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Como visto anteriormente, o pronome oblíquo lhe é indicativo de um verbo transitivo indireto. Todavia, deve-se ter bastante atenção à sua função sintática, pois nem sempre ele funciona como objeto indireto. Veja esta frase: Cortem-lhe a cabeça. Em uma análise não muito atenta, a tendência é considerar o verbo cortem como transitivo direto e indireto, sendo “a cabeça” o objeto direto e o pronome lhe o objeto indireto. Mas, será que essa análise está correta? Ao ser reescrita de outra forma, a oração poderia ficar assim: Cortem sua cabeça. Ou ainda: Cortem a cabeça dele(a). Fica claro, portanto, que nesse exemplo o lhe não é objeto indireto, e sim um adjunto adnominal que caracteriza o substantivo cabeça. Assim, o verbo é transitivo direto. Tendo em mente o mesmo raciocínio, cite outro exemplo em que confusão semelhante seria possível e explique como se dão as relações sintáticas entre os termos da oração que você criou. Resposta pessoal. SITUAÇÃO-PROBLEMA 1 Nas frases a seguir, identifique os verbos e classifique-os quanto à sua regência. a) Aquelas senhoras fabricam enfeites de cabelo muito originais. Fabricam: verbo transitivo direto. b) Os funcionários ainda não levaram o lixo para fora do prédio. Levaram: verbo transitivo direto. c) Acreditamos em sua profecia. Acreditamos: verbo transitivo indireto. d) Minha mãe gosta muito de salada verde. Gosta: verbo transitivo indireto. e) Minha irmã voltou para casa ontem. Voltou: verbo intransitivo. f) Encontrei o vestido da minha prima no baú de coisas antigas. Encontrei: verbo transitivo direto. g) Antônio pagou a dívida ao feirante. Pagou: verbo transitivo direto e indireto. h) Que pena! Minhas plantas morreram de sede! Morreram: verbo intransitivo. 2 Indique a função sintática dos termos destacados: a) Os noivos receberão os convidados no salão de festas. Adjunto adverbial. b) Os governantes estudaram a proposta dos manifes- tantes. Objeto direto. PRATICANDO O APRENDIZADO Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. 69 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 3 PH9_EF2_POR_C2_062a073_M13.indd 69 1/2/18 5:52 PM c) Entregaram as encomendas ao porteiro esta manhã. Objeto indireto. d) Pedro chegou de viagem às 14 horas. Adjunto adverbial. e) Os meninos andaram rapidamente até o esconderijo. Adjunto adverbial. f) Suas ações acarretaram a perda da harmonia no grupo. Objeto direto. 3 Indique a regência dos verbos da questão anterior. a) Receberão: verbo transitivo direto. b) Estudaram: verbo transitivo direto. c) Entregaram: verbo transitivo direto e indireto. d) Chegou: verbo intransitivo. e) Andaram: verbo intransitivo. f) Acarretaram: verbo transitivo direto. 4 Reescreva as frases utilizando o pronome oblíquo cor- reto no lugar dos complementos verbais destacados. a) Encontraram a menina viva. Encontraram-na viva. b) Entreguei a correspondência ao menino. Entreguei-lhe a correspondência. c) Vocês deveriam visitar minha mãe hoje. Vocês deveriam visitá-la hoje. d) Comprei o carro em uma promoção-relâmpago. Comprei-o em uma promoção-relâmpago. e) Às flores, não poupei água e terra. Não poupei água e terra a elas. 5 Indique a função sintática dos complementos verbais analisados no exercício anterior. a) A menina: objeto direto. b) Ao menino: objeto indireto. c) Minha mãe: objeto direto. d) O carro: objeto direto. e) Às flores: objeto indireto. 