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Aula 3 - Humanidades de ciencias sociais

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Prévia do material em texto

1 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE AULA PARA EAD 
(MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO) 
 
CURSO: Engenharia de Produção 
DISCIPLINA: Humanidades e Ciências Sociais 
 
CONTEUDISTA: Clarissa Brandão. 
Designer Instrucional: Felipe M. Castello-Branco 
 
 
Meta 
 
Nesta aula vamos nos debruçar sobre as estruturas jurídicas que foram resultados das 
ações e decisões políticas estabelecidas no Brasil. 
 
 
Objetivos 
 
Neste capítulo iremos tratar de: 
• O sistema Constitucional Brasileiro 
• Direitos Humanos e garantias fundamentais. 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
1. compreender a função do direito constitucional; 
 2 
2. identificar os princípios fundamentais e os direitos humanos constantes na 
Constituição Federal/88 
 
A Revolução dos Bichos 
George Orwell 
“(..) 
O Homem é o único animal que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é 
fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. 
Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o 
mínimo para evitar a inanição e fica com o restante (...). As vacas que estão aqui a 
minha frente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a este 
leite que deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta de 
nossos inimigos. (...) Não está, pois, claro como água, camaradas que todos os males 
da nossa existência tem origem na tirania do Homem? (...) Esta é a mensagem que vos 
trago, camaradas: Revolução! (...) Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem 
não devemos nos assemelhar a ele. Mesmo quando os tenha derrotado, evitais seus 
vícios. (...) 
Era possível resumir os princípios do Animalismo em Sete Mandamentos. Esses Sete 
Mandamentos que seria agora escritos na parede constituiriam a lei inalterável pela 
qual a Granja dos Bichos deveria reger sua vida a partir daquele instante para sempre. 
Eis o que dizia o letreiro: 
1. Qualquer coisa que ande sobre duas patas é inimigo; 
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas ou tenha asas é amigo; 
3. Nenhum animal usará roupas; 
4. Nenhum animal dormirá em camas; 
5. Nenhum animal beberá álcool; 
6. Nenhum animal matará outro animal; 
7. Todos os animais são iguais.” 
 
(Trecho do Livro, “A Revolução dos Bichos”) 
 3 
 
Introdução 
 
O Direito, assim como as demais ciências, possui certas regras que compõem seu 
sistema, seu “ordenamento jurídico”. O ordenamento jurídico representa o conjunto de 
leis em vigor num determinado país, conforme já vimos na aula passada. 
 
Essas leis “vivem” dentro do espaço geográfico de nosso país e está organizadas de 
um modo hierárquico. A Constituição Federal é a lei maior, está no topo da pirâmide, é 
a carta de Ás no nosso baralho legislativo. Todas as demais leis devem estar em 
conformidade com ela para o sistema funcionar. 
 
E o que fazer se na prática a Constituição for desrespeitada, seja por uma autoridade, 
seja por outra lei que esteja em conflito com ela? 
 
No livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, os animais da granja se rebelam 
contra as normas ditadas pelo Homem e criam um novo sistema com outro conjunto de 
leis a serem seguidas por eles. 
 
Todavia, conforme já estudamos, exatamente por ser o Direito um reflexo da sociedade, 
muitas vezes as leis precisam ser atualizadas de acordo com a demanda da sociedade. 
E o que tinha sido importante no século passado, pode ter deixado de ser e novas 
situações da vida social adquirirem certo status que necessite da proteção 
constitucional. 
 
No livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, os animais da granja se rebelam 
contra as normas ditadas pelo Homem e criam um novo sistema com outro conjunto de 
leis a serem seguidas por eles. 
Ao longo do livro “A Revolução dos Bichos”, que recomendamos fortemente a leitura 
pela sua importância história e cultural, os Sete Mandamentos iniciais vão sendo 
 4 
modificados e desrespeitados à medida que as diferentes classes dos animais vão se 
alternando no poder. 
 
E a nossa Constituição: quantas vezes ela foi alterada; modificada? Será que ainda 
hoje, passados quase duas décadas de sua entrada em vigor, representa a nossa 
sociedade? 
 
 
1. O movimento constitucionalista 
 
Do que se trata o direito constitucional? O movimento do constitucionalismo surgiu 
como resposta aos abusos de poder cometidos pelos governantes. A ideia de que o 
poder não poderia estar centralizado na mão de uma única pessoa foi uma construção 
teórica, relativamente recente, surgida a partir da Revolução Francesa, no século 
XVIII. Até então, o sistema de governo predominante era a monarquia, no qual os 
Estados eram representados pela figura do Rei ou Rainha que tinham as atribuições de 
criar leis, mandar executá-las e também de julgar seus cidadãos. 
 
Todos esses poderes e atribuições nas mãos de uma única pessoa, mesmo que ela 
fosse tida como representante de Deus terminou por gerar situações de abusos contra 
a população. A religião, com especial destaque para a Igreja Católica Apostólica 
Romana, até então tinha uma grande influência na forma como o poder se encontrava 
estruturado, uma vez que a religião sempre foi uma forma de organização social 
pioneira, em relação ao Estado. A liberdade de crença e a instituição do Estado laico foi 
uma importante conquista político-jurídica porque afastou a religião das decisões 
políticas. 
 
