Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ SERVIÇO SOCIAL IVANA SANTOS DO ROSÁRIO DE ALMEIDA O DIREITO À SAÚDE DO IDOSO: PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL PARA SUA PROTEÇÃO. CAMPOS DOS GOYTACAZES SETEMBRO/2021 2 IVANA SANTOS DO ROSÁRIO DE ALMEIDA O DIREITO À SAÚDE DO IDOSO: PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL PARA SUA PROTEÇÃO. Trabalho apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Viviane Cristina Silva Vaz. CAMPOS DOS GOYTACAZES SETEMBRO/2021 3 ALMEIDA, Ivana Santos do Rosário. O direito à saúde do idoso: Papel do assistente social para sua proteção. 2021. número de folhas. f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Universidade Estácio de Sá, Cidade (Rio de Janeiro). RESUMO O presente trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar e estudar os direitos que os idosos têm, como eles evoluíram com o passar dos anos e a importância do assistente social na sua efetividade, mostrando como esse pode contribuir para a defesa de tais direitos. Tendo sido realizada a pesquisa bibliográfica, trazendo a abordagem descritiva e explicativa, de forma qualitativa. Palavras-Chaves: Direitos. Saúde. Idosos 4 ABSTRACT This Course Completion work aims to analyze and study the rights that the elderly have, how they have evolved over the years and the importance of the social worker in their effectiveness, showing how they can contribute to the defense of such rights. Having been carried out a bibliographical research, bringing the descriptive and explanatory approach, in a qualitative way. . Keywords: Rights. Health. Elderly 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................6 1. O DIREITO À SAÚDE ............................................................................................. 7 1.1 O CONCEITO DE SAÚDE .................................................................................... 7 1.2 O DIREITO À SAÚDE DO IDOSO......................................................................... 7 2. POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................................................... 8 2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................................................................... 8 2.2 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO .................................................................... 9 2.3 O ESTATUTO DO IDOSO ................................................................................... 10 2.4 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ................................. 11 2.5 A EFICÁCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................... 11 3. POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL AOS IDOSOS ......................................... 12 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 17 REFERÊNCIAS.........................................................................................................18 6 INTRODUÇÃO Com o passar dos anos e com o avanço da tecnologia, a expectativa de vida aumentou e com isso a população idosa no Brasil tem aumentado cada vez mais. Segundo dados do IBGE, o número de idosos irá aumentar de forma que em 2050 haverá 73 idosos para cada 100 crianças. Com esse aumento, cresce também a busca pelo sistema médico-hospitalar e os órgãos competentes precisam estar preparados para atender a demanda, pois trata-se de uma obrigação do Estado investir seus recursos na garantia da melhoria na qualidade de vida e saúde dessas pessoas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais e dessa mesma forma prevê o Estatuto do Idoso e a Política Nacional do Idoso, que tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso e o Estatuto tem por objetivo promover políticas públicas de modo que garanta esses direitos. O direito à saúde é um direito social garantido pela Constituição Federal, conforme prevê o Art. 196. "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Por isso a importância do estudo realizado, tendo sido feita a pesquisa bibliográfica, através da consulta de livros e artigos da área. Sendo dividido em três tópicos, explicando a importância do direito à saúde, o desenvolvimento de políticas públicas de saúde, incluindo o Estatuto do Idoso e a Política Nacional de saúde da pessoa idosa e os desafios da aplicação desses direitos e por fim o trabalho do assistente social na contribuição da efetividade. 