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HISTÓRIA – ESTÁGIO SUPERVISIONADO I HISTÓRIA – ESTÁGIO SUPERVISIONADO I Copyright © UVA 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEÚDO Daniel Pavam REVISÃO Lydianna Lima Clarissa Penna Theo Cavalcanti Francine F. Souza PROJETO GRÁFICO UVA DIAGRAMAÇÃO UVA P337 Pavam, Daniel História: estágio supervisionado I [livro eletrônico] / Daniel Pavam. – Rio de Janeiro: UVA, 2019. 3,4 MB. ISBN 978-85-5459-052-9 1. História - Estudo e ensino. 2. História - Metodologia. 3. História. I. Universidade Veiga de Almeida. II. Título. CDD – 372.89 Bibliotecária Katia Cavalheiro CRB 7 - 4826. Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UVA. SUMÁRIO Apresentação Autor 6 7 O planejamento e o ensino 26 • Do planejamento do ensino • Do plano de ensino • Plano de aula UNIDADE 2 8 • Sumariando o processo de formação docente na história • O Brasil e o processo de formação docente • O ensino da história no Brasil A História e o exercício da docência UNIDADE 1 SUMÁRIO Currículo e legislação 64 • Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB • Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs • Currículo UNIDADE 4 46 • O significado de espaço • O espaço escolar • O cotidiano O espaço escolar e o cotidiano UNIDADE 3 6 Nesta disciplina, você observará e analisará a construção da práxis docente do profissional de História, e estudará aspectos do processo de ensino-aprendizagem, do ensino de História, da problematização, do planejamento, da execução e da socialização de ações realizadas em diferentes tempos e espaços escolares. A proposta é que este material permita a obtenção de informações suficientes para a realização de uma boa reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, em especial, de História. APRESENTAÇÃO 7 DANIEL PAVAM Historiador formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, mestre em Ciência da Religião pela mesma instituição. Atuou por mais de 15 anos nos ensinos Fundamental I, II e Médio ministrando aulas para todas as séries dos dois segmentos, nos quais conheceu de perto as demandas do setor. Atua há mais de 15 anos na docência do Ensino Superior nas modalidades presencial e a distância. AUTOR C. Lattes http://lattes.cnpq.br/2877883181784918 A História e o exercício da docência UNIDADE 1 9 Nesta unidade, você estudará o processo histórico de formação do docente, bem como a questão dessa formação dentro da realidade histórica brasileira. Você analisará a crítica ao atual momento de formação de professores no Brasil considerando as mudanças e as permanências que fundamentaram esse processo no país e, em especial, no ensino de História. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você irá: • Identificar a história do processo de ensino-aprendizagem na humanidade, especial- mente o processo de formação docente e a luta pela emancipação do ensino de his- tória em nosso país. OBJETIVO 10 Sumariando o Processo de formação docen- te na história Ao estudarmos a história do processo de ensino-aprendizagem na humanidade, precisamos voltar nossos olhares para as tradições culturais dos povos na Antiguidade e, dessa forma, observar as diversas tentativas de preservá-las para as futuras gerações e a luta pela transmissão dos conhecimentos adquiridos. Temos, nessas tentativas, um dos primeiros pontos que se destacam nesse cenário de ensino-aprendizagem: a importância da oralidade/narrativa (história oral), amplamente utilizada para preservação e transmissão da cultura na Antiguidade. Podemos constatar que os “primeiros professores” (contadores de história) eram formados empiricamente, aprendiam pela prática da observação com os velhos contadores de história. A humanidade dava os primeiros passos, ou melhor, apenas engatinhávamos no processo de ensino-aprendizagem na tentativa de construção e posterior formação do profissional do ensino. Você estudará agora a história da educação, ou seja, conferirá como o processo de ensino-aprendizagem era visto no passado e de que maneira essa visão impacta nossa sociedade. Visitarmos a história da educação será fundamental para entendermos o desenrolar dos fatos e os efeitos sobre todos nós até a atualidade. Acompanhe a explicação! Egito Antigo Estudando o Egito Antigo, verificamos que foi nessa sociedade estratificada que houve, de forma organizada, a separação entre instrução e trabalho, resultado da organização do processo de ensino-aprendizagem que definiu uma instrução para a elite e o aprendizado do ofício para a massa da população. 11 A fala do autor quer despertar em nós a consciência da separação entre as duas formações do homem. É proposto o conceito de inculturação, o processo que transforma a instrução e define seu lugar na “escola”, um espaço desti- nado à transmissão de uma cultura livresca codificada. Temos aqui o marco fundamental que deu origem ao processo de formação docente na história das grandes civilizações. Importante Para Manacorda (2006, p. 356): a separação entre instrução e trabalho, a discriminação entre a instrução para os poucos e o aprendizado do trabalho para os muitos, e a defini- ção da instrução “institucionalizada” como institutio oratoria, isto é, como formação do governante para a arte da palavra entendida como arte de governar (o “dizer”, ao qual se associa a arte das armas, que é o “fazer” dos dominantes); trata-se, também, da exclusão dessa arte de todo in- divíduo das classes dominadas, considerado um “charlatão demagogo”, um meduti. Grécia Avançando no período de nossas análises, encontramos, na Grécia, a diferenciação entre as coisas que um homem livre deve saber que são diametralmente opostas àquelas que um homem não livre não deve saber. Nesse momento, nascia na Grécia, a discriminação educativa. Segundo Manacorda (2006, p. 357), essa educação criou, a “não liberal” profissão do ensinar e, enfim, a definição do interesse público, estatal, nessa instrução já nitidamente “institucionalizada”. 12 Outros períodos Nos períodos históricos seguintes, essa instrução institucionalizada ganhou a força do Estado e a complacência da religião. São eles: • O período romano. • A Idade Média. • O Renascimento. Neles, o processo de ensino-aprendizagem tornou-se domínio exclusivo de poucos, que obtinham a permissão do Estado e da religião para atuar e difundir conhecimentos, por certo, domínio de poucos escolhidos para repassá-los. Para atuar no ensino, era neces- sária a dupla autorização, ou seja, o professor deveria possuir dois avais: ser duplamente diplomado e ganhar a permissão dessas duas instâncias de poder. Somente na Modernidade com a ascensão burguesa, fundamentada pelos ideais iluministas, pós-rompimento da parceria entre Estado e Igreja, com supremacia do primeiro, houve novas diretrizes no processo educativo. Entretanto, como sabemos, a Igreja continuava com plena participação no processo educativo. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre a necessidade de respeitar o saber dos educandos. 13 O Brasil e o processo de formação docente Voltemos nossos olharespara o Brasil. Nesta aula, você conhecerá um resumo da história do processo de formação da docência em nosso país. Nos tópicos a seguir, explicaremos quais foram os principais marcos. Confira-os! Criação da primeira Escola Normal brasileira É importante que você saiba que o processo de formação docente no Brasil iniciou-se a partir da criação das escolas normais, no século XIX. Em outras palavras, a primeira experiência no sentido de criar uma escola para formação docente ocorreu na Província do Rio de Janeiro, seguindo as diretrizes e orientações da Lei nº 10 de 1835, a partir da criação da primeira Escola Normal brasileira. A proposta da Escola Normal, como apontado por Villela (1990, p. 147), estava assentada na “melhoria”, no “aprimoramento” das classes sociais, pois levaria os cidadãos/estudantes a Certas noções, certas práticas e sentimentos que devem ser gerais assim para as primeiras como para as classes superiores da sociedade. É essa instrução comum, essa identidade de hábitos intelectuais e morais, como bem diz um dos homens mais visto nessas matérias, o Sr. Cousin, que constituem a unidade e a nacionalidade. Saiba mais 14 Criação da Associação Brasileira de Educação – ABE Somente muito lentamente começou a se formar um movimento em prol da educação para a formação de docentes a partir de 1924, quando foi criada a Associação Brasileira de Educação – ABE, instituição que contribuiu muito para o processo de reestruturação no campo educacional em nosso país. Implantação do Decreto-lei nº 1.190/1939 No campo educacional brasileiro, as discussões ganharam consistência, e podemos dizer que foram o ponto de partida para a criação do curso de Pedagogia, na terceira década do século XX, com a implantação do Decreto-lei nº 1.190, de 4 de abril de 1939. Esse instrumento possibilitou a organização e a fundação da Faculdade Nacional de Filosofia, inserida como proposta de criação das universidades no Brasil encabeçada pelos pioneiros do movimento da Educação Nova, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, dois expoentes que faziam parte do movimento social de educadores na luta pela criação de universidades no país e pela democratização e pela expansão do ensino. Para os pioneiros, a formação dos educadores, professores de todos graus de ensino, deveria assentar-se no princípio da