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AULA 1 GESTÃO DA MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL Profª Maura Vello 02 CONVERSA INICIAL Primeiramente, agradecemos a você pelo privilégio em nos escolher para essa jornada de aprendizado e busca por conhecimento. Seja bem-vindo à nossa disciplina! Vamos começar! Nas próximas páginas, iremos desenvolver diversos temas ligados a transformação e mudança nas organizações e como elas acontecem, bem como de que forma podem ser gerenciadas para que se transformem em resultados e desenvolvimento organizacional. Vamos começar visitando alguns conceitos básicos e históricos que tratam do surgimento e ampliação do estudo das organizações e de como essas instituições se desenvolveram ao longo dos anos. Tão importante quanto conhecer esses conceitos básicos é ter a clareza de como as organizações estão inseridas no contexto social e econômico. Assim, temas que tratam dessas questões também serão explorados no decorrer do nosso trabalho nesta disciplina. Então, vamos buscar entender de forma mais clara em que contexto surgem e se desenvolvem as organizações, quem são os diversos agentes envolvidos nesse processo, como se compõem e se comportam em seus ambientes interno e externo, quais fatores geram pressões que impulsionam as organizações a promover mudanças e que desdobramentos e interações geram com o meio, afetando a todos. Afinal, todos nós estamos direta ou indiretamente ligados de alguma forma às organizações, não é mesmo? Neste momento, convido você a fazer uma reflexão. Sugiro que você faça uma breve pausa e pense, em poucos minutos, de quais formas a sua vida se encontra inserida, num contexto social e econômico, no mundo organizacional e corporativo, seja como consumidor, colaborador, investidor, empresário e até mesmo enquanto estudante neste momento. Liste pelo menos 10 organizações que fazem parte do seu cotidiano. É bem provável que esta lista vá bem além do número que propusemos. Pois é, não há como nos imaginarmos desconectados desta grande teia em que vivemos. Estamos inseridos neste contexto complexo de interação, coexistência e codependência em relação ao mundo corporativo e organizacional, cada vez mais globalizado e interdependente. Por isso, as mudanças e 03 transformações, tanto nas nossas vidas quanto nas organizações, são as únicas coisas perenes. “Nada é permanente, exceto a mudança.” Heráclito CONTEXTUALIZANDO Ainda neste processo de reflexão, vamos ampliar um pouco mais o nosso horizonte e refletir sobre algumas das principais mudanças que ocorreram nos últimos anos à nossa volta, seja no âmbito local ou numa conjuntura ainda maior que afeta de forma inequívoca a todos, pessoas e organizações. Um dos principais eventos dos últimos tempos foi o acesso à tecnologia e à informação. Você já parou para pensar que há menos de 50 anos surgiu a internet, e que esse evento modificou de forma profunda as relações e a comunicação no mundo todo? Apesar de a Internet ter surgido na década de 1960, nos Estados Unidos durante a Gerra Fria, com o objetivo de criar uma forma de comunicação segura que não pudesse ser interceptada, o uso comercial dessa tecnologia pelo mundo (inclusive pelo Brasil) ocorreu somente na década de 1990. Você consegue imaginar a sua vida sem internet hoje? E uma organização sem acesso a esse e outros recursos tecnológicos, consegue sobreviver? Você já parou para pensar que a emissão de uma simpes nota fiscal de compra, quando você informa seu CPF, depende de toda uma complexa rede de informações ligadas a diversas soluções desenvolvidas a partir de necessidades empresariais e sociais que são desdobramentos que só ocorreram em função de uma solução criada com outro objetivo há cinquenta anos, mas que acabou por se tornar indispensável para a existência do mundo organizacional e social? Para começarmos a falar de mudança e transformação nas organizações, sugiro principiarmos por esta, que foi um marco nas transformações ocorridas no mundo nos últimos tempos. Porém, não podemos esquecer que a promoção e o desenvolvimento de toda essa tecnologia surge e nos remete ao momento atual com todos os seus benfícios e desafios. Para isso, a partir da criação da internet, organizações as mais variadas foram criadas e são mantidas para atender a muitas das necessidades do nosso tempo. Pensemos em quanta transformação aconteceu desde então. Quantas inovações surgiram em função desse evento? Quantas 04 novas organizações voltadas à tecnologia apareceram e que fazem parte do seu cotidiano hoje? Indico abaixo uma leitura bem interessante que trata desse tema, que representa uma das mais significativas mudanças do mundo moderno, que transformou todo um contexto na forma de se viver, trabalhar e interagir com o meio globalizado em que estamos inseridos. Saiba mais Confira o artigo "Internet completa 44 anos; relembre a história da web". Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet- completa-44-anos-relembre-historia-da-web.html>. TEMA 1 – O SURGIMENTO DA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES Obviamente o ambiente social e organizacional é objeto de estudos há muitos anos, mas passa a ser tratado de forma mais clara como uma das áreas da ciência a partir do surgimento da Sociologia. A grande transformação promovida pela Revolução Industrial modificou de maneira significativa a forma de produção e comercialização no mundo, bem como transformou profundamente as relações sociais e econômicas, trazendo nesse novo escopo a necessidade de um entendimento mais profundo de como se dariam as relações entre sociedade e organizações nesse cenário. O estudo do comportamento organizacional foi iniciado dentro da Sociologia justamente com o objetivo de entender toda a transformação gerada nas relações sociais e de trabalho oriundas das mudanças trazidas pela transição de uma sociedade agrícola e manufatureira para um modelo industrial, muito mais complexo e dinâmico. Essa transição passa então a gerar novas relações entre sociedade e organizações, marcando o início das atividades formais de trabalho, com a criação de cargos, funções, diferenciação de mão de obra e grandes volumes de classes assalariadas que até então não existiam. Assim, surge a necessidade de controle e administração, o que leva pesquisadores da época a estudar as organizações de forma mais aprofundada, com o objetivo de buscar o entendimento dessas estruturas e o desenvolvimento de métodos, processos e formas de controle e mensuração. Nascem, dessa forma, primeiramente a Sociologia Organizacional e a Teoria das Organizações como áreas da ciência que formaram a base para o 05 desenvolvimento da dinâmica social e organizacional até os dias atuais, permitindo assim que se dê continuidade ao estudo das complexas relações organizacionais. Um dos primeiros estudiosos a tratar de forma científica o estudo das organizações foi Max Weber, um importante sociólogo que contribui com muitas obras a partir da necessidade de criar mecanismos que permitam envolver em pesquisas científicas as diversas variáveis surgidas nesse novo contexto. Esses mecanismos não dizem respeito a apenas as questões relacionadas à industrialização em si, e sim à busca pelo entendimento de quaisquer outras formas de organizações de diferentes tipos e interesses que já existiam e de como estas se comportavam. Com seus estudos Weber abre o amplo debate das relações e hierarquias organizacionais. Uma das suas maiores contribuições teóricas foi justamente a identificação das estruturas de poder e hierarquias dentro das organizações, surgindo assim os primeiros conceitos da Burocracia. Obviamente muitos outros estudiosos passam então a estudar as estruturas organizacionais – entre eles HenryFord, Frederick Taylor, Henri Fayol e Adam Smith, pioneiros dos estudos da área da Sociologia e Administração Organizacional que desenvolveram diferentes teorias (como o Taylorismo, o Fordismo e o Toyotismo), modelos de produção, divisão do trabalho e princípios de gestão que deram origem aos padrões organizacionais que nos cercam e fazem parte do nosso cotidiano. Segundo Chiavenato (2010), o mundo moderno em que vivemos é composto por uma sociedade de organizações, sendo que estas constituem a maneira como se criam e se distribuem riquezas e se gera progresso socioeconômico. Poucas coisas no mundo de hoje são tão importantes ou conhecidas como as organizações. Embora no dia a dia desfrutemos de produtos e serviços que elas oferecem, raramente nos preocupamos em saber como esses produtos e serviços são produzidos (Jones, 2010, p. 20). Jones (2010) ainda acrescenta que as pessoas usam as estruturas organizacionais para obter alguma coisa ou atingir seus objetivos. Isso pode ocorrer de diversas formas, desde a aquisição de um bem ou serviço, até a busca por uma colocação em uma dessas estruturas que irá lhe trazer sustento e desenvolvimento pessoal. Porém, as pessoas não pensam nas organizações, pois estas estão inseridas de forma natural em seus cotidianos. 