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FARMACOTERAPIA-EM-INSTITUIÇÕES-HOSPITALARES

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 6 
2 INTRODUÇÃO À FARMACOTERAPIA ............................................. 7 
2.1 História da Farmácia ................................................................... 8 
2.2 Conceitos básicos em farmacoterapia......................................... 8 
3 FARMACOCINÉTICA ...................................................................... 14 
3.1 Princípios farmacocinéticos ....................................................... 15 
3.2 Processos Farmacocinéticos – ADME: Absorção, Distribuição, 
Metabolismos e Excreção. ............................................................................ 17 
4 FARMACODINÂMICA...................................................................... 27 
4.1 Ligação fármaco–receptor ......................................................... 28 
4.2 Locais de ação dos fármacos .................................................... 29 
4.3 Relações de dose–resposta ...................................................... 30 
4.4 Interações fármaco–receptor ..................................................... 32 
5 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO ORGANISMO ....................... 38 
5.1 Compartimentos líquidos do organismo .................................... 38 
5.2 Volume de distribuição .............................................................. 40 
6 FARMACOTERAPIA NAS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES 42 
6.1 Hipertensão ............................................................................... 42 
6.2 Fármacos que afetam a função cardíaca .................................. 45 
6.3 Fármacos antiarrítmicos ............................................................ 46 
6.4 Fármacos que aumentam a contração do miocárdio ................ 49 
6.5 Fármacos antianginosos ........................................................... 50 
7 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA VASCULAR ............................ 52 
7.1 Sistema renina-angiotensina ..................................................... 53 
7.2 Fármacos vasoativos................................................................. 55 
7.3 Fármacos vasoconstritores ....................................................... 56 
 
3 
 
7.4 Fármacos vasodilatadores ........................................................ 57 
7.5 Vasodilatadores de ação indireta .............................................. 58 
7.6 Insuficiência cardíaca ................................................................ 60 
7.7 Hipertensão pulmonar ............................................................... 63 
8 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES 64 
8.1 Inibidores da ciclo-oxigenase .................................................... 65 
8.2 Fármacos imunossupressores .................................................. 67 
8.3 Fármacos usados em gota e hiperuricemia ............................... 70 
9 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ..................... 71 
9.1 Doença pulmonar e seu tratamento .......................................... 71 
9.2 Asma brônquica ........................................................................ 71 
9.3 Doença pulmonar obstrutiva crônica ......................................... 75 
10 FARMACOTERAPIA DO RIM E DO SISTEMA URINÁRIO .......... 76 
10.1 Fármacos que atuam sobre o rim .......................................... 76 
10.2 Usos clínicos dos diuréticos de alça ...................................... 77 
10.3 Usos clínicos dos diuréticos tiazídicos ................................... 77 
10.4 Usos clínicos dos diuréticos poupadores de potássio ............ 78 
10.5 Fármacos usados na insuficiência renal ................................ 78 
10.6 Hipercalemia .......................................................................... 79 
11 FARMACOTERAPIA DO TRATO GASTROINTESTINAL ............ 79 
11.1 Fármacos usados para inibir ou neutralizar a secreção de ácido 
gástrico................... ...................................................................................... 80 
11.2 Usos clínicos de agentes que afetam a acidez gástrica ......... 80 
11.3 Tratamento da infecção pelo Helicobacter pylori ................... 81 
11.4 Fármacos que protegem a mucosa ........................................ 81 
11.5 Fármacos antieméticos .......................................................... 83 
11.6 Fármacos que aumentam a motilidade gastrointestinal ......... 84 
 
4 
 
12 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA REPRODUTOR ................... 85 
12.1 Fármacos que afetam a função reprodutora .......................... 85 
12.2 Antiestrógenos ....................................................................... 86 
12.3 Progestágenos e antiprogestágenos ...................................... 86 
12.4 Usos clínicos de andrógenos e antiandrógenos ..................... 87 
12.5 Fármacos utilizados para contracepção ................................. 87 
12.6 Outros esquemas de fármacos utilizados para 
contracepção............... ................................................................................. 88 
12.7 Fármacos que estimulam o útero ........................................... 89 
12.8 Fármacos que atuam sobre o útero ....................................... 90 
13 FARMACOTERAPIA DO SISTEMA NERVOSO ........................... 91 
13.1 Fármacos analgésicos ........................................................... 91 
13.2 Analgésicos opioides ............................................................. 91 
13.3 Tratamento da dor neuropática .............................................. 96 
13.4 Usos clínicos dos analgésicos ............................................... 97 
13.5 Usos clínicos dos analgésicos ............................................... 97 
13.6 Depressão .............................................................................. 98 
13.7 Fármacos depressores .......................................................... 99 
13.8 Hipnóticos ............................................................................ 101 
13.9 Antidepressivos .................................................................... 107 
13.10 Antidepressivos tricíclicos (ADT) ......................................... 108 
13.11 Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ssri) ....... 109 
13.12 Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da 
noradrenalina (SNRI) .................................................................................. 110 
13.13 Inibidores da recaptação neuronial da dopamina ................ 110 
13.14 Terapêuticas de combinação ............................................... 110 
13.15 Antidepressivos tricíclicos (ADT) e inibidores da MAO ........ 111 
13.16 SSRI’s e antidepressivos tricíclicos (ADT) ........................... 111 
 
5 
 
13.17 SSRI’S e bupropiom ............................................................ 111 
13.18 SSRI’s/ SNRI’s e mirtazapina .............................................. 112 
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – 
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida 
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta 
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma 
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2 INTRODUÇÃO À FARMACOTERAPIA 
 
Fonte: farmaciaclinica2016.wordpress.com 
A compreensão da farmacoterapia tem sido conceituada como o 
conhecimento do nome do medicamento, indicação, frequência de 
administração, efeitos adversos ou instruções especiais de administração. 
(PINTO, et al, 2015 apud ASCIONE et al, 1986), e pode ser influenciada por 
diversos fatores como aqueles relacionados aos indivíduos, à terapia, aos 
profissionais e aos serviços de saúde. (PINTO, et al, 2015 apud CECCATO et 
al, 2008). 
O conceito de farmacoterapia envolve um conjunto de princípios, 
metodologias, pesquisas clínicas como estudo do quadro clínico do paciente, 
bem como o acompanhamento de todo tipo de efeito que o fármaco possa 
causar. Ao se administrar um medicamento, espera-se que ele desenvolva um 
efeito positivo, visando a cura, prevenção, diagnóstico ou tenha ação paliativa. 
A farmacoterapia sempre assumiu um importante papel na prevenção, 
manutenção e recuperação da saúde. Entretanto, a prescrição e a utilização 
inapropriada de medicamentos vêm causando graves problemas à saúde 
coletiva, de forma que há necessidade do uso racional de medicamentos. 
 
8 
 
2.1 História da Farmácia 
 
Fonte: farmacolife.blogspot.com 
A origem das atividades relacionadas à farmácia se deu a partir do século 
X com as boticas ou apotecas, como eram conhecidas na época. Neste período, 
a medicina e a farmácia eram uma só profissão. 
Na Espanha e na França, a partir do século X, foram criadas as primeiras 
boticas. Esse pioneirismo, mais tarde, originaria o modelo das farmácias atuais. 
Neste período, o boticário tinha a responsabilidade de conhecer e curar 
as doenças, mas para exercer a profissão devia cumprir uma série de requisitos 
e ter local e equipamentos adequados para a preparação e armazenamento dos 
medicamentos. 
Com um grande surto de propagação da lepra, Luís XIV, entre outras 
iniciativas na área da saúde pública, ampliou o número de farmácias hospitalares 
na França. Mais adiante, no século XVIII, a profissão farmacêutica separa-se da 
médica e fica proibido ao médico ser proprietário de uma botica. Com isso, dá 
início à separação daqueles que diagnosticavam a doença e dos que misturavam 
matérias para produzir porções de cura. 
2.2 Conceitos básicos em farmacoterapia 
Fármaco: Uma substância definida, com propriedades ativas, produzindo 
efeito terapêutico 
 
9 
 
Droga: Qualquer substância que interaja com o organismo produzindo 
algum efeito. 
 Medicamento: É uma droga utilizada com fins terapêuticos ou de 
diagnóstico. Muitas substâncias podem ser consideradas medicamentos ou não, 
depende da finalidade com que foram usadas. 
Por exemplo: A vitamina C se for obtida por meio dos alimentos é 
considerada um nutriente, mas se for administrada na forma pura para correção 
de estados carenciais ou como estimulante das defesas orgânicas é definida 
como um medicamento 
Remédio: substância animal, vegetal, mineral ou sintética; procedimento 
(ginástica, massagem, acupuntura, banhos; fé ou crença, influência) com 
intenção benéfica. 
Placebo: tudo que é feito com intenção benéfica para aliviar sofrimento: 
fármaco/medicamento/droga/remédio (em concentração pequena ou mesmo na 
sua ausência), a figura do médico, curandeiro. 
Insumo farmacêutico ativo (IFA): De acordo com a ANVISA (2019): 
É uma substância química ativa, fármaco, droga ou matéria-prima que 
tenha propriedades farmacológicas com finalidade medicamentosa, 
utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada para 
modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em 
benefício da pessoa na qual se administra. 
Princípio Biológico Ativo: Segundo a ANVISA (2019): 
É a substância com efeito farmacológico para a atividade terapêutica 
pretendida, utilizada na produção de determinado produto biológico. 
Substância de estrutura química definida ou não, de origem biológica, 
com efeito farmacológico para a atividade terapêutica pretendida, 
utilizada na produção de determinado produto biológico. 
Biodisponibilidade: Segundo a ANVISA (2019) 
Indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em 
uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na 
circulação sistêmica ou sua excreção na urina. 
Bioequivalência: De acordo com a ANVISA (2019): 
Consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre 
produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo 
idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio (s) ativo (s), 
 
10 
 
e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob 
um mesmo desenho experimental. 
Denominação Comum Internacional (DCI): De acordo com a ANVISA 
(2019) “Denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo 
recomendada pela Organização Mundial de Saúde.” 
 