Assim, começou-se um movimento de questionar tal centralização de poder, o que 
resultou na divisão de poderes que até hoje é utilizada: poder executivo, legislativo e 
judiciário. 
 5 
 
BOX CURIOSIDADE 
A Revolução Francesa teve grande importância para diversas áreas do conhecimento 
humano, desde a História, passando pelo Direito, Filosofia, e chegando mesmo às 
Artes. Todas estas áreas do conhecimento foram influenciados por esse movimento que 
resultou em impactos mundiais e um novo paradigma na concepção de Estado, de 
política, de Poder e também do Direito. 
FIM DO BOX CURIOSIDADE 
 
O movimento constitucionalista deu força à criação de um código legislativo que fosse 
maior do que todas as demais leis e que submetesse também seu cumprimento pelo 
poder central. Surge assim a ideia da criação de um direito que fosse fundante, que 
fosse “constitutivo” de todos os demais direitos e que as leis derivassem desse 
instrumento normativo. Criou-se, assim, a Constituição que é utilizada por diferentes 
países, de modos também distintos, mas que tem como denominador comum o fato de 
ser a lei maior de um determinado Estado. 
 
A constituição norte americana, por exemplo, é uma das mais antigas. Foi elaborada 
em setembro de 1787, por meio do documento chamado de “Bill of Rights” (Carta dos 
Direitos), que contém primordialmente a garantia dos direitos humanos. Estudaremos 
os detalhes do seu processo de criação mais para a frente, na parte sobre os direitos 
fundamentais. 
 
O Brasil já teve ao todo sete Constituições (alguns consideram o Ato Institucional 
número 5, o AI-5 de 1969, como uma nova constituição do período militar, mas a 
maioria dos doutrinadores considera apenas a constituição de 1967): 
 
1) 1824: Independência 
2) 1891: Proclamação da República 
3) 1934: Era Vargas 
 6 
4) 1937: Estado Novo 
5) 1946: Redemocratização 
6) 1967: Ditadura Militar 
7) 1988: Constituição Cidadã 
 
De modo geral, podemos dizer que uma das principais funções das normas 
constitucionais é regulamentar e delimitar o poder do Estado, além de garantir os 
direitosfundamentais dos cidadãos. As normas constitucionais estão para o as demais 
leis do sistema jurídico como a carta de Ás do baralho está para o jogo de buraco: é a 
de maior grandeza! 
 
Mas, afinal, e o que é a Constituição? 
 
É o conjunto de regras que foram feitas por um processo legislativo especial e 
diferenciado - em relação às demais normas. Para que seja criada uma constituição, é 
preciso que os parlamentares que façam a sua elaboração sejam eleitos para tal fim, 
integrando o “poder constituinte”. 
 
De acordo com o Professor Canotilho (1991, p.41): 
“Constituição, deve ser entendida como a lei fundamental e 
suprema de um Estado, que contem normas referentes à 
estruturação do Estado, a formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, distribuição de 
competências, direitos, garantias e deveres do cidadãos. Além 
disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes 
para e edição de norma jurídicas, legislativas ou administrativas.” 
 
O direito constitucional pode ser identificado como pertencente ao ramo do direito 
público que se dedica ao estudo das normas constitucionais. 
 
 7 
As normas jurídicas são hierárquicas, sendo que as normas constitucionais são 
consideradas como magnas ou supremas, especialmente por exercerem sobre as 
demais normas completa autoridade, pois a ela, todas as outras devem respeito e 
obrigação. Sendo assim, as normas constitucionais são as mais importantes dentro do 
ordenamento jurídico de um Estado Democrático de Direito. 
 
Atividade 1 – Atende ao Objetivo 01 
 
Existem alguns países que até hoje não utilizam o sistema constitucional e não 
possuem uma Constituição. A Síria, por exemplo, não possui um texto normativo 
equivalente à nossa Constituição. A lei maior desse país é a Sh´aria que é um 
documento religioso. Assim, o sistema de limitação de poder sírio está vinculado à 
interpretação sobre a Sh´aria. Considerando o que foi estudado, discorra sobre a foto 
abaixo, destacando a importância de uma Constituição: 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta Comentada: 
A existência de uma constituição dá ao povo uma garantia de limite ao poder estatal. 
Garantia de que os direitos individuais de cada pessoa não serão desrespeitados, seja 
em função de sua cor, de seu gênero ou de sua religião. A existência de um estado 
religioso, que siga alguma doutrina religiosa específica, impede que todos os cidadãos 
tenham a religião que melhor lhe convier. Um Estado religioso impõe uma determinada 
religião em detrimento das demais. A consequência disto é a discriminação existente 
entre grupos religiosos distintos e suas respectivas disputas pelo poder. A Síria é um 
exemplo de como a imposição religiosa por parte do Estado é prejudicial aos direitos 
individuais do ser humano. 
 
2. A Constituição Federal de 1988 
 
No dia 05 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República 
Federativa do Brasil que será objeto de nossos estudos nesta aula. Vejamos o que diz o 
preâmbulo da CF/88: 
 
 9 
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da 
República Federativa do Brasil.” 
 
A introdução de nossa Constituição demonstra que o Estado Brasileiro possui muitos 
objetivos e diversos princípios a guiar nossa sociedade. Vamos identificar cada um 
deles? 
 
2.1 Princípios fundamentais 
 
O primeiro artigo da Constituição Federal diz o seguinte: 
 
“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” 
 
Da leitura do mesmo, podemos extrair as seguintes observações: 
 
 10 
A) É na Constituição que encontramos a forma pela qual o Estado Brasileiro se 
organiza, bem como as respectivas competências de atuação de cada ente da 
União (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) 
B) É na Constituição que encontramos a forma de Governo, enquanto República (e 
não monarquia ou parlamentarismo) e o regime democrático (e não ditatorial); 
C) Ter a soberania como fundamento da República Federativa do Brasil, significa 
identificar o Brasil como um país livre, independente e autônomo em relação aos 
demais; 
D) Ter a cidadania como fundamento implica garantir direitos políticos aos nossos 
nacionais, como o direito de eleger e ser eleito; 
E) Ter a dignidade da pessoa humana significa que o Estado não irá violar os 
direitos humanos e respeitar cada indivíduo dentro do que determina a lei; 
F) O fundamento nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa garante aos 
indivíduos a proteção contra o trabalho escravo e o acesso aos meios de 
produção; 
G) E o pluralismo político integra as garantias de representatividade popular, bem 
como o direito às eleições diretas. 
 
