Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” Sergio, de 32 anos, está há 3 meses sem fumar desde que seu médico disse que seu pulmão tinha uma bolha no ápice. De férias, resolve praticar pela primeira vez mergulho marítimo. Ansioso, recebe as instruções do orientador e após devidamente equipado, se joga na água cristalina. Entretanto, minutos depois algo começa a dar errado. Uma dor torácica súbita intensa o acomete, associada a uma imensa dificuldade de respirar. O instrutor de mergulho rapidamente o retira da água, mas Sergio piora progressivamente em cada respiração e perde os sentidos, sendo levado imediatamente ao pronto socorro. ♥ Compreender a fisiopatologia do pneumotórax e suas classificações ♥ Entender as manifestações clinicas do pneumotórax ♥ Descrever os exames necessários para o diagnóstico do pneumotórax Pneumotórax O termo “pneumonotórax” se refere à existência de ar no espaço pleural. O Pneumotórax fisiopatologia Contexto objetivos ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” pneumotórax provoca o colapso parcial ou completo do pulmão afetado. O pneumotórax pode suceder sem uma causa óbvia ou lesão como: ♥ pneumotórax espontâneo ♥ pneumotórax traumático Pneumotórax de tensão descreve uma condição potencialmente fatal na qual o aumento da pressão no interior da cavidade pleural compromete tanto a função respiratória quanto a função cardíaca. Pneumotórax espontâneo Se desenvolve devido à ruptura de uma bolha de ar na superfície do pulmão. A ruptura dessas bolhas possibilita que o ar atmosférico proveniente das vias respiratórias entre na cavidade pleural. A pressão alveolar normalmente é maior do que a pressão pleural, o ar flui dos alvéolos para o espaço pleural provocando o colapso da porção envolvida do pulmão, como resultado de seu próprio recuo. O ar continua a fluir para dentro do espaço pleural, até que não exista um gradiente de pressão ou até que a diminuição no tamanho do pulmão interrompa o extravasamento. O pneumotórax espontâneo é dividido em: ♥ Primário ♥ Secundário pneumotórax primário: se desenvolve em pessoas saudáveis pneumotórax secundário: ocorre em pessoas com doença pulmonar subjacente. Podem ser fatais por causa da lesão pulmonar subjacente e da pouca reserva compensatória Estão associados a diferentes tipos de doenças pulmonares causadoras do aprisionamento de gases e da destruição do tecido pulmonar, como asma, tuberculose, fibrose cística (FC), sarcoidose, carcinoma broncogênico e doenças pleurais metastáticas. Uma causa comum de pneumotórax espontâneo secundário é o enfisema. Pneumotórax catamenial: é um tipo de pneumotórax relacionado com o ciclo menstrual e geralmente é recorrente. Ocorre em mulheres na faixa etária entre 30 e 40 anos com histórico de endometriose. Cerca de um terço de todos os casos de pneumotórax espontâneo em mulheres que se submetem à cirurgia é causado por pneumotórax catamenial. Em geral, afeta o pulmão direito e se desenvolve em um período de 72 h antes do início da menstruação. A causa do pneumotórax catamenial seja desconhecida, tem sido sugerido que, durante a menstruação, o ar pode ter acesso à cavidade peritoneal e, em seguida, entrar na cavidade pleural através de um etiologia e patogênese ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” defeito no diafragma. A endometriose pleural e diafragmática também tem sido implicada como causa desta condição patológica. Pneumotórax traumático Podem ser causados por lesões penetrantes ou não penetrantes. A fratura ou a luxação de costelas que penetram na pleura são a causa mais comum de pneumotórax resultante de lesões torácicas não penetrantes. Essas podem ser acompanhadas de hemotórax. O pneumotórax também pode acompanhar uma fratura da traqueia, dos brônquios principais ou uma ruptura do esôfago. Pessoas com pneumotórax resultante de traumatismo torácico frequentemente apresentam outras complicações e necessitam de cirurgia torácica. Procedimentos clínicos como aspirações com agulha transtorácica, inserção de linha central, intubação e ventilação com pressão positiva, podem causar pneumotórax. Também pode se desenvolver um pneumotórax traumático como complicação de uma reanimação cardiopulmonar. Pneumotórax de tensão Acontece quando a pressão intrapleural excede a pressão