Buscar

Exu e pomba gira (2) (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1	
  
Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória 
KIMBANDA E QUIMBANDA I Curso Online 
Desenvolvido e Ministrado por Ed. Pellizari 
Direitos Autorais deste material Centro Candeia da Anunciação 
 
EXU E POMBA GIRA NA KIMBANDA 
 
A Kimbanda cultua o Mpungu Pangiro (ou Pambu Njila), o Orixá Exu dos yorubás, bem 
como os Nfuiris (almas) que trabalham sob sua proteção. 
Os Nfuiris machos são chamados de exus e as fêmeas de pombas giras. Os exus tem 
origens diversas. A maioria foi um Tata ou Yaya bantu ou de outra nação da Mãe África. 
Também são cultuados exus de origem cabocla, indígena, européia e mestiça. 
 
Cada filho ou filha de Fé possui seu exu principal, que sempre trabalha sob a guarda 
de seu Mpungu (Orixá) principal. Também possui um exu auxiliar, trabalhando com seu 
Mpungu auxiliar. 
 
O Nfuiri principal pode ter um exu de companhia ou capangueiro. O mesmo acontece 
com o Nfuiri auxiliar, que poderá ter um compadre a seu lado. 
Muita atenção é dada ao exu principal da coroa, pois é ele que cuida da “esquerda” do 
filho ou filha. Sem esta devida atenção, todo o passo na Kiimbanda será um tropeço e os 
resultados sempre resultarão em kizilas (proibições rituais). 
 
Muitas vezes, o Nfuiri principal é um exu ou pomba gira. Quando isso acontece, o 
kimbandeiro tem um carrego (obrigação especial) com o Mpungu Pangiro. 
 
Cada exu e pombagira possuem seu Ponto Riscado e Cantado, que seguem as leis da 
Magia de Pemba. Também possuem suas qualidades, representadas e anexadas a seu “nome 
de guerra” (nome que usam no terreiro). 
Assim, um exu Tranca Ruas pode identificar-se como: Tranca Ruas das Almas, do 
Embaré, da Campina, da Gruta, etc... Além dos exus e pombas giras, identificamos os 
Nfuiris que estão sob o comando de Pangiro e se apresentam traçados com outos Mpungus. 
 
Por exemplo: 
BABASSA (Ibeji) – exus e pombas giras mirins. 
DANDALUNDA (Iemanjá) – kalungas ou exus marinhos (não confundir com os 
marinheiros). 
TAUAMIM (Oxossi) – caboclos quimbandeiros. 
KAVIUNGO e ZUMBARANDÁ (Obaluaye e Nanã) – pretos ou pretas velhas quimbandeiros. 
As vezes o Mpungu Pangiro é chamado de “Maioral” ou “Maioral da Kimbanda”. Isto é 
uma influência dos cultos mágicos europeus, que fazem um sincretismo da Kimbanda com a 
Magia daquelas terras. 
 
 
 
 
 
	
  
	
   	
   2	
  
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE POMBA GIRA 
 
Pombas Giras Ciganas na Umbanda 
PG Cigana Sete Saias, PG Cigana das Almas PG Cigana dos Sete Cruzeiros, PG Cigana 
do Pandeiro, PG Cigana da Praça, PG Cigana do Oriente, PG Cigana da Lua, PG Cigana 
Menina (Ciganinha), PG Cigana da Calunga, PG Cigana da Rosa, PG Cigana Zoraida, PG 
Cigana Sara, PG Cigana Sarinha da Estrada, PG Cigana da Praia, PG Cigana Maria, PG Cigana 
Sulemí, PG Cigana da Estrela, PG Cigana do Acampamento, PG Cigana das Matas, PG Cigana 
das Sete Encruzilhadas, PG Cigana Paloma, PG Cigana Margarida, PG Cigana do Egito, Maria 
Mulambo Cigana, Maria Padilha Cigana, Maria Cigana. 
 
As Marias 
Maria Mulambo, Maria Quitéria, Maria Mirongueira, Maria das Almas Maria da Praia, 
Maria Cigana, Maria Tunica, Maria Rosa, Maria Colodina, Maria Farrapos, Maria Alagoana, 
Maria Bahiana, Maria Navalha, Maria Lucrécia. 
 
