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Sistemas Econômicos e o Mercado sob a Ótica do Consumidor A Demanda - Unidade 2


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Economia
Sistemas Econômicos e o Mercado sob 
a Ótica do Consumidor – A Demanda
Desenvolvimento do material
William Rangel
1ª Edição
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Sumário
Sistemas Econômicos e o Mercado sob a Ótica do 
Consumidor – A Demanda
Para início de conversa... ................................................................................ 3
Objetivos ......................................................................................................... 3
1. Necessidades Humanas e Tipos de Bens ............................................. 4
1.1 Os Agentes Econômicos ...................................................................... 4
1.2 As Necessidades Humanas ................................................................. 5
1.3 Tipologia e Classificação dos Bens e Serviços ............................ 6
2. Sistemas Econômicos .................................................................................. 7
3. Mercados e Concorrência ........................................................................... 8
4. Mercado Competitivo .................................................................................. 9
5. Demanda de Mercado ................................................................................. 9
5.1 Lei Geral da Demanda .......................................................................... 10
5.2 Outras Variáveis que Afetam a Demanda de um Bem .............. 12
5.3 Efeito Substituição e Efeito Renda .................................................. 13
5.4 Choques de Expansão ou Contração da Demanda .................... 14
Referências ......................................................................................................... 16
Para início de conversa...
Neste capítulo, conheceremos a classificação dos agentes econômicos 
que interagem em uma economia, que atuam visando a satisfação de 
suas necessidades pessoais.
Veremos, também, que os bens que você deseja podem ser adequadamente 
agrupados para facilitar o seu estudo, sem ignorar a importância que tem o 
sistema econômico que está vigente em nosso país e de como ele organiza 
o processo produtivo para administrar a escassez. Assim, são criadas 
condições para que você participe ativamente do mercado, demandando 
os bens e serviços, de acordo com as suas exigências e restrições.
Perceberemos que o ambiente externo exerce papel fundamental sobre 
as suas expectativas. Junto às interações com o mercado, você começará 
a conhecer os comportamentos dos agentes, identificando-os com casos 
reais da Economia.
Objetivos
 ▪ Identificar corretamente o seu papel na sociedade, enquanto agente 
econômico, e também a tipologia das necessidades humanas;
 ▪ Reconhecer os tipos de bens e serviços existentes e suas classificações;
 ▪ Conhecer o conceito de sistema econômico, seus três tipos principais, 
e as suas características básicas;
 ▪ Conhecer o mercado pelo enfoque do consumidor, identificando a 
demanda por bens e serviços e as variáveis que 
a afetam a demanda, incluindo os 
choques de expansão e contração.
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1. Necessidades Humanas e Tipos de Bens
Sabemos que existe um fluxo monetário e um fluxo de bens e serviços 
e de fatores da produção que fazem com que a economia de um país 
funcione. Essa atividade econômica se concentra na produção de uma 
enorme quantidade de bens e serviços, cujo destino final é a satisfação 
das necessidades humanas
1.1 Os Agentes Econômicos
No fluxo circular da renda comentado acima, há três intervenientes, que 
chamamos de agentes econômicos:
As famílias
Cumprem uma dupla função, pois são as donas dos fatores de produção, 
principalmente o capital e o trabalho, e, por outro lado, demandam bens e 
serviços para a satisfação de suas necessidades. É importante maximizar 
a satisfação (também chamada de utilidade) que você vai obter dos bens 
que você compra, respeitando a sua disponibilidade de renda.
Utilidade: grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e 
serviços que podem adquirir no mercado. Ao comprar uma bicicleta, por 
exemplo, você espera que ela seja bonita, robusta, confortável, silenciosa, 
duradoura, que não apresente defeitos e, acima de tudo, barata! A esse 
conjunto de atributos nós chamamos de função utilidade.
