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Como eu trato: Coletânea médica


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Prévia do material em texto

1
Como 
eu trato
Parte 1
2
3
Agradecimentos
À Administração do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pelo apoio à iniciativa 
que permitiu a concretização deste projeto.
À equipe da área de Marketing da Instituição, pelo empenho e dedicação em 
transformar uma ideia ambiciosa nesta completa e útil coletânea.
E, especialmente, a todos os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, 
fisioterapeutas e outros profissionais do Hospital, pela boa vontade em 
compartilhar seus conhecimentos com a comunidade médica.
4
5
O início 
Os doutores Pedro Renato Chocair, diretor clínico do Hospital Alemão Oswaldo 
Cruz, e Vladimir Bernik, coordenador da Equipe de Psiquiatria da Instituição, 
discutiram a ideia e planejaram o “Como eu trato”, no princípio de abril de 2011. 
Graças à total colaboração do Corpo Clínico, Corpo de Enfermagem, departamento 
de Marketing e Comunicação, Diretoria Executiva e de outros profissionais de 
nosso Hospital, seis meses depois, em outubro, a primeira edição da obra está 
concluída e publicada com aproximadamente 250 textos produzidos. 
6
10 Introdução
11 Prefácio
13 Alemanha e alemães: no mundo e na Nefrologia
20 Histórico do Hospital 
COMO EU TRATO A ALMA 
21 Poesia: Esta vida
22 Poesia: Segunda Canção do Peregrino
23 Poesia: Cântico Negro
24 Os Flamboyants
26 Como eu trato a alma
28 O luto do contexto hospitalar
31 O imbricamento entre a clínica e o direito na questão da terminalidade
34 Reflexões sobre o morrer e o viver
COMO EU TRATO bAsEAdO EM EvidênCiAs
39 Como eu trato baseado em evidências
TEMAs AssisTEnCiAis 
44 Assistência aos pacientes cirúrgicos com história de alergia ao látex
46 Atenção especial a pacientes submetidos a tratamentos antineoplásicos
48 Cuidado baseado no relacionamento - RBC (Relationship-Based Care)
50 Cuidados com nutrição enteral e parenteral
52 Gerontologia: reflexões sobre o processo de envelhecimento
54 Interação droga-nutriente
57 Síndrome metabólica
59 Úlcera por pressão (UP)
AnATOMiA PATOLÓGiCA 
62 Avaliação Histológica da Biópsia Hepática na Infecção pelo Vírus C
66 Biópsia estereotáxica do sistema nervoso central: a perspectiva do patologista
69 Exame colpocitológico
71 Linfonodos
74 PAAF de tireoide
77 Pólipos epiteliais serrilhados de intestino grosso
79 Pólipos inflamatórios e hamartomatosos de intestino grosso
EXAMEs LAbORATORiAis 
82 Corações, músculos e mentes: a saga da creatino-quinase
84 Auto-anticorpos contra peptídeo citrulinado cíclico (CCP) apresentam alta especificidade e sensibilidade 
 para o diagnóstico de Artrite Reumatoide
87 Avaliação da dor abdominal aguda por métodos de imagem
90 Clostridium difficile
95 O BNP na insuficiência cardíaca
97 Proteína C-reativa ultrassensível na avaliação do risco cardiovascular
99 Síndrome mielodisplásica (SMD) no século XXI: diagnostico, classificação, prognóstico e novas opções 
 terapêuticas
MÉTOdOs diAGnÓsTiCOs 
108 Cintilografia de perfusão miocárdica
110 Ecocardiografia transesofágica: indicações
113 Interpretação do FAN na prática do clínico não reumatologista
118 Líquor: aspectos de maior relevância
120 Monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24 horas
124 O exame de polissonografia
126 Teste de inclinação ortostático (Tilt Test): indicações
129 Tratamento ablativo com iodo-131 em câncer diferenciado da tireoide
7
ACUPUnTURA 
132 Acupuntura: principais indicações
AnEsTEsiA 
134 Avaliação pré-anestésica
138 Anestesia para cirurgia robótica
140 Dor pós-operatória
142 Via aérea difícil
CARdiOLOGiA E dOEnÇAs CiRCULATÓRiAs 
145 Orientação farmacêutica a pacientes em uso de Varfarina
147 Aneurismas da aorta torácica
151 Arritmias cardíacas
163 Arritmias cardíacas: quando indicar o uso de marcapasso
172 Aspirina na prevenção primária de doenças cardiovasculares
174 Crise hipertensiva
177 Dislipidemias
180 Dissecção aórtica
183 Edema agudo de pulmões
187 Estatinas: há alguma melhor do que a outra?
189 Estenose aórtica
193 Estenose da artéria renal
197 Estenose carotídea: como agir?
200 Filtro de Veia Cava
204 Hipertensão arterial
207 Insuficiência cardíaca congestiva
210 Insuficiência coronariana aguda: visão do cirurgião
212 Linfedema
218 Linfedema periférico
220 Medicamentos com possíveis efeitos adversos no sistema cardiovascular (SCV)
224 Microvarizes e Telangiectasias
228 Particularidades do coração feminino
231 Pericardite aguda
234 Pericardite aguda
238 Profilaxia de TVP
241 Quando indicar o uso do marcapasso definitivo?
244 Sincope
247 Síndromes coronarianas agudas: visão do clínico
252 Síndromes coronarianas agudas: visão do intervencionista
256 Tamponamento cardíaco
258 Taquicardias ventriculares
262 Tratamento percutâneo da estenose aórtica
265 Trombose venosa profunda
267 Úlceras de membros inferiores
270 Varizes
CUidAdOs PALiATivOs 
276 Conduta nutricional nos pacientes em cuidados paliativos
280 Cuidados paliativos
dERMATOLOGiA 
282 Alopecias
285 Anafilaxia – Critérios Diagnósticos e Tratamento
289 Eczemas
292 Feridas complexas: conceitos atuais e tratamento
295 Lúpus eritematoso cutâneo
299 Onicomicose
8
301 Psoríase
307 Tinea pedis e Tinea cruris
309 Urticária 
dOEnÇAs inFECCiOsAs E PARAsiTOsEs 
313 Aids
316 Cancro mole
322 Citomegalia
324 Criptococose
326 Dengue
329 Endocardite infecciosa: visão do cardiologista
333 Endocardite infecciosa: visão do infectologista
337 Erisipela
338 Esquistossomose mansônica
340 Gonorreia
342 Gripe
344 Herpes simples
346 Herpes zoster
348 Meningites bacterianas
352 Moléstia de Hansen (MH)
363 Parasitoses intestinais
366 Parvovirose prolongada pós-transplante renal
373 Pneumonia por Pneumocystis jiroveci
375 Pneumonias hospitalares
378 Sarampo
380 Sífilis
383 Varicela
EndOCRinOLOGiA 
384 Crise addisoniana
387 Diabetes descompensado
389 Diabetes Mellitus tipo 1
391 Diabetes tipo 2
393 Hiperparatireoidismo
395 Manuseio dos nódulos tireoidianos
398 Pé Diabético
401 Perspectivas no tratamento da obesidade e da síndrome metabólica - visão do endocrinologista
405 Prevenção e Tratamento da Obesidade
412 Tireodites
414 Tratamento cirúrgico de doenças glândulas paratiroide
416 Tratamento cirúrgico de doenças glândula tireoide
EndOsCOPiA 
419 Colonoscopia
421 Ecoendoscopia digestiva na prática clínica: indicações e resultados
429 Ultrasonografia Endoscópica Terapêutica: um novo horizonte
437 Varizes hemorrágicas do esôfago
FisiATRiA E FisiOTERAPiA 
440 A importância da reabilitação precoce na recuperação do paciente com AVC
445 Como prevenir e atuar TVP: abordagem fisioterapêutica
447 Prevenção de atelectasias em paciente de alto risco
449 Reabilitação precoce em pacientes na Unidade de Terapia Intensiva
451 Utilização do modo ventilatório NAVA em pacientes sob ventilação mecânica invasiva
453 Ventilação não invasiva nas Unidades de Internação do HAOC
9
GAsTROEnTEROLOGiA
455 A cirurgia minimamente invasiva: laparoscopia, n.o.t.e.s, single port e robótica. Qual permanecerá? 
460 Câncer do reto
463 Diverticulite aguda
466 Drenagem Biliar Eco-guiada: um novo horizonte
470 Hemorragia digestiva baixa
472 Cólica biliar
474 Hérnia inguinal encarcerada
476 Pancreatite aguda
479 Complicações de cirrose
484 Doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA)
488 Gastroenterocolite aguda
493 Hepatites agudas
498 Hepatites crônicas
505 Tumores primários hepáticos
513 Diarreia crônica
517 Hemorragia digestiva alta
522 Câncer de esôfago
525 Doença do refluxo gastroesofágico
527 Câncer precoce no estômago
529 Síndrome Hepatorrenal (SHR)
531 Colecistite aguda
533 Hemorróidas
537 Soluços
539 Ascite e marcador ‘tumoral’ CA-125
541 Fecaloma
543 Colecistectomia no cirrótico
545 Herniorrafia abdominal em pacientes cirróticos
547 Ascite de difícil controle
549 Prática e benefícios da terapia nutricional enteral e parenteral hospitalar
10
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to Introdução
Esta obra, composta por mais de duas centenas de temas de interesse médico, foi elaborada pela livre e 
desinteressada colaboração de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e outros profissionais, que 
pertencem ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz, entidade reconhecida no País e no exterior pela qualidade dos 
serviços que presta e pela grandeza de seu Corpo Clínico. 
 O conteúdo dos textos traz a experiência dos autores no tema que lhe foi indicado, evidentemente apoiada e 
sempre atualizada na literatura pertinente. 
O objetivo deste trabalho é o de colaborar com a classe médica, oferecendo uma fonte rápida de consulta que 
atualizaremos periodicamente. É a primeira publicação do material, que certamente será aprimorado nas próximas 
edições. Em hipótese alguma, destina-se a servir como orientação aos próprios pacientes ou estímulo à automedicação.
