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1 Sumário 1. Noções Introdutórias ao Direito Processual Penal ............................................................................................... 2 2. Princípios processuais penais e constitucionais ................................................................................................. 36 3. Juiz das Garantias ............................................................................................................................................... 75 4. Persecução Criminal .......................................................................................................................................... 92 5. Investigação Criminal ........................................................................................................................................ 92 6 Ação penal ........................................................................................................................................................ 166 7. Competência ..................................................................................................................................................... 208 8. Teoria Geral da Prova ...................................................................................................................................... 257 9. Provas em Espécie ........................................................................................................................................... 293 10. Sujeitos no Processo Penal ........................................................................................................................... 346 11. Medidas Cautelares Pessoais ........................................................................................................................ 370 12. Prisões .......................................................................................................................................................... 384 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL I 1. Noções Introdutórias ao Direito Processual Penal 1.1. Jus Puniendi O Direito Penal, traz a previsão de sanções penais para quem pratica infrações penais, entretanto, para que o Estado exerça o seu jus puniendi (o direito do Estado de punir em face do pacto social existente), ele precisa seguir uma série de ritos e procedimentos. Esse é o Direito Processual Penal, o caminho e rito a ser seguido pelo Estado para fins de exercer o seu jus puniendi. Os procedimentos previstos a serem observados no âmbito do processo penal constitui-se também em uma GARANTIA ao cidadão de que os seus direitos e garantias fundamentais serão respeitados: o cidadão já sabe que o Estado irá puni-lo em face da sua conduta, contudo, deverá ser observado determinados procedimentos e ritos. Em suma, o Direito Penal prevê condutas que são capituladas como tipos penais e essas condutas geram sanções penais. No entanto para que tais sanções penais venham a ser aplicadas, é preciso se valer do Direito Processual Penal, muitas vezes chamado de Direito Instrumental – porque são exatamente os instrumentos que o Estado vai utilizar para aplicar as sanções penais àquelas pessoas que praticaram condutas definidas como infrações penais. Por exemplo, Fernando praticou uma conduta definida como crime, art. 121 do Código Penal (crime de homicídio) que prevê pena de reclusão de 6 a 20 anos. A partir do momento da prática do crime surge para o Estado o seu jus puniendi, o direito do Estado de punir Fernando pela conduta praticada – no entanto, o Estado tem que seguir o processo penal para que então possa efetuar a sua prisão, para condená-lo por essa conduta. Conforme ensina Nucci, uma vez cometida a infração penal (que fica a cargo do direito penal a tipificação das condutas delitivas), nasce para o Estado o poder-dever de punir (pretensão punitiva). Assim, enquanto o direito penal prevê e faz a capitulação das condutas consideradas crimes, o direito processual penal fica responsável por instrumentalizar e materializar a punição ao sujeito que incidiu no tipo penal. Candidato, em que consiste a pretensão punitiva? Podemos definir como sendo o direito do Estado de impor ao sujeito que incidiu em algum tipo penal que este se submeta a sanção penal. Salienta-se que isso só será possível após o processo criminal em que seja observado todas os direitos e garantiais individuais do sujeito, vivemos em um Estado Democrático de Direitos. Nessa senda, esse direito de punir do Estado manifesta-se através da ação penal (Direito Subjetivo Autônomo). Nasce da infração penal, entretanto, não é auto-executável, em virtude do princípio do contraditório, ou seja, a garantia de plenitude do direito de defesa do réu. A execução da sentença condenatória, por sua vez, é monopólio do Estado. 3 Deste modo, o Direito Processual penal hoje é um ramo do Direito Público, constituído pelo conjunto de princípios e regras que disciplinam a persecução penal. Está previsto na Constituição Federal, no Código de Processo Penal e em Leis Especiais, por exemplo, a Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, etc. Corroborando ao exposto, define NUCCI (2020): O direito processual penal é o corpo de normas jurídicas com a finalidade de regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto. É o ramo das ciências criminais cuja meta é permitir a aplicação de vários dos princípios constitucionais, consagradores de garantias humanas fundamentais, servindo de anteparo entre a pretensão punitiva estatal, advinda do direito penal, e a liberdade do acusado, direito individual. Nesse mesmo sentido, leciona Noberto Avena (2020): Se uma pessoa realizar determinada conduta descrita em um tipo penal incriminador, a consequência desta prática será o