Definições de tipos de medicamentos, segundo a ANVISA (2019): 
Medicamento 
anti-homotóxico 
São medicamentos dinamizados preparados com base nos fundamentos da 
homeopatia e homotoxicologia, cujos métodos de preparação e controle devem 
seguir obrigatoriamente os métodos oficiais descritos na Farmacopeia 
Homeopática Alemã, edição em vigor, ou outras farmacopeias homeopáticas e 
compêndios oficiais, reconhecidos pela Anvisa; cuja fórmula é constituída por 
substâncias de comprovada ação terapêutica, descrita nas matérias médicas 
homeopáticas ou anti-homotóxicas, reconhecidos pela Anvisa, estudos clínicos, 
ou revistas científicas. 
Medicamento 
Genérico 
É o medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que pretende 
ser com esse intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia 
da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua 
eficácia, segurança e qualidade e denominado pela DCB ou, na sua ausência, 
pela DCI (Lei 9787/1999). 
Medicamento 
Antroposófico 
São medicamentos dinamizados preparados com base nos fundamentos da 
antroposofia, cujos métodos de preparação e controle constam nas 
Farmacopeias Homeopáticas e Código Farmacêutico Antroposófico ou 
compêndios oficiais reconhecidos pela Anvisa, com comprovada a indicação 
terapêutica descrita nas matérias médicas homeopáticas ou nos compêndios 
antroposóficos oficiais reconhecidos pela Anvisa, estudos clínicos, ou revistas 
científicas. 
Medicamento 
Biológico 
Os medicamentos biológicos são moléculas complexas de alto peso molecular 
obtidas a partir de fluidos biológicos, tecidos de origem animal ou procedimentos 
biotecnológicos por meio de manipulação ou inserção de outro material genético 
(tecnologia do DNA recombinante) ou alteração dos genes que ocorre devido à 
irradiação, produtos químicos ou seleção forçada. Devido ao fato de muitos 
produtos poderem ser classificados como biológicos, tornou-se essencial 
estabelecer os limites de abrangência da norma que regulamenta o registro 
desses medicamentos a fim de que as particularidades de cada categoria 
pudessem ser melhor avaliadas e especificadas na legislação. Atualmente, a 
 
11 
 
legislação de registro de medicamento biológicos abrange sete categorias de 
produtos, as quais são listadas a seguir: 
Alérgenos: são substâncias, geralmente de origem proteica, existentes 
em animais ou vegetais que podem induzir uma resposta IgE e/ou uma reação 
alérgica do tipo I; 
Anticorpos monoclonais: são imunoglobulinas derivadas de um mesmo 
clone de linfócito B, cuja clonagem e propagação efetuam-se em linhas de célulascontínuas; 
Biomedicamentos: são medicamentos obtidos a partir de fluidos 
biológicos ou de tecidos de origem animal ou medicamentos obtidos por 
procedimentos biotecnológicos; 
Hemoderivados: são produtos farmacêuticos obtidos a partir do plasma 
humano, submetidos a processos de industrialização e normatização que lhes 
conferem qualidade, estabilidade, atividade e especificidade; 
Probióticos: são preparações ou que contêm microrganismos definidos 
e viáveis em quantidade suficiente para alterar a microbiota, por implantação ou 
colonização, de um compartimento do hospedeiro e, assim, exercer efeito 
benéfico sobre a saúde desse hospedeiro; 
Vacinas: são medicamentos imunobiológicos que contêm uma ou mais 
substâncias antigênicas que, quando inoculadas, são capazes de induzir 
imunidade específica ativa a fim de proteger contra, reduzir a severidade ou 
combater a (s) doença (s) causada (s) pelo agente que originou o (s) antígeno 
(s). 
Medicamento 
dinamizado 
Medicamento preparado a partir de substâncias que são submetidas a triturações 
sucessivas ou diluições seguidas de sucussão, ou outra forma de agitação 
ritmada, com finalidade preventiva ou curativa a serem administrados conforme 
a terapêutica homeopática, homotoxicológica ou antroposófica. O registro de 
medicamentos dinamizados é regulamentado pela RDC 26/2007. 
Medicamento 
específico 
São considerados medicamentos específicos os produtos farmacêuticos, 
tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa ou 
paliativa não enquadrados nas categorias de medicamento novo, genérico, 
similar, biológico, fitoterápico ou notificado e cuja (s) substância (s) ativa (s), 
independente da natureza ou origem, não é passível de ensaio de 
bioequivalência, frente a um produto comparador. 
Medicamento 
Fitoterápico 
São aqueles obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. 
Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição 
 
12 
 
substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas 
com extratos vegetais. Os medicamentos fitoterápicos, assim como todos os 
medicamentos, são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de 
seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. A 
eficácia e a segurança devem ser validadas através de levantamentos 
etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas em 
bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e 
toxicológicos pré-clínicos e clínicos. A qualidade deve ser alcançada mediante o 
controle das matérias-primas, do produto acabado, materiais de embalagem e 
estudos de estabilidade. 
Medicamento 
genérico 
É aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma 
farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e 
indicação terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e 
segurança equivalentes à do medicamento de referência podendo, com este, ser 
intercambiável. A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do 
medicamento de referência pelo seu genérico, é assegurada por testes de 
equivalência terapêutica, que incluem comparação in vitro, através dos estudos 
de equivalência farmacêutica e in vivo, com os estudos de bioequivalência 
apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os medicamentos 
genéricos podem ser identificados pela tarja amarela na qual se lê "Medicamento 
Genérico". Além disso, deve constar na embalagem a frase “Medicamento 
Genérico Lei nº 9.787/99”. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na 
embalagem é o princípio ativo do medicamento. 
Medicamento 
novo 
O termo “medicamento novo”, sem outra adjetivação, é, na prática, utilizado para 
se referir a medicamentos novos com princípios ativos sintéticos e 
semissintéticos, associados ou não. Quando se utiliza o termo “medicamento 
novo” sem outro complemento não se está referindo, portanto, a produtos 
biológicos, fitoterápicos, homeopáticos, medicamentos ditos “específicos”, 
medicamentos isentos de registro, e nem tampouco a cópias (genéricos e 
similares). 
Medicamento de 
Referência 
É um produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela vigilância 
sanitária e comercializado no País cuja eficácia, segurança e qualidade foram 
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do 
registro, conforme a definição do inciso XXII, artigo 3º, da Lei n. 6.360, de 1976 
(com redação dada pela Lei nº 9.787 de 10 de fevereiro de 1999). A empresa 
interessada em registrar medicamentos genéricos e/ou similares deverá utilizar 
 
13 
 
obrigatoriamente o medicamento de referência constante nas listas vigentes 
disponíveis nesta página (lista A e lista B) de acordo com os requisitos específicos 
da RDC 35 de 15/06/2012, que dispõe sobre os critérios de indicação, inclusão e 
exclusão de medicamentos na Lista de Medicamentos de Referência 
Medicamento 
similar 
É aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta 
mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e 
indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão 
federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em 
características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, 
embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado 
por nome comercial ou marca. 
Medicamento 
similar único do 
mercado 
É aquele registrado como medicamento similar junto a Anvisa e é o único 
comercializado no momento da solicitação da indicação do medicamento de 
referência. Este medicamento NÃO poderá ser considerado medicamento de 
referência até que a empresa detentora do registro atenda o artigo 6 da 
Resolução - RDC nº 134 de 29 de maio de 2003, conforme o texto a seguir: "Art. 
6º Por ocasião da primeira renovação após a publicação desta Resolução, os 
detentores de registros de medicamentos enquadrados como similares, únicos 
no mercado (exceto os produtos que hoje estão registrados como novos e os já 
definidos como referência), cujo vencimento dá-se após 1 de dezembro de 2004, 
devem apresentar sob forma de complementação de informação: 
I - No caso de princípios ativos isolados, relatório de ensaios clínicos para 
comprovar a eficácia terapêutica ou dados de literatura que comprovem eficácia 
e segurança através de estudos clínicos publicados em revistas indexadas 
(Medline, Chemical Abstracts, Biosis, International Pharmaceutical Abstracts ou 
Biological Abstratcts). 
II - No caso de associações medicamentosas de produtos sintéticos ou 
semissintéticos, ou duas ou mais apresentações em uma mesma embalagem 
para uso concomitante ou sequencial, além da comprovação de eficácia por 
princípio ativo ou da associação, o proponente deve apresentar: 
a) estudos de biodisponibilidade relativa entre os princípios ativos 
associados e cada princípio ativo isolado que garantam que a absorção e 
distribuição dos princípios ativos em associação não são afetadas. Não sendo 
possível, enviar a biodisponibilidade de cada princípio ativo isolado. 
b) racionalidade da associação. 
 
14 
 
c) estudos que demonstrem que a associação previne o advento de 
resistência microbiana quando se tratar de antibióticos. 
§ Único O enquadramento dos produtos conforme o caput deste artigo dá 
direito a não apresentar testes de equivalência farmacêutica e biodisponibilidade 
relativa neste momento, e ter destaque no Compêndio de Bulas de Medicamentos 
da Anvisa". 
Medicamentos 
de Notificação 
Simplificada – 
Baixo Risco 
Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa ou paliativa na qual existe baixo risco de que seu 
uso ou exposição possa causar consequências e ou agravos à 
saúde quando observadas todas as características de uso e de qualidadedescritas no Anexo I da RDC 199/06. 
Fonte: ANVISA, 2019. 
3 FARMACOCINÉTICA 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A farmacocinética está inserida na dinâmica de interação entre fármaco e 
corpo. Consiste na absorção, distribuição, biotransformação e excreção de 
fármacos. Estes fatores, associados à dose, determinam a concentração da 
droga em seus locais de ação e, portanto, a intensidade dos seus efeitos em 
relação ao tempo (GOODMAN, 2012). 
 