Além de atender às necessidades dos profissionais, é nosso interesse contribuir com os estudantes e residentes 
de Medicina brasileiros, para que possam esclarecer eventuais dúvidas, acessando o “Como eu trato” no site 
da Instituição – www.hospitalalemao.org.br. A interação entre autores e leitores também poderá ser feita a 
qualquer momento por meio da Diretoria Clínica do Hospital (diretoriaclinica@haoc.com.br), que se encarregará 
de transmitir a mensagem ao autor. 
Nossa intenção é fazer a nossa parte para que a busca do conhecimento se aproxime do verdadeiro significado 
da palavra escola, originária do grego skhole, que significava “lazer”.
Assim, acreditamos contribuir com toda a sociedade e demonstrar cada vez mais que, no Hospital Alemão 
Oswaldo Cruz, tecnologia e carinho trabalham juntos. 
Pedro Renato Chocair 
Diretor Clínico 
PEdRO REnATO ChOCAiR 
diretor Clínico 
11
Prefácio
Em 2010, quando todos pensavam em produzir a revista “Visão Médica”, de alto nível e direcionada ao Corpo 
Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, muitas ideias foram sugeridas e debatidas; umas refutadas, mas outras 
aproveitadas. Por exemplo, transmitir a experiência pessoal de profissionais competentes em suas áreas a outros 
que precisassem de orientações. Uma seção que deveria ser de fácil acesso, escrita de modo simples, didático, 
direto, conciso e atualizado. 
A ideia evoluiu e “Como eu trato” foi desenhada. Na edição de abril daquele ano, foi publicado o primeiro capítulo 
que abordou “parasitoses intestinais”. Impressa em papel de fundo com cor distinta das demais páginas da 
publicação e picotável, com o objetivo de ser recortada e colecionada para que, no futuro, pudesse formar um 
compêndio e, talvez, com o tempo, um livro. Era a ideia inicial. Uma ideia pequena, mas que deu muito certo.
2011: A idEiA EvOLUiU – “COMO EU TRATO” TRAz 245 CAPíTULOs
Em 2011, aquela ideia pequena, torna-se um livro eletrônico de fácil acesso para auxiliar médicos que necessitam 
de apoio técnico e de orientação. A versão eletrônica de “Como eu trato” surgiu em abril desse ano e pensou-
se em cem temas ligados à Medicina. No dia 12 de maio, a Diretoria Clínica circulou um e-mail, convidando 
renomados médicos do Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz a participarem desse projeto, enviando 
seus textos e artigos de temas de seus conhecimentos e expertise.
O objetivo era redigir mais do que um artigo científico repleto de citações e datas. Cada autor deveria passar a 
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Vladimir Bernik
Coordenador da Equipe de Psiquiatria e colaborador da diretoria Clínica 
na elaboração do "Como eu trato"
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sua própria experiência pessoal sobre o assunto, a partir de anos de trabalho.
Como cada vez mais a publicação contou com colaboradores, a obra se expandiu. Então, uma pergunta surgiu: 
porque só a Medicina? Isso porque a Medicina depende, para alcançar os seus êxitos, de uma ampla infraestrutura 
e de uma base legal. Sendo assim, abriram-se os horizontes e estenderam-se os campos para toda a área da 
saúde; da clínica aos exames subsidiários e suas interpretações; dos recursos básicos aos mais complexos; e de 
tecnologia de ponta, necessária ao sucesso dos tratamentos e, principalmente, a uma área do Hospital Alemão 
Oswaldo Cruz que é imbatível: a enfermagem. Dessa forma, também os principais temas da enfermagem foram 
considerados, como, por exemplo, os temas relacionados aos cuidados de apoio, como a fisioterapia.
No mundo polêmico e conflitante de hoje, no qual interesses diferentes se cruzam, a Medicina também deve 
se apoiar em bases juridicamente estáveis e inquestionáveis. A contribuição do jurista foi imprescindível para 
assegurar a transparência e a legalidade dos procedimentos e dos atos médicos analisados do ponto de vista 
da bioética.
A garantia para paciente e médico, com mútuas responsabilidades e deveres, estabeleceu-se nos “consentimentos” 
um acordo, gerando um contrato de prestação de serviços de saúde com vantagem para o paciente e também 
para o prestador de serviços. Um capítulo desta publicação foi todo dedicado a mostrar a interrelação entre o 
paciente e a prestação de serviço.
A ideia era ampliada cada vez mais. Todos colaboravam escrevendo muito, de modo didático e em prazos antes 
considerados impossíveis de serem cumpridos, garantindo, assim, o sucesso do projeto.
Em menos de três meses, com o fechamento do prazo de entrega dos trabalhos em final de julho deste ano, 
com a diagramação em andamento e a edição em fase de conclusão, o que seria considerado inviável tornou-
se realidade. Para tal, a Diretoria Clínica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz mobilizou todo o seu corpo clínico, 
reunindo os profissionais mais experientes e em prazo recorde, recebendo dos colaboradores os originais 
completos para serem enviados para a elaboração da edição. 
Com a publicação, o Portal do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ganhou um novo espaço de atualização em Medicina, 
na área de saúde, em diagnóstico e terapêutica, nos serviços de subsidiários necessários ao diagnóstico, nas áreas 
de apoio e nos aspectos éticos e legais. E para completar o projeto, serão distribuídos CDs com o conteúdo.
A atualização, a renovação, a fácil acessibilidade e a leitura simples e didática, que apresenta a experiência de 
cada autor ainda indica algumas poucas, mas importantes fontes de referência cientificamente válidas para 
os textos elaborados, com a finalidade maior de servirem de apoio ao profissional da própria instituição, dos 
institutos de ensino, dos profissionais mais jovens e dos serviços de saúde oficiais de todo o país.
13
Alemanha e alemães:
no mundo e na Nefrologia
nO úLTiMO COnGREssO MUndiAL dE nEFROLOGiA, REALizAdO nO 
bRAsiL EM 2007, O COnhECidO E REsPEiTAdO nEFROLOGisTA iTALiAnO 
GiUsEPPE REMUzzi dissE EM UMA dE sUAs MAGníFiCAs PALEsTRAs: 
“sE vOCê PEnsA qUE dEsCObRiU ALGUMA COisA, PROCURE sAbER sE 
UM ALEMãO já nãO dEsCObRiU AnTEs”.
 
Essas palavras me estimularam a procurar personagens de destaque da Medicina no povo germânico. Busca que 
me proporcionou fantásticas descobertas, muito além do mundo da ciência. 
Faço parte de uma geração catequizada para rejeitar tudo que viesse da Alemanha em função das terríveis 
histórias da II Guerra Mundial, do Holocausto e anos depois, da construção do muro de Berlim. Pouco a pouco os 
horrores da guerra foram sendo esquecidos, ou melhor, guardados em lugar seguro, e pudemos ver este país com 
outros olhos. As novas gerações já têm uma idéia completamente diferente e considero que a loucura de alguns 
não pode prejudicar a ótica que devemos ter de seus descendentes inocentes. 
A Alemanha Ocidental, nas últimas décadas do século XX, já era uma das grandes potências econômicas do 
mundo e, com a queda do muro (1989), unificada, se organiza para manter essa posição. A ciência na Alemanha 
voltoua tomar fôlego; diminuiu o êxodo dos grandes cientistas, mantendo-se no país os grandes cérebros da 
nação. Assim, organizamos este editorial em duas partes: na primeira, após uma breve história da Alemanha, 
enfocaremos seus grandes personagens diretamente relacionados à medicina e à Nefrologia. Na segunda, 
daremos uma idéia da grandiosidade do povo alemão, citando outros vultos em diferentes áreas da ciência, A
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dR. EdisOn sOUzA
A Diretoria Clínica do 
Hospital Alemão Oswaldo 
Cruz agradece ao dr. Edison 
de Souza - professor de 
Nefrologia da Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro 
e autor deste texto - e 
à Revista Brasileira de 
Nefrologia pela autorização 
de publicarmos o material 
no “Como eu trato”.
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música, esporte, religião, literatura, arquitetura e artes. 
A ORiGEM dO POvO GERMâniCO: 
Para os romanos, “bárbaros” eram todos os que viviam além das fronteiras do Império Romano e, portanto, não 
possuíam a cultura romana. De origem discutida, ocupavam uma região chamada Germânia e se subdividiam 
em vários povos: burgúndios, vândalos, francos, saxões, anglos, lombardos, godos e outros. Nos séculos IV e V, os 
principais povos bárbaros se deslocaram em direção ao Império Romano, empurrados pelos Hunos que vinham 
do oriente, levando pânico e destruição aonde chegavam. Esse processo acabou por precipitar a fragmentação 
do império, já decadente devido à crise do escravismo e à anarquia militar. A língua, a religião, os costumes 
e, sobretudo, as instituições político-jurídicas e sociais dos germanos, bem diferentes dos das populações 
submetidas, funcionaram como obstáculos à fusão entre as duas sociedades: a romana e a germânica. Após a 
queda do Império Romano do Ocidente, em 476, o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, 
continuou a existir até 1453. O Sacro Império Romano - Germânico, que existiu desde o século VIII, até 1806, 
é considerado o primeiro Reich alemão (Reich, Império, em alemão, termo usado para descrever os sucessivos 
períodos históricos do povo alemão). No momento de maior extensão territorial, o Império incluía o que são hoje 
a Alemanha, a áustria, a Eslovênia, a República Tcheca, o oeste da Polônia, os Países Baixos, o leste da França, 
a Suiça e partes da Itália central e setentrional. A partir de meados do século XV, passou a ser conhecido como 
o “Sacro Império Romano da Nação Germânica”. O Império Alemão (do alemão: Deutsches Reich) foi um país, 
dirigido pela Prússia na região da atual Alemanha, existente desde a sua consolidação como Estado-Nação em 
Versalhes, em janeiro de 1871 (fim da Unificação Alemã) até à abdicação do Kaiser Guilherme II em novembro 
de 1918, após a derrota na I Guerra Mundial. Segundo o mesmo raciocínio, Adolf Hitler referia-se à Alemanha 
Nazista (1933-1945) como o Terceiro Reich. 
