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371PROMILITARES.COM.BR PONTUAÇÃO Nós já vimos, em outro capítulo, que não se escreve como se fala. Na língua falada, as palavras são formadas de fonemas; na língua escrita, de letras. Na língua falada os interlocutores estão presentes, alternando seus papéis de emissor e receptor, como acontece em uma conversa; na língua escrita, o leitor não está na presença do escritor e vice-versa, portanto não há interação comunicativa. Na língua falada, há elementos sonoros, expressões faciais, gestos, mímica, entoação da frase, pausas, acentuação expressiva de certas palavras ou sílabas etc. Ao tentar transpor a língua falada para a escrita, o homem começou o grande desa� o: como transcrever a entoação e as pausas com suas in� exões expressivas? Tentando reproduzir a expressividade humana no discurso escrito, muitos escritores consagrados usaram de formas diversas, criando seus estilos, os sinais de pontuação. Atualmente, depois que a Microsoft criou o Of� ce, com sua variedade de letras e recursos tipográ� cos, os escritores contemporâneos começaram a fazer uso desses recursos também, na tentativa de aproximar as duas línguas: a escrita e a falada. Assim, vemos aspas simples e duplas, parênteses e colchetes, reticências e sinais combinados (?!), negrito, itálico, caps lock, sublinhado e tachado, os versaletes. Mas apesar de tantos recursos, ainda podemos dizer que são limitados para imitar a fala humana, muito mais rica e � exível. Os sinais de pontuação podem ser divididos segundo sua � nalidade. 1. Indicadores de pausa - vírgula, ponto e vírgula, ponto e dois- pontos. 2. Sugestivos de entonação - ponto de interrogação, ponto de exclamação e reticências. 3. Convencionais - aspas, parênteses, colchetes e travessão. Observação Alguns sinais de pontuação indicam simultaneamente entonação, pausa e ritmo. Porém, há pausas na fala que não são assinaladas na escrita. PRINCIPAIS SINAIS DE PONTUAÇÃO E NORMAS DE USO VÍRGULA Sinal grá� co de pontuação ( , ) indicando uma pausa ligeira, usada para separar frases encadeadas entre si ou elementos dentro de uma frase. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico) O uso da vírgula é geralmente desnecessário se a oração está na ORDEM DIRETA. Veja: Todos os portões serão abertos antes do horário previsto. sujeito verbo adjunto adverbial Quando essa ordem é quebrada por inversões ou intercalações, a vírgula marcará essa quebra. Veja: Serão abertos, antes do horário previsto, todos os portões. Antes do horário previsto, todos os portões serão abertos. Antes do horário previsto, serão abertos todos os portões. Observa-se que a vírgula foi usada para marcar a inversão ou a intercalação do adjunto adverbial. O sujeito e o verbo não são separados, ainda que estejam invertidos. Portanto, nunca use vírgula para separar o sujeito do verbo ou o verbo do seu complemento. Use vírgula para separar elementos “intrusos” colocados entre o sujeito e o verbo ou entre o verbo e seu complemento. JUSTIFICATIVAS PARA A VÍRGULA Separa termo ou oração de valor adverbial, principalmente quando aparecem deslocados de sua posição (depois do verbo que modi� cam). É facultativa quando o termo é de pequena proporção e não altera o sentido da frase. Exemplo: Por volta das cinco da tarde, o circo começou a pegar fogo. Hoje é dia 23 de maio. Destaca um aposto explicativo. Exemplo: João Mendes, o ganhador da Loteria, doará metade de sua fortuna para um asilo. Separa orações e termos em sequência, coordenados, de mesma função, ligados ou não por conjunção. Exemplo: São recorrentes as revoltas, os saques e as manifestações em Moçambique, Iêmen, Peru, Indonésia, Camarões, Egito e Senegal. Isola um vocativo. Exemplo: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, � no leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.” (M. Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas) Isola palavras ou expressões de valor explicativo, conclusivo, continuativo ou enfático – ou seja, por exemplo, isto é, como dizer, outrossim, em suma, en� m, ou melhor, etc. Exemplo: “Há sinais claros de que a expansão do etanol de milho nos EUA tem reduzido a oferta do grão como alimento. Aqui, porém, a produção de 372 PONTUAÇÃO PROMILITARES.COM.BR biocombustíveis, especialmente o etanol à base de cana-de-açúcar, não ameaça a lavoura de gêneros alimentícios. ‘A partir do momento que nos tornamos uma referência na área desses combustíveis, as pessoas começam a nos criticar. E, aliás, falam até mesmo com leviandade.’ - disse o Presidente Lula revidando as críticas do relator da ONU, Jean Ziegler.” Isola as orações adjetivas explicativas. Exemplo: Publicada em 1791, a primeira emenda da Constituição norte-americana, que estabelece a liberdade de imprensa como pilar irremovível da democracia, nunca esteve tão a perigo. ALTERAÇÃO DE SENTIDO Em alguns casos, a retirada ou colocação da vírgula e ainda o deslocamento alteram o sentido do texto. Veja alguns casos: ORAÇÕES ADJETIVAS Exemplo: 1. Tenho sempre saudades dos tios, que tanto � zeram por mim. (oração adjetiva explicativa) = Todos os meus tios � zeram tanto por mim. 2. Tenho sempre saudades dos tios que tanto � zeram por mim. (oração adjetiva restritiva) = Tenho muitos tios, mas só sinto saudades daqueles que � zeram algo por mim, não dos outros. ADVÉRBIOS Exemplo: 1. Ela me passou as informações, apenas, necessárias para a inscrição no concurso. = Ela não fez mais nada além de me passar informações necessárias... 2. Ela me passou as informações apenas necessárias para a inscrição no concurso. = Ela só me passou as informações que eram necessárias. ORAÇÕES CONDICIONAIS Exemplo: 1. Se os homens soubessem o valor que têm, as mulheres � cariam de joelho a seus pés. O sujeito de “têm” é “os homens” e o de “� cariam” é “as mulheres”. 2. Se os homens soubessem o valor que têm as mulheres, � cariam de joelho a seus pés. O sujeito de “têm” é “as mulheres” e o de “� cariam” é “os homens”. PONTO E VÍRGULA Sinal de pontuação (;) que indica pausa mais forte que a da vírgula e menos que a do ponto. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico) JUSTIFICATIVAS PARA O PONTO E VÍRGULA • Separa os termos de um período longo, principalmente se um ou mais deles já estiverem separados por vírgula. Exemplo: O Vestibular Militar é um concurso rigoroso; para se preparar é necessário muito estudo, dedicação e disciplina; uma prática exaustiva de questões e bastante energia. • Separa os elementos de uma enumeração descritiva ou narrativa. Exemplo: Os feriados, no Brasil, são festas constantes para o povo. O 1º de janeiro anuncia, com fogos de artifício, as festas vindouras; o Carnaval deixa a Nação em clima de euforia por quatro dias consecutivos; a Semana Santa é comemorada com bacalhoada em almoços fartos regados com um bom vinho; a sequência de folgas em abril com Tiradentes e São Jorge leva as famílias pelas estradas aos balneários mais ensolarados, fechando o ciclo veranista de festas e folgas. • Separa orações adversativas e conclusivas, com ou sem conjunções. As conjunções, nesses casos, vêm pospostas aos verbos ou a outros termos, à exceção do mas. Exemplo: Achou que o anúncio da candidatura dele era oportuno; convinha, contudo, aguardar todos os correligionários chegarem à reunião do partido. “Há muitos modos de a� rmar; há um só de negar tudo.” (M. de Assis) DOIS-PONTOS Sinal de pontuação (:) correspondente, na escrita, a uma pausa breve da linguagem oral e a uma entoação geralmente descendente, e cuja função é preceder uma fala direta, uma citação, uma enumeração, um esclarecimento ou uma síntese do que foi dito antes etc. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico). JUSTIFICATIVAS PARA OS DOIS-PONTOS • Anuncia a entrada de um interlocutor. Exemplos: Um paulista, trabalhando pesado, suado, terno e gravata, vê um baiano deitado numa rede, na maior folga. O paulista não resiste e diz: -Você sabia que a preguiçaé um dos sete pecados capitais? E o baiano, sem nem se mexer, responde: - A inveja também! • Anuncia uma enumeração especi� cadora de um termo que a generaliza. Exemplo: O mundo se transformou numa grande feira de sexo com explosão de várias ações transgressoras: adultério, divórcio, aborto, prostituição, pornogra� a, estupro, perversão e gravidez na adolescência. • Anuncia uma explicação, um esclarecimento, uma conclusão, uma oração apositiva. Exemplos: As empresas estão cada vez mais conscientes da preservação ambiental: 48% realizam controles de emissão de carbono, ante 41% em 2007. Tente imaginar esta cena: homens e animais vivendo harmonicamente, sem destruir o meio ambiente. • Anuncia uma citação. Exemplos: Foi Chekhov quem de� niu: “A arte de escrever é a arte de abreviar”. 373 PONTUAÇÃO PROMILITARES.COM.BR TRAVESSÃO Sinal constituído de traço horizontal maior que o hífen (–), da largura do quadratim, usado, entre outras coisas, para indicar a mudança dos interlocutores num diálogo, separar título e subtítulo em uma mesma linha, substituir parênteses para efeito de ênfase. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico). JUSTIFICATIVAS PARA OS TRAVESSÕES • Inicia a fala de um interlocutor. Exemplo: A mulher comenta com o marido: – Querido, o relógio caiu da parede e quase acertou a cabeça da mamãe... – Maldito relógio! Sempre atrasado. • Enfatiza a adjetivação atribuída ao substantivo anterior. Exemplo: Ela é muito bonita − bonita mesmo! • Indica uma concessão a uma opinião hipotética. Exemplo: A frase mais reveladora do ano – está bem, do mês – foi a do Lula. • Marca orações intercaladas: – de citação = indica a pessoa que proferiu a oração anterior. Exemplo: A ciência é o único campo do conhecimento humano com características progressistas – disse Michael Sermer, Diretor da ONG contra superstições. – de advertência = esclarece algo que o enunciador julga necessário. Exemplo: “Um menino sem pai nem mãe, sem o que comer nem onde dormir – isto é, um menor abandonado.” (Fernando Sabino) – de opinião = enuncia a opinião do autor. Exemplo: “[...] se você advogar a tese de que a água deveria ser explorada por particulares, todos se voltarão contra você, pois − com toda razão − jamais poderiam admitir essa hipótese [...]” (Millôr Fernandes) – de desejo ou exclamação = o autor exprime um desejo. Exemplo: O espantoso é que Mariana – feliz seja para sempre! – casou-se com o homem mais rico da cidade. – de escusa = pedido de desculpas do autor. Exemplo: Nossa preocupação – perdoem-me os ambientalistas de plantão – não era só controlar a exploração das � orestas e evitar a morte de muitos animais silvestres. Era também a de tirar as mais belas fotogra� as da paisagem. • Comenta uma enunciação anterior. Exemplo: “O que ela amava acima de tudo era fazer bonecos de barro – o que ninguém lhe ensinara.” (Clarice Lispector) PARÊNTESES “Cada um dos sinais de pontuação ( ) que delimitam essa frase ou período.” (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico). JUSTIFICATIVAS PARA OS PARÊNTESES • Indica o nome do autor de uma citação. Exemplo: “Para perseguir meus ideais não preciso me deixar matar: basta procurar a coerência, o que pode ser uma forma de heroísmo silencioso.” (Lya Luft) • Indica a fonte da declaração, datas, sigla. Exemplos: “O governo tem sido um dos grandes cúmplices dos vilões do desmatamento na Amazônia. Uma Nota Técnica, assinada por André Lima e Sergio Travassos, respectivamente, diretor e gerente do Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento, do Ministério do Meio Ambiente, pode ser uma bússola para as ações do ministro Carlos Minc.” (Revista Carta Capital . Nº 497, maio-2008) Francis Bacon (1909-1992) bateu um recorde: seu tríptico de 1976 foi arrematado por 86,2 milhões de dólares e tornou-se a mais cara obra de arte contemporânea. A usina de Belo Monte é um dos projetos prioritários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, focado