3. Direitos Humanos e garantias fundamentais. 
 
Os direitos humanos e as garantias fundamentais são as normas expressas dentro de 
nossa Constituição que correspondem aos nossos Direitos Humanos. Elas são escritas 
de forma muito simples para que todos possam compreender os direitos que lhes 
pertencem. 
Esses direitos estão na história do mundo há alguns anos, desde a própria formação 
dos Estados. 
 
Box Saiba Mais 
Formação dos Estados 
 11 
A divisão do mundo em países, como conhecemos hoje em dia foi fruto de grandes 
mudanças políticas ocorridas desde a Idade Média. Com a transição do Feudalismo 
para o Absolutismo, os senhores feudais perderam seus poderes políticos para os 
monarcas que se tornaram, então os governantes de diversos Estados Absolutistas da 
época, concentrando o poder político e todas as decisões em suas mãos. 
Você já deve ter escutado a famosa frase “O Estado sou Eu”, dita por Louis XIV, em 
pleno auge do Absolutismo na Europa. Louis XIV também era conhecido com o Rei Sol, 
por conta da insígnia que escolheu para ser seu brasão. 
Interessante notar que um dos fundamentos do absolutismo era a crença na 
designação do Rei como alguém escolhido por Deus. A Igreja Católica e a Monarquia 
estavam reunidas sob o manto do Absolutismo para a manutenção do controle da 
sociedade. Apenas na Idade Contemporânea, a partir da Revolução Francesa é que se 
rompeu o laço entre a Igreja e o Estado, para que então o povo fosse governado por 
quem ele escolhesse e não por uma escolha Divina. 
 
 
Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hyacinthe_Rigaud_-
_Louis_XIV,_roi_de_France_(1638-1715)_-
_Google_Art_Project.jpg#mediaviewer/File:Hyacinthe_Rigaud_-
_Louis_XIV,_roi_de_France_(1638-1715)_-_Google_Art_Project.jpg 
Autor: Domínio Público 
 12 
Fim do Box Saiba Mais 
 
3.1 Evolução histórica dos Direitos Humanos 
 
Fábio Konder Comparato em sua obra “Afirmação Histórica dos Direitos Humanos”, 
discorre sobre diversos documentos internacionaisque cuidam dos Direitos Humanos. 
Esses documentos nos ajudam a compreender o modo e a razão pelos quais estes 
direitos foram sendo criados. 
 
Documentos Internacionais sobre os Direitos Humanos: 
- Bill of Rights, 1689, Inglaterra; 
- Declaração da Virgínia, 1776, EUA; 
- Declaração de Independência Norte-Americana, 1787; 
- Dez Emendas a Constituição Norte-Americana, 1789; 
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789, França; 
- Carta das Nações Unidas, 1942, ONU. 
- Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948, ONU. 
 
Um dos primeiros documentos significativos sobre os Direitos Humanos foi a 
Declaração de Direitos da Inglaterra, de 1689, chamado “Bill of Rights”. Apesar do 
nome, o “Bill of Rights”, essa não é uma declaração de direitos humanos propriamente 
dita. Ainda assim, ela teve sua importância porque acabou com o regime monárquico 
vigente na Inglaterra à época e institucionalizou a separação entre os poderes. Ou seja, 
apesar de não ter declarado nenhum direito fundamental, o Bill of Rights criou uma 
garantia institucional: uma nova forma de organização do Estado, na qual o Parlamento 
passou a ser o órgão encarregado de defender os súditos perante o Rei e fortaleceu a 
instituição do júri, reafirmando direitos fundamentais dos cidadãos (direito de petição, 
proibição de penas cruéis). 
 
 13 
Em 1776, foi produzida a Declaração da Virgínia, nos Estados Unidos, tida como o 
primeiro documento de proteção aos Direitos Humanos, propriamente ditos, pois trouxe 
os fundamentos do regime democrático, tais como: 
 
 reconhecimentos de direitos inatos, que não podem ser alienados ou suprimidos; 
 princípio de que todo poder emana do povo, estando os governantes 
subordinados a estes – soberania popular; 
 igualdade de todos perante a lei – isonomia; 
 igualdade de condição política de todo cidadão; 
 defesa da liberdade, em especial de imprensa; 
 soberania territorial. 
 
Em 1787, foi elaborado outro documento relevante para a consolidação dos Direitos 
Humanos: a Declaração de Independência das 13 ex-Colônias Britânicas, ou 
Declaração de Independência Norte-Americana, que representou um marco na 
democracia moderna combinando, sob o regime constitucional, a representação popular 
com a limitação de poderes governamentais e o respeito aos direitos humanos. 
A principal característica da Declaração de independência dos Estados Unidos é a de 
ser o primeiro documento a afirmar os princípios democráticos, na história política 
moderna, em especial relacionado ao “novo” princípio de legitimidade política: a 
soberania popular. Além disto, reconheceu a igualdade entre todos os seres humanos e 
reafirmou o princípio da liberdade religiosa e de opinião. 
 