As empresas
Elas se destinam exclusivamente a produzir bens e serviços. Para essa 
produção, as empresas necessitam dos fatores de produção, que lhes 
são ofertados pelas famílias. As famílias, por sua vez, recebem a devida 
remuneração pelos fatores que cedeu às empresas. Os bens e serviços 
produzidos pelas empresas são ofertados às famílias em troca de um preço.
Governo ou setor público
Atua no mercado como demandante de bens e serviços, e também como 
ofertante de serviços à sociedade, em áreas nas quais a iniciativa privada não 
vê incentivos para atuar. O governo tem o poder de arrecadar tributos das 
empresas e das famílias, e estabelece a política industrial do país e os marcos 
regulatórios para os setores econômicos. É o responsável pela condução da 
política econômica e também atua como empresário, especialmente no 
caso dos bens públicos e dos investimentos em infraestrutura. 
Em todas as ações, os agentes econômicos buscam a maximização de 
seus benefícios e, por isso, tomam as suas decisões de forma racional, de 
maneira que suas escolhas sejam consistentes com os custos e com os 
benefícios de cada escolha.
Economia 4
Essas escolhas são motivadas pelas necessidades humanas, que 
são consideradas o ponto de partida e o principal motivador da 
atividade econômica. As necessidades derivam do desejo do homem 
e se manifestam de maneiras diferentes: às vezes para que sejam 
atendidas imediatamente e, em outras vezes, para que sejam atendidas 
gradativamente, sem pressa, aos poucos.
Marco regulatório: o Estado regula o funcionamento da economia 
mediante um conjunto de leis, normas e regulamentos, por exemplo, as que 
definem a propriedade privada, os contratos de sociedades, os contratos de 
serviços com preços administrados pelo governo, o uso do solo urbano e 
industrial, a legislação trabalhista, dentre outros. Por meio das agências 
de regulação, como a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, ANATEL – 
Agência Nacional de Telecomunicações, ANS – Agência Nacional de Saúde 
Complementar, ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, e a ANP 
– Agência Nacional de Petróleo, o governo exerce algum controle sobre 
o mercado e as empresas, de forma a proteger o consumidor e regular a 
atividade econômica. Lembre-se do exemplo da BRF – Brasil Foods!
1.2 As Necessidades Humanas
As necessidades humanas podem ser definidas como exigências, 
carências ou falta de bens e serviços – sejam eles públicos ou privados – 
essenciais para satisfazerem as necessidades de um único indivíduo ou 
um grupo, ou da sociedade como um todo. 
Observe a Figura 1:
Figura 1: Classificação das necessidades humanas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Economia 5
1.3 Tipologia e Classificação dos Bens e Serviços
Os produtos que satisfazem as necessidades humanas são divididos em 
bens e serviços, e você os adquire segundo seus gostos e preferências, 
respeitando a sua disponibilidade de recursos. Um bem é tudo o 
que possui utilidade e pode satisfazer as necessidades humanas. É 
encontrado com escassez e requer o trabalho humano na sua produção 
ou elaboração. Ex.: alimentos, roupas, medicamentos etc. 
Os serviços são as atividades destinadas direta ou indiretamente à 
satisfação das necessidades humanas, ligadas ao terceiro setor da 
economia. De uma maneira generalizada, os bens podem ser classificados 
nos seguintes tipos:
Tipos Características
Bens 
econômicos
São os bens escassos ou muito escassos, que demandam esforço humano para sua produção epossuem um preço de mercado. É a definição básica de um bem comercializável.
Bens materiais São os bens que possuem forma física, podem ser tocados, são tangíveis, e podem ser estocados para consumo posterior. Exemplos: automóvel, tablet, computador, móveis etc.
Bens não 
materiais
São os bens intangíveis, imateriais, que não podem ser estocados ou medidos. Exemplos: 
serviço, marcas, patentes etc.
Bens 
primários
São os bens que utilizamos como matéria-prima ou fonte de energia para produção de 
outros bens, em seu estado puro, sem terem sido beneficiados. Exemplos: minério de ferro, 
petróleo etc.
