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1 Fichamento - Direito Processual Penal 1 - Roberto Gomes

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Fichamento: 1ª UNIDADE 
Disciplina: DIR147 - Direito Processual Penal I 
Docente: Roberto de Almeida Borges Gomes 
 
 
Raquel Lemos de Melo Cardoso – T6A 
 
1. PRINCÍPIOS 
 
No direito processual penal os princípios são proposições ideais, nas 
quais todo o ordenamento vai em busca de legitimidade e validade, sendo, 
conceitualmente, os fundamentos que alicerçam determinada legislação. 
 
• INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
A individualização da pena consiste em aplicar o direito a cada caso 
concreto, levando-se em conta suas particularidades, o grau de lesividade do 
bem jurídico penal tutelado, bem como as individualidades da personalidade do 
agente. A pena deverá se adequar à medida da responsabilidade do agente e 
de suas características pessoais, devendo ser individualizada nos planos 
legislativo, judiciário e executivo, evitando a padronização da sanção penal. 
Segundo o autor Fernando Capez, individualizar a pena é então adaptar 
às características do condenado individualmente diante da característica de 
cada um, para que a sua reintegração social seja mais eficaz. Trata-se de uma 
garantia constitucional, a fim de que o indivíduo receba uma pena de acordo com 
as suas características e necessidades. 
Prevista no artigo 5º, inciso XLVI da Constituição Federal, a 
individualização da pena é o princípio que garante que as penas dos infratores 
não sejam igualadas, mesmo que tenham praticado crimes idênticos. 
Consistindo em aplicar o direito a cada caso concreto, tendo em vista suas 
particularidades, o grau de lesividade do bem jurídico penal tutelado, assim como 
as individualidades da personalidade do agente. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
• DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO 
É necessário que haja um equilíbrio, ou seja, que haja a celeridade no 
atendimento dos prazos processuais, mas que seja garantida uma defesa 
efetiva. Então, o princípio da duração razoável do processo prescreve a 
eficiência dos atos processuais e da celeridade, porém, não se descuida do 
respeito à ampla defesa e ao contraditório. Assim, é necessário que o processo 
tenha uma duração razoável, a fim de proteger, em última instância, a dignidade 
da pessoa humana. 
Segundo Aury Lopes Júnior, o não-prazo provoca lentidão nos processos, 
uma vez que não há um adequado sistema de sanções em caso de violação da 
norma constitucional. Tal lentidão pode acarretar consequências como o 
excesso de duração da prisão preventiva ou bloqueio de contas bancárias por 
tempo indeterminado. Para o autor, a celeridade processual deve ser aplicada 
visando a proteção de direitos fundamentais, tendo em vista que a rapidez 
processual não poderá atropelar garantias e nem as deixar perecer. Esse 
princípio é previsto pelo artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal e o 
artigo 4º do Código de Processo Penal. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação. 
Código de Processo Civil 
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a 
solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
 
• VEDAÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO – NE BIS IN 
IDEM 
O direito penal veda a dupla punição e o duplo processo. Ainda que o 
acusado seja absolvido por insuficiência de provas, não será possível que, diante 
da descoberta de prova nova, seja oferecida nova denúncia, visto que tal fato 
representaria um ne bis in idem. Não se pode processar duas vezes um indivíduo 
pelo mesmo fato, a aplicação de uma sanção penal exclui a possibilidade de 
novamente sancionar o agente pelo mesmo fato. 
Desse modo, não é possível punir-se, mais de uma vez, uma mesma 
conduta por um mesmo fundamento jurídico, sob pena de violação ao princípio 
ne bis in idem, que tem dimensão penal, processual e executória, a impedir que 
o réu ou indiciado possa ser investigado, processado, condenado e punido pelo 
menos fato. Assim, é vedada a multiplicidade de penas para o mesmo sujeito, 
por uma mesma ação ou omissão, se tiverem um mesmo fundamento, como 
previsto nos artigos 8º e 42º do Código penal. 
Código Penal 
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta 
no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas. 
Art. 42º Computam-se, na pena privativa de liberdade e na 
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil 
ou no estrangeiro o de prisão administrativa e o de internação 
em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior 
 
• DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
O princípio do duplo grau de jurisdição traz o direito fundamental de o 
prejudicado pela decisão poder submeter o caso penal a outro órgão 
jurisdicional, hierarquicamente superior na estrutura da administração da justiça. 
Além disso, também compreende a proibição de que o tribunal ad quem conheça 
além daquilo que foi discutido em primeiro grau, ou seja, é um impedimento à 
supressão de instância. 
Dessa forma o princípio do duplo grau de jurisdição determina garantir ao 
recorrente o direito de submeter a matéria decidida a uma nova apreciação 
jurisdicional, seja total ou parcial, desde que atendidos determinados 
pressupostos específicos, previstos em lei. 
 
• DEVIDO PROCESSO 
Devido processo é o princípio que assegura a todos o direito a um 
processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias 
constitucionais. Segundo o artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal, o 
princípio do devido processo afirma que ninguém será privado da liberdade ou 
de seus bens sem o devido processo legal. Se no processo não forem 
observadas as regras básicas, ele se tornará nulo. 
Desse princípio derivam duas espécies, o devido processo substancial e 
processual. O devido processo substancial considera que as leis devem 
satisfazer ao interesse público, aos anseios do grupo social a que se destinam, 
evitando ao mesmo tempo o abuso de poder por parte do governo, garantindo 
ao cidadão a inafastável elaboração legislativa comprometida com os reais 
interesses sociais. Já o devido processo processual é o princípio em seu sentido 
estrito, referindo-se tanto ao processo judicial quanto ao processo administrativo, 
assegurando-se ao litigante vários direitos. 
Constituição Federal 
Art. 5°:Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem 
o devido processo legal; 
 
• LEGALIDADE 
Aplicado ao Direito Penal, o princípio da legalidade permite dizer que, via 
de regra, é vedada ao legislador a criação de leis penais que incidam sobre fatos 
anteriores à sua vigência, tipificando-os como crimes ou aplicando pena aos 
agentes. O princípio da legalidade é um limite constitucional ao poder do Estado 
para que não puna arbitrariamente seus indivíduos, impedindo que este haja 
senão em virtude de lei. Segundo o artigo 22º,inciso I da Constituição Federal, 
é exigido que a lei tenha sido produzida pelo ente competente, nesse caso a 
União. 
Esse princípio tem uma abrangência ampla, estabelecendo que os 
comandos jurídicos devem ser realizados por regra normativa geral. Está 
também relacionado ao art. 5°, inciso XXXIX da Constituição Federal, pois revela 
que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal. 
Constituição Federal 
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal; 
Art. 22º Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico,espacial e do trabalho; 
 
 
• FAVOR DO REI – FAVOR LIBERATIS – INDUBIO PRO REO 
Favor do rei baseia-se na predominância do direito de liberdade do 
acusado quando colocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou 
seja, na dúvida, sempre prevalece o interesse do réu. No processo penal, para 
que uma sentença condenatória seja deferida, é necessário que haja prova da 
existência de todos os elementos objetivos e subjetivos da norma penal, assim 
como a inexistência de qualquer elemento capaz de excluir a culpabilidade e a 
pena. 
Sobre o tema Fernando Capez afirma: 
 
“o princípio "favor rei" consiste em que qualquer dúvida ou interpretação 
na seara do processo penal, deve sempre ser levada pela direção mais 
benéfica ao réu.” (CAPEZ, Fernando) 
 
• ESTADO DE INOCÊNCIA – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
A presunção de inocência tem como objetivo respeitar o estado de 
inocência em que todo acusado se encontra até que sua sentença transite em 
julgado definitivamente. O princípio está disposto artigo 5º, inciso LVII, da 
Constituição Federal e é um estado de inocência, assim, o acusado é inocente 
durante o processo e seu estado só se modifica com a declaração de culpado 
por sentença. 
Deste princípio decorrem duas regras, a regra probatória ou de juízo, que 
é o fato do ônus da prova caber à acusação e a regra de tratamento, que é a 
permanência do estado de inocência até o trânsito em julgado da sentença. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória; 
 
