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Antropologia e Cultura Brasileira

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Antropologia e Cultura Brasileira 
UNIDADE I
OBJETIVOS 
1. Compreender a linguagem e a metodologia 
específica no que diz respeito à relação entre 
antropologia e cultura; 
2. Analisar criticamente a formação econômica, 
política e cultural brasileira, ressaltando suas bases 
culturais. 
ANTROPOLOGIA: DEFINIÇÃO 
Antropologia é uma ciência, isto é, “um conjunto 
de teorias” (nem sempre concordantes) e diferentes 
métodos e técnicas de pesquisa que buscam explicar, 
compreender ou interpretar as mais diversas práticas dos 
homens e mulheres em sociedade. 
PRINCIPAIS ÁREAS DA ANTROPOLOGIA 
• Antropologia biológica (conhecida também como 
antropologia física); 
• Antropologia pré-histórica; 
• Antropologia linguística; 
• Antropologia psicológica; 
• Antropologia social e cultural (ou etnologia). 
ANTROPOLOGIA SOCIAL E CULTURAL (OU 
ETNOLOGIA) 
Abrange tudo que diz respeito a uma sociedade: 
seus modos de produção econômica, suas técnicas, sua 
organização política e jurídica, seus sistemas de 
parentesco, seus sistemas de conhecimento, suas 
crenças religiosas, sua língua, sua psicologia, suas criações 
artísticas. 
ANTROPOLOGIA E CULTURA 
A antropologia não consiste simplesmente em 
levantar, sistematicamente, os aspectos da cultura de 
uma sociedade. Preocupa-se em apresentar como esses 
aspectos estão relacionados entre si, demonstrando a 
especificidade, a particularidade dessa sociedade, isto é, a 
sua totalidade, o que nem sempre é colocado no papel. 
São coisas como os menores gestos, as trocas simbólicas 
e os menores comportamentos e atitudes de um grupo, 
de um povo. 
NASCIMENTO DA ANTROPOLOGIA 
Renascimento. Exploração de locais até então 
desconhecidos, como o Novo Mundo, a América 
Colonização. 
PRIMEIRAS QUESTÕES DA ANTROPOLOGIA 
A grande questão que se colocou a partir do 
confronto visual com a alteridade, com os que eram 
diferentes dos europeus, foi justamente se os seres 
encontrados pertenciam à humanidade. 
ANTROPOLOGIA DE GABINETE 
Elaboração das teorias a partir dos relatos dos 
viajantes, comerciantes, religiosos, militares, exploradores, 
administradores da colônia etc. Produção centrada nas 
descrições dos locais e dos povos que os habitavam, 
mostrando o quanto esses eram diferentes dos 
europeus. 
ANTROPOLOGIA: SÉCULOS XIV - XIX 
CONTEXTO: 
Colonialismo/neocolonialismo. 
CARACTERÍSTICAS: 
Relatos de viagens (cartas, diários, relatórios etc.) feitos 
por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, 
militares, administradores coloniais etc. 
TEMAS E CONCEITOS: 
Descrição das terras e dos povos, primeiros relatos 
sobre a alteridade. 
O PAPEL DA CULTURA 
Na busca de interpretar as diferenças entre os 
grupos humanos, a cultura exerce papel fundamental 
para o olhar antropológico, já que esta passa a ser 
compreendida como uma prática significativa que 
distingue o homem da natureza, o homem do animal, 
além de ser responsável pelas diversas formas de visões 
de mundo. A cultura é apreendida por meio das 
experiências que os seres humanos realizam como 
membros da sociedade. 
A DEFINIÇÃO DE CULTURA 
Uma das definições de cultura foi criada por 
Edward Taylor, em seu livro “Primitiva cultue” (1871). 
Demonstrou que a cultura pode ser o objeto de um 
estudo sistemático, isto é, científico, pois se trata de um 
fenômeno natural que possui causas e regularidades, 
permitindo um estudo objetivo e uma análise capaz de 
proporcionar a formulação de leis sobre o processo 
cultural e a evolução da sociedade. 
EVOLUCIONISMO OU DARWINISMO SOCIAL 
A antropologia vai utilizar a teoria do 
evolucionismo para analisar as sociedades e as culturas. O 
evolucionismo social ou darwinismo social vai considerar 
que as sociedades evoluem assim como as espécies. 
Desta forma, vão considerar não civilizadas as sociedades 
que não vivem em um modelo industrial como o nosso. 
EVOLUÇÃO HUMANA 
 
EVOLUCIONISMO/ETNOCENTRISMO 
O evolucionismo, que surge com a ciência 
antropológica no século XIX, conduz à concepção 
etnocêntrica do mundo, isto é, parte-se da ideia de que 
as diferenças entre grupos e sociedades possuem uma 
escala evolutiva, considerando o mundo europeu como 
modelo único de sociedade. 