06 Não vamos aprofundar aqui os estudos sobre as diversas vertentes da fundamentação teórica das organizações porque esse não será nosso objetivo no momento. De todo modo, sugiro a leitura a seguir, que ajudará a complementar e deixar mais claros esses conceitos básicos formadores das bases teóricas de estudo das organizações. Perceba ainda que já nesses próprios modelos é possível observar as perceptíveis mudanças e transformações sofridas de um modelo para outro à medida que os estudos se desenvolvem. Saiba mais Confira o artigo "Taylorismo, Fordismo, Toyotismo e o trabalhador". Disponível em: <https://alegodwin.jusbrasil.com.br/artigos/441135883/taylorismo- fordismo-toyotismo-e-o-trabalhador>. TEMA 2 – O CONTEXTO ORGANIZACIONAL E SEU DESENVOLVIMENTO O contexto organizacional envolve diversas nuances e aspectos, que podem ser tangíveis e intangíveis. Por exemplo, apresenta determinada estrutura física e funcional para que ocorra o direcionamento de diversas tarefas e atividades que levarão a um fim, seja um produto, um serviço ou um objetivo coletivo. Estes, por sua vez, estão relacionados com o ambiente interno e também com aquele em que as organizações se inserem e se desenvolvem. Bennis (1976) definiu que desenvolvimento está ligado a complexidade da educação e aprendizagem organizacional, que tem por finalidade mudar a estrutura corporativa por meio de mudanças ou ajustes de seus valores, práticas e cultura, promovendo assim uma melhor adaptação aos novos contextos mercadológicos e seus constantes desafios. Desse modo, toda organização, independentemente de área, tamanho ou localização, contempla suas próprias relações internas de processos e pessoas, bem como se relaciona com outras organizações e com a sociedade em determinado ambiente. A maneira como a sociedade atua com a organização determinará a sobrevivência, o desenvolvimento e a perenidade desta, afetando a todos os envolvidos nesse contexto. As organizações são formadas por pessoas – dentro e fora delas. Por esta razão, existem dois pressupostos quando se fala de organizações: primeiro deles é que o cliente é a razão da existência de uma organização. Nenhuma organização existe somente para si própria, é o cliente que determina seu sucesso ou seu fracasso. O segundo é que 07 toda organização precisa de pessoas que dela participem para poder operar adequadamente. São os participantes que determinam o sucesso ou o fracasso de uma organização. As pessoas, seja as que estão dentro quanto as de fora das organizações, necessitam delas para viver. Assim, as pessoas vêm antes, durante e depois das organizações. Antes, porque as organizações são criadas por pessoas que decidem partir para um empreendimento próprio. Durante, porque não existem organizações sem pessoas, elas são o elemento fundamental para que uma organização possa funcionar. Depois, porque tudo que se faz em uma organização é destinado a pessoas. São pessoas que adquirem ou recebem o resultado das operações de uma organização. (Chiavenato, 2010, p. 10) Vamos ampliar um pouco mais esse horizonte para que toda essa teoria faça sentido no nosso dia a dia. O que de fato se traduz naquilo que chamamos de Desenvolvimento Organizacional? Reflita sobre os aspectos do cotidiano: quando ocorrem as mudanças e transformações organizacionais que impulsionam sociedade e sistemas corporativos em direção ao desenvolvimento? E por quê? Pensemos na interação das organizações com o meio em que se inserem. Dela surgem as percepções de adequação para atender às necessidades do seu próprio ambiente interno e, da mesma forma, também surgem as pressões do ambiente externo na direção da busca pelo desenvolvimento e atendimento das demandas do mercado. As necessidades de adaptabilidade e permanência levam à procura por maior eficácia e rapidez. A procura por mudanças que promovam crescimento e estabilidade é constante, e aquelas organizações que conseguem desenvolver essas habilidades em conjunto com o atendimento das necessidades humanas, seja do mercado ou do seu próprio contingente humano, são as que melhor se adequam e se perpetuam num ambiente cada vez mais globalizado. Sharma e Houselt (2007) já afirmavam que “o desenvolvimento de capacidades globais coloca uma empresa em posição de produzir uma gama de produtos e serviços que vai do mais simples a mais complexa”. Portanto, independentemente do tamanho da organização e do que ela oferece, o objetivo é atender às expectativas do mercado. Para isso, também é necessário olhar para aqueles que estão dentro da empresa, que compõem a estrutura organizacional e fazem com que ela funcione. Podemos considerar, dessa forma, que o desenvolvimento organizacional resulta de um conjunto de fatores que pressiona e leva à promoção da mudança. Seus desdobramentos induzem à adequação da estrutura da organização, seja em valores, comportamentos, posicionamentos, inovações, entre tantos 08 outros aspectos. Portanto, organizações estão sempre em busca de um alinhamento entre seus próprios objetivos e interesses e as expectativas dos seus meios interno e externo. Esses fatores serão traduzidos em respostas das organizações à complexidade do ambiente em que se encontram, e a levam na direção de melhor adequação a novas demandas e desafios do mercado, que vão surgindo progressivamente em seu cotidiano. É muito importante lembrar que nesse processo toda a estrutura organizacional é envolvida. TEMA 3 – A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E SEUS COMPONENTES Vamos tratar agora de forma mais clara dos aspectos e agentes que compõem a estrutura organizacional. Quando nos referimos à estrutura, o significado da palavra nos remete geralmente a algo físico. Por exemplo, a primeira definição de estrutura no dicionário é a seguinte: “Modo como alguma coisa é construída, organizada ou está disposta: a estrutura de uma empresa” (Dicionário On-line de Português, 2018). Porém, sabemos que a complexidade desse contexto estrutural é muito mais ampla e diversificada, então vamos ver como tudo isso funciona. Para Oliveira (2004, p. 84), “organização da empresa é a ordenação e o agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance de objetivos e resultados estabelecidos". Mas apenas tal agrupamento de recursos e atividades não garante o atingimento de resultados se não houver a estruturação destes. Assim, Jones (2010, p. 6) define que “Estrutura Organizacional é um sistema formal de tarefas e relações de autoridade que controla como as pessoas coordenam suas ações e usam recursospara alcançar seus objetivos organizacionais”. Dentro dos distintos e complexos sistemas organizacionais, existem diferentes tipos de estruturas que, combinadas, vão se adaptar e assumir uma forma única, criando uma identidade organizacional de acordo com as necessidades e os interesses inerentes ao tipo de negócio com que a organização está envolvida e as próprias características e cultura organizacional. Assim, Jones (2010) também ressalta que obter uma estrutura organizacional adequada facilita a obtenção de entendimento adequado e respostas eficazes a cada tipo de demanda, seja de gestão ou de adaptação ao 09 ambiente. Desse modo, à medida que as organizações vão se desenvolvendo também suas estruturas vão sendo moldadas para que se tornem apropriadas. Scatena (2012, p. 96) comenta que “as organizações necessitam acompanhar os ciclos evolutivos do ambiente em que estão inseridas e quando são estruturadas de forma rígida, terão dificuldades de se adaptar ao que ocorre em seu entorno”. Ou seja, num mundo em constante mudança, apesar da necessidade de definição estrutural nas organizações, também é preciso haver maleabilidade para promover mudanças e se adaptar às rápidas e constantes modificações que ocorrem e que demandam agilidade e eficácia das organizações. Vamos tratar um pouco sobre essas diferentes formas de se estruturar as organizações e por que é tão importante entender tais estruturas para que estas possam se desenvolver de forma adequada, garantindo perenidade da organização no mercado à medida que se adapta a ele. Chiavenato (2014) comenta que a Estrutura Organizacional apresenta certas dimensões que proporcionam o arranjo adequado a cada situação. Ou seja, apesar de as estruturas existirem, para cada organização haverá uma diferente combinação de fatores e processos que melhor atendem às necessidades internas e externas das organizações. Ainda, é importante se ter em mente que essa combinação de fatores se traduzirá em identidade organizacional, ou seja, cada uma terá seu DNA. Ainda que muitas vezes apresentem modelos estruturais semelhantes, as organizações sempre apresentarão características muito próprias que as diferenciarão umas das outras. Vejamos a seguir as dimensões a que o autor se refere. 010 Figura 1 – Dimensões básicas do desenho organizacional Fonte: Chiavenato, 2014, p. 304. Pela combinação dessas dimensões surgem formações organizacionais mais mecanísticas ou mais orgânicas. E o que isso significa na prática? Significa que quanto mais formais forem as definições de uma organização, mais ela se apresentará nos padrões tradicionais e hierarquizados, chamados por Chiavenato (2014) de mecanísticos. O oposto desse cenário seriam aquelas organizações que apresentam padrões mais flexíveis e menos formais, chamados pelo autor de orgânicos. Vejamos a seguir as principais diferenças entre essas duas formas de combinação de estruturas organizacionais. 011 Figura 2 – Comparação entre o modelo mecanistíco e o modelo orgânico Fonte: Chiavenato, 2014, p. 305. Tais delimitações irão diferenciar a forma como as organizações se desenvolvem e se relacionam com o seu meio. A combinação das diferentes dimensões e como elas acontecem irá ainda apresentar mais um desdobramento, levando as organizações a se enquadrarem em duas outras abordagens organizacionais: a tradicional e a sistêmica. A primeira abordagem, a tradicional, tem enquadramento e foco na hierarquização, na divisão de trabalho bem definida e na centralização de comando. Por sua vez, a segunda abordagem, a sistêmica, tem como características principais o foco nos processos e a ultrapassagem das fronteiras departamentais, e tendem a ser mais maleáveis. Nesse segundo cenário, a combinação das habilidades empresariais é mais importante que a hierarquização: há descentralização de decisões e relações horizontalizadas entre departamentos. Vejamos a seguir de forma mais clara. 