unificação. Segundo esse princípio, toda a formação dos professores primários e secundários deve ser efetivada em escolas ou cursos universitários, sobre a base de uma educação geral comum, dada em estabelecimentos secundários. A escravidão e sua longa duração em terras brasileiras ainda repercutiam na sociedade brasileira. Uma população fundamentalmente agrária. Um desinteresse pelo magistério em virtude de sua feminização por vezes também associada às atividades domésticas, projetou um grande desprestígio social para a docência. Entretanto, as escolas normais não obtiveram êxito. Veja, a seguir, três aspectos que, de alguma forma, contribuíram para esse fracasso e poderiam explicá-lo: Primeiro Segundo Terceiro 15 [...] Afirmavam que a formação universitária dos professores de todos os graus de ensino não era apenas uma necessidade, mas o único meio de abrir seus horizontes. (BRZEZINSKI, 2000, p. 31) Estabelecimento da diferenciação entre bacharelado e licenciatura Os cursos de pedagogia permaneceram com a mesma definição até 1962, caracterizan- do, em sua proposta pedagógica, uma formação generalista para os bacharéis em pe- dagogia. Essa característica foi uma ameaça constante à manutenção do curso devido à possibilidade de substituição dos pedagogos (em sala de aula) por profissionais de áreas específicas. Como exemplo dessa situação, viam-se engenheiros atuando como profes- sores de matemática. Houve tentativas de reformulação do curso, mas foi em 1969 que se concretizou essa proposição por meio do Parecer nº 252/1969 e da Resolução nº 02/69 do Conselho Federal de Educação, estabelecendo, de forma definitiva, a diferen- ciação entre bacharelado e licenciatura. Educação tecnicista Durante a década de 1960, tomou conta do processo de formação profissional a visão/concepção tecnicista em educação, que pretendia atender às demandas do modelo capitalista de formar especialistas em educação — profissionais que seriam os responsáveis por supervisionar e orientar o trabalho dos docentes. Estabelecia-se, assim, a desconstrução da formação dos docentes, enclausurados, em sua atuação, no âmbito da sala de aula, retirando de sua formação qualquer estímulo às participações política e pedagógica nas decisões educacionais. O objetivo maior era formar uma geração que atendesse à demanda das fábricas, das indústrias. Estabelecimento dos princípios norteadores da educação Em meados de 1970, a sociedade civil se reorganizou e buscou uma melhor formação de professores. Acompanhe: • Em 1977, no Rio de Janeiro, teve início o Centro Educacional de Professores. 16 • Em 1978, iniciou-se a reestruturação da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo e surgiu a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd. • Em 1979, foi fundada a Associação Nacional de Educação. Observe que essas instituições constituem o registro do marco inicial da discussão sobre a educação brasileira e a formação dos profissionais da educação. No entanto, somente em 1978, a partir do I Seminário de Educação Brasileira, realizado na Unicamp, vimos tal debate ganhar o âmbito nacional. Libâneo (2002) pontua que: Durante o seminário, os problemas sociais foram enfocados sempre re- lacionados com a educação. Começava a se configurar uma proposta de escola democrática, aquela que seja capaz de assegurar à maioria da população o ingresso e o sucesso escolares e de voltar-se para um novo projeto crítico da sociedade capitalista. Entretanto, apenas na década de 1990, como podemos observar nos documentos da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (1992), o movimento reconheceu que [...] era hora de assumir de vez que a Faculdade/Centro de Educação é o local privilegiado da formação do profissional da educação, para todos os níveis de ensino, em articulação com os Institutos e com a Escola Normal. Isto nos conduzirá a pensar uma escola única de formação do profissional da educação. (ANFOPE, 1992, p. 14) A partir desse encontro temos o estabelecimento dos princípios norteadores, ainda hoje em pauta, das discussões que permeiam os debates da instituição, ou seja, ter a docência como base de todo educador, como podemos verificar na fala de Freitas (1999, p. 31). O conteúdo da formulação da base comum nacional é um instrumento de luta e resistência contra a degradação da profissão do magistério, permitindo a organização e reivindicação de políticas de profissionaliza- 17 ção que garantem a igualdade de condições de formação. E ainda um elemento unificador da profissão, ao defender que a docência é a base da formação de todos os profissionais da educação. É fundamental que você saiba que, por meio da Anfope, foram consolidados vários pontos positivos referentes à formação dos profissionais da Educação. Por intermédio dessa associação, foi estabelecida uma base comum nacional de formação. Ainda hoje, Temos na Anfope um grande instrumento para debate e defesa da melhor formação para os profissionais em educação. Certamente, ainda há muito para avançar e conquistar. Agora que você conheceu os principais fatos da história do processo de formação da docência em nosso país, aprofundaremos na aula seguinte o estudo sobre a docência e os docentes em História — nosso propósito maior. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre como a relação entre professor e aluno pode transformar vidas. 18 O ensino de História no Brasil Antes de estudar o ensino da história no Brasil, é preciso compreender a distinção entre históriacomo campo de conhecimento e história disciplina ensinada nas escolas. A disciplina esteve, por muito tempo, atrelada, subordinada à teologia e à filosofia. Podemos apontar que, até o século XIX, a situação permaneceu a mesma. Apenas posteriormente, a história conseguiu emancipação e status de ciência. A distinção entre história campo de conhecimento e história ensinada na escola provém da necessidade de ressaltarmos que, durante séculos, o processo de ensino, a docência e as disciplinas (inclusive a história) estiveram subordinadas não só ao Estado, mas também, e principalmente, à Igreja — história da Bíblia e história sagrada —, conforme você estudou na aula 1 desta unidade. Nos tópicos a seguir, destacaremos os principais marcos históricos sobre o ensino da história no Brasil. Acompanhe a explicação de cada um deles! Século XIX: preocupação com a formação de um cidadão adequado ao sistema social e econômico De forma geral, o rompimento com a estrutura eclesiástica foi consolidado no século XIX, conforme expõe Fonseca (2011, p. 23): Ainda no início do oitocentos, em vários países europeus, a educação passou a ser vista como competência (somente) do Estado, no mínimo quanto à definição dos seus objetivos e ao controle das ações a ela rela- cionadas. A organização dos sistemas de ensino públicos variou confor- me as conjunturas nacionais, mas pode-se dizer que, em comum, havia a preocupação com a formação de um cidadão adequado ao sistema so- cial e econômico transformado pela consolidação do capitalismo e com o fortalecimento das identidades nacionais. Foi também nesse momento que a História, como campo de conhecimento, começou a apresentar maior sistematização em termos da investigação e seus métodos procu- rando o equilíbrio entre as dimensões erudita e filosófica. 19 No Brasil, confirmamos essa mesma disposição: o Estado assumiu tal prerrogativa após a deposição da monarquia e a proclamação da república. O Estado laico, de orientação positivista, reproduziu em terras brasileiras a proposta de formar um cidadão que pudesse desempenhar papel adequado ao sistema social e econômico, ou seja, ao capitalismo. Século XX: ampliação da produção historiográfica e pouco desenvolvimento no ensino da história Somente ao final do século XX, veremos mudanças significativas no processo ensino- aprendizagem em História, como aponta Guimarães (2015, p.18): Nas últimas décadas do século XX e na primeira do século XXI, a pro- dução historiográfica e educacional não somente se ampliou de forma consistente e gradativa, como alargou sua presença na indústria cultural incluindo aqui os diferentes espaços de produção de novas tecnologias e artefatos, objetos que fazem parte da cultura contemporânea. Assim, além do Estado e do mercado editorial, a mídia também se faz presente na discussão sobre o ensino de História, ou seja, sobre o que, para que e como promover esse ensino aos milhões de jovens que frequentam escolas brasileiras. Se, por um lado, houve a ampliação da produção historiográfica, por outro não houve avanços no processo de ensino da história. As razões que impulsionaram tais situações foram fomentadas pelo monopólio do Estado. Pós-1964: reformas no ensino e pouco investimento no setor educacional público É fundamental que você estude o contexto pós-1964, período ditatorial, para verificar o papel destinado à educação, pois era via Ministério da Educação que se estabeleciam as metas para o setor com ideais fundamentados na segurança nacional e no desenvolvimento econômico. 