• EUROCENTRISMO 
Santos (2005) explica que a sociedade europeia 
se considerava “civilizada” e “complexa” por ter 
conseguido a industrialização, a ciência, a tecnologia etc. 
Por isso, consideravam as demais culturas – as das 
colônias – “primitivas” e “atrasadas”, por não possuírem 
tecnologia como eles. 
O EVOLUCIONISMO DO SÉCULO XIX 
• Positivismo: Primeira linha de pesquisa da sociologia, 
influencia muito a produção antropológica. A teoria 
do evolucionismo social e do positivismo, no século 
XIX, representava o discurso europeu sobre suas 
colônias, tratando-se de um discurso de poder, no 
qual o mais forte era o mais avançado, civilizado, 
científico, e o mais fraco era o atrasado, selvagem 
e místico. 
TEORIAS DETERMINISTAS 
DETERMINISMO BIOLÓGICO 
O comportamento cultural é resultado da genética e da 
hereditariedade dos indivíduos. 
• Lareia (2004): Antigamente considerava que os 
grupos humanos eram diferentes uns dos outros 
devido a traços psicologicamente inatos, como a 
inteligência ou temperamento. Afirma que as 
diferenças do ambiente físico determinam a 
diversidade cultural. Esse momento poderia ser 
chamado de “saber pé-antropológico”, pois ainda 
não se tratava de um saber científico. 
ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA 
Malinowski foi o antropólogo que trouxe a 
grande mudança para a antropologia. Dá início a uma 
nova antropologia, que também é chamada de etnografia 
– mapeamento de etnias. A mudança que realizou foi 
quanto à forma de se fazer a pesquisa, já que esse 
pesquisador parou de utilizar informações indiretas, 
aquelas colhidas por viajantes, colonizadores missionários, 
e começou a realizar pesquisa de campo, ir até as tribos 
e conviver com as pessoas para, a partir daí, elaborar 
suas teorias. 
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE 
Método de pesquisa que revolucionou os 
estudos antropológicos. No lugar de análise de relatos, o 
pesquisador passa a ir conhecer os povos, penetrar em 
sua cultura, desvendar seus significados, guiados por 
essas informações. Para que uma observação seja 
participativa, é essencial que essa integração do 
investigador seja aceita e reconhecida pelos demais 
integrantes do grupo ou comunidade. 
ESCOLA ANTROPOLÓGICA FUNCIONALISTA 
Além da revolução que realizou no trabalho de 
campo, Malinowski trouxe novos elementos para 
contrapor ao evolucionismo social e ao etnocentrismo. O 
funcionalismo elabora uma análise sem se preocupar 
com a história, parte para o estudo da sociedade do 
“outro” sem se preocupar com o passado dessa 
sociedade, pois essas sociedades nem sempre buscavam 
valorizar o tempo como nós fazemos - de forma linear, 
um tempo histórico, feito de acontecimentos sucessivos 
para pensar sua própria existência. 
FUNCIONALISMO 
Os estudos funcionalistas permitiram que 
sociedades não europeias passassem a ser 
compreendidas dentro de suas especificidades. As 
sociedades tribais africanas, australianas e asiáticas 
passaram a ser entendidas a partir de sua função social. 
CRÍTICAS AO FUNCIONALISMO 
Feitas a partir dos anos 1960. Apontavam para a 
ineficácia dos modelos de mudanças sociais, suas 
contradições estruturais e conflitos. Outras críticas 
apontavam para a descrição das instituições sociais 
apenas a partir de seus efeitos, omitindo, portanto, as 
causas que levariam a esses efeitos. Os funcionalistas, ao 
utilizarem conceitos como aculturação e choque cultural, 
deixavam de revelar as desigualdades que existem nesse 
contato, principalmente quando resultam de uma política 
colonialista. Além disso, são responsáveis pelo que ficou 
conhecido como relativismo cultural, ou seja, uma postura 
de tolerância e respeito em relação aos costumes e 
traços culturaisdiferentes. 
O CULTURALISMO NORTE-AMERICANO 
Franz Boas é um dos primeiros antropólogos a 
perceber a necessidade de se estudar um povo em suas 
particularidades, isto é, cada grupo tem suas condições 
históricas, climáticas, linguísticas etc., e tudo isso 
determina que cada cultura é específica, por isso a 
pluralidade de culturas diferentes. Assim como 
Malinowski, realizará estudos junto ao grupo pesquisado, 
resultando, esses estudos, também em uma antropologia 
relativista. 
RELATIVISMO CULTURAL 
Para relativizar, é necessário deixar de lado todos 
os meus valores e procurar conhecer o outro, a maneira 
como ele expressa e experimenta sua vida. Eu não posso 
falar como o outro se comporta, pensa e sente. É 
necessário saber como o outro pensa e sente o seu 
mundo por meio de seus valores e de seu conhecimento. 
Não podemos explicar o outro pelo nosso mundo, nossos 
valores e nossos conhecimentos. 
