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PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA E 
PRÁTICA CLÍNICA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Fabrine Cecon 
 
2 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 Com a regulamentação da resolução no 586, de 29 de agosto de 2013, a 
classe farmacêutica deu um grande passo. Para uma categoria profissional que 
se encontrava (e continua) muito distante do paciente, declarar-se apto a 
prescrever é uma grande responsabilidade, e isso revela coragem para assumir 
algo que, na prática, já acontecia nas farmácias de todo o país, sem ter um 
documento comprobatório e responsabilizador da atitude profissional. 
Em artigo intitulado Prescrição farmacêutica: é preciso abandonar a 
discussão classista, disponível no blog da CEMED, Edson Perini comenta que 
 
[...] A indicação de medicamentos isentos de prescrição é fato comum 
nas farmácias brasileiras [...], e pior, feita por profissional sem a formação 
que o farmacêutico tem. A guerra velada entre farmacêuticos e 
balconistas ou técnicos de farmácia é insana e o ato da prescrição 
poderia ser mais um passo na direção de trazer ao farmacêutico uma 
maior responsabilidade sobre a determinação do que se vende, quando e 
para quem. 
 
[...] E o ensino farmacêutico nas últimas décadas se voltou 
demasiadamente para os aspectos tecnológicos do medicamento, 
deixando fragilidades no estudo do conhecimento e reconhecimento das 
patologias, ainda que ditas menores. O farmacêutico atual tem razões 
para dizer que conhece muito o medicamento, mas precisa se preparar 
para o exercício da prescrição, inicialmente se conscientizando de que a 
prescrição não é um simples pedaço de papel assinado. Ela é um 
documento legal por meio do qual um profissional se responsabiliza pelas 
intervenções que uma pessoa deve realizar sobre seu estado de saúde. 
 
 
Portanto, neste último módulo, veremos que nem tudo é favorável no que 
diz respeito à regulamentação. Há necessidade de um embasamento técnico-
científico mais completo, que contemple não somente o conhecimento sobre os 
medicamentos, mas também sobre a semiologia e anamnese dos pacientes. Nas 
farmácias comerciais, onde a visão estratégica é somente o lucro sobre as 
vendas de medicamentos, o farmacêutico, para ganhar espaço, terá que 
associar as questões de serviço técnico com clínico, considerando a estratégia 
de negócio do estabelecimento. 
 
 
3 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A atuação clínica dos farmacêuticos, na provisão de serviços 
farmacêuticos, constitui a base para a formação de novos profissionais e até 
mesmo daqueles que já estão no mercado de trabalho. 
A orientação da formação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, 
deve estar direcionada à integração entre a teoria, a simulação (atividades de 
prática profissional) e o estágio (atividades no serviço). Conforme citação do 
próprio presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos, “A sociedade não pode 
deixar de contar com a prescrição farmacêutica, porque ela é um anteparo contra 
as reações indesejáveis provocadas pelos medicamentos”. 
Para concluirmos esse módulo, restam algumas vertentes a serem 
analisadas. E a dúvida a ser esclarecida é: O farmacêutico, além de capacitado 
para a prescrição farmacêutica, tem caminho livre para a atividade em questão? 
 
TEMA 1 - ASPECTOS TECNOLÓGICOS DOS MEDICAMENTOS 
 De acordo com FILGUEIRA e BOUSQUAT (2012), 
[...] A inovação farmacêutica se produz, em grande maioria, nos 
laboratórios privados, em detrimento do papel inovativo dos laboratórios 
estatais. A competição entre as indústrias do setor é alicerçada por 
investimentos em atividades de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e de 
marketing. 
 
No Brasil, a semelhança da situação internacional, a produção de 
medicamentos apresenta um cenário de extrema concentração e a parte 
mais substancial e modernizada da produção se concentra, sobretudo, 
nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Numa visão geral, o 
panorama da produção de medicamentos é dominado pela indústria 
transnacional, que mesmo com uma alta margem de lucro, praticamente 
não investe em P&D no Brasil. 
 