 
Marias Padilhas 
Maria Padilha do Cruzeiro, MP da Calunga, MP das Sete Encruzilhadas (Dona Sete), MP 
das Almas, MP das Sete Navalhas, MP da Figueira, MP das Sete Catacumbas, MP da Praia, MP 
da Mata, MP Menina (MP mirim). 
 
Marias Quitérias 
Maria Quitéria da Campina, MQ da Figueira, MQ da Calunga, MQ das Almas, MQ das 
Sete Encruzilhadas, MQ do Cruzeiro. 
 
As Rosas 
Rosa Caveira, Rosa Preta, Rosa Amarela, Rosa Roxa, Rosa Maria, Rosa Baiana, Rosária, 
Rosinha (PG mirim). 
 
Pombas Giras do Mar 
PG da Praia, PG Areia do Mar, PG Sete Saias da Praia, PG Morena da Praia, PG Menina 
da Praia, PG Calunga do Mar, PG das Ondas do Mar, PG Sete Marolas do Mar. 
 
Pombas Giras pouco conhecidas 
PG Anã, PG Sete Chocalhos, PG Sete Folhas, PG das Cobras, PG do Sol, PG Adália, PG 
Anita das Almas, PG Anita das Encruzilhadas, PG Antonieta das Encruzilhadas, PG Antonieta 
das Almas, PG Nina. 
 
A PROVA DE FOGO 
 
A Kimbanda, como todas as escolas iniciáticas tradicionais, costuma colocar seus 
adeptos a todo o tipo de provas. 
 
Sendo um caminho onde o poder é almejado, as provas ganham um colorido especial e 
muitas vezes constrangedor. 
 
	
  
	
   	
   3	
  
Nos velhos e saudosos tempos, uma das provas mais frequentes era a do CANDARÚ. 
Um cuscuzeiro de barro era colocado na cabeça do iniciado e dentro eram colocados 
carvões em brasa. Depois, lentamente, se despejava azeite de dendê. 
 
Quem estava firme no transe, nada sofria. Quem não estava... 
 
Outra prova, mais terrível, era a do BAMBURRAL. 
 
Antigamente os reinos (terreiros de Kimbanda) eram nas bocas das matas, longe do 
burburinho das cidades. Ali construíam algumas casinhas simples de barro, plantavam as 
árvores sagradas e faziam os fundamentos. Perto da casa principal, onde se guardava o peji 
com suas engangas (assentamentos), era armado um cercado muito alto de bambu. Ele era 
feito na forma de um grande círculo e no meio dele se fincava um mastro de madeira mais 
dura. 
 
Numa noite de Lua Cheia escolhida, o iniciado era amarrado com as mãos para trás. A 
meia-noite entrava ali o Tata e uma cambone. 
 
O sacerdote invocava um ganga (exu bravo) sobre a cambone e o armava com um 
facão afiado. O Tata trancava o cercado e só retornava pela manhã. 
O kimbandeiro era deixado sozinho com o ganga enraivecido. O objetivo era 
sobreviver! A única ferramenta do iniciado era seu poder pessoal. Olhos nos olhos, o ganga 
devia ser desarmado e despachado. 
 
Nos tempos modernos, urbanos e menos valentes de hoje, as provas do Candarú e 
Bamburral estão desaparecendo. Mas sobrou uma: o CATECISMO. 
Nesta prova, que acontece durante uma gira de Kimbanda, o Tata chama o exu de um 
iniciado e faz uma série de perguntas para ele: 
 
- Quem guarda da porta do Reino? 
- Quais os nomes e títulos do Maioral? 
- Quem é o Tata Nkuyo? 
- O que tem dentro da enganga de Tata Caveira? 
- Qual o maior Fundamento? 
 
Se o médium incorporado bambeia nas palavras ou erra na resposta, cai em desgraça e 
é banido da irmandade. 
 