O CULTURALISMO 
Boas não organizou e nem apresentou uma 
teoria da cultura. O conceito de cultura não fica claro, pois 
sua preocupação consistia mais em levantar hipóteses do 
que sistematizá-las. Pesquisou várias áreas, como: 
antropologia física e linguística, folclore, geografia, 
migrações e organização social. O que há de importante 
em suas pesquisas é que boas percebeu que a cultura 
humana não é uma apenas, mas várias, e que elas estão 
relacionadas pelo ambiente, pela língua ou pelo 
comportamento dos indivíduos que criaram essas 
culturas. 
A INFLUÊNCIA DE FRANZ BOAS 
O pensamento de boas vai embasar uma 
geração de antropólogos, como Gilberto Freyre, na 
antropologia brasileira. 
FRANZ BOAS TEVE TRÊS GRUPOS DE ALUNOS QUE ACABARAM 
POR DESENVOLVER ALGUMAS DE SUAS IDEIAS: 
• Um grupo que relacionou a personalidade e a 
cultura; 
• Outro que analisou as relações entre a linguagem 
e a cultura; 
• E o terceiro grupo, que trabalhou a relação entre 
os ambientes geográfico, ecológico e físico com a 
cultura. 
A ANTROPOLOGIA INTERPRETATIVA 
Geertz sustenta que o conceito de cultura é 
semiótico, isto é, o homem vive em um emaranhado de 
significados que ele mesmo criou. Desta forma, a análise 
do emaranhado deve ser realizada pela ciência 
antropologia, isto é, uma ciência interpretativa que busca 
os significados, e não uma ciência experimental, ou seja, 
que tem como objetivo buscar leis gerais. 
• A TEORIA INTERPRETATIVA 
Geertz, em suas pesquisas, buscou identificar 
como as pessoas de determinada cultura se define 
analisando as formas simbólicas pelas quais se expressam 
(palavras, rituais, costumes, comportamentos etc.). O 
antropólogo não precisa morar com o grupo que está 
estudando, mas deve sim conversar com eles e realizar 
uma “descrição densa” sobre as particularidades desse 
grupo, para que se possa levar a interpretação do 
discurso social, a busca do significado da ação a partir do 
“ponto de vista dos nativos”. 
A ANTROPOLOGIA PÓS-MODERNA OU CRÍTICA 
A partir da década de 1980, surge a antropologia 
pós-moderna ou crítica, que busca politizar a relação 
entre o observador e o observado, bem como a crítica 
dos paradigmas (modelos) teóricos. 
CRÍTICA: 
Forma como os antropólogos aparecem em suas 
pesquisas e a sua relação com aqueles que são 
observados. 
CULTURA E FORMAÇÃO DA SOCIEDADE 
BRASILEIRA 
IDENTIDADE: 
Um conceito interligado a outros, como grupo 
social e cultura. A identidade dos sujeitos forma-se a partir 
das condições históricas e culturais em que vivem – 
condições que não escolheram, pois, ao nascer, tudo já 
estava pronto, então se deparam com um grupo familiar 
e social, com uma língua usada por todos e com um 
conjunto de regras, hábitos e tradições utilizadas. A 
sociedade e a cultura delimitam a nossa vida. 
BRASIL: PROCESSO DE COLONIZAÇÃO 
A questão da raça se tornou um adjetivo que 
acaba por dar significado à nossa identidade: 
“trabalhadores negros”, “índios”, “operários italianos”, 
“alemães”, “imigrantes brancos”. Essas raças se tornaram 
adjetivos que acabaram dando à identidade do 
trabalhador uma singularidade, de forma que passam a 
ser reproduzidas nas relações sociais de trabalho. 
ANTROPOLOGIA NO BRASIL 
Influência de Gilberto Freyre e seu livro “Casa-
grande e senzala”. Nesta obra, Freyre descreve a vida 
cotidiana nos engenhos e como acontece a formação da 
economia brasileira a partir da escravidão. Pesquisa a 
partir do cotidiano, elemento de importância para o 
estudo de antropologia e sociologia. 
A TEORIA DE GILBERTO FREYRE 
Influenciado pela forma de pesquisar do 
culturalismo americano em “Casagrande e senzala”. 
Resulta em uma representação da antropologia brasileira 
nessa linha de pesquisa. 
TEORIA FREIRIANA 
Freyre busca aquilo que é específico da nossa 
cultura e, muitas vezes, sua explicação se embasa nos 
aspectos geográficos, em outro momento na “raça” e na 
personalidade dos povos que formam a cultura brasileira, 
e também na língua utilizada. Esses aspectos são os que 
o levarão a formar o conceito de cultura brasileira. E são 
justamente esses aspectos que fazem parte da forma 
de se fazer pesquisa no culturalismo americano de Franz 
Boas. 
DIFERENTES ANÁLISES ANTROPOLÓGICAS 
Gilberto Freyre deu início às análises da cultura 
brasileira de uma maneira bastante original, na medida em 
que viu com otimismo a miscigenação racial e as 
particularidades das relações sociais no Brasil. 
