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A FRAGILIZAÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL E A VIOLAÇÃO DE DIREITOS PELO ENFRAQUECIMENTO DO SUAS

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11
Faculdades ANHANGUERA
SERVIÇO SOCIAL
Luciana das Dores de Almeida
A fragilização do sistema de proteção social 
e a violação de direitos pelo 
enfraquecimento do SUAS 
Pilar do Sul – SP
2022
Luciana das Dores de Almeida
A fragilização do sistema de proteção social 
e a violação de direitos pelo 
enfraquecimento do SUAS 
Produção textual para o curso de Serviço Social, apresentado a Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral nas disciplinas de Ética Profissional em Serviço Social	; Comunicação na Prática do Assistente Social; Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social III	; Administração e Planejamento em Serviço Social; Fundamentos das Políticas Sociais; Ed – Empregabilidade.
Tutor à Distância: Ester Elaine Pomini 
Tutor Presencial: Elen
Pilar do Sul - SP
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................6
1	DESENVOLVIMENTO	7
CONSIDERAÇÕES FINAIS	15
REFERÊNCIAS	16
INTRODUÇÃO
	
Diante da proposta semestral voltado para o tema A FRAGILIZAÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL E A VIOLAÇÃO DE DIREITOS PELO ENFRAQUECIMENTO, será possível aprender a importância de se adotar medidas para manutenção e eficácia das empresas, favorecendo para que as mesmas adote as ferramentas essenciais e fundamentais para alavancagem de seus bons resultados operacionais e manter-se competitivo diante do mercado.
Assim sendo, essa produção textual, possibilitará a aprendizagem interdisciplinar dos conteúdos desenvolvidos nas disciplinas desse semestre e, também, consolidará a prática como um ambiente de reflexão.
Todavia, este trabalho desenvolve-se a partir de uma Situação-Problema, que perpassa a elaboração de um material explicativo sobre a fragilização do sistema de proteção social e a violação de direitos face o enfraquecimento do Sistema Único de Assistência Social. Desse modo, apresenta-se nesta produção textual, uma fundamentação teórica a partir da análise de materiais, tais como: livros, artigos, documentos e vídeos, que abordam o tema em questão.
Destarte, essa atividade tem por objetivo instigar os alunos, apoiados nas informações presentes na BNCC sobre a área da linguagem como ferramenta norteadora, para o planejamento de atividades diferenciadas; relacionar teoria e prática, a fim de proporcionar embasamento para atuação em atividades extracurriculares; desenvolver os estudos independentes, sistemáticos e o autoaprendizado; favorecer a aprendizagem; promover a aplicação da teoria e conceitos para a solução de problemas práticos relativos à profissão.
Ademais, explana-se a importância da realização desse trabalho, pois é fundamental que os profissionais que atuam como profissional em Serviço Social, principalmente, no que se refere a importância de compreender e debater o papel do profissional em Serviço Social em meio à proteção de dados.
1 DESENVOLVIMENTO
	Entre as medidas adotadas para o enfrentamento da pandemia do coronavírus (COVID-19), o principal destaque para minimizar os efeitos sociais trazidos pelas medidas restritivas e o distanciamento social foi a criação do Auxílio Emergencial instituído pela Lei nº 13.982, de 2020.
	O Auxílio Emergencial criado por essa lei é um misto entre a Renda Básica de Cidadania, criada pela Lei nº 10.835, de 2004, com a ressalva de que nunca fora regulamentado pelo Poder Executivo Federal. Com isso, o auxílio criado supre uma lacuna de proteção social aos chamados trabalhadores informais, desde que atendidas as condições estipuladas na lei. “Trabalhadores informais” foi o termo utilizado para designar o público-alvo do Auxílio Emergencial no seu anúncio oficial. No entanto, a identificação dos cidadãos que se encontram nessa categoria não é trivial, em razão das diversas categorias de trabalhadores criadas pelas legislações contemporâneas. 
Para além dos trabalhadores informais, a lei contemplou também algumas categorias de “trabalhadores por conta própria”, como autônomos - contribuinte individual da Previdência Social - e os microempreendedores individuais (MEI). Ao descrever o trabalhador informal na alínea “c” do artigo 2º, a lei trouxe dois tipos de beneficiários: o inscrito no CadÚnico e aquele que, mediante autodeclaração, cumprir o requisito do inciso IV, que trata sobre renda. Assim, de maneira resumida, pode-se identificar o público-alvo como: microempreendedor individual (MEI); contribuinte individual da Previdência Social; inscrito no CadÚnico; não enquadrado nas hipóteses anteriores, mediante autodeclaração.
