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FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br 1. Resenha contendo as patologias associadas às infecções sexualmente transmissíveis que devem ser rotineiramente consideradas na avaliação de uma gestante Todas as gestantes e suas parcerias sexuais devem ser investigadas para IST e informadas sobre a possibilidade de infecções perinatais. A triagem de IST durante a gravidez é uma intervenção eficaz, mas cuja efetividade depende de vários fatores (ex.: agravo/doença, acesso ao serviço de saúde, ampliação da cobertura de testagem e tratamento, entre outros). HIV A triagem deve ser realizada na primeira consulta do pré-natal, idealmente no primeiro e no terceiro trimestre da gestação. Esses exames são realizados por meio da coleta de sangue da paciente, e a testagem deve ser feita o quanto antes, caso a mãe já saiba que é soropositiva. Porém, no caso de gestantes que não tiveram acesso ao pré-natal, o diagnóstico pode ocorrer no momento do parto, na própria maternidade, por meio do TR para HIV. (BRASIL, 2010) Gestantes diagnosticadas com HIV devem ser encaminhadas para o pré- natal de alto risco ou SAE, devendo manter o vínculo com a atenção básica. Como a infecção pelo HIV é de caráter sistêmico, deve-se fazer um exame físico geral e observar sintomatologias clínicas sugestivas da manifestação da doença ou de outras infecções oportunistas. Além disso, as gestantes que forem diagnosticadas com HIV durante o pré-natal têm indicação de tratamento com os medicamentos antirretrovirais durante toda gestação e, se orientado pelo médico, também no parto. O tratamento previne a transmissão vertical do HIV para a criança. O recém-nascido deve receber o medicamento antirretroviral (xarope) e ser acompanhado no serviço de saúde. Recomenda-se também a não amamentação, evitando a transmissão do HIV para a criança por meio do leite materno. (BRASIL, 2010) IMPORTANTE: mulheres com diagnóstico negativo para HIV durante o pré-natal ou parto devem utilizar camisinha (masculina ou feminina) nas relações sexuais, inclusive durante o período de amamentação, prevenindo a infecção e possibilitando o crescimento saudável do bebê. Conduta no parto: • A proteção da equipe de saúde durante a condução e manejo do parto deve obedecer às normas universais de proteção. • Deve-se postergar, ao máximo, a prática da amniotomia na condução do parto transpélvico de pacientes soro-positivas. Curso de Medicina Semestre: 2021.2 Turma: 10 Disciplina: Sistemas Orgânicos Integrados III (TIC’s) Aluna: Kamilla da Silva de Galiza FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br • Tentar evitar, se possível, toques vaginais repetidos, episiotomia ou parto operatório (fórcipe). � As indicações da via de parto são obstétricas. • Quando a carga vira for superior ou igual a 1000 cópias/ml ou desconhecida (não investigada ou anterior a 34 semanas de gestação) é indicada a operação cesariana. • Durante o trabalho de parto, ou no dia da cesariana programada, manter os medicamentos antirretrovirais orais utilizados pela gestante, nos seus horários habituais, independentemente do jejum, ingeridos com pequena quantidade de água, inclusive durante o período de infusão venosa do AZT. A única droga que deve ser suspensa até 12 horas antes do início do AZT venoso é a d4T (estavudina). • Durante o trabalho de parto deve ser feita a aplicação de AZT por via venosa até o clampeamento do cordão umbilical. • Em caso de cesariana eletiva, o AZT deve ser utilizado por pelo menos quatro horas antes do procedimento cirúrgico. • Utilizar antibiotico profilático materno, dose única de cefazolina ou cefalotina 2g IV, logo após a expulsão do feto no parto vaginal. Sífilis A triagem deve ser realizada na primeira consulta do pré-natal, idealmente no primeiro trimestre da gravidez, no início do terceiro trimestre (28ª semana), no momento do parto (independentemente de exames anteriores), e em caso de abortamento. (MONTENEGRO, 2010) É bem infrequente uma gestante apresentar doença clínica, já que as lesões de fase primária, o cancro ocorre em canal vaginal ou colo de útero e passam despercebidas. Entretanto, em qualquer gestante que refira lesão ulcerada em região genital, atual ou prévia, sífilis deve sempre ser considerada. A presença de rash cutâneo que acometa palma de mãos e planta de pés deve levantar a possibilidade de sífilis na fase secundária assim como a presença de condiloma plano. A maioria das gestantes atendidas em pré-natal e diagnosticadas com sífilis se apresenta assintomática e sem história prévia de infecção ou tratamento, sendo, então, diagnosticadas na fase latente indeterminada da doença. Trabalho nacional de 2006 identificou que 87% das gestantes diagnosticadas, se encontrava na fase latente. (BRASIL, 2010) O risco de transmissão vertical é muito elevado na doença sintomática (fases primária e