7 1. O DIREITO À SAÚDE 1.1 O CONCEITO DE SAÚDE O conceito de saúde não representa o mesmo significado para todas as pessoas, dependendo de aspectos sociais, culturais, econômicos, dentre outros. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946 definiu saúde como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. (Brasil, 2020) 1.2 O DIREITO À SAÚDE DO IDOSO O conceito da palavra “idoso” surgiu pela primeira vez no século XVIII, onde a sociedade considerava a velhice como um “saber”. As pessoas eram consideradas sábias quando atingiam essa etapa. Ruth Brito dos Santos escreveu sobre a velhice nas sociedades antigas: No que se refere à velhice, alguns estudos apontam que nas sociedades primitivas era encarada como um momento de sabedoria e valorização. Existia toda uma ideologia de respeito associado à pessoa mais velha. O idoso era mais integrado à família e seu poder participativo era extremamente valorizado pelo acúmulo de experiências e conhecimento. Nesse caso, a função social da pessoa mais idosa era a de dar continuidade à cultura daquele povo, daquela tribo, revivendo lembranças e costumes junto às novas gerações. Isso se dava devido a um regime de forte natalidade/mortalidade, presenciado nessas sociedades, onde a tendência estatística era a morte em todas as idades. Com o passar dos anos, principalmente devido a Revolução Industrial, os idosos passaram a serem vistos como fracos, pois não acompanhavam o processo de modernização. Dessa forma, eles foram considerados como improdutivos e à margem da sociedade, sem o Estado se preocupar com sua inclusão social. Por isso o constituinte se viu obrigado a deixar claro o direito à dignidade, criando meios legais para sua garantia. Á respeito do direito à saúde, ele é tutelado pela Constituição Federal como fundamental que tem o Estado como um dos seus provedores como prevê o artigo 230: "A família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar as pessoas idosas, (...) defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes a vida". (Legislativa) 8 A partir da Constituição de 1988 houve maior preocupação com o direito à saúde do idoso, pois a partir do seu advento, foram editadas as Leis n. 8.080 e 8.142/1990, que estabelecem o Sistema Único de Saúde – SUS, e, posteriormente, a Lei n. 10.741/2003, o Estatuto do Idoso, que dispõe sobre a proteção dos idosos, a fim de garantir o efetivo cumprimento das políticas públicas de saúde pública dos idosos. 2. POLÍTICAS PÚBLICAS Como os idosos são vulneráveis, a União, Estados e Municípios, necessitam desenvolver políticas públicas voltadas aos idosos, para garantir atendimento igualitário e de qualidade para os mesmos. A legislação é apenasuma das iniciativas que são de competência do Poder Público para a proteção dos direitos dos idosos dispostos na Constituição Federal. A partir da necessidade de amparo legal foi criada em 1994 a Política Nacional do Idoso e em 2003, criado o Estatuto do Idoso, pois foi preciso uma lei especial para tratar tal assunto e A execução de políticas relacionadas à saúde é de competência das secretarias estaduais e municipais de saúde, por isso em 2006 foi criada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. A lei ressalta que o apoio familiar é um dos aspectos fundamentais relacionado à saúde desse grupo. 2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL A presente Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar do direito e proteção direcionada especificamente à pessoa idosa. As criadas anteriormente não traziam nenhum tipo de proteção, apenas quando o assunto era a Ordem Econômica. Com a promulgação da Constituição vigente que foi verificada a preocupação em salvaguardar os direitos e garantias dessa população, reconhecendo também as dificuldades enfrentadas por eles. 9 Portanto, o seu advento foi muito importante para a garantia desses direitos, pois foi através dessa que houve a faculdade de voto para os maiores de 70 anos, havendo dessa forma a opção de escolha para o exercício da cidadania. Houve também a defesa do direito à vida dos idosos, conforme preconiza o artigo 230, CF. Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. § 1º -Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. § 2º -Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Houve não somente a assistência material, mas a afetiva e psíquica para amparar suas necessidades. 