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377PROMILITARES.COM.BR
RECURSOS DE REPETIÇÃO
RECURSOS DE REPETIÇÃO
Primeiramente, vamos partir do pressuposto de que a repetição 
lexical está longe de ser um defeito de expressão. Trata-se de recurso 
estilístico riquíssimo e muito útil para a expressão não só dos nossos 
pensamentos como também dos nossos sentimentos, principalmente 
em textos literários. A repetição estilística é a produção de segmentos 
discursivos idênticos ou semelhantes duas ou mais vezes num mesmo 
evento comunicativo, não importando o tamanho do segmento 
repetido ou se o que se repete é o mesmo conteúdo, a mesma forma 
ou ambos. Exclui-se desse tipo de repetição a reiteração de elementos 
funcionais isolados tais como pronomes, preposições, artigos, 
verbos de ligação, conjunções e marcadores conversacionais
frequentes no ato de fala. Entretanto, devemos considerar - para o 
gênero narrativo literário – o polissíndeto como uma variante do 
caso de repetição, por resultar um efeito retórico incontestável. 
Exemplos:
Vão chegando as burguesinhas pobres,
e as crianças das burguesinhas ricas,
e as mulheres do povo, e as lavadeiras.
(Manuel Bandeira)
A repetição de um item lexical é um procedimento linguístico 
que concorre para efetivar, no texto, algumas relações semânticas 
ou pragmáticas à medida que faz o discurso progredir. Esse tipo de 
recorrência pode ser: 
1. de termos (reiteração de um mesmo item lexical); 
2. de estruturas (paralelismo sintático); 
3. de conteúdos semânticos (paráfrase); 
4. de recursos fonológicos (metro, ritmo, rima, assonância, 
aliteração) e recorrência de tempos e aspecto verbal. 
1. A reiteração do mesmo item lexical, embora possa parecer 
uma óbvia identidade de sentido, apresenta novas instruções 
de sentido que são acrescentadas cada vez que o item é 
repetido. Essa reiteração pode ter funções intensi� cadoras, 
persuasivas, poéticas, dependendo da intenção do 
enunciador e de seu propósito comunicativo. A exemplo disso, 
Padre Antônio Vieira, em seus sermões, teria descoberto na 
repetição uma estratégia linguística poderosíssima para a � xação 
da mensagem salví� ca do Evangelho no coração dos seus 
ouvintes, uma vez que o “martelar” constante de uma ideia, 
conceito ou noção, tem o efeito de penetrar fundo em nossas 
almas a ponto de, ainda que tenha terminado a mensagem 
sermonística, as palavras do pregador continuarem ecoando em 
nossas consciências. Observemos um trecho do Sermão da 1ª 
sexta-feira da Quaresma para constatar o sobredito:
“Creio que o Padre é Deus, creio que o Filho é Deus, creio 
que o Espírito Santo é Deus, e crendo juntamente que 
estas três pessoas são realmente distintas, creio outra vez, 
e mil vezes, que a Pessoa do Padre Deus, e a Pessoa do 
Filho Deus, e a Pessoa do Espírito Santo Deus, não são três 
Deuses, senão um só Deus.”
2. A recorrência de estruturas sintáticas, ou paralelismo, faz 
uso da mesma estrutura sintática preenchida por itens lexicais 
iguais ou diferentes:
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho  
no meio do caminho tinha uma pedra 
(Carlos Drummond de Andrade)
3. A recorrência de recursos fonológicos oferece fonemas 
não variantes para manter igualdade de sílabas métricas, 
rimas, ritmo e outras ocorrências fonológicas. 
– Aliteração e assonância: Quando usadas sabiamente, 
esses dois recursos ajudam a criar uma musicalidade que 
valoriza o texto literário. Mas não se trata de simples 
sonoridades destituídas de conteúdo. Geralmente, a 
aliteração sublinha (ou introduz) determinados valores 
expressivos, nem sempre facilmente descritíveis. 
Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.
(Fernando Pessoa)
Observação
Esta estrofe de Pessoa é um exemplo soberbo do uso expressivo 
da aliteração e da assonância. Neste caso, a acumulação sonora 
cria um efeito musical tão intenso que nos leva a colocar num 
plano secundário o conteúdo. No entanto, em condições normais, 
a aliteração põe em evidência as palavras afetadas e, portanto, 
sublinha o seu valor expressivo. Por vezes, permite mesmo 
estabelecer associações de sentido pouco evidentes entre palavras.