secundária) variando de 90 a 100%. Nas fases latentes e terciária o risco varia entre 10 e 30%. A transmissão será maior quanto mais avançada for a gestação, já que a permeabilidade da barreira placentária aumenta com a idade gestacional, sendo também maior nas fases primária e secundária, pois a carga de treponema circulante é maior nessa situação. A identificação da infecção na gestação inclui a realização de testes laboratoriais, já que a maioria das mulheres se encontra assintomática. O fluxograma padrão inclui a realização de um teste não treponêmico (VDRL ou RPR) associado a um teste treponêmico (TPHA ou FTA- Abs). Os testes não treponêmicos (VDRL, FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br RPR) apresentam a vantagem de serem muito sensíveis e poderem ser titulados, o que auxilia na avaliação de resposta ao tratamento. Entretanto, como se baseiam na detecção de anticorpos anticardiolipina, essas reações podem apresentar resultados falso-positivos (menos de 2%); eles também podem apresentar resultados falso-negativos em até 25% dos indivíduos em fase latente da doença. Como essa situação é frequente em gestantes, recomenda-se a realização simultânea de testes não treponêmicos e treponêmicos. Os testes treponêmicos (FTAAbs, TPHA, Teste rápido) são específicos para sífilis e confirmam o diagnóstico da doença. Entretanto, mesmo após tratamento adequado eles não negativam, persistindo como marca sorológica da infecção. Outra opção é realizar inicialmente uma prova treponêmica automatizada, com a utilização de técnicas imunoenzimáticas (CLIA ou CMIA, pelo seu baixo custo e automatização; apresentam alta sensibilidade, mas menor especificidade). Assim, frente a uma prova imunoenzimática negativa, pode-se descartar a presença da infecção. Entretanto, frente a uma prova positiva deverá ser realizada confirmação com a realização de VDRL e TPHA/FTA-Abs. Caso o teste CLIA ou CMIA seja positivo e o VDRL e TPHA negativos, trata-se de um exame falso positivo. Frente a um CLIA/CMIA positivo e provas de VDRL/TPHA positivos confirma-se a presença de sífilis. Essa abordagem é sugerida para locais com boa infraestrutura laboratorial. (MONTENEGRO, 2010) A partir de 2015, O Ministério da Saúde incluiu o rastreio de gestantes com a realização de teste rápido, que apresenta excelente sensibilidade e especificidade. Como são testes treponêmicos, a sua positividade já confirma a presença deinfecção e autoriza o tratamento.; o VDRL deve ser realizado para controle de cura, já que o teste rápido também não negativa após tratamento. (BRASIL, 2010) O tratamento deve ser realizado com a utilização de penicilina, já que não existe evidência de que nenhuma outra droga consiga tratar adequadamente o feto intra-útero. O tratamento deve ser realizado o mais precoce possível, já que, pelas altas taxas de TV, se for realizado após a 14ª semana se considera tratamento de feto potencialmente infectado intra-útero. As doses de penicilina recomendadas são definidas a partir do diagnóstico de infecção recente ou tardia. Nas situações de doença nas fases primária e secundária, a dose recomendada de penicilina benzatina é de 2.400.000UI divididas em duas injeções em cada um dos glúteos. A maioria das gestantes, entretanto, se encontra assintomática e sem referir história previa de tratamento ou conhecimento da infecção. Nessa situação, o diagnóstico é de fase latente indeterminada, devendo ser tratada com 7.200.000UI, divididas em 3 aplicações semanais de 2.400.000UI. A eficácia da penicilina em prevenir ou tratar a infecção fetal é bastante elevada. O parceiro sexual deverá ser sempre convocado pelo serviço de saúde para orientação, avaliação clínica, coleta de sorologia e tratamento. O diagnóstico de sífilis numa gestante exige a adoção de programa de acompanhamento intensivo, com ênfase no risco de reinfecção. Frente a esse ponto, recomenda-se a realização de VDRL mensal após FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br tratamento, devendo o uso de camisinha ser sempre estimulado. A adequada assistência pré-natal deve incluir medidas de prevenção ou tratamento para qualquer agravo que possa incorrer em acometimento fetal. A pesquisa e tratamento de sífilis é uma das medidas que seguramente irão impactar em redução de morbidade e mortalidade dessas crianças. (COSTA, 2010) Hepatite B Deve-se proceder à investigação da infecção pelo HBV na gestante com pesquisa do HbsAg, durante o primeiro trimestre da gestação ou quando do início do pré-natal. A conduta diante do resultado positivo ou negativo deve seguir o PCDT para prevenção da transmissão de HIV, sífilis e hepatites virais do MS. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2021) O primeiro passo no manejo de uma paciente grávida é determinar o grau de lesão hepática que essa infecção causou até aquele momento. Em mulheres com fibrose avançada ou cirrose, ou alanina aminotransferase (ALT) persistentemente elevada, o tratamento deve ser iniciado imediatamente. Para as mulheres com nenhuma ou fibrose leve ou ALT normal ou minimamente elevada, o tratamento para o VHB pode, potencialmente, ser adiado. Porém, a determinação da carga viral (HBV DNA quantitativo) é mandatória para determinar a necessidade de tratamento da grávida no terceiro trimestre da gestação como profilaxia da transmissão materno-fetal. (LEE, 2020) A medida mais importante para prevenir a transmissão perinatal é a administração de imunoglobulina da hepatite B (HBIg), bem como a vacina da hepatite B para recém-nascidos de mães infectadas com HBV. A primeira dose da vacina contra a hepatite B e HBIg deve ser administrada no prazo de 12 horas após o nascimento, em diferentes locais de administração. Seguindo essas orientações, a eficácia de prevenção da transmissão perinatal é de aproximadamente 95%. Essa abordagem não é eficaz em 100% por várias razões, incluindo o atraso na administração de HBIg ou na primeira dose da vacina, a impossibilidade de completar a série de vacinas, ou se a mãe é HBeAg positiva com um nível muito elevado de HBV DNA durante o parto. (LEE, 2020) A amamentação não está contraindicada, visto que a transmissão se dá pelo leite materno. Em caso de fissura mamilar com presença de sangue, a amamentação deve ser interrompida naquela mama até a cicatrização completa e o uso de protetor de silicone deve ser orientado quando necessário. A amamentação, em geral, não é recomendada em mulheres que recebem antivirais, porque análogos nucleotídeos podem estar presentes no leite materno. O tenofovir, no entanto, pode ser utilizado durante a amamentação, pois é um pró-fármaco que resulta em concentrações muito baixas do medicamento no leite materno. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2021) Hepatite C Não é recomendada a pesquisa de anti-HCV de rotina no pré-natal, devido ao baixo índice de detecção do agravo em gestantes e à ausência de FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br imunoprofilaxia ou intervenção medicamentosa que possam prevenir a transmissão vertical da hepatite C. Guidelines internacionais sugerem que algumas gestantes com fatores de risco sejam testadas para o VHC durante o parto, sejam elas: gestantes com história transfusional de sangue ou derivados, usuárias de drogas intravenosas, envolvidas em programas de hemodiálise, coinfectadas com VHB ou HIV, portadores de piercing ou tatuagens, contactantes sexuais de portadores de VHC, VHB ou HIV, receptoras de transplante de órgãos, portadoras de enzimas hepáticas elevadas, ou participantes de programas de fertilização com doadores anônimos. É recomendável que todas as gestantes devem ser testadas com o anticorpo contra o VHC (anti-HCV). (COSTA, 2010) Vaginose bacteriana diagnóstico na gestação com risco de parto pré-termo, visando à redução dos efeitos adversos perinatais. (BRASIL, 2010) Clamídia Quando disponível, para gestantes de 15 a 24 anos. Em mulheres grávidas, a clamídia não tratada foi associada a partos prematuros, bem como a oftalmia neonatal (conjuntivite) e pneumonia em recém-nascidos. A profilaxia neonatal contra a conjuntivite gonocócica realizada rotineiramente no nascimento não previne com eficácia a conjuntivite por clamídia. (COSTA, 2010) Gonorreia Quando disponível, para gestantes de 15 a 24 anos. A gonorreia na gestação pode estar relacionada a um risco maior de prematuridade, ruptura prematura das membranas, perdas fetais, retardo do crescimento intrauterino e febre no puerpério. Pode haver bartolinite, peri-hepatite, artrite, endocardite e endometrite pós-parto. Vinte e cinco por cento das mulheres com gonorreia ou clamídia tornam-se inférteis. No recém-nascido, as complicações são conjuntivite, pneumonite intersticial atípica, bronquite e otite média. (COSTA, 2010) FAHESP – Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí IESVAP-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA LTDA. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba-PI CNPJ – 13.783.222/0001-70 www.iesvap.com.br Referencias: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes: guia de tratamento. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série Manuais, n.46). - DUARTE G. HIV/AIDS. In: MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J. Rezende obstetrícia. 11.ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Hepatite B e Gestação. Rio de Janeiro, 2021. LEE, Hannah; LOK, A. S. Hepatitis B and pregnancy. UpToDate [en línea][consultado el 22/07/2016]. Disponible en: http://www. uptodate. com/contents/hepatitis-b-and-pregnancy, 2020. COSTA, Mariana Carvalho et al. Sexually transmitted diseasesduring pregnancy: a synthesis of particularities. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 85, n. 6, p. 767-785, 2010.
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