20 Outro importante recurso utilizado nesse período que influenciou diretamente o processo de ensino-aprendizagem e a formação docente foi a desobrigação do Estado com o financiamento da educação, conforme aponta Guimarães (2015, p 20): Uma das principais características da política educacional pós-1964 foi a desobrigação do Estado com o financiamento da educação, es- pecialmente dos níveis médio e superior. A Constituição de 1967, ao não vincular ao Orçamento Geral da União a porcentagem de verbas destinadas ao ensino, fez, como consequência direta, com que o Esta- do passasse a diminuir, sucessivamente, seus investimentos no setor educacional. Só para relembrarmos, vale registrar que a participação no orçamento do então Ministério da Educação e Cultura (MEC) decres- ceu de 10,6%, em 1965, para 4,3%, em 1975, e manteve-se no patamar médio de 5,5% até 1983. O esvaziamento do Estado no setor educacional influenciou diretamente o crescimento da rede privada, contribuindo para seu crescimento, em especial nas Instituições de Ensino Superior e no Ensino Médio. Entretanto, o que poderia parecer uma desregulamentação, verificou-se improcedente, pois a ditadura logo instituiu um outro marco da política educacional ao implantar a reforma universitária de 1968. A reforma apresentou um duplo propósito: ser instrumento de desenvolvimento e pro- gresso social, mas também ser mecanismo e meio de controle social e ideológico. Esta última faceta da reforma buscava claramente desmobilizar o movimento estudantil, bem como cassava a autonomia universitária, sufocando qualquer tentativa de contestação e crítica que pudesse nascer no interior das Instituições de Ensino Superior. Não obstante, somente em 1971 o projeto educacional dos militares foi concluído com a reforma do ensino de 1º e 2º graus, como ressalta Guimarães (2015, p. 22): A reforma do ensino de 1º e 2º graus (hoje níveis fundamental e médio), implantada por meio da Lei 5.692 de 11 de agosto de 1971, tinha como fundamento o mesmo ideário e os mesmos objetivos que nortearam a reforma universitária. Dentre as mudanças destacaram-se: 1) a associa- ção do período de escolaridade obrigatória, prevista na Constituição Fe- deral (7 a 14 anos), ao que passa a denominar-se como 1º grau, ou seja, o ensino de 1ª a 8ª séries; 2) o ensino de 2º grau da rede pública volta- 21 do para a habilitação profissional dos alunos. Tornou-se compulsória a profissionalização técnica em nível médio, praticamente eliminando dos currículos de 2º grau a parte de formação geral, especialmente a da área de ciências humanas. O resultado direto dessa política foi detectado pelos dados estatísticos do IBGE (2011) para o censo de 2010. Constatou-se uma população de 14,1 milhões de analfabetos, entre eles 42,6% com idade maior que 60 anos. É extremamente significativo contabilizarmos que, 40 anos após a Lei nº 5.692, tenhamos no Brasil uma parcela tão grande de analfabetos com mais de 60 anos, ou seja, herança desse tenebroso período, de predominância da formação específica sobre a geral. Importante Pós-1980: renovação do processo de ensino-aprendizagem Os anos 1980 vivenciariam um intenso debate sobre a história e seu ensino. Alavanca- dos pela abertura política e pelo fim do regime militar, os movimentos sociais (e tam- bém profissionais) se reorganizaram, dando início à renovação do processo de ensino- -aprendizagem, marcando de forma especial o debate em torno do ensino de História, propondo numa perspectiva mais ampla a reforma curricular. A partir desse momento, Consolidou-se um campo de estudos estabelecendo priori- dades para o ensino de História com mudanças teórico-metodológicas no sentido de diminuir a distância entre a formação acadêmica e a educação básica. Esse dinâmica, que ainda está em processo, aponta como uma constante a renovação: da formação de professores, da história ensinada e dos livros didáticos. No entanto, foi nos 1990, com novas abordagens emergidas da historiografia, que se promoveu a renovação da formação dos professores e os professores renovaram o ensino de história. Foram incorporados novos enfoques, novos temas; o ensino da dis- ciplina História estava aberto para falar de memórias plurais, mentalidades e culturas. 22 Após esse resumo da história da educação e, de forma especial, do ensino de história, pudemos verificar os muitos problemas e desafios enfrentados em nossopaís, princi- palmente na formação de professores e criação de cursos de licenciaturas. Pudemos analisar também a transição da metodologia de ensino baseada em conhecimentos es- pecíficos para conhecimentos pedagógicos, sobretudo no período pós-1980. Entretan- to, apesar dessa renovação do processo de ensino-aprendizagem, ainda temos muito o que avançar. NA PRÁTICA Observamos, ao longo da história da humanidade, que o processo de ensino-apren- dizagem não foi dado, não é um produto pronto e acabado em sua origem, tão pouco o é ainda hoje. É um processo essencialmente humano no que diz respeito à defesa de interesses exclusivistas, à dominação e à interferência de extratos sociais privile- giados, e à concentração nas mãos de poucos para divulgação e aplicação. Por isso, a necessidade do engajamento dos docentes nas reflexões de âmbitos municipal, estadual e federal, atuando de forma crítica na elaboração de novas propostas para o ensino em história. Somos nós, os profissionais, que devemos demonstrar como na prática está sendo construído o ensino de história, a necessidade de alteração na programação e nas abordagens, bem como a supressão ou o aprofundamento de temas. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre como a concepção “bancária” da educação como forma de opressão. 23 Resumo da Unidade 1 Nesta unidade, você estudou a história do processo de ensino-aprendizagem na humanidade, dos primeiros passos na Antiguidade, passando pela criação das escolas normais no Brasil, que inaugura no século XIX a formação docente no país. Viu, ainda, a consolidação da história como área de conhecimento e a luta pela emancipação de seu ensino em nosso país. Nesta disciplina, destaca-se o conceito de ensino-aprendizagem que permeia toda a história da humanidade. CONCEITO 24 Referências ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISIONAIS DA EDUCAÇÃO. VI Encontro Nacional (Documento Final). Belo Horizonte, 1992. ANTUNES, C. Na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2014. BRZEZINSKI, I. Pedagogia, pedagogos e a formação de professores: busca e movimento. 2. ed. Campinas: Papirus, 2000. CANDAU, V. M. (Org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1991. CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1996. ENRICONE, D.; GRILLO, M.; HERNANDEZ, I. C. Ensino: revisão crítica. Porto Alegre: Sagra, 1991. FONSECA, T. N. L. História & ensino de história. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. FREITAS, H. C. L. A reforma do Ensino Superior no campo da formação dos profissionais da educação básica: as políticas educacionais e o movimento dos educadores. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 20, n. 68, 1999. GADOTTI, M. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo: Ática, 1991. GUIMARÃES, S. Didática e prática de ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados (livro eletrônico). Campinas: Papirus, 2015. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico) LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1996. MANACORDA, M. A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. 25 MOYSÉS, L. O desafio de saber ensinar. Campinas: Papirus, 1994. VILLELA, H. O. S. A primeira Escola Normal do Brasil: uma contribuição à história da formação de professores. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1990. O planejamento e o ensino UNIDADE 2 27 Nesta unidade, você estudará os elementos essenciais, que devem estar presentes tanto nas reflexões, como na elaboração, construção e aplicação do planejamento e ensino em história. Você conhecerá também as discussões mais atuais entorno do planejamento do ensino e do ensino de história. INTRODUÇÃO OBJETIVO Nesta unidade você irá: • Caracterizar as três principais etapas no planejamento do docente. Da reflexão sobre a educação, perpassando pelo pensamento crítico quanto à proposta de ensino, até o plano de aula que será aplicado na prática pelo docente. 28 Do planejamento de ensino Para iniciar esta aula, vamos esclarecer o que é planejamento do ensino. Para tanto, adotaremos a concepção de José Cerchi Fusari (1989, p. 45): Pode-se, pois, afirmar que o planejamento do ensino é o processo de pensar, de forma “radical”, “rigorosa” e “de conjunto”, os problemas da educação escolar, no processo ensino-aprendizagem. Consequentemen- te, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e abrange a elabora- ção, execução e avaliação de planos de ensino. É importante que você saiba que o planejamento possui dois aspectos: É necessário garantir a racionalização do trabalho e prever que as ações docentes possibilitem a realização de uma proposta de ensino com qualidade. Sim, o planejamento perpassa pela especificação do planejamento de currículo, tornando operacionais as ações dos docentes na sala de aula, concretizando objetivos educacionais propostos aos discentes. Contudo, ao realizar o planejamento, não bastará aos docentes a preocupação com os meios; eles precisarão atentar aos fins, ou seja, aos objetivos da educação, e esse é o ponto mais importante do planejamento. Aspecto 1 Aspecto 2 O aspecto mais geral refere-se ao plane- jamento estrutural; é burocrático e explica as ações da educação. É oriundo das deliberações estabelecidas em gabinetes políticos (federal, estadual e municipal). O segundo provém do pedagógico, pensa e planeja e reflete ações que vão materia- lizar-se na sala de aula, serão vivenciadas na prática do docente e estarão presen- tes no dia a dia do aluno. 