Em 1789, os EUA elaboraram outro documento: as Dez Primeiras Emendas à 
Constituição Norte-Americana, cuja grande preocupação era a organização do novo 
Estado, com o formato de confederação - uma vez que cada Estado já possuía a sua 
Declaração de Direitos própria e as suas respectivas constituições. 
Nas Dez Primeiras Emendas, a liberdade de imprensa, de opinião e de religião 
aparecem com maior destaque e realce (1a. Emenda), juntamente com a reafirmação 
das garantias judiciais, tais como o “devido processo legal” (5a. Emenda). 
 14 
 
Também em 1789 foi elaborada na França, outro documento igualmente importante, a 
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão que consagrou o constitucionalismo 
liberal e armou “o indivíduo com instrumentos de garantias de seus direitos”, tais como 
as liberdades públicas (liberdade de locomoção, de propriedade etc.), os direitos do 
cidadão (escolha de seus representantes, consentir no imposto etc.), o princípio da 
isonomia como a igualdade de todos perante a lei, dentre outros. 
 
Após um longo período da sociedade internacional sem inovações acerca do tema 
direitos humanos, a preocupação ressurgiu com o final da Segunda Guerra Mundial. 
 
No período pós-guerra, a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) foi 
relevante para despertar para a necessidade da proteção dos direitos dos homens. 
 
Em 1o. de janeiro de 1942, foi elaborada a Carta das Nações Unidas com o propósito 
de representar uma sociedade política mundial, para conter e limitar a força de todas as 
nações do mundo com o objetivo de defender a dignidade humana. Seus objetivos 
primordiais seriam a manutenção da paz e a manutenção da segurança internacional. 
 
Na Carta das Nações Unidas os direitos humanos protegidos ficaram restritos às 
liberdades individuais, apenas mencionando a promoção dos direitos de 
desenvolvimento social e econômico. A referida Carta afirma e defende expressamente 
a existência do direito dos povos a autodeterminação (Art. 1, item 2, p. 219). 
 
Apenas em 1948 é que foi elaborado um documento internacional de espectro universal 
acerca da proteção dos direitos humanos: a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), inspirada nos ideais franceses , 
representou uma manifestação histórica de que se formara, em âmbito universal, o 
 15 
reconhecimento de valores supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade entre 
os homens, de acordo com o seu artigo 1º, cujos direitos ali definidos correspondem, 
integralmente, ao que o costume e os princípios jurídicos internacionais reconhecem, 
hoje, como exigências básicas de respeito à dignidade humana. 
 
A DUDH representa o resultado de um processo ético, de conscientização da sociedade 
internacional iniciado com a Declaração de Independência dos EUA e a Declaração de 
Direitos do Homem e do Cidadão que levou ao reconhecimento da igualdade essencial 
de todo o ser humano em sua dignidade de pessoa. 
 
A DUDH cuida especialmente das quatro liberdades já referidas na Carta das Nações 
Unidas: liberdade de palavra, de crença, liberdade de viverem a salvo do medo e da 
necessidade. 
 
Além destes princípios, no art. 6o. encontra-se o reconhecimento e a consideração de 
todo ser humano como pessoa humana, que é o mais importante princípio em matéria 
de direitos humanos, não permitindo mais a denegação deste direito aos escravos e 
apátridas. 
 
Este é o resultado da conscientização do conceito de pessoa e da sua importância 
como fundamento ético da disciplina dos Direitos Humanos. Isso pode parecer muito 
óbvio nos dias atuais. Você poderia pensar: - “Ora, como um ser humano não seria 
considerado uma pessoa humana?” Mas em algumas ocasiões na história da 
Humanidade, geográfica e temporalmente localizadas, seres humanos não foram 
tratados como tal. Basta lembrar que durante a Ditadura Militar no Brasil, nosso grande 
advogado Sobral Pinto, invocou a Lei de Proteção aos Animais, para garantir direitos a 
seres humanos, face à inexistência de garantias dos mesmos após a promulgação do 
AI-5. 
 
 16 
Outro traço relevante da DUDH é a afirmação da democracia como único regime 
político compatível com o pleno respeito aos Direitos Humanos e como única solução 
legítima para a organização do Estado. 
 
No artigo 28o. encontra-se a garantia e o respeito pela ordem internacional à dignidade 
da pessoa humana, como sendo a finalidade de toda e qualquer proteção dos direitos 
humanos. 
 
Depois da Declaração Universal, os documentos protetivos transbordaram da esfera 
jurídica interna para a esfera jurídica internacional. De acordo com Flávia Piovesan 
(2005), um dos grandes motivos para os Direitos Humanos passarem à órbita 
internacional decorre da necessidade de se buscar um valor ético que orientasse a 
ordem internacional no cenário pós-Segunda Guerra Mundial. 
Esta transposição acarreta também outrasconsequências apontadas pela Autora como 
a relativização da noção de soberania dos Estados para permitir a intervenção no plano 
nacional daquele Estado que violar os Direitos Humanos. 
 
A Declaração Universal possui como característica inédita o consenso da sociedade 
internacional sobre uma ética universal de valores que deverão ser respeitados por 
todos os integrantes desta sociedade internacional. 
 
Este documento introduz as dimensões contemporâneas dos Direitos Humanos 
decorrentes da universalidade e da indivisibilidade de tais direitos, combinando, nas 
palavras de Flávia Piovesan, “o discurso liberal e o discurso social da cidadania, 
conjugando o valor da liberdade ao valor da igualdade” (2005, p. 01) 
 
A partir da Declaração Universal é que começa a se desenvolver o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos, como um sistema de normas internacionais, integradas por 
documentos de alcance geral (Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de 
 17 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) e regional (Convenção Americana de Direitos 
Humanos), interagindo em benefício dos indivíduos protegidos. 
 