 
 
• CONTRADITÓRIO 
Previsto na Constituição Federal, art. 5º, inciso LV, o contraditório se 
constitui com o fito de garantir a igualdade processual ou par conditio. Isso 
significa que a todas a partes é garantido o acesso às provas produzidas pela 
parte contrária a fim de se manifestar de maneira contrária. 
Para que o contraditório seja efetivo, as partes devem ser comunicadas 
dos atos processuais – o que pode se dar por citação, intimação e notificação – 
e assim decidirem a melhor maneira de se manifestar. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
 
 
• AMPLA DEFESA 
Trata-se de uma garantia constitucional assegurada aos acusados em 
geral, que permite o exercício da autodefesa, da defesa técnica e a possibilidade 
de recorrer. Prevista no art. 5º, inciso LV, CF, a defesa deve ser a mais 
abrangente possível, devendo ser decretada a nulidade do processo em caso de 
cerceamento. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
A ampla defesa encontra correlação com o princípio do contraditório e é 
o dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado a possibilidade de efetuar 
a mais completa defesa quanto à imputação que lhe foi realizada. 
O autor Igor Luis Pereira e Silva expõe que, 
 
“O princípio da ampla defesa determina a participação efetiva no 
processo penal, abrangendo a autodefesa, a defesa técnica, a defesa 
efetiva e a possibilidade de utilização de todos os meios de prova 
passíveis de demonstrar a inocência do acusado, incluindo as provas 
obtidas ilicitamente.” 
 
• PLENITUDE DE DEFESA 
 A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser 
usados todos os meios de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive 
argumentos não jurídicos. Na plenitude de defesa, a defesa técnica e a 
autodefesa possuem total liberdade de argumentos, não se limitando aos 
jurídicos. 
A plenitude de defesa é o princípio atribuído ao acusado de crime doloso 
contra a vida, no Plenário do Júri, e é mais “amplo” do que a ampla defesa 
garantida a todos os litigantes em processo judicial ou administrativo, e isso se 
justifica pelo juiz natural do Tribunal do Júri, que são cidadãos leigos. 
 
• JUIZ NATURAL E VEDAÇÃO A JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO 
O artigo 5º, inciso XXXVII da Constituição Federal é um dos componentes 
do princípio do juiz natural, que garante um julgamento justo aos cidadãos por 
órgãos independentes e imparciais. Este inciso impede a criação de novos juízos 
ou tribunais para julgar fatos ocorridos antes de sua criação, constituindo uma 
garantia de limitação dos poderes do Estado, que não pode instituir juízo ou 
tribunal de exceção para julgar determinadas matérias nem criar juízo ou tribunal 
para processar e julgar um caso específico. 
Juízos ou tribunais de exceção são os que foram criados fora da regra 
comum, eles são criados em um momento posterior ao fato que será julgado, 
com o objetivo específico de fazer o tipo de julgamento para o qual foram criados. 
De maneira análoga, é como se um cidadão praticasse alguma ação qualquer e 
só posteriormente fosse criado um órgão para analisar especificamente se 
aquela ação era correta ou não. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (…) 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 
• PROMOTOR NATURAL 
O princípio do promotor natural é um princípio constitucional implícito que 
decorre do princípio do juiz natural previsto no art. 5º, inciso LIII, da Constituição 
Federal. O princípio consubstancia-se na garantia de que ninguém será acusado 
e processado senão pela autoridade competente, sendo vedada a designação 
de promotor de exceção, sendo fundamental para se preservar a independência 
e imparcialidade do Ministério Público, em todas as suas esferas de atuação. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidadedo direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (…) 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 
 
Para Guilherme de Souza Nucci, 
 
“o indivíduo deve ser acusado por órgão imparcial do Estado, 
previamente designado por lei, vedada a indicação de acusador 
para atuar em casos específicos” 
 
• IMPARCIALIDADE 
A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo 
o juiz colocar-se entre as partes e acima delas, sendo esta a primeira condição 
para que possa o magistrado exercer sua função jurisdicional. O princípio 
consiste na ausência de vínculos subjetivos com o processo, mantendo-se o 
julgador distante o necessário para conduzi-lo com isenção, é o direitos é o 
direito de ser julgado de forma equânime e imparcial, em decorrência da opção 
constitucional brasileira pelo sistema processual penal acusatório. 
 
