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FarmacologiaParteI-1624983180

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CURSO 
INTENSIVO
PARA RESIDÊNCIAS
FA R M ÁC I A
FARMACOLOGIA – 
PARTE I
PROFESSORA
Thassila Nogueira Pitanga
ORGANIZADORA
Farmacêutica graduada pela Universidade Federal da Bahia. Mestre e Doutora em Pato-
logia Humana pelo Instituto Gonçalo Moniz (IGM, Fiocruz-Ba). Pós doutora com ênfase 
em Farmacodinâmica e Biologia Molecular (IGM, Fiocruz-Ba). Professora e pesquisadora 
da Universidade Católica do Salvador. Presidente da Comissão de Pesquisa do Conselho 
Regional de Farmácia (CRF-BA). Pesquisadora colaboradora nos Laboratórios de Inves-
tigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT/IGM) e de Pesquisa Experi-
mental (LAPEX/IGM). Supervisora Técnica do Núcleo de Farmácia na Editora Sanar.
2020 © 
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, 
de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste 
livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia 
ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características 
gráficas, sem permissão expressa da Editora.
Intensivo para residências em farmácia: Farmacologia - Parte I
Karen Nina Nolasco
Microart Design Editorial
Fabrício Sawczen
Microart Design Editorial
Caio Vinicius Menezes Nunes
Paulo Costa Lima
Sandra de Quadros Uzêda
Silvio José Albergaria da Silva
Título |
Editor |
Diagramação|
Projeto gráfico e Capa |
Revisor Ortográfico |
Conselho Editorial |
Editora Sanar S.A
R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & 
Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores
CEP 41820-770, Salvador - BA 
Tel.: 0800 337 6262
atendimento@sanar.com
www.sanarsaude.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
P681if Pitanga, Thassila Nogueira.
 Intensivo para residências em Farmácia: Farmacologia - Parte I / Thassila Nogueira Pitanga. 
- 1. ed. - Salvador, BA : Editora Sanar, 2020. 
 111 p.; il.
 E-Book: PDF
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-65-86246-99-5
 1. Farmácia. 2. Farmacologia. 3. Medicina. 4. Residências. I. Título. II. Assunto. III. Pitanga, 
Thassila Nogueira.
CDD 615
CDU 615
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Farmácia.
2. Farmácia.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PITANGA, Thassila Nogueira. Intensivo para residências em Farmácia: Farmacologia - Parte I. 1. 
ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-99-5.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Formas de transportes de fármacos pela membrana plasmática
Figura 2 – Influência do pH na absorção de fármacos ácidos fracos 
Figura 3 – Vias de administração mais utilizadas 
Figura 4 – Interação medicamentosa
Figura 5 – Reações metabólicas de fase I e II 
Figura 6 – Atividade da CYP na presença de indutor enzimático 
Figura 7 – Atividade da CYP na presença de inibidor enzimático 
Figura 8 – Inter-relações dos processos farmacocinéticos 
Figura 9 – Curvas dose-resposta 
Figura 10 – Formas de interação de fármacos com receptores e a respectiva res-
posta celular 
Figura 11 – Curvas dose-resposta diante do tipo de fármaco e da respectiva 
eficácia
Figura 12 – Curvas dose-resposta no agonismo competitivo
Figura 13 – Tipos de receptores farmacológicos, da esquerda para a direita: canal 
iônico, receptor acoplado a proteína G, receptor ligado a quinase 
e receptor nuclear 
Figura 14 – Receptor do tipo ionotrópico (receptor nicotínico) 
Figura 15 – Receptor acoplado à proteína G 
Figura 16 – Sistemas efetores da proteína G: adenilil ciclase e fosfolipase C 
Figura 17 – Formas de quantificar o agonismo
Figura 18 – Organização do Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Parassimpáti-
co 
Figura 19 – Características comparativas dos nervos motores somáticos e dos 
nervos eferentes do sistema nervoso autônomo 
Figura 20 – Mecanismo de ação da toxina botulínica 
Figura 21 – Características da inervação na via simpática para liberação de noradre-
nalina 
Figura 22 – Via do ácido araquidônico e locais de ação dos anti-inflamatórios
Figura 23 – Prostanoides 
Figura 24 – Papel das COX-1 e COX-2 na homeostasia vascular 
Figura 25 – Seletividade dos AINES com relação às enzimas COX-1 e COX-2 
Figura 26 – Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal 
Figura 27 – Influência da administração exógena de glicocorticoide sobre a produ-
ção de cortisol 
Figura 28 – Efeitos da administração de glicocorticoide na produção endógena de 
cortisol, durante o ciclo circadiano 
Figura 29 – Mecanismo de ação dos glicocorticoides 
Figura 30 – Produção de anticorpos monoclonais 
Figura 31 – Reação de hipersensibilidade mediada por IgE 
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Vias de administração e características farmacocinéticas
Quadro 2 – Divisão do Sistema Nervoso Autônomo 
Quadro 3 – Receptores adrenérgicos, seus sistemas efetores e efeitos observados
Quadro 4 – Potência dos glicocorticoides 
Quadro 5 – Efeitos fisiológicos da histamina 
Quadro 6 – Principais drogas de abuso
SUMÁRIO
Apresentação .................................................................................... 7
Introdução ......................................................................................... 8
1. Farmacocinética e Farmacodinâmica ......................................... 9
2. Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) ............. 40
3. Farmacologia da Inflamação ....................................................... 58
4. Aspectos Gerais e Clínicos da Farmacologia ........................... 83
5. Toxicologia..................................................................................... 94
Gabarito ............................................................................................. 105
Referências ....................................................................................... 106
 Olá, futuro (a) residente! 
Seja bem-vindo(a) à aula sobre a Farmacologia – Parte I.
Esta aula abrange o entendimento sobre a Farmacologia e os conteúdos 
mais prevalentes em provas de residência.
Aqui você poderá reforçar o conhecimento sobre os pontos mais impor-
tantes dos processos farmacocinéticos e a farmacodinâmica, assim como 
uma abordagem direcionada aos assuntos que mais caíram nas últimas 
provas de residência, a partir de uma leitura fácil e com dicas para você 
gabaritar sua prova.
No decorrer do texto, você poderá testar seu aprendizado com questões 
de provas anteriores, e assistir a pocket aulas, direcionando você sobre 
aquele conteúdo que você não pode deixar de saber para realizar com ex-
celência as provas da sua tão sonhada residência!
Não se esqueça que ao final do curso você poderá revisar todo o conteú-
do dessa disciplina com uma aula dica, além de aulas com questões co-
mentadas de provas anteriores, e simulados, para você colocar em práti-
ca tudo o que aprendeu.
Vamos juntos!
APRESENTAÇÃO
Clique no ícone para assistir 
a apresentação gravada.
 
 
 
http://sanar.link/ZaGGM
8Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
INTRODUÇÃO
A Farmacologia é a ciência que estuda as drogas, os processos farmaco-
cinéticos (e aqui a gente inclui absorção, distribuição, metabolismo e elimi-
nação), os mecanismos de ação, e procura entender como essa interação 
droga x local de ação interfere nas funções orgânicas. Assim, perpassa-
remos, juntos, pela farmacocinética e farmacodinâmica; entenderemos 
como alguns fármacos interferem no Sistema Nervoso Autônomo (SNA); 
como modulam os processos inflamatórios (ex.: AINES e glicocorticoi-
des). Você também verá uma abordagem sobre aspectos gerais e clínicos 
da farmacologia, abordando pontos-chave sobre alguns fármacos utiliza-
dos em algumas situações clínicas frequentes nas provas de residência: 
câncer, alergia e dor. Também veremos pontos importantes, no capítulo 
de Toxicologia, acerca dos antídotos e drogas de abuso. Acompanhetudo 
com mais detalhes ao longo desta aula!
9Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
1. FARMACOCINÉTICA E 
FARMACODINÂMICA
A farmacologia é o estudo das substâncias (drogas, fármacos) que intera-
gem com o organismo vivo e geram um efeito biológico. No entanto, para 
isso, os fármacos precisam, primeiro, ser administrados, absorvidos, dis-
tribuídos, alcançar o local de ação (podendo gerar uma resposta tecidual 
ou levar a um bloqueio da sinalização celular), metabolizados e excreta-
dos. Portanto, precisamos entender essa divisão da farmacologia em far-
macocinética e farmacodinâmica.
A farmacocinética estuda os processos que ocorrem com as drogas (= 
fármacos) no organismo. Então, a pergunta que norteia a farmacocinética 
é: o que o organismo faz com o fármaco? Absorve, distribui, metaboliza e 
elimina o fármaco.
E o que são fármacos (= drogas)?
Fármaco é uma substância química de estrutura conhecida que, quando 
administrada a um organismo vivo, produz um efeito biológico. Observe 
que a definição de fármaco já diferencia essa substância de “medicamen-
to”, produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado com finali-
dade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, que pode 
conter um ou mais fármacos, e é administrado com a intenção de pro-
duzir um efeito terapêutico. Em sua maioria o efeito e observado após a 
disponibilização do fármaco na circulação sistêmica, mas não podemos 
esquecer que alguns fármacos possuem efeitos locais.
Se a via de administração for oral, o fármaco precisará sofrer absorção 
no trato gastrintestinal (TGI) para alcançar seu alvo. Significa que es-
sas substâncias necessitam atravessar membranas celulares até alcan-
çar seu local de ação. E, para isso, vários mecanismos de transporte de 
10Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
fármacos são necessários, como transporte paracelular, difusão passiva, 
difusão facilitada, transporte ativo (primário e secundário), além de endo-
citose e exocitose.
Figura 1 – Formas de transportes de fármacos pela membrana plasmática
Fonte: Katzung, Trevor, 2017.
É importante destacar que a disponibilização dos fármacos no local de ação 
depende dos processos farmacocinéticos (disponibilização do fármaco de 
sua forma farmacêutica para ser absorvido, distribuído, metabolizado e 
eliminado) e de suas características físico-químicas. Para que seja possível 
prever o transporte e a disponibilização desses fármacos em seus locais 
de ação, torna-se necessário, portanto, observar algumas características, 
como tamanho e configuração molecular; lipossolubilidade, hidrossolubi-
lidade, grau de ionização, velocidade de dissolução no TGI, perfusão (fluxo 
sanguíneo), concentração da droga, coeficiente de partição lipídio-água 
(fração do fármaco que consegue se solubilizar em gordura).