Às vezes um catecismo menor é aplicado nos membros Kimbandeiro que deseja ficar 
de pé, tem sempre que se cuidar. 
 
Dona Rosa Caveira, uma Pomba Gira nos Himalaias. 
 
Dona Rosa Caveira é um mistério só. Pomba gira pouco conhecida, tem reputação de 
maravilhosa curandeira e aspecto inquietante. Nas imagens populares, ironicamente 
difíceis de encontrar no Brasil, ela exibe um corpo meio esquelético e meio humano 
coberto com capa e capucho. 
	
  
	
   	
   4	
  
 
Nos meios tradicionais é dito que ela é a “esposa” de Seu João Caveira, exu da “Velha 
Guarda” do cemitério e Chefe da Linha dos Caveiras, um grupo de servidores fiéis e muito 
prestativos. 
 
Em conversa ao pé do congá, com alguns irmãos de fé que também circulam pelos 
caminhos de algumas religiões de origem bantu (Kimbanda, Cangerê, Cabula), ouvi que 
Dona Rosa Caveira é protagonista de inúmeras lendas. 
 
Uma delas conta que Rosa nasceu no Oriente. Sétima filha de uma simples família do 
campo, desde cedo aprendeu com seus pais as artes da cura, pois eles eram afamados 
curandeiros. Sua falecida avó foi sua primeira guia espiritual. Em sonhos, a querida alma 
da ancestral instruia e aconselhava a neta. Rosa era uma menina privilegiada. 
 
Aos dezenove anos ela conheceu um curandeiro muito mais velho. Eles se apaixonaram 
e casaram. Ela então começou um período muito intenso de atendimento espiritual aos 
cidadãos de sua vila e arredores. Sua vida transcorreu cheia de méritos e bênçãos. Rosa 
morreria depois de seu marido, saboreando o prazer de uma existência dedicada os mais 
necessitados. 
 
Outra lenda nos conta o segredo de seu nome... Ao redor da casinha onde sua família 
morava existia um roseiral selvagem. No final da gravidez, suamãe não teve tempo de 
pedir ajuda à parteira local e a menina nasceu ali mesmo. Daí o nome: Rosa. 
 
Por que caveira ? 
 
Em certas regiões do Oriente, sobretudo na Índia, Tibet e Butão, alguns xamãs e 
yogues utiizam a caveira humana como um cálice ritual. A caveira, assim utilizada, não 
está relacionada com magia negra ou qualquer arte malévola. 
 
No Budismo Tibetano os Lamas utilizam uma caveira como cálice. Também fazem um 
pequeno tambor com duas metades de caveira... Na Índia ele é chamado de Damaru e a 
caveira de Kapala. 
 
Quando conheci a lenda de Rosa Caveira, imediatamente percebi a conexão com as 
tradições yogues e tibetanas. 
 
Na minha imaginação eu “vi” a grande mestra sentada numa alta montanha, 
segurando uma caveira e em profundo estado de meditação. Seria Rosa Caveira tibetana? 
 
Pode ser que a lenda tenha se ocidentalizado e a planta original, que poderia ser o 
lótus, tenha se transformado em rosa. Neste caso seu nome seria Pema em tibetano. Em 
sânscrito, seu nome espiritual seria Kapalapadma (Lótus Caveira). 
 
Na tradição budista e mágica do Tibet, Mongólia e arredores existem muitas histórias e 
lendas com as mesmas características das aqui mencionadas. 
 
	
  
	
   	
   5	
  
O fato é que como Pomba Gira brasileira, na gira do dia-a-dia dos terreiros, Rosa 
Caveira é um pouco diferente de suas irmãs. Ela não se firmou como “mulher da vida” ou 
errante marginal, mas se perpetuou como curandeira poderosa e ponte entre os diversos 
reinos do astral. 
 
Uma outra curiosidade circunda esta Pomba Gira. Rosa Caveira trabalha e vibra no 
cemitério... Em algumas tradições orientais, as mesmas mencionadas acima, certo grupo de 
adeptos utiliza o cemitério para trabalhos espirituais de cura e transformação. Eles são 
chamados de Kapalikas ou portadores da caveira! As mulheres do grupo, além da caveira 
transportam um tridente. 
 