Os alemães referem-se com freqüência a 1945 como a Stunde Null (a hora zero), para descrever o quase-total 
colapso do país. Na Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida pelos Aliados em quatro zonas de ocupação 
militar; as três zonas a oeste viriam a formar a República Federal da Alemanha (conhecida como Alemanha 
Ocidental), enquanto que a área ocupada pela União Soviética se tornaria a República Democrática da Alemanha 
(conhecida como Alemanha Oriental), ambas fundadas em 1949. A Alemanha Ocidental estabeleceu-se como 
uma democracia capitalista e a sua contraparte oriental, como um Estado comunista sob influência da URSS. O 
acordo também determinou a abolição da Prússia e a repatriação dos alemães que residiam naqueles territórios, 
formalizando o êxodo alemão da Europa Oriental. As relações entre os dois Estados alemães do pós-guerra 
mantiveram-se frias, até a política de aproximação com os países comunistas da Europa Oriental promovida pelo 
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Chanceler ocidental Willy Brandt (Ostpolitik), nos anos 1970, cujo conceito principal era “Dois Estados alemães 
dentro de uma nação alemã”. O relacionamento entre os dois países melhorou e, em setembro de 1973, as duas 
Alemanhas tornaram-se membros da Organização das Nações Unidas. 
Durante o verão de 1989, mudanças políticas ocorridas na Alemanha Oriental e na União Soviética permitiram 
a reunificação alemã. Alemães orientais começaram a emigrar em grande número para o lado ocidental, via 
Hungria, quando o governo húngaro decidiu abrir as fronteiras com a Europa Ocidental. Milhares de alemães 
orientais ocuparam missões diplomáticas da Alemanha Ocidental em capitais do leste europeu. A emigração e 
manifestações em massa em diversas cidades pressionaram o governo da Alemanha Oriental por mudança, o 
que levou Erich Honecker a renunciar em outubro; em 9 de novembro de 1989, as autoridades alemãs orientais 
surpreenderam o mundo ao permitir que seus cidadãos cruzassem o Muro de Berlim e outros pontos da fronteira 
comum e entrassem em Berlim Ocidental e na Alemanha Ocidental - centenas de milhares aproveitaram a 
oportunidade. O processo de reformas na Alemanha Oriental culminou com a reunificação da Alemanha, em 3 
de outubro de 1990. 
CiênCiA E PEsqUisA:
Pesquisa e desenvolvimento floresceram na Alemanha em especial no século XIX e nas primeiras duas décadas do 
século XX. Já no ano em que foi instituído, 1901, o Prêmio Nobel foi concedido a alemães em duas disciplinas: o de 
Física, a Wilhelm Conrad Röntgen, e o de Medicina, a Emil Adolph von Behring. No ano seguinte, o de Química foi 
concedido ao alemão Hermann Emil Fischer. Só até 1933, ano em que Adolf Hitler ascendeu ao poder, os alemães 
haviam conquistado dez prêmios Nobel de Física, 14 de Química e seis de Medicina. O período nazista representou 
o fundo do poço para a ciência no país; de um lado, pesquisadores participando do genocídio praticado pelo 
regime contra os judeus na Europa; de outro, os de origem judaica fugindo da perseguição (muitos foram para os 
Estados Unidos, onde deram prosseguimento a seu trabalho). Mesmo em tempos mais recentes, muitos alemães 
de nascimento receberam o Nobel nas três categorias mencionadas, embora vivam e pesquisem nos Estados 
Unidos. De uns anos para cá, são intensos os esforços para evitar a evasão dos pesquisadores e cientistas. 
Se, pesquisa e desenvolvimento são as bases da moderna sociedade do conhecimento, para a Alemanha elas 
adquirem importância vital, por ser um país pobre em matérias-primas. A reunificação, em 1990, representou 
um grande desafio para o setor. No Leste, onde a ciência e a pesquisa se desenvolveram durante décadas, sob os 
ditames do regime centralista, foi necessária profunda reforma estrutural para alcançar certa padronização. Os 
investimentos em pesquisa e desenvolvimento crescem a cada ano. A pesquisa científica é realizada na Alemanha 
em três setores: nas mais de 300 universidades do país, em centenas de institutos públicos e privados sem 
finalidades comerciais e em institutos e laboratórios financiados pela economia privada. A pesquisa universitária 
tem tradição na Alemanha, consolidada pelo preceito da unidade entre pesquisa e ensino pregado por Wilhelm 
von Humboldt, que reformou as universidades prussianas no início do século XIX. As universidades são as únicas 
instituições na Alemanha em que a pesquisa abarca todas as disciplinas científicas. Nelas se realiza, sobretudo, 
pesquisa de base. Projetos de caráter específico e de maior porte, que envolvemequipes numerosas, tecnologia 
mais sofisticada e custos mais vultosos, são desenvolvidos pelos institutos extra-universitários, financiados em 
grande parte conjuntamente pela Federação e os Estados. 
A Alemanha é tradicionalmente um país de pesquisadores e inventores e seus cientistas gozam de prestígio em 
todo o mundo. Por sua vez, o país está aberto para receber pesquisadores de outras nações. Universidades, poder 
público e iniciativa privada conjugam esforços no fomento à pesquisa e ao desenvolvimento. Destacam-se as 
Academias de Ciências, que trabalham em estreita cooperação com as universidades, e das quais existem sete no 
país: Berlim-Brandemburgo, Düsseldorf, Göttingen, Heidelberg, Leipzig, Mainz e Munique. Desempenham ainda 
papel importante as fundações científicas. Entre as financiadas pelo empresariado, podem ser citadas a Fundação 
Fritz Thyssen e a Fundação Volkswagen. A Fundação Alexander von Humboldt (AvH), financiada pelos cofres 
federais, fornece a cientistas estrangeiros estágios para pesquisa na Alemanha e a alemães, estágios no exterior. 
Bolsas para acadêmicos estrangeiros são intermediadas também pelo Serviço Alemão de Intercâmbio acadêmico 
(DAAD). 
Um dado a ser destacado na nossa área é o fato de que nos últimos Congressos Americanos e Mundiais de 
Nefrologia e de Transplante, o número de trabalhos apresentados pelos alemães só foi superado pelo dos 
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americanos. 
PERsOnAGEns dE dEsTAqUE nA áREA MÉdiCA (PELA dATA dE 
nAsCiMEnTO) 
dorotea Cristina Erxleben, em 1754, para assombro de toda a Europa, conseguiu o título de Doutor em Medicina 
na Universidade de Halle, tendo sido a primeira mulher a receber oficialmente o diploma de médico. 
“Dorothea Leporin war die Tochter des Arztes Christian Polykarp Leporin und der Pastorentochter Anna Sophia 
Leporin. Von Kind an wurde das begabte Mädchen von ihrem Vater in der Heilkunde unterwiesen. Er unterrichtete 
sie, nahm sie zu seinen Patienten mit und ließ sich mit der Zeit sogar von ihr in seiner Praxis vertreten. Dorothea 
durchlief dieselbe Ausbildung wie ihr Bruder und wie er strebte sie die Erlangung eines akademischen Grades an. 
Trotz ihres breiten medizinischen Wissens blieb ihr der Zugang zur Universität verwehr”.
barão de Münchhausen - Karl Friedrich Hieronymus von Münchhausen (1720 - 1797) foi um barão alemão, 
onhecido pelas histórias humorísticas e agressivas que inventava. Os relatos de suas aventuras serviram de 
base para a série As Aventuras do Barão de Münchhausen, compiladas por Rudolph Erich Raspe e publicadas 
em Londres em 1785. O médico inglês Richard Asher em 1951 chamou a atenção da classe médica para este 
terrível fenômeno ao publicar um artigo com relato de três casos numa famosa revista médica: (Münchausen`s 
Syndrome, Lancet, 1: 339-41, 1951, p. 339) e, desde então, ficaram fáceis o ensino e a divulgação entre os 
profissionais da saúde. Despertados pela denominação “Münchausen” dada por Asher, muitos médicos, em 
diferentes países, começaram a relatar casos desta síndrome. No momento existem 1795 citações no Pubmed. 
Falsificações causando lesões em filhos é denominada Munchausen syndrome by proxy. Primeira descrição no 
Lancet 13;2 ( 8033) : 342-5 em 1977 por Meadow. 
Kaspar Friedrich Wolff - 1733 - 1794 - Fisiologista. Fundador da embriologia observacional. 
Christian Friedrich samuel hanenmann - 1755 - 1843 - O pai da HOMEOPATIA. 
Friedrich Wohler - 1800- 1882 - Químico que pela primeira vez sintetizou a uréia. 
joahannes Peter Muller 1801 - 1858 - Fisiologista e Anatomista - Estudos iniciais de embriologia. 
justus von Liebig 1803 - 1873, foi um químico alemão. Seus experimentos possibilitaram a criação de fertilizantes 
químicos, sabão, explosivos e alimentos desidratados. Liebig criou o conceito do laboratório de química. 
Friedrich Gustav jakob henle 1809 - 1885 - Médico, patologista e anatomista - Descreveu a alça de Henle no rim. 
Theodor schwann 1810 - 1882 - Fisiologista, Histologista e Citologista - Descobriu a teoria celular, as células de 
Schwann no sistema nervoso periférico, a pepsina e inventou o termo “metabolismo”. 
bernhard von Longenbeck - 1810- 1891 Cirurgião, precursor dos treinamentos em cirurgia na Alemanha. 
Carl Friedrich Wilhelm Ludwig - 1816 -1895- Médico e Fisiologista - Descreveu pela 1a vez o mecanismo de 
filtração glomerular. 