E, como todo esse processo envolve a travessia de membranas, podemos 
falar em absorção de fármacos. E o que seria, então, absorção?
Absorção é a passagem do fármaco, já em solução, 
do local em que foi administrado até alcançar 
a circulação sistêmica.
Lúmen
A B C D
Interstício
11Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Nesse meio caminho, se considerarmos a administração oral, o percurso 
do fármaco envolve o TGI, e no estômago o fármaco já pode sofrer absor-
ção, ainda que em menor extensão – pois o pH ácido e a mucosa espessa 
dificultam esse processo. No intestino, local de maior absorção do TGI, ele 
é absorvido, cai nas veias mesentéricas, veia porta, e segue para o fígado, 
onde parte da droga será metabolizada e excretada na bile. Isso chama-
mos de efeito de primeira passagem hepática. Essa etapa metabólica ini-
cial reduz a biodisponibilidade que representa a quantidade de fármaco 
que chegou a circulação sistêmica intacto e portanto está disponível na 
corrente sanguínea. Então o metabolismo de primeira passagem reduz a 
porcentagem da droga em seu estado íntegro (inalterado) que atinge a 
circulação sistêmica e consequentemente o local de ação. .
Dois produtos farmacêuticos são considerados bioequivalentes quando as 
porcentagens e amplitudes de biodisponibilidade do ingrediente ativo dos 
dois produtos não são significativamente diferentes sob condições experi-
mentais adequadas (Goodman, Gilman, 2019).
A maioria dos fármacos consiste em 
ácidos ou bases fracas, presentes 
nos líquidos fisiológicos em sua for-
ma ionizada ou não ionizada – a de-
pender do seu pKa e do pH do meio. E 
uma característica do ácido ou base 
fraca é encontrar-se parcialmente 
ionizada, tentando manter-se em 
equilíbrio com a forma não ionizada.
Nesse sentido, e lembrando das 
características da bicamada lipídi-
ca semipermeável, a ionização das 
drogas confere a elas um caráter 
mais hidrossolúvel, e isso compro-
Para que você nunca 
mais esqueça, lembre-
-se que pH se refere ao 
meio. Portanto, o valor 
do pH varia a depender 
do compartimento (ex.: 
estômago, com pH 1,5; 
sangue: 7,4; urina: 6,0). 
Já o pKa é particular da 
substância. Pense no 
pKa como se fosse uma 
impressão digital: cada 
droga tem o seu, e não 
muda com os diferen-
tes compartimentos. 
Entendeu?
12Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
mete sua absorção no TGI, limita sua metabolização nos hepatócitos, e 
ajuda na excreção do composto inalterado (ou seja, do fármaco ativo), uma 
vez que a forma ionizada não é reabsorvida no epitélio dos túbulos renais. 
Entretanto, a forma não ionizada apresenta um caráter mais lipossolú-
vel, atravessando com mais facilidade as membranas biológicas.
Um fármaco ácido fraco, portanto, tende a ser mais absorvido em um meio 
ácido, pois, nessas condições, o fármaco encontra-se predominantemente 
em sua forma não ionizada. E o mesmo é observado com uma droga base 
fraca em um meio básico. Sendo assim, a distribuição transmembrana de 
um fármaco será sempre determinada pelo seu pKa (constante de disso-
ciação da droga) e pelo gradiente de pH ao longo da membrana.
Só relembrando: a proporção entre as formas ionizada e não ionizada de 
uma substância é definida pela tão conhecida equação de Handerson-
-Hasselbalch, apresentada a seguir:
log [forma ionizada]/[forma não ionizada] = pKa – pH
O pKa corresponde ao valor de pH em que as espécies ionizadas (H+ e A-) e 
não ionizada (HA) encontram-se em equilíbrio (ou seja, em concentrações 
iguais). Para uma melhor compreensão, observe a figura 2. Nela podemos 
extrair algumas informações muito importantes:
• As formas ionizadas e não ionizadas tendem a manter-se em equilíbrio 
em solução;
• A droga na forma não ionizada (HA) apresenta um caráter mais liposso-
lúvel, e atravessa mais facilmente a membrana;
• Se a droga tem pKa 4,4, e o pH é 7,4 (plasma), ela apresenta um caráter 
ácido em relação ao meio alcalino. Então predomina sua forma ionizada;
• A droga HA, ao alcançar o suco gástrico do estômago, encontra um am-
biente muito mais ácido do que seu pKa. Embora o pKa=4,4 demonstre 
que a droga é um ácido, o meio está muito mais ácido (pH=1,5) do que o 
valor de pKa. Nessas condições, predomina a forma não ionizada.
Portanto, podemos observar que, em pH ácido, predomina a forma não io-
nizada (lipossolúvel) do ácido fraco, e, em pH alcalino, prevalecem as for-
13Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
mas ionizadas (hidrossolúveis). Essa informação é fundamental para sua 
compreensão acerca do fenômeno conhecido como “sequestro iônico”, 
em que, partindo dessa premissa do equilíbrio dinâmico, o fármaco ácido 
acumula-se no compartimento com pH básico, e o fármaco básico, no am-
biente mais ácido.
Figura 2 – Influência do pH na absorção de fármacos ácidos fracos 
pKa = 4!4 [ , O]
HA ----A-+ H+
Pasma pH = 7 4 
Barreira mucosa lipídica 
Suco gás rico pH = 1 4 
001 = [HA] + [A-J 
O = [HA] + [A-J 
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
Assim, se o pKa for igual ao pH, significa que a droga estará emequilíbrio 
com o meio. Contudo, se a droga tem pKa ácido, e ela se encontra em um 
compartimento com pH ácido, predominará a forma não ionizada, logo, 
mais lipossolúvel (mais fácil de atravessar membranas). Se esse mesmo 
fármaco, entretanto, se encontrar em meio com pH básico, a maior por-
centagem será da forma ionizada, ou seja, sua forma mais hidrossolúvel, 
dificultando, portanto, o transporte através da bicamada lipídica.
ACERTE O ALVO!
Se pKa da droga é igual ao pH do meio, significa 
que 50% da droga encontra-se em sua forma 
ionizada e 50% não ionizada.
Plasma pH = 7,4
pH = 1,4
1001 = [HA] + [A–]
HA A–+H+
HA A–+H+
[1000] 
pkα = 4,4
[1] 
[1] [0,001] 1,001 = [HA] + [A–]
Barreira mucosa lipídica
Suco gástrico 1,5
14Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
01. A maioria dos fármacos consiste em ácidos ou bases fracas, exis-
tindo em solução sob as formas ionizada ou não ionizada. De modo 
geral, as formas não ionizadas são mais lipofílicas, podendo, assim, 
difundir-se mais facilmente pela membrana celular, permitindo o 
processo farmacocinético de absorção. As formas ionizadas são 
mais hidrofílicas, o que dificulta sua penetração na membrana celu-
lar. Por essa razão, a distribuição transmembrana de um eletrólito 
fraco é determinada pelo seu pKa e pelo gradiente de pH através 
da membrana. Sobre as características de ionização dos fármacos 
e sua influência no processo de absorção dos mesmos, analise as 
assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) Um fármaco do tipo ácido fraco (pKa = 5,4) se encontra, predo-
minantemente, ionizado quando em pH menor que o seu pKa, sendo 
mais bem absorvido no intestino que no estômago.
( ) Um fármaco do tipo base fraca (pKa = 8,6) é, facilmente, absor-
vido no estômago, uma vez que se encontra, predominantemente, 
na forma não ionizada em ambiente estomacal.
( ) Os fármacos do tipo ácido fraco são mais bem absorvidos em 
locais onde o pH é menor que o seu pKa, uma vez que se encontram, 
predominantemente, na forma não ionizada nesse pH.
( ) Um fármaco do tipo base fraca, para ser facilmente absorvido, 
precisa se encontrar em um ambiente com pH menor que seu pKa.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é:
 🅐 V F V V.
 🅑 F V F F.
 🅒 F F V F.
 🅓 F V F V.
 🅔 V V F F.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
15Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Outra via muito utilizada é a tópica. A administração de medicamentos por 
essa via envolve formulações altamente lipossolúveis utilizadas, normal-
mente, na pele íntegra (de preferência, sem pelo, para melhor adesão, e 
maior área livre de absorção). O intuito é facilitar a migração pela camada 
córnea, principal barreira da pele e etapa limitante à absorção percutânea.
Além da via oral, existem várias outras vias de administração. Aqui desta-
camos as vias que objetivam alcançar, predominantemente, efeitos sis-
têmicos. As mais frequentes na prática clínica são a via oral, sublingual, 
subcutânea, intramuscular, endovenosa e inalatória.
Atualmente, a administração de fármacos utilizando sistemas transdér-
micos (ST) de liberação vem ganhando mais espaço nesse processo de 
liberação controlada de fármacos, e com foco nos efeitos sistêmicos. Em 
situações de impossibilidade da administração oral, o ST pode ser utili-
zado como substituto, principalmente nos quadros de náusea e vômito, 
e nos quadros diarreicos. Como é um sistema de liberação, em caso de 
necessidade de suspensão do tratamento, basta que o paciente remova 
o adesivo da pele.
Quadro 1 – Vias de administração e características farmacocinéticas
Algumas vias de 
administração Características
Oral Absorção de drogas pelo TGI, cai nas vias mesentéricas, veia porta e fíga-do; sofre metabolismo de primeira passagem hepática. 
Sublingual
Absorção de fármacos colocados abaixo da língua; apresenta início de 
ação rápido e evita metabolismo de primeira passagem hepática, seguin-
do diretamente para a veia cava. 
Subcutânea Absorção lenta, constante e com efeito prolongado. Evita metabolismo de primeira passagem hepática. 
Intramuscular
Absorção a partir da aplicação do fármaco, em veículos oleosos e suspen-
sões, no músculo esquelético (sem atingir nervos e vasos); como forma 
uma região de depósito da droga, sua liberação é mais lenta, constante e 
prolongada. Evita metabolismo de primeira passagem hepática.
Fonte: Autoria Própria, 2020.
16Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Continuação Quadro 1 – Vias de administração e características farmacocinéticas
Algumas vias de 
administração Características
Endovenosa
Não sofre absorção. Apresenta biodisponibilidade 100%, com ação rápi-
da e precisa do fármaco no local de ação. Evita metabolismo de primeira 
passagem hepática.
Inalatória Absorção rápida ao longo do epitélio pulmonar. Evita metabolismo de primeira passagem hepática. 
Sistemas transdér-
micos de liberação
Absorção do fármaco através do estrato córneo e difusão pela pele (a 
qual deve estar limpa, seca e, de preferência, sem pelos). Evita metabolis-
mo de primeira passagem hepática.
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Os sistemas transdérmicos de liberação são sistemas adesivos, 
aplicados na pele, como o intuito de alcançar a corrente sanguí-
nea em uma velocidade constante, lenta e prolongada.
Figura 3 – Vias de administração mais utilizadas 
IV, intravenosa; IM, intramuscular; SC, subcutânea.
Fonte: Whalen, Finkel, Panavelil, 2016.
17Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Depois da absorção ou administração sistêmica na corrente sanguínea, 
o fármaco precisa ser distribuído pelo organismo, atingindo os líquidos 
intersticiais e intracelulares, a fim de alcançar seu local de ação.
Distribuição é o processo pelo qual o fármaco percorre o organismo. Uma 
vez que entendemos o conceito de distribuição, precisamos aprender como 
calcular o Volume de Distribuição (Vd) de cada fármaco (parâmetro impor-
tante no planejamento posológico do paciente). Vd é o volume necessário 
para o fármaco estar distribuído entre o sangue e os tecidos, é utilizando a 
equação abaixo podemos fazer inferência da localização do fármaco. 
Vd= D/Cp
D= Doses
Cp = Concentração plasmática 
Vd alto implica que o fármaco está amplamente localizado nos tecidos.
Vd baixo implica que o fármaco está amplamente contido no espaço 
vascular.
Alguns fatores interferem na distribuição dos fármacos, como o fluxo san-
guíneo, permeabilidade capilar, estrutura do fármaco e ligação de fárma-
cos a proteínas plasmáticas. A velocidade do fluxo sanguíneo nos tecidos 
capilares vai variar bastante como resultado de uma distribuição desigual 
do débito cardíaco aos vários órgãos: fígado, rins e cérebro são órgãos 
bastante irrigados e recebem a maior parte dos fármacos. Já nos múscu-
los, maioria das vísceras, pele, tecido adiposo a distribuição dos fármacos 
é mais lenta. A permeabilidade capilar, por sua vez, é determinada pela 
estrutura capilar e estrutura do fármaco (lipofílico ou hidrofílico).
Atenção! O tecido adiposo funciona como reservatório de drogas lipos-
solúveis e, como sua perfusão sanguínea é lenta (baixa vascularização), 
a liberação dessas substâncias desse tecido acaba também sendo lenta, 
o que provoca o aumento da meia-vida da droga, retardando sua depura-
ção do organismo. Opa, aqui nos deparamos com duas informações novas: 
“meia-vida” (T1/2) e “depuração”.
18Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
ACERTE O ALVO!
Meia-vida refere-se ao tempo necessário para que a 
concentração da droga reduza pela metade. Depuração 
corresponde à capacidade de excreção de uma droga no 
nosso organismo.
Com exceção do sistema nervoso central (SNC), a difusão das drogas pe-
los fluidos corporais acaba sendo rápida, pois a membrana do endotélio 
vascular é mais permeável que o endotélio da região central. Observe que 
o sequestroiônico (aquilo que comentamos na ionização de fármacos) é 
bem pequeno nesses tecidos, pois a diferença de pH é baixa (enquanto 
nos tecidos o pH fica em torno de 7,0, no sangue o pH é 7,4).
Durante a distribuição do fármaco, a ligação desses compostos a proteínas 
plasmáticas é o determinante mais importante do seu fracionamento entre o 
sangue e os tecidos.
Como o sangue é um ambiente aquoso, nem todos os fármacos podem 
ser transportados livremente no sangue. Para os fármacos hidrofílicos, o 
transporte é livre, sem a necessidade de carreador. Entretanto, para fár-
macos lipossolúveis, são necessárias proteínas carreadoras para serem 
distribuídos pelo organismo. As duas proteínas mais importantes para 
o transporte de fármacos são a alfa-1 glicoproteína ácida e a albumina, 
tendo a primeira afinidade por fármacos básicos e a segunda por fárma-
cos ácidos, e ambas se ligam de maneira reversível à droga.
Nesse contexto, vale a pena destacar que somente os fármacos livres 
estão em sua forma ativa, ou seja, na corrente sanguínea são capazes de 
atuar em seu sítio ativo. Por sua vez, aqueles combinados a proteínas 
19Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
transportadoras são inativos, e, para ter atividade, precisam se desligar 
dessas proteínas. Aqui cabe conversarmos sobre um tipo de interação en-
tre anti-inflamatórios e proteínas.
Determinados fármacos são capazes de deslocar outros que estão liga-
dos a proteínas em razão da maior afinidade de ligação. Acompanhe o 
exemplo, a seguir, em que temos varfarina (anticoagulante) e fenilbutazo-
na (anti-inflamatório) competindo pelo sítio de ligação na albumina.
Figura 4 – Interação medicamentosa
Varfarina – fração livre 
Albumina 
98% de 
ligação Fenilbutazona 
A 
Varfarina – fração livre 
Albumina 
Aumenta a 
fração livre 
de varfarina 
Fenilbutazona 
Risco 
elevado de 
hemorragia 
B 
A. Varfarina sozinha ligada a albumina. 
B. Competição da varfarina com a fenilbutazona pela albumina.
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Na administração do anticoagulante sozinho, este circula ligado à albumi-
na, e sua liberação terapêutica é de apenas 2% para atuar em seu local de 
20Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
ação. Essa é a quantidade de fármaco necessária para o tratamento. En-
tretanto, a adição do anti-inflamatório ao esquema terapêutico interfere 
na disponibilização da varfarina. Ambos têm afinidade (tendência a se li-
gar) pela albumina, mas o anti-inflamatório apresenta mais. Nesse caso, a 
administração concomitante dos dois fármacos implica uma interação de 
risco para o paciente, pois a fenilbutazona desloca a varfarina do seu sítio 
de ligação, aumentando a proporção do anticoagulante em sua forma livre.
E, como vimos, a forma livre do fármaco é a forma ativa! Resultado: au-
menta o risco de hemorragia nesse paciente!
É importante destacar que as interações medicamentosas, algumas ve-
zes, causam reações adversas, em que os efeitos farmacológicos de um 
medicamento podem ser alterados por outro(s). Logo, a administração 
de dois fármacos pode interferir, por exemplo, no perfil farmacocinéti-
co do outro, influindo na absorção, competição pelo sítio de ligação em 
proteínas plasmáticas (como albumina e alfa-1-glicoproteína ácida), pro-
mover indução ou inibição enzimática das enzimas metabolizadoras ou 
mesmo alterar a taxa de eliminação do fármaco (aumentando ou reduzin-
do sua meia-vida).
Após a distribuição e atuação em seu local de ação, as drogas precisam 
ser excretadas do nosso organismo. Para isso, a maioria delas necessita 
sofrer biotransformação – reações que, normalmente, resultam em me-
tabólitos inativos, mais polares e facilmente excretados pelo organismo. 
Isso porque produtos estranhos ao nosso organismo (= xenobióticos), 
como os fármacos, devem passar por modificações estruturais, princi-
palmente por ação das enzimas hepáticas, para serem eficientemente 
eliminados.
Atenção: embora cada tecido possa metabolizar xenobióticos (ex.: TGI, pul-
mões, cérebro), o fígado é, sem dúvida, o principal órgão metabolizador.
21Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Biotransformação é o processo pelo qual o fármaco 
sofre uma série de alterações químicas no organismo, 
resultando, normalmente, em produtos mais 
hidrossolúveis, a fim de facilitar sua excreção.
Biotransformação é a conversão metabólica de substâncias endógenas e 
xenobióticos a compostos de maior solubilidade em água, a fim de facili-
tar sua excreção pelo organismo. As reações de biotransformação podem 
resultar em inativação do fármaco (ex.: metabolismo da morfina gerando 
morfina-3-glicuronídeo); metabólito ativo (ex.: codeína parcialmente me-
tabolizada gerando morfina); e ativação da droga inativa ou pró-fármacos 
(ex.: levodopa sendo convertida em dopamina). Existem ainda alguns fár-
macos tão hidrossolúveis que escapam do metabolismo e são rapidamen-
te excretados do organismo.
As reações de biotransformação podem inativar o fármaco; gerar metabólitos 
inativos; resultar em metabólitos ativos; e ativar um fármaco inativo.
A maioria das reações metabólicas relaciona-se às reações de fase I e II. A 
fase I do metabolismo normalmente envolve reações que geram regiões 
polares na molécula (expondo, por exemplo, -OH, -NH2, -SH), e que vão ser-
vir de locais de conjugação com moléculas polares e favorecer a reação de 
fase II. Caso o metabólito, após a fase I, apresente-se muito hidrossolúvel, 
ele nem chega a passar pela fase II e acaba sendo rapidamente eliminado. 
Muitos metabólitos da fase I, entretanto, necessitam ser conjugados, por 
exemplo, com ácido glicurônico ou ácido sulfúrico para formar um produ-
to bastante polar. E essa conjugação representa a fase II do metabolismo.
Normalmente, um fármaco bastante lipossolúvel, a depender de sua es-
trutura química, precisa passar pelas duas fases do metabolismo hepá-
22Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
tico, as quais compreendem principalmente enzimas microssomais do 
retículo endoplasmático (RE) e enzimas citosólicas. A principal enzima mi-
crossomal envolvida na fase I do metabolismo é a citocromo P450 (CYP), 
que catalisa principalmente reações de oxidação, redução e hidrólise do 
fármaco. Existem numerosas isoformas de CYP no fígado (ex.: CYP1A2, 
CYP2D6, CYP2E1, CYP3A4), e esta última, sozinha, participa do metabolis-
mo de quase metade de todos os fármacos normalmente prescritos. Den-
tre estas CYPs, a 2D6 é uma das isoformas que mais apresenta variabilida-
de entre as pessoas, por conta dos polimorfismos gênicos, o que interfere 
diretamente no metabolismo de várias substâncias endógenas e xenobió-
ticos (como antiarrítmicos e fármacos betabloqueadores e opióides).
