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Dinheiro Rural-05-04-2022

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ENTREVISTA: PEDRO FERNANDES 
Para diretor de Agro do Itaú BBA, 
Faria Lima só tem a lucrar no campo
PISCICULTURA
Alta demanda impulsiona 
plano de desenvolvimento
USINAS NA ERA 4.0
Novas tecnologias revolucionam 
a produção de açúcar e etanol
DUAS SEMANAS ANTES DE 
VLADIMIR PUTIN INVADIR A
UCRÂNIA, A EMPRESA RUSSA 
ACRON ANUNCIOU A COMPRA DE 
UMA FÁBRICA DE NITROGENADOS 
DA PETROBRAS. ELA SE JUNTARIA 
ÀS CONTERRÂNEAS URALKALI E 
EUROCHEM QUE JÁ ATUAM NO 
PAÍS. O QUE ACONTECERÁ AGORA?
Como a guerra
afeta os 
planos dos
de produzir
no Brasil
F E R T I L I Z A N T E S
russos
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GAMES É UM FESTIVAL 
DE MONTANHA QUE 
COMBINA COMPETIÇÕES 
ESPORTIVAS, ATIVIDADES 
RECREATIVAS E ATRAÇÕES 
CULTURAIS EM UM SÓ 
FINAL DE SEMANA. UMA 
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CRIANÇAS E OS AMIGOS.
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REALIZAÇÃO MÍDIA OFICIAL PARCERIA
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EDIÇÃO 185, ANO 17 
MAR/ABR DE 2022
O preço dos insumos aumentou, ele [o produtor] precisa de mais 
dinheiro para o pacote da safra, e o volume de crédito é finito
28286 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
8 Porteira Aberta
Pesquisa mostra que produção agrícola 
aumentou mais que área plantada
12 Entrevista
PEDRO FERNANDES, DIRETOR DE 
AGRONEGÓCIO DO ITAÚ BBA
18 Capa
OS PLANOS DOS RUSSOS 
EM PAUSA 
Além dos impactos na importação dos 
fertilizantes, a guerra contra Ucrânia torna 
incertos investimentos das empresas 
russas no Brasil 
 
24 Agroeconomia
O PRIMEIRO BIMESTRE 
Juros em alta e dólar em queda afetam 
rentabilidade do produtor
28 Agronegócios
O SUL SOFRE
Secas severas colocam em xeque a produção 
de grãos da região 
30 MOSAIC
Os planos da CEO Corrine Ricard para o Brasil
 
32 PISCICULTURA 
O potencial do Brasil no mercado internacional
36 TAUNSA
Onde o agro e o futebol se encontram
38 PIRACANJUBA
Marca prepara sua maior fábrica no País 
40 BORRACHA
Produção cresce, mas ainda é irrelevante
44 Agrofinanças
A NOVA ERA DOS SEGUROS
As insurtechs, startups de seguro, estão 
revolucionando os produtos para o campo 
FUNDADOR
DOMINGO ALZUGARAY 
(1932 - 2017)
EDITORA
CATIA ALZUGARAY
PRESIDENTE EXECUTIVO
CACO ALZUGARAY
DIRETOR EDITORIAL
CARLOS JOSÉ MARQUES
DIRETOR DE NÚCLEO
CELSO MASSON
TEXTO
Editores: Lana Pinheiro e Romualdo Venâncio
Repórter: Renata Duffles
ARTE
Diretor: Paulo Roberto Aloe
Ilustração: Evandro Rodrigues 
FOTOGRAFIA 
Pesquisa: Sidinei Lopes Arquivo: Eduar do A. Con ceição Cruz
CTI: Silvio Paulino e Wesley Rocha
DINHEIRO RURAL ON-LINE
Editor executivo: Airton Seligman
Redatora: Thais Rodrigues Ferreira Fernandes
APOIO ADMINISTRATIVO 
Gerente: Maria Amé lia Scarcello. Secretária: Terezinha Scarparo 
Assistente: Cláudio Monteiro
MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA
Diretor: Edgardo A. Zabala
DIRETOR DE VENDAS PESSOAIS: Wanderlei Quirino 
GERENTE GERAL DE VENDA AVULSA E LOGÍSTICA: Yuko Lenie Tehan
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Outras Capitais: 4002-7334
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Pezzuto Diretor de Arte: Pedro Roberto de Oliveira Coordenadora: Rose 
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Dinheiro Rural (ISSN1807–3700) é uma publicação da Três Editorial Ltda . 
Redação e administração: Rua Rua Wil liam Speers, nº 1.088, São Paulo, SP, CEP: 
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Simões, 779, Centro - São Manoel - SP - CEP 18650-000 
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CAPA: EVANDRO RODRIGUES/MONTAGEM 
FOTOGRÁFICA 
Oinício da agricultura no Brasil remonta às primeiras décadas da colonização portuguesa. Por volta do ano de 1530, o plantio de cana-de-açúcar e a cons-trução dos primeiros engenhos formaram a base de uma atividade econo-
micamente estável no Brasil. A partir dali, mais 300 anos foram necessários para 
que o produtor rural brasileiro ouvisse falar em fertilizantes químicos. Outros 70 
anos se passaram até que o insumo começasse a ter relevância na produção nacio-
nal. Para entender o motivo da demora é preciso voltar ao tempo em que o aus-
tríaco Franz Dafert (1863-1933) dirigia a Imperial Estação Agronômica de 
Campinas. Ao apresentar os primeiros fertilizantes químicos disponíveis no País 
para uso em grande escala, ele escolheu os cafezais do interior paulista. Deu com 
os burros n’água. O solo era rico em nutrientes e os produtores colhiam grandes 
safras a cada ano. Não havia necessidade do insumo. Foi somente a partir de 1967, 
com um trabalho conjunto de várias empresas 
e com a criação de uma associação para repre-
sentar o setor, que o fertilizante passou a fazer 
parte da rotina das fazendas. 
Desde então, a indústria nacional passou 
por fases distintas até se consolidar como um 
grande importador, o que ocorreu por volta de 
1990. À medida que crescia a produção de 
commodities para exportação, mais fertilizan-
te era necessário importar. Em toneladas, a 
compra do insumo no mercado internacional 
cresceu gradativamente cerca de 15 milhões 
de toneladas no ano 2000 até aproximadamen-
te 40 milhões de toneladas em 2021. Ainda 
assim, o governo pouco fez para tentar diminuir 
a dependência externa. Atualmente, o Brasil 
é responsável por cerca de 8% do consumo global deinsumos. Somos o quarto 
mercado do mundo, atrás de China, Índia e Estados Unidos. “É uma dependência 
total do fertilizante externo”, afirmou Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura 
do Brasil. Em 1998, uma tentativa de reverter o cenário foi feita: assustado por um 
pico nos preços após a crise econômica da moratória russa — desde aquela época 
um dos maiores fornecedores globais do insumo —, o então governo de Fernando 
Henrique Cardoso tentou diversificar mercados. Em 2008, sob governo de Lula, 
veio a primeira tentativa do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). 
O documento acabou na gaveta, que só foi reaberta no ano passado. Sob influ-
ência da ministra Tereza Cristina, o governo preparava-se para anunciar com 
pompa e circunstância o PNF, mas aí veio a Rússia de novo. Com a guerra da 
Ucrânia, o movimento do governo deixou de ter ares de uma iniciativa estratégi-
ca e ganhou status de urgência. Atrair investimentos externos para garantir a 
produção nacional é a única maneira de diminuir a vulnerabilidade do País. E é 
de olho no apetite do produtor pelo insumo que a Rússia tem buscado o solo bra-
sileiro, como demonstra a reportagem de capa desta edição. 
COLHEITA DA REDAÇÃO
O plano que tardou a chegar 
EDIÇÃO 185, ANO 17 
MAR/ABR DE 2022
Lana Pinheiro, editora da Dinheiro Rural 
O preço dos insumos aumentou, ele [o produtor] precisa de mais 
dinheiro para o pacote da safra, e o volume de crédito é finito
PEDRO FERNANDES, DIRETOR DO ITAÚ BBA
48 Vitrine
Stonic C.251. Primeiro SUV
híbrido da Kia
 
50 Estilo
PESCA DE LUXO 
Esporte ganha novos adeptos em busca 
de um escape do caos da cidade grande
52 A VEZ DA VIOLA 
Instrumento conquista nova geração de 
músicos encantados por seu som
54 Sustentabilidade
REFLORESTAMENTO 
CMPC lança projeto para agregar valor à 
silvicultura
58 SERVIÇOS AMBIENTAIS
Iniciativas para pagamentos ao produtor 
que mantém floresta em pé saem do 
papel
60 Agrotecnologia
A indústria 4.0 promove revolução no 
setor sucroenergético 
64 Campo Digital
O crescimento da automação no 
agronegócio
DINHEIRO 
RURAL 
NO IPAD 
E ON-LINE: 
www.dinheirorural.com.br
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7DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
66 Artigo
O impacto que a Lei Geral da Proteção 
dos Dados traz para o setor
Ministra Tereza Cristina e o 
presidente Jair Bolsonaro 
durante lançamento do Plano 
Nacional de Fertilizantes 
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Estudo inédito do Instituto de Manejo e Certificação 
Florestal e Agrícola (Imaflora) mostra o avanço da produ-
ção nacional de alimentos. A pesquisa “Produção de 
Alimentos no Brasil: Geografia, Cronologia e Evolução” 
traz vários recortes sobre o desenvolvimento agrícola no 
País, inclusive sobre a concentração em poucas culturas e 
o avanço das fronteiras agrícolas. A relação entre o cresci-
mento do volume produzido e o a área cultivada através do 
tempo (como mostrado ao lado) reforça o potencial de pro-
dutividade do setor. Por outro lado, há dados preocupan-
tes: redução de 2% na quantidade de estabelecimentos e o 
aumento de 7,4% na área média das propriedades. “No Sul 
do País, por exemplo, houve redução de 15,2% no número 
de estabelecimentos e aumento de área média de 21%, 
indicando uma forte concentração produtiva na região”, 
disse Vinicius Guidotti de Faria, coordenador de 
Geoprocessamento do Imaflora. O trabalho teve apoio de 
Instituto Ibirapitanga, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e 
Grupo de Políticas Públicas (GPP/Esalq), e pode ser visto 
na integra no site imaflora.org.
