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FARMACOTERAPIA-APLICADA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 5 
2 INTRODUÇÃO À FARMACOTERAPIA ............................................. 6 
2.1 História da Farmácia e suas atividades ....................................... 7 
2.2 Conceitos básicos em farmacoterapia......................................... 8 
3 FARMACOCINÉTICA ...................................................................... 14 
3.1 Absorção e distribuição das drogas .......................................... 15 
3.2 Processos Farmacocinéticos – ADME: Absorção, Distribuição, 
Metabolismos e Excreção. ............................................................................ 16 
3.3 Via de administração dos fármacos .......................................... 23 
4 BIOTRANSFORMAÇÃO DOS FÁRMACOS .................................... 31 
4.1 Metabolismo de fase 1 .............................................................. 32 
4.2 Metabolismo de fase 2 .............................................................. 34 
5 FARMACODINÂMICA...................................................................... 35 
5.1 Ligação fármaco–receptor ......................................................... 36 
5.2 Locais de ação dos fármacos .................................................... 37 
5.3 Relações de dose–resposta ...................................................... 38 
5.4 Interações fármaco–receptor ..................................................... 40 
6 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO ORGANISMO ....................... 48 
6.1 Compartimentos líquidos do organismo .................................... 48 
6.2 Volume de distribuição .............................................................. 50 
7 FARMACOTERAPIA NAS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES 52 
7.1 Hipertensão ............................................................................... 53 
7.2 Cardiopatia isquêmica ............................................................... 55 
7.3 Fármacos que afetam a função cardíaca .................................. 58 
7.4 Fármacos antiarrítmicos ............................................................ 58 
7.5 Fármacos que aumentam a contração do miocárdio ................ 62 
 
3 
 
7.6 Fármacos antianginosos ........................................................... 62 
8 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA VASCULAR ............................ 65 
8.1 Sistema renina-angiotensina ..................................................... 66 
8.2 Fármacos vasoativos................................................................. 68 
8.3 Fármacos vasoconstritores ....................................................... 69 
8.4 Fármacos vasodilatadores ........................................................ 70 
8.5 Vasodilatadores de ação indireta .............................................. 71 
8.6 Insuficiência cardíaca ................................................................ 74 
8.7 Hipertensão pulmonar ............................................................... 77 
9 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES 78 
9.1 Inibidores da ciclo-oxigenase .................................................... 78 
9.2 Fármacos imunossupressores .................................................. 81 
9.3 Fármacos usados em gota e hiperuricemia ............................... 84 
10 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ................. 85 
10.1 Doença pulmonar e seu tratamento ....................................... 85 
10.2 Asma brônquica ..................................................................... 85 
10.3 Doença pulmonar obstrutiva crônica ...................................... 88 
11 FARMACOTERAPIA DO RIM E DO SISTEMA URINÁRIO .......... 90 
11.1 Fármacos que atuam sobre o rim .......................................... 90 
11.2 Usos clínicos dos diuréticos de alça (p. ex., furosemida) ....... 91 
11.3 Usos clínicos dos diuréticos tiazídicos (p. ex., 
bendroflumetiazida) ...................................................................................... 91 
11.4 Usos clínicos dos diuréticos poupadores de potássio (p. ex., 
amilorida, espironolactona): .......................................................................... 91 
11.5 Fármacos usados na insuficiência renal ................................ 92 
11.6 Hipercalemia .......................................................................... 92 
12 FARMACOTERAPIA DO TRATO GASTROINTESTINAL ............ 93 
 
4 
 
12.1 Fármacos usados para inibir ou neutralizar a secreção de ácido 
gástrico 93 
12.2 Usos clínicos de agentes que afetam a acidez gástrica ......... 94 
12.3 Tratamento da infecção pelo Helicobacter pylori ................... 95 
12.4 Fármacos que protegem a mucosa ........................................ 95 
12.5 Fármacos antieméticos .......................................................... 97 
12.6 Fármacos que aumentam a motilidade gastrointestinal ......... 98 
13 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA REPRODUTOR ................... 98 
13.1 Fármacos que afetam a função reprodutora .......................... 99 
13.2 Antiestrógenos ....................................................................... 99 
13.3 Progestágenos e antiprogestágenos .................................... 100 
13.4 Usos clínicos de andrógenos e antiandrógenos ................... 100 
13.5 Fármacos utilizados para contracepção ............................... 100 
13.6 Outros esquemas de fármacos utilizados para contracepção
 101 
13.7 Fármacos que estimulam o útero ......................................... 102 
13.8 Fármacos que atuam sobre o útero ..................................... 103 
14 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA NERVOSO ......................... 104 
14.1 Fármacos analgésicos ......................................................... 104 
14.2 Analgésicos opioides ........................................................... 105 
14.3 Tratamento da dor neuropática ............................................ 110 
14.4 Usos clínicos dos analgésicos ............................................. 111 
14.5 Usos clínicos dos analgésicos (2) ........................................ 112 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 113 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 115 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – 
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida 
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta 
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma 
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 INTRODUÇÃO À FARMACOTERAPIA 
 
Fonte: farmaciaclinica2016.wordpress.com 
A compreensão da farmacoterapia tem sido conceituada como o 
conhecimento do nome do medicamento, indicação, frequência de 
administração, efeitos adversos ou instruções especiais de administração. 
(PINTO, et al, 2015 apud ASCIONE et al, 1986), e pode ser influenciadapor 
diversos fatores como aqueles relacionados aos indivíduos, à terapia, aos 
profissionais e aos serviços de saúde. (PINTO, et al, 2015 apud CECCATO et 
al, 2008). 
O conceito de farmacoterapia envolve um conjunto de princípios, 
metodologias, pesquisas clínicas como estudo do quadro clínico do paciente, 
bem como o acompanhamento de todo tipo de efeito que o fármaco possa 
causar. Ao se administrar um medicamento, espera-se que ele desenvolva um 
efeito positivo, visando a cura, prevenção, diagnóstico ou tenha ação paliativa. 
A farmacoterapia sempre assumiu um importante papel na prevenção, 
manutenção e recuperação da saúde. Entretanto, a prescrição e a utilização 
inapropriada de medicamentos vêm causando graves problemas à saúde 
coletiva, de forma que há necessidade do uso racional de medicamentos. 
 
7 
 
2.1 História da Farmácia e suas atividades 
 
Fonte: farmacolife.blogspot.com 
A origem das atividades relacionadas à farmácia se deu a partir do século 
X com as boticas ou apotecas, como eram conhecidas na época. Neste período, 
a medicina e a farmácia eram uma só profissão. 
Na Espanha e na França, a partir do século X, foram criadas as primeiras 
boticas. Esse pioneirismo, mais tarde, originaria o modelo das farmácias atuais. 
Neste período, o boticário tinha a responsabilidade de conhecer e curar 
as doenças, mas para exercer a profissão devia cumprir uma série de requisitos 
e ter local e equipamentos adequados para a preparação e armazenamento dos 
medicamentos. 
Com um grande surto de propagação da lepra, Luís XIV, entre outras 
iniciativas na área da saúde pública, ampliou o número de farmácias hospitalares 
na França. Mais adiante, no século XVIII, a profissão farmacêutica separa-se da 
médica e fica proibido ao médico ser proprietário de uma botica. Com isso, dá 
início à separação daqueles que diagnosticavam a doença e dos que misturavam 
matérias para produzir porções de cura. 
 
8 
 
2.2 Conceitos básicos em farmacoterapia 
Fármaco: Uma substância definida, com propriedades ativas, produzindo 
efeito terapêutico 
Droga: Qualquer substância que interaja com o organismo produzindo 
algum efeito. 
 Medicamento: É uma droga utilizada com fins terapêuticos ou de 
diagnóstico. Muitas substâncias podem ser consideradas medicamentos ou não, 
depende da finalidade com que foram usadas. 
Por exemplo: A vitamina C se for obtida por meio dos alimentos é 
considerada um nutriente, mas se for administrada na forma pura para correção 
de estados carenciais ou como estimulante das defesas orgânicas é definida 
como um medicamento 
Remédio: substância animal, vegetal, mineral ou sintética; procedimento 
(ginástica, massagem, acupuntura, banhos; fé ou crença, influência) com 
intenção benéfica. 
Placebo: tudo que é feito com intenção benéfica para aliviar sofrimento: 
fármaco/medicamento/droga/remédio (em concentração pequena ou mesmo na 
sua ausência), a figura do médico, curandeiro. 
Nocebo: efeito placebo negativo. O “medicamento” piora a saúde. 
Insumo farmacêutico ativo (IFA): De acordo com a ANVISA (2019): 
É uma substância química ativa, fármaco, droga ou matéria-
prima que tenha propriedades farmacológicas com finalidade 
medicamentosa, utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, 
empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados 
patológicos, em benefício da pessoa na qual se administra. 
 
Princípio Biológico Ativo: Segundo a ANVISA (2019): 
É a substância com efeito farmacológico para a atividade 
terapêutica pretendida, utilizada na produção de determinado produto 
biológico. Substância de estrutura química definida ou não, de origem 
biológica, com efeito farmacológico para a atividade terapêutica 
pretendida, utilizada na produção de determinado produto biológico. 
 
Biodisponibilidade: Segundo a ANVISA (2019) “Indica a velocidade e a 
extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir 
 
9 
 
de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na 
urina. ” 
Bioequivalência: De acordo com a ANVISA (2019): 
Consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre 
produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo 
idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio (s) ativo (s), 
e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob 
um mesmo desenho experimental. 
 