6 Sublinhe a opção entre parênteses que indica a regência correta do verbo em destaque. a) Paguei as dívidas a minha mãe. (verbo transitivo direto/verbo transitivo direto e indireto) b) Não suportei ver a humilhação que ela passou. (verbo transitivo direto/verbo transitivo direto e indireto) c) Prefiro natação a basquete. (verbo intransitivo/ver- bo transitivo direto e indireto) d) Enquanto algumas pessoas não saem do mundinho da lua, eu concretizo meus sonhos. (verbo transitivo direto/verbo intransitivo) e) Agradeceremos aos convidados todos os presentes. (verbo transitivo direto/verbo transitivo direto e in- direto) f) Sônia, você não gosta de mim, mas sua filha, sim. (verbo transitivo direto e indireto/verbo transitivo indireto). 7 Em relação ao exercício anterior, indique o(s) termo(s) que completa(m) os verbos destacados. Em seguida, indique a função sintática que exerce(m). a) Paguei – as dívidas: objeto direto; a minha mãe: objeto indireto. b) Ver – a humilhação: objeto direto. c) Prefiro – natação: objeto direto; a basquete: objeto indireto. d) Concretizo – meus sonhos: objeto direto. 70 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 3 PH9_EF2_POR_C2_062a073_M13.indd 70 1/2/18 5:52 PM APLICANDO O CONHECIMENTO O texto a seguir é um trecho de um artigo publicado no portal PUC-Rio Digital, na seção Ciência e Tecnologia. Ditadura da estética: a busca pelo corpo perfeito Cirurgias plásticas, tratamentos diversos, exercícios físi- cos em excesso e uma infinidade de cosméticos. Eles prome- tem ajudar na “busca pela perfeição” e escravizam milhões de mulheres, jovens e adolescentes todos os dias. Quando isso torna-se uma obsessão, o fim pode ser trágico. Até que pon- to a busca pelo corpo perfeito é válida? Joana Vilhena, Coor- denadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da PUC-Rio, acredita que a sociedade atual influencia direta- mente nesse comportamento das pessoas. O caso da dona de casa paulistana de 29 anos, que morreu em junho deste ano após ser submetida a uma lipoaspiração em uma clínica de Guarulhos, não é o primeiro e não será o último a acontecer. O excesso na busca pela beleza tem se mostrado um vilão para grande parte da população. O sedutor mercado da beleza atrai, a cada dia, mais pes- soas com a promessa de soluções para todo e qualquer deslize da natureza ou castigo do tempo. Além da própria satisfação, elas procuram admiração que, quando acaba, provoca uma nova procura pela reparação de suas características físicas. O processo torna-se um ciclo, uma luta incessante por padrões preestabelecidos. Para a psicóloga Joana Vilhena, autora do livro O intolerá- vel peso da feiura. Sobre as mulheres e seus corpos, publicado pela Editora PUC-Rio, parte da culpa pelos excessos vem da mídia. Segundo ela, a todo tempo são veiculados na televisão, em jornais e revistas estereótipos e corpos perfeitos, que aca- bam por impor esses modelos à sociedade. — Esse corpo magro de hoje vem da mídia, de toda a in- dústria cultural, que determina padrões de comportamento e estéticos — afirma. A anorexia e a bulimia também fazem parte da lista das doenças que sofrem influência da “beleza imposta”. Em ambas as patologias, o desejo de emagrecer e uma visão distorcid a do corpo são características comuns. Na anorexia, o doente perde muito peso, pois se recusa a comer, a manter o peso médio devido a uma distorção que ele tem da própria imagem, ficando abaixo do indicado pe- los médicos. As pessoas anoréxicas apresentam um medo enorme de engordar, mesmo estando extremamente magras. e) Agradeceremos – aos convidados: objeto indireto; todos os presentes: objeto direto. f) Gosta – de mim: objeto indireto. 