Cultura Produção Área 
 plantada
 (%) (%)
Soja 536 221
Milho 295 32
Cana 194 145
Arroz 5,5 -67*
Café 95 -40*
GANHO DE PRODUTIVIDADE
Nas últimas décadas, as principais culturas de alimentos 
cresceram mais em produção do que em área plantada
OCUPAÇÃO DA ÁREA AGRÍCOLA (2017)
Soja 43,2%
Milho 22,5%
Cana 13,0%
Feijão 3,9%
Arroz 2,6%
 VARIAÇÃO ENTRE 1988 E 2017
*No caso do
arroz e do café, 
a produção cresceu 
apesar da significativa 
redução da área plantada
Fonte: Estudo – Produção de Alimentos no Brasil: Geografia, Cronologia e Evolução
ALIMENTOS
BOLSA DIGITAL
E FÍSICA
A agtech Gavea 
Marketplace recebeu um 
aporte de R$ 23 milhões 
em uma rodada “seed” 
liderada pela gestora de 
venture capital Astella. 
De acordo com o CEO da 
startup, Vitor Uchôa 
Nunes, a Gavea é a 
primeira bolsa digital do 
mundo para 
comercialização de 
commodities, mas com 
negócios imediatos. Por 
isso ele diz que é uma 
bolsa física. De maneira 
geral, a Gavea conecta 
quem vende e quem 
compra, de forma rápida, 
transparente e segura, 
inclusive com aplicação 
da tecnologia blockchain 
e audioria da KPMG, 
segundo Nunes. “Somos 
COMMODITIES 
uma bolsa e provemos 
informações, mas a decisão 
é de quem negocia”, 
afirmou o executivo. Para 
ele, o objetivo é agregar 
valor aos negócios, pois não 
há mais espaço para 
corretores que são apenas 
intermediários. Com esse 
investimento, a agfintech 
ganha fôlego para avançar 
com o plano de interna-
cionalização. “Chegávamos 
até o porto nacional, agora 
queremos alcançar o 
distribuidor e o consumidor 
final”, disse Nunes. Dentro 
ou fora do Brasil.
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POR ROMUALDO VENÂNCIO
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Com três décadas de trabalho 
cuidando de gente, Adriano 
Lima se tornou o responsável 
global de Recursos Humanos 
da Minerva Foods em meio à 
pandemia. Sua principal missão é 
aprimorar a relação da empresa 
com suas equipes, baseada em 
uma gestão flexível, humanizada 
e empática. 
PANDEMIA
“No primeiro ano houve um trabalho 
muito sério, com protocolos sanitários 
definidos em parceria com um hospital 
de São Paulo. Lançamos o programa 
Estar-Bem, em janeiro do ano passado, 
que ajuda as pessoas a cuidarem de 
si mesmas para poderem cuidar das 
demais ao redor. Trouxemos especia-
listas para falarem de diversos temas 
importantes para esse momento, como 
educação financeira, 
psicologia, saúde e até 
o lado espiritual.”
LIDERANÇAS
“Cobrança e controle 
estão presentes em 
todas as empresas, 
e devem existir de 
forma equilibrada, pois 
também precisamos 
de liberdade. Essa 
transição com as no-
vas formas de trabalho 
tem muito mais a ver com uma cultura 
de engajamento e confiança. Por isso 
temos o programa de desenvolvimento 
de lideranças com 1,3 mil participantes 
de todos os países em que atuamos.”
RESULTADO
“Uma força de trabalho engajada pode 
gerar clientes e consumidores mais en-
cantados, mais satisfeitos, e que podem 
gerar mais resultados para a empresa 
e retorno para os acionistas. Nossos 
relatórios sociais têm sido cada vez mais 
valorizados e as pesquisas mostram que 
empresas com melhor gestão de pesso-
as apresentam melhor desempenho.”
C H R O D A
M I N E R VA F O O D S
de 400% na vida útil dos pneus 
(passando de 3 mil horas para 15 
mil), redução da geração de 73 
toneladas de resíduos no primeiro 
ciclo de 18 meses e o incentivo ao 
descarte correto dos pneus. Após a 
utilização total, o material retorna 
para o fornecedor para que o 
elastômero seja retirado, reciclado e 
reaplicado em outra peça. Já a 
carcaça é triturada e reciclada.
PNEUS COM MENOS 
IMPACTO
As empresas Suzano e Gripmaster 
criaram o Projeto Elastômero para 
aplicação do polímero elástico nos 
pneus das máquinas que trabalham na 
produção de eucalipto. Entre os 
principais benefícios estão o aumento 
SUSTENTABILIDADE
INSTITUCIONAL
DESAFIO DA COMUNICAÇÃO 
Cuidar da imagem do setor é uma das prioridades do 
agronegócio para a presidente da Sociedade Rural 
Brasileira (SRB), Teresa Vendramini. Ela destacou o 
tema, entre vários outros pontos, durante um debate 
sobre desafios e perspectivas do agronegócio em 2022, 
realizadono início de fevereiro pela KPMG e pelo 
escritório FCAM Advogados. De acordo com a 
dirigente, tem sido desafiador falar sobre as 
atividades agropecuárias com o público dos grandes 
centros urbanos, e em alguns casos até frustrante. A 
julgar pelas várias tentativas de aprimorar esse 
diálogo, pode ser uma questão de sintonia, 
persistência e recursos para tal comunicação. 
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P O R T E I R A A B E R T A
10 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
POLÍTICA
MINISTRA “PROGRESSISTA”
Em abril, a ministra da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento, Tereza Cristina, vai se 
descompatibilizar do cargo para disputar as próximas 
eleições. E já vai sob nova legenda: estava marcada para 
o dia 20 de março a cerimônia de sua filiação ao PP 
(Partido Progressistas). Tereza Cristina deixa o DEM 
após a junção com o PSL para a criação do partido 
União Brasil. Resta saber se a corrida que ela começa 
agora será por uma vaga no Senado ou para o cargo de 
vice-presidente na tentativa de reeleição de Jair 
Bolsonaro. Entre os nomes cotados para substituí-la, o 
mais comentado nos bastidores é o do secretário-
executivo da pasta, Marcos Montes. 
AGRICULTURA 
REGENERATIVA
O primeiro cultivo de 
café arábica do mundo a 
receber a certificação de 
agricultura regenerativa 
Regenagri está no Brasil. 
Mais exatamente em 
Minas Gerais, na cidade 
de Patrocínio. A Fazenda 
Santa Cruz da Vargem 
Grande, propriedade do 
Grupo AgroBeloni, 
recebeu o reconhecimento 
da empresa britânica 
Control Union. Para o 
diretor da produção 
cafeeira da empresa, 
Fernando Nogues Beloni, 
esse momento único é 
consequência de um 
processo que vem 
ocorrendo naturalmente 
para equilibrar 
agricultura e 
preservação do meio 
ambiente. “A certificação 
foi instigada a partir da 
comercialização do nosso 
café pela Cooperativa 
dos Cafeicultores do 
Cerrado(Expocaccer) a 
uma empresa francesa 
que externou esse 
interesse”, disse. 
CAFEICULTURA
SETOR CRESCE DE NOVO
Segundo dados do Sindicato Nacional da 
Indústria de Produtos para Saúde Animal 
(Sindan), o setor cresceu 18% em 2021 na 
comparação com 2020. Para o vice-presidente 
executivo da entidade, Emilio Salani, a boa 
notícia vai além do número em si. Assim como 
para outros segmentos ligados ao agronegócio, 
o ano passado foi bastante desafiador por conta 
do câmbio, da escassez de insumos e até de 
embalagens. “Olhando horizontalmente, não 
houve uma indústria que não tenha passado por 
aumento do custo”, afirmou. O avanço resulta, 
em boa parte, pelo compromisso dos 
pecuaristas com a produtividade. “Na produção 
de um boi com 450 quilos, a saúde não passa de 
3% das despesas.”
SAÚDE ANIMAL
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11DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
CNA TEM ESCRITÓRIO
EM DUBAI
A Confederação da Agricultura e 
Pecuária do Brasil (CNA) passou a ter 
presença física em Dubai, nos Emirados 
Árabes. O objetivo é fomentar 
exportações do agronegócio brasileiro 
para Ásia e Oriente Médio, por meio de 
apoio a empresários e produtores 
rurais. A entidade foi acolhida pela 
Agência Paulista de Promoção de 
Investimentos e Competitividade 
(InvestSP), que tem esse escritório 
desde 2020. Nesse momento do 
comércio global, todo e qualquer apoio é 
muito bem-vindo para o agro nacional. 
INTERNACIONAL
AGFINTECH
META DE R$ 1,2 BILHÃO 
EM CRÉDITO
O balanço da TerraMagna em 2021 foi 
bastante animador para seus fundadores, 
Rodrigo Marques e Bernardo Fabiani. No 
ano passado, a plataforma de financiamento 
BNPL (do conceito “buy now pay later” ou 
“compre agora e pague depois”) 
incorporada para a agricultura negociou R$ 
700 milhões de crédito para compra de 
insumos — defensivos, sementes e 
fertilizantes. O início de 2022 ampliou o 
otimismo, com o recebimento de um aporte 
de R$ 220 milhões (US$ 40 milhões) em 
novos fundos de capital e dívida do 
SoftBank Latin America Fund, Shift 
Capital e Milenio Capital, com a 
participação de 
investidores 
anteriores. Com 
isso a expectativa 
em relação a 2022 
subiu para R$ 1,2 
bilhão em crédito, 
crescimento maior 
que 70%. Vale 
considerar que 
antes de terminar 
o primeiro 
bimestre deste ano 
o mundo ficou bem 
diferente: em 
janeiro não se 
falava em guerra.
