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3º Período: Direito Empresarial I 1º parte: 1.1 Direito de Empresa 1.2 Propriedade Industrial 2º parte: 2.1 Direito Societário 2.2 Sociedades Simples e Sociedades Empresárias 3º parte: Sociedades Anônimas AULA I: O que é empresarialidade? - Empresarialidade: unidade lógica formada por: Empresa, Empresário e Estabelecimento Breve história do mundo empresarial: na Idade Média havia os escambos, a troca de mercadoria por mercadoria. Até que surge uma determinada figura: o comerciante, aquele que faz a intermediação de um produto com outro produto, une quem produz com quem consome. A partir dessas trocas de mercadorias, comunidades foram surgindo em torno do comércio: os burgos. Com o surgimento da moeda, torna-se o intermediário da troca, as mercadorias passam a ter um valor monetário. Surgem Regras de norma de comportamento dos comerciantes feitas pelos Tribunais. - Assim surge o Direito Comercial, ligado à figura do comerciante; - A figura do monarca está ligada com a nacionalidade e impressão da sua moeda. Estados absolutistas - Surge a noção de Atos de Comércio no Mundo Feudal: se estabelecia que o comerciante era aquele que realizava Atos de Comércio, ligado às corporações de ofício. Só poderia realizar determinados atos quem estivesse vinculado a uma corporação de ofício. A norma jurídica estabeleceria quais seriam os Atos de Comércio. - O Novo Código Civil brasileiro derruba o Código Comercial Imperial e determina que o Ato de Comércio (Direito Comercial) vira Atividade Econômica (Direito de Empresa). O principal atuante passa a ser o empresário, não há necessidade de uma norma definir o que é um Ato de Comércio. Essa mudança dá amplitude, refere-se a qualquer atividade que o homem realiza para a sua subsistência. - Artigo 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. - Empresa: Atividade Econômica, fato econômico realizado por uma determinada figura: O Empresário, sujeito de direitos e obrigações, podendo ser pessoa física ou jurídica, sociedade individual ou com mais pessoas. E para que ele exerça a atividade, ele necessita de um Estabelecimento: um local. - Critério Material para se considerar Empresário: Profissionalidade. Necessidade de que a atividade econômica seja feita habitualmente e para subsistência. - Setor Primário: agricultura. Secundário: Indústria. Terciário: prestação de serviços. Todos esses campos são noções de Empresa. - Um civil que não consegue pagar suas contas é insolvente, um empresário é falido. Questão de termos. - A pessoa que exerce atividade econômica profissionalmente e não é registrada na Junta Comercial, ainda é considerada Empresária, mesmo que informal. - Parágrafo Único Art. 966: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. - Exemplo: Advogado (atividade intelectual) não é considerado empresário mesmo que exerça uma atividade econômica e tenha um escritório. A OAB estabelece que a sociedade formada por um advogado é uma Sociedade Simples e não Sociedade Empresária. - Exemplo II: Clínica de ortopedia com vários médicos constituindo uma equipe de profissionais, em que o dono somente administra os profissionais: constitui elemento de empresa e o dono é considerado empresário. - CNPJ é um registro vinculado a uma questão tributária, diferente do registro na Junta Comercial. Para que o empresário seja regular, é necessário que ele tenha o registro comercial. - Art 980 do Código Civil: 980-A - A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. - Esse artigo trata da figura do EIRELI (ultrapassada) que foi substituída pela figura da Sociedade Limitada Unipessoal (LTDA). O EIRELI era considerado uma pessoa jurídica, que para ser considerado empresário teria que ter um capital 100 vezes maior que o salário mínimo. - Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. - Revoga-se o que é dito no Art 980 A, o EIRELI. Ou seja, permite-se ser Sociedade Limitada Unipessoal com as mesmas características de um EIRELI, de apenas uma pessoa, sem a exigência de um capital mínimo. O termo “empresário individual” diz respeito àquele que exerce uma atividade econômica de forma organizada, profissional, de produção ou circulação de bens. Não exerce a atividade de forma coletiva, ou seja, não há sociedade. O registro é uma obrigação que ele deve realizar antes do exercício da atividade econômica. Duas espécies de Empresário Individual: - Comum: decorrente da