2.2 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO Sendo do primeiro instrumento legal no âmbito nacional criado em 1994, a Lei nº 8.842/94 teve como objetivo promover a longevidade com qualidade de vida, garantindo ações voltadas aos idosos e as pessoas que ainda irão envelhecer, criando condições para sua autonomia, integração e participação na sociedade. Na visão de Patrícia Cielo e Elizabete Vaz: A Política Nacional dos Idosos tem como objetivo criar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão envelhecer, procurando impedir qualquer forma de discriminação de qualquer natureza contra o idoso, pois ele é o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política. Para Fábio Alonso: O documento defende tanto os aspectos essenciais à dignidade da pessoa idosa, como também apresenta alguns tópicos especificamente relacionados ao processo de envelhecimento, caracterizando-se desta forma pela abrangência na abordagem dos temas relativos à condição de vida da população idosa. 10 2.3 O ESTATUTO DO IDOSO O estatuto do Idoso, Lei n° 10.741, foi promulgado em 1º de outubro de 2003, com o intuito de regular os direitos das pessoas com 60 anos ou mais, trazendo todos os direitos inerentes, inclusive o direito à saúde, sendo uma conquista social. Paulo Roberto Ramos Alves dispõe sobre a importância do Estatuto do Idoso: “O Estatuto do Idoso, no tocante à saúde, abre portas e dá novo ânimo às pessoas com idade superior a sessenta anos na incessante busca pela efetivação das promessas constitucionais sanitárias, fortalecendo, dessa forma, a garantia fundamental presente no art. 196 da Carta. O estatuto reforça a obrigatoriedade constitucional do Estado (bem como atribui tal responsabilidade à família, à comunidade e à sociedade) na efetivação do direito à saúde, trazendo em seu bojo previsões direcionadas, de modo que tal direito, no caso dos idosos, seja efetivado de forma plena e irrestrita”. (Alves, 2008) Conforme Bulos (2007), o Estatuto assegurou os direitos constitucionais à terceira idade: [...]os direitos e garantias fundamentais dos idosos, por assim dizer, ganharam, como advento da Lei n. 10741/2003, um valiosíssimo impulso legislativo, cujo escopo foi 'amparar a terceira idade'. Nesse sentido tem entendido o STF em seus julgados, corroborando o fato da 'terceira idade' ter merecido tutela constitucional destacada, providência muito oportuna, pois o respeito aos idosos deve ser levado a sério, em todos os seus termos.(BULOS, 2007, p. 1334) O Estatuto definiu a tarefa de cada órgão público na execução das diretrizes daquela política, sob a coordenação de órgão especifico, atualmente sob a Secretaria de Assistência Social. Ele propôs medidas de defesa ao idoso, com novas regras processuais, facilitando a atuação do Ministério Público no combate ao descumprimento da legislação. Em relação ao direito à saúde o Estatuto considera no Art. 15: “É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos” 11 Além disso, está previsto o atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive o fornecimento de medicamentos para os idosos, especialmente os de uso contínuo. Além disso, é previsto que os agentes de saúde devem receber treinamento adequado para atender os critérios mínimos para o atendimento às suas necessidades. 2.4 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, Portaria GM 2528 de 19 de outubro de 2006, define que a atenção à saúde dessa população terá como porta de entrada a atenção Básica/ Estratégia de Saúde da Família. A Rede de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Rede de Urgências e Emergências (UPAS e Pronto Atendimentos) também são portas de entrada para o atendimento. Dentre outras previsões importantes, está a promoção do envelhecimento ativo, trazendo o reconhecimento dos direitos das pessoas idosas, conforme dispõe: “Com a perspectiva de ampliar o conceito de “envelhecimento saudável”, a Organização Mundial da Saúde propõe “Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde” (2005), ressaltando que o governo, as organizações internacionais e a sociedade civil devam implementar políticas e programas que melhorem a saúde, a participação e a segurança da pessoa idosa. Considerando o cidadão idoso não mais como passivo, mas como agente das ações a eles direcionadas, numa abordagem baseada em direitos, que valorize os aspectos da vida em comunidade, identificando o potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida”. (Gontijo, 