O parque industrial brasileiro de medicamentos é bastante desenvolvido 
no que diz respeito ao produto acabado apresentando uma capacidade 
produtiva elevada. Por outro lado, há uma capacidade bastante restrita 
na produção dos insumos farmacêuticos da química fina. A parte 
majoritária da produção nacional é direcionada para o mercado interno, 
sendo uma pequena parcela exportada. 
 
Uma das peculiaridades da indústria farmacêutica brasileira é a 
existência de um sistema público de produção de medicamentos, de 
abrangência nacional, que desempenha um importante papel na 
assistência farmacêutica do país. 
 
 
4 
 
A indústria farmacêutica em geral e particularmente os laboratórios 
públicos ganham relevância, pois são centrais para a compreensão dos 
trajetos das políticas de ciência, tecnologia e inovação em saúde no país. 
 
Os autores VIEIRA e OHAYON (2006) citam que: 
O conceito de inovação tecnológica está ligado à introdução de um novo 
produto ou novo processo industrial; e, sobretudo, à ideia de sua 
introdução no mercado, sem o que não há inovação. Tidd et al. (1997) 
trazem inúmeras explicações sobre as diferenças entre estes conceitos. 
Os autores enfatizam o fato de que, se uma invenção não é desenvolvida 
para fins de apropriação comercial, ela termina caindo no esquecimento 
e não melhora a qualidade de vida das pessoas. Ou seja, uma invenção 
deve ser apropriada comercialmente para obter valor de uso e se tornar 
uma inovação. 
 
No caso da indústria farmacêutica, inovar significa disponibilizar 
comercialmente para o consumo humano um novo medicamento para o 
tratamento de doenças. Descobrir um novo princípio ativo, ou uma nova 
molécula, é uma invenção de uma nova entidade química, mas somente 
será uma inovação quando tiver sua eficácia comprovada no combate a 
uma doença, e seu consumo for viabilizado através de um novo 
medicamento colocado no mercado. 
 
[...] As ideias para uma nova droga medicinal são o resultado direto da 
avaliação das necessidades e oportunidades de mercado, em uma dada 
área terapêutica. O desenvolvimento de novos produtos se dá de forma 
simultânea e imprevisível, em complexos científico-tecnológicos 
organizados em rede, que incluem todas as etapas relevantes da cadeia 
de geração-produção de conhecimentos e de produtos. A inovação na 
indústria farmacêutica se expressa, também, com tarefas de 
desenvolvimento de melhorias. Muitas vezes os produtos têm roupagens 
novas ou alguma agregação de valor (por exemplo, melhor absorção pelo 
organismo) sem apresentarem novidades terapêuticas: a isso chamamos 
de inovações incrementais. 
 
Diante desse cenário em integração com a prescrição farmacêutica, 
coloca em xeque a necessidade de atualização constante do profissional 
farmacêutico. No ato da prescrição, é necessário a escolha da melhor forma 
farmacêutica para a administração, a análise da funcionalidade do organismo do 
paciente para uma absorção segura e efetiva e a visualização dos possíveis 
eventos que podem ocorrer com a administração dos medicamentos. 
 
TEMA 2 - PROMOÇÃO DE BOA PRESCRIÇÃO 
 Conforme citado em BARROS e JOANY (2002, p. 892), 
Com o incremento da quimiossíntese industrial farmacêutica, nas últimas 
seis décadas, os medicamentos passaram a ocupar, de forma crescente, 
lugar de destaque e hegemônico como alternativa para a cura das 
doenças e alívio dos sintomas. A despeito dos inegáveis ganhos 
 
5 
 
terapêuticos obtidos, os produtos farmacêuticos passaram a sofrer um 
uso indiscriminado e irracional, sobretudo em virtude da lógica de 
mercado que tudo transforma em mercadoria, privilegiando uma visão da 
saúde como fenômeno estritamente biológico, assim como o bem-estar e 
a felicidade, de forma mais ampla, como dependentes do consumo de 
variados bens e serviços [...]. 
 