VENTRE DE OURO
Um óvulo da égua árabe 
FT Shaella foi vendido por 
mais de R$ 4,5 milhões no 
Qatar (ou 3,2 milhões 
Riyals em moeda local). O 
negócio foi fechado no início 
de fevereiro, durante o 
prestigiado leilão Katara 
Arabian Horse Auction. A 
fêmea nasceu no Haras FT 
(Boituva, SP), propriedade 
de Flávia Torres, e foi 
vendida bem cedo para o 
criatório Dubai Stud, nos 
Emirados Árabes. FT 
Shaella virou campeã 
mundial da raça e gerou 
outros animais vencedores. 
“Eu acreditava muito que 
ela seria uma égua especial, 
tive que deixá-la ganhar o 
mundo”, disse Flávia.
GENÉTICA
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DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-202212
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PEDRO FERNANDES, diretor de Agronegócio do Itaú BBA
“ESTAMOS NO
COMEÇO DA
DESCENTRALIZAÇÃO
DAS FINANÇAS
PARA O AGRO”
Apenas no último ano, a carteira do agronegó-cio do Itaú BBA passou de R$ 42 bilhões para R$ 60 bilhões. Mas os esforços do banco em 
atender o setor são ainda mais estruturais com a 
criação de produtos específicos e o recente lança-
mento do primeiro Fiagro da instituição, em 8 de 
março. “Essas ações mostram a dimensão que o 
setor tem ganhado para nós”, afirmou Pedro 
Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA, 
nesta entrevista exclusiva à RURAL. 
POR LANA PINHEIRO
Com taxa de
crescimento 
próxima de 10% ao 
ano, o agronegócio 
demanda volume
de crédito que o
governo não é capaz 
de subsidiar. A saída
para o impasse está
no mercado financeiro, 
que enfim percebeu que o 
agro é um bom negócio 
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Fiagro e, quando o instrumento foi lançado, tínhamos dois 
caminhos. Ou a Itaú Asset Management criava todas as 
competências para montar um Fiagro ou a gente faria o 
ecossistema do Itaú trabalhar da melhor forma. Escolhemos 
a última opção. No Fiagro Rural 11 que estamos lançando, a 
área de agronegócio presta consultoria para o gestor. Isso 
significa que fazemos toda a parte de seleção, avaliação e 
indicação dos ativos. Essa nossa capacidade de originação, 
de entender o que está acontecendo no agronegócio graças às 
300 pessoas que vivem o setor 365 dias por ano, nos dá a pos-
sibilidade de levar as melhores recomendações para os ges-
tores do Fiagro decidirem onde alocarão os recursos.
Dentro das novas ofertas, cresce também a emissão de títulos 
verdes no agronegócio. Como o Banco enxerga este mercado?
 A jornada de produtos verdes 
se tornou central em 2021 e no 
Itaú fizemos uma mudança 
importante: sair de uma área 
que só pensa sustentabilidade, 
para que o ESG se tornasse 
uma área estratégica. Então a 
área de produtos verdes está 
ligada à área de agronegócio e 
não institucional. Essa foi a 
maneira pela qual consegui-
mos canalizar os compromis-
sos do banco e toda a força que 
a sociedade civil coloca sobre a 
agenda para alterar a realida-
de do cliente. 
Quais soluções o banco oferece 
alinhados aos critérios ESG? 
Nossa definição do que são pro-
dutos verdes foi construída 
com a Imaflora onde estabele-
cemos uma régua de cinco frentes que queremos atacar. 
Quais são elas? 
Agricultura de Baixo Carbono, Eficiência Energética, 
Eficiência de Recursos Hídricos, Biodiversidade e Bem-
Estar Animal. Em dezembro de 2021 lançamos o primeiro 
produto na linha de Biodiversidade na frente de conserva-
ção. O Reserva Legal+ é destinado ao produtor que tem um 
percentual de vegetação nativa dentro de sua propriedade 
acima do que é exigido pelalegislação. A nossa primeira 
operação de Reserva Legal+ foi de R$ 1 milhão o que mostra 
que é possível fazer operações com tíquetes mais reduzidos 
em relação com outros produtos verdes. Queremos democra-
tizar o acesso a produtos ESG, mesmo que a gente abra mão 
do nosso retorno em alguns casos. 
E para as outras linhas?
Os produtos estão sendo estruturados. Uma das nossas 
grandes preocupações é determinar como reconhecer a 
RURAL — De dois anos para cá, há uma aproximação entre o 
campo e a Faria Lima. O que explica esse movimento? 
PEDRO FERNANDES — Do lado do agronegócio há uma 
necessidade de capital que aumenta mais rapidamente do 
que crescem as fontes oficiais de financiamento. E o merca-
do de capitais passa a enxergar melhor a importância do 
agro dentro da economia brasileira. 
Mais de 70% da produção de alimentos é feita pela agricultura 
familiar. O mercado de capitais é acessível a eles? 
As indústrias de açúcar-etanol e a de proteína animal 
foram as primeiras a organizar a governança corporativa. 
A partir daí passamos a ver os outros elos da cadeia com 
maior nível de acesso ao mercado de capitais. Mas ferra-
mentas como Certificado de Recebíveis do Agronegócio 
(CRA), debêntures e notas 
comerciais exigem um tíquete 
mínimo alto para as opera-
ções, o que acaba excluindo os 
pequenos e médios. 
Como atender a demanda 
desse público por crédito? 
Temos visto o crescimento de 
Fundos de Investimento em 
Direitos Creditórios (FIDCs) 
patrocinados por empresas de 
insumos que têm feito esses 
recursos chegarem às peque-
nas revendas e aos seus clien-
tes. Além disso, desde o final 
de 2021, observamos os 
Fundos de Investimento das 
Cadeias Agroindustriais 
(Fiagros) sendo levantados, o 
que promoveu uma queda 
relevante no volume mínimo 
para as transações. A partir daí, empresas e produtores de 
porte médio passarão a ter mais acesso a novos bolsos de 
financiamento. Estamos no começo de uma longa jornada 
da descentralização das finanças para o agro. 
Em fevereiro, a cinco meses para o fim da safra, o BNDES sus-
pendeu da contratação do crédito rural subsidiado. De onde 
virão os recursos que os produtores precisam? 
Essa é uma dor que vem do aumento da necessidade de 
financiamento dos produtores. O preço dos insumos aumen-
tou, ele precisa de mais dinheiro para o pacote da safra e o 
volume de crédito é finito. Esses recursos muito provavel-
mente vão vir em grande parte da indústria de insumos 
através dos barters e dos bancos por meio das Cédulas do 
Produto Rural (CPRs). 
No dia 8 de março, vocês lançaram o primeiro Fiagro do Itaú 
BBA. Quais são as expectativas do banco? 
Acompanhamos toda a agenda legislativa de criação do 
“A regularização fundiária é uma 
dívida que o País tem com quase 
1 milhão de agricultores”
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Sem avanços nas políticas ambientais, crescem as ameaças de 
embargos a commodities brasileiras. Qual o impacto se o fluxo 
de comércio for interrompido?
Trabalhando com o agronegócio há 20 anos, eu diria que pode-
ríamos evitar quase todos os embargos. Isso passa por dois 
pontos. O primeiro é contarmos melhor a nossa história. É 
deixar mais transparente o quanto nossas organizações têm 
gasto tempo e recursos dentro da agenda ESG. Não dá para o 
mercado continuar pensando que a laranja produzida em São 
Paulo tem relação com o desmatamento na Amazônia. 
E o segundo? 
O agro precisa ter um maior nível de intransigência com o 
que são práticas ilegais. É necessário ter clareza do que pre-
cisa ser tratado pelo ministério da Agricultura e o que é 
demanda para o da Justiça. O setor tem que ter mais energia 
para expelir players e indivíduos que prejudicam os produ-
tores. A gente viu a veemên-
cia do cancelamento e da con-
denação de um grande banco 
em função de um posiciona-
mento sobre pecuária, mas 
não vemos a mesma veemên-
cia para excluir produtores 
com práticas criminosas. 
A despeito de todos esses 
desafios, a resiliência do agro 
vem se confirmando por meio 
de bons resultados. O que 
podemos esperar para o encer-
ramento da Safra 2021/2022?
Estamos acompanhando, 
com preocupação, essa varia-
bilidade de produtividade 
especialmente na safra verão. 
Mas, ainda assim, mesmo 
com performances heterogê-
neas será uma safra bastante 
rentável. A safrinha, por sua vez, vem sendo plantada em 
uma janela muito melhor do que no ano passado. Então a 
expectativa é boa. Quando a gente olha para proteína ani-
mal, principalmente aves e suínos, teremos uma receita 
muito comprimida, com margem operacional negativa. 
E para a safra 2022/2023?
Teremos um aumento importante no custo de plantação o 
que vai obrigar uma tomada de recursos maior por parte 
dos produtores em um cenário de juros mais elevado. 
Quando olhamos as relações de troca, a gente tem uma mar-
gem da safra de verão convergindo para uma média históri-
ca que não é tão alta como nas últimas três safras. Ainda 
assim bastante boa, mas sobrará menos. 
externalidade positiva e como conseguir fazer a verificação 
de uma maneira economicamente eficiente. Um dos princi-
pais desafios para o crédito de carbono é medir o nível de 
fixação do solo. O custo da verificação acaba tornando a 
monetização de uma melhor prática muito difícil. 
Durante a COP-26, o governo assumiu o compromisso de reduzir 
os níveis de emissão de CO2 em 50% até 2030, reduzir a emis-
são de metano e caminhar para o desmatamento zero. Como 
esses compromissos afetarão o agro?
A primeira coisa que precisa ficar clara é a centralidade que 
o agronegócio tem na agenda. O setor sofre os impactos do 
clima e contribui para a sua mudança. Mais de 40% das 
emissões de gases de efeito estufa do Brasil vêm de mudanças 
de uso de solo. Dentro do banco, trabalhamos para termos 
protocolos mais adaptados à agricultura tropical e com obje-
tivos atingíveis e monetizáveis. 