29 Planejamento de ensino e plano de ensino No dia a dia, podemos perceber que muitos educadores utilizam os termos “planejamento” e “plano” como sinônimos. Porém há diferença entre eles! Vamos conhecer o que significa cada um deles? Para estabelecermos a diferenciação entre o planejamento de ensino e plano de ensino, vamos usar aqui as definições de Fusari (1998, p. 46): planejamento do ensino é o processo que envolve a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo to- das as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos[...], o plano de ensino é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Plano de ensino é, pois, um documento elabora- do pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específica. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano. Dessa forma, você pôde notar, então, que o planejamento está relacionado à reflexão, e o plano, à documentação (fruto desse processo reflexivo). Sendo assim, apesar de os dois termos terem significados diferentes, eles se completam. Porém, na prática, ainda vivenciamos o atrelamento enorme do planejamento ao processo documental. E, de forma geral, docentes e educadores não consideram a reflexão sobre o que fazer e por que fazer. O livro Planejamento: Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo, de Celso dos Santos Vasconcellos, obra prima sobre planejamento, deve ser lido e consultado por todos aqueles que atuam na educação. Saiba mais 30 Vamos agora aprofundar o estudo do planejamento? O planejamento é um processo muito mais amplo, muito mais intenso, visa a busca do equilíbrio permanente entre os meios e fins, entre os recursos a serem utilizados e os ob- jetivos almejados. O ato de planejar precisa ser um processo reflexivo, tendo em mira a concretização de objetivos, materializados por meio de prazos determinados e etapas demarcadas. Falar em planejamentoé, em síntese, falar de um processo que pretende dar solução para possíveis problemas. O planejamento como processo deve considerar todas as in- formações relevantes: • Das reflexões anteriores. • Das experiências vividas. • Dos eventos passados. Planejar é uma ação intrínseca à educação, em função da necessidade de evitarmos a improvisação. Entretanto, isso só será possível estudando, mapeando e prevendo um futuro plausível e real, demarcando um norte para que possamos construir caminhos para alcançá-lo. Dessa forma, cabe ao planejamento, como processo de estruturação e organização da ação educativa, antecipar as ações e promover a organização da prática pedagógica. Po- rém, para seu pleno sucesso, precisamos contar com informações precisas e claras, ou seja, o detalhamento de cada uma das ações, de cada passo a ser dado nesse processo de estruturação e organização da ação educativa. Destacamos que o ensino é um processo dialético, do aprender ao ensinar e vice-versa Portanto, nesse processo, precisamos utilizar a crítica e o conhecimento crítico a serviço de ações educativas que transformem a realidade anterior em um plano do conhecimen- to ulterior. O conhecimento será um instrumento de inserção social do indivíduo, que agirá de maneira crítica e ativa, contribuindo para a melhoria da sociedade e comunidade onde viva. 31 É oportuno, neste momento, que você conheça também a definição de planejamento dada por Libâneo (1994, p. 222): O planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações, se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes fundamentadas em opções político-pedagógica, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino). (grifos do autor) Podemos afirmar que um docente que age de forma consciente, competente e crítica é capaz de transmutar a realidade quando parte das reflexões vivenciadas no planejamento e previstas pelo plano de ensino. Portanto, para pensarmos em uma possível superação dos limites estabelecidos pelo plano de ensino, precisaremos contar com ações implantadas por docentes capacitados. Como consequência desse pensamento, apenas um bom plano, por si somente, não conseguirá transmutar a realidade da sala de aula, pois estará fundamental e necessariamente atrelado a uma ação docente competente, isto é, sem a ação de um profissional, o bom plano não se autoexecutará. ação- reflexão -ação planeja- mento plano Transmutação da realidade 32 Dessa forma, planejamento e plano podem ser considerados complementares, interpenetram-se através da ação-reflexão-ação da prática docente, mas não são sinônimos. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre as qualidades indispensáveis ao melhor desempenho de professoras e professores progressistas. 33 Do plano de ensino Para que você entenda o que é o plano de ensino, vamos relembrar que o planejamento deve fundamentar-se na realidade concreta dos sujeitos, quanto do objeto de conheci- mento e do contexto em que a ação pedagógica é vivenciada. Nesse processo, o edu- cador, enquanto figura fundamental da mediação no processo de ensino-aprendizagem, precisará conhecer: É importante que o educador considere também, quando possível, a avaliação do traba- lho dos anos anteriores, para, assim, ter um planejamento mais sistemático. Com isso, observamos que como aponta Vasconcellos (1995, p.143): […] projeto pedagógico é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes da instituição. Podemos dizer que o plano de ensino é a materialização do que o professor desenvolverá em sala de aula e que permitirá alcançar os objetivos educacionais propostos; por ele, devemos apresentar uma sequência coerente e os elementos necessários que integrarão o processo de ensino e de aprendizagem. O plano ensino não só apontará o rumo a ser seguido no exercício da atividade docente, mas também será um agente que facilitará aos alunos, o entendimento do desenvolvi- mento da disciplina. O docente, enquanto profissional crítico, precisará, ao elaborar o pla- no de ensino, questionar o que deseja que seus alunos aprendam. Nesse sentido, precisa A realidade com a qual vai trabalhar (alunos, escola, comunidade). A si mesmo ( ou seja, se autoconhecer-se). O objeto de estudo. 34 apoiar-se no perfil do aluno que a proposta pedagógica/educacional a escola pretende formar. O plano de ensino é sim um planejamento. Contudo, é importante que você compreenda que esse planejamento deve ter como fundamento uma previsão global para todas as atividades propostas e pensadas para cada disciplina ao longo de um período (bimestre, trimestre, anual), entretanto deve prever, sempre, mudanças durante o período, indepen- dentemente se são de ordem interna ou externa, por parte do docente ou dos discentes. Seguindo essa proposição, os docentes, antes de planejar o plano de ensino, precisam levar em conta o seguinte: Somente após o estudo e reflexão destes três pontos, devem estruturar e pontuar os elementos que constituem o plano de ensino. Vivenciamos e observamos, ainda, em pleno século XXI, docentes que acreditam que boa parte da elaboração do seu plano de ensino deve seguir uma proposta empírica, ou seja: • Observar tudo. • Analisar bastante. • Utilizar somente o que for interesse para suas aulas. Percebemos que esse comportamento é característico de uma prática tradicional – e porque não arcaicas –, em que prevalece somente aquilo que o professor acha importante pelo simples fato de ser aplicável em suas aulas, porém, muitas vezes, esse conteúdo está totalmente desconectado dos três pontos que destacamos: conhecimento do mundo, o perfil dos alunos e proposta pedagógica/educacional da escola. Fusari (1992, p. 70) classifica a prática desses professores no planejamento e na construção do plano de ensino, como “ecletismo pedagógico”. CONHECIMENTO DO MUNDO PERFIL DOS ALUNOS PROPOSTA PEDAGÓGICA/ EDUCACIONAL DA ESCOLA 35 E o que isso quer dizer? Isso significa que um docente pode ter fala progressista1 , mas na prática pedagógica vivencia uma abordagem tradicional — e até arcaica — quando do manuseio dos conteúdos, o que caracteriza uma total dicotomia entre discurso e prática pedagógica. Não estamos desconsiderando a necessidade do pleno domínio do conteúdo por parte dos profissionais de ensino, pelos docentes, mas o planejamento e a construção do plano de ensino não se restringem à questão do conteúdo. Por conteúdo, compreendemos a totalidade dos conhecimentos que serão trabalhados pelos docentes junto aos discentes. Queremos ir para além da apresentação dos conteúdos, então precisamos pensar e construir também a forma de ensinar, pois teremos nela a consubstanciação (conteúdo/ forma) que o trabalho pedagógico assume. Na forma, identificamos como o docente fundamenta sua concepção de ser, de homem, de individualidade, mas também de educação, de comunidade e de sociedade, com a qual trabalhará em sala de aula. Por isso, precisamos refletir sobre a necessidade, urgente, de superar os antigos empecilhos do tradicional formulário, formatado para anunciar os objetivos, conteúdos, estratégiase avaliações. Buscar parceria de pedagogos, psicólogos e docentes de outras áreas para que possamos estabelecer uma equipe multidisciplinar capaz de auxiliar-nos na construção de um projeto que envolva alunos, sala de aula, escola e educação. Importante 1progressista: Quando falamos de educação progressista ou professor progressista, queremos caracteri- zar uma educação/ação transformadora da realidade, aquela que não aceita a situação posta, mas busca sempre melhorar, principalmente frente as desigualdades sócio-político-econômicas da sociedade. 