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Contrato de Mútuo É o empréstimo de coisas fungíveis, pelo qual o mutuário obriga -se a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (CC, art. 586). O mutuante transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário. Constitui empréstimo para consumo, pois o mutuário não é obrigado a devolver o mesmo bem, do qual se torna dono (pode consumi-lo, aliená-lo, abandoná-lo, p. ex.), mas, sim, coisa da mesma espécie. É realmente o empréstimo de coisas que podem ser consumidas por aquele que as recebe. Se o mutuário puder restituir coisa de natureza diversa, ou soma em dinheiro, haverá respectivamente troca ou compra e venda, e não mútuo, salvo, no último caso, se o empréstimo for de dinheiro, que é bem fungível. Diferenças entre os contratos de Mútuo e Comodato · O mútuo é empréstimo de consumo, enquanto o comodato é de uso. · O mútuo tem por objeto coisas fungíveis, e o comodato, bens infungíveis. · O mutuário desobriga -se, restituindo coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, mas o comodatário só se exonera restituindo a própria coisa emprestada. · No mútuo acarreta a transferência do domínio — o que não ocorre no comodato. · O contrato de mútuo permite a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir a coisa a terceiro. Características do Contrato de Mútuo · É contrato real: aperfeiçoa -se com a entrega da coisa emprestada, não bastando o acordo de vontades ou promessa de emprestar. A tradição é, pois, requisito de constituição da relação contratual, sem a qual há apenas promessa de mutuar. · É tratado no Código como contrato gratuito, embora o empréstimo de dinheiro seja, em regra, oneroso, com estipulação de juros, sendo por isso denominado mútuo feneratício (empréstimo de dinheiro com juros) · É contrato unilateral, porque, entregue a coisa, quando se aperfeiçoa, as obrigações recaem somente sobre o mutuário. Porque, entregue a coisa emprestada nada mais cabe ao mutuante, recaindo as obrigações somente sobre o mutuário. “O mútuo é o único contrato unilateral oneroso, quando feneratício” · É contrato não solene (de forma livre), por não ser exigida nenhuma formalidade especial para a sua celebração. Todavia, para possibilitar e facilitar a prova de sua existência, deve obedecer à forma escrita. · É contrato temporário, pois será doação se não houver prazo determinado ou determinável e for, assim, perpétuo. A propósito, prescreve o art. 592 do Código Civil que, “não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I — até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II — de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III — do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível”. Requisitos Subjetivos São os seguintes: · Como o mútuo transfere o domínio, o mutuante deve ser proprietário daquilo que empresta. · O mutuante também deve ter capacidade para dispor da coisa. · O mutuário, por sua vez, há de ser habilitado a obrigar -se. Direitos e obrigações das partes · Mutuante: Sendo o mútuo contrato real e unilateral, que se perfaz com a entrega da coisa emprestada, uma vez efetuada a tradição, nada mais cabe ao mutuante, recaindo as obrigações somente sobre o mutuário. Em princípio, pois, inexistem obrigações para o mutuante. Todavia, admite a doutrina a sua responsabilidade pelos prejuízos decorrentes de vícios ou defeitos da coisa, de que tinha conhecimento, e a respeito dos quais não informou o mutuário, malgrado se trate de hipótese rara. · Mutuário: As obrigações do mutuário, pode -se dizer, resumem -se numa só: restituir, no prazo convencionado, a mesma quantidade e qualidade de coisas recebidas e, na sua falta, pagar o seu valor, tendo em vista o tempo e o lugar em que, segundo a estipulação, devia-se fazer a restituição, quando o contrato não tiver dinheiro por objeto. Se a coisa, ao tempo do pagamento, estiver desvalorizada, deve ser restituído o valor que tinha na data do empréstimo, pelo qual ingressou no patrimônio do mutuário. O mutuante tem o direito de exigir “garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica” (CC, art. 590). Abstendo -se o mutuário de prestar a garantia exigida, pode o mutuante considerar antecipadamente vencida a obrigação, descontando da importância os juros legalmente cabíveis (CC, art. 333, III). Questões com gabarito – Contratos de mútuo e comodato 1. Das alternativas abaixo, qual delas não é característica do contrato de comodato? a) é contrato real; b) é contrato gratuito; c) é contrato bilateral; d) é contrato de execução futura; e) é contrato típico. Gabarito: “c”. O comodato é contrato unilateral, porque, aperfeiçoando -se com a tradição, gera obrigações apenas para o comodatário. Uma vez constituído pela tradição, apenas o comodatário passa a ter obrigações definidas e constantes. 2. Das alternativas abaixo, qual delas não é característica do contrato de mútuo? a) é contrato real; b) é contrato gratuito; c) é contrato solene; d) é contrato temporário; e) é contrato unilateral. Gabarito: “c”. O mútuo é contrato não solene, por não ser exigida nenhuma formalidade especial para a sua celebração. 3. Analisando -se as características do contrato de comodato, pode –se afirmar a possibilidade de empréstimo de bem fungível nessa modalidade? a) Não, pois é da essência do contrato de comodato a fungibilidade do bem, do contrário será contrato de mútuo. b) Sim, pois não é da natureza do contrato de comodato a fungibilidade do bem móvel, em razão da indicação real que o contrato se perfaz com sua tradição. c) Não, pois o Código Civil determina expressamente que o bem seja infungível, por ser impossível converter a Infungibilidade em fungibilidade. d) Não, pois não é da natureza do comodato a fungibilidade do bem, por não haver bens móveis infungíveis. e) Sim, pois as partes podem convencionar a infungibilidade de um bem naturalmente fungível. Gabarito: “e”. O comodato de bens fungíveis ou consumíveis só é admitido quando, excepcionalmente, as partes convencionam a infungibilidade de coisas naturalmente fungíveis e consumíveis, por exemplo, quando são emprestadas para serem exibidas em uma exposição, devendo ser restituí das as mesmas. Comentários à outros contratos Contrato de Troca ou Permuta A equipe “Contrato Troca ou Permuta” tratou sobre sua temática no dia 09/10/2018. Conforme suas colocações a Troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro. Diferindo da compra e venda apenas porque, nesta, a prestação de uma das partes consiste em dinheiro. Aplicam -se à troca as disposições referentes à compra e venda, com duas ressalvas (art. 533, I e II). Como ocorre com a compra e venda, a troca é negócio jurídico bilateral, oneroso e consensual, não tendo caráter real, mas apenas obrigacional. Se os valores são desiguais, e o objeto que pertence ao ascendente é mais valioso, os demais descendentes devem consentir expressamente (art. 533, II). Contrato de depósito A equipe “Contrato de Depósito” expôs sobre o tema no dia 11/10/2018, conforme a explanação Depósito é o contrato em que uma das partes, nomeada depositário, recebe da outra, denominada depositante, uma coisa móvel, para guardá-la, com a obrigação de restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada. Dispõe o art. 627 do Código Civil que “pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame”. O termo depósito, todavia, é empregado em duplo sentido: ora refere -se à relação contratual ou contrato propriamente dito, ora ao seu objeto ou coisa depositada. O art. 644 do aludido diploma, por exemplo, declara que “o depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida...”. Modelo de Contrato de Comodato Modelo de Contrato deMútuo
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