15 
 
3.1 Princípios farmacocinéticos 
Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes de atingir um local 
de ação especifico após a administração por uma via própria. Em termos bem 
simplistas, a farmacocinética costuma ser referida como "o que o corpo faz com 
o fármaco" - envolve processos que vão desde a absorção até a excreção do 
medicamento. Quando um fármaco é administrado por via enteral, 
especialmente a via oral, ele deve ser absorvido no sangue a partir do seu sítio 
de administração (como o intestino), distribuído para o tecido alvo, onde será o 
sítio de ação (como o cérebro, no caso de um medicamento benzodiazepínico, 
como o clonazepam), e finalmente, depois de provocar o seu efeito, o fármaco 
deve ser eliminado a uma velocidade razoável por excreção do corpo. 
Em alguns casos, a substância química administrada é absorvida 
imediatamente e distribuída e somente depois é convertida no fármaco ativo 
pelos processos biológicos no interior do corpo. Esses são chamados de pró-
fármaco. 
Os pró-fármacos são derivados química e farmacologicamente inativo 
da molécula matriz, que requer transformação no organismo para 
liberar o fármaco ativo, processo chamado de latenciação 
(KOROLKOVAS, 1988, apud CHIN 1998. p. 75). 
A latenciação é a modificação química utilizada para converter um 
composto biologicamente ativo em forma de transporte inativo. O pró-fármaco 
que é uma forma inativa do fármaco sofre um ataque enzimático ou químico 
liberando assim a forma ativa. 
Alguns critérios devem ser considerados durante o planejamento do pró-
fármaco: 
• Existência de grupos funcionais na molécula matriz capazes de sofrer 
derivatização; 
• Existência de mecanismos e/ou sistemas no organismo capazes de 
bioativar o pró-fármaco; 
• Facilidade e simplicidade da síntese e purificação do pró - fármaco; 
• Estabilidade química do pró-fármaco; 
• Regeneração, in vivo, da molécula matriz, em quantidades ideais; 
• Toxicidade do transportador e do pró-fármaco per se. 
 
16 
 
Dessa forma, a latenciação permite, mediante a escolha de 
transportadores adequados, via de regra desprovidos de atividade 
biológica, o aprimoramento das propriedades do fármaco (CHUNG, 
2005, apud CHIN 1998. p. 76). 
Pró – fármacos são subdivididos em: 
• Pró- fármacos clássicos; 
• Bioprecursores; 
• Pró- fármacos mistos; 
• Fármacos dirigidos; 
• Fármacos recíprocos. 
Pró-fármacos clássicos promovem a melhoria da atividade terapêutica por 
aumento de biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da 
ação, aumento da seletividade, mediante a escolha de transportador adequado, 
geralmente de caráter lipofílico. Um exemplo é o Valaciclovir, pró-fármaco do 
Aciclovir. 
Bioprecursores: não apresentam transportadores e são obtidos por 
modificações moleculares. Como exemplo são os medicamentos: Azitromicina 
(AZT), Metronidazol e Enalapril. 
Pró-fármacos mistos: têm características de pró-fármacos clássicos e de 
bioprecursor. É uma molécula inerte que requer várias reações químicas para a 
sua conversão à forma ativa. O sistema CDS (Chemical Delivery System) é um 
exemplo. Foi originalmente empregado para liberação da forma ativa no cérebro. 
Nesse sistema, o transportador é biotransformado após atravessar a barreira 
hematoencefálica (BHE), sofrendo primeiramente oxidação e assim tornando-se 
positivamente carregado e acumulando-se no SNC, onde sofre em seguida, 
reação de biotransformação para liberar o fármaco ativo. 
Vários fármacos foram desenvolvidos utilizando o sistema CDS, como por 
exemplo, para doença de Alzheimer foram desenvolvidos vários pró-fármacos 
anti-inflamatórios derivados de diclofenaco e do ibuprofeno. 
Fármacos dirigidos, os transportadores utilizados nesta forma latente são 
capazes de transportar os fármacos seletivamente do local de administração até 
o sítio de ação (receptores específicos). O objetivo principal do fármaco dirigido 
é minimizar as reações adversas provocadas pela ação inespecífica do fármaco 
em outros alvos, diminuindo, pois, a toxicidade. 
 
17 
 
Pró - fármacos recíprocos, caracterizam-se por seu transportador, 
diferentemente dos pró-fármacos clássicos, também possuir atividade 
terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-fármaco com atividades 
terapêuticas diferentes ou semelhantes, atuando por mecanismos da 
ação diferentes ou iguais (SINGH, 1994, apud CHIN 1998. p. 76). 
Exemplo: pró-fármaco de sulfapiridina e ácido aminossalicílico (5- ASA). 
3.2 Processos Farmacocinéticos – ADME: Absorção, Distribuição, 
Metabolismos e Excreção. 
Absorção 
A absorção é definida como a passagem de um fármaco de seu local de 
administração para o plasma. A absorção deve ser considerada para todas as 
vias de administração exceto para a endovenosa. 
Há casos, como a inalação de um aerossol, ou para aplicação tópica, em 
que a absorção não é necessária para a ação do fármaco, mas para grande 
maioria, só ocorre ação farmacológica se houver absorção. Dessa forma, a via 
de administração é um fator importante na ação terapêutica do fármaco. 
Todos os fármacos devem satisfazer certas exigências mínimas para ter 
efetividade clínica. Um fármaco, para ser bem-sucedido, deve ser capaz de 
atravessar as barreiras fisiológicas que existem no corpo para limitar o acesso 
das substâncias estranhas. 
A absorção dos fármacos pode ocorrer através de vários mecanismos 
desenvolvidos para explorar ou romper essas barreiras. Uma vez absorvido, o 
fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo, como os vasos 
sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo numa 
concentração apropriada. 
A capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo também é limitada por 
diversos processos que ocorrem no paciente. Esses processos são amplamente 
divididos em duas categorias: o metabolismo, em que o organismo inativa o 
fármaco através de degradação enzimática (primariamente no fígado), e a 
excreção, em que o fármaco é eliminado do corpo (principalmente pelos rins e 
pelo fígado, bem como pelas fezes). 
O corpo humano desenvolveu obstáculos excepcionais aos 
microrganismos que procuram invadi-lo. A pele, com sua camada externa 
 
18 
 
queratinizada e as defensinas encontradas em seu epitélio, representa uma 
superfície inóspita para invasão. 
Segundo Golan et al, 2014: 
As membranas mucosas, apesar de terem um ponto de penetração 
mais fácil, também apresentam numerosos mecanismos de defesa 
inespecíficos, incluindo a depuração mucociliar na traqueia, a secreção 
de lisozima dos ductos lacrimais, o ácido no estômago e a base no 
duodeno. Esses mecanismos inespecíficos também precisam ser 
superados pelos fármacos, ou a quantidade do fármaco disponível para 
determinado órgão alvo, designada como biodisponibilidade do 
fármaco (também conhecida como fração absorvida), nunca será alta 
o suficiente para que o fármaco seja eficaz. 
 A via de administração do fármaco, a sua forma química e certos fatores 
específicos do paciente — como transportadores e enzimas gastrintestinais e 
hepáticos — combinam-se para determinar a biodisponibilidade de um fármaco. 
Em termos quantitativos, a biodisponibilidade é definida da seguinte maneira: 
 
 Quantidade de fármaco que alcança 
a circulação sistêmica 
Biodisponibilidade: ––––––––––––––––––––––––––––––––– 
Quantidade de fármaco 
Administrado 
 
O conceito de biodisponibilidade, no sentido restrito, é o termo 
empregadopara descrever a fração da dose administrada de um 
produto farmacêutico capaz de alcançar a circulação sistêmica e 
exercer ação terapêutica. Este parâmetro expressa a extensão e a 
velocidade das fases biofarmacêutica e farmacocinética da substância 
ativa (REYNOLDS, 1993, apud MOURA, 2002). 
Relação representativa entre concentração plasmática e tempo após uma 
dose oral única de um medicamento hipotético: 
 
 
 
19 
 
 
Fonte: msdmanuals.com 
 Os fármacos de administração intravenosa são injetados diretamente na 
circulação sistêmica; para esses fármacos, a quantidade administrada equivale 
à quantidade que alcança a circulação sistêmica, e a sua biodisponibilidade é, 
por definição, igual a 1,0. 
Em contrapartida, a absorção gastrintestinal incompleta e o metabolismo 
hepático de “primeira passagem” tipicamente fazem com que a 
biodisponibilidade de um fármaco de administração oral seja menor que 1,0. 
 