• PUBLICIDADE 
A publicidade surge como uma garantia individual determinando que os 
processos civis e penais sejam, em regra, públicos, para evitar abusos dos 
órgãos julgadores, limitar formas opressivas de atuação da justiça criminal e 
facilitar o controle social sobre o Judiciário e o Ministério Público. 
O princípio está previsto na Constituição, em seus artigos 5º, XXXIII, LX, 
e 93, IX. Ele diz que todos os atos processuais precisam ser realizados de forma 
pública, possibilitando que qualquer pessoa acompanhe o processo, sem 
segredos e sem sigilo. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
(Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal 
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados 
os seguintes princípios: (...) 
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a 
estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Sobre o princípio Eliana Descovi Pacheco comenta que, 
 
“Todo processo é público, isto, é um requisito de democracia e 
de segurança das partes (exceto aqueles que tramitarem em 
segredo de justiça). É estipulado com o escopo de garantir a 
transparência da justiça, a imparcialidade e a responsabilidade 
do juiz. A possibilidade de qualquer indivíduo verificar os autos 
de um processo e de estar presente em audiência, revela-se 
como um instrumento de fiscalização dos trabalhos dos 
operadores do Direito.” 
 
• IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ 
O princípio define que o juiz que preside a instrução e colhe as provas, 
deve ser o mesmo que julgará o feito, se vinculando à causa. O artigo 399, § 2º, 
do CPP consagrou o princípio da identidade física do juiz, de modo que o “juiz” 
que presidiu a instrução deverá proferir sentença. 
O princípio da identidade física do juiz exige a observância dos 
subprincípios da oralidade, concentração dos atos e imediatidade. Dessa forma, 
o princípio busca, em síntese, a vinculação do magistrado que conduziu o feito 
e participou efetivamente da sua instrução, à prolação da sentença, de molde a 
privilegiar, ao máximo possível, o processo cognitivo desenvolvido ao longo do 
iter processual. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e 
hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de 
seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do 
querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, 
de 2008). 
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
 
• IMPULSO OFICIAL 
Com esse princípio, se impede a paralisação do processo pela inércia ou 
omissão das partes. Desse modo, não se pode abandonar a causa ou paralisar 
o processo sem nenhum motivo que justifique essa atitude. 
Assim, cumpre ao juiz e aos seus auxiliares zelar para que o processo 
tenha andamento, na forma da lei, impulsionando-o até atingir o seu desfecho, 
excetuada as hipóteses em que o andamento do processo depende de ato a ser 
realizado pelo autor. O artigo 251 do Código de Processo Penal é a 
materialização desse dispositivo, uma vez que ele afirma que incumbe ao juiz, 
manter a regularidade do processo. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e 
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para 
tal fim, requisitar a força pública. 
 
 
• MOTIVAÇÃO 
A Constituição Federal, em seu artigo 93, IX, dispõe que o fundamento 
das decisões ou motivação judicial tem como premissa ou mesmo natureza o 
pressuposto de validez do processo, revestindo-se de nulidade absoluta as 
decisões sem fundamentação. Esse princípio obriga o magistrado a fundamentar 
suas decisões, sob pena de nulidade da sentença, proibindo a decisão infundada 
do juiz. No direito brasileiro, duas correntes se formaram para justificar o dogma 
da necessidade da fundamentação das decisões judiciais. 
A primeira corrente é formada por constitucionalistas, a motivação seria a 
demonstração do raciocínio do juiz para chegar à sua conclusão, servindo, 
portanto, a que se conheçam tais razões. Trata-se do caminho percorrido pelo 
magistrado, um verdadeiro iter, razão pela qual este frequentemente é 
comparado a um historiador. Para a segunda corrente, a motivação não seria um 
caminho percorrido pelo juiz, e sim um discurso para justificar a decisão, visando 
convencer os jurisdicionados a respeito de seu acerto. O discurso seria elemento 
legitimador para a decisão judicial 
 