3.2 Características dos Direitos Humanos 
 
No âmbito desta disciplina, os direitos fundamentais são reconhecidos pelas suas 
características próprias: 
 
• naturais, 
• abstratos, 
• imprescritíveis, 
• inalienáveis, 
• individuais e 
• universais 
 
Neste sentido, ensina-nos Norberto Bobbio: 
 
“Afirmei, no início, que o importante não é fundamentar os direitos 
do homem, mas protegê-los. Não preciso aduzir aqui que, para 
protegê-los, não basta proclamá-los. O problema real que temos de 
enfrentar, contudo, é o das medidas imaginadas e imagináveis para 
a efetiva proteção desses direitos. (2004, p 36) 
 
3.3 Os Direitos Humanos na Constituição Federal da República Brasileira de 1988 
 
 
Quando falamos em “Direitos e Garantias Fundamentais” estamos nos referindo às 
normas contidas nos artigos 5o. a 17o. da Constituição Federal que estão no “Título II – 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. 
 18 
Os direitos são as faculdades atribuídas aos indivíduos e as garantias são as 
disposições que asseguram os direitos. Por exemplo, quando falamos que todos são 
iguais perante a lei, estamos nos referindo a um direito. Por outro lado, quando 
mencionamos que o juiz não deixará de apreciar nenhum pedido formulado por um 
indivíduo, se trata de uma garantia constitucional. 
 
Em especial nos interessa os direitos contidos nos capítulos I e II deste Título: “Dos 
direitos e deveres individuais e coletivos” e “Dos direitos sociais” (arts. 5o. a 11). 
 
Por Direitos e Garantias Fundamentais, entende-se aquele núcleo mínimo de normas 
que reconhecem ao indivíduo autonomia e garantindo-lhes iniciativa e independência 
perante os demais membros da sociedade, inclusive o Estado . 
 
Assim, podemos identificar dentro dos “Direitos e Garantias Fundamentais” os 
seguintes agrupamentos de direito: direito à vida, direito de igualdade, direito de 
liberdade, direito de propriedade e direito à intimidade. 
 
De um modo geral, podemos dizer que os “Direitos e Garantias Fundamentais” 
destinam-se aos indivíduos, mas há que se reconhecer que são limites impostos a 
atuação do Estado sobre o indivíduo. 
Exemplos: art. 5o, inc. I, VI, XVIII, XXXII, XXXIX, XLII, XLIX, LIV, LVII, LXXIV, LXXV, 
LXXVI. 
 
No capítulo II, “Dos direitos sociais”, encontramos aquele conjunto de normas que 
determinam uma série de prestações sociais a serem realizadas pelo Estado, na 
tentativa de reduzir as desigualdades sociais. São normas relacionadas ao direito à 
igualdade. 
 
Podem ser identificadas da seguinte forma: 
 
 19 
 direitos sociais relativos ao trabalhador, 
 direitos sociais relativos à seguridade (saúde, previdência e assistência social), 
 direitos sociais relativos à educação e à cultura, 
 direitos sociais relativos à moradia, 
 direitos sociais relativos à família, criança, adolescente e idoso, e 
 direitos sociais relativos ao meio ambiente. 
Exemplos: Art. 6o, art. 7o. inc. II, VI, VIII, XVII, XVIII, XXIV, art. 8o., inc. III. 
 
Vejamos abaixo uma lista com os direitos e garantias individuais: 
 
São livres: 
 
 A manifestação do pensamento; 
 A crença e a prática religiosas; 
 A manifestação intelectual, artística, científica e de comunicação; 
 O exercício de qualquer trabalho, atendidas as qualificações da lei; 
 A locomoção no território nacional em tempo de paz; 
 A reunião pacífica, sem armas; 
 As associações para fins lícitos; 
 A criação de cooperativas, na forma da lei; 
 
São invioláveis: 
 
 O direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; 
 A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas; 
 A casa do indivíduo, salvo flagrante delito ou para prestar socorro; 
 O sigilo de correspondência; 
 
São assegurados: 
 
 20 
 O direito de resposta; 
 O acesso a informações, resguardando o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
 O direito de propriedade; 
 O direito autoral; 
 A propriedade industrial, que abrange as invenções, os modelos de utilidade, os 
desenhos industriais, as marcas, etc. 
 O direito ao nome da empresa; 
 O direito de herança; 
 O direito de receber informações dos órgãos públicos; 
 O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos; 
 A obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos; 
 
Igualdade 
 
Sobre o princípio da igualdade é indispensável recordar a lição de San Tiago Dantas: 
 
“Quanto mais progridem e se organizam as coletividades, maior é o 
grau de diferenciação a que atinge seu sistema legislativo. A lei 
raramente colhe no mesmo comando todos os indivíduos, quase 
sempre atende a diferenças de sexo, de profissão, de atividade, de 
situação econômica, de posição jurídica, de direito anterior; 
raramente regula do mesmo modo a situação de todos os bens, 
quase sempre se distingue conforme a natureza, a utilidade, a 
raridade, a intensidade de valia que ofereceu a todos; raramente 
qualifica de um modo único as múltiplas ocorrências de um mesmo 
fato, quase sempre os distingue conforme as circunstâncias em que 
se produzem, ou conforme a repercussão que têm no interesse 
geral. Todas essas situações, inspiradas no agrupamento natural e 
racional dos indivíduos e dos fatos, são essenciais ao processo 
 21 
legislativo, e não ferem o princípio da igualdade. Servem, porém, 
para indicar a necessidade de uma construção teórica, que permita 
distinguir as leis arbitrárias das leis conforme o direito, e eleve até 
esta alta triagem tarefa do órgão do Poder Judiciário. ” (DANTAS, 
1948, 359) 
 
O artigo 5º da Constituição Federal assim preceitua: “Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes”: 
 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta 
Constituição: 
Significa que não deve haver discriminação. As oportunidades deverão ser iguais dentro 
dos critérios objetivos razoáveis. 
Os direitos e garantias são para brasileiros e estrangeiros residentes no país. Os 
estrangeiros de passagem ou a passeio são também abrangidos, por força dos 
princípios da Constituição, das leis nacionais e dos tratados internacionais. 
Para um melhor entendimento acerca da importância do princípio da igualdade 
descrevemos abaixo a igualdade e suas classificações: 
 