Bens 
intermediários
São os bens que são consumidos no processo produtivo, mas que ainda precisam de 
transformação para atingir a sua forma definitiva, ou para serem utilizados na fabricação de 
outros bens. Exemplos: chapas de aço, componentes.
Bens finais Bens que são vendidos para o consumo ou para utilização final.
Bens de 
capital
São os bens empregados no preparo ou na produção de outros bens, como máquinas e 
equipamentos pesados, ou instalações. Exemplos: tratores, máquinas utilizadas na fabricação 
de automóveis, guindastes etc.
Bens de 
consumo
duráveis
São bens que se destinam ao atendimento imediato das necessidades humanas, e não se 
esgotam no primeiro uso por possuírem longa durabilidade. Exemplos: fogão, automóvel, TV 
de plasma etc.
Bens de 
consumo
não duráveis
São bens que possuem pouca durabilidade, ou que se esgotam logo no primeiro uso e, por 
isso, são rapidamente consumidos. Exemplos: medicamentos, alimentos, bebidas, produtos de 
higiene e limpeza etc.
Bens públicos São os bens gerais supridos pelo setor público. Exemplos: justiça, educação, segurança, transportes etc.
Tabela 1: Classificação dos bens. Fonte: Elaborado pelo autor.
Setores da economia: o setor primário trabalha com os recursos da natureza, 
como a agricultura, pesca, mineração e a pecuária. O setor secundário é 
o que transforma as matérias-primas em produtos industrializados, como 
roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados etc. O setor 
terciário está relacionado aos serviços, como o comércio, a educação, 
seguros, transportes, turismo, telecomunicações etc.
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2. Sistemas Econômicos
Por ser um agente econômico, você está cercado por um sistema 
econômico muito bem-estruturado, que facilita a convivência na 
sociedade. Um sistema econômico é a estrutura econômica, política e 
social adotada por uma sociedade, ou por sua maioria, que define como 
se organiza a produção, distribuição e consumo dos bens e serviços que 
seus membros utilizam.
Em um sistema econômico, definem-se o tipo de propriedade (pública 
ou privada), os níveis de consumo, de desenvolvimento econômico e 
tecnológico e o tipo de gestão da economia. Resumidamente, é a maneira 
adotada por uma nação para resolver seus problemas econômicos 
fundamentais. São elementos de um sistema econômico:
 ▪ Sistema capitalista: O estoque de recursos produtivos, ou fatores 
de produção, como a terra, o capital, o trabalho, a tecnologia e a 
capacidade empresarial;
 ▪ Sistema socialista: As empresas, que são as unidades de produção de 
bens e serviços, que geram emprego, renda e também a arrecadação 
de tributos para o governo;
 ▪ Sistema de economia mista: As Instituições jurídicas, políticas, 
sociais e econômicas que formam a base dos direitos e deveres dos 
participantes de um sistema econômico.
A seguir, veremos mais sobre estes três tipos de sistemas econômicos:
Sistema capitalista
Você é brasileiro e vive num país que adotou o sistema capitalista, que 
também é chamado de economia de mercado. É um sistema em que 
as forças do mercado atuam com pouca intervenção governamental. 
Nele, os fatores de produção pertencem à iniciativa privada, que 
administra e controla o funcionamento da economia, da produção de 
bens e serviços; determina os métodos de emprego dos fatores de 
produção; controla os custos da produção e organiza a distribuição 
dos bens produzidos. O governo deve apenas promover os itens 
básicos à sociedade, como saúde, educação, transporte, segurança e 
saneamento. 
A economia de mercado é um dos pilares do liberalismo econômico, 
fundamentado nas ideias de Adam Smith, com as seguintes 
características: respeito à propriedade privada; livre concorrência; 
livre mercado; livre iniciativa dos empresários para abrir e fechar 
empresas; produção e consumo determinados pela lei da oferta e 
da demanda; baixo grau de intervenção governamental, que atua 
apenas por meio de estatais em setores considerados estratégicos 
ou essenciais; comércio exterior com poucos obstáculos ao comércio 
internacional. Os Estados Unidos são o melhor exemplo desse tipo 
de sistema.