No Auxílio Emergencial, é possível observar a inexistência de uma ação executada pela burocracia de nível de rua, assim entendido como aqueles agentes públicos que estão na linha de frente do atendimento ao cidadão e “têm discricionariedade para exercer autoridade” (LIPSKY, 2019). Na visão de Lima e D’Ascenzi (2013), “se a discricionariedade, por um lado, é indispensável para o desenvolvimento das atividades, por outro, seu exercício permite modificar a política pública à revelia das concepções de seus formuladores”.
Bovens e Zouridis (2002), ao descreverem a forma como o Estado se organiza em prol do cumprimento da lei e do atendimento ao cidadão, verificaram uma evolução em três etapas: burocracia de nível de rua (LIPSKY, 2019), burocracia de nível de tela (screen-level) e, por fim, burocracia de nível de sistema.
Falhas como as que minam a estrutura da Dataprev, além de drenar o dinheiro do contribuinte, põem em xeque a eficácia das políticas públicas. Pesquisa do Instituto Locomotiva revela que 69% das pessoas de classes A e B que fizeram pedido de auxílio emergencial receberam o benefício, sendo que o principal requisito é ter renda individual de até meio salário mínimo ou familiar de até três salários mínimos. Para burlar as regras, tais requerentes omitem os ganhos ao preencher o cadastro, e a Dataprev não consegue detectar a falta de dados sobre vencimentos, mesmo com a Receita Federal à disposição. A Controladoria-Geral da União justifica que está realizando cruzamento de dados do auxílio emergencial, mas não informa o número total de irregularidades encontradas. Já foram identificados, por exemplo, 21 856 CPFs de beneficiários donos de embarcações de luxo e 74 682 sócios de empresas que possuem empregados ativos. Solicitar o coronavoucher com a declaração de informações falsas pode tipificar crimes de falsidade ideológica e estelionato. Mas nada é mais reprovável do que tirar o dinheiro das pessoas mais vulneráveis em meio a uma das piores crises do país.
No início do século XXI, o Serviço Social passa a discutir a importância da comunicação uma vez que a hegemonia da mídia auxilia na exclusão social e política dos sujeitos enquanto atores sociais. Torna-se urgente a reflexão articulada e crítica com as transformações no mundo do trabalho e os desafios encontrados no cotidiano, tanto durante a formação quanto no fazer profissional, perante os desafios resultantes do não aprofundamento sobre comunicação como ferramenta do Serviço Social.
Ao destacar que há uma carência de “estudos sobre a interlocução com o usuário, que pode muito nos ajudar no exercício profissional”, percebe-se a necessidade da constituição de uma nova cultura a ser estabelecida entre o assistente social em detrimento na sua relação com as classes subalternas.
Isto pressupõe, o que Iamamoto (2008) assinala na construção da função pedagógica do assistente social, direcionada à participação popular na luta pela democratização das políticas públicas e universalização dos atendimentos para fazer frente às necessidades mediatas e imediatas das classes subalternas.
Verifica-se que comunicação possui um papel fundamental tanto no âmbito do exercício profissional do assistente social, por meio da informação vista por meio da emancipação, como também no processo dialético entre os sujeitos sociais e o contexto social, tendoem vista que o fator determinante do ser social são as relações sociais que são estabelecidas no cotidiano. As relações sociais mediadas pelos avanços no campo das comunicações, propiciam novas configurações de organização da dinâmica da vida social, que têm inerente em si as contradições, a historicidade, a materialidade e a crítica, provocando assim, pertinentes reflexões acerca da realidade social.
Pensar o acesso à informação, de forma emancipatória, tem como papel fundamental a construção de sujeitos críticos, capazes de problematizar as informações recebidas, elaborar mecanismo que permitam a socialização da informação, permitir a expressão das lutas dos movimentos sociais pela concretização dos direitos, dentre outras ações que levem democratização dos direitos sociais.