2005) 2.5 A EFICÁCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Uma das medidas para garantir a eficácia das políticas públicas é a capacitação profissional. Pereira (2005) ressalta que: “Profissionais que trabalham com o processo de envelhecimento nas mais diversas áreas de saber (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e outros) tentam proporcionar, em todos os níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário), o bem-estar biopsicossocial dos idosos, potencializando suas funções globais, a fim de obter uma maior independência, autonomia e uma melhor qualidade para essa fase de vida. ” Portanto, para garantir o cuidado e autonomia das pessoas idosas é necessário o preparo dos profissionais que trabalham diretamente com eles. Tal 12 preparo significa conhecer a realidade social, tecnologias existentes, recursos legais para o desenvolvimento de ações para saúde. Contudo, a atuação desses profissionais muitas vezes encontra barreiras para a promoção da eficácia de meios protetivos,como instalações precárias insuficiência de recursos disponíveis para atender a grande demanda de idosos, os convênios de saúde das redes privadas oferecem o serviço de atendimento domiciliar ao idoso, no entanto, não fornecem o material para o cuidado, sendo responsabilidade das famílias ou das unidades básicas e, a ausência de sensibilidade dos profissionais vinculados as peculiaridades da saúde do idoso. (Oliveira, 2012). A respeito da questão da importância das Políticas Públicas voltadas aos idosos, as autoras Satin e Borowski consignam: É nesse momento que se constata a importância da elaboração de políticas públicas sobre a questão do envelhecer. A velhice também é uma questão política e deve ser reconhecida pela sociedade. É necessária a atuação governamental para a criação de espaços voltados à avaliação da qualidade de vida das pessoas idosas, sempre sob a égide dos princípios da liberdade, respeito, dignidade e justiça social, com o intuito de que os idosos, mesmo os portadores de limitações, possam sentir-se úteis, usufruir momentos de lazer, produzir e conviver com outras pessoas, crescer culturalmente e, ainda, contribuir com a sociedade. A ocupação é fundamental na vida do idoso para a reconstrução da sua dignidade e o consequente envelhecimento saudável. 3. POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL AOS IDOSOS Constituem propostas do Ministério da Assistência Social a serem elaboradas pelos estados e municípios como políticas públicas de assistência aos idosos os Centros e Grupos de Convivência, as Instituições de Longa Permanência, os Centros-Dia, as Casas-lar, as Repúblicas, além do Benefício de Prestação Continuada caracterizados a seguir: Centros e Grupos de Convivência - Consiste no fortalecimento de atividades associativas, produtivas e promocionais, contribuindo para autonomia, envelhecimento ativo e saudável, prevenção do isolamento social, socialização e aumento da renda própria. 13 Instituições de Longa Permanência - Estabelecimentos equipados para atender pessoas com 60 anos ou mais, em regime de internato, mediante pagamento ou não, durante um período indeterminado. Centros-Dia - Atenção integral às pessoas idosas que, por suas carências familiares e funcionais, não podem ser atendidas em seus próprios domicílios ou por serviços comunitários. Proporciona atendimento necessidades básicas durante o dia e a noite mantém o idoso com a família. Casas-Lar - Residência participativa destinada a idosos que estão sós ou afastados do convívio familiar e com renda insuficiente para sua sobrevivência. Repúblicas - Alternativa de residência para os idosos independentes e, organizados em grupos, co-financiada com recursos da aposentadoria, do Benefício de Prestação Continuada, da renda mensal vitalícia ou outros rendimentos. Atendimento Domiciliar - Prestado à pessoa idosa com algum nível de dependência, com vistas à promoção da autonomia, da permanência no próprio domicilio e do reforço dos vínculos familiares e de vizinhança. O Benefício de Prestação Continuada (BCP). É um benefício de 01 (um) salário mínimo mensal pago às pessoas idosas com 65 (sessenta e cinco) anos e mais, conforme o estabelecido no Art. 34 da Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003 e no Estatuto do Idoso. Além disso, o trabalho do assistente social é muito importante em várias áreas, principalmente