Friedrich Theodor von Freichs - 1819-1885 - Escreveu livros com conclusões semelhantes às de Richard Bright. 
Rudolf virchow - 1821- 1902 - O pai da Patologia. 
Adolf Kussmaul - 1822 - 1902 - Médico que depois foi homenageado com o epônimo em função de respiração 
característica da cetoacidose diabética. 
Eduard Friedrich Wilhelm Pfluger - 1829-1910 Fisiologista que trabalhou com Karl Ludwig - Hoje famosa 
revista leva seu nome Pflüger Archives. 
Wilhelm Wundt - 1832- 1920 - Médico, Filósofo e Psicólogo - Pai da Psicologia Moderna. 
Friedrich von Recklinhausen - 1833 - 1940 - Patologista que descreveu a neurofibromatose. 
j. F. Wilhelm Adolf von baeyer - 1835 - 1917 - Químico. Prêmio Nobel de Química em 1905. 
Emil Theodor Kocher - 1841 - 1917 - Recebeu o Nobel de Medicina em 1909 por seus trabalhos em fisiologia, 
patologia e cirurgia da tireóide. 
Max jaffe - 1841 - 1911 - Descreveu a dosagem da Creatinina em 1886. 
heinrich hermann Robert Koch - 1843 – 1910 - Médico, patologista e bacteriologista, um dos fundadores da 
microbiologia. Em 1882 descobriu o agente da tuberculose. Recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 1905. 
Wilhelm Conrad Roentgen - Físico 1845 - 1923 - Em 1895 realizou a primeira radiografia da história - Ganhou 
o Nobel de Física em 1901. 
Paul Langerhans 1847 - 1888 - Descobriu as ilhotas pancreáticas. 
Ludwig Karl Martin Leonhard Albretch Kossel - 1853- 1917-Médico - Nobel de Medicina em 1910 pela 
descoberta as bases adenina e timina dos ácidos nucléicos. 
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Emil Adolf von behring - 1854 - 1917 - Recebeu o primeiro Nobel de Medicina por seus trabalhos com soros 
antidiftéricos. 
Paul Erlich - 1854 - 1915 - Recebeu o Nobel de Medicina em 1908 por seus trabalhos em imunidade. 
Albert Ludwig sigesmund neisser - 1855 - 1916 - Descobriu o patógeno da gonorréia. 
Franz ziehl (1857 - 1926) bacteriologista e Friedrich Neelsen (1854-1894) patologista, desenvolveram o corante 
de Ziehl-Neelsen para identificar as micobactérias como as da tuberculose e da doença de Hansen. 
Alois Alzheimer - 1864 - 1915 - Neurologista primeiro a reconhecer como entidade distinta a doença 
neurodegenerativa que hoje leva seu nome. 
Otto Frank - 1865 - 1944 - Conhecido pela associação com Starling. Juntos lançaram a lei de Frank-Starling. 
August von Wasserman - 1866 -1925 - Descobriu a reação para o diagnóstico da sífilis. 
Gustav Giemsa - 1867 -1948 - químico que desenvolveu um corante que posteriormente recebeu seu nome. O 
corante de Giemsa é usado para o diagnóstico histopatológico de malária, tripanosomíase e clamídia. 
Max Wilms - 1867 - 1918 - Cirurgião que descreveu pela 1a vez o nefroblastoma que depois recebeu o nome 
de Tumor de Wilms. 
Eugen von-hippel - 1867 - 1939 Oftalmologista que participou na descoberta da doença de von-Hippel -Lindau 
(sueco). 
Felix hoffmann - 1868 - 1946 - Químico que sintetizou a Aspirina. 
hans spemann - 1869 - 1941 - Nobel de medicina de 1935, por estudos de embriologia humana. 
zimmerman KW - 18?? - 19?? Em 1929 descreveu o mesângio glomerular. 
Fritz schaudinn 1871 - 1906 - Zoologista, descobriu em 1905 com o dermatologista Erich Hoffmann o agente 
causador da sífilis, Spirochaeta pallida, depois chamadoTreponema pallidum. 
Franz volhard -1872- 1952 - Primeiras classificações de glomerulopatias e importantes estudos sobre suas 
relações com a hipertensão arterial. 
Otto Loewi - 1873 -1961 - Nobel de Medicina em 1936, por seus estudos com a acetilcolina em impulsos 
nervosos. 
G. Wegner - 1877 - Foi o primeiro a descobrir as propriedades de transporte do peritôneo. 
Otto heinrich Warburg - 1883 - 1970 - Fisiologista - Nobel de Medicina em 1931, pelos estudos de enzimas de 
oxidação e redução. 
Otto Fritz Meyerhof - 1884-1951 - Bioquímico - Nobel de Medicina de 1922, por estudos sobre a fadiga. 
George hass - 1886 - 1871 Em 1926 realizou as primeiras hemodiálises em Humanos na cidade de Giessen. 
Gerhard johannes Paul domagk - 1895-1964 -Patologista e Bacteriologista. Recebeu o Nobel de 1939, por ter 
descoberto a sulfa. 
Fritz Albert Lipman - 1899- 1986 - Bioquímico que ganhou o Nobel de Medicina em 1953, por ter descoberto 
a coenzima A. 
Ernst boris Chain - 1906- 1979 - Bioquímico recebeu o Nobel de Medicina de 1945, por seus estudos com a 
penicilina. 
hans Adolf Krebs -1900 - 1981 - Recebeu o Nobel de Medicina em 1953, pelo estudo do ciclo celular do ácido 
cítrico que recebeu seu nome Ciclo de Krebs. 
Paul Kimmestiel - 1900- 1970 - Juntamente com Clifford Wilson descreveu as lesões renais da nefropatia 
diabética. 
Werner Forssmann – 1904 – 1979 - Nobel de 1956, por estudos sobre o cateterismo cardíaco. 
Max delbruch - 1906- 1981 - Nobel de Medicina de 1964, por estudar as infecçoes virais. 
Friedrich Wegener - 1907- 1990 - Patologista que descreveu os primeiros casos de Granulomatose. 
bernard Katz - 1911 -2003 - Nobel de Medicina de 1970, por estudar os mecanismos de transmissões dos 
impulsos nervosos. 
Feodor Felix Konrad Lynen - 1911- 1979 - Nobel de Medicina de 1964, pelos estudos sobre o colesterol. 
Konrad Emil bloch 1912- 2000 - Nobel de Medicina de 1964, pelos estudos sobre o colesterol. 
George Ganter - 1923 - Realizou a primeira diálise peritoneal. 
Klaus Thurau - Início dos estudos de micropunção com ratos com glomérulos superficiais ( Munich -Wistar) 
descobertos em seu laboratório. 
Eberhard Ritz - 1928 - Destacado médico e pesquisador contemporâneo (1295 citações no PubMed) especializado 
em Hipertensão. 
Gunter blobel - 1936 - Nobel de 1999, por descobrir que as proteínas têm sinais intrínsecos que direcionam seu 
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transporte e sua localização nas células. 
bert sakmann - 1942 - Nobel de Medicina em 1991, por ter descoberto a técnica de patch-clamp. 
Christiane Nusslein Volhard - 1942 - Nobel de 1995 por suas descobertas relacionadas ao controle genético do 
desenvolvimento embrionário. 
Erwin neher - 1944 - Nobel de Medicina em 1991 por te descoberto a técnica do patch-clamp. 
Georges j.F.Kohler 1946- 1995 - Nobel de Medicina em 1984 pelo desenvolvimento dos métodos monoclonais. 
Willhelm Kriz - Renomado pesquisador de Heildberg, com 206 artigos citados no PUBMED, com muitos estudos 
sobre o podócito. 
Gerard Opelz - 1945 - Apesar de ter nascido na áustria tem trabalhado em Heidelberg durante os últimos 
30 anos, sendo responsável pelo maior programa de avaliação do sistema HLA em transplantes no mundo o 
Collaborative Transplant Study. 
Kurt semm - Ginecologista pioneiro na cirurgia minimamente invasiva na década de 1980. 
Peter Mundel - Pesquisador com grandes contribuições na área de culturas de podócitos e proteínas podocitárias. 
Kerstin Aman - Renomada Patologista do Instituto de Patologia da Universidade de Erlangen, Nuremberg. 
Chaussy C - em 1980 realiza a primeira litotripsia extracorpórea. 
Guido Filler - Alemão radicado no Canadá, conhecido por muitos brasileiros em função da sua presença em 
nossos Congressos. É um defensor da Cistatina C. 
ALEMãEs qUE RECEbERAM O nObEL EM OUTRAs CATEGORiAs: 
Hoje perfazem mais de uma centena e por falta de espaço citarei apenas alguns, como os agraciados com o 
prêmio de Física: Max Planck, Nobel de 1918, o pai da teoria quântica, Albert Einstein em 1921, Gustav Hertz em 
1925 e Peter Grunberg em 2007. 
Em Química - Dentre mais de 20 laureados citamos: Herman Emil Fischer (1902), Adolf von Bayer (1905) e no 
último ano o berlinense Gerhard Ertl. 
Em literatura foram três: Thomas Mann (1929), Hermann Hesse (1946) e Henrich Boll (1972) e da Paz mais dois: 
Gustav Stresemann ( 1926) e Willy Brandt (1971). 
nEsTA úLTiMA PARTE CiTAREMOs OUTROs ALEMãEs dE dEsTAqUE: 
Johannes Gutenberg, inventor da imprensa no século 15 e Heinrich Hertz, que comprovou em 1888 a existência 
das ondas magnéticas, Gabriel Fahrenheit que criou uma escala para medir temperatura, Hans Geiger que 
inventou o contador de radioatividade e Wernher von Braun expert no desenvolvimento de foguetes. 
 
na religião - Martim Lutero, o criador da religião protestante e o atual Papa católico Joseph Alois Ratzinger.
na pintura - Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 1802 - Weilheim, de 1858) pintor alemão que viajou por 
todo Brasil pintando paisagens e cenas do cotiano. Integrou a missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff 
durante os três anos que permaneceu no Brasil durante 1822-1825. Rugendas era o nome que usava para assinar 
suas obras.