Denominação Comum Internacional (DCI): De acordo com a ANVISA 
(2019) “Denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo 
recomendada pela Organização Mundial de Saúde. ” 
 
Definições de tipos de medicamentos, segundo a ANVISA (2019): 
Medicamento 
anti-homotóxico 
São medicamentos dinamizados preparados com base nos fundamentos da 
homeopatia e homotoxicologia, cujos métodos de preparação e controle devem 
seguir obrigatoriamente os métodos oficiais descritos na Farmacopeia 
Homeopática Alemã, edição em vigor, ou outras farmacopeias homeopáticas e 
compêndios oficiais, reconhecidos pela Anvisa; cuja fórmula é constituída por 
substâncias de comprovada ação terapêutica, descrita nas matérias médicas 
homeopáticas ou anti-homotóxicas, reconhecidos pela Anvisa, estudos clínicos, 
ou revistas científicas. 
Medicamento 
Genérico 
É o medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que pretende 
ser com esse intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia 
da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua 
eficácia, segurança e qualidade e denominado pela DCB ou, na sua ausência, 
pela DCI (Lei 9787/1999). 
Medicamento 
Antroposófico 
São medicamentos dinamizados preparados com base nos fundamentos da 
antroposofia, cujos métodos de preparação e controle constam nas 
Farmacopeias Homeopáticas e Código Farmacêutico Antroposófico ou 
compêndios oficiais reconhecidos pela Anvisa, com comprovada a indicação 
terapêutica descrita nas matérias médicas homeopáticas ou nos compêndios 
antroposóficos oficiais reconhecidos pela Anvisa, estudos clínicos, ou revistas 
científicas. 
Medicamento 
Biológico 
Os medicamentos biológicos são moléculas complexas de alto peso molecular 
obtidas a partir de fluidos biológicos, tecidos de origem animal ou procedimentos 
 
10 
 
biotecnológicos por meio de manipulação ou inserção de outro material genético 
(tecnologia do DNA recombinante) ou alteração dos genes que ocorre devido à 
irradiação, produtos químicos ou seleção forçada. Devido ao fato de muitos 
produtos poderem ser classificados como biológicos, tornou-se essencial 
estabelecer os limites de abrangência da norma que regulamenta o registro 
desses medicamentos a fim de que as particularidades de cada categoria 
pudessem ser melhor avaliadas e especificadas na legislação. Atualmente, a 
legislação de registro de medicamento biológicos abrange sete categorias de 
produtos, as quais são listadas a seguir: 
Alérgenos: são substâncias, geralmente de origem proteica, existentes 
em animais ou vegetais que podem induzir uma resposta IgE e/ou uma reação 
alérgica do tipo I; 
Anticorpos monoclonais: são imunoglobulinas derivadas de um mesmo 
clone de linfócito B, cuja clonagem e propagação efetuam-se em linhas de células 
contínuas; 
Biomedicamentos: são medicamentos obtidos a partir de fluidos 
biológicos ou de tecidos de origem animal ou medicamentos obtidos por 
procedimentos biotecnológicos; 
Hemoderivados: são produtos farmacêuticos obtidos a partir do plasma 
humano, submetidos a processos de industrialização e normatização que lhes 
conferem qualidade, estabilidade, atividade e especificidade; 
Probióticos: são preparações ou que contêm microrganismos definidos 
e viáveis em quantidade suficiente para alterar a microbiota, por implantação ou 
colonização, de um compartimento do hospedeiro e, assim, exercer efeito 
benéfico sobre a saúde desse hospedeiro; 
Vacinas: são medicamentos imunobiológicos quecontêm uma ou mais 
substâncias antigênicas que, quando inoculadas, são capazes de induzir 
imunidade específica ativa a fim de proteger contra, reduzir a severidade ou 
combater a (s) doença (s) causada (s) pelo agente que originou o (s) antígeno 
(s). 
Medicamento 
dinamizado 
Medicamento preparado a partir de substâncias que são submetidas a triturações 
sucessivas ou diluições seguidas de sucussão, ou outra forma de agitação 
ritmada, com finalidade preventiva ou curativa a serem administrados conforme 
a terapêutica homeopática, homotoxicológica ou antroposófica. O registro de 
medicamentos dinamizados é regulamentado pela RDC 26/2007. 
 
11 
 
Medicamento 
dinamizado 
Medicamento preparado a partir de substâncias que são submetidas a triturações 
sucessivas ou diluições seguidas de sucussão, ou outra forma de agitação 
ritmada, com finalidade preventiva ou curativa a serem administrados conforme 
a terapêutica homeopática, homotoxicológica ou antroposófica. O registro de 
medicamentos dinamizados é regulamentado pela RDC 26/2007. 
Medicamento 
específico 
São considerados medicamentos específicos os produtos farmacêuticos, 
tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa ou 
paliativa não enquadrados nas categorias de medicamento novo, genérico, 
similar, biológico, fitoterápico ou notificado e cuja (s) substância (s) ativa (s), 
independente da natureza ou origem, não é passível de ensaio de 
bioequivalência, frente a um produto comparador. 
Medicamento 
Fitoterápico 
São aqueles obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. 
Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição 
substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas 
com extratos vegetais. Os medicamentos fitoterápicos, assim como todos os 
medicamentos, são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de 
seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. A 
eficácia e a segurança devem ser validadas através de levantamentos 
etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas em 
bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e 
toxicológicos pré-clínicos e clínicos. A qualidade deve ser alcançada mediante o 
controle das matérias-primas, do produto acabado, materiais de embalagem e 
estudos de estabilidade. 
Medicamento 
genérico 
É aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma 
farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e 
indicação terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e 
segurança equivalentes à do medicamento de referência podendo, com este, ser 
intercambiável. A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do 
medicamento de referência pelo seu genérico, é assegurada por testes de 
equivalência terapêutica, que incluem comparação in vitro, através dos estudos 
de equivalência farmacêutica e in vivo, com os estudos de bioequivalência 
apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os medicamentos 
genéricos podem ser identificados pela tarja amarela na qual se lê "Medicamento 
Genérico". Além disso, deve constar na embalagem a frase “Medicamento 
Genérico Lei nº 9.787/99”. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na 
embalagem é o princípio ativo do medicamento. 
 
12 
 
Medicamento 
novo 
O termo “medicamento novo”, sem outra adjetivação, é, na prática, utilizado para 
se referir a medicamentos novos com princípios ativos sintéticos e 
semissintéticos, associados ou não. Quando se utiliza o termo “medicamento 
novo” sem outro complemento não se está referindo, portanto, a produtos 
biológicos, fitoterápicos, homeopáticos, medicamentos ditos “específicos”, 
medicamentos isentos de registro, e nem tampouco a cópias (genéricos e 
similares). 
Medicamento de 
Referência 
É um produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela vigilância 
sanitária e comercializado no País cuja eficácia, segurança e qualidade foram 
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do 
registro, conforme a definição do inciso XXII, artigo 3º, da Lei n. 6.360, de 1976 
(com redação dada pela Lei nº 9.787 de 10 de fevereiro de 1999). A empresa 
interessada em registrar medicamentos genéricos e/ou similares deverá utilizar 
obrigatoriamente o medicamento de referência constante nas listas vigentes 
disponíveis nesta página (lista A e lista B) de acordo com os requisitos específicos 
da RDC 35 de 15/06/2012, que dispõe sobre os critérios de indicação, inclusão e 
exclusão de medicamentos na Lista de Medicamentos de Referência 
Medicamento 
similar 
É aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta 
mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e 
indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão 
federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em 
características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, 
embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado 
por nome comercial ou marca. 
Medicamento 
similar único do 
mercado 
É aquele registrado como medicamento similar junto a Anvisa e é o único 
comercializado no momento da solicitação da indicação do medicamento de 
referência. Este medicamento NÃO poderá ser considerado medicamento de 
referência até que a empresa detentora do registro atenda o artigo 6 da 
Resolução - RDC nº 134 de 29 de maio de 2003, conforme o texto a seguir: "Art. 
6º Por ocasião da primeira renovação após a publicação desta Resolução, os 
detentores de registros de medicamentos enquadrados como similares, únicos 
no mercado (exceto os produtos que hoje estão registrados como novos e os já 
definidos como referência), cujo vencimento dá-se após 1 de dezembro de 2004, 
devem apresentar sob forma de complementação de informação: 
I - No caso de princípios ativos isolados, relatório de ensaios clínicos para 
comprovar a eficácia terapêutica ou dados de literatura que comprovem eficácia 
 
13 
 
e segurança através de estudos clínicos publicados em revistas indexadas 
(Medline, Chemical Abstracts, Biosis, International Pharmaceutical Abstracts ou 
Biological Abstratcts). 
II - No caso de associações medicamentosas de produtos sintéticos ou 
semissintéticos, ou duas ou mais apresentações em uma mesma embalagem 
para uso concomitante ou sequencial, além da comprovação de eficácia por 
princípio ativo ou da associação, o proponente deve apresentar: 
a) estudos de biodisponibilidade relativa entre os princípios ativos 
associados e cada princípio ativo isolado que garantam que a absorção e 
distribuição dos princípios ativos em associação não são afetadas. Não sendo 
possível, enviar a biodisponibilidade de cada princípio ativo isolado. 
b) racionalidade da associação. 
c) estudos que demonstrem que a associação previne o advento de 
resistência microbiana quando se tratar de antibióticos. 
§ Único O enquadramento dos produtos conforme o caput deste artigo dá 
direito a não apresentar testes de equivalência farmacêutica e biodisponibilidade 
relativa neste momento, e ter destaque no Compêndio de Bulas de Medicamentos 
da Anvisa". 
Medicamentos 
de Notificação 
Simplificada – 
Baixo Risco 
Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa ou paliativa na qual existe baixo risco de que seu 
uso ou exposição possa causar consequências e ou agravos à 
saúde quando observadas todas as características de uso e de qualidade 
descritas no Anexo I da RDC 199/06. 
Fonte: ANVISA, 2019 
 