Certa vez eu estava caminhando com um amigo indiano pelas ruas do centro de São 
Paulo. De repente, diante de uma loja de artigos religiosos, ele literalmente ficou 
paralizado! Uma grande e vermelha estátua de Pomba Gira estava diante de nós. Nua, 
majestosa, segurando um tridente e com uma caveira nos pés. 
 
Shivaji, meu amigo indiano, se curvou aos pés da imagem e disse: “Trishula Kapala 
Ma! O que você faz aqui?” 
 
Trishula Kapala Ma é a Mãe do Tridente e da Caveira, uma representação do feminino 
sagrado que pode rondar os lugares de cremação. Ela destrói os fantasmas malignos e os 
demônios, come as ilusões humanas e resgata as almas das mãos dos seres das trevas. Seu 
aspecto pode ser “terrível”, mas a luz e a bondade emana de seu coração. 
 
Atrás do aspecto funesto de Rosa Caveira com certeza brilha a mesma luz. Nela se 
encontram o Oriente e o Ocidente, o vermelho e o negro, a vida e a morte. 
 
Espero ter a humildade de Shivaji e também sempre me curvar diante do sagrado 
feminino. Terrível ou bondoso, que importa? 
PONTO RISCADO GERAL DE ROSA CAVEIRA 
 
 
 
 
	
  
	
   	
   6	
  
 
 
Imagem de Rosa Caveira 
 
MAGIA DE EXU 
EXEMPLOS TRADICIONAIS (KIMBANDA, LUCUMI) 
 
AFOSHE PARA TIRAR INFLUÊNCIAS NEGATIVAS 
Ingredientes: 
- casca de laranja 
- casca de limão (verde) 
- casca de gengibre 
- cebola (branca) 
- efun 
- noz-moscada 
- cinamomo 
- cravo-da-índia (cinco unidades). 
Preparação: reduzir tudo a pó e soprar sobre a pessoa ou ambiente. Muito usado antes 
de iniciar os trabalhos no terreiro, soprando este afoshe nos quatro cantos e no centro do 
mesmo. 
 
AFOSHE DE CALÇO 
Afoshe de calço é um pó que os feiticeiros colocam dentro do sapato de uma pessoa. 
Ele é feito para provocar terríveis feridas nos pés, muito difíceis de cicatrizar ou problemas 
na pele. Também causam horríveis coceiras, briga e confusão. 
Eles são feitos com várias plantas, como a urtiga, jequiriti (planta muito usada na 
Kimbanda e cercada de vários mistérios) e secreções de animais, como sangue de cobra ou 
sapo. 
Um destes afoshes é feito com os seguintes ingredientes: 
	
  
	
   	
   7	
  
- pó de jequiriti 
- pó de urtiga 
- pó de vidro 
- sete gotas de sangue fresco de cobra. 
Preparação: os vegetais são queimados e transformados em pó. Mistura-se o pó de 
vidro e depois se coloca o sangue por cima. O afoshe deve secar antes de ser misturado de 
novo e usado. 
 
OS PADÊS DE ESHU 
Na Kimbanda utilizamos uma série de padês em oferendas, ebós, etc... 
PADÊ DE DENDÊ – principal padê, utilizado como oferenda geral de Eshu. 
PADÊ DE ÁGUA – padê utilizado para cura ou restabelecimento de uma pessoa. 
PADÊ DE MEL – padê para prosperidade. 
PADÊ DE MARAFO – pade para proteção ativa e passiva. 
Todos os padê são feitos com farinha de mandioca misturada aos materiais acima 
citados, dentro de um alguidar médio. Tradicionalmente misturamos com a mão esquerda e 
mojubamos (isto é: ao se misturar a farinha e o respectivo material, com a mão esquerda, 
se reza e louva a Eshu mentalizando o “problema” em questão). 
Observação: O padê de dendê pode ir acompanhado de fatias de cebola branca 
cortadas em rodelas e algumas pimentas vermelhas (colocadas acima da mistura de 
farinha). 
 