Esse uso indiscriminado, obviamente, termina por acarretar 
consequências negativas importantes,tanto nos custos de ordem 
econômica que governos e indivíduos passaram a fazer de forma 
crescente, como nos malefícios no âmbito sanitário, traduzidos, 
particularmente, pelo aumento de efeitos colaterais ou reações adversas, 
por vezes bastante graves. Tais fenômenos, ao se intensificarem, 
provocaram, em diferentes países, em especial nos mais desenvolvidos, 
o estabelecimento de políticas de controles sobre os diferentes elos que 
integram a cadeia que vai da produção ao consumo, passando pela 
prescrição, dispensação, comercialização e uso final dos insumos 
farmacêuticos. Destacam-se tanto os controles sobre preços e margem 
de lucros, como sobre a busca do máximo de evidências da eficácia 
terapêutica e segurança, neste último caso, não só quando do registro e 
autorização iniciais (papel dos órgãos de vigilância sanitária), mas 
igualmente pelos sistemas de monitorização após a comercialização, de 
que se encarrega a farmacovigilância. 
 
Entre os múltiplos fatores que já vêm sendo estudados como exercendo 
influência sobre a prescrição, destacam-se os relacionados às fontes de 
informação de que lançam mão os médicos, especialmente as 
produzidas e disseminadas pelos produtores. 
 
A veiculação de anúncios nas revistas médicas estudadas – e pode-se 
pressupor que esse comportamento se repete nas revistas médicas em geral – 
ocupa um número significativo de páginas. Há lacunas importantes, nos 
anúncios veiculados, quanto a informações básicas para orientar a prescrição e 
que deveriam constar, obrigatoriamente, dos mesmos, se partimos do 
pressuposto de que o propósito da publicidade destinada aos médicos é 
possibilitar-lhes acesso aos dados técnico-farmacológicos dos produtos 
anunciados. 
É urgente a necessidade de que autoridades sanitárias e da área da 
educação, somadas a iniciativas das associações profissionais, criem 
instrumentos de atualização e divulgação no campo da farmacoterapia que 
guardem independência do financiamento dos produtores e propiciem 
informações com características técnicas e científicas. 
 
 
6 
 
TEMA 3 - CONFLITOS DE INTERESSE ENTRE A INDÚSTRIA 
FARMACÊUTICA E PRESCRIÇÃO 
 
Segundo citação de Marques (2010, p. 148) 
No relacionamento entre a indústria farmacêutica e a classe médica 
podem ocorrer situações de conflitos de interesses. Esse relacionamento, 
iniciado nas primeiras décadas do século passado, tem aumentado em 
frequência e intensidade, levando a situações que podem interferir na 
graduação, na educação continuada, nas publicações científicas e na 
própria prática da prescrição. [...] Os médicos e a indústria têm em 
comum o interesse pelos avanços dos conhecimentos médicos. 
Entretanto, o interesse primário do médico é promover o melhor interesse 
de seu paciente, enquanto o da indústria é o seu próprio 
desenvolvimento. 
 
Conflito de interesses, de acordo com Thompsom (1993), citado por 
Marques (2010, p. 148-149), 
[...] é um conjunto de condições em que o julgamento de um profissional 
a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado 
indevidamente por um interesse secundário. Os conflitos de interesses 
não se resumem a situações que envolvem somente aspectos 
econômicos, mas reportam-se àquelas em que aspectos de ordem 
financeira e outras de interesse pessoal podem comprometer o 
julgamento ou decisão de um profissional em suas atividades 
administrativas, gerenciais, de ensino, de pesquisa e outras. 
 
O maior problema, na maioria das vezes, não é a existência de um 
conflito de interesses, mas, sim, a sua não declaração. [...] 
 