012 Figura 3 – Diferença entre as abordagens tradicional e sistêmica das organizações Fonte: Chiavenato, 2014, p. 306. Existem diversas formas de estrutura organizacional. Elas se constroem pela combinação de necessidades da própria organização, a sua cultura e o seu ambiente. Assim, poderão ser mais verticalizadas ou horizontalizadas, ou até mesmo uma combinação das duas vertentes. Sugiro a seguir a leitura de um breve artigo que trata das principais estruturas organizacionais que são vistas no mercado. Aproveite a leitura para identificar em qual desses modelos melhor se enquadra a organização da qual você faz parte. Saiba mais O que é estrutura organizacional? Leia em: <https://www.dicionariofinanceiro.com/estrutura-organizacional/>. O entendimento desses conceitos dará suporte às diferentes formas que revelam como as organizações se relacionam com seus ambientes, assunto que abordaremos a seguir. TEMA 4 – O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E SUAS INTERAÇÕES COM O MERCADO As organizações se estruturam para atender aos seus interesses, bem como para atender os seus clientes e colaboradores que são, por fim, a finalidade de sua existência. 013 Observam Bernardes e Marcondes (2005, p. 11): Quem não veio ao mundo em um hospital, logo vai estudar em uma escola, para depois, já adulto, trabalhar em fábricas, escritórios, comprar em lojas e supermercados, frequentar clubes, inconteste interação com organizações, ou seja, a sua contribuição e o quanto as organizações lhe dão suporte. Então, como já comentamos no início desta aula, estamos inseridos no contexto organizacional de forma inequívoca. Fazemos parte de todo esse mecanismo de diversas formas, em diferentes papéis e momentos. Jonhnson et al. (2011, p. 46) comentam que "o ambiente é o que proporciona às organizações o seu meio de sobrevivência". Assim, seja no setor privado ou público, a interação entre as empresas, seus clientes, colaboradores, usuários de serviços, fornecedores, concorrentes e outros vão dar forma ao ambiente organizacional. Vejamos na figura a seguir como a organização está inserida nesse contexto. Figura 4 – Camadas do ambiente de negócios Fonte: Jonhson et al., 2011, p. 46. Quando observamos a figura anterior é possível perceber que a interação das organizações com o meio envolve camadas que vão se desdobrando e à medida que se ampliam com elas também se amplia a complexidade de fatores que irão influenciar, de alguma forma direta ou indireta, as estruturas organizacionais. 014 O ambiente será, ao mesmo tempo, fonte de oportunidades, novas demandas, inovações e também de ameaças, como entrada de novas concorrências, mudanças regulatórias, crises econômicas, cenários globalizados que possam provocar interferências de mercado, sendo estes apenas alguns fatores que afetam diariamente as organizações. Assim, o “macroambiente” que representa a camada mais externa pode ser considerado como aquele onde podem ser observados os cenários mais amplos, como tendências futuras, seja de âmbito tecnológico, político ou econômico, e que podem indicar necessidades de adequação e mudança nas organizações. Um bom exemplo de como o macroambiente afeta as corporações e seus interesses é a crise política atual no Brasil, que gera grande insegurança tanto nas pessoas e empresas que estão no país como em investidores externos que, diante do cenário de incertezas quanto ao futuro político do país, deixam de investir no Brasil. O desdobramento deste cenário brasileiro é complexo, pois o desinvestimento gera a falta de crescimento econômico e leva a outros tantos fatores que pioram o panorama, como o desemprego, a desaceleração do consumo, a falta de investimentos do setor público e privado. O ambiente que Johnson (2011) chama de indústria ou setor é composto pelas empresas que estão envolvidasde alguma maneira com a organização. Elas podem operar em setores diversos de forma complementar, como parceiras ao redor da organização ou ainda atuando em segmentos distintos com os quais a organização possa fazer negócios. Vale lembrar que essas empresas não necessariamente estão fisicamente próximas da organização, pois com o mundo globalizado, hoje em dia parceiros e até concorrentes podem estar em qualquer lugar, inclusive virtualmente. Já o ambiente entendido como concorrência ou mercado representa a camada mais próxima da organização e, aqui sim, podem afetá-la de forma mais direta, pois em geral são outras organizações que competem em seus segmentos, de alguma maneira, ou ainda no mercado como um todo, o qual tem distintas necessidades que se modificam e afetam a organização. Assim, esses elementos podem representar oportunidades e ameaças diretas ao desempenho organizacional. Vimos aqui, de forma mais ampliada, como funciona o processo de interação das organizações com o ambiente em que se encontram e de que 015 maneira podem afetar e são diretamente afetadas pelo universo em que se inserem. TEMA 5 – PRESSÕES QUE IMPULSIONAM AS ORGANIZAÇÕES A BUSCAR MUDANÇAS Para iniciarmos este tema, convido você a assistir ao vídeo indicado a seguir. Perceba que algumas das informações contidas nele já aconteceram, outras estão acontecendo neste momento que vivemos e outras ainda estão por vir. Este vídeo foi produzido por uma organização bastante conhecida no mercado com objetivo de provocar reflexão... Então, vamos lá! Saiba mais “Mudanças Acontecem”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=A9zOWuvtdLc>. Observando esse volume enorme de informações, peço que agora você observe a sua volta e relembre os últimos tempos: quantas coisas se modificaram na sua própria vida, seja em família, no seu contexto social, no seu ambiente de trabalho. A vida pode ter lhe proporcionado uma grande reviravolta, por motivos variados. Mudamos constantemente, e assim também ocorre com as organizações, muitas vezes de forma muito mais acelerada porque o mundo corporativo exige dinamismo ou as empresas não sobrevivem no mercado. Você sabia que já existem produtos e soluções inventados para serem lançados no mercado que irão atender a demandas que ainda nem existem? A 3M, empresa que atua em diversos segmentos e é considerada uma das empresas mais inovadoras do mundo, já anunciou que tem acervos de soluções futuras que ainda não foram apresentadas ao mercado porque aguardam o melhor momento para serem lançadas. Pode ser até mesmo que algumas delas nem sejam comercializadas, porém se a empresa perceber que há mercado, já tem produtos antes mesmo que imaginemos existir a necessidade. 016 Se observarmos, por exemplo, o mercado de trabalho é possível descobrir que hoje existem necessidade de pessoas qualificadas em profissões que não existiam há dez anos, como gestores de redes sociais, operadores de drones, desenvolvedores de aplicativos, especialistas em cloud computing, engenheiros especializados em nanotecnologia... Esses são apenas alguns exemplos de formações especificas que são parte das profissões que emergem das novas demandas do mercado. A expectativa é que muitas outras especializações irão surgir nos próximos anos de forma exponencial. Jones (2010, p. 222) afirma que "o objetivo da mudança organizacional planejada é mudar para encontrar maneiras novas ou melhores de usar recursos e habilidades para aumentar a capacidade de uma organização de criar valor e mais retorno aos seus stakeholders". Os stakeholders são todos aqueles que de alguma forma têm interesses e ligações com as organizações. Assim, colaboradores, clientes, fornecedores, sócios, acionistas, governo, entre outros representam esses grupos de interesses e é em função deles que as organizações buscam melhor empregar seus recursos e atender a suas expectativas. Desta forma, as pressões por mudanças nas organizações surgem de todos os lados e das mais variadas maneiras. Podem ocorrer por necessidade de atender às demandas da sociedade, por processos de inovação que surgem a partir do desenvolvimento e de melhorias de produtos por meio de novas tecnologias ou ainda a partir da própria necessidade organizacional de se reinventar para se manter no mercado. FINALIZANDO Neste primeiro momento de estudo sobre a importância da gestão das mudanças e transformações organizacionais, revisitamos alguns conceitos do surgimento da Teoria das Organizações para que pudéssemos dar embasamento teórico ao entendimento do contexto organizacional e seu desenvolvimento. Na sequência, passamos a tratar de forma mais objetiva dos aspectos e agentes que compõem a estrutura organizacional, além de observarmos os 017 elementos que fazem parte do ambiente em que as organizações estão inseridas. Vimos também como ocorrem as interações das organizações com o mercado. Por fim, tratamos de alguns aspectos que demonstram como ocorrem os movimentos que pressionam as organizações a buscar mudanças e transformações. Para fecharmos esta aula, indico a leitura de um artigo que mostra a evolução de grandes marcas que nos cercam e que se reinventam para atender aos seus interesses, muitas vezes nos surpreendendo com mudanças completas de direcionamento e negócios. Acesse o artigo e se surpreenda você também. Boa leitura! Saiba mais Confira o artigo “Nove grandes empresas que já mudaram de ramo”. Disponível em: <https://super.abril.com.br/blog/superlistas/9-grandes-empresas- que-ja-mudaram-de-ramo>. 018 REFERÊNCIAS BARROS, T. Internet completa 44 anos; relembre a história da web. Techtudo, São Paulo, 7 abr. 2013. Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos- relembre-historia-da-web.html>. Acesso em: 10 jan. 2018. BENNIS, W. G. Organizações em mudança. São Paulo: Atlas, 1976. BERNARDES, C.; MARCONDES, R. C. Sociologia aplicada à administração. São Paulo: Saraiva, 2005. CHIAVENATO, I. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. 5. ed. rev. atual. Barueri: Manole, 2008. ______. Iniciação à Teoria das Organizações. Barueri: Manole, 2010. ______. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Barueri: Manole, 2014. CINCO dicas para ter uma estrutura organizacional de primeira. Endeavor Brasil, São Paulo, 1 abr. 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/estrutura- organizacional>. Acesso em: 10 jan. 2018. DEZ profissões que não existiam há dez anos. Portal da Liderança, Lisboa, 9 jun. 2016. Disponível em: <http://www.portaldalideranca.pt/infografico/5142-dez- profissoes-que-nao-existiam-ha-dez-anos>. Acesso em: 10 jan. 2018. DICIONÁRIO ON-LINE DE PORTUGUÊS. Disponível em: <https://www.dicio.com.br>. GENERILDO. Mudanças acontecem. 10 jan. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=A9zOWuvtdLc>. Acesso em: 10 jan. 2018. GODWIN, A. Taylorismo, Fordismo, Toyotismo e o trabalhador. Jusbrasil, Araras, 2017. Disponível em: <https://alegodwin.jusbrasil.com.br/artigos/441135883/taylorismo-fordismo- toyotismo-e-o-trabalhador>. Acesso em: 10 jan. 2018. JOHNSON, G.; SCHOLES, K.; WHITTINGGTON, R. Fundamentos de Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2011. JONES, G. R. Teoria das Organizações. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. 019 O QUE É estrutura organizacional? Dicionário Financeiro, S.l., S.d. Disponível em <https://www.dicionariofinanceiro.com/estrutura-organizacional>. Acesso em 10 jan. 2018. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, Organização & Métodos. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SCATENA, M. I. C. Ferramentas para a moderna gestão empresarial: teoria, implementação e prática. Curitiba: InterSaberes, 2012. SHARMA, A.; HOUSELT, G. O antídoto: como neutralizar os perigos num ambiente demudança. 8. ed. São Paulo: Financial Times/Prentice Hall, 2007. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576051008/pages/_ 5>. Acesso em: 10 jan. 2018. SOARES, J. Nove grandes empresas que já mudaram de ramo. Superinteressante, São Paulo, 21 dez. 2016. Disponível em: <https://super.abril.com.br/blog/superlistas/9-grandes-empresas-que-ja- mudaram-de-ramo>. Acesso em: 10 jan. 2018. AULA 2 GESTÃO DA MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL Profª Maura Vello 02 CONVERSA INICIAL Olá! Vamos dar continuidade ao desenvolvimento dos seus estudos, iniciando mais esta aula. Apenas relembrando, na aula 1 trabalhamos com temas relacionados aos conceitos de organização e de onde eles surgiram, como se compõem as estruturas organizacionais, em que ambiente estão inseridas e quem são os diversos participantes com uma diversidade de interesses nesse complexo contexto em que sociedade e organizações as mais variadas estão colocadas. Conhecer um pouco destes cenários nos ajudará a entender de que forma as mudanças e transformações acontecem nas organizações e quais são os fatores que as impulsionam mesmas em direção à mudança. Essas transformações podem ser programadas? Ou simplesmente ocorrem à medida que as organizações se sentem pressionadas a mudar? É possível planejar uma mudança de forma estratégica e envolver toda uma estrutura organizacional, mesmo sabendo que haverá resistência e dificuldades? Você já teve a oportunidade de vivenciar alguma experiência de mudança na empresa onde trabalha ou até mesmo tomar conhecimento de algum processo de transformação e reposicionamento organizacional? É bem provável que sim, certo? Então pergunto a você: quais são os primeiros a serem impactados nesse processo? Isso mesmo, as pessoas, pois são elas que fazem com as coisas aconteçam. Mudanças organizacionais necessariamente passam pela reorganização de ideais, comportamentos, valores, processos, e sem que haja o devido cuidado e envolvimento daqueles que fazem o dia a dia das organizações esse processo pode demorar ou até mesmo não chegar aos resultados esperados. CONTEXTUALIZANDO Muitas vezes mudanças estratégicas organizacionais são tão bem- sucedidas que os próprios colaboradores e até mesmo clientes nem imaginam como a empresa era antes, ou até mesmo se perguntam como a organização sobreviveu antes da transformação. Obviamente, o inverso também pode ser verdadeiro: existem casos de transformações organizacionais que não terminaram bem. Algumas organizações ainda assim conseguem se reposicionar e seguir em frente, outras sucumbem e fecham as portas. 03 Agora pense e tente se lembrar de alguma marca que se reinventou e que hoje está no mercado sem que as pessoas nem se lembrem de como elas eram ou o que faziam antes de mudar. Pense também em algum caso em que mesmo com a aposta na mudança o processo não deu certo. Pesquise pelo menos três casos bem-sucedidos e três que não apresentaram sucesso e anote quais as características em comum perceptíveis nos casos de sucesso e também dos que não chegaram lá. Indo um pouco além, indico a seguir um dos casos mais conhecidos de reposicionamento e transformação no mercado, que reflete o que estamos propondo aqui. Quem não conhece o case da Havaianas, que passou de uma organização que havia se estagnado no mercado a uma potência? Ela se tornou uma marca conhecida mundialmente e deixou de vender chinelos baratos para vender o mesmo produto reposicionado no mercado, transformando-o em acessório de moda. Vamos ver agora fatos marcantes da história da Havaianas e como essa organização se transformou e se adaptou para permanecer no mercado, indo muito além e se tornando um case de sucesso. Saiba mais Veja alguns fatos marcantes da história da marca Havaianas: <https://economia.uol.com.br/album/2012/06/29/veja-fatos-marcantes-da- historia-da-havaianas.htm>. Para entender melhor como as organizações trabalham para evitar que as coisas não aconteçam como planejado ou que se minimizem os riscos que mudanças e transformações provocam em seus ambientes interno e externo, vamos ver nesta aula alguns conceitos, processos e estratégias que auxiliam as tomadas de decisão e a busca pelo sucesso nas mudanças. TEMA 1 – CONCEITOS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL Como entender por que alguns casos de mudança dão certo e outros não? Existe alguma maneira de evitar um desastre nesse processo de transformação? Obviamente quando uma empresa erra nas suas escolhas e estratégia, além de afetar a vida de muitos, ela também acaba por assumir grandes prejuízos – não somente financeiro, mas de imagem da marca também, o que muitas vezes pode ser fatal para a organização. 04 Robbins (2005, p. 18) chama a reflexão para a questão da temporariedade dos novos contextos organizacionais da seguinte forma: Com a mudança vem a temporariedade, nos últimos anos a globalização, a expansão da capacidade e os avanços na tecnologia se combinam de forma a impor às organizações que quiserem sobreviver que elas sejam ágeis e flexíveis. O resultado disso é que tanto os funcionários como os dirigentes trabalham hoje em um clima que pode ser definido como temporário. As evidências desta situação estão em todos os lugares da organização. As funções vêm sendo continuamente redesenhadas e as tarefas cada vez mais sendo realizadas por equipes flexíveis. O que o autor coloca é que não há mais como as organizações fugirem da complexidade que se instala cada vez mais nos seus ambientes interno e externo. A transformação ocorre em tempo integral e real, e cada vez mais deve ser considerada parte natural do processo evolutivo tanto das organizações como da sociedade. Robbins (2005) ainda complementa dizendo que colaboradores de qualquer área das organizações precisam se habituar à temporalidade, entender que é primordial estarem preparados para conviver com a flexibilidade, espontaneidade e imprevisibilidade. Além de termos em mente que a transformação e a mudança devem fazer parte de forma contínua do nosso cotidiano nas organizações e na nossa vida pessoal, é preciso estar pronto para se moldar a novas realidades e demandas que vão surgindo ao longo do processo transformacional. Chiavenato (2008, p. 88) relata que para produzir produtos e serviços com qualidade e preços competitivos, a empresa deve estar em total sintonia com as informações do mercado, conhecer as necessidades dos clientes, monitorar os concorrentes, rever constantemente os processos do negócio, atualizar as tecnologias utilizadas, e, sobretudo, repensar constantemente a sua missão. Se observarmos as colocações acima podemos chegar a vários fatores que são comuns aos ambientes organizacionais. Vamos falar de alguns deles: Necessidade constante de monitoramento interno e externo com relação aos movimentos do mercado e como a empresa se posiciona nesse contexto. Acompanhamento permanente de tendências tecnológicas e necessidades futuras para se preparar para o atendimento de novas demandas. Independentemente de sua área de atuação, estar atento às inovações, pois atualmente a grande maioria dos segmentos é modificada e mobilizada 05 por inovações, seja em novas tecnologias, processos, estruturas, aprendizado ou novos modelos de gestão, de forma exponencial. Buscar realinhar os interesses da organização sempre que necessário, pois uma empresa com interesses desconectados às expectativas e tendências do mercado tende a perder espaço para a concorrência. Como Brown (1991) já afirmava lá na década de 1990, a maior invenção que sairá dos laboratórios de pesquisa no futuro será a própria