na saúde. O Assistente Social tem como competência planejar, gerenciar, administrar, executar e assessorar políticas, programas e serviços sociais, atua nas relações entre os seres humanos no cotidiano da vida social, utilizando instrumentais-técnicos para uma ação socioeducativa e de prestação de serviços, embasado nas legislações vigentes, na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº8.662/93), no código de Ética Profissional de 1993 e nas Diretrizes Curriculares. Segundo Yazbeck (2009), a profissão de Serviço Social tem desafio de enfrentar novas demandas, atribuições e competências, o que amplia seu espaço de intervenção. No atual contexto social e econômico, a intervenção dos assistentes 14 sociais assume novas formas e expressões, tais como: a vulnerabilidade do trabalho e a penalização da classe trabalhadora, o desemprego, o achatamento salarial, o aumento da exploração do trabalho feminino e infanto-juvenil, fragilidade no sistema de saúde, todos os tipos violência, habitação precária, mendicância, a alimentação insuficiente, o envelhecimento sem recursos e a falta de respeito com o meio ambiente. São propostas de atribuições profissionais do Assistente Social na atenção básica no atendimento à saúde da pessoa idosa, com base na análise do Caderno de Atenção Básica “Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa” (2006) –Ministério da Saúde: Caracterizar a população idosa atendida pela Unidade de Saúde; Elaborar e planejar, junto com os demais profissionais de saúde, ações socioeducativas de atenção à saúde do idoso; Acolher o idoso e sua a família; Socializar informações em relação ao acesso a serviços, objetivando a garantia de direitos do idoso e sua família; Encaminhar para a rede de proteção social básica e especial quando necessário; Elaborar junto com a equipe de atenção básica, planos de estratégias de atendimento integral e especializado para a pessoa idosa. Respeitando suas limitações, suas particularidades, direito a prioridade de atendimento (salvo casos de emergência e urgência), na perspectiva de uma atenção integral humanizada; Propor e incentivar a equipe de saúde a se capacitar continuamente, para melhor atender os usuários do SUS, em especial o idoso, para que todo e qualquer profissional esteja preparado para lidar com as questões do processo de envelhecimento, particularmente no que concerne à dimensão subjetiva da pessoa idosa; Incentivar e participar junto com os demais profissionais de saúde (equipe multiprofissional) da discussão sobre a saúde do idoso, rompendo com a fragmentação de atendimento do processo saúde/doença; 15 Planejar, executar e avaliar com a equipe de saúde ações que assegurem a saúde enquanto direito; Incentivar e propor a participação do idoso e sua família no processo de decisão do tratamento proposto pela equipe multiprofissional; Participar do projeto de humanização da unidade na sua concepção ampliada, sendo transversal a todo o atendimento da unidade e não restrito à porta de entrada; Investigar suspeitas de violação de direitos contra a pessoa idosa e realizar denúncias, caso constatado, as autoridades competentes para tomar providências cabíveis; Possibilitar espaço complementar à consulta individual, de troca de informações, de oferecimento de orientação e de educação em saúde; Em conjunto com a equipe de atenção básica coordenar e estimular grupo de pessoa idosa; Promover a integração entre as instituições, programas e projetos sociais, os órgãos públicos, buscando mecanismos que valorizem e incentivem a participação da pessoa idosa, no processo de envelhecimento ativo, autônomo e independente; Realizar grupos de estudo e estudos de casos com a equipe multiprofissional; Elaborar e participar de cursos com a equipe de saúde, especificamente, com os agentes comunitários de saúde, sobre formas de manifestação de maus tratos, negligência, abandono familiar e outros tipos de violência e, como identificá-los. Fornecer suporte e apoio familiar nos processos de cuidado e tratamento de idosos acamados ou incapacitados. Para Nogueira e Mioto (MORAES, 2007) as ações do Assistente Social estão alicerçadas nestes três eixos, que devem direcionar a atuação profissional e são caracterizados pelos seguintes aspectos: Ações socioeducativas: "consistem em um movimento de reflexão entre profissionais e usuários que através da informação e do diálogo, buscam alternativas e resolutividadepara a demanda do usuário". 