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1 1 INFECTOLOGIA ATD2 Sepse DISFUNÇÃO ORGÂNICA QUE AMEAÇA A VIDA, CAUSADA POR UMA DESRREGULAÇÃO À RESPOSTA A UMA INFECÇÃO. Sepse = disfunção orgânica → É um conjunto de alterações no corpo de um paciente que são DESENCADEADOS por uma infecção bacteriana, vírus, fungos, parasitas, etc. essa infecção é grave. → Anormalidades fisiológicas, patológicas e bioquímicas que são induzidos por uma infecção → Não indica uma desregulação da resposta imune → Presente em diversos pacientes hospitalizados, incluindo aqueles que nunca tiveram infecção → Aumento da incidência (número de casos novos e reconhecimento) de sepse • Muito mais falada • Maior o diagnóstico → Principal causa de morte de doença crítica no planeta → Brasil 65% de mortalidade; mortalidade é maior do que nos países com o mesmo desenvolvimento. Mundial acomete de 30- 40% → Doença que mais gera custo no setor da saúde → paciente vai pra UTI na maioria das vezes OBS: prevalência são o número de casos que já tem a doença X incidência que é a quantidade de casos NOVOS → 1991 foi quando teve a primeira definição e criação dos critérios de SIRS 1ª definição: ✓ Temperatura ✓ FC ✓ FR ✓ Contagem de leucócitos Sepse grave = disfunção orgânica Choque séptico = hipotensão que não responde a hidratação 2ª definição: manteve os critérios 3ª definição: (usado nos dias atuais) FISIOPATOLOGIA → Ativação pró e anti-inflamatória AO MESMO TEMPO. Desequilíbrio na resposta do organismo frente a uma infecção → superinflamação Depende de fatores do patógeno, que é super agressivo (exemplo uma bactéria super virulenta) e do hospedeiro (sistema imunológico) *Não adianta querer ter sepse, você precisa conseguir ter sepse. *NÃO É uma desregulação da resposta imune* FATORES DE RISCO • Sexo • Idade 2 2 INFECTOLOGIA ATD2 • Comorbidade • Fatores ambientais Não é a infecção que está em todos os locais do organismo; infecção que pode estar localizada em um órgão, mas provoca uma inflamação na tentativa de combater o agente infeccioso (que se torna sistêmica). SOFA - SEQUENTIAL ORGAN FAILURE ASSESSMENT → Critério para classificação de sepse → Associado com aumento da probabilidade de óbito - PaO2 = 21% (deve fazer gasometria arterial – essa Pa muda quando tem máscara de O2, entubado, etc.); bilirrubina total; contagem de plaquetas; PA; escala de Glasgow; creatinina • 2 ou > = fecha sepse • São exames que demoram. Não é possível fazer ambulatorialmente DIAGNÓSTICO → Identificar que o paciente tem uma infecção (anamnese e exame físico) Score de triagem = Quick SOFA (se tiver 2 de 3) 1) Alteração do estado mental 2) FR >= 22rpm 3) PA sistólica <= 100mmHg SOFA >= 2 → aumento de 10% na mortalidade • Paciente deve ir para sala de emergência • Deve ser tratado como sepse até os exames saírem CHOQUE SÉPTICO ✓ Persistência da hipotensão com necessidade de drogas vasoativas para manter a PAM >= 65 ✓ Lactato sérico >18mg/dL o Indica sofrimento celular ✓ Mortalidade de 40% MANEJO DA SEPSE • Estabilização respiratória • Acesso venoso • Coleta de exames (hemograma, glicemia, ureia/creatinina, gasometria arterial, lactato, TGO/TGP, bilirrubina, Na, K) • Hemocultura o Esse termo já já vai cair o O antibiograma faz parte disso, mas demora para sair; não tem como esperar o resultado para dar ATB • Ressuscitação volêmica -> 30mL/kg de cristalóides (ringer lactato ou soro fisiológico) iniciado até 1h com duração de 3h • ATB em até 1h que o paciente entrou no hospital o Cada hora de atraso, aumenta a mortalidade em 4% o Identificar o local da infecção o Considerar a história do paciente o ATB certo na hora certa 3 3 INFECTOLOGIA ATD2 CASO CLÍNICO CASO 1: FOB, 65 anos, sexo masculino, vendedor, natural e procedente de São Vicente – SP Queixa e duração: O paciente compareceu à unidade de emergência com queixa de dor em flanco direito e parte superior direita do dorso há 2 dias. Refere que a dor é de intensidade 8 (0-10), sem irradiação e sem fatores de melhora ou piora. HPMA: Relata que nos últimos 6 meses vem apresentando episódios intermitentes de febre, associados à anorexia e mal-estar. Relata ser tabagista (30 maços/ano), etilista e sedentário. Possui diagnóstico de HAS há 20 anos e Diabetes Mellitus tipo 2 há 15 anos. Negas outras patologias prévias Exame físico: REG, lucido, orientado no tempo e espaço, emagrecido, com mucosas hipocrômicas, anictérico e afebril, palidez cutâneo mucosa, pele fria e sudoreica sem demais alterações Sinais vitais: FC = 120bpm; FR = 25rpm; T: 38,5ºC; PA = 90x65mmHg AP: MV+, diminuídos a direita, sem RA AC: BRNF 2T s/as Abdome plano Queixa e duração: queixa de dor em FD (flanco direito) e parte superior