Existe hoje uma movimentação 
do governo em apoiar o agro na 
transição para uma economia 
de baixo carbono? 
O governo tem iniciativas 
muito boas como a CPR Verde 
em que reconhece o lastro flo-
restal como um ativo a ser 
financiado, além de outras 
para reconhecer o serviço 
ambiental. Só que essas inicia-
tivas ainda não produziram os 
efeitos esperados. São projetos 
ambiciosos que necessitam de 
uma alocação de recursos rele-
vante, mas há um descompas-
so entre o que pessoas e gover-
no querem e a capacidade de 
alocar esse capital. Faltam 
recursos para que a agricultu-
ra de baixo carbono seja imple-
mentada em escala e há também a necessidade de corrigir 
decisões tomadas no passado. 
Como quais? 
A regularização fundiária é uma dívida que o País tem com 
quase 1 milhão de agricultores. É preciso resolver este pro-
blema tanto por uma questão social como também para 
garantir o nível de organização necessário para poder remu-
nerar por serviços ambientais. Se não conseguimos nem dar 
acesso a crédito para quem não tem título de terra, como 
remunerar por serviços ambientais? É preciso implementar 
uma série de iniciativas, mas é necessário também resolver 
problemas da década de 1980. E aí visões antagônicas dentro 
das esferas do governo nos impedem de avançar. 
E N T R E V I S T A
DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-202214
PEDRO FERNANDES
“O agro precisa ter um maior nível 
de intransigência com o que são 
práticas ilegais”
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C A P A
 POR LANA PINHEIRO
ALÉM DOS 20% DE 
FERTILIZANTES QUE O BRASIL 
IMPORTA DO PAÍS DE VLADIMIR 
PUTIN, A GUERRA CONTRA 
UCRÂNIA COLOCA EM XEQUE 
PLANOS DE EMPRESAS RUSSAS 
INSTALADAS EM SOLO NACIONAL 
russos
no Brasil
Planos 
em pausa
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uando foi à Rússia em visita ofi-
cial a Vladimir Putin, duas sema-
nas antes de a guerra contra a 
Ucrânia eclodir, o presidente 
Jair Bolsonaro atendia a pedidos 
enfáticos da ministra Tereza 
Cristina. À época, a dona da 
pasta da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento tinha na manga uma 
grande cartada como sua última ação no 
comando do ministério: anunciar um 
audacioso plano para aumentar a produ-
ção de fertilizantes produzidos em terri-
tório brasileiro. E a Rússia estava inti-
mamente ligada a isso.
A articulação dessa agenda movimen-
tava os bastidores de Brasília há meses. 
Em salas fechadas do Mapa e da 
Secretaria de Assuntos Estratégicos da 
Presidência da República, representan-
tes de nove ministérios e entidades 
como Embrapa e Ibama se debruçavam 
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20 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
C A P A
sobre documento escrito em 2008, na 
gestão do então ministro da Agricultura 
Reinhold Stephanes, após uma grave 
crise econômica global que levou a um 
pico de alta no preço de fosfato, da amô-
nia e do potássio. Aquele primeiro texto 
estava agora servindo de base para a 
redação do Plano Nacional de 
Fertilizantes (PNF) que, inicialmente, 
estava programado para ser anunciado 
como uma espécie de presente de despe-
dida de Tereza Cristina ao agronegócio, 
o que deveria acontecer poucos dias 
antes de sua desincompatibilização do 
governo para concorrer ao Senado.
Em paralelo ao trabalho burocráti-
co dos técnicos e especialistas, a dama 
de aço do governo Bolsonaro intensifi-
cou o que o time de trabalho batizou de 
“A Diplomacia dos Fertilizantes”. 
Primeiro destino: Rússia. Em 17 de 
novembro, a ministra se encontrou com 
representantes de empresas locais de 
fertilizantes e do governo Putin para 
uma reunião que tinha como objetivo 
oficial garantir o fornecimento do insu-
mo a preços palatáveis aos produtores 
brasileiros. Após o encontro com o 
ministro do Desenvolvimento 
Econômico da Rússia, Maksim 
Reshetnikov, a própria ministra decla-
rou o tom da conversa. “O ministro 
reforçou que o Brasil é um parceiro 
estratégico e que podemos ficar absolu-
tamente tranquilos com o fornecimento 
de potássio e fósforo”, disse na ocasião.
NOVO RUMO Segundo fontes da 
Esplanada dos Três Poderes, no entan-
to, o encontro serviu para uma pré-
-apresentação do PNF como ferramen-
ta para, de forma geral, atrair o capital 
russo para o mercado de fertilizantes 
brasileiro e, em particular, para acele-
rar a compra da Unidade de 
Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da 
Petrobras em Três Lagoas (MS) pelo 
grupo russo Acron. Segundo o diretor 
da Efficienza Negócios Internacionais 
Fábio Pizzamiglio, quando começou a 
trabalhar no PNF, ano passado, o foco 
do governo era a Rússia. “Parecia uma 
boa ideia”, afirmou o executivo. 
Segundo o diretor de Projetos do Mapa, 
Luis Rangel, o plano mostrava uma 
ação do governo em um ponto nevrálgi-
copara os russos: “Se o Brasil tem um 
plano estatal para o setor, então o 
NPK
Sem produção 
suficiente para 
atender a demanda 
interna, agricultores 
importam 85% de 
seus fertilizantes 
Duas semanas antes da 
eclosão da guerra contra 
Ucrânia, grupo russo havia 
anunciado a compra da 
fábrica de fertilizantes da 
Petrobras
VLADIMIR KUNITSKY
CEO DA ACRON
Após aquisição da Heringer 
por US$ 554,6 milhões em 
2021, a empresa trabalhava 
para aumentar a 
participação no mercado 
brasileiro para 20% 
VLADIMIR RASHEVSKY
CEO DA EUROCHEM
Companhia de US$ 2,7 
bilhões de faturamento 
previa aumentar a força no 
Brasil após a compra da 
FertiGrow em dezembro 
do ano passado
VITALY LAUK
CEO DA URALKALI
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anunciados pelo vice-pre-
sidente da Acron, 
Vladimir Kantor, que pre-
via começar as obras da 
unidade ainda em julho? 
Até os maiores especialis-
tas do setor como Roberto 
Rodrigues, ex-ministro da 
Agricultura e atual coor-
denador do Centro de 
Agronegócios da FGV, não 
têm uma resposta clara. 
“A Acron agora é uma 
interrogação”, afirmou. A 
empresa russa não se 
manifestou mais sobre o 
assunto, tampouco o fez o 
governo federal.
Em funcionamento, a 
UFN3 teria capacidade de produção de 
3,6 mil toneladas de ureia e de 2,2 mil 
toneladas de amônia por dia, ou cerca de 
1,3 milhão e 803 mil toneladas anuais, 
respectivamente. A produção é irrisória: 
não chegaria nem perto de atender a 
demanda do mercado doméstico de mais 
de 45 milhões de toneladas de fertilizan-
tes em geral, o que coloca o Brasil no 
posto de quarto maior consumidor do 
planeta, absorvendo 8% da produção de 
desde 2019. Para o advogado especialis-
ta em governança Fernando Pessoa, a 
decisão do Planalto em manter a ida do 
presidente brasileiro foi uma atitude 
acertada, ainda mais diante do fato de 
que do ponto de vista do con-
flito geopolítico o Brasil é 
um agente irrelevante. 
“Cancelar a viagem só iria 
irritar o presidente da 
Rússia que nos vende 20% 
dos fertilizantes que consu-
mimos e que tinha acabado 
de anunciar um investimen-
to no Brasil”, afirmou.
Tudo ia bem, mas no dia 
24 de fevereiro a guerra 
começou de fato. Sem que-
rer, ao entrar na Ucrânia, a 
Rússia atingiu como um 
míssil o Ministério da 
Agricultura brasileiro. A 
narrativa em construção 
ganhou dúvidas. O que 
acontecerá com os planos 
21DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
APÓS ESFORÇOS DO GOVERNO PARA ATRAIR 
INVESTIMENTOS RUSSOS, O BRASIL VÊ COMO 
INCERTO O FUTURO DAS EMPRESAS NO PAÍS
investidor se sente seguro”, afirmou. 
Foi essa a segurança que Tereza 
Cristina foi dar aos russos.
Menos de três meses depois, a pri-
meira grande ação da Diplomacia dos 
Fertilizantes surtia efeito. No dia 4 de 
fevereiro, em visita a Três Lagoas (MS), 
cidade onde as obras da fábrica de ferti-
lizantes da Petrobras que já consumi-
ram R$ 3 bilhões em investimento estão 
paradas desde 2014, Tereza Cristina 
anunciava: “Concluímos a venda da 
UFN3 para a Acron”. Ali, o passo inicial 
para que a meta de reduzir a dependên-
cia da importação de fertilizantes de 
85% para 60% em 30 anos, como prevê o 
PNF, era dado. A narrativa estava se 
construindo como planejado. A etapa 
seguinte era um apertar de mãos entre 
os presidentes dos dois países, Rússia e 
Brasil, nas terras de lá.
Foi neste contexto que a viagem de 
Jair Bolsonaro à Moscou foi agendada 
para o dia 14 de março. Cancelar a visita 
a Putin, que havia sido combinada muito 
antes da escalada do conflito com a 
Ucrânia e como queriam os Estados 
Unidos, seria, portanto, uma desfeita ao 
país que livrava a Petrobras de um ele-
fante branco do qual tentava se desfazer 
VISITA
Cumprimento dos 
presidentes Bolsonaro 
e Putin foi parte do 
ritual da vinda da 
Acron para o País
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VENDA FINALIZADA
Após duas tentativas, Dalton 
Heringer conclui venda da 
empresa aos russos 
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22
C A P A
mundial de fertilizantes. Ainda assim, o 
começo das atividades seria uma boa 
sinalização para outros investidores 
olharem para o País, ainda mais se o 
pontapé inicial das obras acontecesse 
próximo à data inicialmente programa-
da para a divulgação do Plano Nacional 
de Fertilizantes.