II – Igualdadegeral 
A regra da igualdade estende-se a todas as áreas do Direito, não se admitindo 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
Significa que não deve haver discriminação. As oportunidades deverão ser iguais dentro 
dos critérios objetivos razoáveis. 
Os direitos e garantias são para brasileiros e estrangeiros residentes no país. Os 
estrangeiros de passagem ou a passeio são também abrangidos, por força dos 
princípios da Constituição, das leis nacionais e dos tratados internacionais. 
 22 
 
III – Igualdade entre o homem e a mulher 
O homem e a mulher têm direitos e obrigações iguais. A Constituição e a lei, contudo, 
fazem alguma diferenciação em favor da mulher, como a aposentadoria antecipada ou 
o foro privilegiado nas ações de separação judicial. 
 
IV – Igualdade entre brasileiros 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: criar distinções 
entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
V – Igualdade jurisdicional 
Ninguém será sentenciado nem processado senão pela autoridade competente (juiz 
natural). 
 
VI – Igualdade tributária 
Não cabe tratamento desigual entre os contribuintes. Sempre que possível os impostos 
terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do 
contribuinte. 
 
VII – Igualdade trabalhista 
Não cabem diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão 
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil ou em razão de deficiência. 
 
VIII – Igualdade etária 
Não se admite discriminação em razão da idade. Mas, a Constituição em várias 
hipóteses estabelece critérios baseados na idade, como por exemplo, a aposentadoria 
compulsória aos 70 anos, ou a exigência de 35 anos de idade, no mínimo, para o cargo 
de senador. 
 
IX – Igualdade em concursos públicos 
 23 
Não cabem distinções preconcebidas entre candidatos em concursos públicos, devendo 
todos ter igual oportunidade de classificação, de acordo com o mérito de cada um. Em 
se tratando de concursos públicos predomina o entendimento de que, em princípio, não 
cabe a fixação do limite de idade. No entanto, poderá haver a imposição do limite se 
assim o exigirem a natureza do serviço ou atribuição, ou em razão de motivos fáticos e 
biológicos, ou se a limitação se mostrar razoável e não descabida. 
 
4. Proibições constitucionais 
 
A Constituição Federal descreveu no artigo 5º algumas proibições, dentre elas, a 
tortura, a pena de morte e a prática de racismo. 
 
Em se tratando da tortura esta vem prevista no artigo 5º, III, da Constituição Federal, 
regulamentado posteriormente pela Lei Especial nº 9.455/97 que define os crimes de 
tortura, que são classificados como crimes hediondos, não comportando anistia, graça, 
indulto, fiança ou liberdade provisória. A pena desses crimes é cumprida integralmente 
em regime fechado. Nestes termos, prevê o artigo 1º da referida Lei. 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira 
pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 24 
Assim, também são proibidas pela Constituição Federal de 1988 (CF/88), a pena de 
morte, salvo em caso de guerra, bem como trabalhos forçados, pena de caráter 
perpetuo e cruéis. A prisão será admitida somente se em flagrante ou por ordem escrita 
de autoridade judiciária e competente, desde que fundamentada. 
 
5. Proteção constitucional das liberdades 
 
Há situações no cotidiano do ser humano que sua liberdade pode sofrer violação. Faz-
se referência neste tópico a liberdade de ir e vir, de ver um direito líquido e certo ser 
cumprido, de obter informações a respeito de si próprio, bem como de insurgir-se contra 
atos ilegais ou abusivos que atentem contra o patrimônio público. 
Tendo em vista a possibilidade de violação desses direitos, a Constituição Federal traz, 
como garantia fundamental o uso de ações que visam dar efetividade aos direitos dos 
quais o cidadão for privado ou sofreu algum impedimento de exercê-los. 
 
Vejamos cada um deles: 
 
 “Habeas Corpus” 
 
Para Moraes (2003, p. 139), “habeas Corpus é uma garantia individual ao direito de 
locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, 
fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo”. 
 
Art. 5º, LXVIII – “Conceder-se-á “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
 
Cabe contra ato ilegal de autoridade. Mas, por exceção, tem-se admitido a impetração 
também contra arbitrariedade de particulares quando evidente o constrangimento ilegal 
– a exemplo de internação forçada de pessoa em casa de saúde mental. 
 25 
O habeas corpus é preventivo no caso de estar o paciente ameaçado de violência ou 
coação ilegal; e liberativo no caso de violência ou coação já praticada. 
O habeas corpus é gratuito. Pode ser impetrado por qualquer pessoa, com ou sem 
advogado, em benefício próprio ou alheio, bem como pelo Ministério Público, podendo 
também ser concedido de ofício pelo juiz. Exemplo: cabe habeas corpus em caso de 
uma prisão ilegal, ou seja, que não seja em flagrante ou fundamentada pelo juiz. 
 
Mandado de segurança 
 
Segundo a lição de Meirelles (2004, p 06) o mandado de segurança é “o meio 
constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com 
capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito 
individual ou coletivo, líquido e certo.” 
 
Art. 5º LXIX “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, 
não amparado por “habeas corpus”ou “habeas data”, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público;” 
 
O mandado de segurança é uma ação para proteger direito líquido e certo. Direito 
líquido e certo é o que independe de qualquer outra prova além da documentação 
juntada na inicial. O mandado de segurança pode ser individual ou coletivo. Exemplo: 
uma pessoa devidamente aprovada em um concurso público; esta apenas aguardando 
para ser nomeada e ingressar no cargo, porém, ao chegar a sua vez pela ordem 
classificatória é surpreendida com a nomeação de outra pessoa que havia sido 
classificada em um dos últimos lugares. Neste caso cabe o mandado de segurança 
para proteger o seu direito líquido e certo de ingressar neste cargo uma vez que 
preencheu todos os requisitos e a nomeação deve obedecer a ordem de classificação. 
 