Distribuição 
 
Embora a absorção do fármaco constitua um pré-requisito para atingir 
níveis plasmáticos adequados desse fármaco, ele também precisa alcançar seu 
órgão ou órgãos-alvo em concentrações terapêuticas para exercer o efeito 
desejado sobre determinado processo fisiopatológico. 
A distribuição de um fármaco ocorre primariamente através do sistema 
circulatório, enquanto o sistema linfático contribui com um componente menor. 
Uma vez absorvido na circulação sistêmica, o fármaco é então capaz de alcançar 
qualquer órgão-alvo (com a possível exceção dos compartimentos santuários, 
como o cérebro e os testículos). 
A concentração do fármaco no plasma é frequentemente utilizada para 
definir os níveis terapêuticos do fármaco e monitorá-los, visto que é difícil medir 
a quantidade de fármaco que é realmente captada pelo órgão-alvo. Em alguns 
 
20 
 
casos, a concentração plasmática de um fármaco pode representar uma medida 
relativamente precária de sua verdadeira concentração tecidual. Entretanto, na 
maioria dos casos, o efeito do fármaco no tecido-alvo correlaciona-se bem com 
a sua concentração plasmática. 
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de 
captar diferentes fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo 
sistêmico que recebem. 
Os órgãos e os tecidos variam acentuadamente na sua capacidade de 
captar diferentes fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo 
sistêmico que recebem. As forças que governam a distribuição de um fármaco 
entre os diversos tecidos e compartimentos afetam enormemente a 
concentração do fármaco no plasma. 
 
Distribuição dos Fármacos em Diferentes compartimentos corporais: 
COMPARTIMENTOS EXEMPLOS 
Água corporal total Pequenas moléculas hidrossolúveis (por 
exemplo, etanol) 
Água extracelular Moléculas hidrossolúveis maiores (por 
exemplo, manitol) 
Plasma sanguíneo Moléculas altamente ligadas às proteínas 
plasmáticas, moléculas muito grandes, 
moléculas altamente carregadas (por 
exemplo, heparina) 
Gordura Moléculas altamente lipossolúveis (por 
exemplo, diazepam) 
Ossos e dentes Certos íons (por exemplo, fluoreto, estrôncio) 
Fonte: GOLAN et al, 2010. 
O fluxo sanguíneo também varia acentuadamente entre diferentes 
sistemas de órgãos, e os que recebem o maior fluxo são o fígado, os rins e o 
cérebro (SNC). 
 
 
 
 
21 
 
Fluxo Sanguíneo Tecidual Total e Normalizado para Peso no Adulto 
ÓRGÃO 
PERFUNDIDO 
FLUXO 
SANGUÍNEO 
(mL/min) 
MASSA DO 
ÓRGÃO 
(kg) 
FLUXO SANGUÍNEO 
NORMALIZADO 
(mL/min/kg) 
Fígado 1.700 2,5 680 
Rins 1.000 0,3 3.333 
Cérebro 800 1,3 615 
Coração 250 0,3 833 
Gordura 250 10,0 25 
Outros (músculo, 
etc.) 
1.400 55,6 25 
Total 5.400 70,0 - 
 Fonte: GOLAN et al, 2010. 
 
Fonte: docplayer.com.br 
Esses fatores cinéticos determinam a quantidade de fármaco que precisa 
ser administrada para atingir a concentração desejada do fármaco dentro do 
compartimento vascular. 
A capacidade dos tecidos não-vasculares e das proteínas plasmáticas de 
captar e/ou de ligar-se ao fármaco contribui para a complexidade dos esquemas 
de dosagem e também deve ser considerada para alcançar níveis terapêuticos 
do fármaco. 
 
22 
 
Metabolismo 
O metabolismo de fármacos compreende o conjunto de reações 
enzimáticas que biotransformam fármacos e outros compostos estranhos 
(xenobióticos) em metabólitos de polaridade crescente, para que sejam 
excretados pela urina. O metabolismo desempenha, assim, um importante papel 
na eliminação de fármacos, e impede que estes compostos permaneçam por 
tempo indefinido no nosso organismo. 
As reações metabólicas são divididas em fase 1 (oxidação, redução e 
hidrólise) e fase 2 (conjugação). Os produtos de degradação 
(metabólitos), por sua vez, podem ser inativos ou ativos. Em relação 
ao fármaco de origem, os metabólitos ativos podem agir por 
mecanismos de ação similares ou diferentes, ou até mesmo por 
antagonismo. O conhecimento da cinética da formação dos 
metabólitos ativos é importante não apenas para previsão do resultado 
terapêutico, mas também para explicar a toxicidade de um dado 
fármaco (LIN, 1997, apud PEREIRA, 2007). 
Diversos órgãos têm a capacidade de metabolizar em certo grau os 
fármacos através de reações enzimáticas rins, o trato gastrintestinal, os pulmões, 
a pele e outros órgãos contribuem para o metabolismo sistêmico dos fármacos. 
Entretanto, o fígado é que contém a maior diversidade e quantidade de enzimas 
metabólicas, de modo que a maior parte do metabolismo dos fármacos ocorre 
nesse órgão. A capacidade do fígado de modificar os fármacos depende da 
quantidade de fármaco que penetra nos hepatócitos. 
Em geral, os fármacos altamente lipofílicos podem penetrar mais 
facilmente nas células (inclusive nos hepatócitos). Em consequência, o fígado 
metaboliza preferencialmente os fármacos hidrofóbicos. Entretanto, o fígado 
também o fígado também contém numerosos transportadores da superfamília 
do SNC, que também permitem a entrada de alguns fármacos hidrofílicos nos 
hepatócitos contém numerosos transportadores da superfamília do SNC, que 
também permitem a entrada de alguns fármacos hidrofílicos nos hepatócitos. 
 
23 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
As enzimas hepáticas têm a propriedade de modificar quimicamente uma 
variedade de substituintes nas moléculas dos fármacos, tornando os fármacos 
inativos ou facilitando a sua eliminação. Essas modificações são designadas, 
em seu conjunto, como biotransformação. As reações de biotransformação são 
classificadas em dois tipos: as reações de oxidação/redução e as reações de 
conjugação/hidrólise. 
Reações de oxidação/redução: As reações de oxidação/redução 
modificam a estrutura química de um fármaco através de oxidação ou redução. 
O fígado possui enzimas que facilitam cada uma dessas reações. 
Reações de conjugação/hidrólise: As reações de conjugação/hidrólise 
hidrolisam um fármaco ou conjugam o fármaco com uma molécula grande e polar 
para inativar o fármaco ou, mais comumente, para aumentar a sua solubilidade 
e excreção na urina ou na bile. Em certas ocasiões, a hidrólise ou a conjugação 
podem resultar em ativação metabólica de pró-fármacos. Os grupos mais 
comumente adicionados incluem glicuronato, sulfato, glutationa e acetato. 
Biotransformação dos fármacos 
A maioria das drogas é metabolizada antes da catabolização no 
organismo. Após as reações de metabolização, todos os compostos formados 
tendem a ser mais hidrossolúveis e com menor atividade biológica. As reações 
 
24 
 
de metabolização das drogas foram classificadas em duas categorias com 
processos de fases 1 e 2. 
• Os processos de fase 1: envolvem oxidação, redução e hidrólise. Essas 
reações fornecem um grupo funcional que aumenta a polaridade da droga, 
e um sítio que é utilizado em reações para o metabolismo de fase 2. Nessa 
fase ocorre conversão do fármaco original em um metabólito mais polar 
através de oxidação, redução ou hidrólise. O metabólito resultante podeser 
farmacologicamente inativo, menos ativo ou, às vezes, mais ativo que a 
molécula original. Quando o próprio metabólito é a forma ativa, o composto 
original é denominado pró-droga (p. ex. enalapril). Assim, as pró-drogas 
são compostos químicos convertidos em substâncias farmacologicamente 
ativas após a biotransformação. 
• Os processos de fase 2: envolvem a conjugação ou reações sintéticas em 
que um grupamento químico grande é ligado à molécula. Isto também 
aumenta a solubilidade em água e facilita a excreção do metabólito. Deve-
se ressaltar que um mesmo fármaco pode sofrer várias vias de 
metabolização no organismo, e que não necessariamente ambas as fases 
ou na ordem que elas se apresentam. As enzimas que metabolizam as 
drogas apresentam uma multiplicidade de formas e diferenças inter-
individuais na expressão genética que podem contribuir para as diferenças 
inter-individuais no metabolismo das mesmas. A síntese enzimática 
elevada como resultado da presença de um composto químico exógeno é 
referida como indução, e pode ser decorrente de alterações nos ácidos 
nucléicos, ou nos processos pós-tradução, por exemplo. Esta estimulação 
pode ser produzida por certas drogas e constituintes alimentares, álcool e 
tabagismo. Embora o fígado seja considerado o órgão máximo de 
metabolização das drogas, a maioria dos tecidos é capaz de metabolizar 
drogas específicas, isso vai depender da expressão genética da enzima no 
tecido. 
Metabolismo de fase 1 
Oxidação: Grande parte do metabolismo oxidativo das drogas é 
catalisada pelos citocromos P-450, que constituem uma superfamília de 
 