Para o diretor técnico adjunto da 
Confederação da Agricultura e Pecuária 
do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, o 
plano indica uma mudança significativa 
na vontade política para a construção de 
uma indústria essencial ao agro. “Nos 
últimos 25 anos não houve esforço do 
governo para a construção dessa indús-
tria, a despeito da alta demanda inter-
na.” Por uma infeliz coincidência, esse 
novo arcabouço chega em um momento 
em que os russos, detentores das melho-
res tecnologias de produção, estão com 
outras prioridades e sofrendo com san-
ções econômicas que podem prejudicar 
até mesmo as empresas de lá já instala-
das por aqui.
RUSSOS NO BRASIL Este é o caso da 
Uralkali. Considerada a 9ª maior produ-
DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
Mercado para poucos
Quatro empresas dominam o 
mercado interno de fertilizantes 
 Alta dependência
Fluxo que 
vem da Rússia
(Fonte: Agrolink, dados mais recentes são de 2017) *fosfato monoamônico
1
2
Yara
25%
Mosaic
20%Fertipar
15%
Heringer
13%
Outros
27%
75%
55%
94%
25%
45%
6%
Nitrogênio:
Fósforo: 
Potássio
Importação Produção
3 Ureia:
98%
Potássio: 
26%
Nitrato de 
Amônio: 
18%
MAP*
24%
tora de fertilizantes à base de potássio do 
mundo com faturamento de US$ 2,7 
bilhões em 2020, a empresa anunciou em 
dezembro do ano passado a compra de 
100% da UPI Norte, acionista da maior 
distribuidora brasileira de fertilizantes, a 
FertiGrow. Em comunicado emitido na 
época, o CEO da Uralkali Trading, 
Alexander Terletsky, afirmou que a aqui-
sição fazia parte de um plano de fortaleci-
mento do grupo nos maiores mercados 
compradores do insumo. “O Brasil é um 
dos maiores consumidores de fertilizan-
tes minerais, então a aquisição da 
FertGrow ajudará a otimizar significati-
vamente as operações da Uralkali na 
América Latina”, disse Terletsky. A 
reportagem tentou contato com a empre-
sa para questionar sobre os possíveis 
impactos da guerra em sua operação bra-
sileira, mas não obteve sucesso.
A Uralkali não foi a única a enxergar 
na expansão do agronegócio nacional, 
que deve alcançar Valor Bruto de 
Produção (VBP) de US$ 1,2 trilhão este 
ano, como uma grande oportunidade para 
a supremacia russa no mercado global de 
fertilizantes. No mesmo mês de dezem-
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cando um contato direto com seus consu-
midores finais, como o produtor brasilei-
ro”. Parecia o casamento perfeito.
IMPORTAÇÃO Para o agronegócio 
nacional, a situação fica ainda mais 
grave uma vez que 20% da importação 
brasileira de fertilizantes vem da Rússia 
e encontrar novos fornecedores não será 
fácil. Segundo o sócio da Santos Neto 
Advogados, Frederico Favacho, “ainda 
que China e Canadá pudessem fornecer 
parte dos insumos, a produção nestes 
países é justa”. Por isso, segundo ele, a 
substituição não seria possível no curto 
prazo. Roberto Rodrigues, da FGV, 
ainda aponta a Jordânia como uma 
opção, mas essa alternativa é também 
inviável com a agilidade necessária. 
“Não temos relações com eles e cons-
truí-las leva tempo”, afirmou.
Neste cenário, o Plano Nacional de 
Fertilizantes ganha mais peso. Para Fábio 
Pizzamiglio, da Efficienza, “o governo 
começou a agir, mas o plano é de longo 
prazo”. Segundo estipulado no próprio 
PNF, diminuir a dependência do Brasil 
para 60% levaria cerca de 30 
anos. Ainda entram nessa 
conta, a necessidade de 
mudanças regulatórias pro-
fundas já que, especialmente 
em potássio, a extração 
dependeria de minas em ter-
ras protegidas, comoas indí-
genas na Amazônia. Uma 
situação que Jair Bolsonaro 
tem usado para tentar 
emplacar o Projeto de Lei 
191/2020, que libera o garim-
po nestes territórios. E aí o 
Brasil enfrentará outro pro-
blema com o recrudescimen-
to da União Europeia em 
barrar a compra de commo-
dities agrícolas ligadas ao 
desmatamento.
Além de um desastre 
sob qualquer ângulo huma-
nitário, a guerra da Rússia 
impactou o pacífico e funda-
mental agronegócio brasi-
leiro colocando a segurança 
alimentar do planeta sob 
real ameaça.
capital russo no mercado internacional, 
uma vez que foram excluídos do sistema 
Sociedade de Telecomunicações 
Financeiras Interbancárias 
Mundiais (Swift),além das 
incertezas sobre a prioriza-
ção da utilização de recursos.
Todas essas pontas soltas 
impactam o Brasil em um 
momento em que o País se 
preparava para colher melho-
rias no ambiente de negócios 
feitas nos últimos anos e de 
uma vontade da Rússia de 
diversificar a origem de sua 
produção. Para o sócio do 
escritório Feijó Lopes, Lúcio 
Feijó Lopes, a conjunção da 
vontade dos dois países, no 
pré-guerra, teria chance de 
atrair novas tecnologias para 
o desenvolvimento do setor. 
“Nos últimos dez anos, o 
Brasil aperfeiçoou a Lei da 
Liberdade Econômica, a Lei 
do Agro, e garantiu cumpri-
mento de contratos”, afirmou. 
No mesmo momento, disse 
Lopes, a Rússia “fazia um 
movimento para verticalizar a 
cadeia de fertilizantes, bus-
23DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
bro de 2021, o grupo russo EuroChem, 
que desde 2016 já tinha o controle acio-
nário da Fertilizantes Tocantins, anun-
ciou a compra de 51,48% da Heringer em 
um negócio de R$ 554,6 milhões que foi 
celebrado por analistas como um passo 
importante para o aumento da competiti-
vidade do setor. Dados sobre participa-
ção de mercado de 2017 indicam que qua-
tro grandes companhias dominam o setor 
no Brasil. A Heringer, na 4ª colocação 
com 13% de participação, está entre elas. 
Perde para a norueguesa Yara (25%), 
para a americana Mosaic (20%) e para a 
brasileira Fertipar (15%). Os demais 26% 
são pulverizados. Agora, com a união, a 
expectativa do grupo EuroChem era 
alcançar 20% de participação no País.
Diante do novo cenário, o coordena-
dor do Mestrado Profissional em 
Agronegócio, Felippe Serigati, afirma 
que “o destino das empresas russas no 
Brasil é completamente incerto”. Fábio 
Pizzamiglio, da Efficienza, concorda, afi-
nal não é claro como ficará a circulação 
de dinheiro russo no mundo. “Além da 
forte desvalorização do rublo, a Rússia 
terá que aumentar as reservas interna-
cionais e repatriar divisas”, afirmou 
Pizzamiglio. Outras dúvidas dizem res-
peito a ferramentas para a circulação do 
PLANO NACIONAL DOS FERTILIZANTES DEVE ATRAIR 
INVESTIDORES ESTRANGEIROS QUE MIRAM CRESCER 
NO 4o MAIOR MERCADO CONSUMIDOR DO INSUMO 
ESTRATÉGIA
Ida da Ministra Tereza Cristina à 
Rússia inaugurou a Diplomacia 
dos Fertilizantes
“Não houve esforço do 
governo 
para 
fortalecer 
o setor nos 
últimos 
25 anos”
REGINALDO MINARÉ 
CNA
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A G R O E C O N O M I A
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frutos
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o campo. O CEO da 
TerraMagna, 
Bernardo Fabiani, 
sintetiza o momento. 
“O produtor está com 
uma receita estacio-
nada e com custos financeiros, operacio-
nais e de produção em alta”, afirmou 
o executivo. 
Dentro da linha da receita, o compor-
tamento do câmbio com a valorização do 
real nos últimos meses provocou o que 
Fabiani chamou de um “descasamento” 
com efeitos negativos para o campo: os 
insumos foram comprados com o dólar em 
alta, e a produção será vendida com a 
moeda americana em baixa. “O resultado 
será uma margem menor.” No período de 
IS
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25DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
N
o dia 24 de fevereiro, o mundo 
parou atônito diante da invasão 
militar da Ucrânia pela Rússia. A 
paralisia durou segundos. Não 
dava para ser mais do que isso. 
Era preciso agir. Um sinal veio do preço 
do trigo que fechou aquele mesmo dia no 
maior valor dos últimos doze anos, 
US$ 9,34 o bushel. Quase imediatamente, 
a esperança de que o mundo e o Brasil fos-
sem começar a viver um período de preços 
mais estáveis com uma gradual recupera-
ção econômica, após dois anos da pande-
mia da Covid-19, caiu por terra. O agrone-
gócio global, já certo de que sofreria com 
impactos diretos e indiretos do conflito, 
precisou sair do estado de choque rapida-
mente para começar a traçar planos alter-
nativos que garantissem a produção de 
alimentos mesmo caso o conflito se esten-
da. Para lidar com essa crise, a melhor 
ferramenta que o produtor terá é uma 
gestão apurada em que um olho estará nos 
índices econômicos e o outro na lavoura. 
Diante do novo cenário, as projeções 
macroeconômicas anunciadas no fim do 
ano passado para este ano estão na ber-
linda. O Itaú Unibanco já revisou a 
expectativa de crescimento do PIB Agro 
de 4% para 1,5%. “Tivemos uma piora no 
cenário nos últimos dois meses, o que 
provocou a revisão”, afirmou o economis-
ta da instituição, Luka Barbosa. Já a 
Confederação da Agricultura e Pecuária 
do Brasil (CNA) estima alta entre 3% e 
5%, na relação com 2020. Na conta, além 
dos impactos da guerra, está refletida a 
redução das estimativas de produção de 
soja e milho, culturas fortemente impac-
tadas pela falta de chuvas no Sul do País. 