Os naturalistas Ernst Haeckel e Alexander von Humboldt, além do conhecido Homem de Naendertal, encontrado 
em terras alemãs.
 
Filósofos: Nietzche, Hegel, Weber, Goeth, Kant e Karl Marx 
 
nos esportes: A famosa seleção campeã do mundo de 1954, Beckenbauer, Schumaker, os tenistas Boris Becker 
e Stephi Graf, a Adidas. Também tem o mérito de terem organizado 2 copas do mundo, 1974 e 2006 e 2 Jogos 
Olímpicos em 1936 e 1972. 
No cinema organiza o Festival de Berlim e tem diretores famosos como Win Wenders. 
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na arquitetura: Bahaus, escola que foi um marco no design, arquitetura e arte moderna. 
 
nos veículos de transporte: Volkswagen, Mercedes, BMW, Audi e Porsche. 
nas lentes: Carl Zeiss. 
indústrias farmacêuticas: Hoechst, Bayer e Schering. 
nos animais: Pastor alemão, dachshund, weimaraner e rotweiller. 
na indústria: O famoso couro alemão, produtos químicos, eletrônicos, máquinas, automóveis e alimentos. 
 
na comida e bebida: A cerveja e a deliciosa culinária. 
no turismo: cidades maravilhosas e modernas e a famosa rota romântica com os castelos e cidades medievais. 
Curiosidades: O costume de procurar ovos de Páscoa foi iniciado por uma duquesa alemã, a cervejaria 
Hofbrauhaus am Platzl fundada em 1589 localizada no Centro de Munique é a cervejaria mais famosa do mundo 
e Hermann Bruno Otto Blumenau imigrou da Alemanha para o Brasil e fundou a cidade de Blumenau em 1850.
FinALMEnTE A MúsiCA 
 A Alemanha tem em seus compositores clássicos uma de suas maiores fortunas culturais e artísticas. Tentamos 
anexar a cada artigo um link para que um trecho de uma de suas composições fosse ouvido. Infelizmente a falta 
de espaço não nos permitiu e condensamos a grandiosidade de toda essa obra na Nona sinfonia de Beethoven. 
Não podíamos esquecer-nos do grande maestro Herber von Karajan que apesar de ter nascido na Aústria, passou 
35 anos de sua vida à frente da Orquestra Filarmônica de Berlim.
Termino esse editoral citando o nome desses grandes compositores que com suas músicas tem presenteado 
nossos ouvidos, corações, almas e logicamente nossos rins. 
George Philipp Telemann - Magdeburg, 1681- Hamburgo, 1767 
johann sebastian bach - Eisnach, 1685 - 1750, Leipzig 
George Frideric händel - Halle ( Magdeburg), 1685- Londres, 1759 
Ludwig van beethoven - Bonn, 1770 - Viena, 1827 
Felix Mendelssohnbartoldy - Hamburgo 1809 - Leipzig , 1847 
Robert Alexander schumann - Zwickau, 1810 - Bonn 1856 
jacques Offenbach - Cologne, 1819 - Paris 1880 
Richard Wagner - 1813, Leipzig - Veneza,1883 
johannes brahms - Hamburgo, 1833 - Viena, 1897 
Richard strauss - Munique, 1864 - Garmisch-Partenkirchen, 1949 
Carl Orff - Munique, 1895 - Munique 1982 
Auf Wiedersehen und danke schön. 
20 Histórico do Hospital
A vocação para cuidar da saúde da comunidade acompanha o Hospital Alemão Oswaldo Cruz há 114 anos. 
Essa missão está na essência da atividade da Instituição, fundada em 26 de setembro de 1897 por um grupo de 
imigrantes de língua alemã que sonhava em oferecer à comunidade serviços médicos de qualidade, como forma 
de retribuir o acolhimento que recebeu do povo brasileiro.
Nos últimos anos, por meio do planejamento estratégico que orienta sua conduta, o Hospital definiu suas cinco 
áreas de referência e estabeleceu metas de expansão baseadas no conceito de crescimento sustentável. Entre 
as ações realizadas para atingir esses objetivos, houve a implantação de modernas ferramentas de avaliação 
e melhoria de processos, medidas para reforçar o relacionamento com os profissionais e investimentos na 
capacitação de pessoal.
Iniciativas como essas posicionaram o Hospital entre os melhores do mundo, reconhecimento confirmado pela 
conquista da certificação da Joint Commission International (JCI), em 2009.
Naquele ano, o Hospital inaugurou o Instituto da Próstata, o Centro de Diabetes e Doenças Metabólicas, o 
Instituto de Geriatria e Gerontologia, e o Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
O compromisso da Instituição com a pesquisa e o ensino reflete-se na criação do Instituto de Educação e 
Ciências, que desenvolve programas de educação continuada e de pós-graduação, voltados para a qualificação 
profissional, além de realizar pesquisas clínicas e epidemiológicas, contribuindo para a geração e disseminação 
do conhecimento.
O Hospital também intensifica ações que reforçam sua vocação para o trabalho social. Em 2008, houve a assinatura 
de termo de compromisso com o Ministério da Saúde, quando a Instituição foi reconhecida como Entidade 
Beneficente de Assistência Social e, em 2010, foi inaugurada a Unidade Ambulatorial de Sustentabilidade Social 
da Mooca, para atender gratuitamente a pacientes do SUS e sediar a administração dos projetos resultantes 
da parceria com o Ministério. No contexto da expansão do negócio, também estão as inaugurações do Ciama 
– Instituto da Mama, em parceria com a Pro Matre Paulista, do Centro de Especialidades no Campo Belo, e a 
construção de um novo prédio no complexo hospitalar, no Paraíso, a ser inaugurado em 2012.
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“Nada mais interessante do que iniciarmos este capítulo com poesias 
e textos que nos atingem profundamente e tocam a nossa alma.”
Dr. Pedro Renato Chocair
Esta Vida
Um sábio me dizia: esta existência, 
não vale a angústia de viver. A ciência, 
se fôssemos eternos, num transporte 
de desespero inventaria a morte. 
Uma célula orgânica aparece 
no infinito do tempo. E vibra e cresce 
e se desdobra e estala num segundo. 
Homem, eis o que somos neste mundo. 
Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver 
dentro da própria morte, o encanto de morrer. 
Um monge me dizia: ó mocidade, 
és relâmpago ao pé da eternidade! 
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa; 
esta vida não vale grande coisa. 
Uma mulher que chora, um berço a um canto; 
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto. 
Depois o mundo, a luta que intimida, 
quadro círios acesos : eis a vida 
Isto me disse o monge e eu continuei a ver 
dentro da própria morte, o encanto de morrer. 
Guilherme de Almeida
Um pobre me dizia: para o pobre 
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre. 
Deus, eu não creio nesta fantasia. 
Deus me deu fome e sede a cada dia 
mas nunca me deu pão, nem me deu água. 
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa 
de andar de porta em porta, esfarrapado. 
Deu-me esta vida: um pão envenenado. 
Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver, 
dentro da própria morte, o encanto de morrer. 
Uma mulher me disse: vem comigo! 
Fecha os olhos e sonha, meu amigo. 
Sonha um lar, uma doce companheira 
que queiras muito e que também te queira. 
No telhado, um penacho de fumaça. 
Cortinas muito brancas na vidraça 
Um canário que canta na gaiola. 
Que linda a vida lá por dentro rola! 
Pela primeira vez eu comecei a ver, 
dentro da própria vida, o encanto de viver. 
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Segunda Canção 
do Peregrino
Guilherme de Almeida
 
Vencido, exausto, quase morto,
cortei um galho do teu horto
e dele fiz o meu bordão.
Foi minha vista e foi meu tacto:
constantemente foi o pacto
que fez comigo a escuridão.
Pois nem fantasmas, nem torrentes,
nem salteadores, nem serpentes
prevaleceram no meu chão.
Somente os homens, que me viam
passar sozinho, riam, riam,
riam, não sei por que razão.
Mas, certa vez, parei um pouco,
e ouvi gritar:-”Aí vem o louco
que leva uma árvore na mão!”
E, erguendo o olhar, vi folhas, flores,
pássaros, frutos, luzes, cores...
-Tinha florido o meu bordão.
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Cântico Negro
José Régio
“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
24
Os Flamboyants
Rubem Alves
A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que 
eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, 
quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez. Mandei as obrigações às favas e fui caminhar na lagoa 
do Taquaral.
Bem, não fui mesmo caminhar. Meu desejo não era médico, caminhar para combatero colesterol. Caminhar, 
para mim, é uma desculpa para ver, para cheirar, para ouvir... Caminho para levar meus sentidos a dar um 
passeio. Tanta coisa: os patos, os gansos, os eucaliptos, as libélulas, a brisa acarinhando a pele — os pensamentos 
esquecidos dos deveres. Sem pensar, porque, como disse Caeiro, “pensar é estar doente dos olhos”. Aí, quando já 
me preparava para ir embora, já no carro, vejo um amigo. Paramos. Papeamos. Ele, com uma máquina fotográfica. 
Andava por lá, fotografando. Não tenho autorização para dizer o nome dele. Vou chamá-lo de Romeu, aquele que 
amava a Julieta. Me confidenciou: “Vou fazer uma surpresa para a Julieta. Ela adora os flamboyants. E eles estão 
maravilhosos. Vou fazer um álbum de fotografias de flamboyants para ela... Você não quer vir até a nossa casa 
para tomar um cafezinho?”
Fui. Mas ele me advertiu: “Não diga nada para ela. É surpresa...” Esta história tem sua continuação um pouco 
abaixo. Recomeço em outro lugar.
As crianças da 3ª série do Parthenon, escola linda, me convidaram para uma visita. Elas tinham estado fazendo um 
trabalho sobre um livrinho que escrevi, O Gambá Que Não Sabia Sorrir. Queriam me mostrar. Foi uma gostosura. 