14 
 
3 FARMACOCINÉTICA 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A farmacocinética estuda o caminho percorrido pelo medicamento no 
organismo, desde a sua administração até a sua eliminação. Pode ser definida, 
de forma mais exata, como o estudoquantitativo dos processos de absorção, 
distribuição, biotransformação e eliminação dos fármacos ou dos seus 
metabólitos. O fármaco não cria ações no organismo, ele atua aumentando ou 
diminuindo o metabolismo em determinada situação. 
Existem conceitos básicos na farmacocinética cuja compreensão é 
fundamental para a utilização dos medicamentos. O primeiro deles refere-se ao 
que é chamado de biodisponibilidade: a quantidade de uma substância que, 
introduzida no organismo, ganha a circulação e, portanto, torna-se disponível 
para exercer sua atuação terapêutica. 
Com a via intravenosa a biodisponibilidade é de 100%, pois toda 
substância alcança a corrente circulatória. Mas no caso da via oral (ou outra via 
que não a intravenosa), a absorção nunca é total e, portanto, a substância não 
ficará 100% disponível, pois é certo que parte não conseguirá chegar à corrente 
sanguínea. 
Boas, et al (2004), ilustra a farmacocinética, com o seguinte exemplo: 
A ação de um comprimido de diclofenaco (Cataflam): 
 
15 
 
Cinética: Ele é desintegrado pelo estômago, absorvido pelo 
intestino vai para a corrente sanguínea onde é transportado até o local 
da inflamação. 
Dinâmica: Lá o diclofenaco atua inibindo a atividade da 
ciclooxigenase e consequentemente diminui a produção de 
prostaglandinas as quais, por serem vasodilatadores potentes, 
aumentam a permeabilidade vascular e causam as reações 
inflamatórias, ou seja, o diclofenaco diminui a produção de 
prostaglandinas e a inflamação. 
Cinética: Depois de exercer sua função o diclofenaco é 
metabolizado pelo fígado e depois eliminado pelos rins. 
3.1 Absorção e distribuição das drogas 
A absorção é definida como a passagem de um fármaco de seu local de 
administração para o plasma. A absorção deve ser considerada para todas as 
vias de administração exceto para a endovenosa. 
Há casos, como a inalação de um aerossol, ou para aplicação tópica, em 
que a absorção não é necessária para a ação do fármaco, mas para grande 
maioria, só ocorre ação farmacológica se houver absorção. Dessa forma, a via 
de administração é um fator importante na ação terapêutica do fármaco. 
Todos os fármacos devem satisfazer certas exigências mínimas para ter 
efetividade clínica. Um fármaco, para ser bem-sucedido, deve ser capaz de 
atravessar as barreiras fisiológicas que existem no corpo para limitar o acesso 
das substâncias estranhas. 
A absorção dos fármacos pode ocorrer através de vários mecanismos 
desenvolvidos para explorar ou romper essas barreiras. Uma vez absorvido, o 
fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo, como os vasos 
sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo numa 
concentração apropriada. 
A capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo também é limitada por 
diversos processos que ocorrem no paciente. Esses processos são amplamente 
divididos em duas categorias: o metabolismo, em que o organismo inativa o 
fármaco através de degradação enzimática (primariamente no fígado), e a 
excreção, em que o fármaco é eliminado do corpo (principalmente pelos rins e 
pelo fígado, bem como pelas fezes). 
 
16 
 
 
Fonte: Unifesp 
3.2 Processos Farmacocinéticos – ADME: Absorção, Distribuição, 
Metabolismos e Excreção. 
1) Absorção 
O corpo humano desenvolveu obstáculos excepcionais aos 
microrganismos que procuram invadi-lo. A pele, com sua camada externa 
queratinizada e as defensinas encontradas em seu epitélio, representa uma 
superfície inóspita para invasão. 
Segundo Golan et al, 2014: 
As membranas mucosas, apesar de terem um ponto de 
penetração mais fácil, também apresentam numerosos mecanismos 
de defesa inespecíficos, incluindo a depuração mucociliar na traqueia, 
a secreção de lisozima dos ductos lacrimais, o ácido no estômago e a 
base no duodeno. 
Esses mecanismos inespecíficos também precisam ser 
superados pelos fármacos, ou a quantidade do fármaco disponível para 
determinado órgão alvo, designada como biodisponibilidade do 
fármaco (também conhecida como fração absorvida), nunca será alta 
o suficiente para que o fármaco seja eficaz. 
 
 A via de administração do fármaco, a sua forma química e certos fatores 
específicos do paciente — como transportadores e enzimas gastrintestinais e 
 
17 
 
hepáticos — combinam-se para determinar a biodisponibilidade de um fármaco. 
Em termos quantitativos, a biodisponibilidade é definida da seguinte maneira: 
 
 Quantidade de fármaco que alcança 
a circulação sistêmica 
Biodisponibilidade: ––––––––––––––––––––––––––––––––– 
Quantidade de fármaco 
administrado 
 
Golan et al (2014), diz que “essa definição de biodisponibilidade se baseia 
no fato importante de que a maioria dos fármacos alcança seus locais de ação 
moleculares e celulares diretamente a partir da circulação sistêmica. ” 
 
Relação representativa entre concentração plasmática e tempo após uma 
dose oral única de um medicamento hipotético: 
 
 
 
Fonte: msdmanuals.com 
 Os fármacos de administração intravenosa são injetados diretamente na 
circulação sistêmica; para esses fármacos, a quantidade administrada equivale 
à quantidade que alcança a circulação sistêmica, e a sua biodisponibilidade é, 
por definição, igual a 1,0. 
 
18 
 
Em contrapartida, a absorção gastrintestinal incompleta e o metabolismo 
hepático de “primeira passagem” tipicamente fazem com que a 
biodisponibilidade de um fármaco de administração oral seja menor que 1,0. 
 
2) Distribuição 
Embora a absorção do fármaco constitua um pré-requisito para atingir 
níveis plasmáticos adequados desse fármaco, ele também precisa alcançar seu 
órgão ou órgãos-alvo em concentrações terapêuticas para exercer o efeito 
desejado sobre determinado processo fisiopatológico. 
A distribuição de um fármaco ocorre primariamente através do sistema 
circulatório, enquanto o sistema linfático contribui com um componente menor. 
Uma vez absorvido na circulação sistêmica, o fármaco é então capaz de alcançar 
qualquer órgão-alvo (com a possível exceção dos compartimentos santuários, 
como o cérebro e os testículos). 
A concentração do fármaco no plasma é frequentemente utilizada para 
definir os níveis terapêuticos do fármaco e monitorá-los, visto que é difícil medir 
a quantidade de fármaco que é realmente captada pelo órgão-alvo. Em alguns 
casos, a concentração plasmática de um fármaco pode representar uma medida 
relativamente precária de sua verdadeira concentração tecidual. Entretanto, na 
maioria dos casos, o efeito do fármaco no tecido-alvo correlaciona-se bem com 
a sua concentração plasmática. 
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de 
captar diferentes fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo 
sistêmico que recebem. 
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de 
captar diferentes fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo 
sistêmico que recebem. As forças que governam a distribuição de um fármaco 
entre os diversos tecidos e compartimentos afetam enormemente a 
concentração do fármaco no plasma. 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Distribuição dos Fármacos em Diferentes compartimentos corporais: 
COMPARTIMENTOS EXEMPLOS 
Água corporal total Pequenas moléculas hidrossolúveis (por 
exemplo, etanol) 
Água extracelular Moléculas hidrossolúveis maiores (por 
exemplo, manitol) 
Plasma sanguíneo Moléculas altamente ligadas às proteínas 
plasmáticas, moléculas muito grandes, 
moléculas altamente carregadas (por 
exemplo, heparina) 
Gordura Moléculas altamente lipossolúveis (por 
exemplo, diazepam) 
Osso e dentes Certos íons (por exemplo, fluoreto, estrôncio) 
Fonte: Golan et al 
O fluxo sanguíneo também varia acentuadamente entre diferentes 
sistemas de órgãos, e os que recebem o maior fluxo são o fígado, os rins e o 
cérebro (SNC). 
 
Fluxo Sanguíneo Tecidual Total e Normalizado para Peso no Adulto 
ÓRGÃOPERFUNDIDO 
FLUXO 
SANGUÍNEO 
(mL/min) 
MASSA DO 
ÓRGÃO 
(kg) 
FLUXO SANGUÍNEO 
NORMALIZADO 
(mL/min/kg) 
Fígado 1.700 2,5 680 
Rins 1.000 0,3 3.333 
Cérebro 800 1,3 615 
Coração 250 0,3 833 
Gordura 250 10,0 25 
Outros (músculo, 
etc.) 
1.400 55,6 25 
Total 5.400 70,0 - 
 Fonte: Golan et al 
 
20 
 
 
Fonte: docplayer.com.br 
Esses fatores cinéticos determinam a quantidade de fármaco que precisa 
ser administrada para atingir a concentração desejada do fármaco dentro do 
compartimento vascular. 
A capacidade dos tecidos não-vasculares e das proteínas plasmáticas de 
captar e/ou de ligar-se ao fármaco contribui para a complexidade dos esquemas 
de dosagem e também deve ser considerada para alcançar níveis terapêuticos 
do fármaco. 
 