 
EBÓ DE PROTEÇÃO PARA O TERREIRO 
Ingredientes: 
- folhas de jurema 
- espada de ogum 
- folhas de aroeira 
- alfazema 
- benjoim 
- mirra. 
Preparação: junte os galhos de jurema, aroeira e a espada de São Jorge fazendo uma 
espécie de “vassourinha”. Bata a vassourinha nos quatro cantos do terreiro. Misture 
alfazema, benjoim e mirra num braseiro e defume os quatro cantos do terreiro e depois 
todo o ambiente (do peji para a porta de entrada). Despache a vassourinha e as cinzas da 
defumação numa encruza de terra (não no centro, mas num canto da mesma). 
 
IMPORTANTE NOTA SOBRE OFO 
Ofo é um encantamento falado, recitado ou cantado. Cada ofo é como uma seta que é 
atirada na direção de um alvo. Existem ofos para todas as necessidades. 
Quando fazemos um afoshe, temos que recitar um ofo sobre ele. Existem fórmulas 
especiais para ofos, mas normalmente (na Kimbanda) sempre é invocado o ashe de Exu 
sobre o afoshe. 
 
EXU NO CARIBE – PAPA LEBA (LEGBA) 
Leba é o Sol, o senhor das encruzilhadas (kafou) e o Loa Ancestral da sabedoria. Ele é 
o Avô e nós somos seus netos. 
	
  
	
   	
   8	
  
 
ORAÇÃO A PAPA LEBA (em kreyol / creole) 
POU LEBA, GADIEN POT, LOA SOLEY. PAPA AK PATRON. 
MISTE KAFU, SUS RELASION VISIB AK ENVISIB. 
POTO MITAN KI MONTE JIS NAN SIE-LA. 
AYBOBO ! 
(Para Pai Leba, que guarda a porta, Loa do Sol. Brilho da Criação, Pai e patrão. 
Mistério das encruzilhadas. Meio de comunicação entre o visível e o invisível. O pilar que se 
alonga do Sol até a raiz. Amen !). 
 
OFERENDAS A PAPA LEBA 
 
Fumo de cachimbo, rum, três moedas de R$ 1,00, uma bengala. 
Lugares de oferenda: no altar pessoal de trabalho doméstico (rogatuá), na 
encruzilhada (preferivelmente de terra) ou nos trabalhos do templo. 
Qualidades de Leba. 
A principal é LEBA LAFLANBO, o Leba de Fogo, que abre o portal astral para o contato 
com as entidades deste elemento. Ele é também chamado quando necessitamos aumentar 
nosso poder masculino, fálico ou guerreiro (tanto os homens como as mulheres) e ao fazer 
as devoções ao panteão do Fogo. 
As oferendas de Leba Flanbo: rum com pimenta (vermelha), tabaco forte socado com 
rum, molho de pimenta (vermelha). 
ORAÇÃO A LEBA FLANBO (kreyol) 
POU LEBA LAFLANBO, LOA SOLEY, ZOZO NAN TAN LONTAN KI SE FOS VOLONTE. 
PRINCIP LAVI, MANMAN ENEJI. KOD KI MARE NU AK LOA YO. MET MAJI KAFU. AYBOBO ! 
(Para Pai Leba Laflambo, Loa do Sol, pênis ancião da Vontade, Principio da vida, 
energia primordial. O cordão que conecta o Universo com sua origem primordial. Mestre 
da Magia da Encruzilhada. Amen!). 
A VIAGEM DE PAPA LEBÁ AO BRASIL - por Ed Pellizari 
 
A VIAGEM DE PAPA LEBÁ 
Certo dia, contam os mais velhos, Papa Lebá acordou bem cedo e resolveu viajar. 
Pegou seu bastão mágico, capaz de voar pelo céu, saltar pela terra e flutuar pelo mar, 
despediu-se dos outros Loas e saiu cantando.Elevou-se da ilha abençoada da Guinen que fica debaixo das águas e rumou para o Sul, 
espiando lá longe a terra do Maranhão. Num instante, aportou na praia dos Lençóis, 
brincou nas brancas dunas e embrenhou-se mata adentro. 
 