É uma felicidade sentir-se amado pelas crianças. Eu me senti feliz. Aí aconteceu uma coisa que não estava no 
programa. Uma menininha, na hora das perguntas, disse que ela havia lido a minha crônica Se Eu Tiver Apenas 
Um Ano a Mais de Vida...
Espantei-me ao saber que uma menina de nove anos lia minhas crônicas. Lia e gostava. Lia e entendia. Aí ela 
acrescentou: “Recortei a crônica e trouxe para a professora...” Confirmou-se aquilo de que eu sempre suspeitara: 
as crianças são mais sábias que os adultos. Porque o fato é que muitos adultos ficaram espantados e não 
quiseram brincar de fazer de contas que eles tinham apenas um ano a mais para viver. Ficaram com medo. 
Acharam mórbido.
As crianças, inconscientemente, sabem que a vida é coisa muito frágil, feito uma bolha de sabão. Minha filha 
Raquel tinha apenas dois anos. Eram seis horas da manhã. Eu estava dormindo. Ela saiu da caminha dela e veio 
me acordar. Veio me acordar porque ela estava lutando com uma idéia que a fazia sofrer. Sacudiu-me, eu acordei, 
sorri para ela, e ela me disse: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?” Eu fiquei pasmo, sem saber 
o que dizer. Mas aí ela me salvou: “Não chore porque eu vou abraçar você...”
As crianças sabem que a vida é marcada por perdas. As pessoas morrem, partem. Partindo, devem sentir saudades 
— porque a vida é tão boa! Por isso, o que nos resta fazer é abraçar o que amamos enquanto a bolha não estoura.
Os adultos não sabem disso porque foram educados. Um dos objetivos da educação é fazer-nos esquecer da 
morte. Você conhece alguma escola em que se fale sobre a morte com os alunos? É preciso esquecer da morte 
para levar a sério os deveres. Esquecidos da morte, a bolha de sabão vira esfera de aço. Inconscientes da morte 
aceitamos como naturais as cargas de repressão, sofrimento e frustração que a realidade social nos impõe. Quem 
sabe que a vida é bolha de sabão passa a desconfiar dos deveres... E, como disse Walt Whitmann, “quem anda 
duzentos metros sem vontade, anda seguindo o próprio funeral, vestindo a própria mortalha”.
O pessoal da poesia está levando a sério a brincadeira. Eu mesmo já fiz vários cortes drásticos em compromissos 
que assumi. Eram esferas de aço. Transformei-os em bolhas de sabão e os estourei. Pois o pessoal da poesia decidiu 
que, no programa de um ano de vida apenas, num dos nossos encontros não haveria leitura de poesia: haveria 
brinquedos e brincadeiras. Cada um trataria de desenterrar os brinquedos que os deveres haviam enterrado.
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Obedeci. Abri o meu baú de brinquedos. Piões, corrupios, bilboquês, iô-iôs e uma infinidade de outros brinquedos 
que não têm nome. Seria indigno que eu levasse piões e não soubesse rodá-los. Peguei um pião e uma fieira 
e fui praticar. Estava rodando o pião no meu jardim quando um cliente chegou. Olhou-me espantado. Ele não 
imaginava que psicanalistas rodassem piões. Psicanalista é pessoa séria, ser do dever. Pião é coisa de criança, ser 
do prazer.
Acho que meus colegas psicanalistas concordariam com meu paciente. A teoria diz que um cliente nada deve 
saber da vida do psicanalista. O psicanalista deve ser apenas um espaço vazio, tela onde o paciente projeta 
suas identificações. Mas a minha vocação é a heresia. Ando na direção contrária. “Você sabe rodar piões?”, eu 
perguntei. Ele não sabia. Acho que ficou com inveja. A sessão de terapia foi sobre isso. E ele me disse que um dos 
seus maiores problemas era o medo do ridículo. Crianças são ridículas. Adultos não são ridículos. Aí conversamos 
sobre uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado: que, talvez, uma das funções da terapia seja fazer com que 
as pessoas não tenham medo das coisas que os “outros” definem como ridículo. Quem não tem medo do ridículo 
está livre do olhar dos outros.
Preparei o encontro de poesia de um jeito diferente. Nada de sopas sofisticadas. Fui procurar macarrão de 
letrinha, coisa de criança. Não encontrei. Encontrei estrelinhas. Fiz sopa de estrelinhas. E toda festa de criança 
tem de ter cachorro-quente. Fiz molho de cachorro-quente. E nada de vinho. Criança não gosta de vinho. Gosta 
é de guaraná.
Foi uma alegria, todo mundo brincando: iô-iôs, piões, corrupios, bilboquês, quebra-cabeças, pererecas (aquelas 
bolas coloridas na ponta de um elástico)... Rimos a mais não poder. Todo mundo ficou leve. Aí tive uma idéia 
que muito me divertiu: que na sala de visitas das casas houvesse um baú de brinquedos. Quando a conversa 
fica chata, a gente abre o baú de brinquedos e faz o convite: “Não gostaria de brincar com corrupio?” E a gente 
começa a brincar com o corrupio e a rir. A visita fica pasma. Não entende. “Quem sabe, ao invés do corrupio, um 
bilboquê?” E a gente brinca com o bilboquê. Aí a gente estende o brinquedo para a visita e diz: “Por favor, nada de 
acanhamentos! Experimente. Você vai gostar...” São duas as possibilidades. Primeira: a visita brinca e gosta e dá 
risadas. Segunda: ela acha que somos ridículos e trata de se despedir para nunca mais voltar...
Pois a Julieta — aquela do Romeu — me trouxe uma pipa de presente. Vou empinar a pipa em algum gramado da 
Unicamp. E aí ela nos contou da surpresa que lhe fizera o Romeu. Fotografias de flamboyants vermelhos — que 
coisa mais romântica! árvores em chamas, incendiadas! Cada apaixonado é um flamboyant vermelho! E nos 
contou das coisas que o Romeu tivera que fazer para que ela não descobrisse o que ele estava preparando.
Mas o mais bonito foi o que ele lhe disse, na entrega do presente. Não sei se foi isso mesmo que ele disse. Sei que 
foi mais ou menos assim: “Sabe, Julieta, aquela história de ter um ano apenas a mais para viver... Pensei que você 
gostava de flamboyants e que você ficaria feliz com um álbum de flamboyants. E concluí que, se eu tiver um ano 
apenas a mais para viver, o que quero é fazer as coisas que farão você feliz...”
Um ano apenas a mais para viver: aí os sentimentos se tornam puros. As palavras que devem ser ditas, devem 
ser ditas agora. Os atos que devem ser feitos, devem ser feitos agora. Quem acha que vai viver muito tempo fica 
deixando tudo para depois. A vida ainda não começou. Vai começar depois da construção da casa, depois da 
educação dos filhos, depois da segurança financeira, depois da aposentadoria...
As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama 
do amor está queimando...
O texto acima foi extraído do jornal “Correio Popular”, de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna 
bissemanal.
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Como eu trato a alma
A palavra hebraica para alma é nefesch, que significa garganta. Os gregos a traduzem por psyche, que significa 
soprar, respirar. Já em latim é anima, de anemos, que é vento. Para muitos povos, alma é um respirador invisível. 
No Antigo Testamento, a alma é o sopro da vida, a força de vida que faz de nós seres humanos. Carl Gustav Jung 
dizia que a alma é uma instância curadora que opera em nós de forma oculta e que assume a direção de nossa 
vida quando o nosso eu consciente falha. 
Essas e outras definições demonstram que somos mais do que nosso corpo visível e material. Nossa interioridade 
precisa ser acolhida, cuidada, porque é ali que está o que temos de mais profundo e mais precioso – o sopro 
divino em nós. A alma é, por assim dizer, o centro interior de transformação que faz das vivências externas 
experiências intrínsecas. 
Mas como tratar a alma quando o corpo está dando sinais de SOS? O acolhimento, a atenção e a escuta ativa são 
instrumentos vitais para que o paciente se sinta cuidado de forma verdadeira e integral.
O monge beneditino Anselm Grün escreve sobre esse núcleo interior que todos temos, esse lugar onde habita o 
sopro divino em nós: “Por vezes os nossos recursos se encontram escondidos por debaixo de uma grossa casca. 
Quando alcanço o núcleo interno no qual se encontra concentrada toda a força, nova energia fluirá para os meus 
pensamentos e ações, algo desabrochará em mim. Em cada um de nós existe este núcleo, repleto de energia e 
esperança.” Ali onde Deus habita em mim é que permaneço saudável e inteiro; onde a doença perde seu poder 
– ali está minha alma. 
Algumas vezes o corpo dói porque a alma adoeceu; noutras vezes, a alma é que dói porque o corpo está doente. 
Não há como separar um do outro, não temos um corpo e uma alma – somos corpo e somos alma. 
Não é possível curar o paciente se não o enxergarmos como alguém inteiro. Abraham Heschel escreveu: “A alma 
tem seu lar onde se reza. A oração é a morada da alma.” Sendo assim, tratar da alma é ajudar o paciente a se 
reencontrar, ou a encontrar pela primeira vez esse seu núcleo interior onde pode acessar suas forças, sua fé, suas 
energias vitais e sua cura. Rezar, ou orar, significa entrar em contato com o desejo da alma e ajudar o paciente 
a fazer esse contato, esse caminho até si mesmo – um caminho terapêutico necessário, seja na trajetória para a 
vida ou para a morte. 
Como a alma não aparece em exame algum, o paciente até pode estranhar que queiramos nos (pre)ocupar com o 
assunto. Mas é ali onde conseguimos colocar nosso amor – que não tem pátria em religião nenhuma e é humano 
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Pastora Vera Cristina Weissheimer
enfa. suzana Bianchini (Coren 50656)
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desde que o primeiro humano começou a perambular pela terra – que colocamos também nossa alma. 