organização, conforme as organizações tentam, com rápidas inovações tecnológicas, acompanhar omercado, os departamentos de pesquisa têm de criar novas arquiteturas organizacionais que possibilitem à empresa ser continuamente inovativa. Se pararmos para observar o contexto em que vivemos, seja como colaboradores no mais diverso universo organizacional, seja como consumidores de produtos e serviços, não é difícil chegar à conclusão que é imenso o desafio das organizações em atender às expectativas de um mercado globalizado e complexo. Esse desafio se traduz em mudança e adaptabilidade contínuas por parte das organizações frente à criação de identidade e diferencial competitivo, bem como a constante necessidade de buscar alocar, de forma cada vez mais sensata, os seus recursos, para com isso buscar o equilíbrio entre a maximização de seus resultados, o controle de custos e a entrega de qualidade em produtos e serviços. TEMA 2 – PROCESSOS QUE ENVOLVEM A MUDANÇA ORGANIZACIONAL Antes de começarmos a falar dos processos que envolvem a mudança organizacional, sugiro que façamos uma reflexão. Vamos olhar mais atentamente o ator principal do processo de mudança em qualquer contexto, sendo ele organizacional ou social. O ser humano, a ação humana é que promove tudo. Não existiriam organizações de qualquer tipo ou tamanho sem que as pessoas se unissem em torno de objetivos comuns. Pois bem, assim surgem os grupos sociais, as comunidades, as empresas, as instituições de ensino, as organizações políticas e religiosas, as instituições de controle e poder, os governos. Sim, somos nós os responsáveis e beneficiários de todo esse processo. 06 Segundo Nascimento (2016), "quando nos unimos em grupos e organizações, somos capazes de fazer o que não seríamos sozinhos, de crescer, de prosperar, de nos proteger”. Sabemos que os movimentos que levam as organizações ao processo de mudança são feitos pelas pessoas, tanto as que compõem uma organização como as que compõem o ambiente onde tal organização se desenvolve. Então temos aqui um elemento-chave, mas ele não é o único, apesar de ser fundamental. Na busca por mudanças, as organizações estão se reinventando e dando muito mais importância a processos mais fluidos e menos engessados. Chiavenato (2004), quando classificou as organizações em sistemas mecanístico e orgânico, descreveu assim as diferentes características entre esses perfis: Quadro 1 – As diferentes características entre as organizações mecanísticas e orgânicas: Fonte: Chiavenato, 2008, p. 84. O que nos parece demonstrar as características acima descritas pelo autor é que quanto mais tradicional a estrutura organizacional, ainda que em condição de estabilidade e modernizada em seus sistemas e processos, maior se torna a dificuldade de implementação de mudanças, pois esse tipo de estrutura mecanística com predominância verticalizada de comando, muito mais hierarquizada e regulamentada, tende a apresentar maiores fatores de resistência à mudança. Já quando o autor trata de estruturas com aspectos mais flexíveis, o que se observa são características mais informais, descentralização de comando hierárquico e processos participativos, predominado tomada de decisões e 07 processos mais horizontalizados com envolvimento da organização como um todo. Assim, agentes considerados elementos-chaves estão envolvidos nos processos de mudança nas organizações, como liderança e estruturas de comando, áreas e departamentos, colaboradores, processos, tecnologia, cultura organizacional, sociedade, fatores econômicos e aspectos mercadológicos e ambientais, e vão apresentar diferentes respostas dependendo do enquadramento da organização entre o tradicional e o contemporâneo. Chiavenato (2008, p. 84) complementa que “a forma mecanística de organização é mais apropriada para condições ambientais de estabilidade e previsibilidade e a forma orgânica mais apropriada para as condições ambientais de mudança e inovação”. Ambas passaram por processos de mudança e transformação, porém a resposta às mudanças será diferente. O quadro a seguir mostra de forma um pouco mais clara o que diferentes agentes promotores de mudança podem promover numa organização. Quadro 2 – Alguns tipos de mudança organizacional a partir dos agentes que compõem o seu ambiente Fonte: Chiavenato, 2008, p. 18. Assim, observamos que, numa visão mais sistematizada, fazer gestão de mudança e transformação organizacional é responder às pressões vindas dos diversos agentes que compõem os meios interno e externo das organizações, 08 traduzindo todo esse processo na otimização da alocação dos recursos disponíveis, resultando em melhora do desempenho organizacional. Para encerrarmos este tema, indico a seguir um vídeo que fala sobre Modelos Mentais e como as pessoas influenciam as mudanças nas organizações. Saiba mais Assista ao vídeo sobre Modelos Mentais: <https://youtu.be/J-rCRjMIPoM>. TEMA 3 – TIPOS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL Vamos iniciar este tema, que irá tratar de alguns tipos de mudanças organizacionais, fazendo um esclarecimento sobre as mais variadas teorias e formas de entendimento de autores. Sendo assim, vamos ver aqui o que pensam alguns deles e como contribuem para o entendimento das mudanças e transformações organizacionais. Começaremos com a abordagem de Jones (2010), que relaciona os principais mecanismos que, combinados de formas variadas, aparecem envolvidos nos processos de mudança nas organizações. Quadro 3 – Relação entre teoria organizacional, estrutura e cultura organizacional e planejamento e mudança Fonte: Jones, 2010, p. 6. Se observarmos a descrição das características citadas pelo autor, a partir de cada uma das dimensões é possível concluir que: 09 A estrutura organizacional representa o sistema de controle formal de tarefas e pessoas, coordenando ações com foco nos objetivos organizacionais. A cultura organizacional é moldada e desenvolvida por meio dos valores criados e compartilhados pelas pessoas. É a cultura que demonstra a maneira como as pessoas interagem dentro e fora das organizações e como respondem aos estímulos e mudanças. O desenho organizacional representa a forma como gestores combinam os diversos aspectos relacionados à estrutura e à cultura organizacional, buscando atender aos interesses e às necessidades de adaptação em um ambiente de mudança constante. A combinação desses fatores resulta também em identidade organizacional e vai diferenciar as marcas e empresas, ainda que as mesmas atuem em um mesmo segmento de forma semelhante. Jones (2010) cita um exemplo claro quando comenta que a Coca-Cola e a Pepsico são duas das mais bem-sucedidas empresas mundiais de refrigerantes e compartilham ambiente mercadológico similar, já que seus produtos são similares. Essa similaridade pode levar à crença de que a combinação de fatores das duas organizações também possa ser parecida. Porém, não são: enquanto a primeira tem características de abordagem cooperativa, valorizando funcionários e apoiando carreiras de longo prazo, a segunda apresenta como características uma abordagem mais competitiva de alto turn-over e decisões gerenciais que não consideram muito o aspecto humano. Motta (2001) trabalha conceitos que diferenciam, dentro da estrutura organizacional, quais as perspectivas de mudança de acordo com os objetivos organizacionais. 010 Quadro 4 – Perspectivas de análise organizacional por objetivos de processo de mudança Fonte: Motta, 2001, p. 74. O autor trabalha com as diferentes perspectivas da estrutura organizacional e as possibilidades de mudança de acordo com os objetivos da organização como um todo. Vale lembrar que essas necessidades de transformação acontecem de forma integrada, criando interdependência entre perspectivas, processos e áreas envolvidas para que as mudanças aconteçam. 3.1 Os tiposde mudança organizacional São muitas as teorias que abordam o universo das mudanças organizacionais. Vamos trabalhar aqui os conceitos desenvolvidos por Chiavenato (2008), que lista quatro tipos de mudança dentro das empresas: Mudanças Estruturais: Neste tipo de mudança, o que vemos é um envolvimento de toda a estrutura hierárquica da empresa. Ela acontece, na maioria das vezes, nos níveis mais altos de gestão e é planejada, porém exige a participação e envolvimento de toda a organização. Mudanças Tecnológicas: Este tipo de mudança geralmente está relacionado a questões que abordam a forma de produção e realização do 011 trabalho. Tem como objetivo principal trazer eficiência ao processo produtivo ou da prestação de um serviço. Mudanças de produtos e serviços: Este tipo de mudança é mais direcionado a portfólio de produtos ou serviços. Está relacionada ao processo de inovação, que pode ser representado por melhorias incrementais em produtos e serviços já existentes ou o lançamento de novos produtos. Mudanças Culturais: Já as mudanças culturais são mais subjetivas, pois tratam de questões comportamentais de crenças e valores dos colaboradores, e estas têm sempre que estar alinhadas às normas e expectativas da organização. O autor também comenta que as mudanças podem ocorrer em várias dimensões, profundidades e velocidades. Podem apresentar caráter específico ou genérico e ainda podem ser entendidas como lentas, progressivas, incrementais e radicais. Vejamos no quadro a seguir como Chiavenato trata tais aspectos. Quadro 5 – Principais tipos de mudanças empresariais Fonte: Chiavenato, 2008, p. 122. 