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Sistema socialista
Também conhecido como economia centralizada ou planificada, o 
sistema defende a organização de uma sociedade igualitária e livre das 
relações de exploração entre as classes sociais. Nele, há total intervenção 
do Estado na economia, como a definição do valor dos salários ou os 
preços dos bens e serviços.
Um órgão central é quem determina como serão resolvidos os 
problemas econômicos, quais serão os métodos de emprego dos 
fatores de produção, os custos da produção, os preços dos produtos, a 
distribuição e o consumo. Não existe a propriedade privada ou particular 
dos fatores de produção e toda a renda da produção é socializada entre 
os trabalhadores. Atualmente, Cuba, China, Vietnã e a Coreia do Norte 
são os países que ainda adotam esse sistema, que, na visão de muitos 
economistas, está completamente ultrapassado.
Sistema de economia mista
Com a crise de 1929 e a grande depressão dos anos 1930, ficou evidente 
que o sistema capitalista baseado no livre mercado não era capaz de, 
por si só, garantir o pleno emprego dos fatores de produção. Vieram 
outras crises no sistema capitalista, oriundas, por exemplo, do aumento 
da especulação financeira, da abertura ao comércio internacional, das 
forças dos sindicatos e, desde então, passaram a predominar as ideias de 
economia mista.
Nesse sistema, o livre mercado e as demais premissas liberais continuam 
predominando, mas os agentes econômicos concordam que deve existir 
certo grau de intervenção do Estado na economia. O Estado aparece 
para resolver as chamadas falhas de mercado e promover o emprego e 
a renda, por meio da injeção de dinheiro público na economia e também 
pelo aumento da participação de empresas estatais no desenvolvimento 
e na infraestrutura do país, complementando a atuação das empresas 
privadas em investimentos que demandam elevado montante de 
recursos e longo prazo de maturação dos projetos.
O Estado atua sobre a formação de preços por meio de impostos e 
subsídios, aplica tabelamentos e interfere nos contratos, fixa o valor 
do salário mínimo, compra bens e serviços em larga escala, dado que o 
governo é o maior agente do sistema.
3. Mercados e Concorrência
Os termos “oferta” e “demanda” referem-se ao comportamento das 
pessoas quando interagem nos mercados. Um mercado é um grupo de 
compradores e vendedores de um dado bem ou serviço. Por um lado, 
os compradores, em conjunto, determinam a demanda pelo produto, e 
desejam maximizar a função utilidade; de outro lado, os vendedores, 
em conjunto, determinam a oferta dos bens e serviços, e desejam 
maximizar o lucro.
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Como vimos no fluxo circular da renda, você exerce um papel muito 
importante na economia, ora como consumidor, ora como fornecedor. 
Do embate entre esses agentes antagônicos e seus interesses também 
opostos, vai resultar o equilíbrio dos mercados.
Veja um exemplo de oferta e demanda:
Figura 3: Exemplo de oferta e demanda. Fonte: Elaborado pelo autor.
4. Mercado Competitivo
Um mercado competitivo é um mercado em que há um número elevado 
de compradores e de vendedores, de modo que cada um deles exerce 
um impacto insignificante sobre os preços de mercado. 
Vamos a um exemplo: pense no mercado de queijo muçarela. Se um 
produtor desse tipo dequeijo fechar a empresa, os demais fornecedores 
vão cobrir a produção, e não vai faltar muçarela no mercado. Esse 
produtor, sozinho, é incapaz de influenciar na formação de preços para 
esse produto. Com os consumidores, o raciocínio é o mesmo: mesmo 
que uma grande pizzaria decida nunca mais vender pizza de muçarela, 
o mercado não entrará em colapso, pois esse consumidor, sozinho, não 
tem poder para alterar os preços do queijo. 