surgimento para o Estado do poder-dever de aplicar-lhe a sanção correspondente. Essa aplicação não poderá ocorrer à revelia dos direitos e garantias fundamentais do indivíduo, sendo necessária a existência de um instrumento que, voltado à busca da verdade real, possibilite ao imputado contrapor-se à pretensão estatal. De acordo com Capez o jus puniendi do Estado é uma expressão latina que pode ser traduzida como direito de punir do Estado, referindo-se ao poder de sancionar do Estado, que é o “direito de castigar”, e uma expressão usada sempre em referência ao Estado frente aos cidadãos. Nesse sentido, importante frisarmos que o Estado é o titular do jus puniendi, contudo, não poderá exercê-lo de forma arbitrária, ou seja, sem observar limites. Nessa senda, o direito processual penal apresenta-se como instrumento a disposição de materialização do regramento do exercício do jus puniendi do Estado. Em RESUMO: O direito processual institui o processo criminal como instrumento por meio do qual o Estado exerce JUS PUNIENDI O exercício do JUS PUNIENDI pelo Estado é limitado pelo direito processual O Estado é o titular do JUS PUNIENDI 4 1.2. Persecução Penal Podemos definir a persecução penal como sendo o caminho percorrido pelo Estado para que seja aplicada a sanção penal (pena ou medida de segurança) àquele que cometeu uma infração penal, consubstanciando-se na fase da investigação preliminar e da ação penal. Desse modo, temos que A PERSECUÇÃO PENAL é tudo aquilo que está compreendido a partir do momento em que alguém pratica um fato definido como crime até o momento em que há o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O Direito Processual Penal será utilizado a partir do momento em que alguém pratica um crime, até o momento em que esse alguém é condenado em uma sentença irrecorrível, uma sentença sobre a qual não cabe mais recurso. Após a sentença condenatória transitada em julgado o Estado executará a pena – o réu inicia o cumprimento da sua pena e entra em cena um novo Direito, o da Lei de ExecuçãoPenal (Lei n. 7.210). Essa persecução penal será composta da fase da investigação preliminar e a fase do processo (ação penal). 1.3. Aplicação da Lei Processual Penal no Espaço O processo penal é aplicado no espaço do território brasileiro, essa é a regra geral, trata-se de incidência do princípio da territorialidade. Na aplicação da lei processual penal no espaço não há incidência da extraterritorialidade, como acontece no âmbito do direito penal. Nesse sentido, preceitua o art. 1º do CPP: Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: PERSECUÇÃO PENAL Investigação Criminal Preliminar Fase do Inquérito Policial Fase processual ou Judicial Fase da Ação Penal 5 Isso significa que, em regra, os crimes que forem praticados em território nacional, observarão as normas processuais brasileiras, com exceção das ressalvas (situações em que o processo terá seu trâmite no território brasileiro, mas, ainda assim, não será aplicado o CPP). Nesse sentido, leciona Noberto Avena1 “a leitura desse artigo (os dispositivos constitucionais nele citados referem-se à Constituição Federal de 1937) deixa claro que, no direito brasileiro, como regra, a lei processual penal (leia-se: Código de Processo Penal) será aplicada a todas as infrações penais perpetradas em território nacional. Trata-se do princípio lex fori ou locus regit actum, que se justifica não apenas na soberania nacional, mas também na circunstância de que não haveria sentido em aplicar aos fatos criminosos cometidos em território brasileiro legislação alienígena, significativa da vontade de outro povo, motivada em razões históricas diferentes e inspirada em costumes distintos daqueles aqui experimentados”. Corroborando ainda, ensina Walfredo Cunha (2019):2 É o princípio da lex fori ou locus regit actum: as leis processuais têm eficácia nos limites do território nacional, não se aplicando nossas leis a outros países, nem as leis estrangeiras no Brasil, em razão da soberania nacional. Em se tratando de relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devam ser praticados no Brasil, como a expedição de cartas rogatórias (art. 783/786 do CPP), homologação de sentenças estrangeiras (art. 787/790 do CPP) e extradição (Lei 13.445/2017 – Lei de Migração), aplica-se a lei processual brasileira e não estrangeira. Há, todavia, exceções ao princípio da territorialidade. Da aplicação do princípio da territorialidade, decorrem algumas consequências: • A lei processual penal brasileira é aplicada a todos os processos criminais em curso no território nacional; • A atividade jurisdicional penal brasileira somente é exercida nos limites do território nacional; • Há a exclusão da lei processual estrangeira no território nacional; Diante do exposto, temos que na hipótese de incidência da jurisdição penal brasileira aplica-se a lei processual penal brasileira, não podendo incidir a norma estrangeira. Inobstante a regra, o próprio art. 1° do CPP nos traz algumas ressalvas. As ressalvas a seguir apresentadas correspondem à não incidência do Código de Processo Penal, o que não significa extraterritorialidade. Vejamos as ressalvas: 1 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 2 Campos. Walfredo Cunha. Curso completo de processo penal. 2° Edicao revista, ampliada e atualizada. Editora JusPodivm, 2019. 