25 
 
isoformas enzimáticas das proteínas. As enzimas do citocromo são susceptíveis 
à indução enzimática. Os fármacos são catalisados por um grupo importante de 
enzimas oxidativas que fazem N- e O- desalquilação, hidroxilação de cadeia 
lateral e de anel aromático, formação de sulfóxido, N- oxidação, N- hidroxilação, 
desaminação de aminas primárias e secundárias e substituição de um átomo de 
enxofre por um de oxigênio (dessulfuração). 
A maioria das reações oxidativas é realizada por um grupo de 
hemoproteínas estreitamente relacionadas denominadas de Citocromo P-450 
que são encontradas principalmente no retículo endoplasmático hepático, porém 
podem ocorrer também no córtex adrenal, nos rins, na mucosa intestinal, os 
quais são locais de metabolização de droga. 
Outras enzimas oxidativas incluem a Monoaminooxidase (MAO) e a 
Diaminooxidase (DAO) que são mitocondriais e desaminam oxidativamente 
aminas primárias e aldeídos. A MAO está envolvida no metabolismo das 
catecolaminas e alguns antidepressivos são seus inibidores e podendo interferir 
no metabolismo de outras drogas. A DAO metaboliza histamina. 
Redução: As reações de redução são muito mais raras que as de 
oxidação, mas algumas delas são importantes, por exemplo as que envolvem a 
conversão de um grupo cetona em hidroxila. Os glicocorticóides são 
administrados como cetonas que devem ser reduzidas a compostos hidroxilados 
correspondentes. Existem reações de redução que também envolvem enzimas 
microssômicas. O fármaco warfarina é inativado por conversão de um grupo 
cetônico em um grupo hidroxila. 
Hidrólise: As reações hidrolíticas podem envolver enzimas 
microssômicas hepáticas, ou ocorrerem no plasma e em muitos tecidos. Tanto 
ligações éster, como amida são susceptíveis à hidrólise, as primeiras mais 
facilmente que as últimas. As proteases hidrolisam os polipeptídeos e proteínas 
e têm grande importância na aplicação terapêutica. 
Metabolismo de fase 2 
Conjugação: Se houver um sítio adequado, que pode decorrer da fase 1 
ou que ela já pode possuir naturalmente, a molécula do fármaco é susceptível à 
conjugação, isto é, a fixação de um grupo substitutivo. Os grupos mais 
 
26 
 
frequentes envolvidos na formação de conjugados são: glicuronil, sulfato, metil, 
acetil, glicil e glutamil. 
Exemplo do ácido acetilsalicílico que por hidrólise é metabolizado a ácido 
salicílico (que ainda possui atividade farmacológica) e depois é conjugado ao 
ácido glicurônico ou a glicina, gerando, portanto, dois metabólitos diferentes, que 
já não apresentam atividade e são mais hidrossolúveis, sendo facilmente 
excretados pelos rins. 
Excreção 
As reações de oxidação/redução e de conjugação/hidrólise aumentam a 
hidrofilicidade de um fármaco hidrofóbico e seus metabólitos, permitindo que 
esses fármacos sejam excretados através de uma via comum final com fármacos 
que são intrinsecamente hidrofílicos. 
Os fármacos e seus metabólitos são, em sua maioria, eliminados do corpo 
através de excreção renal e biliar. A excreção renal constitui o mecanismo mais 
comum de excreção de fármacos e baseia-se na natureza hidrofílica de um 
fármaco ou seu metabólito. Apenas um número relativamente pequeno de 
fármacos é excretado primariamente na bile. 
Muitos fármacos de administração oral sofrem absorção incompleta pelo 
trato gastrintestinal superior, e o fármaco residual é então eliminado por excreção 
fecal. De outro modo, os fármacos podem ser excretados em quantidades 
mínimas através das vias respiratória e dérmica. 
Excreção Renal: O fluxo sanguíneo renal representa cerca de 25% do 
fluxo sanguíneo sistêmico total, assegurando uma contínua exposição de 
qualquer fármaco presente no sangue aos rins. A taxa de eliminação dos 
fármacos através dos rins depende do equilíbrio das taxas de filtração, secreção 
e reabsorção de um fármaco. 
Excreção Biliar: A reabsorção de fármacos também desempenha um 
importante papel na excreção biliar. Alguns fármacos são secretados pelo fígado 
na bile por intermédio de membros da família de transportadores do conjunto de 
ligação do ATP (ABC, ATP binding cassette), que inclui sete famílias de 
proteínas, como a família de resistência a múltiplos fármacos (MDR, multidrug 
resistance). 
 
27 
 
Como o ducto biliar desemboca no trato gastrintestinal no duodeno, esses 
fármacos devem passar por toda a extensão do intestino delgado e do intestino 
grosso antes de serem eliminados. Em muitos casos, esses fármacos sofrem 
circulação êntero-hepática, em que são reabsorvidos no intestino delgado e 
subsequentemente retidos na circulação porta e, a seguir, na circulação 
sistêmica. Certos fármacos, como os hormônios esteróides, a digoxina e alguns 
agentes quimioterápicos para o câncer, são excretados, em grande parte, na 
bile. 
4 FARMACODINÂMICA 
 
Fonte: tuasaude.com 
O termo farmacodinâmica é usado para descrever os efeitos de um 
fármaco no corpo. A integração das ações moleculares em um efeito exercido 
sobre o organismo como um todo. É importante descrever os efeitos de um 
fármaco em termos quantitativos para estabelecer as faixas de doses 
apropriadas para os pacientes, bem como para comparar a potência, a eficácia 
e a segurança de um fármaco com outro (GOLAN, 2014). 
No estudo dos fármacos, a farmacodinâmica investiga: 
• Locais de ação; 
• Mecanismos de ação; 
• Relação entre dose da droga e magnitude dos efeitos; 
 
28 
 
• Efeitos das drogas; 
• Variação das respostas às drogas. 
A farmacocinética e a farmacodinâmica proporcionam uma base científica 
segura para a seleção e uso de fármacos no combate de mecanismos 
fisiopatológicos de determinadas doenças. 
4.1 Ligação fármaco–receptor 
O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação fármaco–
receptor. Quando um fármaco ou um ligante endógeno (por exemplo, um 
hormônio ou um neurotransmissor) liga-se a seu receptor, pode ocorrer uma 
resposta como consequência dessa interação de ligação. 
Um fármaco é uma substância química que, quando aplicada a um 
sistema fisiológico, afeta seu funcionamento de modo específico. Com poucas 
exceções, os fármacos agem sobre as proteínas-alvo: 
• receptores 
• enzimas 
• carregadores 
• canais iônicos 
Rang (2016), explica sobre os receptores: 
O conceito de receptores é centralpara a farmacologia, e esse termo 
é empregado com mais frequência para descrever as moléculas-alvo 
por meio das quais os mediadores fisiológicos solúveis – hormônios, 
neurotransmissores, mediadores inflamatórios etc. – produzem seus 
efeitos. 
O termo receptor é empregado de diferentes modos. Em farmacologia, 
descreve as moléculas proteicas cuja função é reconhecer os sinais químicos 
endógenos e responder a eles. Outras macromoléculas com que os fármacos 
interagem para produzir seus efeitos são conhecidas como alvos 
farmacológicos. 
Quando já existir um número suficiente de receptores ligados (ou 
“ocupados”) sobre uma célula ou no seu interior, o efeito cumulativo dessa 
“ocupação” dos receptores pode tornar-se aparente nessa célula. 
 
29 
 
Em algum momento, todos os receptores podem estar ocupados, e pode-
se observar então uma resposta máxima. Quando a resposta é desencadeada 
em muitas células, o efeito pode ser observado em nível do órgão ou até mesmo 
no paciente. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
4.2 Locais de ação dos fármacos 
A droga ou fármaco, para exercer suas ações e produzir seus efeitos, 
precisa atingir seu local ou alvo específico. Paul Ehrlich, o criador da 
quimioterapia, no início do século passado, defendia a hipótese de que a ação 
da droga deveria ser interpretada em termos da interação química entre a droga 
e os tecidos (SILVA, 2010). 
Os efeitos farmacológicos seriam produzidos pela ligação das moléculas 
das drogas a determinados componentes das células e tecidos. Esses locais de 
ligação das drogas são principalmente de natureza proteica e representados 
especialmente por enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos e 
receptores. O DNA e a matriz óssea podem também ser locais de ação de alguns 
fármacos. 
 
30 
 
 
Fonte: farmaceuticosnaweb.blogspot.com 
Existem alguns alvos ainda desconhecidos. Para produzir seus efeitos, a 
droga deve apresentar elevado grau de especificidade de ligação com seu local 
de ação. Nenhuma droga, entretanto, é completamente específica nas suas 
ações. Na maioria dos casos, a droga pode afetar outros alvos celulares e 
teciduais, além do alvo principal, e provocar efeitos colaterais. 
4.3 Relações de dose–resposta 
A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação 
entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) 
a este fármaco. Intuitivamente, o esperado é que a relação de dose–resposta 
esteja estreitamente relacionada com a relação de ligação fármaco–receptor, e 
verifica –se que isso realmente ocorre para muitas combinações de fármaco–
receptor. Por conseguinte, nesse estágio de nossa discussão, convém partir do 
princípio de que a resposta a um fármaco é proporcional à concentração de 
receptores que estão ligados (ocupados) pelo fármaco. 
Existem dois tipos principais de relações dose–resposta — graduada e 
quantal. A diferença entre os dois métodos é que as relações de dose–resposta 
graduadas descrevem o efeito de várias doses de um fármaco sobre o indivíduo, 
 
31 
 
enquanto as relações quantais mostram o efeito de várias doses de um fármaco 
sobre uma população de indivíduos. 
 
RELAÇÕES DE DOSE – RESPOSTA 
GRADUADAS 
RELAÇÕES DE DOSE – RESPOSTA 
QUANTAIS 
• A potência de um fármaco refere-se à 
concentração em que o fármaco produz 
50% de sua resposta máxima. 
• A eficácia refere-se à resposta máxima 
produzida pelo fármaco. 
• A eficácia pode ser considerada como o 
estado em que a sinalização mediada 
pelo receptor torna-se máxima, de modo 
que qualquer quantidade adicional do 
fármaco não irá produzir nenhuma 
resposta adicional. 
• Esse estado é habitualmente alcançado 
quando todos os receptores estão 
ocupados pelo fármaco. 
• Entretanto, alguns fármacos são capazes 
de produzir uma resposta máxima quando 
menos de 100% de seus receptores estão 
ocupados; os receptores remanescentes 
podem ser denominados receptores de 
reserva. 
• A relação de dose–resposta quantal 
representa graficamente a fração da 
população que responde a determinada 
dose de um fármaco como função da dose 
deste fármaco. 
• As relações de dose–resposta quantais 
descrevem as concentrações de um 
fármaco que produzem determinado efeito 
numa população. 
• Devido a diferenças nas respostas 
biológicas entre indivíduos, os efeitos de 
um fármaco são observados ao longo de 
uma faixa de doses. 
• As respostas são definidas em termos de 
presentes ou ausentes (isto é, quantais, e 
não graduadas). 
• Parâmetros finais, como “sono/sem sono” 
ou “estar vivo dentro de 12 meses/não 
estar vivo dentro de 12 meses” são 
exemplos de respostas quantais; em 
contrapartida, as relações de dose–
resposta graduadas são geradas utilizando 
respostas de grandeza escalar, como 
mudança na pressão arterial ou na 
frequência cardíaca. 
• O objetivo é generalizar um resultado para 
uma população, mais do que examinar o 
efeito graduado de diferentes doses do 
fármaco sobre um indivíduo. 
 