O mesmo se aplica para a entrada de mais um fornecedor ou de mais um 
consumidor no mercado. Cada vendedor de determinado bem tem um 
controle limitado sobre o preço pelo qual outros vendedores oferecem 
um produto similar. Assim, um vendedor não tem muitos motivos para 
cobrar mais ou menos do que o preço de um concorrente cobrando 
menos deixará de ganhar e, cobrando mais, perderá clientes. Da mesma 
maneira, um único comprador de determinado produto não tem como 
influenciar o preço do produto, pois compra apenas uma pequena fração 
do total que é comercializado.
5. Demanda de Mercado
Todos os dias, logo após acordar, você, como agente econômico por 
excelência, começa a demandar produtos e serviços: bebe um copo de 
água, toma banho, troca de roupa, toma o café da manhã, e sai de casa 
Economia 9
para se dirigir ao local de sua primeira atividade. Água disponível nas 
torneiras, sabonete, shampoo, toalha, roupas lavadas e passadas, pão, 
café, leite, manteiga, bolo, frutas, serviço de transporte. Você nem se 
dá conta disso, mas o fato é que você demandou produtos e serviços 
da sociedade!
A demanda por um bem ou por um serviço, também chamada de procura, 
pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os 
consumidores desejam adquirir em determinado momento. Ela trata do 
comportamento dos consumidores.
A demanda depende de variáveis que influenciam a escolha do 
consumidor, como o preço do produto, o preço dos outros produtos, a 
renda do consumidor, os preços dos bens relacionados (substitutos 
ou complementares), as expectativas, e a preferência individual. As 
propagandas e campanhas de marketing procuram incentivar e aumentar 
a procura dos bens e serviços, influenciando as preferências e hábitos 
dos consumidores.
De modo simples, você pode pensar assim: você trabalha e, ao final 
do mês, recebe o seu salário. Esse montante de dinheiro você usa 
para adquirir bens e serviços, de acordo com a sua disponibilidade de 
dinheiro, seus gostos, suas preferências, suas necessidades. É, portanto, a 
essa necessidade, a essa vontade, essa intenção, esse desejo de adquirir 
bens e serviços que nós chamamos de demanda. Posteriormente, você 
vai ao mercado e demanda, de fato, esses bens e serviços: você vai ao 
mercado e gasta o seu dinheiro, demandando os bens de sua escolha.
Para saber como cada uma das variáveis econômicas afeta 
separadamente as decisões dos consumidores, é utilizado o artifício 
da hipótese coeteris paribus, que quer dizer “tudo o mais constante”. Por 
exemplo, quando estamos estudando o comportamento do consumidor 
em relação aos preços, assumimos que todas as outras variáveis não se 
alteraram: a renda do consumidor é a mesma, não há sazonalidades a 
serem consideradas, não houve mudança na taxa básica de juros etc.
5.1 Lei Geral da Demanda
Para entender sobre a Lei Geral da Demanda, veja o exemplo prático a 
seguir:
 ▪ Imagine que 1 kg de filé mignon custe R$ 30,00;
 ▪ Trata-se de uma carne nobre, e a este preço você estaria disposto a 
comprar 2 kg por mês para seu consumo. Se este preço subisse para 
R$ 35,00, certamente que você reduziria a quantidade, devido à sua 
restrição orçamentária, coeteris paribus;
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 ▪ Mas se o preço cair para R$ 25,00, você aumentaria o consumo para 3 
kg no mês;
 ▪ Melhor ainda seria se o preço fosse reduzido para R$ 20,00, e você 
aumentaria o seu consumo para 5 kg no mês, aproveitando o preço baixo.
Nesse exemplo, você percebeu que há uma relação inversa entre a 
quantidade demandada e o preço do bem, coeteris paribus, ou seja, se 
o preço do bem aumenta, a quantidade demandada diminui; mas, se 
o preço diminui, a quantidade demandada aumenta. A relação inversa 
entre preço e quantidade demandada faz parte da chamada Lei Geral da 
Demanda. 