6 I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; Um exemplo dessa ressalva é a convenção de Vienã sobre as relações diplomáticas, onde os agentes diplomáticos têm por função primordial representar o Estado acreditante, tendo imunidade de jurisdição penal no Estado acreditado, onde exercem suas funções, respondendo perante o Estado acreditante que é seu Estado de origem. Bem como a convenção de Viena sobre relações consulares, o cônsul tem por função a proteção dos interesses dos indivíduos e empresas do Estado acreditante, embora a imunidade dos agentes consulares está mais restrita que a dos diplomatas, tendo em vista que está limitada aos atos praticados no exercício das funções consulares. Outro exemplo dessa ressalva seria o Tribunal Penal Internacional, na qual a Constituição Federal aduz: Art. 5º § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). O TPI tem competência para os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão. Esse Tribunal integra a própria jurisdição Brasileira, embora em âmbito internacional. É possível a entrega (não se confunde com extradição) ao TPI de um indivíduo, mesmo que tenha praticado crime no Brasil. II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); O inciso II trata da chamada jurisdição política, crimes de natureza político administrativa. A própria CF em seu art. 52, I e II afirma que compete ao Senado Federal processar e julgar Presidente e Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, bem como ministros de Estado e comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, bem como Ministros do STF, membros do CNJ e do CNMP, o PGR e o Advogado geral da União nos crimes de responsabilidade (previstos na Lei 1.079/1950). III - os processos da competência da Justiça Militar; Esses processos seguem o Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei 1002/69). Os crimes eleitorais também fazem parte dessa ressalva do Art. 1º, embora não citado nos incisos deste parágrafo, os crimes eleitorais são regidos pelo Código Eleitoral Lei 4737/1965 (o CPP foi regido a luz da CF de 1937, por esse motivo os crimes eleitorais não se fazem presentes no referido artigo). 7 IV - os processos da competência do tribunal especial. (Constituição, art. 122, no 17); Essa referência é a Constituição de 1937, no qual esse tribunal especial julgava delitos políticos ou contra a economia popular, mas hoje não existe mais, atualmente os crimes contra a segurança nacional estão previstos na Lei 7.170/1993 e são julgados pela Justiça Federal, nos termos do Art. 109, IV, CF. V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) A Lei 5.250/1967 foi considerada não recepcionada pela CF 88 na ADPF 130-7. Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Tendo em vista que o parágrafo faz menção aos incisos que não são aplicados, se aproveita apenas o final no que tange que será aplicado ao CPP quando as Leis especiais não dispuserem de modo diverso, ou seja o CPP também é aplicado subsidiariamente por exemplo na Lei de Drogas 11.343/06, na Lei Maria da Penha 11.340/06, no Estatuto do Idoso Lei 10.741/03, art. 94, nas infrações de menor potencial ofensivo Lei 9.099/95, etc. Observação. No Código Penal temos a chamada extraterritorialidade: Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984). I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluídopela Lei nº 7.209, de 1984). II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). No entanto a Lei Processual Penal NÃO POSSUI extraterritorialidade, isso é uma consequência da própria soberania de cada país, para não ocorrer que um juiz americano aplique a Lei processual penal Brasileira por exemplo. Muito embora a doutrina coloca apenas três exceções; a) Aplicação da lei processual penal Brasileira em território nulliuis (território de ninguém); 8 b) Existência de autorização de um determinado país para que o ato processual seja praticado em seu território de acordo com a lei processual penal Brasileira; c) Se houver território ocupado em tempo de guerra. 1.4. Lei Processual Penal no Tempo Em matéria penal, a regra da Lei penal no Tempo é a do uso da lei vigente à época do fato (tempus regit actum). Possuindo a exceção da extratividade, que seria a retroatividade (aplicação da lei a momento anterior de sua vigência) e a ultratividade (aplicação da Lei já revogada em momento posterior ao término de sua vigência), quando em benefício do réu, conforme afirma a CF: Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Contudo, no âmbito do processo penal a regra é diferente, conforme determina o Art. 2º do CPP. Vejamos: Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Observe que este artigo 2° do CPP traz incialmente o PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI PROCESSUAL PENAL. Dessa forma, se no curso do processo sobrevier nova norma processual penal, os atos que foram realizados sob a vigência da lei anterior permanecem válidos, aos atos processuais posteriores, contudo, aplicar-se-á de imediato a nova lei processual penal. Lembre-se que no Direito Penal existe a irretroatividade da lei penal mais gravosa, quando o indivíduo comete um crime ele deverá cumprir a pena imposta na época em que praticou a conduta, independente se posteriormente foi aumentada a pena com nova Lei, esta não poderá retroagir para prejudicar o réu. Enquanto o Direito Processual Penal, irá trabalhar apenas com regras de procedimentos, desta feita a aplicação será imediata “tempus regit actum”. Nesse sentido, preceitua Fábio Roque e Klaus Negri (2020) 3 Vige, portanto, em nossa legislação, o princípio do tempus regit actum, ou seja, o tempo rege o ato. É a regra. A lei, uma vez publicada, produzirá efeitos para o futuro (ex nunc). Os atos anteriormente praticados, desde que válidos (de acordo com as normas vigentes), estarão preservados. 3 Costa, Klaus Negri. Processo penal didático/ Klaus Negri Costa, Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodbm, 3 Ed. rev. Ampl. e atual 2020. 