32 
 
• Os tipos de respostas que podem ser 
examinados com a relação de dose–
resposta quantal incluem: 
➢ a efetividade (efeito terapêutico), 
➢ a toxicidade (efeito adverso) 
➢ a letalidade (efeito letal). 
• As doses que produzem essas respostas 
em 50% de uma população são conhecidas 
como dose efetiva mediana, dose tóxica 
mediana e dose letal mediana, 
respectivamente. 
Fonte: Adaptado de GOLAN, et al, 2014. 
4.4 Interações fármaco–receptor 
Muitos receptores de fármacos podem ser categorizados dentro de dois 
estados de conformação, que estão em equilíbrio reversível entre si. Esses dois 
estados são denominados estado ativo e estado inativo. Muitos fármacos atuam 
como ligantes desses receptores e afetam a probabilidade de o receptor 
encontrar- se preferencialmente em uma dessas duas conformações. 
As propriedades farmacológicas dos fármacos baseiam-se, com 
frequência, em seus efeitos sobre o estado de seus receptores cognatos. Um 
fármaco que, através de sua ligação a seu receptor, favorece a conformação 
ativa deste receptor é denominado agonista; por outro lado, um fármaco que 
impede a ativação do receptor pelo agonista é designado como antagonista. 
Alguns fármacos não se enquadram exatamente dentro dessa definição simples 
de agonista e antagonista; esses fármacos incluem os agonistas parciais e os 
agonistas inversos. 
Agonistas: Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o 
estabiliza numa determinada conformação (habitualmente na conformação 
ativa). Quando ligado por um agonista, um receptor típico tem mais tendência a 
encontrar-se na sua conformação ativa do que na sua conformação inativa. 
Dependendo do receptor, os agonistas podem ser fármacos ou ligantes 
endógenos. 
 
33 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Antagonistas: Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um 
agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. Os 
antagonistas podem ser divididos em antagonistas de receptores e antagonistas 
sem receptores. 
 
 
ANTAGONISTA DE 
RECEPTOR 
Liga-se ao sítio ativo (sítio de ligação do 
agonista) ou a um sítio alostérico de um 
receptor. A ligação do antagonista ao sítio ativo 
impede a ligação do agonista ao receptor, 
enquanto a ligação do antagonista a um sítio 
alostérico altera a Kd (A Kd é a constante de 
dissociação em equilíbrio para determinada 
interação fármaco-receptor um valor mais baixo 
de Kd indica uma interação fármaco–receptor 
mais firme de maior afinidade) para a ligação do 
agonista ou impede a mudança de 
conformação necessária para a ativação do 
receptor. Os antagonistas de receptores 
também podem ser divididos em antagonistas 
 
34 
 
reversíveis e irreversíveis, isto é, antagonistas 
que se ligam a seus receptores de modo 
reversível e antagonistas que se ligam 
irreversivelmente. 
 
 
 
 
 
ANTAGONISTA SEM 
RECEPTORES 
Não se ligaao receptor do agonista; entretanto, 
inibe a capacidade do agonista de iniciar uma 
resposta. Em nível molecular, essa inibição 
pode ocorrer através da inibição direta do 
agonista (por exemplo, utilizando anticorpos), 
através da inibição de uma molécula localizada 
distalmente na via de ativação, ou através da 
ativação de uma via que se opõe à ação do 
agonista. 
• Antagonistas químicos: inativam o 
agonista antes de ele ter a oportunidade 
de atuar (por exemplo, através de 
neutralização química); 
• Antagonistas fisiológicos: produzem 
um efeito fisiológico oposto àquele 
induzido pelo agonista. 
Fonte: adaptado de GOLAN et al, 2014. 
Antagonistas Competitivos dos Receptores: Um antagonista 
competitivo liga-se reversivelmente ao sítio de um receptor. Ao contrário do 
agonista, que também se liga ao sítio ativo do receptor, o antagonista competitivo 
não estabiliza a conformação necessária para a ativação do receptor. Por 
conseguinte, o antagonista bloqueia a ligação do agonista a seu receptor, 
enquanto mantém o receptor em sua conformação inativa. 
Antagonistas Não-Competitivos dos Receptores: Os antagonistas 
não-competitivos podem ligar-se ao sítio ativo ou a um sítio lotéricos de um 
receptor. O antagonista não-competitivo que se liga ao sítio ativo de um receptor 
pode fazê-lo de modo covalente ou com afinidade muito alta; em ambos os 
casos, a ligação é efetivamente irreversível. Como um antagonista 
irreversivelmente ligado ao sítio ativo não pode ser “superado”, mesmo com altas 
 
35 
 
concentrações do agonista, esse antagonista exibe antagonismo não-
competitivo. 
Um antagonista alostérico não-competitivo atua ao impedir a ativação do 
receptor, mesmo quando o agonista está ligado ao sítio ativo. O antagonista 
alostérico exibe antagonismo não-competitivo, independentemente da 
reversibilidade de sua ligação, visto que esse tipo de antagonista não atua ao 
competir com o agonista pela sua ligação ao sítio ativo, mas ao impedir a 
ativação do receptor. 
Entretanto, a reversibilidade da ligação do antagonista é importante, visto 
que o efeito de um antagonista irreversível não diminui, mesmo quando o 
fármaco livre (não-ligado) é eliminado do organismo, enquanto o efeito de um 
antagonista reversível pode ser “eliminado” com o decorrer do tempo, à medida 
que se dissocia do receptor. 
Um receptor ao qual está ligado um antagonista não-competitivo não pode 
mais responder à ligação de um agonista. Por conseguinte, a resposta máxima 
(eficácia) do agonista é reduzida. Uma diferença característica entre 
antagonistas competitivos e não-competitivos reside no fato de que os 
antagonistas competitivos reduzem a potência do agonista, enquanto os 
antagonistas não-competitivos diminuem a eficácia do agonista. 
Essa diferença pode ser explicada com base no fato de que um 
antagonista competitivo compete continuamente pela sua ligação ao receptor, 
diminuindo efetivamente a afinidade do receptor pelo seu agonista, sem limitar o 
número de receptores disponíveis. Em contrapartida, um antagonista não-
competitivo remove receptores funcionais do sistema, limitando, assim, o 
número de receptores disponíveis. 
 
36 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A aspirina é um exemplo de antagonista não-competitivo. Esse agente 
acetila irreversivelmente a ciclo-oxigenase, a enzima responsável pela produção 
de tromboxano A2 nas plaquetas. Na ausência de geração de tromboxano A2, 
ocorre inibição da agregação plaquetária. Como a inibição é irreversível, e as 
plaquetas são incapazes de sintetizar novas moléculas de ciclooxigenase, os 
efeitos de uma dose única de aspirina persistem por 7 a 10 dias (o tempo 
necessário para a produção de novas plaquetas pela medula óssea), embora o 
fármaco livre seja depurado muito mais rapidamente do organismo. 
 
 
Fonte: Adaptado GOODMAN, 2012. 
 
37 
 
Antagonistas Sem Receptores: Os antagonistas sem receptores podem 
ser classificados em antagonistas químicos e antagonistas fisiológicos. 
• Antagonista químico: inativa o agonista específico ao modificá-lo 
ou sequestrá-lo, de modo que o agonista não é mais capaz de ligar-
se ao receptor e de ativá-lo. A protamina é um exemplo de 
antagonista químico; essa proteína básica liga-se 
estequiometricamente à classe de anticoagulantes da heparina, 
inativando esses agentes. Devido a esse antagonismo químico, a 
protamina pode ser utilizada para interromper rapidamente os efeitos 
da heparina. 
• Antagonista fisiológico: ativa ou bloqueia mais comumente um 
receptor que medeia uma resposta fisiologicamente oposta àquela 
do receptor do agonista. Assim, por exemplo, no tratamento do 
hipertireoidismo, os antagonistas ᵝ-adrenérgicos são utilizados 
como antagonistas fisiológicos para reverter o efeito de taquicardia 
do hormônio tireoidiano endógeno. Embora o hormônio tireoidiano 
não produza seu efeito de taquicardia através de estimulação ᵝ-
adrenérgica, o bloqueio da estimulação ᵝ--adrenérgica pode, 
entretanto, aliviar a taquicardia causada pelo hipertireoidismo. 
Agonistas parciais: Um agonista parcial é uma molécula que se liga a 
um receptor em seu sítio ativo, mas que só produz uma resposta parcial, mesmo 
quando todos os receptores estão ocupados (ligados) pelo agonista. 
Cada agonista atua através de sua ligação ao mesmo sítio no receptor 
muscarínico de acetilcolina (ACh). O butil trimetilamônio (TMA) não é apenas 
mais potente do que os derivados de cadeia mais longa na estimulação da 
contração muscular, como também mais eficaz do que alguns dos derivados (por 
exemplo, as formas heptila e octila) na produção de uma maior resposta máxima. 
Por esse motivo, o butil TMA é um agonista integral no receptor 
muscarínico de ACh, enquanto o derivado octila é um agonista parcial nesse 
receptor. Como os agonistas parciais e os agonistas integrais ligam-se ao 
mesmo sítio no receptor, o agonista parcial pode reduzir a resposta produzida 
por um agonista integral. Dessa maneira, o agonista parcial pode atuar como 
antagonista competitivo. Por essa razão, os agonistas parciais são algumas 
 