Se estamos falando sobre enzimas metabolizadoras, então cabe dar uma 
pausa rápida para perguntar a você o que é farmacogenética. Sabe definir?
Contudo, antes, pense comigo! A estrutura de uma enzima (ou seja, a sequ-
ência linear de aminoácidos), responsável pela biotransformação de uma 
determinada droga, pode diferir entre os indivíduos (claro, pelas diferen-
ças genéticas, correto?), o que pode determinar, geneticamente, dife-
renças na velocidade de biotransformação dos xenobióticos. Tendo essa 
compreensão, agora podemos definir a farmacogenética: “é o estudo das 
causas, da prevalência e do impacto das diferenças herdadas nas enzimas 
de biotransformação de xenobióticos” (KLAASSEN, WATKINS, 2012).
Farmacogenética é o estudo das causas, 
da prevalência e do impacto das diferenças 
herdadas nas enzimas de biotransformação 
de xenobióticos.
É importante também destacarmos sobre o funcionamento adequado da 
CYP no que tange ao metabolismo em neonatos (engloba recém-nascidos 
23Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
com até 30 dias de vida), crianças, adultos e idosos. A atividade da CYP 
está quase nula em fetose muito baixa em recém-nascidos. Sua capaci-
dade metabolizadora vai aumentando com a idade, alcançando o ápice da 
atividade na fase adulta. A partir daí, observa-se uma queda na atividade 
enzimática, e os idosos, aqueles que mais utilizam medicamentos, apre-
sentam enzimas com atividade metabolizadora lenta ou ineficaz. Por isso, 
o cuidado de se utilizar fármacos, principalmente em neonatos e idosos, 
pois o risco de intoxicação é elevado nessas faixas etárias.
Figura 5 – Reações metabólicas de fase I e II 
Fonte: Katzung, Trevor, 2019.
Nas reações de fase II, os metabólitos resultantes da fase I sofrem rea-
ções de conjugação com ácido glicurônico (glicuronidação) ou ácido sul-
fúrico (sulfatação), gerando produtos muito mais hidrossolúveis. E essas 
reações costumam ser mais rápidas do que as de fase I, acelerando esse 
processo de metabolismo dos fármacos.
Entre os fatores externos que interferem na biotransformação, temos 
os indutores e os inibidores das CYPs. Na indução enzimática, algumas 
drogas podem aumentar a atividade metabólica dessas enzimas. Como 
24Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
exemplo, o barbitúrico é um indutor da CYP2B; o etanol e o antibiótico iso-
niazida são indutores da CYP2E. Então, o que acontece na presença des-
ses indutores?
Figura 6 – Atividade da CYP na presença de indutor enzimático 
Indutor 
enzimático
Aumenta a velocidade 
do metabolismo 
da droga
Reduz a 
concentração 
da droga no sangue
Aumenta a excreção 
da droga
Reduz a meia-vida 
plasmática da droga
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Na inibição enzimática, algumas drogas diminuem a atividade das en-
zimas CYP, como a cimetidina (usado para tratamento de gastrite), que 
reduz a atividade da CYP2D, e o cetoconazol (antifúngico), que inibe a CY-
P3A. Todos os substratos (no caso, os fármacos) dessas enzimas apresen-
taram uma série de modificações farmacocinéticas, como redução de sua 
excreção, aumento da concentração plasmática e da meia-vida.
Figura 7 – Atividade da CYP na presença de inibidor enzimático 
Inibidor 
enzimático
Diminui a velocidade 
do metabolismo 
da droga
Aumenta 
a concentração 
da droga no sangue
Diminui a excreção 
da droga
Aumenta a meia-vida 
plasmática da droga
Fonte: Autoria Própria, 2020.
25Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Os rins são os principais órgãos de excreção de fármacos, mas também ob-
servamos excreção por outras vias, por exemplo, o trato biliar e fezes e via 
pulmonar. A maioria dos fármacos segue para os rins, onde sofrem filtra-
ção glomerular ou secreção ativa (no epitélio dos túbulos proximais) e são 
eliminados na urina, seja em sua forma inalterada, seja como metabólitos.
Excreção é o processo no qual o fármaco 
é eliminado do organismo.
A eliminação pela via renal excreta facilmente substâncias polares e hi-
drossolúveis e em sua forma livre. Em condições fisiológicas, drogas li-
gadas a proteínas plasmáticas não são eliminadas por esse processo. No 
caso de drogas ácidas e básicas em sua forma molecular (lipossolúvel), 
parte delas acaba sofrendo reabsorção por difusão passiva. A excreção 
dessas drogas, portanto, vai depender de uma alteração no pH urinário. 
Para uma droga ácida, como os barbitúricos, a administração de bicarbo-
nato de sódio acelera sua excreção, pois torna o pH da urina mais alcali-
no, provocando um aumento no processo de ionização do barbitúrico.
Bom, com todo esse conhecimento acerca da farmacocinética, observe 
agora os processos farmacocinéticos e tente entender como todo esse 
processo está interligado, inclusive com a farmacodinâmica (calma que já 
vamos estudar!). Se você conseguisse fotografar todo o processo, você 
veria exatamente o esquema de fluxos da droga, representado na Figura 
8. Divirta-se com ela e ótima revisão!
26Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 8 – Inter-relações dos processos farmacocinéticos 
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
FARMACODINÂMICA
A farmacodinâmica estuda o mecanismo de ação dos fármacos, ou seja, a 
pergunta que norteia esse processo é: “o que a droga faz com o organis-
mo?”. Ela modula a resposta orgânica, mediante a interação droga-recep-
tor. Em outras palavras, o efeito observado é resultante da transdução de 
sinal gerada pela ativação do receptor pelo seu ligante.
Farmacodinâmica ocupa-se do estudo 
dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos 
fármacos e seus mecanismos de ação.
Você já deve ter se perguntado por que algumas drogas têm um efeito 
maior sobre o coração do que os brônquios, ou por que quando usamos 
a bombinha de asma sentimos taquicardia e tremor muscular. No entan-
to, para responder a essas perguntas, precisamos entender os princípios 
básicos da farmacodinâmica e adentrar nesse universo da interação fár-
27Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
maco-receptor, compreendendo os principais tipos de receptores farma-
cológicos e seus sistemas efetores.
Fármacos são moléculas que interagem com 
componentes moleculares (macromoléculas) 
específicos de um organismo, produzindo alterações 
bioquímicas e fisiológicas dentro do organismo.
Antes de avançarmos para os receptores farmacológicos, precisaremos 
entender alguns conceitos fundamentais.
Todo fármaco precisa interagir com seu local de ação para gerar uma res-
posta. E essa interação chamamos de afinidade. Afinidade é a tendência 
de um fármaco de se ligar ao receptor. Nesse sentido, se um fármaco tem 
elevada capacidade de ligação com o seu receptor, significa que ele dura o 
tempo necessário para gerar a resposta farmacológica. Alta afinidade im-
plica elevada ocupação (o fármaco não ficará se desligando do receptor, 
ok?). Então, para esse fármaco, de elevadas afinidade e ocupação, basta 
administrar uma concentração baixa do fármaco para se obter a resposta 
tecidual desejada.
Nesse contexto, pergunto a você: o que é um fármaco agonista? Será que 
um fármaco que se liga já ativa o receptor? Além da afinidade com o re-
ceptor, é necessário que a droga apresente atividade intrínseca, isto é, 
capacidade de formar o complexo droga-receptor que produza uma res-
posta biológica. E essa é uma propriedade exclusiva dos agonistas. Ati-
vação é a capacidade da molécula, uma vez ligada ao seu receptor, de 
desencadear uma resposta tecidual. E esse conceito está diretamente 
relacionado à eficácia. Um fármaco é eficaz quando ele ativa o receptor. 
28Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Portanto, quanto maior a capacidade intrínseca da molécula de ativar o 
receptor, maior é a sua eficácia.
Agonistas são fármacos que se ligam 
aos receptores, ativando-os, ou seja, simulando 
os efeitos das nossas substâncias endógenas.
Os receptores apresentam-se em duas conformações que, normalmente, 
se encontram em equilíbrio: receptor ativo e receptor inativo. O agonis-
ta tem maior afinidade pela forma ativada do receptor. O agonista pode 
ser pleno, nas condições virtuais, quando ativa o receptor ao seu estado 
máximo, gerando, nessas condições, uma eficácia máxima. O agonista 
parcial apresenta uma afinidade moderadamente maior pelo receptor 
no estado ativado do que na forma inativa, ou seja, nessas condições sua 
eficácia é parcial. Mesmo aplicando esses conceitos, nas condições reais, 
todos os fármacos agonistas acabam sendo parciais, pois a seletividade 
pela forma ativa não consegue ser 100%.
Os antagonistas, por sua vez, são drogas que têm afinidade pelo recep-
tor (até porque, se não tivesse, como ele o bloquearia?), mas não apre-
sentam atividade intrínseca (ou seja, capacidade de ativar o receptor). 
Em outras palavras, o complexo antagonista-receptor não gera resposta 
biológica, pois não tem eficácia.
Assim, enquanto a ocupação do receptor é regulada pela afinidade, a ati-
vação é controlada pela eficácia!
Agonistas totais → eficácia máxima 
Agonistas parciais→ eficácia intermediária 
Antagonista → não tem eficácia
29Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Agora que entendemos o conceito de eficácia, podemos partir para outra 
propriedade muito importante dos fármacos e que leva em consideração 
a atividade intrínseca do fármaco e a afinidade pelo receptor – potência. 
Para determinarmos a potência de um fármaco, usamos o conceito de CE50, 
ou seja, a concentração da droga capaz de gerar 50% da resposta (eficá-
cia) máxima (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). Na Figura 9A, podemos 
observar que o fármaco X é mais potente do que o Y, pois necessita de uma 
concentração menor para alcançar a mesma resposta máxima.
Potência é uma medida da quantidade de fármaco necessária para 
produzir um efeito de determinada intensidade. Para saber se um 
fármaco é mais potente que o outro, comparam-se os valores de CE50.