TEORIAS DE FREYRE 
Freyre busca compreender a relação entre raça 
e cultura, demonstrando que a questão genética não 
está acima da dimensão cultural, ou seja, a existência dos 
problemas sociais não estaria, necessariamente, 
relacionada ao caráter mestiço do povo brasileiro, 
demonstrando, assim, pensamento contrário ao 
determinismo biológico. 
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA 
Freyre (1997, p.4) caracteriza a base da 
sociedade brasileira: 
“[...] a agricultura, as condições, a estabilidade 
patriarcal da família, a regularidade do trabalho por meio 
da escravidão, a união do português com a mulher 
índia, incorporada assim à cultura econômica e social do 
invasor.” 
COLONIZAÇÃO HÍBRIDA 
Segundo Freyre (1997), a aceitabilidade dos 
portugueses quanto à colonização híbrida e o resultado 
da mistura entre eles e os índios e negros era 
consequência do seu passado étnico e cultural, já que 
eles receberam influências sexuais, alimentícias e 
religiosas nas suas relações com a África. A partir disso, 
já havia o mestiço na relação do português com o negro 
na própria África. 
INOVAÇÕES 
Gilberto Freyre se destaca, nesse momento, 
devido à ousadia na forma como vai interpretar o Brasil 
e os brasileiros, a partir das características geográficas, 
das origens étnicas ou da raça, como ele usa em seu 
texto, buscando descrever a formação do nosso povo. 
O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL 
O livro “Casa-grande e senzala” é criticado por 
apresentar uma relação social entre portugueses, índios 
e negros de uma maneira fantasiosa. Há intelectuais que 
o criticam por encontrar, na obra, uma mensagem de 
que, naquele tempo, existia uma “democracia racial”. 
MISCIGENAÇÃO E MOBILIDADE 
Para Freyre, o que ajudou o português a 
conquistar novos territórios foi também a sua facilidade 
em se aclimatar, denominada por ele de “aclimatabilidade”. 
Freyre considerava que as condições geográficas de 
Portugal eram parecidas mais com as da África do que 
com as da própria Europa. Por isso, os portugueses não 
sentiram tanta diferença no Brasil. Desta forma, isso os 
ajudará em sua fixação na formação da colônia híbrida 
(mestiça). 
INOVAÇÕES 
Para Freyre, o problema social é o que debilita a 
população brasileira, e não a mestiçagem, já que não é 
a mistura de raça que traz a debilidade a esse povo, mas 
a pobreza, a escassez de alimentação, o regime escravo, 
a química dos alimentos tradicionais que consomem, a 
irregularidade alimentar, a falta de higiene na conservação 
e distribuiçãodos alimentos. É dentro desse antagonismo 
que será formada a sociedade brasileira: de um lado, a 
grande lavoura, a monocultura do litoral; de outro, a 
pecuária do sertão. Tanto monocultores quanto 
pecuaristas não tinham uma alimentação sadia. Freyre 
(1997) diz que, durante os três séculos de colonização, a 
vida foi difícil, pois a monocultura esterilizou a terra, os 
senhores rurais se endividaram, as formigas, as 
enchentes e as secas dificultaram a produção dos 
alimentos. A obra de Freyre é considerada inovadora pelo 
fato de destacar, pela primeira vez, algumas 
características positivas nos grupos indígenas e negros. 
CARACTERÍSTICAS INDÍGENAS 
Em relação aos costumes indígenas, Freyre 
(1997) destaca sua influência na introdução dos hábitos de 
higiene e na dieta do colonizador português, com a 
introdução de alimentos nutritivos, como a mandioca e o 
conhecimento do poder de algumas ervas. Para Freyre, 
coube à mulher indígena o papel de transmitir esses 
costumes, pois o homem índio tendia a ser nômade, 
enquanto a mulher, por se fixar em um só local, teria a 
facilidade de se amancebar com os portugueses e, 
consequentemente, transmitir ao europeu um pouco da 
sua cultura. Quanto ao homem indígena, coube a 
responsabilidade de transmitir aos portugueses o gosto 
pela guerra. 
INFLUÊNCIA NEGRA 
Freyre (1997) destaca algumas características, 
como a ternura, a mímica excessiva, elementos 
religiosos, a música, o andar, entre outras. Sem negar a 
importância do negro na vida estética e no progresso 
econômico do Brasil, o autor enfatiza, em sua análise, a 
separação entre negro e escravo, contrariando as teorias 
eugênicas predominantes na época e que, influenciadas 
pelo cientificismo e darwinismo social, descreviam o 
negro como uma raça inferior. Para Freyre, o negro 
brasileiro não era inferior, mas, sim, foi inferiorizado 
durante a escravidão. A escravidão desenraizou o negro 
do seu meio social e de sua família, soltando-o entre 
gente estranha e, muitas vezes, hostil. 