No gráfico da demanda, os vários preços (P) estão indicados no eixo 
vertical, e as quantidades demandadas (Q) aparecem no eixo horizontal. 
A função demanda expressa matematicamente a relação entre a 
quantidade demandada e o preço do produto:
Qd = ƒ(P), em que Qd é a quantidade demandada e P é o preço do produto.
Observe que, na tabela, estão indicados os possíveis preços de um bem 
qualquer, variando entre $2,00 e $11,00. Para cada nível de preço, há 
uma quantidade de produtos que será demandada pela sociedade. 
Observando apenas os extremos, veja que, para o menor preço ($2,00) a 
quantidade será de 12 mil unidades. Mas se o preço subir para $11,00, a 
quantidade demandada cairá para apenas três mil unidades. 
Esse conjunto de pontos, constituídos por pares ordenados (preço, 
quantidade), são plotados no gráfico da curva de demanda, e foi gerada 
uma curva de demanda, que revela a reação dos consumidores quanto 
às variações no preço do produto, bem como as suas preferências, 
considerando que eles estejam maximizando a satisfação pelo consumo 
do produto.
Quando o preço é de $ 2,00, a quantidade demandada é de 12.000 
unidades. Quando o preço é de $11,00, a quantidade demandada é de 
apenas 3.000 unidades. Portanto, quantidade demandada é um valor 
específico da quantidade de bens para um determinado nível de preços. 
Em outras palavras, quantidade demandada é um ponto qualquer da 
Economia 11
curva de demanda, dado o nível de preço. E a curva de demanda é o 
conjunto de todos os pontos de pares ordenados (preço, quantidade) que 
formam a função demanda.
Assim, você percebe que a curva da demanda é negativamente inclinada, 
pois se inclina de cima para baixo, partindo da esquerda para a direita, 
demonstrando o comportamento inversamente proporcional entre as 
duas variáveis, preço e quantidade, coeteris paribus. Precisamos ver, agora, 
outra classificação de bens, que nos ajudará a compreender melhor a 
natureza desses bens e o comportamento dos consumidores frente às 
oscilações dos preços dos bens, ou variações em sua renda.
5.2 Outras Variáveis que Afetam a Demanda de um Bem
Como mencionado no item anterior, a demanda por um produto também 
será afetada por outras variáveis, como a renda dos consumidores, 
pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens 
complementares e pelas preferências ou hábitos dos consumidores. Essa 
outra classificação de tipos de bens que apresentamos a seguir está 
diretamente relacionada às variações da quantidade de bens e serviços, 
demandada pelos consumidores.
Veja, agora, os tipos de bens:
1. Bem Normal
Tipo de bem em que a quantidade demandada varia diretamente 
com as variações na renda do consumidor, coeteris paribus. Assim, 
se a renda aumenta, a quantidade demandada aumenta. Se a renda 
diminui, a quantidade demandada diminui.
Exemplo: ingressos para o teatro. Se sua renda aumenta, você irá mais 
vezes ao teatro, coeteris paribus.
2. Bem Inferior
Tipo de bem em que a quantidade demandada varia no sentido 
inverso às variações da renda.
Exemplo: se a sua renda aumenta, certamente você diminuirá o 
consumo de carne de segunda (pá, lombinho, carne moída) e aumentará 
o consumo de carne de primeira (contrafilé, alcatra, mignon). Nesse 
caso, sua renda aumentou, e o consumo de carne de segunda diminuiu; 
logo, nesse contexto, a carne de segunda é um bem inferior.
3. Bem Superior ou de Luxo
Tipo de bens que apresentam variação na quantidade demandada 
maior do que a variação na renda do consumidor. São também 
chamados de bens supérfluos. 
Economia 12
4. Bem de Consumo Saciado
Tipo de bem em que a demanda do bem não é afetada pela renda dos 
consumidores, pois existe uma quantidade máxima que o consumidor 
demandará, mesmo que a renda continueaumentando.
Exemplo: arroz, farinha, sal, insulina etc.