Figura 9 – Curvas dose-resposta 
A. Comparação da potência relativa entre os fármacos X e Y.
B. Comparação da eficácia entre os fármacos X e Y.
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
30Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
A interação do fármaco com o local de ação envolve diferentes interações 
e respostas celulares. Um agonista se liga ao seu local de ação e gera uma 
resposta celular. O antagonista competitivo compete com o agonista 
pelo mesmo local de ação. Na competição, geralmente “ganha” (ou seja, 
ocupa o receptor) o fármaco que se encontra em maior concentração. A 
presença de um ativador ou inibidor alostérico implica a interação desse 
fármaco em uma região alostérica, diferente do sítio de ação do fármaco, 
mas que consegue modificar essa interação ligante x receptor. Assim, a 
quantidade aumentada do agonista não vai interferir na resposta do an-
tagonista alostérico (ou alotópico). O ativador vai atuar aumentando a 
eficácia do fármaco. O inibidor, por sua vez, atua reduzindo a afinidade do 
agonista ao receptor, resultando na redução da resposta máxima.
Figura 10 – Formas de interação de fármacos com 
receptores e a respectiva resposta celular 
Fonte: Adaptada de Katzung, Trevor, 2019.
Agonista
A
B
C
D
Inibidor 
competitivo
Ativador 
alostérico
Inibidor alostérico
31Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Como vimos anteriormente, os receptores apresentam-se, em equilíbrio, 
nas formas ativa e inativa. O agonista inverso é um tipo de fármaco ago-
nista que tem elevada afinidade pelo receptor na conformação inativa. 
Esses fármacos são importantes naqueles casos em que o receptor já se 
encontra ativo (tem atividade constitutiva, independentemente de um li-
gante) e precisa ter a atividade reduzida. Como exemplo podemos citar os 
receptores de benzodiazepínicos, de histamina e de opioides.
Figura 11 – Curvas dose-resposta diante do tipo de fármaco e da respectiva 
eficácia
L: ligante (fármaco); Ra: receptor ativo; Ri: receptor inativo.
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
Observem, na Figura 12, que na presença do antagonista competitivo o 
aumento da concentração do agonista em resposta ao aumento do an-
tagonista desloca o gráfico para a direita, sem interferir na eficácia 
(todas as curvas alcançam o efeito máximo). É importante salientar que 
a magnitude do desvio da curva à direita depende da concentração do 
antagonista e da sua afinidade pelo receptor. Para vencer o bloqueio do 
receptor, a concentração do agonista aumenta e desloca o antagonista 
do local de ação.
N
ív
el
 d
e 
re
sp
os
ta
 (u
ni
da
de
s a
rb
itr
ár
ia
s)
Agonista pleno
Agonista parcial
Antagonista competitivo 
(nenhum agonista presente)
Agonista inverso
32Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 12 – Curvas dose-resposta no agonismo competitivo
L: ligante (fármaco).
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
Ainda que a eficácia permaneça constante, observa-se uma redução na 
potência. Perceba que o deslocamento à direita reflete a necessidade de 
um aumento da concentração do agonista para deslocar o antagonista e 
conseguir ocupar o receptor. Se, para conseguir o efeito máximo, foi ne-
cessário aumentar a concentração, então, consequentemente, a potência 
do fármaco reduziu na presença do antagonista.
ACERTE O ALVO!
No antagonismo competitivo, há deslocamento do gráfi-
co para a direita, mostrando que a eficácia do fármaco 
não se altera, mas há aumento do EC50 e, portanto, redu-
ção da potência.
Bom, uma vez entendido alguns princípios básicos da farmacologia, ago-
ra, sim, podemos abordar os aspectos moleculares e os mecanismos de 
ação dos fármacos. Respira, vá beber uma água e retorna porque vamos 
mergulhar juntos nos tipos de alvos dos fármacos!
33Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Vamos juntos?
Existem basicamente quatro tipos de receptores farmacológicos, sendo 
eles: canais iônicos controlados por ligantes; receptores acoplados à pro-
teína g; receptores ligados a quinases; e receptores nucleares. Como os 
dois primeiros tipos são os mais frequentes em provas de residência, eles 
receberão um enfoque especial!
Figura 13 – Tipos de receptores farmacológicos, da esquerda para a direita: 
canal iônico, receptor acoplado a proteína G, receptor ligado a quinase 
e receptor nuclear 
Fonte: Adaptada de Whalen, 2016.
Os receptores ionotrópicos são canais iônicos que respondem, em uma 
fração de milissegundos, ao ligante. Por exemplo, a ligação da acetilcolina 
ao receptor nicotínico promove abertura desse canal, influxo de sódio e 
efluxo de potássio, aumentando a carga positiva intracelular, o que leva à 
despolarização da membrana (potencial de ação).
34Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 14 – Receptor do tipo ionotrópico (receptor nicotínico) 
Fonte: Adaptada de Golan, 2018.
Outro exemplo de receptor ionotrópico é o receptor ácido-gama-amino-
butírico (GABA). A ligação do agonista provoca abertura do canal, influxo 
de cloreto, e esse acúmulo intracelular de carga negativa leva a um estado 
de hiperpolarização da membrana.
Os receptores acoplados à proteína G correspondem a um grupo de re-
ceptores que têm, como mediador da resposta ao ligante, a proteína tri-
mérica G. Essa proteína apresenta três subunidades: alfa (com atividade 
catalítica), beta e gama, e o dímero βγ atua em vários sistemas (ex.: ativa-
ção dos canais de potássio, ou bloqueio dos canais de cálcio).
Quando o fármaco se liga ao receptor, este sofre uma alteração confor-
macional e cria afinidade pela proteína G, que se desloca na face interna 
35Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
da membrana e interage com o receptor. A proteína G é ativada pelo re-
ceptor e sua subunidade alfa, que tem atividade catalítica intrínseca de 
GTPase, converte GDP (de baixa energia) em GTP. E, nesse estado de alta 
energia, a subunidade alfa perde afinidade pelo dímero βγ, desliga-se e 
segue para ativar ou inibir seu sistema efetor. O dímero βγ livre difunde-
-se para interagir com proteínas efetoras (ex.: canais de potássio).
Figura 15 – Receptor acoplado à proteína G 
Fonte: Golan, 2018.
A proteína G pode ser inibitória (bloqueando sistemas efetores) ou es-
timulatória (estimulando sistemas efetores), a depender do tipo de pro-
teína G do sistema. Por exemplo, receptores de opioides são acoplados à 
proteína G inibitória e os receptores de adrenalina, à proteína G estimula-
tória. Quando se fala em receptor acoplado à proteína G, duas vias muito 
frequentes nas provas de residência são adenilil ciclase e fosfolipase C.
36Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 16 – Sistemas efetores da proteína G: adenilil ciclase e fosfolipase C 
Fonte: Adaptada de Golan, 2018.
Na via da adenilil ciclase (AC), a subunidade alfa ligada ao GTP ativa esse 
sistema efetor (AC), a qual catalisa a conversão de ATP em AMPc, e este 
2º mensageiro ativa a proteína quinase A e, como todaquinase, fosfori-
la vários outros sistemas celulares (ex.: fosforilação de canais de cálcio, 
promovendo contração do miocárdio).
O outro sistema efetor ativado pela proteína G é a fosfolipase C. Nesta, a 
subunidade alfa, ligada ao GTP, ativa essa enzima que converte fosfolipí-
dios de membrana do tipo inositol em diacilglicerol (DAG) e trifosfato 
de inositol (IP3). O DAG, por ser lipossolúvel, permanece na membrana e 
cria um sítio de afinidade para a proteína quinase C. Essa enzima, que es-
tava inativa no citosol, migra para a membrana, onde é ativada pelo DAG, 
promovendo uma série de fosforilações (fosforila canais de cálcio). Quan-
to ao IP3, este migra para o citosol e interage com seu receptor ionotró-
pico (canal de cálcio), na superfície do retículo endoplasmático. O canal 
37Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
se abre e o cálcio segue do RE para o citosol. O aumento intracelular de 
cálcio provoca, por exemplo, vasoconstrição nos vasos sanguíneos.
Figura 17 – Formas de quantificar o agonismo
Fonte: Brunton, Lazo e Parker, 2012.
02. Com relação às formas de quantificação do agonismo, de acordo 
com a figura 1 7, é correto afirmar que:
 🅐 a figura 1 representa a comparação da eficácia relativa entre 
os fármacos X e Y.
 🅑 a figura 2 representa a comparação da potência relativa entre 
os fármacos X e Y.
 🅒 pelas informações da figura 1, é possível afirmar que o fármaco 
X apresenta potência relativa maior que o fármaco Y.
 🅓 a propriedade apresentada na figura 1 depende, unicamente, da 
eficácia intrínseca dos fármacos, e não da afinidade destes com o 
receptor.
 🅔 é conveniente descrever a resposta ao agonista determinando 
a EC50, que representa o tempo em que a concentração plasmática 
de um fármaco diminui em 50%, como mostrado na figura 1.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
%
 d
a 
re
po
st
a 
m
áx
im
a
%
 d
a 
re
po
st
a 
m
áx
im
a
Fármaco X
Log [Agonista]
100
80
60
40
20
0
100
80
60
40
20
0
Figura 1 Figura 2
Log [Agonista]
Fármaco Y
Fármaco X
A B
EC50 EC50
Fármaco Y
38Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
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Farmacodinâmica
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39
ANOTAÇÕES
40Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
2. FARMACOLOGIA DO SISTEMA 
NERVOSO AUTÔNOMO (SNA)
O Sistema Nervoso Periférico é dividido em autônomo (involuntário) e 
somático (voluntário). O SNA, por sua vez, é responsável pela regulação 
das respostas involuntárias dos músculos lisos e glândulas. Ele pode ser 
dividido em simpático e parassimpático.
Quadro 2 – Divisão do Sistema Nervoso Autônomo 
Simpático x Parassimpático
“Luta ou fuga” “Restauração ou manutenção”
Origem: tóraco-lombar Origem: crânio-sacral
Alterações funcionais:
• Aumento da FC e PA
• Relaxamento da bexiga
• Contração dos esfínteres
• Broncodilatação
• Midríase (dilatação)
•  Aumento da gliconeogênese 
(aumento da glicemia)
•  Desvio do fluxo sanguíneo 
para mm. esqueléticos
Alterações funcionais:
• Redução da FC e PA
• Contração da bexiga
• Relax. dos esfícteres (ex: TGI)
• Broncoconstrição
• Miose (contração)
• Aumento das secreções
Fonte: Autoria Própria, 2020.
