o outro. Aquela então é a proposição. A alguém deitado de costas no escuro uma voz conta de um passado. Com alusões ocasionais a um presente e mais raramente a um futuro como por exemplo, Você acabará como está agora. E num outro escuro ou no mesmo um outro imaginando tudo por companhia. Depressa deixa-lo.
(...) Inventor da voz e do seu ouvinte e dei si mesmo. Inventor de si mesmo por companhia. Deixar.assim. Ele fala de si mesmo como de um outro. Ele diz falando de si mesmo, Ele fala de si mesmo como de um outro. A si mesmo ele inventa também por companhia. Deixar assim. Confusão também é companhia até certo ponto Melhor esperança adiada que nenhuma. Até certo ponto Até o coração começar a desgostar-se. Companhia também até certo ponto. Melhor um coração desgostoso que nenhum. Até começar a partir-se. Então falando de si mesmo ele conclui por enquanto, Por enquanto deixar assim.”
 
(BECKETT, Samuel. Companhia. In: BECKETT, Samuel. Companhia e outros textos.
São Paulo: Globo, 2012. p. 27-64.)
 
No conto Companhia, obra de Samuel Beckett, a interpretação do tipo de narrador é crucial para a apreensão de sentido. Pensando nisso, leia o trecho a seguir e indique que tipo de narrador foi escolhido para este texto.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Modo dramático.
	Resposta Correta:
	 
Onisciência seletiva.
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta. Apesar da questão do narrador ser uma dificuldade em quase toda obra beckettiana, neste trecho podemos observar um funcionamento que categoriza o texto na onisciência seletiva comum, visto que seguimos a mente de um único personagem a partir de uma voz que é, simultaneamente, a percepção de seu duplo. Neste caso, não estamos falando do “eu” como personagem justamente porque, em determinado momento, não há mais delimitação clara sobre quem é o enunciador de determinados pensamentos e falas.

Outros materiais