atmosférica. É uma condição potencialmente fatal e se desenvolve quando uma lesão ao tórax ou às estruturas respiratórias possibilita que o ar entre, mas não consiga sair do espaço pleural (Figura 2). Isso origina o aumento rápido da pressão no interior do tórax e causa atelectasia por compressão do pulmão não afetado, desvio no mediastino para o lado oposto do tórax e compressão da veia cava, o que resulta na diminuição do retorno venoso para o coração e na redução do débito cardíaco. Figura 2. Pneumotórax aberto ou comunicante (em cima) e pneumotórax de tensão (embaixo). Em um pneumotórax aberto, o ar entra no tórax durante a inspiração e sai durante a expiração. Pode haver ligeira insuflação do pulmão afetado devido a uma diminuição na pressão, à medida que o ar se move para fora. No pneumotórax de tensão, o ar pode entrar, mas não sair. À medida que a pressão aumenta no tórax, o coração e os grandes vasos são comprimidos e as estruturas do mediastino são deslocadas para o lado oposto do tórax. A traqueia é empurrada de sua posição normal na linha média para o lado oposto do tórax, e o pulmão não afetado é comprimido. Embora possa se desenvolver um pneumotórax de tensão em pessoas com pneumotórax espontâneo, esse tipo é observado mais em pessoas com pneumotórax traumático. Pode resultar também de um barotrauma causado por ventilação mecânica, em consequência do alto volume corrente em pessoas no ventilador. ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” As manifestações de pneumotórax dependem do tamanho e da integridade do pulmão subjacente. pneumotórax espontâneo: as manifestações da doença por vezes incluem o desenvolvimento de dor torácica ipsilateral. Ocorre aumento quase imediato da frequência respiratória, muitas vezes acompanhado por dispneia, que se manifesta como resultado da ativação de receptores que monitoram o volume pulmonar. Pode haver assimetria do tórax por causa do ar que estiver aprisionado na cavidade pleural no lado afetado. Essa assimetria pode se manifestar durante a inspiração como atraso no movimento do lado afetado, com retardo da inspiração até que o pulmão preservado atinge o mesmo nível de pressão que o pulmão com ar retido no espaço pleural. A percussão do tórax produz um som hiper- ressonante e os sons respiratórios se apresentam mais baixos ou inexistentes sobre a área do pneumotórax. pneumotórax de tensão as estruturas no espaço do mediastino se deslocam para o lado oposto da caixa torácica. Quando isto ocorre, a posição da traqueia,que normalmente se localiza na linha média do pescoço, se desvia junto com o mediastino. A posição da traqueia pode ser utilizada como um meio de avaliar o desvio do mediastino. Devido ao aumento na pressão intratorácica, ocorre uma redução do volume sistólico de tal ponto que o débito cardíaco é diminuído, apesar de um aumento na frequência cardíaca. Pode haver distensão da veia jugular no pescoço, enfisema subcutâneo (ar nos tecidos subcutâneos do tórax e pescoço) e sinais clínicos de choque devido ao comprometimento da função cardíaca. Desenvolve hipoxemia logo depois de um grande pneumotórax, seguida por vasoconstrição de vasos sanguíneos no pulmão afetado, fazendo o fluxo sanguíneo se deslocar para o pulmão não afetado. Em pessoas com pneumotórax espontâneo primário, esse mecanismo muitas vezes retorna à saturação de oxigênio ao normal no intervalo de 24 h. A hipoxemia tende a ser mais grave em pessoas com doença pulmonar subjacente, nas quais se desenvolve pneumotórax espontâneo secundário ou em pessoas com doença cardíaca subjacente, que são incapazes de fazer a compensação por meio de um aumento na frequência cardíaca e no volume sistólico. Portanto, sem uma intervenção imediata, o aumento da pressão torácica prejudicará ainda mais tanto a função cardíaca quanto a função pulmonar, resultando em hipoxemia e hipotensão graves, que muitas vezes levam à parada respiratória e cardíaca. ♥ Radiografia do tórax ♥ TC Confirmam o diagnóstico de pneumotórax. Realize oximetria de pulso e gasometria para determinar o efeito sobre os níveis de oxigênio no sangue. O tratamento de pneumotórax varia de acordo com a causa e a extensão do distúrbio. Em casos de um pneumotórax espontâneo pequeno, o ar geralmente é espontaneamente reabsorvido. Portanto, é necessário