8 Leia o texto abaixo: Empresários vivem de papéis, papéis escritos, papéis enviados, muros de papéis... Bolhas de papéis. O tempo, nos dias atuais, para eles, é de papel. Frágil, passageiro, pouco sólido é o papel... vida daqueles que se veem presos a papéis e o tempo, tempos de papéis. Não se pode negar, a vida não entrega os empresários aos papéis. Não lhes en- trega aos papéis. Texto escrito pelos autores especialmente para esta coleção. No texto, um pronome oblíquo foi utilizado com função referencial, ou seja, que se refere a um termo presente dentro do texto. Indique a quem se refere o pronome lhes. Ele foi utilizado de maneiracorreta? Justifique sua resposta. O pronome lhes faz referência a empresários. O seu uso é inadequado pois, nesse contexto, empresários funciona como objeto direto e, portanto, deveria ter sido utilizado o pronome oblíquo os. © 1 9 9 7 P H O T O S P IN /w w w .p h o to s p in .c o m 71 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 3 PH9_EF2_POR_C2_062a073_M13.indd 71 1/2/18 5:52 PM A bulimia tem uma característica diferente. Nela, a pessoa não perde peso. Ela come em demasia, e logo depois utiliza métodos como vômitos autoinduzidos, laxantes e diuréticos e pratica exercícios exaustivamente devido ao medo exagera- do de engordar. Mas esse não é o único problema; a falta dos nutrientes causa distúrbios fisiológicos, levando à desnutri- ção, insuficiência renal e a complicações cardíacas. Para a psicóloga, todo momento histórico tem suas doen- ças, seus sintomas sociais. Os transtornos alimentares e o horror à gordura seriam um sintoma do momento atual, uma vez que se vive em uma sociedade do espetáculo, em uma cul- tura de valorização da imagem. A aparência passa a represen- tar a personalidade, o caráter da pessoa e, por isso, a maioria não quer ser excluída. — Os julgamentos em torno disso são cada vez mais seve- ros. Tolera-se cada vez menos e isso vem acompanhado de uma avaliação moral muito depreciativa àqueles que não cuidam da própria estética. Moralizar a beleza é dizer que quem não cuida do próprio corpo é desleixado, sem caráter — explica. Com o desenvolvimento de técnicas de emagrecimento e o aumento do número de cirurgias plásticas, o imediatismo se sobrepôs ao sacrifício e às muitas horas de malhação. Para Sérgio Levy, cirurgião plástico e presidente da Socie- dade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional do Rio de Janeiro, as pessoas recorrem às cirurgias não só para se sentirem satis- feitas com a própria forma física. — Elas não querem só estar bem consigo mesmas, acham que a cirurgia pode resolver o problema matrimonial, o pro- blema de emprego — afirma. Ainda segundo ele, a perfeição não é algo que se possa alcançar em uma mesa de cirurgia. — Quando a pessoa fica procurando muito a perfeição, o resultado nunca é bom porque ela vai ficar insatisfeita sem- pre. É muito difícil obter o resultado exato que o paciente quer. O perfeito não existe. […] ROSA, Yasmin. Disponível em: <http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Texto/Ciencia-e- Tecnologia/Ditadura-da-estetica%3A-a-busca-pelo-corpo-perfeito-4306.html#.WYDFEBXytdg>. Acesso em: 4 out. 2017. 1 O título do texto “Ditadura da estética”, de alguma for- ma, pode ser associado à ideia de ditadura na política. Em que consiste essa semelhança? A semelhança reside no fato de, nos dois casos, existir uma imposição para seguir um padrão preestabelecido. 2 No texto, o autor cita a seguinte passagem: “Eles prome- tem ajudar na ‘busca pela perfeição’ e escravizam milhões de mulheres, jovens e adolescentes todos os dias”. O que significa escravizar no contexto empregado? Seria o mesmo que tornar refém, ou seja, as cirurgias estéticas, bem como os diversos cosméticos, tratamentos e exercícios físicos excessivos acabam aprisionando as pessoas. 3 Para reforçar os perigos da busca excessiva pelo corpo perfeito, a autora do texto valeu-se da caracterização de duas doenças: a anorexia e a bulimia. Apesar de muito parecidas, ambas são consequência do medo que o paciente tem de engordar, trata-se de doenças diferentes. Explique essa diferenciação. Na anorexia, o doente recusa-se a comer. Já na bulimia o doente come, mas depois faz uso de inúmeros estratagemas para “livrar-se” da comida ingerida, como provocar vômito e exercitar-se em demasia. 