9 Nessa mesma linha, propõe Noberto Avena4 Incide, enfim, o princípio tempus regit actum, também chamado de princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata da lei processual, significando que o tempo rege a forma como deve revestir-se o ato processual e os efeitos que dele podem decorrer. Logo, se no curso de um processo criminal sobrevier nova lei processual, os atos já realizados sob a égide da lei anterior manterão sua validade normal. Contudo, os atos posteriores serão praticados segundo os termos da nova normatização. Em seguida o artigo trata acerca da manutenção dos atos realizados sob a vigência da Lei anterior, no qual temos alguns sistemas de aplicação: Sistema da unidade processual: a partir do momento que um processo se inicia sob a vigência de determinada lei, é necessário que esta lei seja observada até o final deste processo, ainda que sobrevenha norma alterando. Segundo esse sistema, quando surge lei nova no meio do processo, ela não será aplicada neste, mas sim a partir dos novos processos e não aos que já estão em andamento. Sistema das fases processuais: O processo penal é divido em fases: petitória, instrutória e decisória. Por esse sistema, se uma determinada fase do processo iniciar regendo-se por lei X, deverá concluir aquela fase aplicando-se a mesma legislação, ainda que sobrevenha alteração legislativa. Suponhamos que a Lei nova chega na fase instrutória do processo, a partir da próxima fase já será possível a sua aplicação, antes disso, contudo, deverá ser observado a lei que estava em vigência no início da fase. Sistema do isolamento dos atos processuais: O Brasil adotou esse sistema, que considera cada um dos atos processuais (denúncia, recebimento da denúncia, citação...) isolando-os e aplicando a Lei Processual Nova no ato subsequente ao que a Lei entrou em vigor. No momento que sobrévem nova norma processual penal, aplica-se desde logo, não havendo necessidade de se aguardar o término do processo que já estava em andamento (sistema da unidade processual), ou ainda, aguardar o término da fase processual (sistema das fases processuais), para que aquela norma seja aplicada ao ato processual. Lembre-se, da adoção desse sistema decorrem duas consequências: a) os atos que foram praticados sob a vigência da lei anterior são considerados validos; b) as normas processuais têm aplicação imediata. 4 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 10 Em resumo, vejamos o ESQUEMA5 abaixo: Em relação as normas processuais mistas ou híbridas (normas que tem conteúdo tanto penal quanto processual penal), a exemplo do art. 366 do CPP, temos regra específica. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. As normas processuais mistas ou hibridas são aquelas que possuem em seu corpo conteúdo de caráter processual penal e conteúdo de caráter penal. Temos uma duplicidade de conteúdo em uma única norma. É exemplo de norma processual híbrida aquelas que tratam sobre prisão, por exemplo. Nesse sentido, explica Avena (2020) “normas mistas ou híbridas são aquelas que apresentam duplicidade de conteúdo, vale dizer, incorporam tanto um conteúdo processual quanto um conteúdo material”. Candidato, no caso das chamadas normas processuais mistas ou híbridas, deverá ser observado o princípio da aplicação imediata? Não, a regra prevista ao teor do art. 2° do CPP aplicar-se-á as normas de caráter eminentemente processuais. Na hipótese das chamadas normas processuais mistras ou híbridas, aplica- se a regra de direito penal material. Nesse caso, conforme entendimento do STF, deve prevalecer o aspecto penal da norma, aplicando-se a regra do CP da irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica. 5 Esquema extraído a partir das explicações propostas na obra do prof. Noberto Avena <Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018>. Consequências do tempus regit actum Os atos processuais praticados no período de vigência da lei revogada não estarão invalidados em virtude do advento de lei nova, ainda que importe esta em benefício do acusado. A nova norma processual terá aplicação imediata, desimportando, absolutamente, se o fato objeto do processo criminal foi praticado antes ou depois de sua vigência. 11 Em resumo, no CPP temos a incidência da aplicabilidade imediata, ou seja, a Lei nova é aplicada imediatamente ao restante do processo, os atos processuais praticados soba vigência da lei anterior são válidos e adota-se o sistema do isolamento dos atos processuais (cada ato processual leva em conta o momento em que foi praticado). Exemplo: Imagine que foi praticado um fato em 2007, não havia previsão da citação por hora certa no CPP, réu ainda não foi citado e entra em vigor a Lei 11.719/2008, que cria a citação por hora certa, e, portanto, o réu foi citado por hora certa, essa citação será válida! Observação: Existe uma exceção ao princípio da imediatidade, a Lei de introdução ao Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.931/41) afirma em seu Art. 3º que o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal. Ou seja, se o prazo já foi iniciado e a lei nova reduz o prazo aplica-se a lei anterior, se alei nova aumenta o prazo aplica-se a lei nova. Exemplo, o prazo para recorrer é 10 dias. No 9º dia, entra em vigor nova lei, fixando o prazo em 15 dias, a lei nova aumentou o prazo, ou seja, aplicará a de maior prazo. Exemplo. O prazo para recorrer é de 10 dias. No 9º dia, entra em vigor nova lei, fixando o prazo em 5 dias. Será aplicada obviamente a lei antiga. Vamos REFORÇAR? LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO Regra: lei estritamente processual Exceção: lei mista/híbrida/material Noção É a lei que contém apenas preceitos de direito processual. É a lei que traz preceitos de direito processual e de direito penal. Como se aplica Aplicação imediata com preservação dos atos anteriores. Princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata. Não pode haver cisão. Prevalece o aspecto penal: se este for benéfico, a lei retroage por completo, se for maléfico, a lei não retroage. Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira. 1.5. Interpretação da Lei Processual Penal Por interpretação devemos compreender como a atividade mental realizada com o objetivo de extrair da norma legal o seu conteúdo, estabelecendo-se seu âmbito de incidência e exato sentido. O código de processo penal ao teor de seu art. 3° admite de forma expressa a chamada interpretação extensiva. Nesse sentido, vejamos: CPP, art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 12 Quando se fala em interpretação extensiva, estamos tratando de uma das classificações da interpretação quanto ao seu resultado, e em relação ao resultado, uma interpretação pode ser: • Declarativa: quando foi verificado que o legislador utilizou de forma adequada e correta todas as palavras contidas na lei, ocorrendo exata equivalência entre os sentidos e a vontade presente na lei; • Restritiva: quando a lei possui palavras que ampliam a vontade da lei, e acabe à interpretação reduzir esse alcance, • Extensiva: quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz menos do que deveria dizer, devendo o intérprete verificar qual os reais limites da norma. A interpretação extensiva será realizada nos casos em que o texto da lei ficou aquém do que desejava. Necessita- se assim ampliar o seu alcance, para que assim possamos atingir o seu significado. Temos como exemplo o Art. 581 e o art. 254 do CPP: Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; Podemos fazer a interpretação extensiva para a abranger também a decisão que não receber o aditamento da denúncia ou queixa. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: Embora o artigo só mencione o juiz o uso da interpretação extensiva serve para abranger também os jurados. Corroborando ao exposto, Noberto Avena6 explica, “a interpretação extensiva ocorre quando o intérprete detecta que a letra escrita da lei encontra-se aquém da mens legis, ou seja, o legislador não disse tudo o que pretendia dizer, sendo preciso estender o alcance da norma para que se possa chegar ao seu verdadeiro significado. No processo penal brasileiro, a possibilidade de interpretação extensiva está prevista, expressamente, no art. 3.° do CPP. Exemplo: o art. 581 do CPP elenca os casos de cabimento do 6 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 13 recurso em sentido estrito. Independentemente de se compreender como taxativo este rol, tem-se admitido a interpretação extensiva das situações nele previstas para permitir o manejo daquele recurso contra decisões que, apesar de não expressamente arroladas, sejam muito próximas ou, então, produzam uma consequência processual (sucumbência) semelhante à outra hipótese na qual esteja previsto seu cabimento”. • Progressiva, adaptativa ou evolutiva: é a que busca moldar a lei à realidade atual. Evita a constante reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade. O Art. 582 refere-se a uma interpretação adaptativa; Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação (...) O Tribunal de Apelação se refere aos Tribunais de Justiça no Âmbito estadual e os Tribunais Regionais Federais em Âmbito federal. - Analógica ou intra legem: nessa interpretação o próprio legislador apresenta uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica, permitindo que o intérprete abranja outras situações semelhantes a que o legislador trouxe, ou seja um exemplo que abre possibilidade para inclusão de outras hipóteses. Art. 185, § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (...) A expressão “vídeo conferência” seria a fórmula casuística, seguido da forma genérica “ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens”. Cuidado. Interpretação analógica se difere de analogia, esta última é um processo de integração da norma cuja finalidade é suprir lacunas. Consiste na aplicação de um caso concreto não disciplinado por norma alguma, de uma lei que disciplina fato semelhante. Exemplo: Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Veja que não menciona o companheiro, então a doutrina aponta que se deve fazer a analogia para abranger também o companheiro. 14 Parte da doutrina admite a analogia em processo penal indistintamente, mas alguns entendem que se a norma for processual material ou mista, se tiver conteúdo processual, mas também penal, não se admite a analogia, assim como não se admite no direito penal. Exemplo seria o mesmo Art. 31, tendo em vista que ele interfere no direito de punir, então para alguns não seria possível abranger o companheiro. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? (Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). As normas genuinamente processuais a) admitirão interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito b) não admitem aplicação analógica, mas admitirão interpretação extensiva. c) não admitem interpretação extensiva, mas admitirão aplicação analógica. d) serão aplicadas desde logo, mas tornam inválidos os atos praticados sob a égide da lei anterior se desfavoráveis ao imputado. Gab. A. Fundamento legal – Art. 3, CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito. Vamos REFORÇAR? A lei processual penal admitirá • Interpretação extensiva; • Analogia; • Princípios gerais de direito. þ Aplicação subsidiária do CPC: CPC, art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Embora não tenha menção ao Código de Processo Penal, entende-se que houve omissão do legislador, o CPC pode ser aplicado subsidiariamente, desde que matéria não esteja disciplinada no CPP e seja compatível com o processo penal que cuida de direitos indisponíveis. þ Aplicação da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB): Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 15 Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 1.6. Fontes do direito processual penal A fonte é de onde provém determinada coisa, determinado objeto. As fontes do direito processual