[...] É absurdo responsabilizar o negro pelo que não foi 
obra sua nem do índio, mas do sistema social e 
econômico em que funcionaram passiva e 
mecanicamente. Não há escravidão sem depravação 
sexual. É da essência mesmo do regime [...] (FREYRE, 
1997, p. 315-316). 
CRÍTICAS À OBRA DE FREYRE 
A violência e os conflitos que envolveram a 
escravidão, presentes nas relações entre senhores e 
escravos, foram minimizados em “Casa-grande e 
senzala”, reproduzidos em apenas algumas citações 
sobre as humilhações, castigos e torturas aos quais os 
negros eram submetidos. Ao aplicar o termo 
“assimilação” para descrever os contatos entre 
colonizadores e colonizados, Freyre (1997) traz a visão 
antropológica da ideia de solidariedade e interação entre 
os grupos, minimizando os aspectos que demonstram a 
exploração e a violência que marcaram a história da 
colonização brasileira. 
UNIDADE II
A PERSPECTIVA DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA 
Publicou, em 1936, seu primeiro livro, “Raízes 
do Brasil”, um clássico da sociologia, da antropologia e da 
história brasileira. É uma obra na qual elabora uma análise 
social criticando a formação das elites culturais e políticas 
do Brasil. Ao elaborar essa obra, tinha como objetivo 
delinear uma “psicologia” do povo brasileiro a partir do 
processo colonizador. 
“RAÍZES DO BRASIL” 
Recorre à sociologia weberiana, buscando 
identificar, entre os ocupantes do nosso território, os 
“tipos ideais” de homens brasileiros, cunhando então as 
figuras do semeador e do ladrilhador para melhor explicar 
a diferença entre a colonização lusitana e a espanhola. 
Critica a falta de preocupação dos portugueses com a 
educação, com a linguagem e com a imprensa, 
resultando em três séculos de ignorância para o nosso 
país. Demonstra que o povo português trouxe para a 
colonização características próprias de seu estilo de vida, 
como: ausência da hierarquia social e utilização do 
prestígio social em busca de privilégios. Assim, um dos 
temas fundamentais desse livro será o não interesse pelo 
trabalho e por atividades úteis, resultando na falta de 
organização, pois os ibéricos não abrem mão de sua 
vaidade, de seus caprichos ou interesses particulares para 
beneficiar o seu grupo. 
INOVAÇÃO 
Buarque de Holanda descreve de maneira 
inovadora os costumes e as características do povo 
brasileiro, destacando sua formação colonial em uma 
sociedade dividida entre senhores e escravos. Explica que 
a busca pela propriedade e riqueza sem muito esforço 
é uma característica do nosso povo a partir da influência 
do tipo de homem aventureiro, que influenciou a 
formação da vida nacional. Isso se deve a vários fatores, 
como: as raças que se encontraram aqui, os hábitos que 
trouxeram e as condições geográficas (terra, clima) às 
quais se adaptaram 
O COMPORTAMENTO DO PORTUGUÊS 
“[...] a ausência completa, ou praticamente completa, 
entre eles, de qualquer orgulho da raça” (HOLANDA, 
1995, p. 53). 
Isso se dá devido ao fato de eles serem já um 
povo de mestiços. Por isso, a mistura dos portugueses 
com os africanos não era novidade alguma para eles, pois 
antes de 1500 já traziam negros para plantar, desbravar 
terras, trabalhar em suas casas e, por meio das relações 
sexuais com os negros, formavam uma nação de 
mestiços. 
INSERÇÃO SOCIAL E POLÍTICA 
Mesmo havendo a tentativa de barrar a influência 
dos negros e mulatos, a tendência da sociedade brasileira 
era a de abandonar as barreiras sociais, políticas e 
econômicas entre as diferentes categorias de homem 
(cor, livres e escravos). 
O HOMEM CORDIAL 
Parte da hipótese de que os portugueses eram 
os mais preparados para executar a colonização brasileira 
devido à sua forma de civilização. Essa conquista é vista 
como consequência das suas necessidades naturais de 
aventuras. A ética da aventura é também um conceito 
utilizado para a compreensão da sociedade brasileira 
contemporânea em sua origem histórica. A colonização 
justifica-se pelo espírito aventureiro do português, que 
conseguiu se adaptar à América como nenhum outro 
povo conseguiu. “Homem cordial”: um dos conceitos 
centrais da obra de Sérgio Buarque de Holanda. Passou 
a ser utilizado por nós como referência para a 
compreensão de sua teoria. Ao definir o conceito de 
homem cordial, o autor buscou compreender as 
características psicológicas marcantes do modo de ser 
do brasileiro. Demonstra que o homem realiza 
determinadas atitudes mais pessoais em momentos nos 
quais deveria ser mais formal. Mostrando cordialidade, 
torna-se mais flexível. Por exemplo, no uso de nome e 
sobrenome, normalmente este é deixado de lado para 
haver mais personalização nas relações sociais. Isso se dá 
de forma semelhante na religião, pela superficialidade, 
para que não haja extremismos. Estas são as 
características que fazem parte da personalidade do 
brasileiro. 