O sistema nervoso parassimpático (SNP) envolve o sistema colinérgico 
e seu principal neurotransmissor é a acetilcolina (ACh). O SNP atua mo-
dulando o organismo no intuito de manter as condições mais próximas 
do normal, ou numa tentativa de restaurar alguma perturbação na home-
ostasia. Entre suas funções podemos destacar a redução da frequência 
cardíaca e da pressão arterial, contração da bexiga, relaxamento dos 
esfíncteres, broncoconstrição, miose e aumento da atividade glandu-
lar (ex.: sialorreia).
41Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 18 – Organização do Sistema Nervoso Autônomo Simpático e 
Parassimpático 
Fonte: Macedo, 2011.
Vamos entender a Figura 19? Será importante até para compreendermos 
os mecanismos de ação das drogas envolvidas no SNA. Quando observa-
mos as fibras nervosas, já se percebe um neurônio motor (na forma de uma 
fibra única, sem gânglio) saindo da medula espinal até a placa motora. Esse 
o SN somático. Na terminação dessa fibra, há liberação de ACh, que vai 
atuar em seu receptor nicotínico localizado no músculo esquelético.
Quando observamos a organização das fibras no SNA, exceto a inerva-
ção da medula adrenal, todos apresentam um trajeto que faz sinapse com 
neurônios presentes nos gânglios. Então, no simpático, a fibra sai da re-
gião “toracolombar”, libera ACh, que vai atuar no receptor nicotínico dos 
neurônios do gânglio. Isso faz com que a via pós-ganglionar seja ativada, 
42Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
liberando noradrenalina em sua terminação – mais precisamente, nos re-
ceptores alfa e beta adrenérgicos.
Figura 19 – Características comparativas dos nervos motores somáticos 
e dos nervos eferentes do sistema nervoso autônomo 
Fonte: Goodman, Gilman, 2019.
O sistema parassimpático organiza-se da seguinte forma: uma fibra pré-
-ganglionar sai da região craniossacral, libera ACh no receptor nicotínico 
(localizado no gânglio) e ativa a fibra pós-ganglionar a liberar ACh nos re-
ceptores muscarínicos dos órgãos efetores.
A via colinérgica envolve duas classes de receptores: nicotínicos e musca-
rínicos. Os receptores nicotínicos são receptores ionotrópicos (canais iô-
nicos de sódio) que, ao serem ativados, permitem influxo de sódio e despo-
larização da membrana; eles se encontram espalhados por todo o SNC, na 
placa motora dos músculos esqueléticos (função neuromuscular esquelé-
43Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
tica) e nos gânglios (transmissão nos gânglios simpáticos e parassimpáti-
cos). Os receptores muscarínicos, por sua vez, são receptores metabotró-
picos (acoplados à proteína G) e apresentam respostas mais lentas do que 
a ativação dos receptores nicotínicos, podendo ser excitatórias ou inibitó-
rias. São conhecidos cinco subtipos moleculares de receptores muscaríni-
cos, sendo todos amplamente expressos no SNC, mas com predominância 
de outras regiões periféricas de importância clínica: M1 (córtex cerebral; 
glândulas gástricas e salivares), M2 (músculo cardíaco), M3 (musculatura 
lisa e glândulas secretoras), M4 (córtex cerebral) e M5 (substância negra 
do SNC) (MACEDO, 2011; GOODMAN; GILMAN, 2019).
Os receptores M1, M3 e M5 (números ímpares) são todos acoplados à proteína 
G estimulatória e ativam a fosfolipase C. Portanto, seus efeitos estimulatórios 
envolvem DAG, IP3, aumento da concentração intracelular de cálcio e ativação 
de proteína quinase C. Os receptores M2 e M4 (números pares) são acoplados 
à proteína G inibitória e inibem a adenilil ciclase. Como resultado, observam-
se redução na produção do AMPc e da ativação da proteína quinase A, bloqueio 
da entrada de cálcio e hiperpolarização da membrana celular decorrente do 
efluxo de potássio.
O sistema parassimpático apresenta como 
neurotransmissor a ACh, os quais atuam nos receptores 
muscarínicos (M1, M2, M3, M4 e M5), todos acoplados à 
proteína G.
Os parassimpaticomiméticos são divididos em fármacos de ação direta 
e indireta nos receptores muscarínicos. Os de ação direta podem ser do 
tipo ésteres de colina (ex.: acetilcolina, metacolina, carbacol, betanecol), 
ou do tipo alcaloides e derivados (ex.: muscarina, pilocarpina). Os ésteres 
são aminas quaternárias, apresentam um caráter mais hidrossolúvel e, 
portanto, baixa penetração no SNC. Esse tipo de fármaco pode ser usado 
para situações clínicas como estimular a bexiga atônica e aumentar mo-
44Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
tilidade intestinal (principalmente nos casos de íleo paralítico) (FUCHS; 
WANNMACHER, 2017). Já os alcaloides são aminas terciárias e mais lipos-
solúveis,facilitando sua ação no SNC. O fármaco pilocarpina é um colírio 
utilizado para o tratamento do glaucoma.
Glaucoma é uma neuropatia óptica caracterizada pela 
degeneração progressiva das células ganglionares da 
retina e alteração característica da cabeça do nervo 
óptico, levando ao comprometimento irreversível da 
visão (SOCIEDADE BRASILEIRA DE GLAUCOMA, 2019).
ACERTE O ALVO!
O uso de pilocarpina também pode apresentar efeitos 
colaterais oculares como: miose, miopia, espasmo ciliar 
e catarata (BARBOSA et al., 2018).
Os fármacos de ação indireta atuam inibindo a acetilcolinesterase 
(AchE) e podem ser reversíveis (ex.: Neostigmina) ou “irreversíveis” (ex.: 
Ecotiofato). O resultado é o aumento da disponibilização de Ach na fenda 
sináptica, com uma atuação mais demorada desse neurotransmissor em 
seus receptores nicotínicos e muscarínicos.
Algumas respostas clínicas diante do uso de parassimpaticomiméticos:
• Miose (ativa músculo constritor) e aumento do fluxo de humor aquoso 
no canal de Schlemm, e redução da pressão intraocular, melhorando os 
sintomas do glaucoma;
• Aumento da motilidade (do peristaltismo) e relaxamento dos esfíncteres; 
45Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
• Aumento do suco gástrico;
• TGU (trato geniturinário) – relaxamento dos esfíncteres da bexiga e au-
mentando a contração da musculatura lisa (favorecendo a micção);
• Redução da frequência cardíaca (bradicardia);
• Aumento da salivação;
• Leve relaxamento/vasodilatação;
• Broncoconstrição.
A latanoprosta é um análogo direto da prostaglandina 
F2-alfa, originalmente utilizado como colírio no 
tratamento de glaucoma e hipertensão ocular, e com 
baixa frequência de reações adversas.
Quais os efeitos observados dos fármacos de ação indireta? São os mes-
mos de ação direta, mas com a inclusão dos efeitos sobre a junção neu-
romuscular. Isso porque, na ação indireta, há aumento dos níveis de Ach, e 
esta atua em seus receptores M e N sem distinção. E, como esses fárma-
cos de ação indireta inibem a AchE, a Ach atua por mais tempo em ambos 
os receptores, provocando aumento da contração do músculo esquelético.
Uma aplicação clínica desses fármacos seria na anestesia (por este indu-
zir bloqueio neuromuscular). A utilização de um agonista indireto ocorre-
ria na reversão desse quadro, provocando aumento da contratilidade do 
músculo esquelético. Em um bloqueio neuromuscular pós-operatório, 
decorrente, por exemplo, do uso de pancurônio e vecurônio, o uso do an-
ticolinesterásico neostigmina é eficaz na reversão desse bloqueio (MO-
RAIS et al., 2005).
Outra aplicação seria no tratamento de Miastenia Grave, uma doença que 
envolve a destruição dos receptores nicotínicos. O uso de edrofônio ou 
46Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
neostigmina poderia ajudar na melhora dos sintomas, uma vez que favo-
recem, ao bloquear a AchE, uma maior disponibilização e duração de Ach 
nos receptores nicotínicos remanescentes. Alguns inibidores reversíveis 
de acetilcolinesterase fazem parte do esquema terapêutico da doença de 
Alzheimer, como a rivastigmina, tacrina, donepezila, galantamina (SILVA, 
2010; VALE et al., 2011; GOODMAN; GILMAN, 2019).
Miastenia Grave é uma doença autoimune, em 
que se observa destruição de receptores nicotínicos 
por anticorpos, levando à perda da força muscular.
03. Inibidores de acetilcolinesterase são indicados para o trata-
mento da doença de Alzheimer. Analise as seguintes afirmativas 
e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) Donepezila é inibidor reversível de acetilcolinesterase e não 
induz hepatotoxicidade.
( ) Galantamina melhora a cognição em pacientes com doença de 
Alzheimer leve a moderada.
( ) Tacrina é amplamente indicada devido a seu bom perfil de 
segurança.
Assinale a sequência CORRETA.
 🅐 V F V.
 🅑 F V F.
 🅒 V V F.
 🅓 F V V.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
47Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
ACERTE O ALVO!
O primeiro fármaco sintético aprovado para o trata-
mento da doença de Alzheimer foi a tacrina, que é um 
inibidor reversível da acetilcolinesterase (encontrada 
no SNC) e também da butirilcolinesterase (frequente no 
sistema periférico). No entanto, apresenta alto risco de 
hepatotoxicidade, interações medicamentosas e distúr-
bios gastrointestinais.
Os antagonistas muscarínicos (parassimpatolíticos) são usados prin-
cipalmente para inibir os efeitos da atividade parassimpática nos tratos 
respiratório, urinário e GI, nos olhos e no coração. Entre esses antagonis-
tas, temos:
• Alcaloides naturais: atropina e escopolamina (hioscina);
• Derivados semissintéticos: homatropina; nitrato de metilatropina; 
brometo de N-butilescopolamina;
• Derivados sintéticos: pirenzepina (M1 seletivo); ipratrópio (M3 seleti-
vo); tiotrópio (M1 e M3); tolterodina (M3 seletivo).