atividade econômica, ele provém sua subsistência e da sua família. Exerce a atividade econômica buscando lucro. Senhor de direitos e obrigações, uma vez registrado, sendo empresário formal. (Exemplo: Pessoa física: Cleto Leto. Registrado no RPEM e adota o nome empresarial: Leto Móveis de Arte. Capital Social = R$150.000,00). Se, no exercício da ativ. econ., ele vir a falir e a empresa não conseguir abranger a dívida, o seu patrimônio individual estará comprometido e será usado para o pagamento da dívida. (Cont. do exemplo: Leto Móveis de Arte contrai uma dívida de R$500.000,00 e não tem condições de pagar - insolvente - e fale. Caso ele venda a empresa e pague R$150.000,00, ele, como empresário, irá incluir seu patrimônio pessoal para sanar a dívida aos seus credores). A dívida não paga com o patrimônio do empreendimento, permite aos credores executarem o seu patrimônio pessoal ou particular (Cleto Leto pessoa física), exceto bens de família. - EIRELI: Empresa individual de responsabilidade limitada. Registrado com o nome : Leto Móveis de Arte, EIRELI, torna-se uma pessoa jurídica com o próprio patrimônio. Esse conceito serve de respaldo para que o patrimônio pessoal (pessoa física, Cleto Leto) não seja prejudicado. O registro é um ato constitutivo, pois ao se registrar, configura-se a constituição de uma figura jurídica. Em caso de falência, o empresário deverá pagar o capital social declarado e os seus credores não poderão executar seu patrimônio pessoal. O limite da responsabilidade do EIRELI é de R$150.000,00, mas isso não é uma proteção absoluta, caso o patrimônio empresarial não pague o valor total, os credores terão o limite de até R$150.000,00 para executar o patrimônio pessoal do empresário. A Lei 14.195/21 extinguiu a figura do EIRELI, Cleto Leto se registra como Leto Móveis de Arte LTDA, o registro automaticamente se transforma em SLU (sociedade limitada unipessoal), a grande vantagem dessa mudança é a disponibilização da possibilidade de proteger o patrimônio pessoal do empresário, desde que atinja o capital social declarado, pagando o capital social, está protegido o patrimônio pessoal. Passa a ser pessoa jurídica e não necessita do capital social superior a 100x do salário mínimo. Caso a dívida seja excedente ao capital social declarado e o empresário pague o capital social declarado, o credor não receberá a quantia excedente e não poderá executar o patrimônio pessoal do empresário. CNPJ: cadastro nacional de pessoa jurídica para efeitos tributários, exercício da atividade econômica. RPEM: junta comercial, empresa regularizada. Declara nome pessoalde pessoa física, que irá adotar o nome empresarial por firma ou denominação ou adota o CNPJ. Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 ; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. §1º Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. §2º À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. §3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código . (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) §4º O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2º da mesma Lei . (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) §5º Para fins do disposto no § 4 o, poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. Ex: se nós temos o limite de responsabilidade do capital social, o empresário retira do patrimônio indevidamente, para que ele pague somente o cs inicial baixo, mesmo que durante o exercício da ativ econ tenha acumulado mais bens que esse valor. O juiz, então, poderá estender ao patrimônio pessoal. Mais duas espécies de empresário: - Rural: Art. 971 O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. No momento em que ele se registra, passa a ser equiparado ao empresário sujeito ao registro (é uma faculdade ele se registrar ou não). É uma facilitação da Lei em relação ao produtor rural. - Menor de idade: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Entre 16 e 18 anos. Por efeito da emancipação, o menor pode ser considerado, por Lei, como capaz. Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria”. A emancipação é um mecanismo legal que permite ao menor de idade exercer uma atividade econômica empresarial, entre os 16 aos 18 anos. É uma antecipação da maioridade, que permite ao jovem de 16 a 18, exercer uma atividade em pleno gozo da sua capacidade civil e a lei estabelece quais são as circunstâncias que o permitem, dessas, pelo estabelecimento comercial: o menor com 16 anos completos, tenha economia própria, ou seja, por exemplo, o menor recebe uma herança e investe em uma atividade econômica, então ele pode ser registrado na junta comercial. A autorização (Arts 974 ao 978 CC): no caso de falecimento de um empresário, se um menor de idade for autorizado por um juiz, ele poderá dar continuidade à atividade econômica. Princípio da Preservação da Empresa. Obriga-se que essa autorização seja registrada na junta comercial. Quando ele é autorizado, esse instituto da autorização diverge da emancipação, porque essa não é permanente, não é absoluto, a autorização é precária (pode ser retirada a autorização, desde que seja apresentado provas), se o menor cometer ato que dilapide o patrimônio, com risco que ele leve o empreendimento à quebra, ele pode ser afastado; o tutor pode solicitar ao juiz que retire a autorização de exercer a atividade econômica. NOTA DE RODAPÉ: funcionário público, magistrados, promotores, etc não podem ser empresários, somente sócios. Sócio não é empresário, sócio é um investidor. SLU também não é permitida. Art 974 § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) Incapaz: pode ser um menor de idade, um impedido ou um incapaz de exercer a sociedade. Quem pode ser considerado relativamente incapaz? São relativamente incapazes os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos - quem dilapida o patrimônio, entre outros Direito x Obrigações: Identificação do Empresário A primeira obrigação do empresário (Art 967) é o registro, é uma obrigação de regularidade. Não é um definidor do empresário, mesmo que exerça uma atividade econômica de forma irregular, ele é considerado empresário. O Registro Público de Empresa Mercantil (RPEM) é representado pela junta comercial. No caso como filial, o empresário deve apresentar o seu registro matriz (da sua entidade federativa, ex: PB) e realizar um outro registro na junta comercial do novo estado, mantendo o CNPJ, que é nacional. NOTA DE RODAPÉ A principal diferença entre filial e franquiaé o modelo de negócios. Enquanto uma filial de uma empresa é uma unidade de negócios constituída, gerida e financiada pela empresa detentora da marca, uma franquia é uma unidade de negócio que pertence a terceiros, com permissão da utilização da marca e seus processos. Muita gente acha que, por abrir uma franquia, poderá utilizar o CNPJ da franqueadora. Mas isso não é possível, pois as empresas são de donos diferentes, concorda? Você será o dono da sua unidade, e não a franqueadora. Então, nada mais correto do que você ter um registro próprio. FIM DA NOTA DE RODAPÉ Escrituração também é uma obrigação do empresário, conforme o Art. 1.179: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. A Escrituração, além de ser uma obrigação, ela dá a demonstração de que o empresário é organizado, pois toda a sua movimentação e transações estão registradas. É mecanismo de prova a favor e contra o empresário. O juiz não pode obrigar ao empresário a apresentação desse documento, deverá ser apresentado em casos específicos, por exemplo: Art 1191 O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. Identificação do empresário: nome constado no registro. Ex: pessoa física é Ujuara Silva. E o nome empresarial (pessoa jurídica): Ujuara Móveis de Arte, LTDA. O empresário é sempre a pessoa jurídica, desde que esteja registrado. Marca: identificação do produto. Ex: Boticário, Magazine Luiza, etc. É registrada no Sistema de Identificação de Propriedade Industrial. A marca é nacional, diferente do registro na junta comercial, que é federativo. Princípio da Regulamentação: estabelece a proteção jurídica adstrita ao Registro; Princípio da Veracidade: para o exercício da empresa, utilizar-se-á a firma ou a denominação como nome empresarial (art. 1.155); a firma individual deve ser composta pelo nome do empresário individual, a firma ou razão social deve ser composta pelo sobrenome dos sócios ou, pelo menos, de um deles, e a denominação que deve designar o objeto social. Ex: Se eu colocar Fulana Silva Móveis de Arte Ltda, utiliza-se o nome pessoal, com o nome que é da atividade exercida (móveis) e, ainda, diz que é limitada. Princípio da Novidade - Princípio da Exclusividade: o nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro (art. 1.163); O nome empresarial atenderá aos princípios da novidade; Observando o princípio da novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes. Princípio da Exclusividade: a inscrição assegura o uso exclusivo do nome nos limites do Estado (art. 1.166). Perda da Exclusividade, hipóteses: presunção da perda da atividade econômica, Lei 8934/94 assume a presunção da inatividade por não exercer o ato de escrituração por 10 anos ininterruptos. Consequência jurídica: qualquer pessoa poderá utilizar o nome da empresa. Colaboradores do empresário (internos e externos) Internos: Gerente (arts 1.172 a 1.176 CC): 1.172 Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Contador (art.1.177): Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. Contrato de preposição, em que está relacionado o preponente e o preposto, que, no caso, é a relação entre o empresário e o gerente ou o contador. Esse contrato não exerce função laboral (trabalhista), o preposto não possui relação trabalhista, não há nenhuma nota na carteira de trabalho do preposto. É uma pessoa que recebe a função de gerir a atividade daquele empresário e terá uma função jurídica de representá-lo. Contrato escrito que deve ser registrado na junta comercial. Responsabilidade significa dizer que, no momento em que, o empresário contrata um gerente através do contrato de preposição que possui termos de obrigações ao gerente, exemplo: funções técnicas, gerenciar e administrar o empreendimento. E os termos de obrigações são registrados no contrato e devem ser levados à junta comercial. A partir desse momento, haverá uma relação jurídica de direitos e obrigações, em que a regra geral é que no exercício da ativ de representação, o preposto exerce as atribuições que lhe foram dadas e ao exercê las, a responsabilidade é do empresário, pois o preposto age em nome do preponente. É o que é chamado de responsabilidade objetiva, significa dizer que todas as atribuições realizadas pelo preposto de acordo com a lei e o contrato, a responsabilidade é do preponente, pois o preposto age em nome do preponente. Se o preposto age de acordo com o contrato, ele, então, por prejuízos causados a terceiros, obriga o preponente. Responsabilidade por culpa ou por dolo: a culpa é quando se age sem intenção de causar danos a terceiros. Quando não há intenção do preposto, por qualquer tipo de culpa, é obrigado ao preponente, responsabilidade objetiva. É diferente se houver dolo, com a intenção, neste caso a responsabilidade é atribuída ao preposto ou aos dois, ou seja, é responsabilidade solidária. 3 modalidades de culpa: imperícia, imprudência e negligência. São exemplos de atos que podem ocasionar crime culposo: ultrapassagem proibida, excesso de velocidade, trafegar na contramão. Já a negligência ocorre por falta de uma ação. O crime culposo por negligência consiste em deixar de tomar determinado cuidado obrigatório antes de realizar determinada ação. O preponente pode fazer um ato de regresso, após indenizar o terceiro, e indiciar o proposto por negligência. Neste caso, se provada a culpa do preposto, o preponente poderá entrar numa ação contra o preposto por imperícia, imprudência ou negligência. Ele deverá provar o dolo. Teoria Ultra Vires: a responsabilidade ultra vires é quando o preposto age desconsiderando o contrato ou infringindo a lei, ultrapassando limites. Se ele agiu além do que foi especificado no contrato, a responsabilidade torna-se pessoal, do preposto. Estabelecimento art.1.142 O estabelecimento é um meio para exercício da atividade econômica. Empresa - Empresário - Estabelecimento. Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. (Vide Lei nº 14.195, de 2021) § 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual. (Incluído Pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021) § 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou de um dos sócios da sociedade empresária. (Incluído Pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021) § 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.8 Essa universalidade de bensou de fato é composta por bens materiais e bens imateriais, por exemplo: a marca, o prédio, máquinas e equipamentos, tudo que é necessário para a realização da atividade econômica. A conjugação desses bens é chamada de Estabelecimento. O estabelecimento é parte do patrimônio da pessoa jurídica, a qual possui autonomia patrimonial. A natureza jurídica do Estabelecimento é o bem móvel, que significa dizer o seguinte: se é um bem móvel, ele pode ser alienado, arrendado ou onerado. Não necessariamente a venda do Estabelecimento significa o fim da atividade econômica, isso porque a disposição de bens que o compõe poderá ser vendida ou arrendada. A pessoa que adquire passa a ser sucessor e, para que haja a legalização da venda, é preciso que haja o registro da venda do estabelecimento na Junta Comercial, ou seja, a transferência adequada do estabelecimento na escrituração. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Trata-se da vedação ao restabelecimento, essa proibição é válida até 5 anos da data do registro da alienação. O objetivo dessa vedação é impedir a dita concorrência desleal. Bens Corpóreos e Bens Incorpóreos Compreende-se como bens corpóreos, por exemplo, a sede da empresa, terrenos, máquinas, matérias-primas etc. E como bens incorpóreos, por exemplo, o nome empresarial, a marca, a patente etc. Direito de Propriedade Industrial O empresário é quem deverá utilizar do Direito de Propriedade Industrial, é específico a esse agente econômico. Sistema de Propriedade Industrial: trata-se de um tipo específico de direito de propriedade, a intelectual, que inclui, também, o direito do autor. Ambos os direitos protegem os bens imateriais, isto é, resultantes mais da atividade criativa do gênero humano do que do esforço físico, ex: a marca. A Propriedade Intelectual é um conjunto de direitos que incidem da criação do intelecto humano. São invenções, trabalhos artísticos e literários, imagens e designs usados no comércio; ativos intangíveis; não possuem existência física e são baseados no conhecimento. O Direito do Autor: Lei 9610 e a própria Constituição no Art 5º Convenção de Paris: os bens de propriedade industrial que forem registrados em outros países poderão ter validade em âmbito internacional. A consequência é um alongamento do direito de propriedade, os outros países respeitarão esse direito. O que é invenção tem proteção da Lei de Propriedade Industrial, e o que não é, é protegido pela Lei Autoral O registro é o ato que o inventor solicita que o seu invento seja registrado e lhe seja concedido o título de propriedade (patente). Se não é conhecido, não está no Estado da Técnica e, por isso, é considerado novidade. Um dos requisitos para se classificar uma invenção. A inventividade é fruto da mente humana, algo que não é, até então, evidente ou óbvio. O requisito da industriabilidade é que o invento seja útil e suscetível À exploração econômica. A licitude estabelece que não são patenteáveis o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde. Estado da graça: é um espaço de tempo no qual não é considerado estado da técnica a divulgação da invenção ou modelo de utilidade nos 12 meses precedentes à data de depósito ou da prioridade de pedido da patente. O modelo de utilidade é um aperfeiçoamento de uma invenção que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Previamente existe uma invenção, que já está no domínio público, e alguém o aperfeiçoa. Patente: certificado de propriedade. Privilégio de exploração. Somente é concedida pelos requisitos de requerimento, relatório descritivo, reivindicações, desenhos se for o caso, resumo e comprovante de pagamento de retribuição relativa ao depósito. Quem faz o pedido de patente tem que, necessariamente, explorar o objeto de patente economicamente. Cessão da patente: transmissão da propriedade. Licença voluntária: contrato para exploração, permissibilidade da posse. Autonomia da vontade. Licença compulsória: por determinadas circunstâncias, o autor da patente é obrigado a permitir que terceiro utilize seu bem. Só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e capacidade técnica e econômica para realizar exploração do objeto da patente. Somente poderá ser requerida depois de 3 anos da concessão da patente. Os licenciados remunerarão o dono da patente e deverão iniciar a exploração no prazo de 1 ano. Extinta a patente, cai em Domínio Público. Certificado de Adição: o próprio inventor adiciona um acessório à patente, após um aperfeiçoamento ao invento. Isso impede que uma nova pessoa registre esse aperfeiçoamento como um modelo de utilidade. Desenho Industrial: tem como foco a proteção estética do produto, ou seja, o design do produto. O prazo típico de proteção de uma patente de invenção é 20 anos. As patentes de modelo de utilidade já possuem prazo típico de 15 anos. Os desenhos industriais podem ser renovados e alcançar o prazo de proteção de até 25 anos. Uma patente para ter