36 São necessárias essas reflexões em torno dos cinco pilares do plano de ensino para que possamos obter uma ação pedagógica positiva. Dessa forma, é fundamental o preparo, por menor que seja, para que possamos desenvolver e efetivar um trabalho de amplo e profundo alcance pedagógico/educativo. Ao propormos reflexões acerca do plano de ensino, não estamos dispensando o planejamento e preparo das aulas, elemento fundamental e importantíssimo do todo docente. A questão é que o preparo das aulas precisará refletir o plano de ensino, no tocante às pretensões para cada unidade dos conteúdos, cada ação do início ao fim das aulas, com a construção de uma síntese para encerramento da temática em análise, pois será via aula que se materializará, tornará efetivo e construirá o processo de ensinar e aprender. Para finalizar, vamos ler o apontamento de Fusari (1998, p. 51): […] a elaboração (coletiva/individual) dos planos de ensino depende da visão de mundo que temos e do mundo que queremos, da sociedade brasileira que temos e daquela que queremos, da escola que temos e daquela que queremos. Para superar a antiga concepção de formulário, precisamos construir um plano de ensino que preveja: 1) Em relação aos OBJETIVOS, para que ensinar e o que devem aprender? 2) Sobre os CONTEÚDOS, o que devemos ensinar e o que queremos que aprendam? 3) Para os MÉTODOS, identificar como e com o que ensinar e o que apreenderão? 4) Considerando o TEMPO, devemos esclarecer quando e onde ensinar e o que aprender? 5) Da AVALIAÇÃO, como e o que foi efetivamente ensinado e apreendido? 37 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre a influência do educador na formação dos alunos e as diversas possibilidades de educação. 38 Plano de aula Verificamos no conteúdo dos tópicos 1 e 2, a importância do planejamento no âmbito educacional. O planejamento desenvolvido pelos docentes deve promover articulação entre as propostas pedagógicas da escola e a realidade dos discentes. Segundo Manata (2004, p. 10), Planejar é construir a realidade desejada. Não é só organizar a realidade existente e mantê-la em funcionamento (isto seria apenas o planejamen- to operacional, a administração), mas é transformar esta realidade cons- truindo uma nova. O plano de aula é, em síntese, um dos maiores instrumentos de posse dos docentes, pois nele está o registro do que será realizado em sala de aula, o que permitirá aos docentes reavaliar o que foi planejado, avaliar sua execução, e ainda, avaliar os resultados obtidos; assim, os docentes poderão buscar o aprimoramento de sua prática pedagógica e consequentemente melhorar o aprendizado dos alunos. Agora chegou o momento de você estudar, com mais detalhes, no que consiste esse plano de aula. Vamos aprofundar o conhecimento sobre esse assunto? Precisamos consolidar, como conhecimento, que o docente que pensa suas aulas e registra no plano de aula, antes mesmo de ministrá-las, estará muito mais sensibilizado com a causa/realidade dos alunos, estará preparado para possíveis eventualidades que surgirão quando da implantação da proposta, evitando a superficialidade dos improvisos, fazendo do eventual a constante em sala de aula. Sobre essa questão, vamos ler o que Karling (1991, (p. 306) aponta: Antes de se fazer qualquer plano, é preciso saber para quem se vai fazê- -lo, quais são as possibilidades de dar certo e as condições que se tem para executá-lo. Não adianta fazer planejamento bonito, bem feito, mas que não pode ser executado ou que não traz resultados proveitosos. É preciso conhecer a realidade. 39 O plano não é um instrumento estático, mas dinâmico, podendo sofrer alterações enquanto executado, adaptando-se à realidade imposta pela prática em sala com os alunos, será um guia e não uma linha férrea. Importante Os planos de aula são de cunho individual e, portanto, intransferível, o que torna não somente inaceitável mas também incompreensível a cópia ou reprodução por terceiros. Ficará sempre uma pergunta: como copiar um planejamento baseado em uma experiência e talento diferente do meu? Como aplicar à turma X, a proposta de uma aula pensada e construída para a turma Y. Para refletir O docente deve levar em conta a execução do plano de aula e garantir que seja executável na íntegra, para que possa colher os resultados propostos no planejamento. O Plano de aula deve possuir uma estrutura básica, sim isso é possível e aplicável em toda a escola, entretanto, precisamos esclarecer que seu detalhamento, bem como a for- ma como será realizado o registro, que dependerá de cada docente, de sua experiência e formação. 40 A internet — mais especificamente as redes sociais — possibilitou o comparti- lhamento de experiências bem-sucedidas. Dessa forma, devemos explorar ao máximo essa oportunidade. De que forma podemos fazer isso? Avaliando as experiências que nos interessam e eliminando outras que não se alinharam com nossa forma de pensar e agir. Assim, ao realizar uma ampla pesquisa — tarefa maior do docente —, isso irá nos permitir ter mais confiança e preparo em nosso trabalho, possibilitando, inclusive, antecipar possíveis si- tuações que poderão aparecer na vivência em sala de aula. Dica Portanto, o não planejar uma aula é em si mesmo desconsiderar o aluno como sujeito, de assumi-lo como ser pensante, construtor e/ou reconstrutor de sua própria realidade, não só capaz de pensá-la, mas também de transformá-la. Dessa forma, a organização e seleção dos conteúdos perpassarão pela realidade do aluno, refletindo e preparando as possibilidades de tornar possível a execução do plano de aula. Não se apresenta como um elemento isolado do todo, ou seja, não está de- sassociado da proposta pedagógica/educacional da escola. Não se apresenta como um elemento isolado do todo, ou seja, não está de- sassociado da proposta pedagógica/educacional da escola. C Pensa e planeja as aulas para além do espaço tradicional, aquele que está restrito ao âmbito físico de uma sala de aula. Precisamos e devemos flexi- bilizar esse espaço, de forma mais específica, flexibilizar o conceito de sala de aula e do uso desse espaço. Para transpor a concepção tradicional preci- samos pensar em toda a escola como espaço para a sala de aula, ou ainda, pensar para fora das paredes, para fora dos muros da escola, para dentro das casas dos alunos. B A Podemos apontar que o planejamento do plano de aula atingiu seus objetivos quando: 41 Para a organização do plano de aula em si, destacaremos três elementos essenciais que deverão pautar sua estruturação, sempre levando em conta as reflexões estabelecidas acima neste tópico: 1. Dos objetivos: apontam as metas estabelecidas que almejamos alcançar com efetivação do plano de aula; devem estar em total sintonia com o Projeto Político Pedagógico da Escola. 2. Dos conteúdos: devem estar articulados com os objetivos, pois se completam e rumam para a mesma direção. Para a escolha dos conteúdos, quando da montagem do plano de aula, devemos considerar o tempo de aula, o desenvolvimento da aula, como serão desenvolvidos, quais estratégia serão utilizadas, para quantos alunos (individualmente ou em grupo), onde, como e quando a presença do docente se fará necessária, e ainda, quais recursos materiais deverão estar disponíveis para consolidação dos conteúdos no plano de aula. 3. Daavaliação: possibilitará a materialização de um diagnóstico do plano de aula (colocado em prática). Por meio dela poderemos obter a comprovação do que realmente foi apreendido pelos discentes. É um instrumento dialético, pois ao avaliar somos também avaliados, essa é a maior contribuição dada pela avaliação. Possibilitará a identificação do que foi efetivamente consolidado como saber, ou ainda, possibilitará mudanças necessárias quando identificadas ausências ou lacunas no processo ensino-aprendizagem. O plano de aula não é um instrumento estático, registro burocrático de conteúdos ministrados, e sim um instrumento vivo, que caminha lado a lado como o planejamento de ensino, o plano de ensino. Além disso, é bússola e roteiro dos docentes durante a jornada pedagógica em sala de aula. Plano de ensino Plano de aula Planejamento 42 MIDIATECA Acesse a midiateca Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pelo pro- fessor sobre a crítica ao ensino voltado somente para a acumulação de conteúdo, sem relacioná-lo com a rotina dos alunos. NA PRÁTICA Como educador (professor ou gestor), a reflexão entorno dos pilares do planejamen- to educacional, que estruturam e orientam nossa prática docente, é fundamental para tornar materialmente possível pensar como planejar e executar projetos em educação. Essa atitude irá não só nos permitir entender, mas também nos capacitar para a construção do planejamento educacional, do plano de ensino e do plano de aula. Lembre-se: educamos para transformar a realidade do aluno. 