apenas observar e acompanhar com radiografias de tórax. manifestações clinicas diagnóstico e tratamento ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” Pode ser utilizado oxigênio suplementar para corrigir a hipoxemia até que o ar seja reabsorvido. Em casos de um pneumotórax maior, o ar deve ser retirado com agulha de aspiração ou por um sistema de drenagem fechado, com ou sem sucção. Este tipo de sistema de drenagem utiliza uma válvula unidirecional ou uma câmara de selo d’água para tornar possível que o ar saia do espaço pleural e impedir que penetre novamente no tórax. O tratamento de emergência de casos de pneumotórax de tensão envolve a inserção imediata de uma agulha de grande calibre ou um dreno no lado afetado do tórax, aliada à drenagem por válvula unidirecional ou sucção contínua do tórax para ajudar na reinsuflação do pulmão afetado. Uma ferida aspirativa da parede torácica, que viabiliza a passagem de ar para dentro e para fora da cavidade torácica, deve ser tratada imediatamente, cobrindo-se a área com um curativo hermético (p. ex., gaze vaselinada, pedaço de plástico firme). Tubos torácicos devem ser inseridos o mais rapidamente possível para reexpandir o pulmão. Devido ao risco de recorrência, pessoas com pneumotórax espontâneo primário devem ser aconselhadas contra o tabagismo, exposição a altas altitudes, voos aéreos não pressurizados e mergulho. Informações adicionais Pneumotórax espontâneo secundário Pulmonar: Mais comum ♥ Asma ♥ Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ♥ Fibrose cística ♥ Pneumonia necrosante ♥ Infecção por Pneumocystis jirovecii Tuberculose Menos comum ♥ Fibrose pulmonar idiopática ♥ Histiocitose de células de Langerhans ♥ Câncer de pulmão ♥ Linfangioliomiomatose ♥ Sarcoidose Tecido conjuntivo ♥ Espondilite anquilosante ♥ Síndrome de Ehlers-Danlos ♥ Síndrome de Marfan ♥ Polimiosite e dermatomiosite ♥ Artrite reumatoide ♥ Esclerodermia Outros ♥ Sarcoma ♥ Endometriose torácica ♥ Esclerose tuberosa Os 3 principais problemas ao tratar pneumotórax são Vazamentos de ar Falha do pulmão em se expandir Edema pulmonar por reexpansão Os extravasamentos de ar geralmente decorrem de defeitos primários, permanência de extravasamento de ar do pulmão para a cavidade pleural, mas podem decorrer de extravasamento de ar em torno do local de inserção do dreno de tórax, se este local não for suturado e selado de maneira adequada. Extravasamentos de ar são mais comuns nos pneumotórax espontâneos secundários que nos primários. A maioria regride espontaneamente em < 1 semana. complicações clinicas ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” A falha do pulmão em se reexpandir geralmente ocorre por causa de um dos seguintes: Vazamento persistente de ar Obstrução endobrônquica Pulmão encarcerado Dreno torácico mal posicionado Deve-se considerar a realização de pleurodese com sangue (tampão sanguíneo), valvas endobrônquicas, toracoscopia ou toracotomia se houver vazamento de ar ou expansão pulmonar incompleta que persiste por mais de 1 semana. Ocorre edema pulmonar por reexpansão quando o pulmão se expande rapidamente, como ocorre quando um dreno torácico é conectado à pressão negativa após o pulmão. Pneumotórax maciço. Pneumotórax espontâneo em um paciente com síndrome de Marfan. Observar a ausência completa de marcações pulmonares no hemitórax esquerdo. A aparente massa hilar é na verdade o pulmão esquerdo colapsado. Pneumotórax hipertensivo. Nessa imagem, um pneumotórax é visível no hemitórax direito em que, na periferia, não há trama vascular pulmonar. Um ligeiro desvio do coração e do mediastino para o lado esquerdo pode causar fisiologia de pneumotórax hipertensivo. Deve-se, porém, diagnosticar o pneumotórax hipertensivo pelos achados clínicos sem esperar pela confirmação radiográfica. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/bo oks/9788527737876/. Acesso em: 06 abr. 2022. Manual MDS. Pneumotórax. Disponível: https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/dist%C3%BArbios- pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e- pleurais/pneumot%C3%B3rax. Acesso em: 06 de abril de 2022. referências https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax ITPAC-CZS Alícia Landazuri APG-SOI 31.03.22 S10P2 “Bolhas no oceano” Anotações
Compartilhar