A necessidade de pesquisar novos fármacos e sua consequente 
divulgação tem levado a grandes investimentos por parte da indústria, 
com a utilização de técnicas de marketing cada vez mais sofisticadas e 
agressivas. 
 
 De acordo com Marques (2010, p. 149) 
Os resultados de grandes estudos são fundamentais para a entrada de 
um novo medicamento no mercado. Esses grandes estudos, geralmente 
multicêntricos, visam a avaliar a eficácia e a segurança de novos 
fármacos e resultam responsáveis por boa parte dos investimentos da 
indústria. Quando publicados em revistas científicas conceituadas, seus 
resultados constituem a base da orientação dos clínicos em suas opções 
de prescrição. 
 
É fundamental que os princípios científicos e a adequada metodologia, 
assim como a interpretação dos dados, sejam rigorosamente 
observados. A metanálise é um dos métodos mais utilizados hoje para 
avaliar as evidências de efetividade e a segurança de um novo fármaco 
ou procedimento médico. Observando-se criteriosamente os grandes 
estudos publicados pela indústria farmacêutica, pode-se observar que as 
apresentações dos dados são feitas de maneira a dar evidências a 
resultados favoráveis a determinado fármaco em estudo, em detrimento 
 
7 
 
de dados menos favoráveis. Um dos recursos utilizados é a maneira de 
apresentação dos dados. Um novo medicamento tem maior possibilidade 
de ser prescrito quando os benefícios são expressos em termos de riscos 
relativos, não em termos de risco absoluto. 
 
 
TEMA 4 - CASES (PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA × ATENÇÃO 
FARMACÊUTICA) 
 
Conforme esclarem Bortolon, Karnikowski e Assis (2007, p. 7-8), 
Nas sociedades modernas, as pessoas estão cada vez mais 
familiarizadas com os fármacos, uma vez que os medicamentos se 
tornaram rotina na conduta médica. Antigamente, as pessoas não tinham 
tanta intimidade com remédios, pois esses eram usados em casos 
particulares e raros. Atualmente, além dos medicamentos serem opção 
comum na terapêutica, a prescrição está cada vez mais padronizada, 
possibilitando que as pessoas utilizem os critérios de decisão médica 
para problemas mais simples de saúde. O medicamento passou a ser 
visto como símbolo de saúde. 
 
[...] O restabelecimento da saúde é um processo longo que abrange um 
contexto multidimensional, resultado de fatores biológicos, sociais, 
culturais e psicológicos, não devendo ser entendido apenas pela 
ausência de sintomatologias clínicas e desconfortos fisiológicos. Neste 
contexto, o medicamento é visto como um dos meios (e não o único 
meio) de um processo longo a ser recuperado ou evitado no 
enfrentamento de situações nas quais ocorre um desequilíbrio no 
organismo do indivíduo. 
 
É, portanto, um bem intermediário e não necessariamente a única forma 
de restabelecer a saúde [...]. 
 
Uma vez que a automedicação encontra-se amplamente inserida 
enquanto prática exercida pelos brasileiros, tanto pela dificuldade de 
acesso aos serviços de saúde como pelas classes mais privilegiadas na 
busca de soluções rápidas para seus problemas de saúde a fim de evitar 
que suas atividades diárias fiquem impedidas. 
 
[...] cabe ao profissional de saúde a iniciativa de incentivar e promover a 
reflexão e a discussão acerca do assunto envolvendo profissionais de 
saúde, gestores, políticos e a população. No contexto atual, o profissional 
habilitado deve orientar a população sobre o medicamento visando à 
diminuição de risco e a maior eficácia possível. 
 
Na atual estrutura da sociedade de consumo, o medicamento é 
concebido como mercadoria que precisa estar constantemente atualizada 
e renovada. 
 