O Serviço Social, enquanto profissão, que tem a questão social como seu objeto de trabalho, deve levar em consideração todas as mudanças societárias da atual conjuntura, como também os avanços e agilidade das notícias que são disseminadas pelos meios de propagação de informações para que assim possa estabelecer estratégias profissionais para responder a essas problemáticas, usando a informação como ferramenta do fazer profissional. Esta compreensão torna-se elementar para o Serviço Social, o qual tem como base fundamental de atuação as relações sociais oriundas das expressões da questão social estabelecidas no contexto das desigualdades sociais do sistema capitalista vigente.
Logo, o assistente social, em seu exercício profissional, precisa estar atento na compreensão da importância da comunicação como um direito humano, como também perceber a relação desta com as expressões da questão social, como elemento relevante na construção da emancipação humana.
A identidade profissional adquire legitimidade social em relação à explicitação de sua função social e das orientações éticas que assume o trabalho do Assistente Social. Desse modo, a ética profissional objetiva dar visibilidade à sociedade acerca da direção social da profissão e da qualidade do exercício profissional. Para tanto, os contornos éticos da profissão são explicitados no Código de Ética Profissional, e também, no Projeto Ético Político Profissional.
Entende-se que a atual conjuntura social impõe desafios frente ao projeto ético-político profissional sob a perspectiva da ética, uma vez que as características da sociabilidade contemporânea, a saber, as transformações decorrentes do modelo de desenvolvimento imposto pelo capital mundial, que ocasiona o agravamento das desigualdades e a degradação da vida humana, incidem sobre a vida cotidiana, imprimindo nova dinâmica às relações sociais. Entre as características presentes nas relações sociais atuais estão a insegurança, a instabilidade, a fragmentação e a individualização, características que imprimem também novos aspectos morais e éticos às relações sociais.
Esse contexto, favorece o enfraquecimento dos projetos emancipatórios ao passo em que fortalece a ideologia dominante. Diante disso, mais que necessária, é urgente a necessidade de se colocar em discussão a ética profissional enquanto ética que também representa um projeto societário emancipatório, tendo em vista os retrocessos no campo dos direitos humanos e sociais, bem como, o avanço de uma moral conservadora que se manifesta de diferentes formas (xenofobia, intolerâncias, preconceitos, práticas fascistas, justificação do uso da violência, moralização da questão social, criminalização dos movimentos sociais), fenômenos em escala global com sérias implicações nos âmbitos locais. No entanto, para além de discussões acerca da objetivação da ética profissional através da intervenção profissional, entende-se necessária a reflexão ética.
No Brasil, o Serviço Social emerge em meados dos anos 1930, como uma especialização do trabalho coletivo e inserido na divisão sociotécnica do trabalho, procurando responder a demandas concretas, colocadas tanto pelo Estado quanto pela classe trabalhadora (IAMAMOTO, 2010).
 Netto (1996) expôs as particularidades histórico-concretas do surgimento do Serviço Social como profissão, mostrando que a sua gênese está relacionada aos processos econômicos políticos e sociais constituídos no capitalismo monopolista. O Serviço Social, enquanto profissão, é perpassado por projetos sócio-políticos distintos, dado que o terreno concreto de sua institucionalização, as políticas sociais, é permeado pelo antagonismo inerente à relação entre o capital e o trabalho.
 Nesse período dos anos 1930, o Estado Novo, então instituído, defronta-se com duas demandas: absorver e controlar os setores urbanos emergentes e buscar, nesses mesmos setores, legitimação política. Para isso, adota uma política de massa, incorporando parte das reivindicações populares, mas controlando a autonomia dos movimentos reivindicatórios do proletariado emergente, através de canais institucionais, absorvendo-os na estrutura corporativista do Estado (MOLJO, 2007). 
Acolhendo a concepção dominante na sociedade burguesa de que os problemas sociais estavam associados a problemas de caráter, Mary Richmond – da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore, figura que exerceu importante papel na criação das escolas para o ensino do Serviço Social – concebia a tarefa assistencial como eminentemente reintegradora e reformadora do caráter. Atribuía grande importância ao diagnóstico social como estratégia para promover tal reforma e para reintegrar o indivíduo na sociedade (BEZERRA, 2006). Sem dúvida, o positivismo foi a grande influência teórica que o Serviço Social recebeu nesse período.