43 Resumo da Unidade 2 Nesta unidade, foram apresentados três instrumentos vivos que emergem das reflexões educacionais, das propostas pedagógicas e da atuação docente. Estamos falando do planejamento do ensino, do plano de ensino e do plano de aula, instrumentos que serão tanto melhores quanto maior for a articulação com a realidade dos educandos, essa a verdadeira e maior finalidade da educação, além da relação com nossos pares na educação e, em especial, a realidade da comunidade em que a escola está inserida, bem como em nossa sociedade. Dessa forma, ao assumir que o planejamento é o processo de pensar os problemas da educação escolar, será orientada a elaboração de um plano de ensino que materialize o fazer em sala de aula por meio de uma sequência coerente e com os elementos necessários que integrarão o processo de ensino e de aprendizagem, facilitando aos alunos o entendimento do desenvolvimento da disciplina, desaguando no plano de aula como registro do que será realizado em sala de aula, permitindo aos docentes refletir, avaliar, reavaliar e, se necessário, reconstruir todo o processo educacional. CONCEITO Nesta unidade, discutimos a concepção e construção do planejamento do ensino e o que deve orientar estruturação e materialização dos planos de ensino e de aula. 44 Referências ANTUNES, C. Na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2014. BRZEZINSKI I. Pedagogia, pedagogos e a formação de professores: busca e movimento. 2. ed. Campinas - SP: Papirus, 2000. CANDAU, V. M. (Org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1991. CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1996. ENRICONE, D.; GRILLO, M.; HERNANDEZ, I. C. Ensino: revisão crítica. Porto Alegre: Sagra, 1991. FONSECA, T. N. L. História & ensino de história. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. FUSARI, J. C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Artigo Série Ideias, n. 8, São Paulo: FDE, 1998. p. 46. Disponível em: <https:// docplayer.com.br/16365924-Jose-cerchi-fusari-o-planejamento-do-trabalh-pedagogico- algumas-indagacoes-e-tentativas-de-respostas.html>. Acesso em: 16 nov. 2018. FUSARI, M. F. R. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. FREITAS, H. C. L. A reforma do Ensino Superior no campo da formação dos profissionais da educação básica: as políticas educacionais e o movimento dos educadores. In: Revista Educação e Sociedade, v. 20. n. 68, Campinas, 1999. GADOTTI, M. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo: Ática, 1991. GUIMARÃES, S. Didática e prática de ensino de história: experiências, reflexões e aprendizados livro eletrônico/Selva Guimarães. - Campinas, SP: Papirus, 2015. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). 45 KARLING, A. A. A didática necessária. São Paulo: IBRASA, 1991. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 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Escola não é apenas o lugar aonde alunos vão estudar. Escola é, acima de tudo, lugar de formação do ser, do cidadão crítico e atuante na sociedade. 48 O Significado de espaço Para iniciar esta aula, vamos estudar o conceito de lugar. Para isso, vamos adotar o conceito proposto por Schulz: Um termo concreto para falar em ambiente é lugar. Na linguagem comum, diz-se que atos e acontecimentos têm lugar. Na verdade, não faz o menor sentido imaginar um acontecimento sem referência a uma localização. É evidente que o lugar faz parte da existência. Então, o que se quer dizer com a palavra “lugar”? É claro que nos referimos a algo mais do que uma localização abstrata. Pensamos numa totalidade constituída de coisas concretas que possuem substância material, forma, textura e cor. Juntas, essas coisas determinam uma “qualidade ambiental” que é a essência do lugar. Em geral, um lugar é dado como esse caráter peculiar ou “atmosfera”. Portanto, um lugar é um fenômeno qualitativo “total” que não se pode reduzir a nenhuma de suas propriedades, como as relações espaciais, sem que se perca de vista sua natureza concreta (1975, p. 9). Ao definir o conceito de lugar de forma mais específica do que espaço, não queremos desconsiderá-lo. Na verdade, queremos considerar o seguinte: • Esses conceitos estão intrinsecamente relacionados. • Ambos se confundem e, ao mesmo tempo, associam-se em nossa exposição. • O espaço abstrato se torna lugar definido com a interação humana, que os dotará de significado e valor, tal qual podemos observar em Tuan: “quando o espaço nos é inteiramente familiar, torna-se lugar” (1983, p. 83). Os conceitos de lugar e espaço estão associados e não podem ser com- preendidos separadamente. Vamos aprofundar o estudo do conceito de lugar? 49 Ao buscarmos na história a construção do conceito de lugar, verificaremos que, nas crenças da Grécia antiga, seus habitantes compartilhavam da ideia de que deuses organizavam os lugares, denominados genius loci. Sobre isso, Mircea Eliade (2001) diz que, para o homem religioso, existe um contínuo entre o sagrado e o profano, portanto, nas sociedades antigas, compreendia-se espaço qualificando-o como: • Sagrado: o território habitado, conhecido e consagrado por seus habitantes. • Por extensão, profano: todos os territórios não habitados, desconhecidos,indetermi- nados, não consagrados, fora dos limites estabelecidos como “nosso lugar”. Deriva desse pensamento que os mundos criados (lugares) são estabelecidos a partir da interpretação, interferência e vivência dos homens, que não só os delimitam, mas também os consagram como “lugares sagrados”, pois derivam da visão do homem ocupando o centro do universo, vencendo o caos ao seu redor (desconhecido), que o ameaça constantemente, por meio da ocupação, estruturação e organização do espaço. Dessa forma, consolidaremos essa visão com a afirmação de Schulz: “O lugar é a concreta manifestação do habitar humano” (1975, p. 11). Até aqui, você estudou o conceito de lugar de uma forma mais abrangente. Agora você vai conhecer o conceito de lugar sob a perspectiva da escola. Vamos lá? Ao trabalharmos a questão do espaço escolar, queremos necessariamente discutir o lugar enquanto espaço familiar, de relações e interações humanas. Abrimos aqui uma linha de raciocínio que desembocará em reflexões sobre bem- -estar no espaço escolar, pois podemos imaginar a possibilidade de habitar ou coa- bitar lugares, sem necessariamente sentir bem-estar. Como fazer do espaço escolar a manifestação do habitar humano, que represente nossa humanidade, que confirme nosso lugar no mundo? Para refletir 50 Precisamos ter claro que o espaço es- colar é, para muitos estudantes, o pri- meiro lugar fora do ambiente familiar, o primeiro ambiente onde vão estabelecer novas formas de relação e interação social, ampliando assim o processo de socialização, processo complexo que precisa de profissionais competentes e capacitados, mas também de um lugar que represente aconchego e bem-estar. Decerto que não seria possível falarmos de espaço humano sem pensarmos em bem- -estar, pois estaríamos imediatamente caminhando para a degradação da condição hu- mana, para trabalharmos com as ausências ou, como diria Eliade (2001, p. 45), avança- ríamos para o caos que nos rodeia e ameaça constantemente. Percebemos esse “caos”, essa ameaça, em espaços escolares degradados pelo tempo, sem conservação, manutenção, mas também por improvisações tempo- rárias que se efetivam como permanen- tes. São paliativos às muitas ausências do Estado como gestor público e de pro- prietários como gestores particulares da educação, consubstanciados como a ex- pressão máxima da falta de ocupação, estruturação e organização do espaço escolar, portanto, de alguma forma, afastando-nos da humanização enquanto construção de lu- gares humanos que proporcionem bem-estar. O caos — ou, ainda, a ruína física do espaço esco- lar — influencia ânimos e humores daqueles que o habitam, mas poderíamos ampliar e falar da má utilização pedagógica do espaço escolar realizada por docentes e educadores em geral. Devemos ter em mente, conforme apontado por Lima, que “o espaço material é um pano de fundo onde as sensações se revelam e produzem marcas profundas que permanecem, mesmo quando as pessoas deixam de ser crianças” (1989, p. 37). 51 Todos os docentes — e, em nosso caso, os de história — precisam compreender que a sala de aula, a escola e a comunidade em que ela está inserida devem possibilitar reflexões em torno do “ser humano”, de sua construção nesse espaço e da possibilidade de superação (positiva) como oportunidade de crescimento. Podemos também falar do bem-estar dos profissionais que habitam o espaço escolar, pensando em produtividade e qualidade do trabalho, sabendo que ambas estão diretamente relacionadas com “as condições ambientais do lugar onde o trabalhador desenvolve suas atividades”, como apontado por Coutinho Filho (2007, p. 20). Verificamos, dessa forma, que os profissionais/docentes são atingidos pelas condições do lugar. Docentes, pais, educadores e gestores devem ser conscientizar da necessidade primeira de criar um ambiente humanamente saudável para todos dentro do espaço escolar. Esse espaço escolar possibilitará a obtenção do maior e melhor desempenho de todos aqueles que o habitam, tornando-se fonte de “saúde” para toda a sociedade. Falar de espaço escolar deve ir além da construção física, deve caminhar em dire- ção ao aspecto pedagógico de ocupação desse espaço, desse lugar. Dessa forma, educadores e docentes devem compor a equipe que ocupa, organiza e estrutura o espaço escolar, e não apenas o espaço/lugar sala de aula. Importante MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre a função da escola. 