5. Bens Substitutos ou Concorrentes
A demanda de um bem é influenciada pelo preço de outro bem.
Exemplo: Um exemplo típico é a variação no consumo de manteiga 
proporcionada por variações no preço da margarina: se o preço da 
margarina sobe muito, os consumidores passam a consumir a manteiga.
6. Bens Complementares
São os bens cujo consumo são feitos em conjunto, simultaneamente. 
Uma variação de preços em um dos bens vai afetar a demanda do 
outro bem.
Exemplo: Pense nos fabricantes de automóveis e nos fabricantes 
de pneus. Se o governo aumenta a alíquota do IPI – Imposto sobre 
Produtos Industrializados para os automóveis, o preço dos carros 
vai subir e, como você já sabe, se o preço aumenta, a quantidade 
demandada vai diminuir. Se menos automóveis serão vendidos, menor 
também será a quantidade de pneus produzidos. Isso porque carros e 
pneus são bens complementares.
5.3 Efeito Substituição e Efeito Renda
Quando o preço de um bem aumenta, o consumidor diminui o consumo 
desse bem. Mas nem sempre o consumidor fica privado do consumo de 
um bem, pois pode passar a adquirir o bem substituto. 
Se o preço da manteiga sobe, o consumidor pode reduzir o consumo de 
manteiga e passar a consumir mais margarina. O mesmo se dá entre o 
café e o chá, entre o óleo de soja e o azeite, entre o açúcar e o adoçante. 
A este processo chamamos de efeito substituição. O efeito substituição 
explica a relação negativa entre preço de um bem e a quantidade 
demandada deste bem, tal como vimos na curva de demanda.
Outro processo que explica a relação inversa entre preço e quantidade 
demandada é o chamado efeito renda. Se o preço 
de um bem aumenta, porém, as demais 
variáveis permanecem iguais, como a 
renda do consumidor e o preço de 
outros bens, o consumidor perde 
poder de compra e a demanda por 
esse produto diminui. 
Vamos ver um exemplo prático?
1. Se o seu salário é de R$ 1.000, 
e 1 kg de carne custa R$ 20,00, 
Economia 13
se você quisesse usar todo o seu salário para comprar carne, você 
poderia comprar (R$ 1.000/R$ 20) = 50 kg de carne. 
2. Mas se o preço subir para R$ 25,00, a sua quantidade demandada de 
carne cairá para (R$ 1.000/R$ 25) = 40 kg.
3. Assim, o efeito renda explica que se o preço de um bem sobe, 
a quantidade demandada desse bem vai cair, porque o seu poder 
aquisitivo diminui (neste exemplo, caiu de 50 para 40 kg de carne).
5.4 Choques de Expansão ou Contração da Demanda
Até agora, vimos que alterações nos preços fazem com que haja um 
deslocamento da quantidade demandada ao longo da curva da demanda. 
Porém, é muito importante que você tenha em mente que a demanda é 
uma variável dinâmica, que pode constantemente estar mudando, em 
função de alterações nos fatores que a afetam, sejam para que essa 
demanda aumente (choque de expansão), ou para que ela diminua 
(choque de contração).
Entenda melhor sobre esse assunto no exemplo a seguir:
Imagine que estamos no inverno, época do ano em que o consumo de 
sorvetes cai bastante. Para esse produto e para época do ano, você sabe 
que podem ser vendidos a $2 e que, a esse preço, a sorveteria vende 
cerca de três mil sorvetes por mês. Isso está representado na linha mais 
clara do Gráfico 1:
Gráfico 1: Números da venda de sorvetes com o choque de expansão.