em suprir a carência energética brasileira. • Isola orações intercaladas, expressões explicativas em substituição aos travessões, enumerações. Exemplos: O Brasil sempre foi exportador de produtos agrícolas (açúcar, café, cacau). Gradualmente, tornou-se líder mundial na produção de grãos e, mais recentemente, fonte alternativa para atenuar a potencial carência de alimentos no mundo. • Explicita uma referência. Exemplos: Pelé e Maradona adoram al� netar um ao outro. Esta semana, Maradona declarou, em Cannes, num documentário, que, se ele não tivesse feito tantas besteiras, Pelé não teria chegado nem a segundo melhor jogador do mundo. Ele (Maradona) é realmente dionisíaco. Parece fazer parte de um Olimpo futebolístico. ASPAS Sinal grá� co, geralmente alceado (“ “), que delimita uma citação, título de obra, denominação comercial etc., ou usado para realçar certas palavras ou expressões, sentidos � gurados, gírias etc. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico) 374 PONTUAÇÃO PROMILITARES.COM.BR JUSTIFICATIVAS PARA AS ASPAS • Usam-se antes e depois de uma citação textual. Exemplo: Os homens vikings eram saqueadores e violadores contumazes, mas tinham a coerência moral de não sentir ciúme das escapadas de suas esposas. Como explicou uma pessoa que conheci em minha viagem à Islândia, dois anos atrás: “Os vikings iam embora e as mulheres dominavam a situação e tinham � lhos com seus escravos, e, quando os vikings voltavam, aceitavam tudo com muita normalidade.” • Dão destaque a nomes de publicações, obras de arte, títulos, apelidos, etc. Exemplo: Quem estrela o novo “Indiana Jones” ao lado de Harrison Ford é Shia La-Beouf, nascido em 1986, cinco anos depois da estreia de “Os Caçadores da Arca Perdida”. • Destacam termos gírias, estrangeiros, neologismos. Exemplos: Os irlandeses são o povo menos “encucado” do mundo. “Nouveau Riche” do poder, Nicolas Sarkozy − Presidente da França − faz o que se espera de alguém como ele, no que diz respeito à exposição espalhafatosa de suas novas ferramentas de trabalho. “A nova tribo dos “micreiros” cresceu tanto que talvez já não seja apenas mais uma tribo, mas uma nação, embora a linguagem fechada e o fanatismo com que se dedicam ao seu objeto de culto sejam quase de uma seita.” (Zuenir Ventura) • Usam-se para isolar as falas de personagens em textos narrativos. Exemplos: “Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.”—”Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.”— ”Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.” (Machado de Assis - Dom Casmurro) Atualmente, em alguns casos, tem sido tolerado o uso de itálico como forma de dispensar as aspas, exceto em citação textual e fala de personagens. A pontuação do trecho que � gura entre aspas seguirá as regras gramaticais correntes. Caso, por exemplo, o trecho transcrito entre aspas terminar por ponto � nal, este deverá � gurar antes do sinal de aspas que encerra a transcrição. Exemplo: O art. 2º da Constituição Federal – “São Poderes da União, independente se harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” – já � gurava na Carta anterior. PONTO Sinal de pontuação que indica, no � nal de uma frase, o encerramento de um período, uma pausa acentuada. (HOUAISS, Antônio – Dicionário Eletrônico) JUSTIFICATIVAS PARA O PONTO • Indica o � nal de uma frase declarativa. Exemplo: A Incon� dência Mineira é considerada o principal movimento emancipacionista do Brasil colônia. • Separa períodos entre si. Exemplo: No princípio eram as trevas. Aí Deus criou o couvert. Depois do couvert, vieram as entradas; depois das entradas, o pernil.Depois do pernil veio a farofa, a maionese e o feijão tropeiro, além da cerveja, é claro, bem gelada, que não podia faltar. Deus achou tudo aquilo muito bom, mas achava que faltava um doce. Aí apareceu o quindim, depois do quindim veio o café. O café e um licor. E a conta. (Jô Soares - Alfaçada) • Encerra abreviaturas. Exemplo: Sr.; etc.; Av. PONTUAÇÃO E LUDISMO Veja como algumas alterações na pontuação pode provocar mudança de signi� cado. Leia a história abaixo com atenção. Um homem rico, sentindo-se morrer, pegou papel e pena e escreveu: “Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres.” A irmã chega e pontua assim: “Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.” Chega o sobrinho e faz as seguintes pontuações: “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.” Surge o alfaiate e pontua: “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.” O juiz estudava o caso quando chegaram os pobres; um deles tomou uma das cópias e pontuou: “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres.” Moral da estória: Assim é a vida, somos nós que colocamos os pontos e isso faz diferença! * autor desconhecido. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO I 01. Na frase: “A dupla articulação da linguagem caracteriza-se a) pela combinação e b) pela comutação”. O sinal de pontuação adequado para preencher a lacuna (indicada por um quadrado) é: a) ponto e vírgula. b) dois pontos. c) vírgula. d) reticências. e) travessão. 02. Qual a justi� cativa do uso de vírgulas no seguinte trecho: “Ele citou, entre a lista de paradoxo que o panorama mundial oferece, o aumento de gastos militares em todo o mundo.”? 375 PONTUAÇÃO PROMILITARES.COM.BR a) A presença de um vocativo. b) A delimitação de um aposto. c) A necessidade de ênfase. d) A inversão de termos. e) A divisão de orações. 03. “Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também [...]” A justi� cativa para as vírgulas no trecho é: a) a intercalação de um adjunto adverbial. b) o destaque de um aposto. c) a divisão de termos da mesma função. d) a separação de orações. e) a presença de um vocativo. 04. A vírgula que separa a oração sublinhada em: “Os ídolos cumprem um papel importante. São geradores de entusiasmo e alegria. Ayrton Senna foi um semeador de otimismo. O Brasil esquecia suas mazelas, e os nossos domingos se vestiam de verde e amarelo.” da oração seguinte se justi� ca porque esta oração a) tem sujeito diferente. b) é oração adverbial. c) é coordenada à anterior. d) é oração reduzida. e) não tem nenhum elemento coordenativo. 05. Há uma vírgula usada para separar uma oração reduzida de gerúndio na frase da alternativa: a) Apesar das tentativas de descrédito, foi a reação da sociedade civil que impulsionou a queda do ex-presidente. b) Portanto, o momento histórico apresenta facetas negativas e positivas. c) São partes de um todo, são dimensões inseparáveis do mesmo processo. d) Por um lado, assistimos revoltados ao des� le de corruptos e criminosos. e) Há um amplo espectro de iniciativas, envolvendo diferentes atores e segmentos sociais. 06. Há ERRO no emprego da vírgula na alternativa: a) O mar, a � or e a lua não me falam de ti. b) Maria Cândida, a professora de inglês, não compareceu. c) Professor, não entendi o exercício. d) Não me zanguei, mas também não gostei. e) Tia Natália ouviu, uma explosão no pomar. 07. Na frase, “A favela é um sintoma – grave – da doença brasileira.” os travessões foram usados para a) evitar a repetição de um termo já mencionado. b) explicar, com um sinônimo, o termo anterior. c) enfatizar a adjetivação atribuída ao substantivo anterior. d) interromper o pensamento, desviando-o para outro assunto. e) intercalar uma ideia estranha à que vinha sendo enunciada. 08. De acordo com a norma culta, caberia o uso da vírgula na frase ”Preste atenção, querida.” para a) enumerar itens. b) enfatizar uma explicação. c) separar circunstâncias. d) isolar o aposto. e) destacar o vocativo. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II Leia o conceito de pontuação e os fragmentos de texto abaixo: Pontuar é sinalizar gramatical e expressivamente um texto. (Celso Cunha, Gramática do Português Contemporâneo, p.618) Texto I – Que bom vento o trouxe a Catumbi a semelhante hora? perguntou Duarte, dando à voz uma expressão de prazer, aconselhada não menos pelo interesse que pelo bom-tom. – Não sei se o vento que me trouxe é bom ou mau – respondeu o major sorrindo por baixo do espesso bigode grisalho – sei que foi um vento rijo. Vai sair? – Vou ao Rio Comprido. – Já sei; vai à casa da viúva Meneses. Minha mulher e as pequenas já devem estar: eu irei mais tarde, se puder. Creio que é cedo, não? Lopo Alves tirou o chapéu e viu que eram nove horas e meia. Passou a mão pelo bigode, levantou-se, deu alguns passos na sala, tornou a sentar-se e disse: – Dou-lhe uma notícia, que certamente não espera. Saiba que � z... � z um drama. – Um drama! – exclamou o bacharel. (Machado de Assis, Contos) Texto II A CHEGADA E quando cheguei à tarde na minha casa lá no 27, ela já me aguardava andando pelo gramado, veio me abrir o portão pra que eu entrasse com o carro, e logo que saí da garagem subimos juntos a escada pro terraço, e assim que entramos nele abri as cortinas do centro e nos sentamos nas cadeiras de vime, � cando com nossos olhos voltados pro alto do lado oposto, lá onde o sol ia se pondo, e estávamos os dois em silêncio quando ela me perguntou “que que você tem?”, mas eu, muito disperso, continuei distante e quieto, o pensamento solto na vermelhidão lá do poente, e só foi mesmo pela insistência da pergunta que respondi “você já jantou?” e como ela dissesse “mais tarde” eu então me levantei e fui sem pressa pra cozinha (ela veio atrás), tirei um tomate da geladeira, fui até a pia e passei uma água nele [...] (Raduan Nassar, Um copo de cólera) 01. Compare duas diferentes possibilidades de pontuação – uma feita por Machado de Assis e outra por Raduan Nassar – em estruturas com funções semelhantes, apontando o efeito de sentido que produzem. 02. Pontue as frases de modo a torná-las coerentes e corretas. a) Levar uma pedra a Paris uma andorinha só não faz verão b) Um navio inglês entrava no porto um navio holandês c) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro d) Comes como como comes como como comes 03. (EN 2011) Em que opção a outra possibilidade de pontuação está correta de acordo com a norma padrão atual? a) “De vez em quando Regina escreve numa folha de papel alguma coisa, sem intuito de divulgação ou laivos de publicação.” / De vez em quando, Regina escreve, numa folha de papel, alguma coisa, sem intuito de divulgação, ou laivos de publicação. b) “Certa manhã uma vizinha do mesmo edifício passeava pela calçada da praia, empurrando o seu carrinho de bebê.” / Certa manhã uma vizinha, do mesmo edifício passeava pela calçada da praia, empurrando, o seu carrinho de bebê. 376 PONTUAÇÃO PROMILITARES.COM.BR c) “Quando a moça voltou para casa, encontrou, passada pela soleira da porta de seu apartamento, uma folha de papel.” / Quando a moça, voltou para casa encontrou, passada, pela soleira da porta de seu apartamento uma folha de papel. d) “Então ela, com a voz débil de quem ainda não falou com ninguém naquele dia, resmungou qualquer coisa bem baixinho.” / Então, ela, com a voz débil de quem ainda não falou com ninguém naquele dia resmungou, qualquer coisa bem baixinho. e) “Era um bilhete. Que assim dizia: ‘Obrigada pelo sorriso. Regina.’” / Era, um bilhete que, assim dizia, obrigada pelo sorriso, Regina. 04. (EN 2013). Que opção analisa corretamente o usodas reticências em “O dia acabou com a família em festa; eu lembro-me, � quei de uniforme até de tarde...”? a) Destacam a interrupção de uma ideia do locutor, para exprimir considerações acessórias. b) Marcam a suspensão da voz do autor, para assinalar in� exões de natureza emocional. c) Indicam que a ideia que o autor quer exprimir deve ser preenchida com a imaginação do leitor. d) Cortam a frase do locutor pela interferência de outras informações que dão continuidade ao texto. e) Assinalam que foram suprimidas possíveis referências do autor, com a intenção de realçar a última ideia enunciada. 