Constituição Federal 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal 
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados 
os seguintes princípios: (...) 
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a 
estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
 
 
• ECONOMIA PROCESSUAL E CELERIDADE PROCESSUAL 
Pelo princípio da economia processual, os atos processuais devem ser 
realizados com a intenção de produzir o máximo possível de resultado com o 
mínimo possível de esforço, visando evitar perda de tempo e dinheiro 
desnecessários. 
Enquanto no princípio da celeridade, o processo, na medida do possível, 
tem que tramitar em tempo razoável, para que os fins da legislação sejam 
alcançados. O princípio tem fundamentação no artigo 5°, inciso LXXVIII, da CF. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: (...) 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação.(Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) 
 
 
• INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS 
A prova ilícita configura-se quando sua obtenção infringir direito material 
ou principio constitucional, como por exemplo a prática de tortura para conseguir 
alguma informação, a escuta telefónica ou a quebra de sigilo bancário sem 
autorização judicial. Sobre o princípio fundamentam o artigo 5º, inciso LVI da CF 
e o artigo 157 do CPP. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por 
meios ilícitos; 
 
Código de Processo Penal 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do 
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em 
violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
• VERDADE REAL 
O princípio da verdade real estabelece que o julgador sempre deve buscar 
estar mais próximo possível das verdades ocorridas no fato, devendo existir 
sempre um sentimento de busca pela verdade quando da aplicação da pena e 
da apuração dos fatos. A doutrina clássica, ensina que o Direito Processual 
Penal adota o princípio da verdade real, material ou substancial, baseando-se 
no termos do artigo 156 do CPP, que confere ao magistrado a possibilidade, de 
ofício, de determinar diligências probatórias. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a 
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes e 
relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de 
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida 
sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
 
• INEXIGIBILIDADE DA AUTOINCRIMINAÇÃO – NEMO TENETUR SE 
DETEGERE 
Também chamado de princípio da não auto-incriminação, o nemo tenetur 
se detegere afirma que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
O exercício desse direito por parte do imputado não pode acarretar nenhuma 
presunção de culpabilidade ou qualquer outro tipo de prejuízo jurídico, como 
previsto no artigo 186 do Código de Processo Penal e no artigo 5º, LXIII da CF, 
que declara que o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo assegurada a assistência da família e de advogado. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do 
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, 
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer 
calado e de não responder perguntas que lhe forem 
formuladas. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o 
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado; 
 
 
• IGUALDADE PROCESSUAL 
As partes devem ter, em juizo, as mesmas oportunidades de fazer valer 
suas razões e ser tratadas igualitariamente, na medida de suas igualdades, e 
desigualmente, na proporção de suas desigualdades. Desse modo, o princípio é 
fundamentado pelo artigo 5º da Constituição Federal. 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
• OFICIOSIDADE 
A autoridade policial e o Ministério Público, regra geral, tomando 
conhecimento da possível ocorrência de um delito, deverão agir ex officio, não 
aguardando qualquer provocação. Tal situação é excepcionada nos casos de 
ação penal privada, na qual será necessária a provocação da vítima. 
 
• OFICIALIDADE 
Esse princípio significa que a persecução penal é uma função primordial 
e obrigatória do Estado, com isso, funções como investigar, processar e punir o 
agente do crime cabem aos órgãos constituídos do Estado, através da polícia 
judiciária, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Assim, nos termos do 
artigo 129, inciso I da Constituição Federal, somente os membros do MP 
estadual ou federal, devidamente investidos no cargo, é que podem exercê-la 
através da “denúncia”. 
Constituição Federal 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério 
Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na 
forma da lei; 
 