Ação popular 
 26 
 
“É o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a 
invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e 
lesivos do patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades 
paraestatais e pessoas jurídicas subvenciadas com dinheiros públicos.” (MEIRELLES, 
2004, p 135) 
 
Art. 5º LXXIII: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular”. 
 
Ação popular é ação pela qual o cidadão (eleitor) pode pleitear a anulação de ato lesivo 
ao patrimônio públicoou de entidade de que o Estado participe, ou lesivo à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural. 
 
Cabe também ação popular para promover a restituição de bens ou o ressarcimento de 
danos em relação às pessoas que, por ação ou omissão, causaram ou deram 
oportunidade à lesão. Exemplo: Casos de danos causados a uma comunidade como a 
contaminação de um rio, o desmatamento de áreas não permitidas, o desvio de dinheiro 
público. 
 
“Habeas data” 
 
Todas as pessoas devem ter acesso às informações que o Poder Público ou entidades 
de caráter público possuam a seu respeito. 
 
Art.5º LXXII – “conceder-se-á “habeas data”. 
Habeas data (tenha as informações ou os dados) é uma ação para obter o acesso de 
interessado ao que consta sobre ele em registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público, ou para alcançar a sua retificação. 
 27 
Não cabe habeas data se a entidade não recusou as informações ou a retificação. É 
necessário, portanto, no caso, pedido prévio junto à Administração, embora não se exija 
o esgotamento dos recursos administrativos eventualmente cabíveis. 
Exemplo: uma pessoa tem negadas informações referentes à sua situação nos órgãos 
de proteção ao crédito, ou tem negado o direito de expedição de uma certidão relativo a 
dados ou anotações sobre si próprio. 
 
6. Direitos sociais 
 
Os direitos sociais previstos na Constituição Federal nas palavras de Moraes (2014, 
p.203): 
 
“São os direitos fundamentais do homem, caracterizando-se 
como verdadeiras liberdades positivas, de observância 
obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por 
finalidade a melhoria de vida aos hipossuficientes, visando à 
concretização da igualdade social, e são consagrados como 
fundamentos do Estado Democrático.” 
 
Os dispositivos constitucionais relacionados aos direitos sociais encontram-se nos 
artigos 6º a 11. 
 
Ao definir os direitos sociais a CF/88 em seu art. 6º, elenca um rol trazendo a educação, 
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados, mas 
dá ênfase maior ao trabalho e aos direitos do trabalhador tanto na esfera individual, 
quanto coletiva, destinando todos os demais artigos, ou seja do art. 7º ao art.11 a tais 
previsões, que serão estudados em capítulo distinto. 
 
7. Direitos políticos 
 28 
 
A expressão descrita nos princípios fundamentais da Constituição Federal “todo o poder 
emana do povo” é uma expressão do Estado Democrático de Direito, que tem como um 
dos fundamentos o pluralismo político. Assim, em se tratando dos direitos políticos 
estes são conceituados nos seguintes termos: 
Para Moraes (2014), “São direitos públicos subjetivos que investem o indivíduo no 
status active civitis, permitindo-lhe o exercício concreto da liberdade de participação nos 
negócios políticos do Estado, de maneira a conferir os atributos da cidadania”. 
 
Definida pela CF/88, a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo 
voto direto e secreto, com valor igual para todos através de plebiscito, referendo ou pela 
iniciativa popular. 
Para que o cidadão possa se tornar um candidato primeiro é preciso verificar se 
preenche as condições de elegibilidade. 
 
E em que consiste a elegibilidade? 
A “Elegibilidade é a capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade de o 
cidadão pleitear determinados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que 
preenchidos certos requisitos”. 
As condições de elegibilidade são definidas no §3º do art. 14, estando entre elas a 
obrigatoriedade da nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos e o 
alistamento eleitoral, entre outras. 
Vistas as condições de elegibilidade, passamos a inelegibilidade. Antes, porém, 
importante conceituá-la: segundo a doutrina, “Inelegibilidade consiste na ausência de 
capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, 
consequentemente, poder ser votado, constituindo-se, portanto, em condição obstativa 
ao exercício passivo da cidadania”. 
 
Quanto à inelegibilidade, a Constituição Federal preceitua no artigo 14: 
 
 29 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes 
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da 
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de 
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular 
de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
 
Assim, este artigo determina, ao mesmo tempo, que outros casos de inelegibilidade 
poderão ser determinadas através de lei complementar, que definira também os prazos 
de sua cessação. 
 
Ainda que eleito, o candidato poderá ter seu mandado impugnado. Para isso deverá 
haver provas efetivas do cometimento dos atos de abuso, corrupção e fraude. 
 
8. Dos partidos políticos 
 
Em se tratando dos partidos políticos estes também têm sua criação e diretrizes 
previstas na Carta Constitucional, pois representam “instrumentos necessários para a 
preservação do Estado Democrático de Direito”. (MORAES, 2004, p. 43). Isso porque “o 
sistema de partidos repercute de igual modo no funcionamento do regime presidencial, 
tornando mais flexíveis as relações entre o Presidente e o Congresso, ou concorrendo 
para abrandar as dimensões imperiais do poder presidencial, em regime de 
pluripartidarismo”. (MORAES, 2004, p. 48) 
 
Determina a CF/88 que é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos 
políticos, desde que criados dentro dos parâmetros constitucionais e legais, respeitando 
especialmente a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os 
direitos fundamentais da pessoa humana. 
 
