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Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses Rebeca Woset ANATOMIA GERAL BÁSICA As estruturas internas são sustentadas pelo ligamento largo: mesovário que sustenta o ovário; mesossalpinge que ancora o oviduto e mesométrio, que mantém o útero. Na vaca e na ovelha, os ovários têm formato de azeitona; na porca, parecem cachos de uva e, na égua, têm aspecto de rim, contendo a fossa de ovulação. Nas gatas, o tamanho e o formato dos ovários lembram um grão de arroz, parcialmente cobertos por uma bursa e, nas cadelas, o tamanho varia de acordo com o ciclo estral, localizando-se próximo aos rins, sendo recobertos pela gordura periovárica. Os vasos sanguíneos são numerosos, espessos e sinuosos, representados principalmente pela artéria uterina média, um ramo da artéria ilíaca interna ou externa que supre o órgão e aumenta muito de diâmetro durante a gestação, o que torna possível palpar e sentir o frêmito nos grandes animais gestantes mediante manipulação por via retal. SINAIS E SINTOMAS REVELADORES DE PROBLEMAS DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO De modo geral, a referência do proprietário ou a observação do técnico detectam as seguintes anormalidades: • Anestro prolongado • Ciclos irregulares • Ninfomania • Estros curtos • Comportamento masculinizado • Defeitos anatômicos da genitália externa • Aumento de volume no períneo ou projeções anormais exteriorizadas pela vulva • Distensão abdominal • Dor • Contrações e esforços expulsivos • Crostas aderidas na cauda e períneo • Corrimento vaginal sanguinolento (fazer o diagnóstico diferencial com proestro e estro em cães) • Folículo ovariano persistente • Tumores ovarianos produtores de estrógeno • Tumor venéreo transmissível (cães) • Cistite • Laceração vaginal • Metrorragia • Coagulopatias • Corpo estranho vaginal • Descolamento placentário durante a gestação • Subinvolução dos locais placentários (cães). Outras secreções vaginais incluem: • Corrimento verde-escuro (puerpério inicial em cães) • Secreção marrom fétida (morte com decomposição fetal) • Secreção serossanguinolenta • Secreção purulenta (infecções) • Secreção marrom ou enegrecida (mumificação fetal). Distúrbios locais e aqueles de ordem metabólica podem influenciar sobremaneira as manifestações do aparelho reprodutor feminino. Polidipsia e poliúria são sinais mais relatados nos casos de piometra em pequenos animais. PROTOCOLO DE EXAME | GINECOLÓGICO E OBSTÉTRICO ANAMNESE Pode ser inquiridora ou espontânea, procurando resgatar todo o histórico reprodutivo do animal. Anotar todas as observações do proprietário, tratador ou responsável e atentar para a alimentação, manejo sanitário, medidas preventivas, utilização de fármacos e a situação Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses Rebeca Woset dos outros animais do grupo ou rebanho. Nesse momento, não é recomendável tirar conclusões ou negligenciar alguns aspectos. (Quadro 9.1) EXAME GERAL Temperatura retal, linfonodos, pele e anexos, mucosas, exame convencional dos grandes sistemas e da glândula mamária (inspeção, palpação e eventual análise da secreção). Atentar para o estado nutricional e eventuais distúrbios circulatórios (edema localizado ou difuso). EXAME ESPECÍFICO EXTERNO Baseia-se principalmente na inspeção e na palpação externa. Avaliar a distensão e a tensão abdominal, sinais de movimentos fetais ou contrações musculares e de timpanismo. Examinar a região perineal, vulva, cauda e glândula mamária, verificando o edema e a quantidade, a qualidade, o odor e a cor da secreção vaginal. Observar atentamente a posição, o formato, o grau de dilatação e o relaxamento da vulva e os ligamentos sacroisquiáticos. Aumentos de volume, cicatrizes, prolapsos e lesões devem ser criteriosamente anotados. Inspecionar os ossos pélvicos. EXAME ESPECÍFICO INTERNO Nos animais em trabalho de parto, o exame obstétrico interno específico, quando necessário, deve ser realizado por via vaginal com manipulação direta com luva, nos grandes animais, e pelo toque digital, nos pequenos animais. Observar: • Vias fetais: abertura e grau de lubrificação • Bolsas fetais: ruptura, cor, odor e quantidade dos líquidos • Feto: viabilidade, tamanho e apresentação, posição e atitude. EXAME RETAL EM GRANDES ANIMAIS Por convenção clássica, a espessura do útero da vaca vai de EI (1 dedo) até EVI, em que é impossível delimitá-lo manualmente. Para simetria: • S = simétrico (ambos os cornos) • AS = assimétrico • AS+++ = corno direito maior que o esquerdo • + AS = corno esquerdo ligeiramente maior que o oposto. Contração: • CI = relaxado • CII = contratilidade média • CIII = fortemente contraído A exploração retal deve incluir cerviz, útero e ovários. Em geral, a localização ovariana não apresenta dificuldades e o tamanho do órgão depende da idade, da raça dos animais, da estação do ano (éguas), da fase do ciclo estral e de eventuais situações patológicas, principalmente os cistos e os tumores. Fundamentalmente, dedilhando o ovário, busca- se verificar a existência de folículos, de corpo lúteo ou aumentos de volume anômalos que, aliados a outros achados, auxiliam no diagnóstico. EXAME VAGINAL Com o animal devidamente contido, o espéculo é introduzido no vestíbulo, afastando-se manualmente os lábios vulvares e, com suave movimento circulatório, o tubo é introduzido, obedecendo-se à curvatura dorsocranial da vagina. Para as éguas, utiliza-se o espéculo tubular ou o tipo Polanski, que possibilita a visualização de todo o trajeto vaginal. Se necessário, lubrifica-se o equipamento com solução fisiológica estéril. Nas cadelas, espéculos tubulares metálicos, plásticos, de acrílico ou tipo bico de pato são empregados rotineiramente. Nessa espécie, a visualização da cerviz é dificultada ou impossibilitada pelas Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses Rebeca Woset inúmeras dobras da mucosa vaginal. As gatas, de modo geral, não aceitam os exames vaginais. Deve-se qualificar e quantificar a secreção e atentar para aderências, cicatrizes, defeitos anatômicos, aumentos de volume, formato e posição da cerviz. Formato da cerviz: • C = cônica • R = roseta • E = espalhada • P = pendular Abertura cervical: • 0 = fechada • 1 = abertura mínima • 2= diâmetro de lápis • 3 = 1 dedo • 4 = 2 dedos • 5 = 3 dedos Coloração da mucosa – cerviz/vagina: • A = anêmica • B = pálida • C = hiperêmica • D-E = vermelho patológico Grau de umidade – cerviz/vagina • I = seca • II = ligeiramente úmida • III = umidade média • IV = muito úmida • V = coleção de muco Característica do muco – cerviz/vagina • Cl = claro • Sa = sanguinolento • MP = muco purulento • P = purulento. REFERÊNCIAS F., FEITOSA,.Francisco. L. Semiologia Veterinária - A Arte do Diagnóstico. Grupo GEN, 2020.
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