Tratar a alma é ouvir as queixas do paciente em relação à saudade do seu cachorrinho, do qual teve que se afastar; 
é dar importância à angústia, mesmo quando a dor está sob controle; é dar a mão, mesmo que isso não conste 
nos protocolos; é ter um pouco mais de tempo, porque por vezes o que o paciente tem para contar pode não ter 
a ver com a dor em si, mas é sintoma de um quadro maior – a difícil e maravilhosa tarefa de ser um ser humano.
Temos ainda, na área da saúde e, mais especificamente, no cuidado ao paciente, um modelo assistencial 
denominado Relationship-Based Care (RBC) ou Cuidado Baseado no Relacionamento, que se propõe a 
instrumentalizar os profissionais do cuidado direto e indireto, para que transformem a prática do cuidar. As 
transformações necessárias para que o paciente e sua família sejam verdadeiramente o centro da prática dos 
profissionais do cuidar, pedem que estes reflitam sobre três pontos principais do RBC: o relacionamento com 
paciente e família, o autoconhecimento e o relacionamento com os colegas.
Quando se refere ao autoconhecimento, a compreensão de que todos os seres humanos são formados por 
corpo, mente e espírito, é primordial para trazer a reflexão sobre a necessidade de equilíbrio entre esses três 
componentes para que haja a saúde, como também a promoção da cura. 
O profissional que se propõe a transformar sua prática, adotando o RBC como modelo de cuidar, deve iniciar essa 
transformação pelo autoconhecimento, por uma reflexão profunda sobre seus desejos pessoais e profissionais 
e sua visão de futuro. A grande reflexão consiste em “se ver com os olhos do outro”, enxergando desta forma 
como ele é percebido pelo outro e como ele se relaciona com o outro. Essa percepção consiste no momento vital 
para a construção de um ambiente em que os relacionamentos sejam baseados e constituídos verdadeiramente 
no respeito entre os seres humanos, respeito entre os membros da equipe multiprofissional e conseqüentemente 
no respeito pelo paciente e sua família. Esse respeito fará com que todos os envolvidos no processo de cuidar 
possam dizer que verdadeiramente foram vistos, ouvidos e receberam atenção.
A construção de relacionamentos baseados no respeito mútuo criará verdadeiros ambientes de cuidado e de 
cura, onde o cuidar técnico é extremamente importante, mas o cuidar por meio de relacionamentos de respeito 
entre os seres humanos pode promover a cura da alma, mesmo que por um breve momento, mas que será 
extremamente impactante para todos os envolvidos no processo do cuidar.
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O luto no contexto hospitalar
“Porém, embora a gente faça de tudo para não notar, a morte está empoleirada em nosso ombro, espiando com seu 
inquietante olho de coruja: o que fazer com tal inquilina e com o tempo que ela ainda nos concede?” (Luft, 2006) 
Cada cultura tem suas próprias representações da morte. Em nossa atual sociedade, creio haver um misto daquilo que 
Ariès (1977) denomina de morte interdita e/ou oculta e que Kovács (2003) denomina de morte escancarada. Na primeira, 
a morte é vista como inimiga a ser vencida a qualquer custo, muitas vezes às custas daquilo que podemos chamar de 
vida. A obstinação terapêutica, pode-se dizer, dela é fruto e os grandes combatentes da morte são os médicos aos quais 
é atribuído (e eles muitas vezes também o fazem), o papel de guardiães da vida (Zaidhaft, 1990). Na segunda, a morte é 
banalizada, trazida de todas as formas pela mídia (que invade as casas), sem a possibilidade de uma mediação... Há, por 
assim dizer, uma banalização da morte, podendo levar a uma banalização da vida, do humano...
Ambas as formas de representação da morte trazem como consequência a desumanização daquilo que há de mais 
humano: nossa finitude! Afinal, ela tocará a todos nós, ainda que não saibamos quando, onde e como. Apenas intuímos 
que talvez ela possa ser suavizada se houver alguém que seja presença e companhia, atravessando junto conosco o vasto 
campo da solidão.
Também como consequência dos avanços científicos e tecnológicos do século passado e deste século, há uma mudança 
no que concerne ao local da morte, passando este a ser predominantemente o hospital onde, paciente, familiares e equipe 
de saúde formam, segundo penso, uma unidade de cuidados. Como tal, as ações, omissões, sentimentos, o dito e o não 
dito por um, terá reflexos no outro. São as reverberações...
Qual a importância de entendermos as representações da morte e delas nos apropriamos? 
Elas são fundamentais para a forma como o processo de luto será ou não vivido, além, é claro, da “bagagem” e características 
pessoais de cada um.
O PROCEssO dE LUTO
(...) E fostes e eu fiquei.
 Fiquei começando por onde terminaste.
Não houve confronto, houve renúncia.
E te devo. Não o que me cobraste.
Pois ao te descobrir, me revelei.
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PsiCóloga ingrid esslinger (CrP 06/21550-5)
 A iniciativa no acalanto da partida...
 (...) Vai. Não te posso impedir.
Não te seguirei... Nem devo.
 Tentarei ir pelo caminho de mim.
“Perda” , Leda Lisboa
Este poema traz, de forma belíssima, sensível e clara, a tarefa principal do processo de luto: deixar o morto ir sem que com 
ele morramos!
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O luto é definido como um processo que tem início após a perda significativa de um objeto – entendido no sentido 
psicanalítico, ou seja, uma pessoa, um relacionamento e até uma situação que tenham sido investidos de afeto e energia, 
com a qual se tem um vínculo forte. O papel-tarefa do luto é dar um sentido à perda para que a pessoa enlutada consiga 
seguir em frente. O psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby (1907-1990) define como tarefa deste processo reconhecer 
e aceitar a realidade; lidar com os problemas que advêm da experiência da perda, permitindo que a pessoa se reorganize 
sem a presença do objeto perdido. Uma das principais condições para que este trabalho se complete é a possibilidade de 
compartilhamento e expressão da dor.
Pergunto: a formação dos profissionais de saúde, notadamente do médico, os instrumentaliza para lidar com as questões 
“do coração”? E mais: aos profissionais de saúde é dado o suporte necessário para lidar com o seu próprio luto? A dor 
destes profissionais é reconhecida, acolhida e validada?
Observa-se neste processo de formação, ausência ou escassez de disciplinas que discutam tanto os aspectos cognitivos 
quanto afetivos relacionados ao processo do morrer e do luto; há também, como apontam vários estudos (Carvalho, 
Esslinger, Kovács, Shimizu), uma ausência de cuidado a estes cuidadores e esta é minha questão central: como posso 
cuidar, se não sou cuidado? Como posso ajudar o outro na expressão e elaboração de seu luto se a mim é vetado o contato 
com os sentimentos? Ou, quando os sentimentos são percebidos, o profissional passar a questionar seu profissionalismo!
Franco (2003), ressalta que as relações no contexto hospitalar apresentam múltiplas implicações. São relações profissionais, 
mas que reeditam vínculos anteriores. Nas palavras da autora: “o profissional que trabalha em hospital sabe que há 
pacientes especiais, com os quais estabelece uma relação diferenciada. A morte deste paciente provoca luto, como se fosse 
por uma pessoa com a qual mantém relações de outra ordem, que não a profissional...É, portanto, um luto que precisa ser 
admitido, reconhecido e vivido em sua integridade, como um luto que tivesse ocorrido em outro contexto”. 
Alguns depoimentos extraídos de minha pesquisa de doutorado (Esslinger, 2004), demonstram claramente o grau de 
sofrimento contido na não legitimação dos sentimentos destes profissionais:
“O médico, a gente é formado para evitar que as pessoas morram. Vou falar do médico “geralmente” e do médico “eu”. 
Nossa formação é para curar. Você não é formado para estar junto num processo de morte. Acompanhar isso aí com todas 
as coisas que são inerentes à família, paciente e tudo isto”.
“Parece que a enfermeira que chora ao lado do leito do paciente que acabou de morrer, ou que chora junto com a família, 
quando a família está lidando com a situação de morte, é uma enfermeira pouco preparada, é uma enfermeira que não 
sabe lidar com as emoções”.
“Desde o primeiro momento eu quis idealizar algumas coisas. Até que ponto a dificuldade em dar o diagnóstico é minha, 
porque não tolero a frustração de não ser bom; até que ponto é a dificuldade também de não aguentar ver o sofrimento 
de outra pessoa ou de não ser aceito, de não ser visto como todo poderoso?”
Pode-se dizer que no hospital prevalece o luto não franqueado que caracteriza qualquer processo em que aquilo que foi 
perdido não é reconhecido e/ou valorizado pela sociedade ou em um determinado contexto (por exemplo, a instituição 
hospitalar). Segundo Doka (2002), há cinco razões para o não reconhecimento da dor daquele que sofre a perda. Uma delas, 
o enlutado não reconhecido, aplica-se aos profissionais de saúde. Considerando que o cotidiano destes é permeado por 
inúmeras situações de perdas, doença e morte, não fica difícil entender o porquê do alto índice de adoecimento desta categoria.
Numa perspectiva sistêmica, a morte pode ser entendida como um processo transicional, que envolve os mortos e 
os sobreviventes num ciclo de vida comum, que reconhece a finalidade da morte e a continuidade da vida: cabe aos 
profissionais de saúde ajudar neste processo, colocando a perda numa perspectiva funcional o que significa ajudar as 
famílias a estar em harmonia com o passado, não em luta para recapturá-lo, escapar dele ou esquecê-lo. A família e o 
paciente têm como tarefas:
a- O reconhecimento compartilhado da realidade da perda
b- A reorganização do sistema
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c- O investimento em outro projeto
No médico e na equipe de saúde de forma geral é depositado um “saber/poder”, um “saber/fazer” que dá ao paciente e aos 
familiares a segurança de que haverá alguém em quem e a quem confiar sua dor. Alguém que, como bem diz Alves , “ande 
comigo no escuro da noite, segure meu medo em suas mãos”.