 Desta forma, a intervenção profissional do assistente social estava dirigida, sobretudo, as situações de “pobreza” e dos “pobres ou desajustados”. O objetivo central era levá-los a um maior ajustamento à ordem social vigente. Nesse contexto, a intervenção do Serviço Social se realizava preferencialmente no âmbito individual, trabalhando sobre as “características individuais” dos sujeitos que apresentavam algum tipo de “desajuste social”. Portanto, a intervenção tinha um forte traço moralizador que se travestia de “educador”, se tratava de uma verdadeira “reforma moral”.
Portanto, podemos afirmar que, desde a sua origem, a ‘cultura do Serviço Social’ se encontra permeada pela herança da ‘tutela’, da moralização dos pobres, (MOLJO, 2007), tendo recebido uma grande influência do pensamento europeu, sobretudo, do franco-belga, da doutrina social da igreja católica e posteriormente do positivismo que Iamamoto (1982) denominou como ‘arranjo teórico – doutrinário
No Brasil, a primeira expressão original do Serviço Social surge em 1932, em São Paulo, o chamado Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), o qual tinha por objetivo promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinaria e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais. Visava tornar mais eficiente a atuação das trabalhadoras sociais e adotar uma orientação definida em relação aos problemas a resolver, favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas diferentes atividades e obras de caráter social. Nesse contexto, em 1936, é fundada pelo CEAS, a Escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira do Brasil.
Como sinaliza Verdès-Leroux (1986), os assistentes sociais da década de 1930, eram mais ricos em ‘capital cultural herdado’, pois seu discurso possuía a cultura adquirida no ambiente familiar, mantendo certo afastamento da ‘cultura cultivada’, entendida como o próprio conhecimento. Estas se predispunham a uma apreensão moralizadora das soluções materiais, intrínseca aos valores da Doutrina Social da Igreja Católica. A prática do assistente social basicamente estava fundamentada na ação da ‘reeducação’ da classe operária, ensinando-lhes regras de bom senso e moralidade, modelando a personalidade dos indivíduos.
Retomando as palavras de Bezerra, a “cultura passa a designar o estado de espírito cultivado pela instrução, passa a constituir o termo cujo adjetivo é ‘culto’,e não ‘cultural’” (BEZERRA, 2006, p. 33).
O Movimento de Reconceituação é um importante momento do Serviço Social, pois é partir daí que surge uma outra visão acerca da prática profissional, voltada a uma análise crítica da realidade social, buscando assim um melhor desempenho no agir profissional ao atender as demandas da questão social, pautado em bases teórico-metodológicas que buscam superar as práticas tradicionais do Serviço Social.
Sabe-se que o Movimento de Reconceituação do Serviço Social teve por objetivo a construção de um perfil profissional mais crítico, para uma melhor orientação e redimensionamento do exercício profissional do Serviço Social.
O Movimento de Reconceituação foi um marco histórico do Serviço Social, pois é através desse movimento que se pensou um novo modelo de atuação, porque anteriormente o Serviço Social era visto como assistencialista. Então nós como profissionais do Serviço Social precisamos valorizar a profissão, e realmente está divulgando o que é o Serviço Social, o que o profissional faz, porque hoje muitos não sabem o que é e qual a sua ação. E o Movimento de Reconceituação vem justamente para isso, ampliar realmente um conceito do que é o Serviço Social desse novo modelo da atuação do serviço social, que é viabilizar os direitos de todo ser humano (CASTEL, 2000).
Assim três perspectivas são apresentadas por Netto (2009) neste processo de renovação do Serviço Social: perspectiva modernizadora, perspectiva de reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura apresentadas a seguir.
A Perspectiva Modernizadora é a primeira perspectiva do processo de renovação do Serviço Social no Brasil e começa a ganhar força durante a crise do tradicionalismo da profissão. Essa perspectiva teve como marco principal adequar o Serviço Social às demandas abarcadas pelo processo sociopolítico oriundos do golpe militar.
Tendo em vista as próprias características do desenvolvimento da sociedade, esta perspectiva foi capaz de se adequar ao governo através de um posicionamento tipicamente estrutural-funcionalista. Buscou-se um tom de instrumentalidade, onde sua diretriz profissional consistia em adquirir conhecimentos técnicos capazes de interferir na sociedade.