Mas o PIB do setor é somente um 
reflexo de um cenário econômico mais 
complexo que está afetando diretamente 
frutos
EM UM ANO ESPECIALMENTE 
DESAFIADOR, O PRODUTOR 
BRASILEIRO DEVE ADMINISTRAR A 
PROPRIEDADE COM UM OLHO NA 
TERRA E OUTRO NOS INDICADORES 
POR LANA PINHEIRO 
INFLAÇÃO 
Preço do milho 
chegou ao maior 
valor da última 
década, US$ 9,34 
o bushel
ECONÔMICOS QUE FEREM E ALIMENTAM O CAMPO 
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um ano, o dólar passou de R$ 5,64 para 
R$ 5,15, considerando 1º de março de 2021 
e a mesma data do ano corrente. Variação 
de 8,7%. O viés de baixa agora não é mais 
certo e a estimativa da CNA, que em sua 
primeira projeção para 2022 previa um 
câmbio de R$ 5,55, acaba de revê-lo para 
R$ 5,62 no fim do período.
INFLAÇÃO Ao contrário da alta insta-
bilidade cambial, a taxa básica de juro 
teve crescimento consistente. Na reu-
nião de 17 de março de 2021, após nove 
meses de Selic 
estabilizada 
em 2%, o 
Banco Central 
(Bacen) iniciou 
movimento de 
elevação. A 
primeira alta 
não foi nada 
tímida com 75 
pontos percen-
tuais, para 
2,75%. A 
agressividade 
se manteve e 
em março 
deste ano o 
juro ultrapas-
sou a casa de 
dois dígitos 
pela primeira 
vez desde 2014 
chegando a 
10,75% com 
viés de alta. 
Se a tentativa 
era frear a 
inflação, o remédio 
nãosurtiu o efeito-
desejado e o Índice 
Nacional de Preços 
ao Consumidor 
Amplo (IPCA) pas-
sou dos 4,56% em 
janeiro de 2021 
para os atuais 
10,38%. Tudo isso 
se reflete ao produ-
tor rural como 
aumento de custos. 
É esse o ponto 
que o consultor de 
Agro do Itaú BBA, 
Cesar de Castro Alves, aponta como críti-
co para que empresários do campo consi-
gam sair dessa crise com o menor dano 
possível. “Ninguém sabe direito o que 
acontecerá nas próximas semanas, mas os 
preços, sobretudo de fertilizantes, estão 
muito instáveis. É preciso acompanha-
mento rigoroso”, afirmou. Só na primeira 
semana de conflito, além da alta do trigo, o 
preço do cloreto de potássio subiu 185%; 
da uréia, 138%; e do fosfato monoamônico, 
103%, segundo a CNA. 
A encrenca agora é como amortizar 
esse impacto, diante de um mercado 
doméstico já no limite do preço dos ali-
mentos. “Hoje no Brasil, não temos um 
ambiente que permita repassar custos”, 
afirmou Castro. Como fazer, então? A 
resposta não é fácil, mas é de conheci-
mento geral: mergulhar nas despesas, 
cortar o supérfluoe acompanhar o 
desenrolar do cenário internacional pla-
nejando e replanejando a atividade den-
tro da porteira. 
“O produtor está 
com uma 
receita 
estacionada 
e com custos 
financeiros, 
operacionais 
e de 
produção 
em alta” 
BERNARDO FABIANI 
CEO DA TERRAMAGNA
CUSTOS 
Alta dos fertilizantes 
impactará todas as 
lavouras em 2022/23
Mesmo com a guerra na Ucrânia e 
instabilidade climática no Brasil, 
o PIB agro deve crescer mais do 
que em 2021 
 2021 2022
PIB Brasil 4,50% 0,70%
PIB Agropecuária 0,75% 2,6%
PIB Agronegócio 9,37% de 3% a 5%
Câmbio** (R$) 5,58 5,62
Selic 9,25% 11,75%
IPCA 10,06% 5,4%
VBP (R$) 1,12 trilhão 1,29 trilhão
Tx Desemprego 13,20% 11,70%
*Fonte CNA **Fim do período
PARA FICAR 
DE OLHO
Juros em alta e 
câmbio em baixa
desafiarão gestão 
no campo. 
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Biológico 
é Koppert
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A G R O E C O N O M I A
ESCASSEZ DE CHUVAS AFETA ALGUMAS ÁREAS DESDE 2019, MAS SE INTENSIFICOU NO ÚLTIMO
TRIMESTRE DO ANO PASSADO. GOVERNOS ESTADUAIS CALCULAM PREJUÍZOS FINANCEIROS E QUEDA
NA PRODUÇÃO. PARA TENTAR REVERTER O CENÁRIO, BUSCAM AJUDA NO ÂMBITO FEDERAL
PREJUÍZOS 
Região deve ter safra 
de grãos 12,7% menor 
do que na temporada 
passada, segundo 
dados da Conab
ESTIAGEM
CASTIGA O SUL 
POR ROMUALDO VENÂNCIO
28 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
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programa Avançar, que já soma 
R$ 4,5 bilhões em investimentos 
para atender diversos segmentos. 
Especificamente para a agropecuá-
ria e para o desenvolvimento rural, 
são quase R$ 276 milhões. “Deste 
valor, R$ 201,4 milhões serão para 
a qualificação da irrigação. Ou seja, 
73% do valor do Avançar na agro-
pecuária será aplicado exatamente 
nesse tema que estamos discutindo”, 
afirmou o vice-governador gaúcho, 
Ranolfo Vieira Júnior.
 
EFEITO CASCATA De acordo com 
relatório do Departamento de Eco-
nomia Rural (Deral) da Secretaria de 
Estado da Agricultura e do Abaste-
cimento do Paraná, a perda média 
na atual safra do estado pode ser de 
39% para a soja, 36% no milho e 30% 
no feijão. Na região Oeste, onde o 
quadro é mais grave, a perspectiva 
de quebra é de 71% para a soja; 65%, 
milho; e 60%, primeira safra de feijão. 
O prejuízo para o período atual nas 
terras paranaenses, que vêm sendo 
afetadas por estiagem desde 2019, 
pode chegar a R$ 25,6 bilhões. 
Os efeitos também são sentidos 
na pecuária leiteira. O Paraná é o 
segundo maior produtor de leite do 
País, com mais de 4,3 bilhões de litros 
por ano, e tem sofrido com a estiagem 
mais intensa, os custos de produção 
mais altos, os preços em queda e a 
redução de consumo. Parte dos pecu-
aristas reduziu o rebanho e alguns até 
abandonaram a atividade. 
Em Santa Catarina, sobretudo do 
extremo Oeste, Oeste e Meio-Oeste, 
a expectativa de 
chuvas entre dezem-
bro do ano passado e 
fevereiro deste ano 
era de precipitações 
em torno de 150 mm, 
mas o índice não pas-
sa de 40 mm, segundo 
dados do Centro 
de Informações de 
Recursos Ambientais 
e de Hidrometerolo-
gia (Ciram), órgão da 
Empresa de Pesquisa 
Agropecuária e Extensão Rural do 
estado (Epagri). 
Os prejuízos da agricultura ca-
tarinense com a estiagem já passam 
de R$ 3,7 bilhões, segundo a Epagri, 
somadas as culturas de soja, milho 
(grão e silagem) e feijão de primeira 
safra. O maior impacto é na soja, 
com quebra de 551 mil toneladas na 
safra — a expectativa era de colher 
mais de 2,5 milhões de toneladas — e 
perdas de R$ 1,5 bilhão. Na produção 
de milho grão, a redução na safra é 
de 34,5%, ou seja, 936 mil toneladas a 
menos, e prejuízos de R$ 1,4 bilhão. 
Essa quebra é muito significativa 
para a economia do estado, fortemen-
te baseada na produção de aves e su-
ínos, que têm o cereal como principal 
insumo da alimentação. O governo 
catarinense anunciou investimentos 
de R$ 150 milhões durante este ano 
para amenizar a situação. 
Todos os estados já apresentaram 
ao Mapa detalhes sobre o impacto da 
estiagem. A ministra Tereza Cristina 
visitou a região em janeiro, con-
versou com produtores, lideranças 
do setor e membros dos governos 
locais, e se dispôs a oferecer socorro, 
juntamente com os demais órgãos do 
governo federal ligados ao agronegó-
cio. “Estão comigo não só o time do 
Ministério da Agricultura, como tam-
bém a Conab, a Embrapa, o Banco 
Central e o Banco do Brasil. Não há 
um modelo pronto do que o governo 
federal possa fazer, mas temos que 
dar agilidade para as medidas que já 
são previstas para a área”, disse ela 
em sua passagem pelo Paraná. 
ESTIAGEM
CASTIGA O SUL 
A
produção de 
grãos da região 
Sul, que repre-
senta mais de 
25% do total do 
País, terá queda de 
12,7% na comparação 
da safra 2021/22 com a 
anterior. A estimativa 
da Companhia Nacio-
nal de Abastecimento 
(Conab) é de que sejam 
colhidas cerca de 68 
milhões de toneladas na 
temporada atual, ante as 78 milhões 
de toneladas do período anterior. Uma 
das razões para tal retração 
é a estiagem que se intensi-
ficou no terceiro trimestre 
do ano passado e já gerou 
grandes prejuízos para os 
agricultores, pecuaristas e 
toda a cadeia. O que gover-
nos estaduais, prefeituras e 
entidades de classe vêm fa-
zendo para, no mínimo, ame-
nizar os impactos é levantar 
em detalhes a real dimensão 
dessa situação, colocar em 
prática planos emergenciais 
e buscar a ajuda do Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (Mapa). 