A escopolamina (hioscina) é um antagonista muscarínico, bastante lipos-
solúvel, que atravessa, com facilidade, a barreira hematoencefálica. Esse 
fármaco costuma ser utilizado em algumas situações clínicas, como cine-
tose; tratamento de cólicas intestinais e menstruais; e nos quadros de 
incontinência urinária, uma vez que o parassimpático atua aumentando 
a força de contração do músculo detrusor da bexiga e a escopolamina age 
reduzindo essa força.
48Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Cinetose: vontade de vomitar por causa 
de movimentos (carro, barco).
Outro agente intoxicante que modula a via colinérgica é a toxina botulíni-
ca, uma proteína composta por uma cadeia leve (50-kDa) e uma cadeia pe-
sada (100-kDa), unidas por uma ponte dissulfeto; e a forma mais comum 
na clínica é a toxina tipo A.
Atenção ao mecanismo de ação: a toxina atravessa a membrana do 
neurônio pré-sináptico através da ligação da cadeia pesada à proteína 
da vesícula sináptica (proteína receptora que reconhece a toxina), sendo 
esse o gatilho para sua endocitose. Logo, em seguida, a ponte dissulfeto 
é clivada e a cadeia leve (porção ativa da toxina) é secretada da vesícula 
endocítica para o citosol, ligando-se à SNAP-25 (nervo sinaptossomal 25) 
– uma proteína do tipo Snare, com função essencial para a ligação de vesí-
culas à membrana celular e à transdução de sinal. Com isso, a toxina inibe 
a exocitose da Ach na fenda sináptica, impedindo sua ação nos receptores 
nicotínicos e muscarínicos (ROWLAND, 2002; LIN; CHIANG; LIAO, 2020).
ACERTE O ALVO!
A toxina botulínica inibe a liberação de acetilcolina das 
terminações nervosas por interferir na exocitose, sem, 
contudo, alterar a condução dos sinais elétricos nem as 
etapas da síntese e armazenamento em vesículas de 
acetilcolina.
49Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Figura 20 – Mecanismo de ação da toxina botulínica 
Fonte: Adaptada de Rowland, 2002.
O equilíbrio no funcionamento dos órgãos e tecidos, em conjunto com o 
sistema endócrino, é fundamental para manter a homeostasia. Para isso, 
o sistema nervoso parassimpático precisa se manter em harmonia com 
o sistema simpático, seu conhecido “antagônico funcional”. De fato, a 
maioria das respostas fisiológicas desses sistemas é antagônica, como 
observado no sistema cardiorrespiratório, em que o simpático, contrário 
ao parassimpático, promove broncodilatação, taquicardia e elevação da 
pressão arterial. Entretanto, temos uma exceção importante. O processo 
de ereção (sistema parassimpático) e o de ejaculação (simpático) traba-
lham juntos de maneira coordenada. Enquanto a ativação do receptor M3 
promove a ereção, α1 induz a ejaculação.
No sistema simpático, a fibra nervosa pró-ganglionar sai da região central 
e faz sinapse com o gânglio, liberando Ach, que vai atuar nos receptores 
50Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
nicotínicos ganglionares. Isso ativa a fibra pós-ganglionar, a qual libera 
noradrenalina, levando a estimulação de receptores adrenérgicospre-
sentes no órgão-alvo.
Figura 21 – Características da inervação na via simpática 
para liberação de noradrenalina 
Fonte: Autoria Própria, 2019.
O sistema simpático apresenta como principal neurotransmissor 
a noradrenalina, a qual atua nos receptores α (1,2) e β (1,2,3) 
adrenérgicos, e todos são acoplados à proteína G.
Uma fibra diferenciada na via simpática é a inervação da glândula sudo-
rípara. A organização sequencial da fibra nervosa é muito semelhante à 
fibra parassimpática. O nervo eferente sai da região toracolombar, libera 
ACh no gânglio (no receptor nicotínico), levando à ativação da fibra pós-
-ganglionar. Isso induz liberação de ACh no receptor muscarínico locali-
zado na glândula sudorípara. Observe atentamente a organização dos 
receptores e o mecanismo envolvido em cada um. Como você já estudou 
a proteína G e os dois sistemas efetores mais associados a ela (adenilil/
adenilato ciclase e fosfolipase C), então será mais tranquilo compreender 
os efeitos dos fármacos nesses receptores.
Ach
NAFibra pré-
ganglionar
Sinápse efetora
Fibra pós-
ganglionar
Local da ação dos 
agonitas adrenérgicos 
(simpatomiméticos)
Gânglio 
simpático
Medula 
espinhal
Existem duas classes 
de receptores 
adrenérgicos: 
α (1 e 2) e β (1, 2 e 3)
51Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
O receptor α2 é o único do sistema adrenérgico que é acoplado a 
uma proteína G inibitória. Significa que seu papel é mais regulador 
da resposta simpática e normalmente ele é encontrado nas fibras 
pré-sinápticas, reduzindo o efluxo simpático.
Quadro 3 – Receptores adrenérgicos, seus sistemas efetores e efeitos observados
Receptor G Sistema efetor Alguns efeitos
α1 s Fosfolipase C
Vasos sanguíneos (constrição), ↓ gls. salivares 
(constrição)
Olho (Midríase – dilatação); esfíncter da bexiga 
(contração); lipólise e termogênese
α2 i Adenilil ciclase
Ilhotas pancreáticas (↓ Insulina) 🡪 hiperglicemia
SNC (↓ efluxo simpático) 🡪 ↓ canais de Ca++ 🡪 ↓ 
liberação de NA
β1 s Adenilil ciclase Coração: ↑ Freq. Cardíaca e Força de contração; lipólise e termogênese
β2 s Adenilil ciclase
Vasos sanguíneos (predomina vasodilatação: “luta 
ou fuga”)
Mm. esqueléticos: tremor e aumento da veloc. de 
contração muscular
Bronquíolos: broncodilatação
M. liso (ex.: útero e bexiga): relaxamento
Tecido adiposo: lipólise e termogênese
Fígado: Glicogenólise
β3 s Adenilil ciclase Lipólise e termogênese
G, Proteína G; Gs, estimulatória; Gi, inibitória.
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Nosso organismo é capaz de sintetizar três catecolaminas: adrenalina, 
noradrenalina e dopamina. Essa classificação decorre, justamente, do nú-
cleo catecol. E como essas catecolaminas são formadas?
Vamos juntos nas etapas!
52Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Todas as três catecolaminas derivam do mesmo aminoácido tirosina. Esse 
aminoácido é carreado para dentro do neurônio pré-ganglionar, onde, no 
citosol, encontra a enzima tirosina hidroxilase. Esta catalisa a hidroxila-
ção da tirosina, gerando o intermediário DOPA. Este, por sua vez, sofre 
descarboxilação pela DOPA descarboxilase, gerando dopamina, a qual 
ficará armazenada na vesícula. Se o neurônio for noradrenérgico, dentro 
dessa vesícula haverá a enzima dopamina-β-hidroxilase, a qual converte 
dopamina em noradrenalina. Contudo, se for da glândula adrenal, no cito-
sol das células cromafins, há uma enzima N-metiltransferase feniletano-
lamina, a qual converte noradrenalina em adrenalina.
Na transmissão simpática, o influxo de cálcio promove exocitose das ve-
sículas de noradrenalina na fenda sináptica. Ela atua em seus receptores 
adrenérgicos, mas é interrompida principalmente por recaptação pelas 
terminações nervosas, através do transportador de noradrenalina (NET). 
Após a captação, a noradrenalina pode ser reestocada em vesículas ou 
metabolizadas. Basicamente, duas enzimas metabolizam esses neuro-
transmissores: monoaminoxidase (MAO) e catecol-o-metil-transferase 
(COMT). A MAO é associada primariamente na membrana externa da mi-
tocôndria, regulando a concentração intraneuronal livre de noradrenalina, 
enquanto a COMT é encontrada primariamente no citoplasma do neurô-
nio pós-sináptico, exceto em células cromafins da glândula adrenal, onde 
a COMT está ligada à membrana (GOODMAN; GILMAN, 2019).
Os agonistas adrenérgicos simpaticomiméticos são fármacos que repro-
duzem as ações das catecolaminas endógenas em seus receptores e são 
divididos basicamente em agonistas de ação direta e indireta. Os de ação 
direta atuam direto nos receptores adrenérgicos. Já os fármacos de ação 
indireta atuam interferindo em rotas metabólicas da noradrenalina: po-
dem atuar ao nível de vesículas do neurotransmissor, podem inibir a NET 
e podem inibir as enzimas metabólicas MAO e COMT.
53Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Com relação aos receptores do tipo α adrenérgicos, fármacos agonistas 
α1 seletivos induzem vasoconstrição e hipertensão por um mecanismo 
que envolve o sistema efetor fosfolipase C. Com isso, o uso de fármacos 
como a nafazolina (um dos princípios ativos do sorine) contribui para o 
aumento da resistência periférica vascular e, consequentemente, aumen-
to da pressão arterial (PA). Geralmente, esses fármacos são utilizados 
em casos de hipotensão e congestão nasal. Por outro lado, agonistas α2– 
seletivos são hipotensores, o que justifica seu uso clínico no tratamento 
da hipertensão sistêmica. Como exemplo, temos a clonidina. A ativação 
desses receptores, no SNC, leva à supressão da atividade simpática, pois 
suprime o efluxo simpático, levando à bradicardia e redução de PA.
Os receptores do tipo β adrenérgicos apresentam vasta dispersão so-
bre os órgãos e todos eles são acoplados à proteína G estimulatória. 
Seus efeitos são decorrentes da ativação da adenilil ciclase, aumento 
do AMPc e ativação da proteína quinase A. O receptor β1 apresenta uma 
densidade elevada no coração. Uma vez ativados, por exemplo, pela do-
butamina (seletivo β1), esse fármaco, que é de uso injetável, leva ao au-
mento das forças de contrações cardíacas, auxiliando no tratamento da 
insuficiência cardíaca.