• OBRIGATORIEDADE DE AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Como afirma o autor Afrânio Silva Jardim, o princípio da obrigatoriedade 
da ação penal pública não é uma opção arbitrária do legislador, mas está inserido 
dentro de um contexto democratico, no qual ao funcionário do Estado não é dado 
dispor do interesse coletivo. Assim, é aquele que obriga a autoridade policial a 
instalar inquérito policial e o órgão do Ministério Público, a promover a ação penal 
quando da ocorrência da prática de um crime que se apure mediante ação penal 
pública. 
Impõe-se, portanto, ao Ministério Público o dever de promover a ação 
penal. Este princípio funda-se na ideia latina nec delicta maneant impunita, ou 
seja, nenhum crime deve ficar impune. 
Tourinho Filho afirma sobre o princípio que, 
 
"melhor atende aos interesses do Estado, dispondo o Ministério 
Público dos elementos mínimos para a propositura da ação 
penal, deve promovê-la, sem inspirar-se em critério políticos ou 
de utilidade social" 
 
• INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Esse princípio decorre do princípio da obrigatoriedade, estabelecendo que 
os órgãos responsáveis pela persecução penal não podem dispor da 
investigação ou do processo penal iniciado. Significa então que em se tratando 
de ação penal pública, depois de interposta, nenhum dos componentes do 
processo poderá dispô-la. Ademais, o princípio não é aplicado às ações penais 
de iniciativa privada, em que o querelante tem completa disponibilidade do 
conteúdo material da demanda. 
 
2. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL 
PENAL 
 
• FONTES 
A fonte é a origem do processo penal, é o estudo da origem de uma 
norma, de onde, como e de que forma ela surge. Toda norma, seja qual for sua 
matéria ou ramo do Direito, tem sua fonte. Assim, as fontes são pilares que 
servem de suporte para a interpretação precisa do sistema e são divididas em 
fontes materiais e fontes formais. 
 
▪ Fonte material: é a fonte de produção, refere-se ao ente que tem 
competência para elaborar as normas, ou seja, é aquela que cria o 
Direito. Nesse sentido são fundamentadas pelo artigo 22, I da 
Constituição Federal. 
Constituição Federal 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
 
▪ Fonte formal: é aquela que revela o Direito, é a exteriorização. As 
fontes formais se subdividem em fontes primárias/imediatas, aquelas 
que têm sua origem no próprio ordenamento jurídico, diretamente, 
sem intermediação, e fontes secundárias/imediatas, aquelas que têm 
sua origem na interpretação do ordenamento jurídico, indiretamente. 
Dentro dessas classificações é possível abranger a Constituição 
Federal em seu artigo 103, A. 
ConstituiçãoFederal 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, 
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em 
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração 
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem 
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida 
em lei. 
 
 
• LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
Quanto à lei processual penal no tempo, utiliza-se o princípio da aplicação 
imediata, conforme o artigo 2º do Código de Processo Penal, de forma que, uma 
vez promulgada e vigente determinada lei processual penal, ela deve ser 
imediatamente aplicada aos processos em curso, mesmo que seja mais gravosa. 
A lei processual penal aplica-se então, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. Desse modo, os atos processuais 
anteriormente praticados sob a vigência da lei revogada permanecem íntegros. 
Ademais, é a consagração legal do princípio tempus regit actum, 
denominado como princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata da lei 
processual. Assim, a lei processual, mesmo que mais rígida que a lei anterior, 
aplica-se de imediato, sem prejuízo da validade dos atos processuais anteriores 
que eram regidos pela lei revogada. 
Código de Processo Penal 
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem 
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei 
anterior. 
 
• LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO 
A lei processual penal no espaço orienta-se pelo princípio da 
territorialidade, de forma que a lei brasileira nesse âmbito aplica-se apenas aos 
crimes praticados dentro do território brasileiro. A previsão legal deste princípio 
está no artigo 1º do Código de Processo Penal. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por 
este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da 
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial; 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos 
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não 
dispuserem de modo diverso 
 
 
3. SISTEMAS PROCESSUAIS 
 
São as formas encontradas de sistematizar as funções basilares do 
processo penal, acusar, defender e julgar, quando o processo tem natureza 
condenatória, ou seja, sendo utilizado como meio de se impor uma sanção ao 
possível autor de um ilícito penal. 
 