Ainda de acordo com a 
Conab, o Rio Grande do Sul 
é o estado com a maior redu-
ção na produção. Enquanto 
a safra 2020/21 foi de 38 mi-
lhões de toneladas, a 2021/22 
será de 29 milhões de tone-
ladas, queda de 24,7%. Em 
janeiro, 200 cidades gaúchas 
haviam decretado situação 
de emergência por conta da 
estiagem, conforme divulga-
ção da Agência Brasil. Dados 
da Empresa de Assistência 
Técnica e Extensão Rural do 
Rio Grande do Sul (Emater-
-RS) revelaram que 195 mil 
propriedades tiveram perdas 
na produção. 
Parte do socorro aos 
produtores rurais do Rio 
Grande do Sul vem do 
ÁGUA 
Governos locais investem em ações
emergenciais para garantir abastecimento
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3630 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
“
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o início de fevereiro, a Mosaic 
Company divulgou os resultados 
de 2021. O faturamento cresceu 
42% contra o ano anterior para 
US$ 12,4 bilhões. Já o Ebitda bateu 
recorde no ano fiscal com US$ 3,6 
bilhões, alta de 129% na comparação 
ano a ano. Os números são globais, 
mas Corrine Ricard, presidente 
da Mosaic Brasil desde 2019, tem 
motivos bem locais para comemorar. 
Durante a apresentação dos números 
ao mercado, o CEO da companhia, Joc 
O'Rourke, atribuiu o bom desempe-
nho da empresa a três fatores, dois 
deles com participação direta da exe-
cutiva e seu time. “Como resultado de 
investimentos bem-sucedidos como 
nossa nova mina de potássio Esterha-
CORRINE RICARD, 
PRESIDENTE DA MOSAIC BRASIL
Investir em pastagens é uma relação de ganha- 
ganha para o solo, animais, produtores e meio ambiente”
No horizonte da
Mosaic, a meta
é vender menos 
e melhor
POR LANA PINHEIRO 
FOCO É AUMENTAR AS VENDAS 
DE FERTILIZANTES DE ALTA 
PERFORMANCE COM 
BENEFÍCIOS PARA DENTRO 
E FORA DA PORTEIRA
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31DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022 31DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
zy K3 [Canadá], Mosaic Fertilizantes 
no Brasil, e nossa transformação de 
estrutura de custos, estamos gerando 
um enorme valor no ambiente atual”, 
afirmou. Além de estar à frente da 
unidade brasileira, Corrine contribuiu 
com mais de US$ 500 milhões em 
economias nos últimos anos.
A redução de custos foi resultado 
de umprograma de sinergias imple-
mentado na empresa após a compra 
da Vale Fertilizantes, uma operação 
finalizada em 2018 por cerca de 
US$ 2,5 bilhões, como explica a execu-
tiva. “Quando o processo de aquisição 
foi finalizado, criamos um programa 
de transformação para integrar as 
duas operações e ganhar sinergias”, 
afirmou Corrine à RURAL. Na pri-
meira etapa do projeto, as economias 
somaram US$ 330 milhões, volume 
superior ao objetivo de US$ 275 
milhões. No ano passado, a segunda 
fase chegou à meta de atingir US$ 200 
milhões após 21 meses de trabalhos — 
o plano previa 36 meses de prazo. Ao 
todo, desde 2018 a unidade brasileira 
já contribuiu com mais de meio bilhão 
de dólares em redução de custos e a 
presidente quer mais. “Acreditamos 
que ainda há oportunidades para 
ganhos de eficiência”, disse.
Fazer mais com menos, por 
sinal, é um mantra dentro da Mosaic 
Brasil. E isso se aplica também à 
venda de produtos. Mas não é que a 
empresa, uma das maiores do País, 
queira perder participação em um 
dos maiores mercados para a compa-
nhia. O objetivo é ensinar o produtor 
brasileiro a ter mais produtividade, 
usando menos fertilizantes. E aqui 
entra o grande esforço que a empresa 
tem feito para desenvolver produtos 
de alta performance. Demanda de 
mercado há. Em 2021, a empresa 
vendeu 2 milhões de toneladas dos 
fertilizantes mais eficientes e com 
menos impacto ambiental, crescimen-
to de 20% em relação ao ano anterior. 
Os planos agora incluem destinar 
parte dos investimentos Capex, que 
em 2021 somaram US$ 1,2 bilhão, 
para o desenvolvimento de novas 
tecnologias que aliem produtividade 
e proteção ambiental. “Esse é um 
importante pilar dentro da nossa 
estratégia ESG”, afirmou Corrine.
ESG Dentro dos planos de ter uma 
atuação cada vez mais responsável 
a empresa abriu as possibilidades 
de trabalhar em parceria com ou-
tros players do mercado como está 
fazendo com a Bayer no programa 
PRO Carbono. “Queremos ajudar os 
produtores a melhorarem sua pro-
dutividade e a também conseguirem 
aumentar a armazenagem de carbono 
no solo”, afirmou a presidente da 
Mosaic Brasil. Uma parceria com 
a Embrapa para a recuperação de 
pastagens degradadas também está 
em curso. Segundo a executiva, os 
produtores brasileiros têm uma gran-
de oportunidade de usar fertilizantes 
apropriados para restabelecer a saúde 
do solo, tornando a terra um depósito 
de sequestro de CO2 e ainda acumu-
lar ganhos econômicos com o aumento 
do peso do gado. “Temos estudos que 
comprovam que investir em pasta-
gens é uma relação de ganha-ganha 
para o solo, animais, produtores e 
meio ambiente”, disse.
Se a nova dinâmica só traz bene-
fícios, porque demorou a vir? Para a 
executiva, a culpa é da própria indús-
tria. “Quando discutíamos proteção ao 
meio ambiente, sempre pensávamos 
na Amazônia”, afirmou. “Somente 
de alguns anos para cá, começamos a 
estudar mais a fundo os benefícios da 
biodiversidade do solo, a capacidade 
de pastagens restauradas de seques-
trar CO2 e os consequentes impactos 
no rebanho.” 
Estudo da Embrapa de junho de 
2021 referenda a tese da executiva. 
De acordo com o material, um sistema 
de média lotação, de 3,3 unidades 
animais (UA) por hectare — uma uni-
dade animal corresponde a 450 kg de 
peso vivo. —, em que a pastagem foi 
recuperada, foi capaz de neutralizar 
as emissões de gases de efeito estufa 
de bovinos e ainda gerar créditos de 
carbono correspondentes ao produzi-
do por seis árvores de eucalipto. Esse 
foi um dos quatro sistemas montados 
na Embrapa Pecuária Sudeste (SP) 
para mensurar o ônus e o bônus de 
carbono, indicando o grau de susten-
tabilidade ambiental da atividade.
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A G R O N E G Ó C I O S
32 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
C
arpas e tilápias produzidas, respectiva-
mente, pela China e Egito. Foi assim 
que há cerca de 4 mil anos, ainda no 
período Paleolítico, o mundo começava a 
criar peixes em cativeiro. Nas Américas 
a atividade demorou a chegar. Só desembarcou 
no continente de forma comercial no século XX 
quando a tecnologia tornou a criação da tilápia, 
robalo e garoupa mais rentável. No Brasil, a 
profissionalização do setor ganhou força adi-
cional em 2014 quando a Associação Brasileira 
da Piscicultura (PeixeBR) foi criada trazendo 
COM A PISCICULTURA EM 
ASCENSÃO E UM PLANO DE 
DESENVOLVIMENTO DA 
ATIVIDADE EM ANDAMENTO, 
BRASIL NAVEGA EM BOAS 
ÁGUAS QUANDO O ASSUNTO É 
PRODUÇÃO E 
COMERCIALIZAÇÃO DE PEIXES 
DE CATIVEIRO
O Brasil
está para 
peixe
mais governança para o setor. Desde então, a 
entidade registra aumento médio de 5% ao ano 
na produção de peixes em cativeiro. No ano 
passado, o ritmo se manteve com alta de 4,7% 
sobre o ano anterior. Foram 841 mil toneladas 
produzidas. “A piscicultura representa a ativi-
dade de produção animal que mais cresceu nos 
últimos anos”, afirmou Francisco Medeiros, 
POR RENATA DUFFLES
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DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
O CONSUMO MÉDIO NO 
BRASIL POR ANO É DE 
5KG POR PESSOA
INVESTIMENTO
O emprego de recursos na 
área de pesquisa poderia 
significar aumento ainda 
maior na produção nacional 
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34 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
A G R O N E G Ó C I O S
“A piscicultura representa a ativi-dade de produção animal que mais 
cresceu nos últimos cinco anos”
FRANCISCO MEDEIROS
PEIXEBR
presidente-executivo da PeixeBR.
A comparação com as demais 
proteínas de origem animal mostra 
o quanto a piscicultura pode evoluir. 
No mesmo ano em que o país pro-
duziu 841 mil toneladas de peixes, 
foram 14,3 milhões ton de carne de 
frango, 4,7 milhões ton de suínos e 
54 milhões de ovos. O baixo índice 
de consumo da carne branca no 
mercado interno é uma das razões 
para a discrepância. Os brasileiros 
consomem, em média, menos de 5 kg 
por habitante ao ano. A média global 
é de 20,5 kg per capita/ano. A outra 
explicação vem dos portos. Ainda que 
em expansão, a exportação nacional 
é baixa perante o imenso potencial 
que o Brasil tem. No ano passado 
foram embarcadas 9,9 mil toneladas, 
49% a mais do que em 2020. Agora, 
um plano para acelerar a atividade no 
País está em curso.
O PLANO Após sucessivas de-
mandas dos criadores, a Secretaria 
de Aquicultura e Pesca (SAP) do 
Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (Mapa) está, enfim, 
formulando uma política pública para 
estimular o campo aquícola brasilei-
ro. O Plano Nacional de Desenvolvi-
mento da Aquicultura (PNDA) tem 
como objetivos, atrair investimentos 
e impulsionar o desenvolvimento da 
atividade no País pelos próximos 10 
anos. O diretor do Departamento de 
Ordenamento e setores produtivos 
da Aquicultura (DPOA) Maurício 
Pessôa afirmou que a proposta “vai 
servir como ferramenta para os in-
vestidores estrangeiros identificarem 
que o Brasil tem um norte traçado”.