direta do dorso há 2 dias. Refere dor de intensidade de 8 (0-10) Tem suspeita de infecção? Qual o foco? R: bactérias anaeróbias ➢ Monitorização não invasiva (ceftriaxona ou metronidazol) ➢ Coleta de exames o hemograma, ureia e creatinina, eletrólitos, glicemia, AST, ALT e bilirrubinas, gasometria arterial, lactato, PCR ➢ Dois pares de hemocultura ➢ Urina e urocultura ➢ RAIO X ➢ Opacificação abrangendo 80% ➢ USG de abdome superior ➢ Múltiplos abscessos hepáticos Opacificação abrangendo 80% do hemitórax direito, sendo levantada a suspeita de Pneumonia associada à presença de derrame parapneumônico Múltiplos abscessos hepáticos 4 4 INFECTOLOGIA ATD2 O que fazer? R: iniciar ATB precoce – ceftriaxona ou metronidazol (menos de 1h); uso de cristaloides (30mL/kg) → Paciente permaneceu hipotenso após reposição volêmica; com necessidade de DVA Exames complementares: → Paciente está em CHOQUE SÉPTICO *Tudo isso está ocorrendo em paralelo e não sequencialmente* SOFA: • Bilirrubina 0,9 - 0 pontos • Plaquetas 250 mil – 0 pontos • PAM – necessidade de DVA – 3 pontos • Glasgow 15 – 0 pontos • Creatinina 1,7 – 1 ponto Diagnósticos Diferenciais: Cardiovascular: insuficiência cardíaca aguda e choque cardiogênico Pulmonar: embolia pulmonar e síndrome do desconforto respiratório agudo Neurológico: hemorragia subaracnóidea; Abdome: pancreatite aguda; Sistêmicas: crise addisoniana, anafilaxia e intoxicação aguda CASO 2: paciente sexo feminino, 78 anos, sonolenta, pouco comunicativa, inapetente há 2 dias. Ao exame esta eupneica, FR 72bpm, PA 90x60mmHg, afebril, abertura ocular ao estímulo verbal, resposta confusa, obedece a comandos, ausência de déficits neurológicos focais, dextro 127 mg/dL, Glasgow 13 e FR 24rpm. Qual diagnóstico infeccioso? → Paciente idoso, queda no estado geral + alteração do estado mental AVC; Diabetes; delírio – alteração do estado mental secundária a outra alteração que não 5 5 INFECTOLOGIA ATD2 tenha nada a ver com o SN; INFECÇÃO URINÁRIA ✓ PA <= 100 ✓ Alteração do estado mental ✓ FR >= 22 3 pontos → candidata a sepse Quais exames pedir? Coleta de exames (hemograma, glicemia, ureia/creatinina, gasometria arterial, lactato, TGO/TGP, bilirrubina, Na, K); Hemocultura Além disso fazer monitorização, pedir exames de imagem, 2 pares de hemocultura e urina I Exames de imagem: → TC de crânio normal Pode ser AVCI, porque demora para aparecer na TC (não pode excluir ainda) Exames laboratoriais: Hb = 11; Ht = 37; leucócitos = 13.000 sem desvio a esquerda; plaquetas = 130 mil; gasometria arterial = PaO2 = 85; lactato = 20mg/dL; TGO = 18; TGP = 21; BT = 0,9; BD = 0,6; creatinina = 2; ureia = 150; urina I = 150 mil leucócitos e 50 mil hemácias; Na 130 e K 4 85/0,21 = 404 gasometria arterial Qual ATB dar nessa idosa? Não tem o foco, então pensar o que é mais comum = INFECÇÃO URINÁRIA.Dar ceftriaxona. Além disso fazer reposição volêmica (SF ou ringer lactado 30mL/kg) Ciprofloxacino → evita dar em idoso e crianças pequenas porque convulsionam mais fácil Segundo o Quick SOFA, ela tem choque séptico? Não. É uma sepse com foco urinário CASO 3: paciente, 26 anos, sexo feminino, sem patologias prévias. Refere que há 7 dias iniciou um quadro de disuria e recebeu 4 dias de nutrofuratoina Exame físico: REG, corada, desidratada 1+/4; febril ao toque, letárgica, consciente e orientada. PA 80x60mmHg; FC: 120bpm; FR: 23rpm; T: 38,5ºC BRNF 2T s/sa; MV+ s/ra; abdome flácido, doloroso a palpação em hipogástrio; RH+ s/VCM; Giordano+; tempo de enchimento capilar aumentado (> 2 segundos); extremidades cianóticas. Qual o diagnóstico infeccioso? Pielonefrite aguda – com bactéria resistente, pois não melhorou com o uso do ATB Quick SOFA Tem 2 pontos de 3 = choque séptico (SOFA+) Próximo passo: sala de emergência, monitoramento, acesso venoso, coleta de exames, reposição volêmica, ATB (ciprofloxacino, ceftriaxona provavelmente não seria bom, pois ela já teve resistência ao outro ATB – vamos dar cefalosporina) → Ao acabar a hidratação a PA estava 80x50mmHg; PAM 65mmHg e iniciou DVA Exames laboratoriais: hb 10; Ht 29; leucócitos 20.000 com 12% de bastonetes; plaquetas 350 mil; gasometria arterial PaO2 85; lactato 6 6 INFECTOLOGIA ATD2 25mg/dL; TGO 12 e TGP 15; BT 0,9 e BD 0,6; creatinina 1,5 e ureia 120 SOFA → ver valores de referência URC = Klebsiella pneumoniae ESBL • ESBL é uma enzima com mecanismo de resistência • Nesse caso foi a cefalosporina (essa paciente tomou ATB errado novamente) • Como ela era jovem, sobreviveu; se fosse um idoso provavelmente não teria sobrevivido • Deveríamos ter dado imipinem HMC = Klebsiella pneumoniae ESBL 13/09 dia mundial da sepse.
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