Ainda segundo Bortolon, Karnikowski e Assis (2007, p. 16) 
 
 
8 
 
A indicação farmacêutica leva em consideração os aspectos fisiológicos 
e patológicos do paciente na escolha da farmacoterapia adotada. 
Utilizando as especialidades do saber profissional de farmácia, a ajuda 
prestada por este profissional, no que tange ao tratamento 
medicamentoso, pode significar uma valiosa contribuição à saúde dos 
idosos. 
 
Existem poucos artigos que descrevem na prática os efeitos da prescrição 
farmacêutica. Muitos deles são voltados à Atenção Farmacêutica e outras 
atividades da Assistência Farmacêutica. A Resolução no 586 veio atribuir a 
responsabilidade de prescrição ao farmacêutico e ao mesmo tempo o registro e 
acompanhamento legal da saúde dos pacientes. 
 
Para Bortolon,Karnikowski e Assis (2007, p. 1) 
A indicação farmacêutica é discutida como uma nova atuação do 
profissional de farmácia na prestação de serviços de atenção primária à 
saúde dos idosos. Utilizando a atenção farmacêutica, este profissional 
aconselha o melhor recurso terapêutico a ser adotado nos casos em que 
consultas clínicas não sejam necessárias. Além disso, o atendimento 
farmacêutico ajuda na triagem dos pacientes que necessitam de 
atendimento médico. Conclui-se que a utilização do saber do 
farmacêutico na atenção primária ajuda a diminuir os riscos associados à 
automedicação e os problemas relacionados ao uso de medicamentos, 
contribuindo para a melhoria dos níveis de saúde da pessoa idosa. 
 
TEMA 5 - PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA NO MUNDO 
Fábio Reis (2013), em artigo publicado no site da Pfarma, esclarece que 
No Reino Unido em vigor desde 2006 os “Pharmacist independent 
prescriber” podem prescrever medicamentos de forma autônoma para 
qualquer condição de sua competência clínica. Atualmente, há apenas 3 
medicamentos controlados que não podem ser prescritos pelos 
farmacêuticos. Para se qualificar como “Pharmacist independent 
prescriber”, os farmacêuticos devem completar um programa de 
credenciamento (GPhC-accredited programme), passar por treinamento 
prático e ter pelo menos dois anos de experiência em um hospital do 
Reino Unido, farmácia comunitária ou em cuidados primários a saúde. O 
programa de credenciamento dura aproximadamente 6 meses de estudo 
e pelo menos 12 dias de prática com orientação de um médico. 
 
No Reino Unido, a Orientação dos Medicamentos e Produtos de Saúde 
Agência Reguladora (MHRA), órgão executivo do Ministério da Saúde, 
afirma que apenas “profissionais habilitados” podem prescrever 
medicamentos no Reino Unido. 
 
Os prescritores independentes são profissionais de saúde que são 
responsáveis por avaliar a sua saúde e tomada de decisões clínicas 
sobre como gerenciar sua condição, incluindo medicamentos de 
prescrição. 
 
9 
 
 
Os prescritores farmacêuticos independentes são os que podem 
prescrever qualquer medicamento para qualquer condição médica dentro 
de sua competência, incluindo alguns medicamentos controlados (exceto 
cocaína diamorfina, e dipipanona para o tratamento de dependência). 
 
No Reino Unido, existe a categoria de medicamentos chamadas de 
“Pharmacy only”, conhecida por P, que devem ser prescritas por um 
farmacêutico. Estão incluídos nessa categoria os medicamentos 
considerados intermediários entre o OTC e os de venda sob prescrição 
médica. São medicamentos como Cefalexina, Aciclovir, Alopurional, 
Loratadina, Budesonida entre outros. 
 
 Os prescritores são chamados de “prescritores independentes”, que 
incluem: médicos, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos e optometristas. 
Ser um prescritor independente significa que ele pode avaliar alguém e 
prescrever um medicamento como auxílio na atenção à saúde. 
 
No Canadá, o Farmacêutico é licenciado para realizar prescrição 
adicional e também pode prescrever de forma colaborativa com um 
médico. 
 