Uma das estratégias para atrair o 
capital externo é o fomento à inova-
ção, área que segundo o pesquisador 
científico do Instituto de Pesca da 
Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios (IP-APTA), Gianmarco 
David, começou a crescer recente-
mente. “Só nos últimos cinco anos 
foi possível identificar um aumento 
na presença de tecnologia no setor", 
disse. Para a presidente da Sociedade 
Brasileira de Aquicultura e Biologia 
Aquática (Aquabio), Cintia Nakaya-
ma, além de um plano institucional, 
o desenvolvimento do setor depende 
ainda do alinhamento dos interesses 
dos setores produtivo, acadêmico e 
financeiro. “À medida que o setor ga-
nha força, o interesse na área de pes-
quisa também cresce”, afirmou. Mais 
pesquisa e mais tecnologia permiti-
riam ao Brasil aumentar a produção 
EXPANSÃO 
DO SETOR 
AMPLIA O 
INTERESSEPELA 
PESQUISA 
CIENTÍFICA 
SOBRE AS 
ESPÉCIES
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35DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
de peixes nativos que hoje equiva-
lem a somente 31,2% da produção 
nacional, com 262,3 mil toneladas. O 
volume representa queda de 5,85% 
em relação a 2020, movimento que 
a PeixeBR atribui a dois problemas 
enfrentados pelo setor que o PNDA 
deve solucionar: a regularização 
ambiental nos estados produtores e 
a necessidade de investimentos na 
infraestrutura de processamento e 
de insumos.
Some na lista de desafios a 
tributação que encarece bastante 
os custos. Para o gerente da Fider 
Pescados Juliano Kubitza “uma 
ajuda importante seria a desoneração 
do PIS/COFINS da ração. Hoje ela 
leva essa taxa no preço que outras 
proteínas como frango e o suíno não 
têm”, afirmou. Segundo Maurício 
Pessôa, do DPOA, a Secretaria de 
Agricultura já reforçou a necessida-
de de aprovar essa isonomia junto ao 
Ministério da Economia. 
Solucionar estes obstáculos traria 
vantagem competitiva aos produtores 
nacionais que diversificariam a oferta 
de produtos com opções que já caíram 
no gosto dos consumidores de algu-
mas partes do País. Um exemplo é o 
tambaqui, peixe típico da Amazônia 
O setor de peixe 
de cultivo cresceu 
4,7% 
em 2021 quando 
comparado a 2020:
Fonte: Anuário 2022 da PeixeBr
PRODUÇÃO EM ALTA:
2020 2021
802.930
Toneladas
841.005
Toneladas
de gosto suave, mas bem particular. 
Foi justamente esta espécie que um 
estudo publicado pela Reviews in 
Aquaculture apontava como um peixe 
com potencial de crescimento da pro-
dução similar à tilápia, o que poderia 
levá-lo a se ser uma típica commodity 
brasileira. Mas para isso é preciso 
que o Brasil veja a piscicultura do 
mesmo modo que o Chile olhou para o 
setor quando decidiu fazer do salmão 
chileno um sucesso mundial. A receita 
está pronta, só falta o peixe. 
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uma ajuda 
importante
seria a
desoneração do 
PIS/COFINS 
da ração”
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JULIANO KUBITZA
FILDER PESCADOS
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A G R O N E G Ó C I O S
3636 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
POR ROMUALDO VENÂNCIO
uando se olha para a tabela 
de classificação de um cam-
peonato de futebol, é difícil 
acreditar que um time na 
15ª colocação possa alcançar 
os líderes na mesma edição 
da competição. Mas com precisão 
nos investimentos e contratações, 
fome de bola e gestão estratégica, é 
possível obter esse avanço nos anos 
seguintes. A situação é semelhante 
no ranking de empresas do agro-
negócio. A Taunsa Agrícola é a 15ª 
companhia na lista de exportadoras 
de commodities, mas deu passos 
importantes para encostar nas líde-
res em um futuro nada distante. 
Ao abrir caminhos para 
negociação de grãos entre 
Brasil e Oriente Médio, a 
Taunsa Agrícola amplia 
seu potencial de 
investimento e de 
expansão. E ao apostar no 
marketing esportivo, 
ganha visibilidade dentro 
e fora do País
A MELHOR JOGADA
EM QUALQUER
CAMPO
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37DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022 37DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
Essa proposta de crescimento envolve 
uma injeção de capital de R$ 5,7 bilhões 
até 2028 e a construção – a partir do zero 
– de 34 novas unidades, que estarão dis-
tribuídas entre Bahia, Goiás, Maranhão, 
Mato Grosso, Minas 
Gerais, Paraná, Piauí, 
São Paulo e Tocantins. 
“É um plano bastan-
te parrudo. Ao final 
desse projeto, a Taunsa 
também será a número 
um em armazenagem 
e recepção de grãos”, 
afirmou o presidente e 
fundador da empresa, 
Cleidson Cruz, à Re-
vista ISTOÉ Dinheiro. 
Atualmente, a com-
panhia conta com oito 
instalações em Mato 
Grosso e Tocantins e 
a sede administrativa 
na cidade de Campi-
nas (SP). Atuando em 
quatro grandes áreas 
do agronegócio – com-
modities, agricultura, 
agrofomento e trade – 
o grupo fatura R$ 31,5 
bilhões por ano (cerca 
de US$ 486 milhões em 
contratos). 
Tais números se 
tornaram possíveis a 
partir da parceria com 
a Ahamed Ramadhan 
“
 CLEIDSON CRUZ
PRESIDENTE E FUNDADOR DA TAUNSA
Juma (ARJ) Holding, empresa de investi-
mentos dos Emirados Árabes, que abriu a 
porteira para o Oriente Médio. Para se ter 
uma ideia da dimensão do potencial nessas 
relações comerciais, no ano passado as 
exportações brasileiras para aquele bloco 
comercial somaram US$ 12,1 bilhões, sendo 
que a soja representou 6,8% e o milho, 
7,4%, de acordo com o Sistema de Comércio 
Exterior (Siscomex), programa do Minis-
tério da Indústria, Comércio Exterior e 
Serviços. 
 
QUATRO LINHAS Se a cor de referência 
para os negócios no agro e para o fatura-
mento em dólar é o verde, para o recente 
investimento em marketing esportivo (cujo 
valor não foi divulgado) a opção é a combi-
nação de preto e branco. A Taunsa fechou 
uma parceria com o futebol profissional do 
alvinegro Corinthians, para ganhar mais 
visibilidade tanto no mercado nacional 
quanto no internacional. Uma das primei-
ras ações envolvendo 
essa união foi a partici-
pação na contratação do 
jogador Paulinho, e já 
se espera que esse apoio 
também ocorra na busca 
por um centroavante. 
No perfil da compa-
nhia no Instagram, já é 
possível ver pelos comen-
tários do público que de 
fato a popularidade da 
Taunsa vem crescendo. 
Outra confirmação de 
que a estratégia está 
funcionando é o aumento 
de 30% na procura por 
novos negócios desde 
dezembro do ano passa-
do. A tendência é que os 
resultados dessa parceira 
continuem melhorando, 
ao menos no que depen-
der dos esforços e das 
milhagens do CEO da 
empresa. Em fevereiro, 
Cleidson Cruz esteve em 
Dubai para novos encon-
tros de negócios, sempre 
levando como presente 
para seus anfitriões uma 
camisa do Timão. 
O Taunsa nasceu em Araçatuba, 
no interior de São Paulo, em 2008, 
com as atividades concentradas em 
produção leiteira. Com o objetivo de 
ampliar os negócios e já atento à ex-
pansão do setor de grãos, o fundador 
da empresa, Cleidson Cruz, passou a 
adquirir terras em Mato Grosso. Era 
o primeiro passo para crescer em 
plantio, armazenamento e comercia-
lização, dentro do Brasil e para países 
da África Ocidental. No ano passado, 
a companhia fretou dois navios 
Panamax exclusivamente para suas 
exportações, um deles com farelo de 
soja e o outro com óleo de soja. 
Origem e
crescimento
É um plano bastante
parrudo. Ao final desse projeto, a 
Taunsa também será a número 
um em armazenagem e
recepção de grãos”
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maior 
38 DINHEIRO RURAL/185-MARÇO/ABRIL-2022
PIRACANJUBA DÁ INÍCIO ÀS 
OBRAS DE SUA NOVA UNIDADE 
INDUSTRIAL NO PARANÁ, QUE 
TERÁ CAPACIDADE PARA 
PROCESSAR QUASE 1,4 MILHÃO 
DE LITROS DE LEITE POR DIA E 
SERÁ A MAIOR FÁBRICA DE 
QUEIJOS DO BRASIL
POR ROMUALDO VENÂNCIO
H
á pouco mais de dez anos a 
Laticínios Bela Vista come-
çou a apostar em estrelas 
das telinhas e dos palcos 
para inovar suas campanhas publici-
tárias, iluminar melhor sua primeira 
e principal marca, a Piracanjuba, 
e ganhar mais audiência entre os 
consumidores. A estratégia começou 
com a Glória Pires, depois vieram a 
Bruna Marquezine, a Ivete Sangalo 
e a Sabrina Sato. Com esse elenco de 
“embaixadoras” as linhas de produtos 
ganharam mais projeção, mas para a 
empresa goiana se manter entre as 
principais marcas brasileiras do setor 
lácteo, é fundamenal garantir o lastro 
dessa comunicação. É por isso que 
a base do negócio não sai do foco: já 
estão em andamento as obras para 
construção da nova unidade industrial 
da Piracanjuba, que promete ser a 
maior fábrica de queijos do Brasil. 
A planta está sendo instalada 
na cidade de São Jorge D’Oeste, no 
sudoeste paranaense. A disponibili-
dade de matéria-prima em condições

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