52 O espaço escolar Trataremos aqui de espaço escolar como espaço pedagógico e, mais especificamente, como espaço de conhecimento. Porém, o que é espaço escolar? O espaço escolar é um produto oriundo de múltiplos interesses que afetam direta e significativamente os indivíduos por ele acolhido, oficialmente inclusivo, mas tam- bém potencialmente excludente. Enquanto espaço pedagógico, é um elemento primordial do pensar educativo e deve com- por as reflexões em torno da construção do currículo e do planejamento educacional. A partir da promulgação da LDB (Lei nº 9.394/1996), a rede pública de ensino deveria receber e atender alunos com necessidades educacionais especiais de todos os tipos (fí- sicas, visuais, auditivas, mentais), mas em momento algum foi manifesta a necessidade de adaptar o espaço escolar a essas necessidades especiais, fazendo desse espaço um lugar de bem-estar para os alunos e para todos. Como pensar em inclusão, se o espaço escolar não for capaz de atender, primeiro, fisicamente os portadores de necessidades especiais (motoras) e, em segundo lugar, atender às necessidades especiais cognitivas? Como propagar uma escola inclusiva, se não há um espaço adaptado? Como propagar uma escola plural se não possuímos uma diversidade humana, representatividade da comunidade e da sociedade em que vivemos? Para refletir 53 Mais tarde os docentes e educadores identificaram que não bastava apenas receber alunos com necessidades especiais, era necessário atender tais necessidades. Seria necessário não só adaptar o espaço físico escolar, mas também preparar os profissionais envolvidos nesse atendimento. A mudança do espaço escolar em função da promulgação da LDB é um exemplo claro de que o espaço escolar precisa ser pensado não apenas como espaço físico, mas também como espaço pedagógico, espaço de conhecimento. Assim, adequando espaço físico e pedagógico, conseguiremos realizar a inclusão de todos. A realidade dos espaços escolares no Brasil O espaço escolar é um espaço de muitas possibilidades, mas não podemos pensar apenas em boas possibilidades. Isso porque esse espaço, quando não planejado, pode limitar ou até cercear o direito à inclusão a que fazem jus todos os cidadãos portadores de necessidades especiais. Ao analisar dessa forma o espaço escolar, vamos perceber que esse espaço é a representação viva de nossa sociedade, mais especificamente das políticas educacionais. Nesse sentido, notamos que a escola, muitas vezes, é refém de políticas equivocadas, em que se materializam dois extremos: o que existe de melhor e de pior em nossa sociedade. Em relação ao aspecto de edificação, estudos no Brasil demonstram que a escola recebeu pouco investimento para que pudesse ser um verdadeiro espaço pedagógico. Não temos em nosso país um projeto arquitetônico que pudesse orientar a construção de um espaço escolar que respeitasse as especificidades culturais de cada comunidade. Os brasileiros se acostumaram a ver suas escolas alocadas em diversas estruturas improvisadas, não pensadas para serem espaços pedagógicos, tais como igrejas, casas alugadas, prédios abandonados, galpões, garagens, entre outros. Desconhecemos a origem de tamanha condescendência para com esse descaso, mas podemos listar algumas das desculpas: falta de recursos, urgência, provisoriedade, isso tanto na esfera municipal quanto na estadual e até mesmo da federal. 54 O descaso seria reflexo do descompromisso com ascamadas mais populares e as políticas educacionais não desmentem tal pensamento. Sobre isso, vamos ler as considerações de Lima: As escolas nas áreas centrais, até por serem geralmente construídas na época em que só as elites tinham acesso à educação, eram providas de espaços adequados para a leitura e para a recreação. À medida que as camadas populares, em massa, conquistaram o direito à educação, os espaços escolares passaram por um processo de emagrecimento. De- sapareceram os laboratórios, a biblioteca, o antigo salão ou auditório e o próprio galpão destinado ao recreio passou a ser dimensionado para o sistema de rodízio (1989, p. 37). Triste e dura constatação, o espaço escolar passaria pouco a pouco a representar e até a reforçar a pobreza, as muitas ausências vividas pelas camadas populares fora do espaço escolar, mas, agora, também reproduzidas nesse ambiente. E, se as escolas públicas e as camadas populares estão reféns de políticos e políticas educacionais equivocadas, as escolas particulares sofrem com a desregulamentação do espaço arquitetônico escolar, pois muitas obtêm alvará de funcionamento em espaços totalmente inadequados, sem local adequado para recreação e alimentação. Essa situação seria o pano de fundo de muitos problemas educacionais da rede particular, das insatisfações e indisciplinas do alunato, mas também de desconforto e ansiedade de funcionários e docentes. A organização e ou construção de um espaço escolar não deve estar centrada apenas no alocar cadeiras e um quadro. Certamente, essa organização ou construção deve também passar por critérios muito maiores e mais específicos. 55 Vamos ver a visão de espaço escolar desenvolvida por Escolano (1998, p. 27). O autor alerta sobre o currículo oculto: “Os espaços educativos, como lugares que abrigam a liturgia acadêmica, estão dotados de significados e transmitem uma importante quantidade de estímulos, conteúdos e valores do chamado currículo oculto”. Escolano avança em sua análise e propõe que a arquitetura da escola é, sim, um programa educador: “A arquitetura escolar pode ser vista como um programa educador, ou seja, como um elemento do currículo invisível ou silencioso, ainda que ela seja, por si mesma, bem explícita ou manifesta” (ESCOLANO, 1998, p. 45). Por essa perspectiva, muitos dos espaços escolares não educam e, provavelmente, acabam por deseducar aqueles que deveriam ser respeitados, valorizados, formados como cidadãos críticos/ativos, garantindo sua saúde psíquica, afetiva e social. Quando falamos de saúde ou na falta dela no espaço escolar, devemos explicitar uma situação extremamente comum a que estão submetidas muitas crianças em nosso país e que é muitas vezes desconsiderada: Qualquer um que permaneça sentado durante quatro horas, mesmo com pequenas interrupções, nas carteiras escolares espalhadas pelo Brasil saberá a que tortura se submete a criança. Se a essa tortura específica Necessidades pedagógicas, administrativas e recreativas. Funcionalidade do espaço em relação ao(s) segmento(s) a ser(em) atendido(s). Atendimento aos fatores de ordem biológica, física, psíquica e social de colaboradores, educadores, docentes e discentes. Localização. Demanda populacional. Acesso a transporte. Vamos conhecer alguns desses critérios? Vejamos: 56 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre os aspectos da teoria do cotidiano sob a perspectiva de Agnes Heller. somarmos o calor e/ou o frio excessivo que decorrem do uso inconse- quente de materiais construtivos inadequados, é de se espantar que algu- ma criança ainda consiga gostar de estudar (LIMA, 1989, p. 40). Tal constatação deveria estar presente em todas as reflexões de docentes, educadores, pais, cidadãos críticos e políticos sérios. Se o espaço escolar está doente, temos que buscar e propor a profilaxia, para que não corramos o risco de ver nossa sociedade definhar dia a dia. 57 O cotidiano Antes de iniciar o estudo do cotidiano no espaço escolar, vamos entender o conceito de cotidiano. O cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em parti- lha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presen-te. Todo dia, pela manhã, aquilo que assumimos, ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou de viver nesta ou noutra condição, com esta fadiga, com este desejo. O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. [...] O que interessa ao historiador do co- tidiano é o invisível (CERTEAU, 1994, p. 31). Portanto, precisamos verificar os aspectos invisíveis presentes no cotidiano do espaço escolar, ou seja, o espaço da vida social, que vai para além da dimensão geométrica, registro do aspecto visível da realidade, suas significações afetivas e culturais, e que se somarão nessa busca por melhor entender nossas escolas. Para sermos mais específicos, vamos destacar o apontamento de Agnes Heller (2014, p. 17) sobre sentimentos e capacidades: A vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se “em funcionamento” todos os seus sen- tidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipu- lativas, seus sentimentos, paixões, ideias, ideologias. O fato de que todas as suas capacidades se coloquem em funcionamento determina tam- bém, naturalmente, que nenhuma delas possa se realizar, nem de longe, em toda a sua intensidade. 