Em outros países como EUA, Austrália e Espanha o farmacêutico pode 
realizar a repetição da prescrição de repetição e junto aos programas do 
Sistema de Saúde. Nos Estados Unidos, em 40 (quarenta) estados os 
farmacêuticos estão autorizados a fazer ajustes na farmacoterapia, de 
acordo com protocolos; em 44 (quarenta e quatro) estados executam 
imunização; e em 09 (nove) estados têm autorização para prescrever e 
dispensar certas classes de fármacos que exigem receita, incluindo os 
anticoncepcionais emergenciais. 
 
Na França, o farmacêutico atua como no Brasil: efetua serviços de 
atenção básica e, por meio de entrevistas com o paciente, ou seja, a atenção 
farmacêutica, indica, se necessário, medicamentos isentos de prescrição ou 
orientam sobre cuidados à saúde. 
 
FINALIZANDO 
Em artigo intitulado Prescrição farmacêutica: é preciso abandonar a 
discussão classista, Edson Perini esclarece que 
[...] há coisas acontecendo na profissão farmacêutica e elas devem ser 
discutidas para serem revertidas em maior responsabilidade (e direitos, 
por suposto) para o profissional, e a prescrição é uma delas. Não sei se é 
melhor, ou se é a mais oportuna, dado que há tantas questões para 
mudar em relação à sociedade e com as pessoas que utilizam 
medicamentos. 
 
[...] 
 
 
10 
 
Os farmacêuticos precisam urgentemente compreender um ponto crucial 
nessa questão para não sustentar o debate em terra fofa: para 
prescrever não basta ser bom em farmacologia. É preciso mais do que 
isso. É preciso transcender a relação direta entre fármaco e enfermidade. 
 
Já para Jeferson Machado, em artigo intitulado Farmacêuticos poderão 
receitar medicamentos de venda livre, 
A prescrição farmacêutica nada mais é que a documentação de uma 
ação que acontece há muito tempo nas farmácias do Brasil. Afinal, quem 
nunca foi na farmácia com algum transtorno menor e o farmacêutico 
ajudou? Pois é, as dicas que muitos de nós já recebemos foram para, 
mesmo que o medicamento seja de venda livre, evitar o uso incorreto do 
medicamento ou problemas relacionados aos mesmos. Sim, mesmo 
esses medicamentos que não precisam de receita podem causar muitos 
transtornos à saúde, se usado da maneira inadequada. Em alguns casos, 
até desnecessária. Nós, farmacêuticos, não vamos fazer diagnóstico, 
faremos apenas a constatação do estado mórbido. Nada mais é que 
observar se o paciente necessita de um medicamento isento de 
prescrição ou se o caso é de encaminhar para um médico ou, até 
mesmo, outro profissional da área da saúde. Essa orientação poderá ser 
oral ou em um documento, caracterizando assim a prescrição. 
 
A resolução que acabou de ser regulamentada informa que, “a prescrição 
farmacêutica deverá ser realizada com base nas necessidades de saúde 
do paciente, nas evidências científicas disponíveis, em princípios éticos e 
em conformidade com as políticas de saúde.” Tal proposta do Conselho 
Federal para a Prescrição Farmacêutica toma por base os modelos de 
implantação que já ocorreram em diversos países do mundo (Estados 
Unidos, Canadá, Reino Unido, Espanha, Portugal, França). Nesses 
países a atuação do farmacêutico vai muito mais além. Sendo importante 
lembrar que eles conseguiram isso ao longo do tempo, preparando e 
melhorando seus currículos para isso. Além da consolidação do processo 
de prescrição ter ocorrido de maneira paulatina, há medida que o 
trabalho do farmacêutico foi sendo reconhecido e se tornado importante 
para a saúde pública de cada país. 
 
Há muita discussão sobre a competência do Farmacêutico para tal 
função. 
 