012 Agora vejamos um pouco melhor o que o autor nos diz sobre cada um desses tipos de mudança e essas mudanças envolvem os diversos agentes e áreas das organizações. Mudanças contínuas: São as transformações que se tornam perenes nas empresas e privilegiam melhorias que envolvem todos os colaboradores. Geralmente são suaves, porém contínuas e permanentes, como, por exemplo, programas de gestão da qualidade. Podem também ser chamadas de mudanças incrementais. Mudanças Planejadas: Geralmente envolvem uma visão de médio e longo prazo. Precisam ser feitas a partir de diagnósticos prévios que irão dar embasamento ao planejamento, à tomada de decisões gerenciais e às ações. Um bom exemplo deste tipo de mudança é a ampliação ou modernização para aumentar capacidade produtiva. Mudanças Radicais: Geralmente ocorrem quando as organizações pretendem redesenhar processos, produtos ou serviços, modificando de forma significativa o contexto organizacional. São planejadas pelas áreas de direção da empresa, mas envolvem todos. Alguns exemplos deste tipo de mudança são processos de reengenharia de reposicionamento mercado e/ou de marca. Mudanças Estratégicas: Geralmente envolvem estudos mais aprofundados e com visões mais ampliadas de posicionamento de mercado a médio e longo prazo. São desenhados diferentes cenários e seus desdobramentos, avaliando riscos e possibilidades de ganhos e perdas para tomada de decisões gerenciais. Por meio da avaliação desses diferentes cenários é comum empresas até mesmo recuarem e desistirem de implantar um projeto. Motta (2001, p. 72) apresenta assim o seguinte entendimento sobre essa diversidade de conceitos: “em meio à variedade de objetos, os gestores da mudança tendem a privilegiar algumas dimensões organizacionais em detrimento de outras, conforme a perspectiva de análise ou a teoria substantiva em que se baseiam”. Assim, as divergentes abordagens teóricas sobre o tema oferecem variados modelos e aplicabilidades que devem ser analisados pelas empresas na escolha das possibilidades que melhor atendam aos interesses de todas as partes 013 envolvidas. Essas diferentes vertentes de estudo não se anulam ou se sobrepõem, são apenas distintas perspectivas. Saiba mais Para finalizarmos este tema, indico duas leituras complementares. A página 18 do livro Comportamento Organizacional, que debate a temporariedade nos novos processos organizacionais e cita o case da Nissan Motors; e o artigo “Mudança Organizacional - Característica das Organizações Dialéticas”. Para mais informações, acesse o material de Leitura Obrigatória da disciplina e boa leitura! TEMA 4 – A MUDANÇA ORGANIZACIONAL COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO Vamos iniciar este tema tratando de um case que ficou conhecido como o Manifesto da Pasta de Amendoim. Essa história foi gerada a partir do questionamento de um dos gestores da empresa Yahoo! quanto à estratégia ou falta dela na organização, que a fez perder mercado e ver o preço de suas ações despencarem com a entrada do Google no mercado. Johnson et al. (2011, p. 24) relembram o caso: Em novembro de 2006, Brad Garlinghouse, gerente da Yahoo!, enviou um memorando que era um desabafo direto ao modelo clássico de gerenciamento da gigantesca empresa de internet. Apelidado pela mídia de “Manifesto da pasta de amendoim”, o memorando de Garlinghouse acusava a liderança da Yahoo! de falta de orientação estratégica. O crescimento era lento, o Google havia ultrapassado a Yahoo! em receitas de publicidade on-line e o preço das ações da empresa haviam caído para aproximadamente um terço do valor desde o início do ano. De acordo com Garlinghouse, a Yahoo! estava espalhada muito superficialmente, assim como uma pasta de amendoim sobre uma fatia de pão. Era hora de uma mudança na estratégia. A mudança como estratégia de negócios acontece quase que diariamente nas decisões tomadas pelas organizações e cada vez mais se torna parte dos processos decisórios, independentemente da forma como o processo de mudança venha a acontecer – seja como no caso da Yahoo!, para superar problemas, seja por decisão da organização diante de uma oportunidade de desenvolvimento e ganho de mercado. O enfrentamento de um gestor diante da estagnação de uma grande corporação, como demonstrado anteriormente, faz-nos refletir sobre o quanto todos os envolvidos (colaboradores, diretores, gestores) são afetados quando alguma coisa sai errada ou não acontece como o esperado pelas organizações. 014 Muitas vezes esse processo de identificação e de reordenação estratégica é demorado, gerando perdas e prejuízos, como no caso descrito há pouco. A seguir veremos uma série de empresas que, a partir dos seus fracassos ou da estagnação, usaram a mudança organizacional como estratégia para sobrevivência no mercado. 015 Quadro 6 – Do que são feitas as grandes empresas Fonte: Chiavenato, 2008, p. 28-29. 016 O objetivo principal de citar todos esses casos é promover a reflexão. Vamos nos perguntar como algumas delas se tornaram grandes potências mundiais e estão no mercado há décadas, algumas inclusive se mantendo como líderes de mercado. A resposta é: porque buscaram por meio da mudança construir estratégias que as tornassem únicas. Johnson et al. (2011) comentam que “estratégia é a orientação e o alcance de uma organização em longo prazo, que conquista vantagens num ambiente inconstante por meio de configurações de recursos e competências”. Chiavenato (2008, p. 116) reforça que “a formulação de estratégia empresarial é um importante elemento para introdução de mudanças que a organização espera desenvolver de maneira contínua e gradativa”. Assim, a estratégia constitui uma determinada combinação de realocação de recursos organizacionais que irão dar direcionamento e orientar decisões gerenciais de longo prazo como, por exemplo, posicionamento de mercado, processos inovadores e as relações com seus stakeholders. O que podemos concluir então é que a mudança está inserida no contexto organizacional, em suas decisões estratégicas, e sem ela não há transformação, não há sustentabilidade organizacional. TEMA 5 – ALGUNSMODELOS APLICÁVEIS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL A partir do estudo dos vários conceitos e vertentes das mudanças organizacionais começam a surgir os modelos e as propostas de aplicabilidade efetiva de processos de mudança. Alguns são implantados e usados nas empresas desde que surgiram, como os métodos Kaizen e da Qualidade Total, que têm como proposta melhorias contínuas e que surgiram na reestruturação das organizações logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Outros foram surgindo e sendo desenvolvidos ao longo dos anos, como a Reengenharia e o uso de Balanced Scorecard (mais conhecido como BSC). Os primeiros modelos são processos mais simples de serem implantados e geram continuidade permanente, os dois últimos modelos são bem mais complexos e promovem transformações mais profundas. Vamos falar um pouco desses dois modelos mais recentes. 5.1 Gestão da Qualidade Total Este modelo de transformação organizacional que surgiu no pós-guerra é um dos mais usados nas organizações até hoje. Ele propõe o envolvimento de 017 todas as áreas e todos os colaboradores das empresas, promove mudanças de comportamento e de cultura que acabam por gerar desdobramentos que vão desde a diminuição do desperdício até a busca pela excelência nos processos, produtos e serviços, aumentando continuamente a qualidade em todos os âmbitos da empresa. Segundo Chiavenato (2008, p. 124), as técnicas de intervenção suaves e contínuas, dentre as quais os Programas de Gestão da Qualidade Total, estão centradas nas pessoas e privilegiam melhorias gradativas e continuadas de processos, produtos e serviços, em longo prazo e com a participação colaborativa da organização como um todo. Existem várias técnicas gerenciais de Gestão da Qualidade Total, mas no quadro a seguir é possível ter uma visão mais sistêmica de como esses processos acontecem. Quadro 7 – Sistema tradicional de inspeção e Sistema de Qualidade Total Fonte: Chiavenato, 2008, p. 136. Os dois esquemas anteriormente demonstrados pelo autor revelam que apesar de, no primeiro contexto, haver inspeção anterior à implantação dos programas de qualidade, havia a correção dos processos, mas ainda assim os clientes finais eram diretamente afetados por falhas e defeitos de produtos e serviços. Observemos que no segundo ciclo as falhas e defeitos são corrigidos antes da entrega final de produtos e serviços, e ainda assim há uma 018 retroalimentação mesmo depois da entrega – demonstrando uma preocupação ainda maior com a satisfação final do cliente. 5.2 O Sistema Balanced Scorecard (BSC) Este outro modelo de desenvolvimento e transformação organizacional tem embasamento mais aprofundando a partir da percepção de dois autores professores de Harvard, David Norton e Robert Kaplan (1997), que notaram que as empresas se baseavam, na maioria das vezes, em mensurações e resultados contábeis e financeiros ocorridos no passado para projetarem seus planos futuros. Com razão, os dois estudiosos verificaram que outros fatores relevantes eram deixados de fora como, por exemplo, as capacidades internas da organização e suas possibilidades de desenvolvimento e inovação, questões mercadológicas momentâneas e previsões futuras. Assim, o BSC passa a ser considerado, segundo seus autores, uma ferramenta que apresenta indicadores que abrangem quatro perspectivas fundamentais na tomada de decisões estratégicas das empresas. Vejamos no quadro a seguir: Quadro 8 – As quatro perspectivas do BSC Fonte: Kaplan e Norton, 1997, p. 274. 