Andou, andou e chegou em Codó, lugar de negro valente, caboclo bravo, feiticeiro 
danado e bruxo temível. Papa Lebá encantou-se com o povoado e resolveu passar umas 
férias, pois desde a criação do Mundo, ele não descansou um só dia sequer. 
 
	
  
	
   	
   9	
  
Ali, bem faceiro e tranquilo, Legbá assumiu rosto caboclo, mestiço de negro com 
índio, vestiu couro e chapelão de palha. Trocou o rum pelo marafo, mas não dispensou o 
bom charuto. 
Virou exu caboclo, exu boiadeiro e exu marinheiro. Gritou bem alto sua felicidade e 
chamou a família todinha para baixar na guma. Pai Lebá mudou o nome para Seu Légua, 
Légua Boji Buá da Trindade, dando uma estrondosa gargalhada. 
Insatisfeito, ele girou para a direita e resolveu passar pelo árido sertão. No rastro de 
Lampião, ele cruzou na Jurema e serpenteou no Toré. Dizem que virou mestre arretado, 
junto com a familiada unida. Bateu na mesa de chão, tremeu o altar e balançou o maracá 
no sereno da madrugada. 
Na Bahia, visitou terreiros de gente negra como ele. Falou em nagô, bateu cabeça e 
devorou todas as pimentas da cozinha dos santos. Brincou na praça, jogou capoeira e 
ganhou esmolas na porta da igreja, que depois distribuiu para a meninada da rua. 
Lebá, agora Seu Légua, gostou tanto da coisa feita, que resolveu dar uma olhadela 
mais ao Sul ainda, despencando pelas macumbas cariocas e umbandas paulistas. 
Na Tenda da Yayá, deu para mexer como os pretos velhos. Vestiu roupa branca, 
mudou a voz e deu muita consulta. Traçou ponto riscado e tirou cantiga. Foi até na Festa 
de Iemanjá, nadando como criança nas ondas do mar. 
Nas noites secretas de Kimbanda, pediu seu garfo, queimou fundanga e bateu tambor. 
Ganhou presentes, fez amizades e trocou abraços até o raiar do Sol. 
Soube que tinha gente fazendo Obeah no Brasil. Curioso, intrigado, deu um pulo na 
irmandade local e perguntou aos Guedhes que ali zoavam, onde estava seu toco. 
Com um ar maroto, Lebá resolveu mostrar a sua magia. O obeahman que estava 
calado num canto do Dofo, sentiu um calafrio na alma e puxou a ladainha de Orixá Bones. 
Mais rápido que o homem, Lebá montou nele e disse com voz de trovão “também sou 
brasileiro !” 
A comunidade achou estranho, mas respeitou o ancião. Daí em diante passaram a 
invocar seu panteão. Lebá foi dando seu novo nome e gravou sua presença no coração de 
todos. Foi assim que a Obeah virou tupiniquim. 
Os mais velhos não sabem o final desta história. Para alguns, Papa Lebá ficou por aqui 
e jamais voltou para o Caribe. Um mistério....... 
 
Que bonito cantar em creole e lembrar as verdes águas do Caribe. Sentir as forças dos 
Loas subindo do chão e entrando na alma. É a magia saudosa e furiosa dos tempos de 
outrora... 
 
Mas Obeah é terra. Ela fala mais alto, chegando a gritar nas entranhas dos filhos e 
filhas. Chegou a hora, dizem os “véios” barbados lá de cima. Vamos olhar para os pés e 
não para a cabeça. 
Os espíritos daqui estão pedindo licença, querem participar. Pai Legbá tomou a 
frente, de bengala na mão e pito aceso, ele convoca a irmandade a buscar as suas raízes 
nas profundezas da mata. 
 