3) Metabolismo 
Diversos órgãos têm a capacidade de metabolizar em certo grau os 
fármacos através de reações enzimáticas rins, o trato gastrintestinal, os pulmões, 
a pele e outros órgãos contribuem para o metabolismo sistêmico dos fármacos. 
Entretanto, o fígado é que contém a maior diversidade e quantidade de enzimas 
metabólicas, de modo que a maior parte do metabolismo dos fármacos ocorre 
nesse órgão. A capacidade do fígado de modificar os fármacos depende da 
quantidade de fármaco que penetra nos hepatócitos. 
Em geral, os fármacos altamente lipofílicos podem penetrar mais 
facilmente nas células (inclusive nos hepatócitos). Em consequência, o fígado 
metaboliza preferencialmente os fármacos hidrofóbicos. Entretanto, o fígado 
também o fígado também contém numerosos transportadores da superfamília 
do SNC, que também permitem a entrada de alguns fármacos hidrofílicos nos 
 
21 
 
hepatócitos contém numerosos transportadores da superfamília do SNC, que 
também permitem a entrada de alguns fármacos hidrofílicos nos hepatócitos. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
As enzimas hepáticas têm a propriedade de modificar quimicamente uma 
variedade de substituintes nas moléculas dos fármacos, tornando os fármacos 
inativos ou facilitando a sua eliminação. Essas modificações são designadas, 
em seu conjunto, como biotransformação. As reações de biotransformação são 
classificadas em dois tipos: as reações de oxidação/redução e as reações de 
conjugação/hidrólise. 
 
Fonte: slideshare.net 
 
22 
 
Reações de oxidação/redução: As reações de oxidação/redução 
modificam a estrutura química de um fármaco através de oxidação ou redução. 
O fígado possui enzimas que facilitam cada uma dessas reações. 
Reações de conjugação/hidrólise: As reações de conjugação/hidrólise 
hidrolisam um fármaco ou conjugam o fármaco com uma molécula grande e polar 
para inativar o fármaco ou, mais comumente, para aumentar a sua solubilidade 
e excreção na urina ou na bile. Em certas ocasiões, a hidrólise ou a conjugação 
podem resultar em ativação metabólica de pró-fármacos. Os grupos mais 
comumente adicionados incluem glicuronato, sulfato, glutationa e acetato. 
 
4) Excreção 
As reações de oxidação/redução e de conjugação/hidrólise aumentam a 
hidrofilicidade de um fármaco hidrofóbico e seus metabólitos, permitindo que 
esses fármacos sejam excretados através de uma via comum final com fármacos 
que são intrinsecamente hidrofílicos. 
Os fármacos e seus metabólitos são, em sua maioria, eliminados do corpo 
através de excreção renal e biliar. A excreção renal constitui o mecanismo mais 
comum de excreção de fármacos e baseia-se na natureza hidrofílica de um 
fármaco ou seu metabólito. Apenas um número relativamente pequeno de 
fármacos é excretado primariamente na bile. 
Muitos fármacos de administração oral sofrem absorção incompleta pelo 
trato gastrintestinal superior, e o fármaco residual é então eliminado por excreção 
fecal. De outro modo, os fármacos podem ser excretados em quantidades 
mínimas através das vias respiratória e dérmica. 
Excreção Renal: O fluxo sanguíneo renal representa cerca de 25% do 
fluxo sanguíneo sistêmico total, assegurando uma contínua exposição de 
qualquer fármaco presente no sangue aos rins. A taxa de eliminação dos 
fármacos através dos rins depende do equilíbrio das taxas de filtração, secreção 
e reabsorção de um fármaco. 
Excreção Biliar: A reabsorção de fármacos também desempenha um 
importante papel na excreção biliar. Alguns fármacos são secretados pelo fígado 
na bile por intermédio de membros da família de transportadores do conjunto de 
ligação do ATP (ABC, ATP binding cassette), que inclui sete famílias de 
 
23 
 
proteínas, como a família de resistência a múltiplos fármacos (MDR, multidrug 
resistance). 
 
 
Fonte: UFF 
Como o ducto biliar desemboca no trato gastrintestinal no duodeno, esses 
fármacos devem passar por toda a extensão do intestino delgado e do intestino 
grosso antes de serem eliminados. Em muitos casos, esses fármacos sofrem 
circulação êntero-hepática, em que são reabsorvidos no intestino delgado e 
subsequentemente retidos na circulação porta e, a seguir, na circulação 
sistêmica. Certos fármacos, como os hormônios esteróides, a digoxina e alguns 
agentes quimioterápicos para o câncer, são excretados, em grande parte, na 
bile. 
3.3 Via de administração dos fármacos 
Cada fármaco novo é planejado e testado em uma forma posológica que 
é administrada por via específica. As vias de administração são escolhidas para 
que o fármaco seja capaz de atravessar as barreiras apresentadas pelo corpo, 
tirando frequentemente proveito das moléculas de transporte e de outros 
mecanismos que permitem a entrada do fármaco nos tecidos corporais. 
 
24 
 
VIA VANTAGENS DESVANTAGENS 
Enteral (por exemplo, 
aspirina) 
Simples, de baixo custo, 
conveniente, indolor e sem 
nenhuma infecção 
O fármaco exposto ao 
ambiente GI rigoroso e ao 
metabolismo de primeira 
passagem requer 
absorção GI, liberação 
lenta no local de ação 
farmacológica 
Parenteral (por exemplo, 
morfina) 
Rápida liberação no local 
de ação farmacológica, 
alta biodisponibilidade e 
não sujeito a metabolismo 
de primeira passagem ou a 
um ambiente GI rigoroso 
Irreversível, infecção, dor, 
medo, é necessário 
um pessoal médico 
experiente 
Membrana mucosa (por 
exemplo, 
beclometasona) 
Rápida liberação no local 
de ação farmacológica, 
não sujeita ao 
metabolismo de primeira 
passagem ou a ambientes 
inóspitos do trato GI, 
frequentemente indolor, 
simples e conveniente, 
baixa taxa de infecção e 
possibilidade de liberação 
direta nos tecidos afetados 
(por exemplo, pulmão) 
Existem poucos fármacos 
disponíveis para 
administração por essa via 
Transdérmica (por 
exemplo, nicotina) 
Simples, conveniente, 
indolor, excelente para 
administração contínua ou 
prolongada, não sujeita ao 
metabolismo de primeira 
passagem ou a ambientes 
inóspitos do trato GI 
Exige um fármaco 
altamente lipofílico, 
liberação lenta no local de 
ação farmacológica; 
pode ser irritante 
Fonte: Golan et al 
 
25 
 
 
Fonte: editorasanar.com.br 
Enteral 
A administração enteral de um fármaco ou administração por via oral 
constitui a mais simples das vias de administração de fármacos. As drogas 
administradas por via oral podem exercer um efeito local no trato gastrointestinal 
ou ser absorvidas pela mucosa gastrointestinal, atingindo o sangue ou a linfa e 
exercendo efeitos sistêmicos. A absorção das drogas, por via oral, pode ocorrer 
na boca (mucosa bucal e sublingual), no intestino delgado, no reto e, em menor 
extensão, no estômago e no intestino grosso. (SILVA, PENILDON, 2010 apud 
AMIDON, 2000). 
Um fármaco administrado por via oral deve permanecer estável durante a 
sua absorção pelo epitélio do trato gastrintestinal. As junções das células 
epiteliais gastrintestinais dificultam o transporte paracelular através do epitélio 
intacto. As substâncias ingeridas (como os fármacos) devem habitualmente 
atravessar a membrana celular tanto na superfície apical quanto na superfície 
basal para alcançaro sangue circulante. A eficiência desse processo é 
determinada pelo tamanho e pela hidrofobicidade do fármaco e, algumas vezes, 
 
26 
 
pela presença de carreadores por intermédio dos quais o fármaco pode entrar 
na célula e/ou sair dela. 
Após atravessar o epitélio gastrintestinal, os fármacos são transportados 
pelo sistema porta até o fígado antes de passar para a circulação sistêmica. 
Embora a circulação porta tenha como função proteger o corpo dos efeitos 
sistêmicos de toxinas ingeridas, entregando essas substâncias ao fígado para 
destoxificação, esse sistema pode complicar a liberação de fármacos. 
Todos os fármacos administrados por via oral estão sujeitos ao 
metabolismo de primeira passagem no fígado. Nesse processo, as enzimas 
hepáticas podem inativar uma fração do fármaco ingerido. Qualquer fármaco que 
sofra metabolismo de primeira passagem significativo precisa ser administrado 
em quantidade suficiente para assegurar a presença de uma concentração 
efetiva do fármaco ativo na circulação sistêmica, a partir da qual pode alcançar 
o órgão-alvo. As vias não-enterais de administração de fármacos não estão 
sujeitas ao metabolismo hepático de primeira passagem. 
Administração sublingual: É necessária uma resposta rápida, uma vez 
que a região sublingual é extremamente irrigada e conectada aos vasos de bom 
calibre, especialmente se o fármaco é instável ao pH gástrico ou é metabolizado 
rapidamente pelo fígado. 
 
Fonte: slideshare.net 
 
 
 
27 
 
Parenteral 
A administração parenteral de fármacos, que consiste na introdução direta 
de um fármaco através das barreiras de defesa do corpo, na circulação sistêmica 
ou em algum outro espaço tecidual, supera imediatamente as barreiras capazes 
de limitar a eficiência dos fármacos administrados por via oral. Ela também 
significa a injeção de drogas diretamente num compartimento ou cavidade do 
corpo, a fim de evitar os obstáculos da pele e das mucosas. 
 