019 A aplicação deste modelo para as organizações permite projeções estratégicas de longo prazo mais elaboradas e que levam as empresas a planejar seu futuro de forma mais segura. FINALIZANDO Nesta aula pudemos aprofundar um pouco mais os conceitos de mudança organizacional, bem como todos os processos que envolvem o desenvolvimento e a transformação nas organizações. Vimos também que existem várias vertentes conceituais que estudam os fenômenos das mudanças organizacionais e abordamos alguns tipos de mudança organizacional em diferentes perspectivas, inclusive na utilização da mudança como parte fundamental da estratégia empresarial. Por último, falamos de dois modelos estruturados de aplicação de processos de mudança, dentre outros que existem. 020 REFERÊNCIAS BROWN, J. S. Research that reinvents the corporation (Xerox Paio Alto Research Center). Harvard Business Review, Boston, v. 69, n. 1, p. 102-111, jan./fev. 1991. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004. ______. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. 5. ed. rev. atual. Barueri: Manole, 2008. ______. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Barueri: Manole, 2014. FATOS marcantes da história das Havaianas. UOL Economia, São Paulo, 29 jun. 2012. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/album/2012/06/29/veja-fatos- marcantes-da-historia-da-havaianas.htm>. Acesso em: 11 jan. 2018. JONES, G. R. Teoria das Organizações. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. JOHNSON, G.; SCHOLES, K.; WHITTINGGTON, R. Fundamentos de Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2011. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1994. MOTTA, P. R. Transformação organizacional: a teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. PERAZZA, F. O que é mudança organizacional? Mudança Organizacional, Sã Paulo, 24 mar. 2011. Disponível em: <http://mudancaorganizacional.blogspot.com.br/2011/03/o-que-e-mudanca- organizacional.html>. Acesso em: 11 jan. 2018. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. THEGOALVES. Modelos Mentais – Teoria das Organizações. 5 jun. 2013. Disponível em: <https://youtu.be/J-rCRjMIPoM>. Acesso em: 11 jan. 2018. AULA 3 GESTÃO DA MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL Profª Maura Vello 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo à nossa terceira aula da disciplina! Para inciarmos nossa conversa, vamos lembrar um pouquinho do que falamos até aqui. Trabalhamos com alguns conceitos teóricos sobre organizações e suas formações, para entender as motivações e necessidades que levam aos estudos desses complexos cenários e sua interação com o ambiente e as pessoas. Também vimos, em seguida, alguns conceitos de mudança e transformação organizacional e a importância quanto ao entendimento de que ela deve ser considerada uma variável constante na gestão e no planejamento das organizações. A complexidade dos ambientes, tanto internos quanto externos, em que as organizações se encontram instaladas exige adaptações e inovações constantes. Seja para sua manuntenção no mercado, criando condições de competitividade, por meio da melhoria ou da oferta de novos produtos, serviços e atendimento de qualidade, seja oferecendo um ambiente interno que proporcione aos seus colaboradores possibilidade de desenvolvimento e crescimento profissional, intelectual e pessoal, pois eles se convertem em acúmulo de conhecimentos que são transformados em aprendizagem e inteligência organizacional, assunto que ainda veremos mais adiante nesta diciplina. Para esta aula, vamos ver um pouco mais sobre como as organizações buscam se planejar e implantar processos de mudança e transformação organizacional. Para entendermos como todo esse complexo mecanismo transitório funciona, vamos tratar também dos papéis dos agentes envolvidos nos processos de mudança e a importância de seu engajamento em cada uma das suas funções num cenário de transformação organizacional. Outros elementos importantes que abordaremos nesta aula serão a cultura como forte influência emambientes de mudança, bem como os agentes motivadores, as resistências à mudança e os desafios impostos à superação. “A arte do progresso consiste em manter a ordem durante as mudanças e promover mudanças no período de estabilidade” Alfred Whitehead (1861-1947), filósofo e matemático britânico. 3 CONTEXTUALIZANDO Na aula 2, tratamos das mudanças que foram tão bem-sucedidas em algumas organizações que, muitas vezes, colaboradores e até mesmo clientes esqueceram como as empresas e suas marcas eram no passado. Agora, vamos pensar no longo e complexo caminho percorrido para chegar a esse bem- sucedido final. Transformações organizacionais envolvem gestão, planejamento, estudo, olhar crítico e honesto para dentro e para fora da organização, bem como previsão e estratégia. Ainda, envolve correr riscos, usar-se de redimensionamento, quando necessário, e redirecionamento, se preciso. É possível planejar e fazer previsões sobre aspectos e contextos que podem e estão sobre o domínio da organização, por exemplo, níveis de investimento e escolha de mercado-alvo. Porém, também é preciso lidar com questões que não podem ser dominadas pela organização e que podem vir a afetar direta ou indiretamente suas decisões, como conjunturas econômicas e de mercado com as quais se pode trabalhar com previsões, mas não há certezas. No entanto, mudanças e transformações organizacionais envolvem, antes de qualquer coisa, engajar pessoas, pois são elas que farão com que as coisas aconteçam, em todos os níveis hierárquicos e departamentos, independentemente de seu tamanho ou atividade. Qualquer mudança ou planejamento precisa ser abraçado por todos os envolvidos ou poderá não alcançar os objetivos propostos, e até mesmo poderá falhar e não acontecer. Não são poucos os casos de planejamentos estratégicos orquestrados muitas vezes pelas diretorias e cúpulas das empresas que, quando chegam à fase de implementação, esbarram em problemas que não foram previstos, pois eles não conhecem as rotinas do dia a dia da organização, ou seja, planejar mudanças sem ouvir aqueles que as vão implementá-las já é um grande equívoco, e muito cometido no mundo corporativo. O inverso também pode acontecer. Vamos pensar como? Lembre-se de quantas vezes você já percebeu que a empresa em que trabalha precisava promover ajustes, contudo, os seus dirigentes tinham uma visão conservadora, que não pensava em mudanças. Será que nesse momento você pode estar vivendo uma situação assim? É provável que sim, pois mudanças precisam e 4 devem fazer parte do cotidiano das organizações devido à velocidade em que as coisas ocorrem atualmente no mundo. Diante dessa primeira conversa, convido você a assistir a um vídeo da empresa Natura que reflete muito bem o que estamos falando aqui. Acesse o vídeo abaixo e boa reflexão! Vídeo No vídeo “Thymus – Natura: Contexto de Mundo”, Ricardo Guimarães aborda sobre o cenário, a transição e a evolução da sociedade, das empresas e do trabalho. Disponível em: <https://youtu.be/EdPS5LjT6Ts>. TEMA 1 – FASES QUE COMPÕEM A MUDANÇA ORGANIZACIONAL Vamos trabalhar agora sob uma visão mais prática do processo de mudança. Vamos ver como ele ocorre dentro das organizações, independentemente de ser um processo planejado previamente, como vemos muitas vezes acontecer no mercado, por exemplo, em grandes fusões ou nos lançamentos de novos produtos ou marcas que são desenvolvidos por anos pelas empresas. Isso aconteceu com o Grupo Boticário, que, ao longo dos últimos anos, lançou novas marcas com apelo a diferentes tipos de públicos, como a “Quem disse, Berenice?” e a “The Beauty Box”, ampliando o alcance de público do grupo. Outros fatores, ainda, podem levar as empresas a mudarem por pressões sofridas e vindas do ambiente, como a entrada de novos concorrentes no mercado ou a adaptabilidade a momentos econômicos em resposta a questões políticas e fiscais. Outro exemplo bem claro desse último aspecto, que obriga as organizações a promoverem mudanças, já num contexto bem diferente do que ocorreu com o Grupo Boticário, é o relacionado à Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Atualmente, em alguns setores da indústria, como as de “linha branca”, é obrigatório trazer de volta para a fábrica a sucata gerada no descarte de seus produtos pós-consumo, e dar a elas destinação adequada, inserindo os componentes do produto novamente no processo produtivo sem gerar descarte algum, ou fazendo o descarte sem gerar poluição ambiental. Essa lei fez com que as empresas precisassem lidar com um novo processo que antes não existia. Com isso, houve a necessidade de mudança e transformação no modo de produção delas, e de repensar o processo pós- produção, surgindo nessas organizações as áreas de logística reversa. Além 5 disso, elas buscaram novas tecnologias que permitam o reaproveitamento dos componentes dos produtos, gerando, assim, o menor volume possível de descarte, ou seja, menos lixo e todo um processo de logística para trazer de volta à indústria os produtos descartados pós-consumo. Esse foi apenas um exemplo, mas você consegue imaginar a complexidade do processo dentro das organizações para se adequar a essas exigências? Obviamente, houve um tempo para que todas essas adequações fossem feitas, e elas ainda estão acontecendo dentro das empresas. À medida que se aprimoram, essas organizações evoluem, modificam-se e transitam de um modo de fazer as coisas a uma novo modo melhorado de fazê-las, o que chamamos de um novo paradigma. Temos então, um contexto, uma fase transitória e um novo modelo organizacional ou de processos. Parece tão simplista falando assim, não é mesmo? Vejamos no esquema a seguir de forma mais clara. Figura 1 – O processo de transição das mudanças organizacionais Fonte: A autora. Na Figura 1, o importante é perceber que há um processo transitório que envolve a organização como um todo. Exatamente nessa transição é que a gestão do processo de mudanças se torna mais delicada. O que antecede esse processo envolve mais planejamento, pois as coisas ainda estão em fase de estudo e não de implantação. Nessa fase de planejamento deve haver muito cuidado, e o importante é estar munido do maior número de informações e variáveis possíveis que venham a afetar o processo de mudança. Porém, a implantação do que foi planejado, precisa ser bem executada para que haja sucesso no processo como um todo. 6 É exatamente na fase de execução que a organização está exposta as variáveis sobre as quais não têm domínio, ainda que busque trabalhar com previsões. Kotter (2017) apresenta um direcionamento de oito etapas no processo de mudança, que veremos a seguir. Quadro 1 – O Processo de mudança em oito etapas, de Kotler Fonte: Adaptado de Kotler, 2017, p. 21. 