38 
 
vezes denominados “antagonistas parciais” ou até mesmo “agonistas-
antagonistas mistos. 
Agonistas inversos: Um agonista inverso atua de modo a abolir a 
atividade intrínseca (constitutiva) do receptor livre (não-ocupado). Os agonistas 
inversos podem atuar através de sua ligação ao receptor na forma DR (inativa) 
e de sua estabilização. Os agonistas inversos podem ser considerados fármacos 
com eficácia negativa, o que os diferencia dos agonistas (eficácia positiva) e dos 
antagonistas neutros (eficácia zero). 
5 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO ORGANISMO 
 
Fonte: docsity.com 
5.1 Compartimentos líquidos do organismo 
A água corporal está distribuída em quatro compartimentos principais. A 
água total do organismo varia de 50 a 70% do peso corporal e, em mulheres, a 
porcentagem é menor que em homens. 
O líquido extracelular compreende o plasma (em torno de 4,5% do peso 
corporal), líquido intersticial (16%) e linfa (1,2%). O líquido intracelular (30 a 40%) 
é a soma do conteúdo líquido de todas as células do corpo. O líquido transcelular 
 
39 
 
(2,5%) inclui os líquidos cefalorraquidiano, intraocular, peritoneal, pleural e 
sinovial e as secreções digestivas. O feto também pode ser considerado um tipo 
especial de compartimento transcelular. Dentro de cada um desses 
compartimentos aquosos, as moléculas de fármacos estão presentes tanto livres 
em solução quanto na forma ligada; além disso, os fármacos que são ácidos ou 
bases fracas existem como uma mistura em equilíbrio das formas com carga e 
sem carga, e a posição do equilíbrio depende do pH. 
O padrão do equilíbrio de distribuição entre os diversos compartimentos 
depende, portanto, da: 
• Permeabilidade através das barreiras teciduais; 
• Ligação dentro dos compartimentos; 
• Partição pelo pH; 
• Partição óleo: água. 
Parapassar do compartimento extracelular para os compartimentos 
transcelulares, o fármaco precisa atravessar uma barreira celular, e a barreira 
hematoencefálica é um exemplo particularmente importante. 
A barreira hematoencefálica: O conceito de barreira hematoencefálica 
foi introduzido por Paul Ehrlich para explicar sua observação de que um corante 
administrado por via intravenosa tingia a maioria dos tecidos, mas não o cérebro. 
A barreira consiste em uma camada contínua de células endoteliais 
unidas por junções de oclusão e cercadas por pericitos. Consequentemente, o 
cérebro é inacessível para a maioria dos fármacos, incluindo muitos 
antineoplásicos e alguns antibióticos como os aminoglicosídeos, cuja 
lipossolubilidade é insuficiente para possibilitar sua passagem pela barreira 
hematoencefálica. 
Entretanto, a inflamação pode romper a integridade dessa barreira, 
possibilitando a entrada no cérebro de substâncias que não costumam 
atravessá-la; consequentemente, a penicilina pode ser dada pela via intravenosa 
(em vez da via intratecal) para o tratamento da meningite bacteriana (que é 
acompanhada de intensa inflamação). 
Segundo Rang, (2016): 
(...) em algumas partes do SNC, incluindo a zona quimiorreceptora do 
gatilho, a barreira é permeável. Isso permite que a domperidona, um 
antiemético antagonista do receptor de dopamina que não atravessa a 
 
40 
 
barreira hematoencefálica, mas que tem acesso à zona 
quimiorreceptora do gatilho, seja usada para evitar a náusea causada 
por agonistas dopaminérgicos, como a apomorfina, usados para o 
tratamento dos estágios avançados da doença de Parkinson. Isso é 
conseguido sem perda de efetividade, pois os receptores de dopamina 
nos gânglios da base só são acessíveis a fármacos que tenham 
atravessado a barreira hematoencefálica. 
5.2 Volume de distribuição 
O volume de distribuição aparente Vd é definido como o volume 
necessário para conter a quantidade total do fármaco (Q) no organismo, na 
mesma concentração presente no plasma (Cp). 
É importante evitar a identificação, de modo muito rígido, de uma 
determinada faixa de Vd com um determinado compartimento anatômico. Os 
fármacos podem atuar em concentrações muito baixas no compartimento 
específico que dá acesso aos seus receptores. Por exemplo, a insulina tem um 
Vd semelhante ao volume da água plasmática, mas exerce seu efeito no 
músculo, tecido adiposo e fígado por meio de receptores que são expostos ao 
líquido intersticial, e não ao plasma. 
 
Fármacos em grande parte confinados ao compartimento plasmático 
 
O volume de plasma é de aproximadamente 0,05 l/kg de peso corporal. 
Alguns fármacos, como a heparina, ficam confinados ao plasma porque a 
molécula é muito grande para atravessar a parede dos capilares com facilidade. 
Mais frequentemente, a retenção de um fármaco no plasma após uma dose 
única reflete uma forte ligação às proteínas plasmáticas. No entanto, é a fração 
livre do fármaco no líquido intersticial que tem efeitos farmacológicos. Após 
doses repetidas, ocorre equilíbrio e o Vd medido aumenta. 
 
Fármacos distribuídos no compartimento extracelular 
 
O volume extracelular total é de aproximadamente 0,2 l/kg, e esse é o Vd 
aproximado para muitos compostos polares, tais como o vecurônio, a 
gentamicina e a carbenicilina. 
 
41 
 
Esses fármacos não conseguem entrar com facilidade nas células por sua 
baixa lipossolubilidade, não atravessando livremente a barreira 
hematoencefálica nem a placenta. Muitos biofármacos macromoleculares, 
especialmente anticorpos monoclonais, distribuem-se no espaço extracelular e 
alcançam os receptores de superfície das células, mas não entram nas células. 
Os biofármacos com base em ácidos nucleicos, que atuam no DNA e RNA 
intracelulares, são frequentemente formulados em sistemas de liberação 
especiais que facilitam o acesso ao interior da célula, normalmente em pequenas 
quantidades que, ainda assim, são suficientes para exercer seus efeitos na 
síntese proteica. 
 
Distribuição na água do organismo 
 
A água total do organismo representa em torno de 0,55 l/kg. Esse valor 
aproxima-se da distribuição de muitos fármacos que atravessam as membranas 
celulares facilmente, como a fenitoína e o etanol. A ligação dos fármacos fora do 
compartimento plasmático, ou sua partição na gordura, aumenta o Vd acima do 
conteúdo total de água corporal. Consequentemente, também existem muitos 
fármacos com Vd maior que o volume total da água corporal, como a morfina, 
antidepressivos tricíclicos e haloperidol. Tais fármacos não são removidos do 
organismo com eficiência pela hemodiálise, que é, pois, inútil no tratamento de 
superdosagens com esses agentes. 
 
 
 
 
42 
 
6 FARMACOTERAPIA NAS PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES 
 
Fonte: viverbemsj.med.br 
O coração humano é um órgão tanto mecânico quanto elétrico. Para 
perfundir o corpo adequadamente com sangue, os componentes 
mecânicos e elétricos do coração precisam atuar juntos em harmonia. 
O componente mecânico bombeia o sangue, enquanto o componente 
elétrico controla o ritmo da bomba (ARMSTRONG, 2012). 
Quando o componente mecânico falha, apesar de um ritmo normal, pode 
ocorrer insuficiência cardíaca. Quando o componente elétrico passa a funcionar 
de modo inapropriado (arritmia), os miócitos cardíacos não conseguem se 
contrair de modo sincrônico e ocorre comprometimento do bombeamento 
efetivo. A ocorrência de alterações no potencial de membranas das células 
cardíacas afeta diretamente o ritmo cardíaco, e os agentes antiarrítmicos atuam, 
em sua maioria, ao modular a atividade dos canais iônicos na membrana 
plasmática. 
6.1 Hipertensão 
 A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma situação clínica de 
natureza multifatorial caracterizada por níveis de pressão arterial (PA) 
elevados. A HAS multiplica o risco de danos cardiovasculares, 
contribuindo para aumentar a morbimortalidade e os custos sociais 
com invalidez e absenteísmo ao trabalho. O controle adequado dessa 
situação reduz significativamente os riscos individuais e os custos 
sociais. (PELIZZARO, 2003 apud SBC, 2003). 
 
43 
 
A hipertensão arterial tem um componente familiar, cerca da metade dos 
pacientes hipertensos apresentam um traço familiar para hipertensão ou 
mortalidade cardiovascular prematura em seus parentes de primeiro grau. 
Um dos principais obstáculos no tratamento da hipertensão consiste na 
natureza em grande parte assintomática da doença, mesmo com elevação 
pronunciada da pressão arterial sistêmica (GOLAN, 2014). 
 