Metro, ritmo e rima - Como o verso é submetido a uma medida 
certa e rigorosa, resultam das pausas determinadas pelas sílabas 
fortes várias cadências, mais ou menos regulares, que nos transmitem 
uma impressão agradável e musical; é isso que se chama ritmo. Um 
exemplo dará a noção que procuramos indicar os versos de Casimiro 
de Abreu. Eles nos enlevam aos passos lentos e ritmados da valsa com 
seu ritmo binário e sempre igual: 
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RECURSOS DE REPETIÇÃO
PROMILITARES.COM.BR
A Valsa
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co’as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranquila,
Serena,
Sem pena
De mim!
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
O ritmo de um poema tem muito a ver com a metri� cação e a 
correspondência sonora provocada pela rima. Todo esse conjunto de 
elementos determina o ritmo da obra. A rima é um dos elementos do 
verso, mas não é essencial ou obrigatório. É apenas uma opção do 
autor para criar um vínculo de “melodia” e acentuar o � nal de um 
verso.
4. A recorrência de conteúdos semânticos, a paráfrase, 
consubstancia-se em apresentar um mesmo conteúdo 
semântico sob formas estruturais e itens lexicais diferentes, 
mas com identidade de sentido. Há expressões linguísticas 
próprias para introduzir uma paráfrase, como: isto é, ou seja, 
ou melhor, quer dizer, em síntese etc.
Exemplo: 
“A interdição de um site pode estimular especulações nesse 
sentido, diante do princípio da proporcionalidade, ou seja, a 
razoabilidade de interditar um site, com milhares de utilidades 
e de acesso de milhões de pessoas, em virtude de um vídeo 
de um casal.” 
(ÊNIO SANTARELLI ZULIANI – Relator da Revista 
Consultor Jurídico, 9 de janeiro de 2007)
A seguir, encontramos um trecho do belo texto “A gente se 
acostuma” de Marina Colasanti. A autora nos passa a ideia de 
costume, rotina, mesmice através de alguns recursos linguísticos 
destinados a marcar essa situação de modo a tornar o texto cansativo 
e cheio de monotonia.
“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. 
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não
ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, 
logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para 
fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque 
não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. 
E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, 
esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado 
porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. 
A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. 
A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque
está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. 
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para 
os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas 
negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceita ler 
todo dia de guerra, dos números da longa duração [...]” 
(Marina Colasanti. Eu sei, mas não devia.)
Comentário:
A repetição do termo acostuma veicula a ideia de rotina enfadonha.
A repetição de estruturas sintáticas como porque não seguidas 
de verbo no presente do indicativo com valor habitual demonstram 
que os motivos são sempre os mesmos.
A repetição do mesmo tempo verbal – infinitivo – dá instrução de 
que as açõessão infinitas.
A repetição do item esquece dá instruções de sentido sobre 
intensificação, i.e., esquece coisas importantes cada vez mais.
A repetição progressiva de verbos que logo depois são contrapostos 
por outros que também serão contrapostos dando a ideia de que 
os costumes são feitos à base da negação de uma atividade por 
outra de sentido oposto: não ter vista ... não olhar; não olha 
... não abrir; não abre ... acender; se acostuma ... esquece.
A repetição da estrutura aceitando ... aceita demonstra a 
repetição do item lexical em torno do qual o texto se estrutura 
(aceitar) trazendo consigo a instrução de que as coisas são como 
são e não há porque mudá-las. E também não há explicação 
plausível para o fato de aceitar: aceita porque aceita, não se 
explica, conforma-se.
FUNÇÕES DA REPETIÇÃO
Por meio da repetição, os vocábulos adquirem um forte efeito 
sugestivo e são carregados de uma força semântica bem acentuada, 
porque ela resulta na multiplicação, ou melhor, na ampli� cação do 
signo linguístico.
Na criação da linguagem poética, a repetição tem uma importância 
que não passou despercebida a renomados escritores, dentre os quais 
destacamos João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, 
João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Rui Barbosa, Fernando 
Pessoa, Casimiro de Abreu e o Padre Antônio Vieira. 
Na literatura portuguesa, é no Trovadorismo que encontramos 
a repetição como uma característica peculiar à poesia trovadoresca 
medieval, mediante o recurso do paralelismo, artifício expressivo 
caracterizado por um re� nado sistema de repetições. 
A poesia moderna, por sua vez, encontrou na repetição uma força 
dinamizadora do discurso. 
Nos cânticos cívicos e sacros, a repetição de versos e estrofes é algo 
muito comum e tem um efeito expressivo muito grande, por imprimir 
na mente do indivíduo o conteúdo da mensagem que expressa.