Pela confiança depositada por parte dos pacientes e familiares na equipe de saúde, num momento de extrema 
vulnerabilidade, faz-se necessário que este profissional entre constantemente em contato com sua história pessoal de 
perdas e rompimento de vínculos.
 
Um caminho para a humanização do cuidado...
Humanizar é acolher esta necessidade de resgate e articulação de aspectos indissociáveis: o sentimento e o conhecimento. 
Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o enfermeiro, o profissional que cuida da saúde do próximo, 
encontre a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, do 
imprevisível, do incontrolável, do diferente, do singular, reconhecendo seus limites. (Baraúna, 2003).
Para tanto, torna-se necessário que as instituições repensem a maneira como cuidam de quem cuida. Para fazer referência 
ao título desta obra: como tratar e/ou cuidar de quem cuida?
Existem inúmeros caminhos os quais não vou descrever no presente artigo, mas é inegável que todos eles passam pela 
integração dos aspectos acima mencionados: ciência e sapientia. Todos os caminhos passam também por um resgate 
da morte familiar, domada, nomeada, “na hora certa”. Neste sentido, muito do cuidado aos cuidadores profissionais será 
decorrente de uma mudança de paradigma na instituição hospitalar: do curar, para o cuidar! 
Faz-se extremamente necessário uma adequada percepção de quais as necessidades psicológicas do profissional que tem, 
nas palavras de Pitta, a dor e a morte como ofício!
Faço minhas as palavras de Alves (1997):
“Sugiro, para a ciência, uma nova consciência: a de serva da sapientia. O único propósito dos saberes é tornar possível a 
exuberância dos sabores. Pois o que Barthes disse, afinal de contas, é que dali para a frente ele tomava a culinária como 
modelo para seu labor intelectual. Quem sabe, algum dia, esquecidos os saberes acumulados, cientistas e mestres se 
tornarão sábios e as escolas e universidades tomarão as cozinhas como modelo...”
Como pode se dar este cuidado na prática? Este tema pode ficar para uma próxima reflexão.
“ O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida”.
(Dame Cicely Saunders)
Referências bibliográficas
- Alves, R. Cenas da vida. Campinas, Papirus, 1997.
- Alves, R. Entre a ciência e a sapientia. São Paulo, Loyola, 1999.
- Ariès, P. História da morte no ocidente. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1977.
- Baraúna, T. Humanizar a ação para humanizar o ato de cuidar. O mundo da saúde, v. 27, n 2, p.304-307, 2003.
- Bowlby,J. Perda, tristeza e depressão. Vol. III. São Paulo, Martins Fontes, 1973.
- Carvalho, V. A. Cuidados com o cuidador/Who cares for the carers? O mundo da saúde, v.27,n.1, p.138-146, 2003.
- Doka, K.J. Disenfranchized grief- New directions, challenges and strategies for practice. Research Press, 2002.
- Esslinger, I. De quem é a vida, afinal? Descortinando os cenários da morte no hospital. São Paulo, Casa do Psicólogo/Loyola, 2004.
- Esslinger, I.; Kovács, M.J.; Vaiciunas, N. Cuidando do Cuidador no Contexto Hospitalar. O mundo da saúde, v. 28, n.3, p. 277-283, 2004.
- Esslinger, I.; Kovács, M.J.; Vaiciunas, N. Cuidando do Cuidador em UTIs Pediátrica e NeoNatal. O mundo da saúde, v. 32(1), p. 24-30, 2008.
- Esslinger, I. Luto Proibido, In: Revista Mente e Cérebro, p 55 a 57, Ed. Duetto, ano XVIII, n. 216., janeiro/2011.
- Franco, M.H.P. Cuidados Paliativos e o Luto no Contexto Hospitalar, Mundo da Saúde, v.27, n.1, 2003.
- Kovács, M.J. Educação para a morte – Desafio na formação de profissionais de saúde e educação. São Paulo, Casa do Psicólogo,2003.
- Luft, L. Em outras palavras – Crônicas Rio de Janeiro- São Paulo, Record, 2006.
- Pitta, A. Hospital: dor e more como ofício. São Paulo, Hucitec, 1990.
- Zaidhaft, S. Morte e formação médica – Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1990.
- Shimizu, H.E. As representações dos trabalhadores de enfermagem não enfermeiros (técnicos e auxiliares de enfermagem) sobre o 
trabalho em unidades de terapia intensiva em um hospital-escola. São Paulo, Dissertação de doutorado. Escola de Enfermagem, USP, 2000.
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O imbricamento entre a clínica e o direito na 
questão da terminalidade
O tema em apreço é eivado de ideias equivocadas e mesmo, algumas, pelo menos, preconceituosas. A finalidade 
deste texto será, portanto, esclarecer o quanto possível os conceitos a ele afetos. Falaremos de eutanásia, 
distanásia, ortotanásia e algumas entidades clínicas relacionadas.
A eutanásia comporta definição clínica e jurídica.
Para o melhor entendimento do conceito clínico, é necessário lembrar que a vida é um ciclo biológico que 
terminará, inexoravelmente, em algum momento.
Posto isso, pode-se definir eutanásia, medicamente, como qualquer ação humana, comissiva ou omissiva, que 
antecipe o término natural desse ciclo, provocando a morte. 
Ao contrário, distanásia define-se como qualquer ação que prolongue a vida para além do momento do término 
natural do ciclo. Constitui-se, concretamente, na aplicação de medidas terapêuticas denominadas “fúteis” ou 
“inúteis” porque não possuem mais a finalidade de cura e tampouco de conforto e, ainda mais: caracterizam-se 
por prolongar o sofrimento e agonia do paciente e família.
Do ponto de vista jurídico, a eutanásia enquadra-se na hipótese da primeira figura do § 1º (“Se o agente comete 
o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou social”) do art. 121 do Código Penal (CP): trata-se, 
portanto, de homicídio, embora em um modo beneficiado por uma condição privilegiadora, o que significa, no 
caso, diminuição da pena entre 1/6 e 1/3 daquela aplicada à forma simples ou fundamental, que é de 6 a 20 anos.
Não há, evidentemente, tratamento jurídico para medidas caracterizáveis como distanásicas, mas faremos 
algumas considerações nesse sentido no desenrolar deste texto.
Em contraponto às condutas expressas pelos dois conceitos expostos acima e para exprimir o que seria a conduta 
equilibrada entre ambas, que se caracterizasse, em termos amplos, pelo respeito ao transcorrer natural dos 
últimos momentos da vida, cunhou-se o termo ortotanásia.
Parte dos estudiosos do assunto evita o uso desse termo, porque, pela semelhança com a palavra eutanásia, teria 
incorporado certa carga de valor simbólico negativo. Utilizam-se, assim, preferencialmente, de termos tais como 
terminalidade, medidas paliativas e paliativismo.
Diferentemente de outros países, não há leis no Brasil que tenham como objeto regulamentar o paliativismo. 
Há, sim, três normas referentes ao assunto: um dispositivo de lei e duas resoluções do CONSELHO FEDERAL DE 
MEDICINA (CFM).
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dr. sergio Pittelli (oaB/sP 165.277)
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O dispositivo legal, entretanto, vem a ser exatamente o já citado art. 121 do CP, que, como sabido, não tem por 
objeto precípuo as situações clínicas terminais (certamente nem se cogitava esse tipo de questão quando da 
edição deste código, em 1940), tratando o assunto apenas de forma tangencial, ao qualificar a eutanásia como 
forma privilegiada de homicídio. Trata-se mais de um marco delimitador da ação do médico, uma espécie de 
“cerca” além da qual estaria o profissional agindo no campo da ilegalidade.
Sendo assim, as duas únicas normas precipuamente voltadas para o objeto em questão são infra-legais: as 
Resoluções 1805/2006 e o CóDIGO DE ÉTICA MÉDICA, Resolução 1931/2009, ambas do CFM.
Consideramos a Resolução 1805/2006 uma elaboração de rara felicidade por incorporar simplicidade (são apenas 
dois artigos tratando o objeto) e abrangência plena do tema.
Transcrevemos abaixo os dois artigos, seguidos dos comentários pertinentes.
Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a 
vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou 
de seu representante legal.
Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que 
levam ao sofrimento, assegurada a assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, 
inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar. 
Do primeiro dispositivo vale ressaltar, inicialmente, tratar-se de norma permissiva e não imperativa. Ou seja, o 
médico está autorizado, mas não obrigado a proceder nos termos preconizados.
Por outro lado, as situações em que se aplica o dispositivo caracterizam-se pela tríade terminalidade, gravidade 
e incurabilidade; estando ausente qualquer um dos três elementos, não está caracterizada a condição abrangida 
pela norma. As implicações desta constatação serão expostas mais à frente. 
O sentido da norma completa-se com o texto do art. 2º, que, ao determinar a continuidade dos cuidados sob 
forma de medidas de alívio e conforto, afasta definitiva e expressamente a ideia de abandono que setores da 
sociedade atribuem às medidas paliativas.
Significativamente, a norma não define terminalidade. Tal condição vem a ser um diagnóstico médico feito no 
caso concreto.
Por último, integram o art. 1º três parágrafos que garantem direitos do paciente, tais como informação e 
autonomia (§§ 1º e 2º) e obrigam o médico a registrar suas decisões no prontuário (§ 3º).
Logo após sua edição, a Resolução 1805/2006 foi objeto de equivocada ação judicial por parte do Ministério 
Público Federa, tendo tido, num primeiro momento, sua eficácia suspensa liminarmente. Posteriormente, 
entretanto, o próprio órgão pediu a improcedência da ação, o que efetivamente se concretizou em sentença 
transitada em julgado, de modo que, hoje, a norma vige plenamente.
Vejamos agora o segundo dispositivo, que vem a ser o CóDIGO DE ÉTICA MÉDICA (CEM), Resolução 1931/2009.
Dele, interessa-nos o art. 41 (capítulo V – Relação com pacientes e familiares), abaixo transcrito.
(É vedado ao médico:)
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos 
disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em 
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
O caput do artigo