Fonte: slideshare.net 
Os fármacos podem ser administrados por via parenteral no tecido 
vascularizado ou injetados diretamente no sangue ou no líquido 
cefalorraquidiano. 
A administração tecidual resulta numa velocidade de início de ação do 
fármaco que difere entre os vários tecidos do corpo, dependendo da taxa de fluxo 
sanguíneo para o tecido. A administração subcutânea (SC) de um fármaco no 
tecido adiposo pouco vascularizado resulta em início de ação mais lento do que 
a sua injeção em espaços intramusculares (IM) bem vascularizados. Os 
fármacos que são apenas solúveis em soluções à base de óleo são 
frequentemente administrados por via intramuscular. A introdução direta do 
fármaco na circulação venosa (via intravenosa - IV) ou arterial (intra-arterial - IA) 
ou no líquido cefalorraquidiano (intratecal - IT) faz com que o fármaco alcance 
mais rapidamente o seu órgão-alvo. 
 
28 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Segundo Silva, Penilson (2010): 
Para as drogas administradas por via intravenosa, usa-se 
comumente a veia basílica ou cefálica do antebraço. A intensidade e 
duração da atividade da droga dependem da dose administrada, do 
grau de ligação da droga às proteínas plasmáticas, da extensão da 
distribuição da droga em todo o corpo e da taxa de eliminação pelo 
metabolismo e/ou excreção. A infusão intravenosa é comumente 
usada com drogas que possuem meias-vidas curtas de eliminação 
 
Tipicamente, a injeção intravenosa não é limitada na quantidade de 
fármaco que pode ser liberada, como podem sê-lo as injeções subcutâneas e 
intramusculares. As infusões intravenosas contínuas também têm a vantagem 
de uma liberação controlada do fármaco, de modo que a dose do fármaco 
administrado pode ser ajustada a qualquer momento. 
 
Membrana Mucosa 
Embora a estrutura e composição heterogênea da pele representem uma 
barreira eficaz à passagem de substâncias, podem-se aplicar drogas, em 
diferentes formas farmacêuticas, que produzem efeitos locais ou sistêmicos. 
 
29 
 
 Excetuando-se as drogas usadas pelos seus efeitos tópicos superficiais 
(óxido de zinco, enxofre, por exemplo), as drogas aplicadas sobre a pele devem 
penetrar a camada apropriada da pele para produzir os efeitos terapêuticos 
desejados. 
De acordo com Silva, Penilson (2010): 
Das três principais camadas da pele (estrato córneo, epiderme 
e derme), a barreira principal à absorção de drogas é o estrato córneo, 
que é uma camada externa densa e queratinizada. A variação regional 
na permeabilidade da pele às drogas se deve a diferenças na estrutura 
e espessura do estrato córneo. 
 
A administração de fármacos através de membranas mucosas pode 
proporcionar potencialmente uma rápida absorção, baixa incidência de infecção 
e conveniência de sua administração, além de evitar o ambiente gastrintestinal 
inóspito e o metabolismo de primeira passagem. Os epitélios sublinguais, ocular, 
pulmonar, nasal, retal, urinário, foram todos utilizados para administração de 
fármacos na forma de gotas líquidas, comprimidos de rápida dissolução, 
aerossóis e supositórios (entre outras formas posológicas). 
Golan (2014), diz: 
As mucosas são muito vasculares, permitindo ao fármaco 
penetrar rapidamente na circulação sistêmica e alcançar o seu órgão-
alvo com tempo mínimo. Os fármacos também podem ser 
administrados diretamente no órgão-alvo, resultando em seu início de 
ação praticamente instantâneo. Esse aspecto constitui uma vantagem 
em situações críticas, como a asma aguda, em que certos fármacos, 
como os agonistas β-adrenérgicos, são administrados diretamente nas 
vias aéreas por aerossóis. 
Transdérmica 
Um grupo limitado de fármacos apresenta lipofilicidade alta o suficiente 
para que a sua difusão passiva através da pele proporcione uma via de 
administração viável. Os fármacos administrados por via transcutânea são 
absorvidos a partir da pele e dos tecidos subcutâneos diretamente no sangue. 
Essa via de administração é ideal para um fármaco que precisa ser administrado 
lentamente e de modo contínuo por um longo período. 
Os alvos para as drogas aplicadas à pele pelos seus efe1tos loca1s são 
a superfície da pele, o estrato córneo, a epiderme viável, a derme e os anexos, 
 
30 
 
isto é, unhas, glândulas sudoríparas e sebáceas e folículos pilosos. A presença 
de uma rede vascular eficiente na derme permite que as drogas que atravessam 
o estrato córneo e a epiderme sejam prontamente absorvidas, produzindo efeitos 
sistêmicos. 
Silva e Penilson(2010), esclarecem: 
A taxa de liberação do sistema de administração transdérmica 
permanece constante enquanto se mantém o gradiente de difusão 
entre o sistema e a pele. A difusão da droga é iniciada logo que se 
aplica o sistema à pele. Após saturação dos locais de ligação constante 
da droga, estabelecem-se concentrações plasmáticas 
terapeuticamente ativas. Após a remoção do emplastro transdérmico, 
as concentrações plasmáticas decrescem em taxa determinada pela 
meia-vida da droga. A quantidade da droga no reservatório determina 
a duração da ação. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Fatores locais que afetam a absorção 
A velocidade e a extensão de absorção de um fármaco são afetadas por 
diversos fatores que são específicos à situação do tratamento. Em geral, uma 
dose mais alta e/ou administrada mais rapidamente resulta em maior aumento 
na concentração local do fármaco. Isso aumenta a tendência do fármaco a sofrer 
difusão através das membranas ou no sangue, com consequente diminuição na 
concentração local do fármaco. 
 
31 
 
Por conseguinte, os fatores que aumentam a velocidade de distribuição 
do fármaco distante de seu local de administração diminuem a probabilidade de 
que a concentração do fármaco alcance um equilíbrio entre as membranas 
biológicas. 
O fluxo sanguíneo regional possui o maior efeito nesse aspecto; em uma 
região altamente perfundida, as moléculas do fármaco que penetram nesse 
compartimento são rapidamenteremovidas. Esse efeito mantém a concentração 
do fármaco em baixos níveis no compartimento, permitindo que a força 
propulsora para a entrada de novas moléculas do fármaco no compartimento 
permaneça alta. 
4 BIOTRANSFORMAÇÃO DOS FÁRMACOS 
A maioria das drogas é metabolizada antes da catabolização no 
organismo. Após as reações de metabolização, todos os compostos formados 
tendem a ser mais hidrossolúveis e com menor atividade biológica. As reações 
de metabolização das drogas foram classificadas em duas categorias com 
processos de fases 1 e 2. 
 Os processos de fase 1: envolvem oxidação, redução e hidrólise. Essas 
reações fornecem um grupo funcional que aumenta a polaridade da droga, 
e um sítio que é utilizado em reações para o metabolismo de fase 2. Nessa 
fase ocorre conversão do fármaco original em um metabólito mais polar 
através de oxidação, redução ou hidrólise. O metabólito resultante pode ser 
farmacologicamente inativo, menos ativo ou, às vezes, mais ativo que a 
molécula original. Quando o próprio metabólito é a forma ativa, o composto 
original é denominado pró-droga (p. ex. enalapril). Assim, as pró-drogas 
são compostos químicos convertidos em substâncias farmacologicamente 
ativas após a biotransformação. 
 Os processos de fase 2: envolvem a conjugação ou reações sintéticas em 
que um grupamento químico grande é ligado à molécula. Isto também 
aumenta a solubilidade em água e facilita a excreção do metabólito. Deve-
se ressaltar que um mesmo fármaco pode sofrer várias vias de 
metabolização no organismo, e que não necessariamente ambas as fases 
 
32 
 
ou na ordem que elas se apresentam. As enzimas que metabolizam as 
drogas apresentam uma multiplicidade de formas e diferenças inter-
individuais na expressão genética que podem contribuir para as diferenças 
inter-individuais no metabolismo das mesmas. A síntese enzimática 
elevada como resultado da presença de um composto químico exógeno é 
referida como indução, e pode ser decorrente de alterações nos ácidos 
nucléicos, ou nos processos pós-tradução, por exemplo. Esta estimulação 
pode ser produzida por certas drogas e constituintes alimentares, álcool e 
tabagismo. Embora o fígado seja considerado o órgão máximo de 
metabolização das drogas, a maioria dos tecidos é capaz de metabolizar 
drogas específicas, isso vai depender da expressão genética da enzima no 
tecido. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
4.1 Metabolismo de fase 1 
Oxidação: Grande parte do metabolismo oxidativo das drogas é 
catalisada pelos citocromos P-450, que constituem uma superfamília de 
isoformas enzimáticas das proteínas. As enzimas do citocromo são susceptíveis 
à indução enzimática. Os fármacos são catalisados por um grupo importante de 
enzimas oxidativas que fazem N- e O- desalquilação, hidroxilação de cadeia 
lateral e de anel aromático, formação de sulfóxido, N- oxidação, N- hidroxilação, 
 
33 
 
desaminação de aminas primárias e secundárias e substituição de um átomo de 
enxofre por um de oxigênio (dessulfuração). 
A maioria das reações oxidativas é realizada por um grupo de 
hemoproteínas estreitamente relacionadas denominadas de Citocromo P-450 
que são encontradas principalmente no retículo endoplasmático hepático, porém 
podem ocorrer também no córtex adrenal, nos rins, na mucosa intestinal, os 
quais são locais de metabolização de droga. 
Outras enzimas oxidativas incluem a Monoaminooxidase (MAO) e a 
Diaminooxidase (DAO) que são mitocondriais e desaminam oxidativamente 
aminas primárias e aldeídos. A MAO está envolvida no metabolismo das 
catecolaminas e alguns antidepressivos são seus inibidores e podendo interferir 
no metabolismo de outras drogas. A DAO metaboliza histamina. 
Redução: As reações de redução são muito mais raras que as de 
oxidação, mas algumas delas são importantes, por exemplo as que envolvem a 
conversão de um grupo cetona em hidroxila. Os glicocorticóides são 
administrados como cetonas que devem ser reduzidas a compostos hidroxilados 
correspondentes. Existem reações de redução que também envolvem enzimas 
microssômicas. O fármaco warfarina é inativado por conversão de um grupo 
cetônico em um grupo hidroxila. 
Hidrólise: As reações hidrolíticas podem envolver enzimas 
microssômicas hepáticas, ou ocorrerem no plasma e em muitos tecidos. Tanto 
ligações éster, como amida são susceptíveis à hidrólise, as primeiras mais 
facilmente que as últimas. As proteases hidrolisam os polipeptídeos e proteínas 
e têm grande importância na aplicação terapêutica 
 
34 
 
 
Fonte: Fundação Universidade Federal do Rio Grande 
4.2 Metabolismo de fase 2 
Conjugação: Se houver um sítio adequado, que pode decorrer da fase 1 
ou que ela já pode possuir naturalmente, a molécula do fármaco é susceptível à 
conjugação, isto é, a fixação de um grupo substitutivo. Os grupos mais 
frequentes envolvidos na formação de conjugados são: glicuronil, sulfato, metil, 
acetil, glicil e glutamil. 
 