Estudando a repetição, pode-se observar facilmente que o 
seu objetivo é o de ativar a imaginação, sustentar uma ideia ou 
pensamento por um determinado tempo, imprimir uma imagem na 
mente mediante o “martelar” constante de determinadas palavras ou 
frases e até, conforme o caso, persuadir o receptor da mensagem, 
envolvendo-o emocionalmente.
É importante observar ainda que a repetição não é inócua, isto é, 
a palavra que se repete não é exatamente igual à primeira palavra da 
série reiterativa. Não fosse assim, a repetição num discurso político, 
por exemplo, não seria uma fórmula de retórica, não comoveria 
ninguém. O certo é que a segunda palavra repetida tem uma carga 
afetiva que contribui inclusive para modi� car a prosódia do vocábulo, 
sendo pronunciada com mais altura e ênfase. Seguindo essa linha 
de pensamento, toma-se como exemplo a cantiga de roda: “Eu sou
pobre, pobre, pobre...”.
O último enunciado do vocábulo pobre não tem o mesmo 
signi� cado do primeiro, pois, ao repetir-se, a signi� cação do primeiro 
ascende a um grau superlativo, cuja intensidade é o desdobramento 
do próprio adjetivo pobríssimo. O que acabamos de mostrar para o 
adjetivo, vale para toda palavra. Ao dizer, por exemplo, que do alto do 
edifício, veem-se � ores, � ores, � ores, � ores, o sintagma já não se 
refere vagamente a � ores, mas a uma grande quantidade delas, 
a um jardim. Podemos inferir que toda reiteração possui virtudes 
379
RECURSOS DE REPETIÇÃO
PROMILITARES.COM.BR
intensi� cadoras de signi� cado. Essa intensi� cação obtida ao se repetir 
a palavra é individualizadora, isto é, tem a particularidade de dar à 
língua � ns poéticos.
Não há dúvida de que não são exatamente idênticos os signi� cantes 
e os signi� cados de uma cadeia repetitiva. Do contrário, a reiteração 
perderia sua função poética e deixaria de ser expressiva para se tornar um 
mero vício tautológico. Podemos avaliar a importância da reiteração no 
discurso poético pela poesia de Cecília Meireles Jogo de Bola. 
A bela bola rola:
A bela bola do Raul
Bola amarela
A da Arabela
A do Raul
Azul
Rola a amarela
E pula a azul
A bola é mole
É mole e rola
A bola é bela,
É bela e pula
É bela rola e pula,
É mole , amarela, azul.
A de Raul é de Arabela,
E a de Arabela é de Raul.
A série reiterativa desta poesia comunica o ato de rolar, isto é, 
dar voltas em torno de si; os fonemas de bola, rola, Arabela, bela, 
amarela, azul e Raul dão entoação e sugerem o movimento repetitivo 
da bola rolando, ou seja, em constante movimento como num fogo 
de bola. Por último, a poesia permite-nos tanto uma informação 
linguística, quanto um traço afetivo levados ao máximo na cadeia, 
traduzindo intensamente a ação de quem está girando em torno de si 
num movimento ininterrupto e lento, marcado pela a posição � nal do 
fonema [l] e pela reiteração dos elementos da série reiterativa.
Como a repetição se destaca por sua natureza retórica, tendo 
em vista a sua função proeminentemente persuasiva, pode ser usada, 
ainda que com cautela, numa redação argumentativa.
Em síntese, reconhecemos que a repetição nada mais é do que a 
recorrência intencional, com ou sem variações, de unidades linguísticas 
formais, ou semânticas, num determinado enunciado. Por conseguinte, 
podemos dizer, então, que a identidade da repetição está na natureza do 
elemento repetido e na intencionalidade de quem repete.
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO I
01. Leia o poema a seguir, de José Paulo Paes, e faça o que se pede.
A CASA
Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.
Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações 
de purpurina.
Na tipogra� a, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.
Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o � m dos tempos.
No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última � lha.
Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.
Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.
Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.
No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai 
rachando lenha.
E no telhado um menino medroso que espia todos eles; só que está 
vivo: trouxe-o até ali o pássaro dos sonhos.
Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa.
Antes que ele acorde e se descubra também morto.
(José Paulo Paes. Prosas seguidas de odes mínimas)
Assinale a alternativa INCORRETA.
a) A atitude fundamental da lírica é a recordação, o que pode 
resultar numa sobreposição temporal. Desta forma, o tempo se 
embaralha e presente e passado se fundem. No poema, são os 
fatos e não os verbos que determinam essa fusão temporal.
b) O texto é uma fusão de características da épica e da lírica. No que 
diz respeito à lírica, sobressaem a repetição, a concisão, a fusão 
entre sujeito e mundo evocado. E, sobre a épica, destacam-se a 
presença de personagens, uma história que se conta.
c) A atmosfera onírica que percorre o texto confere um caráter 
sobrenatural aos acontecimentos, permitindo que coisas 
impossíveis se realizem, tais como “lustra cuidadosamente seu 
próprio caixão” e “No quintal, um preto velho que morreu na 
Guerra do Paraguai rachando lenha”.
d) Este poema em prosa narra em primeira pessoa a história de um 
menino assombrado pela presença dos mortos de sua família. 