4 Segundo o texto, “a indústria da beleza” tem um efeito nocivo na sociedade. Explique. A cada dia, a indústria da beleza atrai mais pessoas com promessas de solução para pequenas imperfeições ou mudanças provocadas pelo tempo. O processo torna-se um ciclo, uma luta incessante por padrões preestabelecidos quase nunca alcançados. 5 Após a leitura do texto, conceitue “padrão estético”. Sugestão de resposta: Padrão estético é a singularização de determinado estereótipo físico. Observe o trecho destacado do texto e responda às questões 6 e 7. Com o desenvolvimento de técnicas de emagrecimento e o aumento do número de cirurgias plásticas, o imediatismo se sobrepôs ao sacrifício e às muitas horas de malhação. 72 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 3 PH9_EF2_POR_C2_062a073_M13.indd 72 1/2/18 5:52 PM A um poeta Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego. Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimigo do artifício, É a força e a graça na simplicidade. BILAC, Olavo. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2012. p. 68. 1 Segundo o eu lírico, o poeta escreve longe do estéril turbilhão da rua. No aconchego, o poeta escreve com um objetivo. Os versos que melhor confirmam esse objetivo são: a) […] Do claustro, na paciência e no sossego, / Traba- lha, e teima, e lima, e sofre, e sua! b) […] De tal modo, que a imagem fique nua, / Rica mas sóbria, como um templo grego. c) […] Do mestre. E, natural, o efeito agrade, / Sem lembrar os andaimes do edifício: d) […] Mas que na forma se disfarce o emprego / Do esforço; e a trama viva se construa 2 Em relação à regência do verbo escreve (verso 2), po- de-se afirmar que: a) é transitivo direto e tem como complemento a expressão “Longe do estéril turbilhão da rua”. b) é transitivo direto e indireto e tem como complementos: “Longe do estéril turbilhão da rua” e “No aconchego”. c) é transitivo indireto e tem como complemento: “Longe do estéril turbilhão da rua”. d) é intransitivo e tem como caracterizador verbal: “Longe do estéril turbilhão da rua”. 3 Na terceira estrofe, a expressão “os andaimes do edifício” pode ser, sintaticamente, classificada como: a) objeto direto. b) objeto indireto. c) adjunto adverbial de lugar. d) adjunto adnominal. 4 Segundo o eu lírico, para produzir uma poesia, a con- dição mais favorável é: a) deixar as ideias fluírem na mente sem se preocupar com a estética. b) trabalhar arduamente e em isolamento para chegar à perfeição. c) ir às ruas e inspirar-se no barulho da cidade grande. d) construir um templo grego para que fique igual à poesia. DESENVOLVENDO HABILIDADES 6 O que a autora do texto quis dizer ao afirmar que o imediatismo se sobrepôs às muitas horas de malhação? A autora quis dizer que fazer uma cirurgia plástica produz um efeito mais imediato do que os treinos intensos feitos nas academias de ginástica. 7 Indique a regência do verbo sobrepor e classifique seus complementos sintaticamente. O verbo sobrepor, nesse contexto, é transitivo indireto e seus complementos são ambos objetos indiretos. 8 Ao final do texto, lê-se a afirmação “O perfeito não existe”, feita por um cirurgião plástico. O que ele quis dizer com isso? Segundo ele, a perfeição não é algo que se possa obter em uma mesa de cirurgia. O “perfeito” está na cabeça do paciente e o resultado nunca é bom o bastante para deixar a pessoa satisfeita. R e p ro d u ç ã o /L & P M P o ck e t 73 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 3 PH9_EF2_POR_C2_062a073_M13.indd 73 1/2/18 5:52 PM
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