• SISTEMA INQUISITIVO 
Segundo o autor Aury Lopes Jr. é da essência do sistema inquisitivo a 
aglutinação de funções na mão do juiz e atribuição de poderes instrutórios ao 
julgador, senhor soberano do processo. Portanto, não há uma estrutura dialética 
e tampouco contraditória. Não existe imparcialidade, pois uma mesma pessoa 
busca a prova e decide a partir da prova que ela mesma produziu. Dessa forma 
o sistema inquisitivo foi então desacreditado, por crer que uma mesma pessoa 
poderia exercer funções tão antagônicas. 
 
• SISTEMA ACUSATÓRIO 
O sistema acusatório é aquele que se pauta num procedimento de partes 
muito bem definidas, cada uma com sua função, onde o julgador se vê distante 
da produção de provas, sendo ela ônus da acusação e defesa, respeitando o 
contraditório, a oralidade e a publicidade dos atos do processo. 
Ele revela a separação das funções de acusar, defender e julgar. Exigindo 
um juiz imparcial que respeite a paridade de armas, o contraditório e a ampla 
defesa. 
 
• SISTEMA MISTO 
Existe uma fase inicial de apuração preliminar de provas de autoria e 
materialidade presidida por magistrado, onde não se asseguram o contraditório 
e a ampla defesa; após esta fase, que é eminentemente inquisitiva, segue-se a 
fase acusatória do processo, separando-se as funções de acusar, defender e 
julgar, entre órgãos distintos, garantindo-se, neste momento, ao acusado, o 
direito à ampla defesa e ao contraditório. É o chamado Juizado de Instrução. 
 
• SISTEMA ADOTADO NO BRASIL 
O processo penal brasileiro é classificado por grande parte da doutrina 
como misto, ou seja, seria inquisitivo na primeira fase e acusatório na fase 
processual. De modo contrário, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho alega que 
o sistema brasileiro é, na essência, inquisitório, porque regido pelo princípio 
inquisitivo, já que a gestão da prova está, primordialmente, nas mãos do juiz. 
Contudo, o STF afirma que o Brasil adota o sistema acusatório decorrente 
da análise dos princípios da publicidade, funções distintas, contraditório e ampla 
defesa, assim, as funções de acusar e julgar pertencem a órgãos distintos. Além 
disso, no sistema brasileiro vigora um sistema lastreado pelos princípios 
constitucionais vigentes, como o contraditório, a ampla defesa, a publicidade e a 
imparcialidade do juiz. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CAPEZ, Fernando. Execução Penal Simplificado. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2011 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 10ª Edição revista e 
atualizada. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 39 
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. O papel do novo juiz no 
processo penal. Crítica à teoria geral do direito processual penal. Rio de 
Janeiro, 2001 Disponível em: 
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42516/sistema-processual-
penal-brasileiro-inquisitorio-acusatorio-ou-misto#_ftnref18. Acesso em: 23 Mar. 
2022. 
PEREIRA E SILVA, Igor Luis. Princípios Penais. 1ª Ed. Editora 
Juspodivm, 2012. 
LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 16ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2019. 
DO LAGO, Cristiano Álvares Valladares. Sistemas processuais penais. 
Disponível 
em:https://biblioteca.cejamericas.org/bitstream/handle/2015/5400/art_30005.pdf
?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 23 Mar. 2022. 
JARDIM, Afrânio Silva. Ação Penal Pública: Princípio da 
Obrigatoriedade. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução 
penal. Ed. 11. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
PACHECO, Eliana Descovi. Princípios norteadores do Direito 
Processo Penal. 2007. Disponível em: 
https://www.jornaljurid.com.br/noticias/principios-norteadores-do-direito-
processo-penal Acesso em: 07 Abr. 2022. 
TOURINHO Filho, Fernando da Costa. Processo Penal, v.1. 25. Ed. 
Saraiva. 2003. 
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