	
  
	
   	
   10	
  
 
 Zé Raimundo Maria de Légua 
 
Segundo a professora e pesquisadora Mundicarmo Ferretti, a Família de Encantados de 
Codó (os codoenses) "são entidades caboclas menos civilizadas e menos nobres, que vivem, 
geralmente, em lugares afastados das grandes cidades e pouco conhecidos e que costumam 
vir beirando o mar ou igarapés." 
PRINCIPAIS FAMILIARES DE SEU LÉGUA: 
Zé Raimundo Boji Buá Sucena Trindade, Joana Gunça, Maria de Légua, Oscar de Légua, 
Teresa de Légua, Francisquinho da Cruz Vermelha, Zé de Légua, Dorinha Boji Buá, Antônio 
de Légua, Aderaldo Boji Buá, Expedito de Légua, Lourenço de Légua, Aleixo Boji Buá, 
Zeferina de Légua, Pequenininho, Manezinho Buá, Zulmira de Légua, Mearim, Folha Seca, 
Maria Rosa, Caboclinho, João de Légua, Joaquinzinho de Légua, Pedrinho de Légua, Dona 
Maria José, Coli Maneiro, Martinho, Miguelzinho Buá, Ademar. 
CORES (velas, guias e brajás) 
Mariscado de Nanã, marrom, verde e vermelho. 
CURIADORES 
Vinho tinto, cerveja branca e marafo. 
 
VESTIMENTAS (quando na matéria) 
Gostam de chapéu de couro ou de palhinha, na maioria das vezes se descalçam e/ou 
tiram a camisa (homens). Usam guias nas cores de sua Linha. 
OFERENDAS 
Curiador da Linha : vinho tinto, cerveja branca e marafo. Tabaco : charuto ou no 
cachimbo. Frutas doces e velas nas cores respectivas. 
 
QUALIDADES 
São entidades bravas, espertas e justiceiras. Gostam de conversa e alegria, mas sem 
perder a compostura. 
 
 
 
 
 
 
	
  
	
   	
   11	
  
CURIOSIDADES DO UNIVERSO DE EXÚ. 
Nomes curiosos de alguns Exus: 
Abre Tempo, Aranha Negra, Arrebata Tudo, Boca de Fogo, Cabrito Negro, Caburé, 
Coquinho dos Infernos, Falange Negra, Francês, Jibóia, Junco Preto, Pé-de-Ferro, 
Serapião, Terno Branco, Zé da Encruza. 
 
A família dos Exus “João”: João Calunga, João Caveira, João da Capa Amarela, João 
da Capa Azul, João da Capa Branca, João da Capa Vermelha, João da Conquista, João da 
Rua, João das Águas, João das Almas, João das Quatro Portas, João das Quatro Ruas, João 
do Amor, João do Dinheiro, João do Desespero, João do Êxito e da Prosperidade, João do 
Triunfo, João dos Caminhos, João dos Obstáculos, João dos Quatro Caminhos, João dos 
Quatro Ventos, João dos Sinos, João dos Tormentos, João Mandinga, João Mironga, João 
Pepeu, João Retornado. 
Alguns nomes de espíritos (kiumbas) utilizados por feiticeiros na Quimbanda: 
Gritona, os Sete Espíritos Intranquilos, os Três Enforcados, os Três Afogados, os Três 
Condenados, os Três Mutilados. 
 
UM POUCO DE SIMBOLISMO 
 
Pontos Riscados da Família Tranca Ruas: 
 
 
Tranca Ruas na Quimbanda sincretizada com Goécia 
 
 
	
  
	
   	
   12	
  
 
Tranca Ruas do Luar (Umbanda, Quimbanda) 
 
 
Tranca Ruas atuando na Kalunga Pequena (Quimbanda) 
 
 
Tranca Ruas do Cruzeiro (Umb./Quimb.) 
 
	
  
	
   	
   13	
  
 
Tranca Ruas das Almas (Umb./Quimb.) 
 
 
Tranca Ruas – Ponto Geral (Umb./Quimb.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
  
	
   	
   14	
  
Pontos Riscados diversos: 
 
Ponto Riscado de Kimbanda (Kwimbanda) 
 
 
 
Ponto Riscado (Veve) de Pai Legba (Leba) 
 
	
  
	
   	
   15	
  
 
Ponto Riscado (Firma) de Lucero Mundo Quatro Vientos

Continue navegando