penal podem ser classificadas em fontes materiais ou de produção ou em fontes formais, também denominada de fontes de cognição. Esta última classificação poderá ainda ser imediata/ direita ou mediata/indireta. Uma vez compreendida essa divisão, precisamos compreender quais são essas fontes propriamente. a) Fonte material (fonte de produção ou de criação) – “Quem produz” As fontes materiais ou de produção é a fonte que elabora, ou seja, que cria o Direito, refere-se, pois, a competência para legislar sobre direito processual penal, a qual nos termos da Constituição Federal, é competência exclusiva da União. Contudo, cumpre ressaltarmos que os Estados, mediante autorização feita por intermédio de Lei Complementar, poderão legislar sobre questões específicas de interesse local. O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), por exemplo, teve a iniciativa do Ministro da Justiça, mas foi votado nas duas Casas, no Senado e na Câmara dos Deputados. A seguir foi encaminhado para o Presidente da República para sancionar, alguns dispositivos foram vetados e outros foram sancionados. Tudo isso acontece no âmbito da União, valendo-se do Poder Legislativo e do Poder Executivo para sancionar, promulgar e publicar a lei. Quem vai criar, quem vai produzir as leis processuais penais é a União. Constituição Federal (CF) Art. 22. I – Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. FONTES Fontes materiais ou de produção Fontes formais ou de cognição Imediata ou direta Mediata ou indireta 16 A fonte material do Direito Processual Penal é a União. Entretanto, por meio de Lei Complementar e somente Lei Complementar, os Estados e o Distrito Federal (DF) podem legislar sobre Direito Processual Penal sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo (questões relacionadas aos estados e DF). b) Fonte formal (fonte de cognição) – “O que” As fontes formais ou de cognição, são aquelas que expressam, materializam o direito. O Direito Processual Penal tem de se valer da lei. Dentro das fontes formais, há uma subdivisão: a) Imediatas ou diretas: Lei, tratados internacionais e a CF. b) Mediatas, indiretas ou supletivas: por analogia, costumes e princípios gerais de direito. As fontes formais mediatas, indiretas ou supletivas auxiliam a aplicação da lei. Sozinhas elas não têm vida própria, não têm aplicação própria. Alguns consideram que a analogia é uma forma de integração da norma e que não seria uma fonte do Direito Processual Penal. Obs.: doutrina e jurisprudência são formas de interpretação da lei processual penal, não são consideradas fontes. Todavia, as súmulas vinculantes e decisões vinculantes (controle de constitucionalidade) são, para alguns autores, fontes formais imediatas ou diretas. Para melhor compreensão do tema, vejamos a explicação aprofundada proposta pelo professor Noberto Avena: Fontes materiais, também chamadas de fontes substanciais ou fontes de produção, correspondem às entidades ou sujeitos aos quais incumbe a geração de normas jurídicas sobre determinadas matérias. Trata-se de quem tem competência para produzir a norma. No âmbito do direito processual penal, fonte material por excelência é a União, já que o art. 22, I, da CF estabelece a ela competir, privativamente, a disciplina dessa ordem de matéria. A referência à União, aqui, abrange tanto a competência do Legislativo quanto do Executivo, pois, embora, como regra, seja do Congresso Nacional a atribuição para editar leis que versem sobre processo penal, não se pode esquecer que o Poder Executivo possui atribuição para celebrar tratados, convenções e atos internacionais, os quais, depois de referendados pelo mesmo Congresso, terão força de lei (art. 84, VIII, da CF). Além disso, também os Estados, excepcionalmente, poderão criar leis que tratem de questões específicas de processo penal, desde que haja autorização da União por meio de Lei Complementar, conforme dispõe o art. 22, parágrafo único, da CF. Isto ocorre porque a competência privativa, ao contrário da competência exclusiva, pode ser delegada. 17 Fontes formais, rotuladas, ainda, de fontes de revelação, de cognição ou de conhecimento, traduzem as formas pelas quais o direito se exterioriza. Classificam-se em fontes formais imediatas ou diretas e fontes formais mediatas ou indiretas. Como fontes formais imediatas ou diretas compreendem-se as leis, assim compreendido todo e qualquer dispositivo editado pelo poder público, entre os quais: • Constituição Federal; • Legislação Infraconstitucional; • Os tratados, convenções e regras de direito internacional. Por outro lado, como fontes formais mediatas ou indiretas compreendem-se os princípios gerais de direito, a analogia, os costumes, a doutrina, o direito comparado e a jurisprudência. Assim: • Doutrina; • Princípios gerais do direito; • Direito comparado; • Analogia; • Costumes; • Jurisprudência. Vejamos de forma ESQUEMATIZA7: Fontes materiais ou de produção Fontes formais ou de revelação, de cognição ou de conhecimento É o sujeito de direito que cria o processo penal. Este sujeito é a União, uma vez que compete a ela, privativamente, legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF). Os Estados, excepcionalmente, poderão criar leis que tratem de questões especí- ficas processuais, como autoriza o § único do art. 22 da CF. Os Estados e o DF podem legislar, concorrentemente, sobre direito penitenci- ário (art. 24, I, da CF), isto é, sobre a organização e funcionamento de unidades de cumprimento de penas e medidas de segurança, além de lhes ser autorizada a regula- mentação de leis federais que tratem das execuções penais, quando estas permitirem tal complementação. São as formas através das quais o direito processual se revela, se exterioriza, divi- dindo-se em fontes formais imediatas ou diretas e fontes formais mediatas ou indiretas. Fontes formais imediatas ou diretas – aquelas que têm sua origem no próprio ordenamento jurídico, diretamente, sem intermediações. Fontes formais mediatas ou indiretas – aquelas que têm sua origem na inter- pretação do ordenamento jurídico, indiretamente 1.7. Normas processuais materiais, mistas ou híbridas 7 Quadro Esquematizado construído a partir das explicações propostas na Obra CURSO COMPLETO DE PROCESSO PENAL • Walfredo Cunha Campos, 2020. Editora JusPodivm. 