Assim, restaram abordados os tópicos mais relevantes no que se refere ao direito 
constitucional, envolvendo os direitos e garantias fundamentais, os direitos sociais, 
 30 
políticos e, sobretudo aqueles que diretamente serão utilizados pelos cidadãos em 
busca da proteção jurídica. 
 
Atividade 2 – Atende ao objetivo 02 
 
A rede social Facebook é pródiga na disseminação de toda forma de preconceito. A 
página abaixo “Eu não mereço mulher preta” foi bastante criticada e solicitou-se a sua 
retirada da rede social. Considerando tudo o que você leu sobre os direitos 
fundamentais, enumere quais diretos foram violados por meio desta publicação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
 
 
 
 
 
 
Resposta Comentada: 
 
No caso em questão podemos destacar, dentre outras violações as seguintes: 
 
- Afronta ao princípio constitucional que proíbe o racismo; 
- Afronta ao princípio constitucional que proíbe a discriminação de gênero. 
Tal publicação fere um dos grandes direitos humanos que é a igualdade. Ao ridicularizar 
e inferiorizar um indivíduo em virtude de sua raça e de seu gênero, a referida 
publicação viola o direito a igualdade que é inerente a todo ser humano. Ainda viola 
também a vedação ao anonimato, pois apesar de termos o direito a livre expressão de 
ideias, o anonimato não é permitido, o que contribui para a identificação dos culpados 
que infringem a lei, mesmo em ambientes virtuais. 
 
Início do box multimídia 
- Se você ainda não leu o livro a Revolução dos Bichos, o mesmo encontra-se 
disponível no site: 
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/animaisf.pdf 
Fim do Box multimídia 
 
Atividade Final 
 
CUNHAGATE 
 32 
Você deve ter tomado conhecimento sobre a suposta atuação controversado 
Presidente da Câmara, de manipular votações de projetos de lei que são de seu 
interesse (como o caso da maioridade penal e a autorização para financiamento privado 
de campanhas políticas) e atrasar projetos que não tenham seu apoio. 
Com o conteúdo que você aprendeu na presente aula, explique a função da 
Constituição perante a atuação de nossos políticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta comentada: 
 
A Constituição é o limite, é o freio da atuação dos políticos do Estado. Mesmo tendo 
sido democraticamente eleitos, se houver por parte de tais representantes do povo uma 
conduta que não seja condizente com o ordenamento jurídico, a Constituição se 
encarregará de coibir tais abusos. Sem a Constituição, não haveria moderação no 
exercício do poder político e os direitos individuais estaria fragilizados diante da 
centralização do poder. 
 
 33 
9. Conclusão 
O movimento constitucionalista e a existência nos dias atuais da Constituição é uma 
garantia mínima para os indivíduos de que seus direitos serão respeitados e que a 
atuação do Estado, seja por meio de seu poder legislativo, executivo ou judiciário será 
limitada pelas normas previstas no texto constitucional. 
A Constituição Federal Brasileira na sua versão atual (de 1988) é bastante completa e 
abrange aos mais diversos temas jurídicos, tais como família, propriedade privada, 
índios, crianças, educação, cultura, dentre outros temas, demonstrando um notável 
crescimento de temas fundamentais em relação às demais constituições. 
A Constituição Federal Brasileira é a guardiã dos direitos básicos e fundamentais de 
todos os indivíduos que se encontrem dentro de seu território: sejam brasileiros ou 
estrangeiros. 
Os direitos e garantias fundamentais constantes nela foram resultados de diversas lutas 
travadas pela sociedade civil para limitar o poder do Estado e que ainda hoje 
permanecem atuais, pois tais direitos precisam sempre serem lembrados para que 
possam ser protegidos e garantidos 
 
10. Resumo 
Nesta aula, nós estudamos o Direito Constitucional, conceituando-o e explicando as 
funções das normas constitucionais. 
Fizemos nosso estudo através da abordagem das normas constitucionais vigentes em 
nossa Lei Suprema/88, procurando sempre que possível explicar um pouco mais seus 
conteúdos. 
Iniciamos pelo exame dos princípios fundamentais que sustentam dos os conteúdos 
instituídos pela constituição, passando em seguida para a apreciação dos direitos e 
garantias fundamentais. 
 
 34 
11. Referências Bibliográficas 
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
SILVA, A. J. Curso de direito constitucional positivo. 37. ed. São Paulo: Malheiros, 2014. 
COMPARATO, Fábio Konder.”Fundamento dos Direitos Humanos. A noção jurídica de 
fundamento e sua importância em matéria de direitos humanos”. Revista 
Consulex 48: 52-61, 2000. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2004. 
COMPARATO, Fábio Konder. “Afirmação História dos Direitos Humanos”. São Paulo: 
Saraiva, 2002. 
DANTAS, F.C. de San Tiago. Igualdade perante a lei e due process of law: contribuição 
ao estudo da limitação constitucional do Poder Legislativo. Revista Forense, v. 
116, p. 357-367, Rio de Janeiro, 1948. 
PIOVESAN, Flavia. Ações afirmativas da perspectiva dos direitos humanos. Cad. 
Pesquisa, São Paulo , v. 35, n. 124, p. 43-55, Apr. 2005. 
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Ed Campus, 2004. 
 
Consultando a legislação 
Se você quiser se aprofundar um pouco mais nos assuntos abordados neste 
capítulo, consulte: 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. 
_____. Lei n. 9.455, de 07 de abril de 1997. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, 08 abr. 1997. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9455.htm>. 
 35 
_____. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. 
 
 
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	DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
	ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE AULA PARA EAD
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