Os receptores β2 apresentam vasta distribuição nos brônquios, vasos 
sanguíneos dos músculos esqueléticos e no útero gravídico. Por esse 
motivo, os principais efeitos do uso de agonista β2 são broncodilata-
ção, vasodilatação e relaxamento da musculatura uterina, evitando o 
parto prematuro.
Vamos aproveitar esse assunto de adrenérgicos para comentar sobre a 
asma?
O uso de agonistas β2 é muito frequente nas exacerbações da asma. Mui-
tas vezes, as exacerbações asmáticas são controladas e/ou reduzidas 
54Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
com o tratamento combinado de corticoide inalatório e broncodilatado-
res do tipo agonistas β2 (CASTILLO; PETERS; BUSSE, 2017). Exemplos de 
agonistas β2 broncodilatadores de curta duração: fenoterol e salbutamol; 
e de ação prolongada: formoterol e salmeterol. Entretanto, cabe destacar 
que, na asma não controlada, em que o paciente evolui para um quadro de 
inflamação e edema das vias aéreas, observa-se baixa resposta aos bron-
codilatadores. Nesse caso, inclui-se no esquema terapêutico um corticoi-
de endovenoso (ex.: metilprednisolona). 
A asma é uma doença heterogênea, geralmente 
caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. 
Ela é definida pela história de sintomas respiratórios, 
tais como sibilos, dispneia, opressão torácica 
retroesternal e tosse, os quais variam com o tempo 
e na intensidade, sendo esses associados à limitação 
variável do fluxo aéreo (PIZZICHINI et al., 2020).
ACERTE O ALVO!
Nas crises graves de asma, recomenda-se associar bro-
meto de ipratrópio (anticolinérgico) a um beta 2-agonis-
tas por inalação, oxigênio e corticoide sistêmico.
55Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
04. A asma nãocontrolada pode evoluir para um estado agudo no 
qual há sintomas como inflamação, edema das vias aéreas, acúmulo 
excessivo de muco e broncoespasmo que podem resultar em um 
estreitamento das vias aéreas. Nesse quadro, há baixa resposta 
aos broncodilatadores, e a farmacoterapia empregada consiste 
na administração de agentes beta – agonistas ou anticolinérgicos 
inalatórios e corticoide intravenoso. A alternativa que contém 
apenas exemplos dos fármacos utilizados para o tratamento da 
asma em suas respectivas vias de administração é:
 🅐 Salbutamol, brometo de ipratrópio e clobetasol.
 🅑 Salbutamol, brometo de ipratrópio e metilprednisolona.
 🅒 Salbutamol, brometo de ipratrópio e prednisona.
 🅓 Salbutamol, terbutalina e prednisona.
 🅔 Salbutamol, epinefrina e prednisona.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
Os antagonistas adrenérgicos atuam antagonizando os efeitos da nora-
drenalina, levando a respostas contrárias dos agonistas. Observe:
• Agonistas α1 induzem vasoconstrição, levando ao aumento da resistên-
cia periférica e da PA. O uso de antagonistas α1, como fenoxibenzamina 
e fentolamina, não seletivos, causam hipotensão e congestão nasal por 
conta da vasodilatação. Outro fármaco utilizado é o tansulosina. Este 
é antagonista competitivo α1 (seletivo), também conhecido por ser 
urosseletivo e utilizado para tratar a hiperplasia da próstata. Com isso, 
predomina o relaxamento da musculatura lisa da próstata e da uretra.
• Antagonistas β1 induzem efeito cronotrópico e inotrópico negativos, 
uma vez que reduzem, respectivamente, a frequência cardíaca e a for-
56Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
ça de contração. Como exemplo temos atenolol, um bloqueador seleti-
vo β1, utilizado no tratamento da pressão alta. O propranolol, também 
muito usado como anti-hipertensivo, é betabloqueador não seletivo e, 
por isso, tem maior chance de efeitos adversos, como causar bronco-
espasmos (BARBOSA; ROSITO, 2013). O betaxolol também é um an-
tagonista adrenérgico β1, utilizado para o tratamento da hipertensão 
ocular e glaucoma (LIVERTOX, 2012a).
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57
ANOTAÇÕES
58Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
3. FARMACOLOGIA DA INFLAMAÇÃO
Antes de iniciarmos, tenho uma pergunta para você: os anti-inflamató-
rios apresentam atividade anti-inflamatória, analgésica e antitérmica. 
Quais mecanismos justificam esse perfil transversal dessa classe de fár-
macos? Relaxe que teremos essas respostas juntos! Mergulha em nossa 
aula!
O processo inflamatório envolve defesa e reparo do organismo, ou seja, é 
uma resposta orgânica que tende a ser resolutiva sem auxílio de um me-
dicamento. A inflamação só deve ser combatida (usando algum anti-infla-
matório) quando as manifestações clínicas ultrapassam os limites de to-
lerância e resolutividade orgânica, podendo culminar com manifestações 
sintomáticas decorrentes da perda da função (o último sinal cardinal da 
inflamação).
O processo inflamatório pode ser dividido em agudo e crônico. A inflama-
ção aguda inicia-se rapidamente (minutos a poucos dias) e é caracteriza-
da por formação de exsudato do líquido, edema e quimioatração de leucó-
citos para o ambiente que sofreu o estímulo/lesão. A inflamação crônica, 
por sua vez, apresenta-se mais demorada e é caracterizada por conter um 
predomínio de linfócitos e macrófagos, e, se a resposta inflamatória não 
for contida, pode ocorrer necrose celular (KUMAR et al., 2010).
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) atuam na via do ácido ara-
quidônico, bloqueando as prostaglandina G/H-sintase (ciclooxigenases, 
COX). Atualmente são bem conhecidas as isoformas COX-1 e COX-2. E 
como se inicia esse processo no nível celular? Estímulos químicos e físi-
cos ativam a translocação dependente de cálcio da fosfolipase A2 (PLA2) 
citosólica até a membrana, onde a enzima hidrolisa a ligação éster dos 
fosfolipídios da membrana (GOODMAN; GILMAN, 2019; GOLAN, 2018).
59Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
Lembre-se: os fosfolípidos são lipídios de membrana constituídos a par-
tir da esterificação de duas hidroxilas do glicerol com ácidos graxos (AG), 
formando uma ligação do tipo éster. A terceira hidroxila (ligada ao C3 do 
glicerol) forma uma ligação fosfodiéster pela ligação com um fosfato. O 
AG ligado ao C2 do glicerol corresponde ao ácido araquidônico e ele é o 
AG disponibilizado pela hidrólise catalisada pela PLA2.
A PLA2, então, disponibiliza o ácido araquidônico, um ácido graxo cons-
tituinte de fosfolipídios de membrana. Faz parte desse complexo, ainda, 
uma elevação da concentração de íons cálcio no meio intracelular. O sítio 
ativo da COX é um canal hidrofóbico que se encontra associado à mem-
brana plasmática. Por isso, a disponibilização do ácido araquidônico não 
precisa ser no citosol, ocorre na própria membrana.
Figura 22 – Via do ácido araquidônico e locais de ação 
dos anti-inflamatórios
AAS, ácido acetilsalicílico; LT, leucotrieno; AINE, anti-inflamatório não esteroidal.
Fonte: Kumar et al., 2010.
60Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
O ácido araquidônico, disponibilizado, é substrato para as enzimas lipo-
xigenases (LOX) e COX. O produto gerado pela ação da LOX são os leu-
cotrienos (LT), e o LTB4 merece destaque por ser, além de inflamatório, 
broncoconstritor. A via da COX gera uma prostaglandina (PG) interme-
diária – prostaglandina H2 (PGH2) e precursora dos prostanoides (PGD2, 
PGE2, PGI2 e TXA2).
Atenção: como a via da LOX gera leucotrienos, e eles são broncoconstri-
tores, um dos tratamentos da asma envolve a utilização de antagonistas 
do receptor de leucotrienos (como montelucaste e zafirlucaste) ou inibi-
dor da LOX (zileutona).
Existem duas isoformas de COX (COX-1 e -2), e cada uma delas tem suas 
peculiaridades tanto estruturais como no contexto inflamatório. Em com-
paração com a COX-1, a isoforma 2 apresenta um canal hidrofóbico – local 
de acesso do ácido araquidônico – maior. Outras diferenças na estrutura 
das duas isoformas possibilitaram o desenvolvimento de fármacos que 
atuam seletivamente sobre a COX-2. A COX-1 é constitutiva e, portan-
to, responsável pelas respostas homeostáticas. Já a isoforma 2, normal-
mente, é expressa em condições inflamatórias, o que nos faz pensar que 
a utilização de fármacos seletivos COX-2 seria ideal para controlar a infla-
mação. Entretanto, sabe-se que a COX-2 é constitutiva, por exemplo, nos 
rins e cérebro e acaba sendo continuamente expressa no sistema cardio-
vascular (pela força de cisalhamento). Sendo assim, um bloqueio seletivo 
COX-2 pode interferir no funcionamento normal, em que sua expressão é 
constitutiva (GOLAN, 2018; GOODMAN; GILMAN, 2019).
No geral, a COX-1 é ativada por estímulos fisiológicos e está relacionada 
aos efeitos homeostáticos, como proteção gástrica, homeostasia renal e 
plaquetária. A COX-2, por sua vez, encontra-se predominantemente ex-
pressa após estímulos inflamatórios, sendo, portanto, responsável pelos 
efeitos na inflamação, como a própria resposta inflamatória, dor e febre.
61Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Farmacologia – Parte I
A inflamação ocorre, por exemplo, em resposta a uma lesão tecidual. Os 
eventos celulares relacionados ao processo inflamatório envolvem a es-
timulação de células inflamatórias, com liberação de mediadores inflama-
tórios, quimiocinas e ativação leucocitária, que levam aos sinais cardinais 
da dor: calor, rubor, edema, dor e perda da função. Entre os mediadores 
inflamatórios podemos destacar, além dos eicosanoides (prostanoides 
e leucotrienos), histamina, bradicinina, óxido nítrico e citocinas pró-infla-
matórias (interleucinas [IL] 1 beta, IL-6, TNF, quimiocinas).
• Histamina é liberada, principalmente, pela ativação e degranulação 
de mastócitos. Promove vasodilatação

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