 
Fonte: Fundação Universidade Federal do Rio Grande 
 
35 
 
Exemplo do ácido acetilsalicílico que por hidrólise é metabolizado a ácido 
salicílico (que ainda possui atividade farmacológica) e depois é conjugado ao 
ácido glicurônico ou a glicina, gerando, portanto, dois metabólitos diferentes, que 
já não apresentam atividade e são mais hidrossolúveis, sendo facilmente 
excretados pelos rins. 
5 FARMACODINÂMICA 
 
Fonte: plantandociencia.blogspot.com 
O termo farmacodinâmica é usado para descrever os efeitos de um 
fármaco no corpo. A integração das ações moleculares em um efeito exercido 
sobre o organismo como um todo. É importante descrever os efeitos de um 
fármaco em termos quantitativos para estabelecer as faixas de doses 
apropriadas para os pacientes, bem como para comparar a potência, a eficácia 
e a segurança de um fármaco com outro. (GOLAN, ROSE, 2014) 
No estudo dos fármacos, a farmacodinâmica investiga: 
 Locais de ação; 
 Mecanismos de ação; 
 Relação entre dose da droga e magnitude dos efeitos; 
 Efeitos das drogas; 
 Variação das respostas às drogas. 
 
 
36 
 
A farmacocinética e a farmacodinâmica proporcionam uma base científica 
segura para a seleção e uso de fármacos no combate de mecanismos 
fisiopatológicos de determinadas doenças. 
5.1 Ligação fármaco–receptor 
O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação fármaco–
receptor. Quando um fármaco ou um ligante endógeno (por exemplo, um 
hormônio ou um neurotransmissor) liga-se a seu receptor, pode ocorrer uma 
resposta como consequência dessa interação de ligação. 
Um fármaco é uma substância química que, quando aplicada a um 
sistema fisiológico, afeta seu funcionamento de modo específico. Com poucas 
exceções, os fármacos agem sobre as proteínas-alvo: 
 receptores 
 enzimas 
 carregadores 
 canais iônicos 
 
Rang & Dale (2016), explica sobre os receptores: 
O conceito de receptores é central para a farmacologia, e esse 
termo é empregado com mais frequência para descrever as moléculas-
alvo por meio das quais os mediadores fisiológicos solúveis – 
hormônios, neurotransmissores, mediadores inflamatórios etc. – 
produzem seus efeitos. 
 
O termo receptor é empregado de diferentes modos. Em farmacologia, 
descreve as moléculas proteicas cuja função é reconhecer os sinais químicos 
endógenos e responder a eles. Outras macromoléculas com que os fármacos 
interagem para produzir seus efeitos são conhecidas como alvos 
farmacológicos. 
Quando já existir um número suficiente de receptores ligados (ou 
“ocupados”) sobre uma célula ou no seu interior, o efeito cumulativo dessa 
“ocupação” dos receptores pode tornar-se aparente nessa célula. 
 
37 
 
Em algum momento, todos os receptores podem estar ocupados, e pode-
se observar então uma resposta máxima. Quando a resposta é desencadeada 
em muitas células, o efeito pode ser observado em nível do órgão ou até mesmo 
no paciente. 
 
Fonte: slideplayer.com.br5.2 Locais de ação dos fármacos 
A droga ou fármaco, para exercer suas ações e produzir seus efeitos, 
precisa atingir seu local ou alvo específico. Paul Ehrlich, o criador da 
quimioterapia, no início do século passado, defendia a hipótese de que a ação 
da droga deveria ser interpretada em termos da interação química entre a droga 
e os tecidos. (SILVA, PENILDON, 2010) 
Os efeitos farmacológicos seriam produzidos pela ligação das moléculas 
das drogas a determinados componentes das células e tecidos. Esses locais de 
ligação das drogas são principalmente de natureza proteica e representados 
especialmente por enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos e 
receptores. O DNA e a matriz óssea podem também ser locais de ação de alguns 
fármacos. 
 
38 
 
 
Fonte: farmaceuticosnaweb.blogspot.com 
Existem alguns alvos ainda desconhecidos. Para produzir seus efeitos, a 
droga deve apresentar elevado grau de especificidade de ligação com seu local 
de ação. Nenhuma droga, entretanto, é completamente específica nas suas 
ações. Na maioria dos casos, a droga pode afetar outros alvos celulares e 
teciduais, além do alvo principal, e provocar efeitos colaterais. 
5.3 Relações de dose–resposta 
A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação 
entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) 
a este fármaco. Intuitivamente, o esperado é que a relação de dose–resposta 
esteja estreitamente relacionada com a relação de ligação fármaco–receptor, e 
verifica –se que isso realmente ocorre para muitas combinações de fármaco–
receptor. Por conseguinte, nesse estágio de nossa discussão, convém partir do 
princípio de que a resposta a um fármaco é proporcional à concentração de 
receptores que estão ligados (ocupados) pelo fármaco. 
Existem dois tipos principais de relações dose–resposta — graduada e 
quantal. A diferença entre os dois métodos é que as relações de dose–resposta 
graduadas descrevem o efeito de várias doses de um fármaco sobre o indivíduo, 
 
39 
 
enquanto as relações quantais mostram o efeito de várias doses de um fármaco 
sobre uma população de indivíduos. 
 
RELAÇÕES DE DOSE – RESPOSTA 
GRADUADAS 
RELAÇÕES DE DOSE – RESPOSTA 
QUANTAIS 
 A potência de um fármaco refere-se à 
concentração em que o fármaco produz 
50% de sua resposta máxima. 
 A eficácia refere-se à resposta máxima 
produzida pelo fármaco. 
 A eficácia pode ser considerada como o 
estado em que a sinalização mediada 
pelo receptor torna-se máxima, de modo 
que qualquer quantidade adicional do 
fármaco não irá produzir nenhuma 
resposta adicional. 
 Esse estado é habitualmente alcançado 
quando todos os receptores estão 
ocupados pelo fármaco. 
 Entretanto, alguns fármacos são capazes 
de produzir uma resposta máxima quando 
menos de 100% de seus receptores estão 
ocupados; os receptores remanescentes 
podem ser denominados receptores de 
reserva. 
 A relação de dose–resposta quantal 
representa graficamente a fração da 
população que responde a determinada 
dose de um fármaco como função da dose 
deste fármaco. 
 As relações de dose–resposta quantais 
descrevem as concentrações de um 
fármaco que produzem determinado efeito 
numa população. 
 Devido a diferenças nas respostas 
biológicas entre indivíduos, os efeitos de 
um fármaco são observados ao longo de 
uma faixa de doses. 
 As respostas são definidas em termos de 
presentes ou ausentes (isto é, quantais, e 
não graduadas). 
 Parâmetros finais, como “sono/sem sono” 
ou “estar vivo dentro de 12 meses/não 
estar vivo dentro de 12 meses” são 
exemplos de respostas quantais; em 
contrapartida, as relações de dose–
resposta graduadas são geradas utilizando 
respostas de grandeza escalar, como 
mudança na pressão arterial ou na 
frequência cardíaca. 
 O objetivo é generalizar um resultado para 
uma população, mais do que examinar o 
efeito graduado de diferentes doses do 
fármaco sobre um indivíduo. 
 
40 
 
 Os tipos de respostas que podem ser 
examinados com a relação de dose–
resposta quantal incluem: 
 a efetividade (efeito terapêutico), 
 a toxicidade (efeito adverso) 
 a letalidade (efeito letal). 
 As doses que produzem essas respostas 
em 50% de uma população são conhecidas 
como dose efetiva mediana, dose tóxica 
mediana e dose letal mediana, 
respectivamente. 
Fonte: Adaptado de Golan et al 
5.4 Interações fármaco–receptor 
Muitos receptores de fármacos podem ser categorizados dentro de dois 
estados de conformação, que estão em equilíbrio reversível entre si. Esses dois 
estados são denominados estado ativo e estado inativo. Muitos fármacos atuam 
como ligantes desses receptores e afetam a probabilidade de o receptor 
encontrar- se preferencialmente em uma dessas duas conformações. 
As propriedades farmacológicas dos fármacos baseiam-se, com 
frequência, em seus efeitos sobre o estado de seus receptores cognatos. Um 
fármaco que, através de sua ligação a seu receptor, favorece a conformação 
ativa deste receptor é denominado agonista; por outro lado, um fármaco que 
impede a ativação do receptor pelo agonista é designado como antagonista. 
Alguns fármacos não se enquadram exatamente dentro dessa definição simples 
de agonista e antagonista; esses fármacos incluem os agonistas parciais e os 
agonistas inversos. 
Agonistas: Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o 
estabiliza numa determinada conformação (habitualmente na conformação 
ativa). Quando ligado por um agonista, um receptor típico tem mais tendência a 
encontrar-se na sua conformação ativa do que na sua conformação inativa. 
Dependendo do receptor, os agonistas podem ser fármacos ou ligantes 
endógenos 
 
41 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Antagonistas: Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um 
agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. Os 
antagonistas podem ser divididos em antagonistas de receptores e antagonistas 
sem receptores. 
 