CULTURA DA PERSONALIDADE 
Ao analisar a colonização da América, Sérgio 
Buarque destacou a sua concepção de cultura da 
personalidade, na qual o seu apego pelo prestígio pessoal 
resultava da ausência de uma moral de culto ao trabalho, 
diferentemente dos países protestantes. É essa cultura 
que contribuiu para que se desse valor ao indivíduo 
autônomo, e não à organização espontânea, formada 
pela coesão social. Assim, essa característica está 
intimamente ligada a outra herança ibérica, que é a 
repulsa ao trabalho. 
O NOVO OLHAR DA ANTROPOLOGIA 
As pesquisas sobre os índios, negros e 
sertanejos no Brasil intensificaram-se na década de 1940. 
Apareceram, também, estudos e interpretações sobre a 
sociedade em sua totalidade, ou seja, a pesquisa que 
considera o chamado “povo brasileiro”. 
O NOVO OLHAR DA ANTROPOLOGIA 
Essas análises, elaboradas a partir de 1930 e 1940, 
tiveram como propostas compreender a “identidade 
nacional”, resultado do contexto histórico-político do país. 
Essafase da antropologia brasileira estendeu-se até a 
década de 1960. 
NOVAS TEMÁTICAS 
A partir da década de 1980, as análises 
antropológicas voltaram-se para temáticas como: 
diversidade de valores, expressões culturais e variados 
modos de ser e viver dos grupos sociais urbanos, 
destacando-se as pesquisas sobre gênero, sobre o papel 
da mulher na sociedade e seus direitos, sobre a 
prostituição, as análises que buscavam interpretar os 
diferentes modelos de família, a arquitetura urbana, as 
chamadas minorias étnicas, incluindo pesquisas de 
memória histórico-cultural, e as formas de interação e 
sociabilidade nas grandes cidades. Com o surgimento da 
antropologia urbana, são contemplados, nas análises, os 
valores do homem urbano, as representações e as 
práticas socioculturais dos diversos grupos que vivem nas 
vilas, cidades e grandes centros, além da questão da 
cultura capitalista e da industrialização. 
DARCY RIBEIRO E O POVO BRASILEIRO 
Buscou elaborar uma teoria para o Brasil, 
preocupando-se em entender seu desenvolvimento e as 
desigualdades sociais existentes desde a formação 
nacional. Reconstituindo os aspectos históricos, Darcy 
Ribeiro desenvolve uma análise voltada à compreensão 
sobre a gestação do Brasil e dos brasileiros como povo: 
“Surgimos da confluência, do entrechoque e do 
caldeamento do invasor português com índios silvícolas 
e campineiros e com negros africanos, uns e outros 
aliciados como escravos.” 
CONTRIBUIÇÃO DE DARCY RIBEIRO 
Romancista, etnólogo e político, Darcy Ribeiro, de 
formação acadêmica funcionalista, contribuiu em sua 
análise para desmistificar a ideia de integração racial 
pacífica no Brasil. De acordo com seus estudos, a unidade 
nacional resultou de “um processo continuado e violento 
de unificação política, logrado mediante um esforço 
deliberado de supressão de toda identidade étnica 
discrepante e de repressão e opressão de toda 
tendência virtualmente separatista”. 
• FORÇAS DIVERSIFICADORAS 
Apesar da unidade étnica existente, ressaltada 
pelo antropólogo, não há uniformidade no país, pois 
atuaram sobre ele três forças diversificadoras: 
1) A ecológica, fazendo surgir paisagens distintas; 
2) A econômica, criando formas diferenciadas de 
produção; 
3) A imigração, que introduziu, nessa mistura, novos 
contingentes humanos. 
MODOS RÚSTICOS DO BRASILEIRO 
Como resultado desse processo histórico, 
surgiram, no país, o que Darcy Ribeiro considerou como 
“modos rústicos de ser dos brasileiros”, ou seja, grupos 
que se diferenciam devido às adaptações regionais ou 
funcionais, ou de miscigenação e aculturação, mas que 
têm em comum a brasilidade, entre eles destacam-se: 
Sertanejos do Nordeste, Caboclos da Amazônia, Crioulos 
do litoral, Caipiras do Sudeste e Centro-Oeste, Gaúchos, 
Ítalo-Brasileiros, Teuto-Brasileiros, Nipo-Brasileiros e entre 
outros. 
ORGANIZAÇÃO SOCIAL DO BRASIL 
DE ACORDO COM DARCY RIBEIRO: 
O povo brasileiro é novo porque só haverá uma 
etnia nacional diferente de nossas matrizes formadoras a 
partir de nossa mestiçagem. Isto é, forma-se uma nova 
cultura a partir de várias culturas. É um povo novo, 
também, porque se vê e é visto pelos outros como 
gente nova, diferente dos que existiam. Darcy destaca 
uma nova forma de organização da estrutura da 
sociedade brasileira, já que inaugura uma forma particular 
da sua organização tanto social como econômica a partir 
de uma restauração do escravismo e em uma prática de 
servidão contínua ao mercado mundial. 