Chamemos a essa demanda conhecida de D0. Porém, vamos considerar 
que, por um efeito climático, esse período de inverno se mostra atípico, 
com um mês inteiro de temperaturas elevadas e sem chuvas. O que você 
Economia 14
imagina que deve acontecer? Claro! O consumo de sorvetes vai subir: 
mais e mais pessoas vão sentir a necessidade de tomar sorvete. Dizemos 
que está havendo um choque de expansão da demanda e, agora, a curva 
da demanda se deslocou para a direita, de D0 para D1. Os empresários 
percebem esse movimento e sabem que a demanda agora será de 
4.000 unidades de sorvetes, em vez das 3.000 unidades anteriormente 
esperadas. Como você acha que esse empresário vai reagir?
Vejamos, agora, uma situação oposta, de contração da demanda. Imagine 
que o empresário está vendendo sorvetes em pleno verão e espera 
vender 5.000 unidades ao preço de $ 3,50. Esta é a demanda D0, linha 
mais clara do Gráfico 2:
 
Gráfico 2: Números da venda de sorvetes com contração da demanda.
Mas acontece um imprevisto: fortes 
chuvas durante todo o mês fizeram 
cair a temperatura e provocaram 
deslizamentos de barreiras. 
Muitos turistas que estariam visitando 
a cidade naquele mês cancelam as 
viagens. Você percebeu que há um nítido 
choque de demanda, só que de contração 
da demanda? Você tem razão: menos 
consumidores estarão dispostos a comprar 
sorvetes, e em vez de vender cinco mil sorvetes, o 
empresário só vai vender 4.000 unidades.
Choques de expansão e contração de demanda acontecem em vários 
mercados, a todo tempo, e por motivos diversos: choques climáticos, 
variações na renda dos trabalhadores, exportação de bens, importação 
de bens, mudanças nos gostos e preferências dos consumidores, 
resultados de pesquisas científicas, dentre outros. 
Neste capítulo, vimos que o estudo da Microeconomia nos dá a 
possibilidade de identificar as forças presentes no mercado, e como 
essas forças vão afetar o comportamento dos três agentes econômicos 
principais, que são os consumidores, as empresas e o governo, que 
interagem constantemente nos mercados.
Economia 15
Aprendemos que o ser humano tem diferentes necessidades que precisam 
ser saciadas, e que a sociedade se organiza em três sistemas econômicos 
distintos, que podem ser: capitalista, socialista ou de economia mista, 
que é o mais usual. Na visão dos consumidores, o ambiente econômico 
ideal é aquele em que vigora o mercado perfeitamente competitivo, com 
muitos fornecedores e muitos consumidores.
Vimos que a Lei Geral da Demanda estabelece uma relação inversa entre 
o preço dos bens e as respectivas quantidades demandadas para cada 
nível de preço. Essas quantidades variam em função dos fatores que 
alteram a demanda, como a renda, os preços dos produtos substitutos ou 
complementares entre si, os efeitos climáticos, ou por alterações bruscas 
no ambiente econômico (choques) podem provocar tanto a expansão 
como a contração da demanda.
Referências
PÁDUA, L. 1929 e 2008 - especialistas analisam efeitos da crise 
econômica na sociedade. Disponível em: www.jb.com.br/internacional/ 
noticias/2012/06/16/1929-e-2008-especialistas-analisam-efeitos-da-
criseeconomica-na-sociedade/. Acesso em: 01 mar. 2018.
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5 ed. São Paulo: 
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PINHO, D. B.; VASCONCELLOS. M. A. S. de (org.). Manual de economia. 
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Economia 16
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	Sistemas Econômicos e o Mercado sob a Ótica do Consumidor – A Demanda
	Para início de conversa...
	Objetivos
	1. Necessidades Humanas e Tipos de Bens
	1.1 Os Agentes Econômicos
	1.2 As Necessidades Humanas
	1.3 Tipologia e Classificação dos Bens e Serviços
	2. Sistemas Econômicos
	3. Mercados e Concorrência
	4. Mercado Competitivo
	5. Demanda de Mercado
	5.1 Lei Geral da Demanda
	5.2 Outras Variáveis que Afetam a Demanda de um Bem
	5.3 Efeito Substituição e Efeito Renda
	5.4 Choques de Expansão ou Contração da Demanda
	Referências

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