 
ANTAGONISTA DE 
RECEPTOR 
Liga-se ao sítio ativo (sítio de ligação do 
agonista) ou a um sítio alostérico de um 
receptor. A ligação do antagonista ao sítio ativo 
impede a ligação do agonista ao receptor, 
enquanto a ligação do antagonista a um sítio 
alostérico altera a Kd (A Kd é a constante de 
dissociação em equilíbrio para determinada 
interação fármaco-receptor um valor mais baixo 
de Kd indica uma interação fármaco–receptor 
mais firme de maior afinidade) para a ligação do 
agonista ou impede a mudança de 
conformação necessária para a ativação do 
receptor. Os antagonistas de receptores 
também podem ser divididos em antagonistas 
reversíveis e irreversíveis, isto é, antagonistas 
 
42 
 
que se ligam a seus receptores de modo 
reversível e antagonistas que se ligam 
irreversivelmente. 
 
 
 
 
 
ANTAGONISTA SEM 
RECEPTORES 
Não se liga ao receptor do agonista; entretanto, 
inibe a capacidade do agonista de iniciar uma 
resposta. Em nível molecular, essa inibição 
pode ocorrer através da inibição direta do 
agonista (por exemplo, utilizando anticorpos), 
através da inibição de uma molécula localizada 
distalmente na via de ativação, ou através da 
ativação de uma via que se opõe à ação do 
agonista. 
 Antagonistas químicos: inativam o 
agonista antes de ele ter a oportunidade 
de atuar (por exemplo, através de 
neutralização química); 
 Antagonistas fisiológicos: produzem 
um efeito fisiológico oposto àquele 
induzido pelo agonista. 
Fonte: adaptado de Golan et al 
 
43 
 
 
Fonte: UNIFESSP 
Antagonistas Competitivos dos Receptores: Um antagonista 
competitivo liga-se reversivelmente ao sítio de um receptor. Ao contrário do 
agonista, que também se liga ao sítio ativo do receptor, o antagonista competitivo 
não estabiliza a conformação necessária para a ativação do receptor. Por 
conseguinte, o antagonista bloqueia a ligação do agonistaa seu receptor, 
enquanto mantém o receptor em sua conformação inativa. 
Antagonistas Não-Competitivos dos Receptores: Os antagonistas 
não-competitivos podem ligar-se ao sítio ativo ou a um sítio alostérico de um 
receptor. O antagonista não-competitivo que se liga ao sítio ativo de um receptor 
pode fazê-lo de modo covalente ou com afinidade muito alta; em ambos os 
casos, a ligação é efetivamente irreversível. Como um antagonista 
irreversivelmente ligado ao sítio ativo não pode ser “superado”, mesmo com altas 
concentrações do agonista, esse antagonista exibe antagonismo não-
competitivo. 
Um antagonista alostérico não-competitivo atua ao impedir a ativação do 
receptor, mesmo quando o agonista está ligado ao sítio ativo. O antagonista 
 
44 
 
alostérico exibe antagonismo não-competitivo, independentemente da 
reversibilidade de sua ligação, visto que esse tipo de antagonista não atua ao 
competir com o agonista pela sua ligação ao sítio ativo, mas ao impedir a 
ativação do receptor. 
Entretanto, a reversibilidade da ligação do antagonista é importante, visto 
que o efeito de um antagonista irreversível não diminui, mesmo quando o 
fármaco livre (não-ligado) é eliminado do organismo, enquanto o efeito de um 
antagonista reversível pode ser “eliminado” com o decorrer do tempo, à medida 
que se dissocia do receptor. 
Um receptor ao qual está ligado um antagonista não-competitivo não pode 
mais responder à ligação de um agonista. Por conseguinte, a resposta máxima 
(eficácia) do agonista é reduzida. Uma diferença característica entre 
antagonistas competitivos e não-competitivos reside no fato de que os 
antagonistas competitivos reduzem a potência do agonista, enquanto os 
antagonistas não-competitivos diminuem a eficácia do agonista. 
Essa diferença pode ser explicada com base no fato de que um 
antagonista competitivo compete continuamente pela sua ligação ao receptor, 
diminuindo efetivamente a afinidade do receptor pelo seu agonista, sem limitar o 
número de receptores disponíveis. Em contrapartida, um antagonista não-
competitivo remove receptores funcionais do sistema, limitando, assim, o 
número de receptores disponíveis. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
45 
 
A aspirina é um exemplo de antagonista não-competitivo. Esse agente 
acetila irreversivelmente a ciclo-oxigenase, a enzima responsável pela produção 
de tromboxano A2 nas plaquetas. Na ausência de geração de tromboxano A2, 
ocorre inibição da agregação plaquetária. Como a inibição é irreversível, e as 
plaquetas são incapazes de sintetizar novas moléculas de ciclooxigenase, os 
efeitos de uma dose única de aspirina persistem por 7 a 10 dias (o tempo 
necessário para a produção de novas plaquetas pela medula óssea), embora o 
fármaco livre seja depurado muito mais rapidamente do organismo. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Antagonistas Sem Receptores: Os antagonistas sem receptores podem 
ser classificados em antagonistas químicos e antagonistas fisiológicos. 
 Antagonista químico: inativa o agonista específico ao modificá-lo 
ou sequestrá-lo, de modo que o agonista não é mais capaz de ligar-
se ao receptor e de ativá-lo. A protamina é um exemplo de 
antagonista químico; essa proteína básica liga-se 
estequiometricamente à classe de anticoagulantes da heparina, 
inativando esses agentes. Devido a esse antagonismo químico, a 
protamina pode ser utilizada para interromper rapidamente os efeitos 
da heparina. 
 
46 
 
 Antagonista fisiológico: ativa ou bloqueia mais comumente um 
receptor que medeia uma resposta fisiologicamente oposta àquela 
do receptor do agonista. Assim, por exemplo, no tratamento do 
hipertireoidismo, os antagonistas ᵝ-adrenérgicos são utilizados 
como antagonistas fisiológicos para reverter o efeito de taquicardia 
do hormônio tireoidiano endógeno. Embora o hormônio tireoidiano 
não produza seu efeito de taquicardia através de estimulação ᵝ-
adrenérgica, o bloqueio da estimulação ᵝ--adrenérgica pode, 
entretanto, aliviar a taquicardia causada pelo hipertireoidismo. 
 
Agonistas parciais: Um agonista parcial é uma molécula que se liga a 
um receptor em seu sítio ativo, mas que só produz uma resposta parcial, mesmo 
quando todos os receptores estão ocupados (ligados) pelo agonista. 
Cada agonista atua através de sua ligação ao mesmo sítio no receptor 
muscarínico de acetilcolina (ACh). O butil trimetilamônio (TMA) não é apenas 
mais potente do que os derivados de cadeia mais longa na estimulação da 
contração muscular, como também mais eficaz do que alguns dos derivados (por 
exemplo, as formas heptila e octila) na produção de uma maior resposta máxima. 
Por esse motivo, o butil TMA é um agonista integral no receptor 
muscarínico de ACh, enquanto o derivado octila é um agonista parcial nesse 
receptor. Como os agonistas parciais e os agonistas integrais ligam-se ao 
mesmo sítio no receptor, o agonista parcial pode reduzir a resposta produzida 
por um agonista integral. Dessa maneira, o agonista parcial pode atuar como 
antagonista competitivo. Por essa razão, os agonistas parciais são algumas 
vezes denominados “antagonistas parciais” ou até mesmo “agonistas-
antagonistas mistos. 
 
 
47 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Agonistas inversos: Um agonista inverso atua de modo a abolir a 
atividade intrínseca (constitutiva) do receptor livre (não-ocupado). Os agonistas 
inversos podem atuar através de sua ligação ao receptor na forma DR (inativa) 
e de sua estabilização. Os agonistas inversos podem ser considerados fármacos 
com eficácia negativa, o que os diferencia dos agonistas (eficácia positiva) e dos 
antagonistas neutros (eficácia zero). 
 
Fonte: dosexresposta.blogspot.com 
 
48 
 
6 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO ORGANISMO 
 
Fonte: docsity.com 
6.1 Compartimentos líquidos do organismo 
A água corporal está distribuída em quatro compartimentos principais. A 
água total do organismo varia de 50 a 70% do peso corporal e, em mulheres, a 
porcentagem é menor que em homens. 
O líquido extracelular compreende o plasma (em torno de 4,5% do peso 
corporal), líquido intersticial (16%) e linfa (1,2%). O líquido intracelular (30 a 40%) 
é a soma do conteúdo líquido de todas as células do corpo. O líquido transcelular 
(2,5%) inclui os líquidos cefalorraquidiano, intraocular, peritoneal, pleural e 
sinovial e as secreções digestivas. O feto também pode ser considerado um tipo 
especial de compartimento transcelular. Dentro de cada um desses 
compartimentos aquosos, as moléculas de fármacos estão presentes tanto livres 
em solução quanto na forma ligada; além disso, os fármacos que são ácidos ou 
bases fracas existem como uma mistura em equilíbrio das formas com carga e 
sem carga, e a posição do equilíbrio depende do pH. 
 