05. (CN 2014) Em “Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda.”, os dois-pontos podem ser substituídos, sem que haja alteração de sentido, por a) não obstante. b) conquanto. c) quando. d) porque. e) todavia. 06. (AFA 2010) Assinale a alternativa em que a análise da palavra sublinhada está correta. a) “O retorno ao Rio marca uma nova fase de êxtase...” - (Palavra substantivada, proveniente de derivação imprópria). b) “O negro abaixou imediatamente as mãos, semicerrou os olhos e dirigiu-lhe um olhar temeroso [...]” - (Pronome pessoal na função de objeto indireto). c) “[...] os interessados em história natural têm vantagem no sentido de que sempre descobrem [...]”- (Elemento de coesão que retoma a palavra sentido). d) “Nesse período, Darwin � cara hospedado em uma casa à beira- mar (cottage) em Botafogo.” - (Particípio do verbo hospedar que, juntamente com o verbo � car, forma voz passiva). GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO I 01. B 02. D 03. B 04. A 05. E 06. E 07. C 08. E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II 01. O aluno deverá apresentar duas possibilidades de pontuação, como por exemplo: Marcação de diálogo: o emprego do travessão no texto I marca a fala diferenciada de cada personagem; o uso das aspas no texto II apresenta o diálogo incorporado ao � uxo da narrativa. Uso do ponto: no texto I indica o término de um período da narrativa, enquanto sua substituição pela vírgula no texto II destaca a lembrança de sequência de ações. 02. a) Levar uma pedra a Paris, uma andorinha só não faz. Verão! (A palavra “verão” não é um substantivo, como sugere o dito popular, mas um verbo – ver - � exionado na 3ª pessoa do plural, futuro do presente do indicativo). b) Um navio inglês entrava, no porto, um navio holandês. (O verbo da oração absoluta é “entravar”, � exionado no presente do indicativo. À primeira vista, parece ser o verbo “entrar”, � exionado no pretérito imperfeito do indicativo, o que inviabilizaria qualquer tentativa de pontuação coerente que mantivesse o sentido da frase.) c) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe. Do fazendeiro era também o pai do bezerro. (A segunda oração tem seus termos invertidos, o que provoca a dúvida na hora de pontuar. A ordem direta seria assim: O pai do bezerro também era do fazendeiro.) d) Este conjunto de palavras forma um diálogo com algumas possibilidades. A mais coerente seria: – Comes? (verbo comer) – Como. (verbo comer) – Como comes? (advérbio interrogativo de modo e verbo comer) – Como, como comes. (verbo comer, conjunção conformativa e verbo comer) 03. A Observe que houve separação, na letra a, de elementos deslocados, os adjuntos adverbiais. A última vírgula se justi� ca pela possibilidade dupla de virgular ou não as orações coordenadas alternativas, de acordo com o estilo pretendido. Na letra b, houve separação inadequada do verbo com seu objeto direto: empurrando seu carrinho. Na letra c, houve separação inadequada do sujeito “moça” e de seu predicado “voltou...”. Na letra d, houve separação inadequada do verbo “resmungou” com seu objeto direto “qualquer coisa”. Na letra e, houve separação inadequada do verbo “era” com seu predicativo “um bilhete”. 04. B O autor teve a intenção de mostrar que ele ainda estava pensando sobre o que relatou, sem necessidade de exprimir com palavras ao leitor. 05. D O que se coloca depois dos dois-pontos é uma justi� cativa do motivo indicado na primeira oração, logo a conjunção que melhor se aplica a este caso é “porque”, conjunção coordenativa explicativa. 06. B a) retorno é substantivo deverbal, derivado do verbo retornar. Derivação regressiva. b) o pronome pessoal oblíquo “lhe” tem a função de objeto indireto do verbo “dirigir” - dirigiu algo (od) a alguém (oi) c) a expressão “no sentido de que” é marca de oralidade e equivale à conjunção explicativa “porque”. d) a locução “� cara hospedado” não é voz passiva, pois o sujeito do verbo principal é “darwin”.
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