Tendo em vista o clima onírico em que os acontecimentos se 
desenrolam, não é possível saber quem é esse “menino medroso 
que espia todos eles”.
02. Atenção aos seguintes textos:
CARTAS DE LEITORES
Já conhecemos nossos governantes e políticos, suas índoles, 
seus defeitos, suas capacidades limitadas para soluções e amplas para 
confusões. Só não conhecíamos ainda nossos manifestantes, se é que 
assim se pode dizer. Nada justi� ca a agressão física, seja qual for a 
manifestação, seja quem for o agredido ou o agressor. Nada justi� cará, 
jamais, a agressão sofrida pelo governador Mário Covas, por mais digna 
que fosse a manifestação. O que causa espanto é que se tratava de uma 
manifestação de professores. É esse o papel de um educador?
(ÁVILA, Marcelo Maciel. O Globo, 03/06/2000.)
O paísestá chocado com as agressões que os representantes do 
povo estão sofrendo. As autoridades e a imprensa nacional têm-se 
manifestado severamente contra esses atos. Primeiro foi uma paulada 
no governador de São Paulo, depois um ovo no ministro da Saúde e, em 
1º de junho, outro ataque ao governador Mário Covas. O vice-presidente 
da República disse que o governador merece respeito. Concordo. Mas os 
demais cidadãos brasileiros não merecem? O ministro da Justiça cobrou 
punição judicial para os agressores, a� rmando que a última manifestação 
transpusera os limites do tolerável. E a situação de extrema violência que 
nós, cariocas, estamos vivendo? Quando o ministro vai achar que foram 
transpostos os limites do tolerável?
(SILVA, Arthur Costa da. O Globo, 03/06/2000.) 
Em geral, esse tipo de carta no jornal busca convencer os leitores de 
um dado ponto de vista.
Por causa dessa intenção, é possível veri� car que ambas as cartas 
transcritas se caracterizam por:
a) � nalizar com perguntas retóricas para expressar sua argumentação.
b) iniciar com considerações gerais para contestar opiniões muito 
difundidas.
c) utilizar orações de estruturação negativa para defender a posição 
de outros.
d) empregar estruturas de repetição para reforçar ideias centrais da 
argumentação.
03. Leia o texto:
UM BOI VÊ OS HOMENS
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia que não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E � cam tristes...
(Carlos Drummond de Andrade)
380
RECURSOS DE REPETIÇÃO
PROMILITARES.COM.BR
Pela leitura dos versos “Tão delicados (mais que um arbusto) e correm 
/ e correm de um para outro lado [...]” (v. 01 - 02), pode-se a� rmar 
que a repetição estilística do conectivo e assume o seguinte sentido na 
caracterização dos homens:
a) Revela uma gravidade pessoal.
b) Enfatiza uma atitude obsessiva.
c) Aponta uma inquietude interior.
d) Insinua uma crueldade escondida.
04. Observe o poema:
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
[...]
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. 
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.)
No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, Drummond retoma 
as palavras de Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse recurso de 
repetir palavras de outrem equivale a:
a) Emprego de termos moralizantes.
b) Uso de vício de linguagem pouco tolerado.
c) Repetição desnecessária de ideias.
d) Emprego estilístico da fala de outra pessoa.
e) Uso de uma pergunta sem resposta.
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO II
01. Observe o poema abaixo:
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres
e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotogra� a na parede.
Mas como dói!
(Carlos Drummond de Andrade In: Antologia poética. 
Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 66)
Sobre o texto, pode-se a� rmar que
a) o segundo verso fornece uma informação mais geral do que 
a mensagem transmitida no primeiro verso, reiterando-a e 
ampliando-a.
b) a dor sofrida pelo poeta advém da saudade da infância, porque 
este tempo antigo é marcado por um poder aquisitivo de que não 
desfruta no presente.
c) no verso 17, a repetição do verbo “ter” contrasta com a única 
ocorrência do verbo “ser” do verso seguinte, sugerindo a busca 
do poeta pela sua essência.
d) a trajetória traçada pelo poeta em “Con� dência do itabirano”, 
embora repleta de lacunas e cheia de idas e vindas a Itabira, 
apresenta-se de forma linear.