validade deve preencher três requisitos: novidade, atividade inventiva (ou ato inventivo) e aplicação industrial. Já o desenho industrial deverá cumprir com os requisitos de: novidade, originalidade e servir de tipo de fabricação industrial. As patentes de invenção passam por rigoroso exame de mérito para serem concedidas. Os examinadores fazem buscas por criações anteriores a fim de verificar se a solicitação de patente é nova e inventiva. Já os desenhos industriais são publicados e concedidos sem buscas por documentos anteriores e sem exame de mérito técnico. Ou seja, o INPI não avalia a novidade e originalidade de desenhos industriais e concede automaticamente o registro. O período de graça é uma exceção ao requisito da novidade. Ou seja, quando o próprio inventor revela as invenções ou o design ele tem um prazo para solicitar a proteção no INPI, sem a perda da prioridade. Para patentes o inventor tem até um ano após a revelação para solicitar a proteção, já os desenhos industriais o prazo é mais curto, 180 dias da revelação. Marca: A marca pode ser uma palavra, uma figura, um símbolo ou qualquer outro sinal distintivo visualmente perceptível. Sua principal função é distinguir produtos ou serviços semelhantes, mas de origem variada. Além disso, é por meio dela que o consumidor vai identificar o produto, servindo como referência de qualidade. Para proteger a marca contra cópias e concorrência, é preciso fazer seu registro. Essa é a única maneira de protegê-la legalmente, garantindo que não será utilizada por mais ninguém. Tipos de marca Nominativa: é aquela constituída por uma ou mais palavras, por escrito, em algarismos do nosso alfabeto, sem imagens, figuras, desenhos ou representações gráficas de letras. Figurativa: constituída somente por algum desenho, imagem, figura, símbolo, representações gráficas ou figurativas de letras. Também pode ser composta por letras de alfabetos distintos do nosso, como o árabe, por exemplo, assim como ideogramas japoneses, coreanos ou chineses. Nesses casos, a proteção da marca se dá apenas sobre aquela maneira de representar o símbolo, não sobre a palavra ou expressão que ele representa. Mista: é caracterizada pela combinação dos tipos de apresentação nominativo e figurativo. Ou seja, é a combinação de uma imagem com o nome da marca por escrito. Tridimensional: o que a define é o formato físico do produto ou da embalagem. Não se trata de uma forma comum, mas de um design que represente algo único, novo. Para que possa ser registrada, essa forma não pode estar associada a qualquer efeito técnico. São muito comuns em embalagense garrafas de bebidas ou perfumes. De produto ou de serviço: usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim (inciso I, Art 123) De certificação: que é usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada (inciso II, Art 123). Ex: INMETRO Coletiva: é aquela usada para identificar produtos ou serviços provenientes de membros https://jurislabore.com/propriedade-intelectual-saiba-o-que-e-e-aprenda-como-proteger/ de uma determinada entidade (inciso III, Art 123). Ex: Unimed As marcas coletivas e de certificação se diferenciam quanto ao registro, na primeira pode ser requerido por pessoa jurídica representativa da coletividade e, na segunda, é requerida por pessoa sem interesse comercial, por um ente certificador. Ambas transmitem ao consumidor a informação de que o produto ou serviço possui uma qualidade destacada. Marcas de Alto Renome: são marcas conhecidas em todo o Brasil e possuem proteção especial em todos os ramos de atividade e possuem registro no Brasil (Art 125). Marcas Notórias: são marcas conhecidas em seu ramo de atividade e são protegidas pela Convenção da União de Paris. Ex: Lacoste. De acordo com o Art 126, possuem proteção nos países signatários; extensão a produtos idênticos e similares; dispensável registro no Brasil para proteção. Os requisitos para o registro de uma marca são: novidade, não coincidência com marca notória, desimpedimento. Não é considerado marca bandeira ou nome pessoal, a não ser que haja consentimento do titular, ou herdeiros e sucessores. O titular da marca tem o direito de ceder, licenciar e zelar pela sua integridade material ou reputação, por um prazo de 10 anos prorrogável por períodos iguais e sucessivos. A ação de nulidade de registro de uma marca é ajuizada no foro da Justiça Federal.
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