58 Identificamos que transitam no espaço escolar não apenas alunos e professores, educadores e funcionários. Percebemos que transita e é transportado para esse lugar todo o universo que guardamos em nós, com nossas potencialidades, nossas contradições, nossos erros e acertos, e todos eles se juntam e colidem nesse espaço escolar. Cabe aqui refletir sobre o fazer pedagógico nesse espaço. Se não queremos apenas “transmitir conhecimentos” àqueles que, de forma passiva e nada reflexiva, “engolem” palavras e dados sem nenhum significado, criando uma classe de alienados, precisamos repensar o ensino tradicional. Como educadores, precisamos entender que, no espaço escolar, cada um traz uma enorme bagagem de suas vivências (seu universo pessoal). Cabe a nós trabalhar da melhor maneira essa diversidade (ou seja, os sentidos, as capacidades intelectuais, as habilidades manipulativas, os sentimentos, as paixões, as ideias, as ideologias etc.), respeitando e valorizando a história de cada aluno. Desconsiderar essa necessidade é, em síntese, um ato alienante, de perpetuação do status quo social. Pensemos que, em pleno século XXI, com tanto esplendor tecnológico, a maioria de nossas escolas reproduz o modelo medieval do giz e lousa, acreditando oferecer o melhor para nossa sociedade. Em algumas escolas o espaço escolar transformou-se numa verdadeira arena de batalha, com dois oponentes: Deveríamos nos perguntar se o ensino que estamos levando para nossos alunos é portador de relevância e interesse para professor e alunos. Para refletir De um lado, os representantes do giz e lousa. Do outro, a geração touch (que tem tudo a um toque dos dedos). 59 Representação não só de um conflito iminente, mas de um desacreditar-se, de um não querer, não aceitar. Com base em tudo isso que estudamos nesta aula, precisamos refletir sobre as condi- ções de trabalho dos docentes em sala de aula, quais são as políticas envolvidas e os reflexos na profissão e também na construção de uma nova geração. Precisamos pen- sar na reestruturação da escola e do espaço escolar, mas isso implica uma mudança da concepção do que é aprender, do que é ensinar e do que é ser educador, como afirma Madalena Freire (1993). Qual é o nosso papel enquanto docentes de História? Aos docentes de História cabe a reflexão sobre seu fazer no cotidiano da escola. É preciso pensar as relações entre cotidiano, história e historiador.O ensino da historio- grafia possibilitará ao aluno a compreen- são da questão do outro, que está interli- gada com a cultural, a política, a social e a econômica. Nesse contexto, é importante entender o papel do historiador. Para tanto, vamos citar Certeau: “a história combina o pensável e a origem, de acordo com o modo através do qual uma sociedade se compreende” (1982, p. 33). Portanto, está claro que os docentes de História podem ajudar a sociedade (alunos) a se compreender. A título de exemplo, sabemos que interpretações epistemológicas1 sempre apresentarão mudanças na vida cotidiana, mas, para avaliar se essas mudanças são positivas ou ne- gativas, se representam avanço ou retrocesso em relação ao cotidiano, podemos fazer uso da história para averiguar essa demanda. É por essa razão que os docentes de História e a escola enquanto espaço do conheci- mento não podem apenas disponibilizar os conteúdos aos alunos de forma tradicional, ou seja, a transmissão do conteúdo sem a mediação da reflexão, da crítica. 1Interpretações epistemológicas: utilizaremos aqui epistemologia como ciência, um conheci- mento, portanto assumiremos a concepção de estudo científico que aborda os problemas rela- cionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações. 60 Aquisição de conteúdo sem reflexão ou crítica está disponível em maior quantidade e de forma muito mais rápida nos livros e revistas, na televisão e na internet. O espaço escolar possui toda uma especificidade e estabelece, via profissionais, a relação entre cotidiano/ escola/sociedade, e o educador deve dominar essa problemática, bem como as refle- xões envolvidas. Dessa forma, ao pensarmos a escola e seu papel, perceberemos, como afirmam Candau e Moreira (2003, p. 160): É uma instituição construída historicamente no contexto da modernida- de, considerada como mediação privilegiada para desenvolver uma fun- ção social fundamental: transmitir cultura, oferecer às novas gerações o que de mais significativo culturalmente produziu a humanidade. Exatamente, oferecer o que possuímos de mais significativo, eliminando de nossas práti- cas o arcaico hábito de passar os conteúdos. O cotidiano no espaço escolar deve servir de guia para todos os docentes e educadores. Ele é fundamental para entendermos as demandas, as ausências, os gritos de socorro de nossos alunos, mas também para oportunizarmos o emergir de todos os seus sentidos, de suas capacidades intelectuais, das habilidades criativas, além de seus sentimentos. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre os aspectos da teoria do cotidiano sob instituições educacionais inovadoras. 61 NA PRÁTICA Nós, brasileiros, acompanhamos diariamente a divulgação de inúmeras escolas completamente deterioradas em sua estrutura física: portões capengas amarrados com arame farpado, banheiros sem vasos sanitários, ausência de pisos, falta de janelas, até mesmo telhados. Em muitos casos não existem sequer bebedouros. Em sala de aula, quadros velhos ameaçando cair, ventiladores que ou não funcionam ou não existem, ou, ainda, pendurados a ponto de cair, teto sem forro e ausência de iluminação. Triste retrato de muitas escolas brasileiras. Decerto que não caberá a nós, educadores e docentes, a reforma dessa estrutura em frangalhos, mas compete a nós, professores, tratar dessa questão (saúde do espaço), refletir com os discentes a origem, as causas, as consequências, as possíveis soluções que dependem dos usuários, mas também das competências e das responsabilidades dos órgãos governamentais. 62 Resumo da Unidade 3 Nesta unidade, você estudou o conceito de espaço enquanto lugar. Viu ainda o espaço escolar como espaço pedagógico e, mais especificamente, como espaço de conhecimento. Aprendeu também que o cotidiano no espaço escolar é para todos os docentes e educadores um guia capaz de desnudar as demandas, as ausências, os gritos de socorro de nossos alunos, mas pode ser muito mais quando oportuniza que todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideias e ideologias sejam expostos e valorizados. CONCEITO Nesta unidade, destaca-se a noção de cotidiano no espaço escolar. 63 Referências CANDAU, V. M. F; MOREIRA, A. F. B. Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, n. 23, maio-jun.-jul.-ago., 2003. CERTEAU, M. A invenção do cotidiano 1: as artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994. COUTINHO FILHO, E. F. et al. Avaliação do conforto ambiental em uma escola municipal de João Pessoa. Anais do IX Encontro de Extensão/X Encontro de Iniciação à Docência, 9 a 11 de maio de 2007. Disponível em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/extensao/ documentos/anais/5.MEIOAMBIENTE/5CTDEPPEX01.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018. ELIADE, M. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2001. ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Trad. Alfredo Veiga-Neto. Rio de Janeiro: DP&A, 1998. FREIRE, M. O construtivismo e a prática pedagógica. Educação em questão, Natal, v. 5, n. 1, jan.-jun. 1993, p. 113-123. HELLER, A. O cotidiano e a história. Trad. Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004. LIMA, M. S. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel, 1989. NORBERG-SCHULZ, C. Existência, espacio y arquitectura. Madri: H. Blume, 1975. TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983. http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/extensao/ documentos/anais/5.MEIOAMBIENTE/5CTDEPPEX01.pdf http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/extensao/ documentos/anais/5.MEIOAMBIENTE/5CTDEPPEX01.pdf Currículo e legislação UNIDADE 4 65 OBJETIVO Nesta unidade, vamos apresentar a Lei de Diretrizes da educação, os Parâmetros Curriculares e as mais recentes atualizações do currículo de história. Esta unidade é importante no processo de formação do docente, pois apresenta o contexto que envolveu a criação da LDB e dos PCNs, dois dos mais importantes documentos da educação brasileira. Esses documentos acompanharão os futuros professores em toda a sua jornada docente. Apresentaremos, ainda, as mais novas e atualizadas discussões em torno do currículo de história, a crítica ao passo e os novos posicionamentos. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Conhecer a LDB e sua proposta fundadora, entender as orientações encaminhadas pelos PCNs que nortearam a educação a partir de 1995 e as atuais propostas para organização de um currículo para a história. 66 Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ou seja, a Lei 9394/96, é também co- nhecida pelo nome do autor do projeto, encaminhado ao Congresso Nacional, o então senador Darcy Ribeiro (PDT/RJ), isso nos idos de 1988, quando da efetivação da assem- bleia constituinte, no período pós-ditatorial. O objetivo para criação da LDB/96 era, essencialmente, substituir a versão anterior, criada no período da ditadura militar no ano de 1971; propunha ampliação dos direitos educacio- nais, autonomia para as redes públicas de ensino, mas também para escolas e docentes. A LDB é a maior e mais importante lei em nosso país a respeito da educação, pois carrega em suas diretrizes, a regulamentação de toda a educação brasileira, pública ou privada. Importante Agora que você já leu uma pequena introdução sobre a origem da LDB, requisito essencial para todos aqueles que exercem atividades no âmbito da educação conheça e domine seus princípios e fundamentos! Foram estabelecidos pela LDB, como Princípios da Educação e aqui apresentados em forma de texto, a liberdade de condições para o acesso e permanência na escola, bem como o direito a igualdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, pensa- mento, a arte e o saber. A LDB garantiu, também, o pluralismo
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