16 Ações sócio emergenciais: procuram "atender às demandas relacionadas às necessidades básicas e de urgência dos usuários e de suas famílias". Ações sócio terapêuticas: têm por finalidade "o apoio diante de situações de sofrimento individual e/ou grupal dos usuários e ou familiares, particularmente em momentos críticos como morte, recebimento de diagnósticos, acidentes". Ações Periciais: têm por objetivo "elaborar parecer social ou pareceres técnicos com a finalidade de subsidiar a decisão de determinados órgãos ou profissionais para concessão de equipamentos, benefícios, prestação de serviços e também processos de referência e contra referência". Dessa maneira, os assistentes sociais contribuem para a prestação de serviços sociais, possibilitando o acesso aos direitos e aos meios de exercê-los, atendendo às necessidades das pessoas. O trabalho do assistente social, fundamentado no projeto ético político da profissão que tem como princípio o compromisso pelo reconhecimento da liberdade, a defesa dos direitos humanos, a luta pela democracia, da equidade e da justiça social. Estes princípios, defendidos pelo SUS, o Serviço Social encontra espaço para a realização de um trabalho que concretamente interfira nos determinantes sociais causadores das doenças. Dotado de um conhecimento teórico-metodológico, o assistente social terá condições de compreender claramente a realidade social e identificar as demandas e possibilidades de ação profissional que esta realidade apresenta (SOUSA, 2004). 17 CONCLUSÃO O objetivo do trabalho foi demonstrar que através dos instrumentos legais, houve avanço no que diz respeito à proteção dos direitos dos idosos como um todo, principalmente o direito à saúde. Porém, embora existam as leis que os amparam, é imprescindível que a sociedade tenha consciência de sua importância e respeito, começando tal discussão no meio acadêmico para que haja um envelhecimento digno. Por mais que o direito esteja positivado na Constituição e nas leis mencionadas não possui garantia da sua eficácia, pois os agentes responsáveis pelo seu cumprimento coloquem em prática o que está positivado. Deve haver a fiscalização e cobrança da efetividade do que foi disposto pelo legislador. 18 REFERÊNCIAS ALONSO, Fábio Roberto Bárbolo. Envelhecendo com Dignidade: o Direito dos Idosos como o Caminho para a Construção de uma Sociedade para Todas as Idades. Niterói: UFF, 2005. 171 p. Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005, p. 120. ALVES, P. R. (2008). Do constitucionalismo sanitário ao Estatuto do Idoso: o direito à saúde como aquisição evolutiva e suas formas de efetivação. (Vol. 5). Passo Fundo, RS, Brasil: RBCEH. BRASIL, S. O que significa ter saúde? 2020. Disponível em: <https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-ter- saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20d efini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde>. Acesso em 20.09.2021. DIAS, E. F. O Estatuto do Idoso e a judicialização do direito à saúde. 2020. Revista Jus Navigandi. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/20304/o-estatuto- do-idoso-e-a-judicializacao-do-direito-a-saude/2>. Acesso em 22.09.2021. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. SP: Atlas, 2002. 175 p. GONTIJO, S. ENVELHECIMENTO ATIVO: UMA POLÍTICA DE SAÚDE. 2005. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em 24.09.2021. IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na cena contemporânea. In. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009 LEGISLATIVA, A. Da Ordem Social. Brasil. Disponível em: <https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_230_. asp#:~:text=A%20fam%C3%ADlia%2C%20a%20sociedade%20e,executados%20pr eferencialmente%20em%20seus%20lares>. Acesso em 20.09.2021. LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da Pesquisa na Saúde. Florianópolis: UFSC, 2002. 294 p. MARTINS, Josiane de Jesus. Políticas públicas de atenção à saúde do idoso: reflexão acerca da capacitação dos profissionais da saúde para o cuidado com o idoso. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbgg/a/qrvgz98KnnXtN6ypRXJn8bD/?lang=pt>. Acesso em 14.10.2021. MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 108 p. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica n. º 19. Envelhecimento e saúde da pessoa https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-ter-saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-ter-saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-ter-saude#:~:text=Seguindo%20essa%20linha%20mais%20abrangente,com%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde https://jus.com.br/artigos/20304/o-estatuto-do-idoso-e-a-judicializacao-do-direito-a-saude/2 https://jus.com.br/artigos/20304/o-estatuto-do-idoso-e-a-judicializacao-do-direito-a-saude/2 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_230_.asp#:~:text=A%20fam%C3%ADlia%2C%20a%20sociedade%20e,executados%20preferencialmente%20em%20seus%20lares https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_230_.asp#:~:text=A%20fam%C3%ADlia%2C%20a%20sociedade%20e,executados%20preferencialmente%20em%20seus%20lares https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_230_.asp#:~:text=A%20fam%C3%ADlia%2C%20a%20sociedade%20e,executados%20preferencialmente%20em%20seus%20lares 19 idosa. Brasília, 2006. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdff>. Acesso em: 01.06.2021. MIOTO, R. S. T. ; NOGUEIRA, V. M. R. Sistematização, Planejamento e Avaliação dos Assistentes Sociais no campo da saúde. In: MOTA. A. E (orgs.).Serviço Social e Saúde: São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, 2006. MORAES, Ana Claudia. Atuação do Serviço Social no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. 2. ed. Florianópolis: EMYO, CRESS,2007. NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Revista Serviço Social e Sociedade, n. 50. São Paulo: Cortez. Abril, 1996, p.87-132. OLIVEIRA, D. C. D., & Silva, E. M. (2012). Cuidado ao idoso em Campinas-SP: estudo qualita-tivo com gestores e representantes políticos. Revista Brasileira de Enfermagem, 65(6), 942-949. PEREIRA, L.S.M. Programa melhoria da qualidade de vida dos idosos institucionalizados. 2005, Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.ufmg.br/proex/arquivos/8Encontro/Saude_41.pdf>. Acesso em 29.09.2021. PEREIRA, Andressa Roberta. ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE, 2015. Disponível em: <https://seminarioservicosocial.paginas.ufsc.br/files/2017/05/Eixo_2_307.pdf> Acesso em: 14.10.2021. SANTOS, Ruth Brito dos. De volta à cena: um estudo com idosos que trabalham. Fortaleza: UEC, 2005. 148 p. Dissertação, Curso de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2005, p. 54-55. SATIN, Janaína Rigo & BOROWSKI, Marina Zancanaro. O idoso e o princípio constitucional da dignidade humana. Passo Fundo, 2008. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v.5, n.1.Disponível em: <http://www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/view/261/196>Acesso em: 15.10.2021, p.147-148. SOUSA. M. I. N. F de. O Plantão do Serviço Social nas Unidades Básicas de Saúde – UBS de Franca - Reflexão dessa prática sob um novo olhar. Franca, 2004. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/98540/sousa_minf_me_fran.pdf ?sequence=1>. Acesso em 14.10.2021. TEIXEIRA, A. P. Direitos da pessoa idosa: desafios à sua efetivação na sociedade brasileira. 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdff http://www.ufmg.br/proex/arquivos/8Encontro/Saude_41.pdf 20 <https://sjcdh.rs.gov.br/upload/arquivos/201807/13161839-direitos-da-pessoa-idosa- desafios-a-sua-efetivacao-na-sociedade-brasileira.pdf>. Acesso em 01.10.2021. USP, J. D. Em 2030, Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo. São Paulo, SP, Brasil. 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/em-2030- brasil-tera-a-quinta-populacao-mais-idosa-do-mundo/>. Acesso em 01.10.2021. VAZ, Elizabete Ribeiro de Carvalho & CIELO, Patrícia Fortes Lopes Donzele. A legislação brasileira e o idoso. Disponível em: <http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/d6 9c5c83201f5bfe256b30a1bd46cec4.pdf> Acesso em: 25.09.2021. YAZBEK, Maria Carmelita. Os fundamentos históricos e teórico metodológicos do Serviço Social brasileiro na contemporaneidade. In. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. https://sjcdh.rs.gov.br/upload/arquivos/201807/13161839-direitos-da-pessoa-idosa-desafios-a-sua-efetivacao-na-sociedade-brasileira.pdf https://sjcdh.rs.gov.br/upload/arquivos/201807/13161839-direitos-da-pessoa-idosa-desafios-a-sua-efetivacao-na-sociedade-brasileira.pdf https://jornal.usp.br/atualidades/em-2030-brasil-tera-a-quinta-populacao-mais-idosa-do-mundo/ https://jornal.usp.br/atualidades/em-2030-brasil-tera-a-quinta-populacao-mais-idosa-do-mundo/
Compartilhar