Os principais grupos de medicamentos anti-hipertensivos são: 
 
• Bloqueadores adrenérgicos: são drogas que intervêm na 
transmissão simpática. Exemplos: atenolol, doxazosina, 
propranolol; 
• Bloqueadores dos canais de cálcio: atuam ao bloquear a entrada 
de cálcio em resposta à despolarização; dilatam os vasos de 
resistência de capacitância. Exemplos: nimodipina, verapamil, 
nifedipina, diltiazem, anlodipina; 
• Diuréticos: drogas que aumentam a excreção de sódio e água do 
corpo, através de uma ação sobre os rins. Seu efeito primário 
consiste em diminuir a reabsorção de sódio e de cloreto do filtrado, 
sendo o aumento da perda de água secundário à excreção 
aumentada de sal. Exemplos: furosemida, espironolactona, 
hidroclorotiazida; 
• Drogas que intervêm no sistema renina-angiotensina: a enzima 
Angiotensina II contribui para disfunção endotelial, alteração na 
hemodinâmica renal e hipertrofia vascular e cardíaca. Os inibidores 
da enzima conversora de angiotensina (ECA) impedem a 
conversão de angiotensina I em angiotensina II, que é um 
vasoconstritor potente, atenuando assim seus efeitos. Os 
inibidores da enzima conversora podem ser usados em qualquer 
etapa do esquema terapêutico, incluindo a primeira como 
monoterapia. O resultado clínico do sistema de inibição renina-
angiotensina inclui decréscimo no infarto do miocárdio, angina, 
derrame cerebrale doença ou mortalidade associada à 
insuficiência cardíaca. Exemplos: enalapril, lisinopril, captopril. Há, 
 
44 
 
também, antagonista dos receptores de angiotensina II, por 
exemplo: losartan. 
 
Cardiopatia isquêmica 
 
Os depósitos ateromatosos são universais nas artérias coronárias dos 
adultos que vivem em países desenvolvidos. São assintomáticos na maior parte 
da história natural da doença, mas podem progredir insidiosamente, culminando 
em infarto agudo do miocárdio e suas complicações, incluindo arritmia e 
insuficiência cardíaca. 
Consequências importantes da aterosclerose coronariana incluem: 
• Angina (precordialgia causada por isquemia cardíaca); 
• Infarto do miocárdio. 
Angina 
Ocorre angina quando a oferta de oxigênio ao miocárdio é insuficiente 
para suas necessidades. A dor tem distribuição característica no peito, membro 
superior e pescoço, e é ocasionada por esforço físico, frio ou agitação. 
Clinicamente são reconhecidos três tipos de angina: estável, instável e variante. 
 
Infarto do miocárdio 
 
Ocorre infarto do miocárdio quando uma artéria coronária é bloqueada por 
trombo. O evento pode ser fatal e é causa comum de morte, geralmente em 
decorrência de insuficiência mecânica 
Um intuito terapêutico importante é a prevenção de dano isquêmico 
irreversível após um episódio de trombose coronariana. O essencial é abrir 
artéria obstruída, e é importante que isso seja prontamente realizado, 
independente da maneira de fazê-lo. 
Caso logisticamente possível, a angioplastia (realizada utilizando um 
cateter com um balão inflável próximo da extremidade, com um antagonista da 
glicoproteína IIb/IIIa– para evitar a reobstrução) é mais eficaz do que os fármacos 
trombolíticos. Os principais medicamentos incluem fármacos que melhoram a 
função cardíaca através da manutenção da oxigenação e redução do trabalho 
 
45 
 
cardíaco, assim como os utilizados para o tratamento da dor e prevenção de 
trombose posterior. São utilizados em combinação, e compreendem: 
• Combinações de fármacos trombolíticos, antiplaquetários (aspirina 
e clopidogrel) e antitrombóticos (uma preparação de heparina) para 
abrir a artéria bloqueada e impedir a reoclusão; 
• Oxigênio se há hipóxia arterial; 
• Opioides (administrados juntamente com um antieméticos) para 
prevenir a dor e reduzir a atividade simpática excessiva; 
• Nitrato orgânico; 
• β-bloqueadores; 
• Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) ou 
bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina. 
Os antagonistas dos receptores β-adrenérgicos reduzem o trabalho 
cardíaco e, assim, as necessidades metabólicas do coração, e são usados assim 
que o paciente está estável. Os ECAs também reduzem o trabalho cardíaco e 
melhoram a sobrevida ao abrirem a artéria coronária (com angioplastia ou 
fármaco trombolítico) e tratamento antiplaquetário. 
6.2 Fármacos que afetam a função cardíaca 
Os fármacos com ação importante sobre o coração podem ser divididos 
em três grupos. 
Fármacos que afetam diretamente 
as células do miocárdio. Estes 
incluem: 
• Neurotransmissores autônomos e fármacos 
relacionados; 
• Antiarrítmicos; 
• Glicosídeos cardíacos e outros fármacos 
inotrópicos; 
• Fármacos e hormônios variados; (p. ex., 
doxorrubicina, tiroxina; glucagon). 
Fármacos que afetam 
indiretamente a função cardíaca: 
Estes têm ações em outras partes do sistema 
vascular. 
Alguns antianginosos (p. ex., nitratos) caem 
nesta categoria, assim como muitos fármacos 
 
46 
 
usados no tratamento da insuficiência cardíaca 
(p. ex. diuréticos e IECAs). 
 
Antagonistas do cálcio: 
Estes afetam a função cardíaca por ação direta 
sobre as células do miocárdio e, também, 
indiretamente, por relaxamento da musculatura 
lisa vascular. 
Fonte: Adaptado de PELIZZARO, 2003. 
6.3 Fármacos antiarrítmicos 
O tratamento de emergência de arritmias graves geralmente se faz por 
meios físicos (p. ex., marca-passo ou cardioversão elétrica por aplicação de um 
choque de corrente direta ao tórax ou por meio de um aparelho implantado), e 
não por fármacos (PELIZZARO, 2003). 
 
Antiarrítmicos não classificados no sistema de Vaughan Williams: 
Fármaco Uso 
Atropina • Bradicardia sinusal 
Epinefrina (adrenalina) • Parada cardíaca 
Isoprenalina • Bloqueio cardíaco 
Digoxina • Fibrilação atrial rápida 
Adenosina • Taquicardia supraventricular 
Cloreto de cálcio • Taquicardia ventricular por 
hipercalemia 
Cloreto de magnésio • Fibrilação ventricular, toxicidade 
pela digoxina 
Fonte: PELIZZARO, 2003 
Resumo dos antiarrítmicos (Classificação de Vaughan Williams): 
• Classe I: fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis a 
voltagem. São subdivididos em: Ia, Ib e Ic. 
• Classe II: antagonistas dos receptores β-adrenérgicos. 
 
47 
 
• Classe III: fármacos que prolongam, substancialmente, o potencial 
de ação cardíaco. 
• Classe IV: antagonistas do cálcio. 
 
Classe Exemplo(s) Mecanismo 
Ia Disopiramida Bloqueio de canais de sódio 
(dissociação intermediária) 
Ib Lidocaína Bloqueio de canais de sódio 
(dissociação rápida) 
Ic Flecainida Bloqueio dos canais de sódio 
(dissociação lenta) 
II Propranolol Antagonismo dos receptores β-
adrenérgicos 
III Amiodarona, sotalo Bloqueio de canais de potássio 
IV Verapamil Bloqueio de canais de cálcio 
Fonte: PELIZZARO, 2003 
Mecanismos de ação 
Fármacos da classe I: Os fármacos da classe I bloqueiam os canais de 
sódio, assim como o fazem os anestésicos locais, ligando-se a pontos na 
subunidade α. Como isto inibe a propagação do potencial de ação em muitas 
células excitáveis, é denominado atividade “estabilizadora de membrana, termo 
que é melhor evitar agora que o mecanismo iônico já foi compreendido. O efeito 
característico sobre o potencial de ação é reduzir a velocidade máxima de 
despolarização durante a fase 0. 
A razão para a subdivisão destes fármacos em classes Ia, Ib e Ic é que 
os mais antigos, quinidina e procainamida (classe Ia), têm efeitos diferentes de 
muitos dos fármacos desenvolvidos mais recentemente, embora todos 
compartilhem o mesmo mecanismo básico de ação. 
Os fármacos da classe Ib, por exemplo a lidocaína, associam-se e 
desassociam-se rapidamente no decurso de tempo do batimento cardíaco 
normal. O fármaco liga-se a canais abertos durante a fase 0 do potencial de ação 
 
48 
 
(afetando muito pouco a velocidade de elevação, mas deixando muitos dos 
canais bloqueados no momento em que o potencial de ação chega ao pico). 
Ocorre dissociação no momento do potencial de ação seguinte, desde 
que o ritmo cardíaco seja normal. Um batimento prematuro, contudo, será 
abortado porque os canais ainda estão bloqueados. Além disso, os fármacos da 
classe Ib se ligam, seletivamente, aos canais inativados, e, deste modo, 
bloqueiam, preferencialmente, quando as células estão despolarizadas, por 
exemplo, na isquemia. 
Os fármacos da classe Ic, como a flecainida e a encainida, associam-se 
e dissociam-se muito mais lentamente, chegando assim a um nível de equilíbrio 
que não varia de forma apreciável durante o ciclo cardíaco. A condução é 
acentuadamente inibida através do sistema His-Purkinje. 
A classe Ia, que é o grupo mais antigo (p. ex., quinidina, procainamida, 
disopiramida), encontra-se a meio caminho em suas propriedades entre Ib e Ic, 
mas, além disso, prolonga a repolarização, se bem que menos acentuadamente 
que os fármacos da classe III. 
Fármacos da classe II: Os fármacos da classe II compreendem os 
antagonistas dos receptores β-adrenérgicos. A epinefrina pode causar arritmias 
por seus efeitos sobre o potencial de marca-passo e sobre a corrente lenta de 
entrada de Ca2+. As arritmias ventriculares após infarto do miocárdio são 
decorrentes, em parte, do aumento da atividade simpática, fornecendo uma 
fundamentação para usar β-bloqueadores nessa situação. A condução AV 
depende, criticamente, da atividade simpática; os β-bloqueadores

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