1.ª etapa – ESTABELECIMENTO DE UM SENSO DE URGÊNCIA Exame do mercado e dos concorrentes. Identificação e discussão das crises potenciais ou oportunidades fundamentais. 2.ª etapa – CRIAÇÃO DE UMA COALISÃO ADMINISTRATIVA Formação de um grupo com autoridade suficiente para liderar a mudança. Motivação do grupo para que trabalhe com o time. 3.ª etapa – DESENVOLVIMENTO DE UMA VISÃO ESTRATÉGICA Criação de uma visão para direcionar o esforço de mudança. Desenvolvimento de estratégias para concretizar essa visão. 4.ª etapa – COMUNICAÇÃO DA VISÃO DA MUDANÇA Uso de cada veículo possível para comunicar constantemente e de forma clara a nova visão e estratégias. Reorganização e remodelação do comportamento esperado dos colaboradores. 5.ª etapa – INVESTIR NO EMPODERAMENTO DOS COLABORADORES Eliminação de obstáculos. Mudança de sistemas ou estruturas que minem a visão de mudança. Encorajamento para correr riscos, promover ideias e ações inovadoras. 6.ª etapa – REALIZAÇÃODE CONQUISTAS DE CURTO PRAZO Planejamento de melhorias visíveis no desempenho, ou “conquistas”. Criação e percepção dessas conquistas. Visível reconhecimento e recompensa dos que tornaram as conquistas possíveis. 7.ª etapa – CONSOLIDAÇÃO DE GANHOS E PRODUÇÃO DE MAIS MUDANÇAS Uso de maior credibilidade para mudar sistemas, estruturas e políticas incompatíveis e que não se adequam à visão de transformação. Contratação, promoção e desenvolvimento de pessoal para implementação da mudança. Revigoramento do processo com novos projetos, temas e agentes de mudança. 8.ª etapa – ESTABELECIMENTO DE NOVOS MÉTODOS NA CULTURA Articulação das conexões entre os novos comportamentos e o sucesso organizacional. Desenvolvimento de meios para garantir a continuidade dos processos implantados e constantes revisões para ajustes, se necessários. 7 O autor ainda contribui orientando que as primeiras quatro etapas promovem o descongelamento do status quo, ou seja, desacomodam as coisas. Por isso, mudanças são tão difíceis e provocam tanto desconforto aos colaboradores nas organizações. Depois vem a fase intermediária, que corresponde às etapas cinco, seis e sete, em que ocorre a implantação de novas práticas e processos. São fases trabalhosas, mas nas quais começam a surgir as percepções de ganhos e melhorias, criando credibilidade para dar andamento às mudanças. Por fim, vem a fase final de consolidação, na qual acontecerá a sedimentação de novos comportamentos e a incorporação à cultura, surgindo assim um novo modelo corporativo. É importante perceber que o elemento fundamental em qualquer uma das fases, envolvido em todo o processo de mudança, e que fará com que ele ocorra e alcance seus objetivos é o capital humano. São as pessoas, seja em cargos de gestão, seja envolvidas no planejamento e desenvolvimento de projetos ou na execução e implantação dos processos que promovem a transformação organizacional. TEMA 2 – ELEMENTOS MOTIVADORES NO PROCESSO DE MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO Falamos até aqui sobre fases e etapas nas quais as organizações transitam quando se encontram em processos de mudanças. Agora, vamos ampliar um pouco esse horizonte olhando para os elementos que pressionam as organizações e que as motivam a buscar mudanças. Nas aulas anteriores, já tratamos de algumas pressões sofridas pelas empresas e que as impulsionam na direção da transformação, e comentamos também que elas podem ocorrer de forma planejada ou em resposta reativa a algumas situações. Existe uma infinidade de combinações e variáveis que podem motivar as organizações a mudar, até mesmo porque cada uma delas terá necessidades e razões únicas. Porém, aqui, vamos tratar mais diretamente de alguns elementos que, combinados, podem precipitar os processos de mudanças e transformação nas organizações. 8 Para Pettigrew (1987), essas variáveis que levam as organizações aos processos de mudanças podem ser divididas em externas e internas. Veremos a seguir alguns desses elementos mais presentes nas organizações em transformação. 2.1 Elementos motivadores externos às organizações Obviamente que, em um ambiente cada vez mais fluído, complexo e interconectado em que estamos inseridos dentro e fora das organizações, não é difícil imaginar que as próprias empresas precisam se tornar adaptáveis e ágeis às intempéries desse cenário. Vamos pensar um pouco. Como pessoas, precisamos rapidamente nos adaptar a mudanças ambientais das mais variadas, desde as mais simples, por exemplo, as roupas que usamos, que se tornam cada vez mais variadas em termos de conforto, tecidos, modelagem, até as mais complexas tecnologias, sejam nossos objetos pessoais, como um celular, aos aplicativos usados, inclusive no ambiente de trabalho. Imagine, então, a projeção desse contexto para as organizações. Quão complexo se transforma para as empresas essa conexão e interação com todo esse enredamento com o ambiente e seus desdobramentos. Nesse sentido, vejamos alguns desses elementos externos motivadores ou impulsionadores dos processos de mudanças nas organizações. Expectativas e alterações de hábitos de consumo: as tendências de mercado se modificam e as organizações precisam ser ágeis e estar atentas a essas mudanças para se adaptar e acompanhar as expectativas e necessidades de seus clientes. Alterações legais e fiscais: são frequentes e precisam ser respeitadas pelas organizações. Já falamos sobre algumas anteriormente, como a recente mudança na Legislação Trabalhista brasileira e na responsabilidade de alguns setores sobre a geração de resíduos com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Impactos econômicos: sejam eles positivos ou negativos, motivam as empresas na direção da mudança. Pensemos juntos: se há um momento de crise, as organizações devem se adaptar e se reinventar para enfrentar dias difíceis, como os que temos vivido no Brasil. Porém, se o momento é de expansão econômica, também há a necessidade de adaptar-se para 9 atender a um mercado em pleno desenvolvimento, como ocorreu com a China e com a retomada do crescimento econômico nos Estados Unidos. Derrubada de fronteiras: com o processo de globalização, há uma grande aproximação entre os mercados internacionais, o que torna a concorrência e a oferta de produtos cada vez mais forte. Isso aumenta a exigência dos clientes e também os esforços das empresas para se manter no mercado. Existem ainda muitos outros elementos externos que podem pressionar as organizações a promover mudanças. Tratamos aqui de alguns dos mais vistos e comentados na maioria das organizações e pelos autores que discutem tais conceitos. 2.2 Elementos motivadores internos às organizações Além dos fatores externos que pressionam as empresas, dando direcionamento a novos rumos, ainda precisamos considerar aqueles vindos da própria organização, necessidades internas que também a impulsionam e motivaram a mudança. Vejamos quais e de que forma influenciam as organizações. Alteração estrutural: quando ocorrem modificações estruturais, seja em processos e sistemas, ou, por exemplo, em novas divisões de projetos, a mudança é inevitável. Surgem novas necessidades, adaptações e adequações físicas e também de preparação das pessoas, com a provável possibilidade de treinamento e desenvolvimento para novas tarefas e cargos, independentemente de suas áreas. Novos dirigentes: a entrada de um novo CEO e de novos diretores, ou ainda, de novos sócios e acionistas numa organização promove, na grande maioria das vezes, uma reorientação e mudança na forma de se fazer as coisas. Ainda, mudanças vindas da cúpula para a organização como um todo afetam a todos. Aquisições e fusões: quando uma organização compra outra, ou ainda, quando duas marcas decidem fazer uma fusão, obviamente as mudanças fazem parte do contexto e do processo como um todo. Não há como se fazer um dos dois processos sem passar por grandes mudanças que afetaram as organizações envolvidas, suas marcas, colaboradores, suas culturas e o mercado. 10 Obsolescência tecnológica: a desatualização tecnológica diante do cenário atual, de alta rotatividade de inovações tecnológicas, de novas versões de programas que já são usadas ao serem lançadas e que são necessárias para o bom andamento das empresas, faz com que seja contínua a necessidade de atualização. Nesse aspecto, as mudanças são uma constante já integrada aos processos de trabalho. Chiavenato (2008, p. 366) comenta que “a mudança organizacional é muito importante para ser deixada ao acaso ou ao sabor das circunstâncias, do mercado ou da concorrência”. O recado do autor é claro no que tange à importância que a gestão das mudanças tem dentro das organizações. Os elementos motivadores podem promover as pressões, sejam eles
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