DIVERSIDADE CULTURAL BRASILEIRA 
Uma das características da sociedade 
contemporânea, assim como de outras, é a grande 
diversidade interna. Santos (2006): “Isso decorre do fato 
de que a população se encontra colocada de modo 
diferente no processo de produção capitalista”. 
Poderíamos falar, no Brasil, em diferentes culturas: dos 
idosos, dos evangélicos, dos aposentados, das mulheres 
de classe proletária. ou poderia ser também dos idosos 
aposentados evangélicos, ou das mulheres de classe 
proletária do estado de São Paulo em 1980. 
CATEGORIAS CULTURAIS 
No Brasil, são utilizadas, pelos pesquisadores, 
diferentes categorias de culturas: cultura popular, cultura 
erudita, cultura de massa (ou indústria cultural). 
DEFINIÇÃO DE CULTURA 
A cultura refere-se a toda produção simbólica, 
trazendo, em si, todas as contradições da sociedade. No 
caso de sociedades capitalistas como a nossa, a produção 
simbólica estaria relacionada às próprias relações 
capitalistas de produção, relações que opõem capital e 
trabalho e, consequentemente, dominantes e dominados. 
CULTURA POPULAR X CULTURA ERUDITA 
A cultura popular: É a manifestação dessas 
classes chamadas de dominadas, e são manifestações 
diferentes das elaboradas pela classe dominante, já que 
são produzidas fora das instituições oficiais, que existem 
de forma independente dessas. 
A cultura erudita: É produzida por membros que 
fazem parte de uma elite política, econômica e cultural, 
que tem acesso à escrita, a livros, ao estudo. 
Segundo Gilberto Velho e Eduardo Viveiro de 
Castro (apud TOMAZI, 2000), “é impossível definir a 
cultura erudita, porque os elementos culturais produzidos 
por intelectuais, fazendeiros, industriais, empresários, 
burocratas e políticos [...] não podem ser 
homogeneizados”. O termo “cultura popular” surge no 
final do século XVIII e início do XIX, momento em que os 
intelectuais europeus passaram a se preocupar com a 
produção do povo. Os estudiosos começaram a visitar 
casas e festas dos artesãos e camponeses para saber e 
aprender suas canções e estórias. Alguns desses 
intelectuais eram filhos de artesãos e camponeses. 
Porém, a maioria era de classes superiores e não os 
conheciam. Burke (1995) “Quando pensavam no povo, 
imaginavam-no natural, simples, analfabeto, instintivo, 
irracional, enraizado na tradição e na terra, sem nenhum 
sentido de individualidade. Exatamente por isso, queriam 
conhecê-lo.” em um primeiro momento, consideraram o 
povo como exótico. Depois passaram a admirá-lo e até 
chegaram a imitá-lo. Porém, essa valorização do povo 
pelos intelectuais tinha motivos políticos, intelectuais e 
estéticos. 
CULTURA X NAÇÃO 
Pode-se inferir que, de certo modo, foram os 
intelectuais que, ao pesquisar e coletar as canções, 
poemas e estórias populares, inventaram, entre o próprio 
povo, a ideia de “nação”. 
• OPOSIÇÃO ENTRE CULTURA POPULAR E 
ERUDITA 
A oposição não existe, porque aquilo que, antes, 
era restrito a determinadas classes, agora é domínio de 
uma grande maioria. Por exemplo, o domínio da escrita 
e da leitura, que antigamente eram um saber das classes 
dominantes, tende cada vez mais a se generalizar, 
deixando de ser restrito e não podendo mais ser 
classificado como erudito. 
CULTURA POPULAR 
A cultura é produto da sociedade. Ajuda a 
produzir a própria forma de organizar a vida, a maneira 
de pensar e sentir dos seres que vivem em sociedade. 
Por isso, segundo Santos (2006), a cultura não pode ser 
entendida como uma representação de outras esferas 
da sociedade, já que a dimensão cultural pode prever e 
propor mudanças nas situações de existência da 
sociedade. A cultura é dinâmica e criativa. 
CULTURA POPULAR OU FOLCLORE 
Existem pesquisadores que usam o termo 
“cultura popular” no lugar do termo “folclore”, e outros 
que acham que não há distinção entre os termos. O 
antropólogo Antônio Arantes deixa claro que os dois 
termos servem para as mesmas realidades. Porém, o 
folclore tem um sentido mais conservador, enquanto a 
cultura popular é mais progressista. Para Carlos Brandão, 
o conceito de folclore foi ampliando-se ao longo da 
história e acabou por associar-se à maneira de o povo 
viver, incorporando as festas, os ritos e também o 
cotidiano e seus produtos: a comida, a casa, a vestimenta, 
os artefatos de trabalho. E, nesse sentido, os dois termos 
– cultura popular e folclore – querem dizera mesma 
coisa. 