49 
 
O padrão do equilíbrio de distribuição entre os diversos compartimentos 
depende, portanto, da: 
 Permeabilidade através das barreiras teciduais. 
 Ligação dentro dos compartimentos. 
 Partição pelo pH. 
 Partição óleo: água. 
 
Para passar do compartimento extracelular para os compartimentos 
transcelulares, o fármaco precisa atravessar uma barreira celular, e a barreira 
hematoencefálica é um exemplo particularmente importante. 
A barreira hematoencefálica: O conceito de barreira hematoencefálica 
foi introduzido por Paul Ehrlich para explicar sua observação de que um corante 
administrado por via intravenosa tingia a maioria dos tecidos, mas não o cérebro. 
A barreira consiste em uma camada contínua de células endoteliais 
unidas por junções de oclusão e cercadas por pericitos. Consequentemente, o 
cérebro é inacessível para a maioria dos fármacos, incluindo muitos 
antineoplásicos e alguns antibióticos como os aminoglicosídeos, cuja 
lipossolubilidade é insuficiente para possibilitar sua passagem pela barreira 
hematoencefálica. 
Entretanto, a inflamação pode romper a integridade dessa barreira, 
possibilitando a entrada no cérebrode substâncias que não costumam 
atravessá-la; consequentemente, a penicilina pode ser dada pela via intravenosa 
(em vez da via intratecal) para o tratamento da meningite bacteriana (que é 
acompanhada de intensa inflamação). 
Segundo Rang e Dale (2016): 
(...) em algumas partes do SNC, incluindo a zona 
quimiorreceptora do gatilho, a barreira é permeável. Isso permite que 
a domperidona, um antiemético antagonista do receptor de dopamina 
que não atravessa a barreira hematoencefálica, mas que tem acesso 
à zona quimiorreceptora do gatilho, seja usada para evitar a náusea 
causada por agonistas dopaminérgicos, como a apomorfina, usados 
para o tratamento dos estágios avançados da doença de Parkinson. 
Isso é conseguido sem perda de efetividade, pois os receptores de 
dopamina nos gânglios da base só são acessíveis a fármacos que 
tenham atravessado a barreira hematoencefálica. 
 
50 
 
6.2 Volume de distribuição 
O volume de distribuição aparente Vd é definido como o volume 
necessário para conter a quantidade total do fármaco (Q) no organismo, na 
mesma concentração presente no plasma (Cp). 
É importante evitar a identificação, de modo muito rígido, de uma 
determinada faixa de Vd com um determinado compartimento anatômico. Os 
fármacos podem atuar em concentrações muito baixas no compartimento 
específico que dá acesso aos seus receptores. Por exemplo, a insulina tem um 
Vd semelhante ao volume da água plasmática, mas exerce seu efeito no 
músculo, tecido adiposo e fígado por meio de receptores que são expostos ao 
líquido intersticial, e não ao plasma. 
 
1) Fármacos em grande parte confinados ao compartimento plasmático 
O volume de plasma é de aproximadamente 0,05 l/kg de peso corporal. 
Alguns fármacos, como a heparina, ficam confinados ao plasma porque a 
molécula é muito grande para atravessar a parede dos capilares com facilidade. 
Mais frequentemente, a retenção de um fármaco no plasma após uma dose 
única reflete uma forte ligação às proteínas plasmáticas. No entanto, é a fração 
livre do fármaco no líquido intersticial que tem efeitos farmacológicos. Após 
doses repetidas, ocorre equilíbrio e o Vd medido aumenta. 
 
2) Fármacos distribuídos no compartimento extracelular: 
O volume extracelular total é de aproximadamente 0,2 l/kg, e esse é o Vd 
aproximado para muitos compostos polares, tais como o vecurônio, a 
gentamicina e a carbenicilina. 
Esses fármacos não conseguem entrar com facilidade nas células por sua 
baixa lipossolubilidade, não atravessando livremente a barreira 
hematoencefálica nem a placenta. Muitos biofármacos macromoleculares, 
especialmente anticorpos monoclonais, distribuem-se no espaço extracelular e 
alcançam os receptores de superfície das células, mas não entram nas células. 
Os biofármacos com base em ácidos nucleicos, que atuam no DNA e RNA 
intracelulares, são frequentemente formulados em sistemas de liberação 
especiais que facilitam o acesso ao interior da célula, normalmente em pequenas 
 
51 
 
quantidades que, ainda assim, são suficientes para exercer seus efeitos na 
síntese proteica. 
 
3) Distribuição na água do organismo 
A água total do organismo representa em torno de 0,55 l/kg. Esse valor 
aproxima-se da distribuição de muitos fármacos que atravessam as membranas 
celulares facilmente, como a fenitoína e o etanol. A ligação dos fármacos fora do 
compartimento plasmático, ou sua partição na gordura, aumenta o Vd acima do 
conteúdo total de água corporal. Consequentemente, também existem muitos 
fármacos com Vd maior que o volume total da água corporal, como a morfina, 
antidepressivos tricíclicos e haloperidol. Tais fármacos não são removidos do 
organismo com eficiência pela hemodiálise, que é, pois, inútil no tratamento de 
superdosagens com esses agentes. 
 
4) Interações farmacológicas causadas por alteração da absorção 
A absorção gastrointestinal é retardada por fármacos que inibem o 
esvaziamento gástrico, como a atropina e os opioides, ou acelerada por 
fármacos que promovem o esvaziamento gástrico (p. ex., a metoclopramida). 
De modo alternativo, o fármaco A pode interagir física ou quimicamente 
com o fármaco B no intestino e inibir a sua absorção. Por exemplo, tanto o Ca2+ 
como o Fe2+ formam complexos insolúveis com a tetraciclina, retardando a sua 
absorção; a colestiramina, uma resina de ligação ao ácido biliar, se liga a 
diversos fármacos (p. ex., varfarina, digoxina), inibindo a sua absorção se for 
administrada simultaneamente. Outro exemplo é a adição de adrenalina 
(epinefrina) a injeções de anestésicos locais; a vasoconstrição resultante retarda 
a absorção dos anestésicos, prolongando o efeito local. 
 
52 
 
7 FARMACOTERAPIA NAS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES 
 
Fonte: viverbemsj.med.br 
Devido à natureza de risco que a doença cárdio-coronariana representa 
para o paciente cardiopata, o farmacêutico tem de se inteirar do perfil desta 
especialidade, das patologias, dos medicamentos e de seus mecanismos de 
ação, interações e efeitos colaterais, para exercer a assistência farmacêutica 
com segurança, técnica, ciência e humanismo (PELIZZARO, PANCHENIAK, 
2003 apud CAVALCANTE, 2002). 
O coração humano é um órgão tanto mecânico quanto elétrico. Para 
perfundir o corpo adequadamente com sangue, os componentes mecânicos e 
elétricos do coração precisam atuar juntos em harmonia precisa. O componente 
mecânico bombeia o sangue, enquanto o componente elétrico controla o ritmo 
da bomba. 
Quando o componente mecânico falha, apesar de um ritmo normal, pode 
ocorrer insuficiência cardíaca. Quando o componente elétrico passa a funcionar 
de modo inapropriado (arritmia), os miócitos cardíacos não conseguem se 
contrair de modo sincrônico e ocorre comprometimento do bombeamento 
efetivo. A ocorrência de alterações no potencial de membranas das células 
cardíacas afeta diretamente o ritmo cardíaco, e os agentes antiarrítmicos atuam, 
 
53 
 
em sua maioria, ao modular a atividade dos canais iônicos na membrana 
plasmática. 
7.1 Hipertensão 
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma situação clínica de 
natureza multifatorial caracterizada por níveis de pressão arterial (PA) 
elevados. A HAS multiplica o risco de danos cardiovasculares, contribuindo 
para aumentar a morbimortalidade e os custos sociais com invalidez e 
absenteísmo ao trabalho. O controle adequado dessa situação reduz 
significativamente os riscos individuais e os custos sociais. (PELIZZARO, 
PANCHENIAK, 2003 apud SBC, 2003) 
A hipertensão arterial tem um componente familiar, cerca da metade dos 
pacientes hipertensos apresentam um traço familiar para hipertensão ou 
mortalidade cardiovascular prematura em seus parentes de primeiro grau. 
Um dos principais obstáculos no tratamento da hipertensão consiste na 
natureza em grande parte assintomática da doença, mesmo com elevação 
pronunciada da pressão arterial sistêmica. Essa separação entre sintomas e 
consequências adversas a longo prazo fez com que a hipertensão recebesse a 
designação de “assassino silencioso”. (GOLAN, 2014) 
 
Manejo clínico da hipertensão 
Para a identificação de pacientes assintomáticos, particularmente aqueles 
que correm alto risco de apresentar os efeitos adversos da doença nos órgãos-
alvo. Como o uso de agentes anti-hipertensivos pode ser inconveniente para a 
vida de um paciente assintomático, o tratamento a longo prazo do paciente 
hipertenso exige o uso de esquemas farmacológicos, que devem ser 
individualizados para obter uma aderência ótima do paciente ao tratamento e 
eficácia dos fármacos. Por conseguinte, é necessário considerar o perfil de 
segurança, o esquema de dosagem e o custo desses agentes. 
A redução ou eliminação dos agentes exógenos passíveis de induzir 
hipertensão — como etanol, anticoncepcionais orais, glicocorticóides e drogas 
estimulantes — também podem ter um benefício clínico demonstrável. Embora 
as terapias não farmacológicas

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