 
E esse espaço será conquistado pelo próprio profissional, ao comprovar 
que o farmacêutico poderá trazer economia ao país e conforto à saúde de 
incontáveis brasileiros que não tem acesso a médicos e hospitais. 
O farmacêutico reduzirá os agravos à saúde, assim como pretendeu o 
constituinte na elaboração do art. 196 da CF/88. 
Ademais, a saúde não é de ninguém senão do próprio indivíduo e de todos nós. 
Saúde é mais que direito constitucional, é um dever de todos os cidadãos. Saúde 
não se define nem se conceitua sem análise holística, sem democracia, sem 
 
11 
 
participação. Saúde se conceitua por meio de aspectos da coletividade, da 
individualidade e da cultura, considerando elementos e domínios do ambiente, 
da economia, dos costumes, do clima, da alimentação, da moradia, das 
condições do país, das políticas públicas adotadas, do nível e da atenção dada 
pelos políticos à saúde, investimento, tecnologia e a relação dos profissionais da 
saúde com os pacientes. São multifatoriais as reflexões para o melhor conceito 
de saúde. Por isso, o farmacêutico pode ser muito mais útil, e um alento para a 
saúde pública precária, a beira do caos, em que a consequência vista é o medo, 
a dor, o sofrimento e a morte. 
 
 
REFERÊNCIAS 
BARROS, J. A. C. A (des)informação sobre medicamentos: o duplo padrão de 
conduta da indústriafarmacêutica. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
311X2000000200012&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 16 abr. 2017. 
______.; JOANY, S. Anúncios de medicamentos em revistas médicas: ajudando 
a promover a boa prescrição? Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v7n4/14612.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017. 
______. Propaganda de medicamentos: atentado à saúde? São Paulo: 
Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos-Ed. Hucitec, 1995. 
BASTOS, V. D. Laboratórios farmacêuticos oficiais e doenças negligenciadas: 
perspectivas de política pública. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 13, n. 25, 
p. 269-298, jun. 2006. 
BORTOLON, P. C., KARNIKOWSKI, M. G. O., ASSIS, M. Automedicação versus 
indicação farmacêutica: o profissional de farmácia na atenção primária à saúde 
do idoso. Revista APS, v.10, n.2, p. 200-209, jul./dez. 2007. 
 
12 
 
CUNHA, L. C. Farmacêuticos poderão receitar medicamentos de venda livre. 
2013. Disponível em: <http://itnet.com.br/noticia/21813/farmac-uticos-poder-o-
receitar-medicamentos-de-venda-livre>. Acesso em: 16 abr. 2017. 
FILGUEIRAS, F. C. R.; BOUSQUAT, A. Desenvolvimento Tecnológico na 
Indústria Farmacêutica: o caso da Fundação para o Remédio Popular de São 
Paulo – FURP. 2012. Disponível em: 
<http://www.alass.org/cont/priv/calass/docs/2012/sesion18/11-09_sesion18_3-
pt.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017. 
GADELHA, C. A. G.; QUENTAL, C.; FIALHO, B. C. Saúde e inovação: uma 
abordagem sistêmica das indústrias da saúde. Cad. Saúde Pública, v. 19, n. 1, 
2003. 
MARQUES FILHO, J. A dimensão bioética dos conflitos de interesses na relação 
entre médico e indústria farmacêutica. Revista Sociedade Brasileira de Clínica 
Médica. 2010. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1679-
1010/2010/v8n2/a011.pdf >. Acesso em: 16 abr. 2017. 
NASCIMENTO, M. C. Medicamentos: ameaça ou apoio à saúde? Rio de Janeiro: 
Vieira & Lent, 2003. 200 p. 
PERINI, E. Prescrição farmacêutica: é preciso abandonar a discussão 
classista (Editorial). Disponível em: 
<https://cemedmg.wordpress.com/2013/10/24/prescricao-farmaceutica-e-preciso-
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<http://pfarma.com.br/prescricao-farmaceutica-no-mundo.html>. Acesso em: 16 
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