A CULTURA EM MOVIMENTO 
É consenso que a cultura popular incorpora 
novos elementos e acaba por sofrer mudanças. Carlos 
Brandão demonstra isso a partir da Folia de Santos Reis, 
a respeito da máscara de um dos participantes do 
evento: “Quando é difícil fazer de palha, nós fazemos [sic] 
de plástico.” A cultura popular ou o folclore, para 
continuar a existir, utiliza-se de elementos da vida urbana. 
A CULTURA EM TRANSFORMAÇÃO 
“A transformação dos eventos culturais em 
espetáculo ou a distribuição dos produtos culturais no 
mercado acaba servindo muitas vezes para a 
manutenção da prática cultural e para a projeção social.” 
(TOMAZI, 2000, p. 194). A Folia de Santos Reis, assim 
como o Carnaval, tem sua origem nos antigos rituais 
europeus da Idade Média, que acabaram tornando-se 
uma festa popular brasileira. Muitos acreditam que o 
Carnaval deixou de ser popular e, hoje, tornou-se uma 
festa puramente turística. Porém, é preciso pensar o 
tema com maior atenção. 
CULTURA EM MOVIMENTO 
Na atual sociedade em que vivemos, o Carnaval 
necessitou de uma nova estrutura de apoio que antes 
não era necessária. Isso demonstra que não há tradição 
pura e imutável. Por isso, a cultura popular não deve ser 
entendida separada da sociedade moderna. 
A CULTURA POPULAR BRASILEIRA 
EXEMPLOS: 
São João, Bumba-Meu-Boi; personagens como 
a Mãe-d’água e o Saci-Pererê; as religiões afro-
brasileiras; as músicas como samba, xaxado, forró, 
sertanejo, maxixe; a literatura de cordel, as adivinhas e 
os ditados populares; o artesanato, como as “carrancas” 
de madeira, as rendas e colchas de retalho realizadas por 
mulheres rendeiras; a comida típica, como feijoada, tutu 
de feijão, vatapá, acarajé, e os doces, como quindim, 
cocada e brigadeiro. 
 
CULTURA E SOCIEDADE 
Precisamos entender as relações que todos esses elementos têm com a sociedade na qual são realizados. “Para 
se compreender a cultura popular, deve-se perguntar por que e por quem ela é produzida e por que, como, quando e 
por quem é consumida.” (TOMAZI, 2000, p. 196) Toda criação cultural está intimamente ligada à produção material da 
sociedade, inspirando-a e sendo inspirada por ela. 
A INDÚSTRIA CULTURAL 
Desenvolvimento a partir do século XVIII. O fato histórico que marca esse século é a multiplicação dos jornais na 
Europa, já que, até a Idade Média, a leitura e a escrita eram privilégios do clero e de parte da nobreza. Isso muda com o 
capitalismo, pois o novo modelo socioeconômico trouxe como características a urbanização, a industrialização e o aumento 
do mercado consumidor. As cidades tornam-se polos de importância econômica, social e cultural. A população deixa o 
campo rumo à cidade para trabalhar nas fábricas. Com a introdução das máquinas na produção de mercadorias, tem-se 
o barateamento dos produtos e, com isso, o aumento do mercado consumidor. Assim, a burguesia comercial e industrial 
constitui-se como classe hegemônica e as classes médias aumentam, sendo esse novo público conquistado pelo mercado 
e pelos bens culturais. Os jornais, como produto cultural, assumem grande importância, já que, com o barateamento do 
papel, há o aumento dos leitores, e esse produto divulga as notícias e os folhetins (histórias publicadas em nota de rodapé 
das páginas e cuja continuação só era conhecida pelo leitor se ele comprasse o próximo exemplar, como as novelas 
atuais). 
A INDÚSTRIA CULTURAL: DEBATES 
Assim, os veículos de comunicação serão chamados de indústria cultural. Na visão de Adorno, a indústria cultural, 
com seus anúncios, seduz as massas para consumir as mercadorias culturais, com o objetivo de fazê-las esquecer a 
exploração que sofrem no processo de produção, levando a massa à imobilização. O teórico Marshall McLuhan, que 
defendeu os meios de comunicação nos anos 1960, afirma que a televisão é a forma de aproximar os homens, diminuindo 
a distância territorial e social entre os seres humanos, levando à democracia. Segundo o pensador Umberto Eco, as duas 
concepções estão equivocadas, pois não podemos considerar a cultura de massa apenas ruim pelo seu caráter industrial, 
já que a sociedade em que vivemos é industrial, e nem a considerar boa, pois não podemos esquecer que a cultura de 
massa é produzida por aqueles que têm poder econômico, que buscam lucro e que, por meio das ideologias, buscam 
manter a estrutura social segundo seus interesses.

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