e) o poema apresenta como temática central a dor antecipada do 
poeta por entender que esquecimento se sobrepõe à memória.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 02 E 03
FORA DE SI
Eu � co louco
Eu � co fora de si
Eu � ca assim
Eu � ca fora de mim
Eu � co um pouco
Depois eu saio daqui
Eu vai embora
Eu � co fora de si
Eu � co oco
Eu � ca bem assim
Eu � co sem ninguém em mim
(Arnaldo Antunes)
02. Quanto aos procedimentos estilísticos empregados por Arnaldo 
Antunes em seu poema, pode-se destacar a
a) repetição de palavras (anáfora), metáforas e personi� cação.
b) rimas, exploração expressiva do desvio sintático e redondilhas.
c) exploração rítmica e redondilhas.
d) repetição de palavras (anáfora) e rimas.
e) exploração de imagens em uma estrutura mínima e ausência de ritmo.
03. A respeito do comportamento sintático-semântico dos diversos 
usos do verbo � car no poema “Fora de si”, pode-se a� rmar que
a) na maioria dos empregos, o verbo � car funciona como verbo 
intransitivo com o valor de permanecer, enquanto, no verso 5, 
atua como verbo de ligação com o valor de tornar-se.
b) na maioria dos empregos, o verbo � car funciona como verbo de 
ligação com o valor de permanecer, enquanto, no verso 5, atua 
como verbo intransitivo com o valor de tornar-se.
c) na maioria dos empregos, o verbo � car funciona como verbo 
transitivo direto, enquanto, no verso 5, funciona como verbo 
intransitivo, tendo nos dois casos o valor de permanecer.
d) na maioria dos empregos, o verbo � car funciona como verbo 
transitivo direto, enquanto, no verso 5, atua como verbo 
intransitivo, tendo nos dois casos o valor de ser.
e) na maioria dos empregos, o verbo � car funciona como verbo de 
ligação com o valor de tornar-se, enquanto, no verso 5, atua como 
verbo intransitivo com o valor de permanecer.
381
RECURSOS DE REPETIÇÃO
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04. Leia o poema a seguir:
POÉTICA
1
Que é a Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.
2
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
(RICARDO, Cassiano. Jeremias Sem-Chorar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964)
A repetição da palavra “homem” na segunda estrofe exempli� ca a 
seguinte característica:
a) variação semântica
b) vício de linguagem
c) reiteração expressiva
d) onomatopeia modernista
05. Leia o poema abaixo:
BEM NO FUNDO
no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela – silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
(LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 3a ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.)
A repetição é empregada no poema de Leminski como recurso 
expressivo. Considerando os elementos que foram enfatizados por 
meio da repetição no primeiro e no segundo momento do texto, 
explicite os espaços subjetivos construídos por esse recurso.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 06 E 07
NENHUM CARTÃO DE NATAL É MAIS BONITO 
QUE O SOM DA SUA VOZ
“Eu te amo, te adoro, morrode saudade.”
“Este ano a gente não vai poder ir, mas no ano que vem é certeza.”
“A coisa que eu mais queria era estar perto de você.”
“Seria tão bom que você estivesse aqui.”
Frases como estas, é sempre melhor ouvir do que ler.
Nenhum cartão de Natal, por mais bonito que seja, vai conseguir 
comunicar o carinho, o amor, a saudade que a voz da gente transmite.
Este ano, passe a mão no telefone e use o DDD como extensão do seu 
afeto, do seu abraço, do seu calor humano, do seu beijo.
Telefone existe pra isso mesmo.
06. Identi� que a passagem em que a progressão textual se dá pela 
repetição e pela retomada de signi� cados que resumem, enfaticamente, 
a mensagem expressa pela patrocinadora “TELAMAZON”.
07. Transcreva a frase completa que exempli� ca o uso de um pronome 
que apresenta, sob o aspecto sintático-semântico, um reforço e uma 
retomada de frases anteriormente citadas.
GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO I
01. D 02. B 03. C 04. C
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II
01. C
02. D
03. E
04. C
05. No primeiro momento, os termos repetidos – “no fundo, no 
fundo” – remetem para a interioridade, para a alma humana. No 
segundo momento, os termos repetidos remetem para o passado – 
“pra trás, pra trás” – e para seu esvaziamento – “nada, nada mais”. 
06. Este ano, passe a mão no telefone e use o DDD como extensão do 
seu afeto, do seu abraço, do seu calor humano, do seu beijo. Telefone 
existe pra isso mesmo. 
07. “Frases como estas, é sempre melhor ouvir do que ler”. 
“Telefone existe pra isso mesmo”.
ANOTAÇÕES
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