Entende-se que no processo de Reatualização do Conservadorismo, busca-se aperfeiçoar as antigas práticas profissionais de acordo com as novas exigências do perfil profissional, ou seja, busca-se mantê-las num viés mais crítico que pudesse apresentar argumentos plausíveis para adentrar a nova prática profissional. Essa perspectiva “supunha reatualizar o conservadorismo, embutindo-o numa ‘nova proposta’, ‘aberta’ e ‘em construção’” (NETTO, 2009, p. 203)
Nesse contexto cabe expor que o lastro conservador não foi erradicado do Serviço Social pela perspectiva modernizadora; com vista na seção precedente, ela explorou particularmente o seu vetor reformista e subordinou a suas expressões às condições das novas exigências que a “modernização conservadora” colocou ao exercício profissional (NETTO, 2009)
Netto (2005) aponta que nessa perspectiva “a demanda do aporte teórico do pensamento fenomenológico surge como a faceta mais proeminente das colocações significativas dos autores”. Em suma a Reatualização do Conservadorismo não impõe mudanças significativas no agir profissional pois mantém em seu seio algumas práticas conservadoras.
Essa perspectiva tem caráter opositor à autocracia burguesa. É caracterizada pela formação de uma massa crítica de assistentes sociais que se puseram a procurar alternativas para a superação da prática do serviço social tradicional. Sua emersão é baseada principalmente no método Belo Horizonte que surgiu na Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais elaborado por jovens profissionais preocupados em dar uma nova visão ao Serviço Social, “elaboraram (...) uma alternativa que procura romper com o tradicionalismo no plano teórico-metodológico, no plano da intervenção profissionais e no plano da formação” (NETTO, 2009, p. 263).
Caracteriza-se também pelo reforço a teoria marxista, principalmente o “marxismo acadêmico”, que se desenvolve no correr do tempo com a crise da ditadura militar. O Serviço Social se apropria das teorias marxistas, pois acreditavam em uma mudança social. Mas a leitura feita pelos assistentes sociais da época sobre o marxismo foi muito superficial o que causou uma concepção do assistente social como agente transformador da sociedade numa ideia de revolução.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste trabalho foi possível percebermos sob perspectivas diferentes o significado acerca da questão social, e o que se pode refletir diante desse processo é que independentemente de ser tratada como novas expressões da questão social ou como uma nova questão social, especialmente para o Serviço Social cujo objeto de intervenção é a questão social, é problematizar, analisando as particularidades históricas, políticas e sociais de cada região, os problemas sociais decorrentes das novas configurações da sociedade capitalista, a fim de que se possa trazer para o debate político com os diversos segmentos da sociedade, questionamentos para que assim possamos encontrar estratégias de enfrentamento a essa sociedade extremamente exploradora e desigual.
REFERÊNCIAS
BEZERRA, C. S. Globalização e Cultura: caminhos e descaminhos para o nacional-popular na era da globalização. Tese (Doutorado em Serviço Social) – Escola de Serviço Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
CASTEL, R. et al. Desigualdade e a Questão Social. 2º ed. São Paulo: EDUC, 2000.
IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: Capital financeiro, trabalho e questão social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MOLJO, C. B. Cultura política e Serviço Social. Revista Libertas, Juiz de Fora: UFJF, v.1, n.2, p. 173-192, jan/dez, 2007.
NETTO, José Paulo. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. In: MOTA, Ana Elizabete et al (Orgs.). Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
Os fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço Social Brasileiro na contemporaneidade. Disponível em: http://cressrn.org.br/files/arquivos/ZxJ9du2bNS66joo4oU0y.pdf. Acesso em: 04 de
abr. de 2022.
O que Serviço Social quer dizer. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/qB4rCg7QcST6DJGnZwhv3RS/?lang=pt. Acesso em: 04 de abr. de 2022.
O significado sócio-histórico da profissão. Disponível em:
http://cressrn.org.br/files/arquivos/3D6F81pn1Nsm7IhGdgh1.pdf Acesso em: 05 de abr. de 2022.
POTYARA, M. V. Serviço Social em tempo de Capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007.
Produção capitalista e fundamentos do serviço social. [Biblioteca virtual]. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/38919/pdf/0?keep=True. Acesso em: 06 de abr. de 2022.
VERDÈS-LEROUX, J. Trabalhador social. São Paulo: Cortez, 1986.
YAZBEK, Maria Carmelita. Pobreza e Exclusão Social: Expressões da Questão Social no Brasil. Temporalis, Brasília n. 3, 2. ed., p. 33-40, jan/jul 2004.

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