18 As normas processuais têm conteúdo misto, possuem tanto natureza penal como processual. Vejamos: - Normas processuais puras: são aquelas que cuidam de procedimentos, atos do processo ou técnicas processuais. Nesse sentido, preleciona Noberto Avena 8, as normas processuais são aquelas que regulamentam aspectos relacionados ao procedimento ou à forma dos atos processuais. Regem-se, como vimos, pelo princípio dotempus regit actum, possuindo aplicação imediata. Comoexemplo, a disposição que introduziu no ordenamento processual penal a citação por hora certa, adequada à situação do réu que se oculta para não ser citado (art. 362 do CPP). - Normas processuais materiais, mistas ou híbridas – além de envolverem aspectos processuais, trazem reflexos na pretensão punitiva, atingem o direito de liberdade do réu (ex. modificam causas de extinção da punibilidade, prescrição, decadência, renúncia, perempção, modificam regras sobre prisão do réu, etc.). A regra utilizada é a da irretroatividade, salvo se benéfica, conforme a CF, art 5º, XL, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. PAULO QUEIROZ e ANTONIO VIERA afirmam que sempre que a lei processual dispuser de modo mais favorável ao réu – v.g., passa a admitir a fiança, reduz o prazo de duração de prisão provisória, amplia a participação do advogado, aumenta os prazos de defesa, prevê novos recursos etc. – terá aplicação efetivamente retroativa. E aqui se diz retroativa advertindo-se que, nestes casos, não deverá haver tão somente a sua aplicação imediata, respeitando-se os atos validamente praticados, mas até mesmo a renovação de determinados atos processuais, a depender da fase em que o processo se achar. Quando estivermos diante de normas meramente procedimentais, que não impliquem aumento ou diminuição de garantias, como sói ocorrer com regras que alteram tão só o processamento dos recursos, a forma de expedição ou cumprimento de cartas rogatórias etc. –, terão aplicação imediata (CPP, art. 2o), incidindo a regra geral, porquanto deverão alcançar o processo no estado em que se encontra e respeitar os atos validamente praticados. Exemplos: a) Citação por edital 8 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 19 Art. 366 (redação anterior) – “O processo seguirá à revelia do acusado que, citado inicialmente ou intimado para qualquer ato do processo, deixar de comparecer sem motivo justificado”. Antes o réu citado por edital poderia ser condenado à revelia. Art. 366 (redação dada pela Lei 9.271/1996) - “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”. De acordo com a nova Lei o réu não será condenado à revelia, serão suspensos o processo (normal processual) e a prescrição (normal material), estamos diante de uma norma de conteúdo misto. No exemplo supracitado o STF e STJ entenderam que essa Lei nova é mais grave, tendo em vista que determina a suspensão da prescrição que não havia antes, sendo assim não pode retroagir: STF: “(...) Citação por edital e revelia: L. 9.271/96: aplicação no tempo. Firme, na jurisprudência do Tribunal, que a suspensão do processo e a suspensão do curso da prescrição são incindíveis no contexto do novo art. 366 CPP (cf. L. 9.271/96), de tal modo que a impossibilidade de aplicar-se retroativamente a relativa à prescrição, por seu caráter penal, impede a aplicação imediata da outra, malgrado o seu caráter processual, aos feitos em curso quando do advento da lei nova. Precedentes. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 83.864/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 20/04/2004, DJ 21/05/2004). b) Lei 9.099/95 Lei 9.099/95 Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada. Pela letra da Lei, só valeria daquele momento em diante. No entanto o STF se pronunciou e afirmou que os institutos que tiverem conteúdo material (conteúdo de direito penal) irão retroagir para benefício do réu: STF: “O art. 90 da lei 9.099/1995 determina que as disposições da lei dos Juizados Especiais não são aplicáveis aos processos penais nos quais a fase de instrução já tenha sido iniciada. Em se tratando de normas de natureza processual, a exceção estabelecida por lei à regra geral contida no art. 2º do CPP não padece de vício de inconstitucionalidade. Contudo, as normas de direito penal que tenham conteúdo mais benéfico aos réus devem retroagir para beneficiá-los, à luz do que determina o art. 5º, XL da Constituição federal. Interpretação conforme ao art. 90 da Lei 9.099/1995 para excluir de sua abrangência as normas de direito penal mais favoráveis aos réus contidas nessa lei” (ADI 1719/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, j. 18/06/2007, v.u.). 20 b.1) Composição Civil dos Danos: Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. Norma hibrida que deve retroagir, para atingir os processos que estavam em andamento. b.2) Suspensão condicional do processo; Art. 89 - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena” (culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente, motivos e circunstâncias autorizam a concessão do benefício). § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. b.3) Passou a exigir representação nos crimes de lesão corporal leve e culposa; Art. 88 - Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Antes da Lei 9.099/95 os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa eram de ação penal pública incondicionada, após a referida Lei, a lesão culposa e a lesão leve passaram a ser condicionada a representação. Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência c) Prisão preventiva A antiga redação do art. 313 trazia: 21 Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos; I – punidos com reclusão; II – punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; III – se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do código penal. IV – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especifica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). A lei se tornou mais benéfica, o agente que estava preso por crime com pena máxima não superior a 4 anos precisa ser solto se não se enquadrar nos outros requisitos da prisão preventiva. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - se o crime envolver violência doméstica efamiliar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). d) Acordo de não persecução penal Introduzido pelo PAC Lei 13.964/19: Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena 22 mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Código Penal; IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. Tratando-se também de uma norma hibrida tendo em vista que trata disposição de natureza processual e material. 1.8. Normas heterotópicas Candidato, e o que se entente por normas processuais heterotópicas? Excelência, são aquelas que tem conteúdo material, mas estão previstos no código processual, ou aquelas que tem conteúdo processual e estão no código penal. Elas estão topograficamente deslocadas, pouco importando onde estão, mas sim seu conteúdo. Então se uma norma de direito material está deslocada no CPP, iremos aplicar o princípio da irretroatividade da lei penal, por outro lado se uma norma puramente processual está prevista no código penal se aplica o princípio da imediatividade. Nesse sentido, corroborando ao exposto, conceitua o Professor Noberto Avena: Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas processuais penais, possuem conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, no entanto, 23 inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de heterotopia, ou seja, situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, encontra- se ela prevista em diploma de natureza distinta. Tais normas não se confundem com as normas processuais materiais. Enquanto a heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada a diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Como exemplos de disposições heterotópicas, pode ser citado o direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório, o qual, apesar de previsto no CPP (art. 186), possui caráter nitidamente assecuratório de direitos (material), assim como as normas gerais que trataram da competência da Justiça Federal, que, conquanto previstas no art. 109 da Carta Magna, que é um diploma material, são dotadas de natureza evidentemente processual. Exemplo: CP, art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Esse pedido de explicações é relativo a uma norma processual, tem um caráter preparatório de uma eventual ação penal, mas está no código penal. O Direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório (art. 186 do CPP), embora prevista no CPP tem um caráter assecuratório, de conteúdo material. Bem como as normas gerais que tratam da competência da Justiça Federal (art. 109 da CF), essa competência em tese tem caráter processual, mas está em um diploma essencialmente material. 1.9. Sistemas processuais penais: sistema inquisitório; sistema acusatório e sistema misto No tocante aos sistemas processuais, podemos apontar a existência de três deles, a saber: o sistema inquisitorial, sistema acusatório e o sistema misto ou francês. A depender dos princípios que venham a informá-lo, o processo penal, na sua estrutura, pode ser inquisitivo, acusatório e misto. (Nestor Távora, 2018). 24 a) Sistema inquisitivo: cabe a um só órgão acusar, defender e julgar, essas atividades serão exercidas pelo chamado “juiz inquisidor”. Nesse sistema, o próprio juiz inicia a ação penal, pode produzir as provas que achar necessário e o mesmo juiz inquisidor decide sobre a causa. O juiz assume função de acusador e julgador, o que acaba ocasionando um sério comprometimento a sua imparcialidade. Nesse sistema não existe a observância do contraditório (inexistência do contraditório) e a ampla defesa assume um papel meramente decorativo. Corroborando ao exposto, preleciona o prof. Noberto Avena9, típico dos sistemas ditatoriais, contempla um processo judicial em que podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar, defender e julgar. No sistema inquisitivo, não existe a obrigatoriedade de que haja uma acusação realizada por órgão público ou pelo ofendido, sendo lícito ao juiz desencadear o processo criminal ex officio. Nesta mesma linha, faculta-se ao magistrado substituir-se às partes e, no lugar destas, determinar, também por sua conta, a produção das provas que reputar necessárias para elucidar o fato. O acusado, praticamente, não possui garantias no decorrer do processo criminal (ampla defesa, contraditório, devido processo legal etc.), o que dá margem a excessos processuais. Exatamente por isso, em regra, o processo não é público, sendo caráter sigiloso atribuído pelo juiz por meio de ato discricionário seu e à margem de fundamentação adequada. Diante disto, contemplamos que no sistema inquisitório existe uma concentração de poderes na mão do juiz. Todas as funções encontram-se concentrada nas mãos de uma única pessoa, in casu, é a “pessoa” do juiz. O lado maléfico do sistema inquisitório é o eventual abuso de poder (crítica), além da prejudicialidade da imparcialidade do magistrado, o qual, simultaneamente exerce todas as funções (acusa, defende e julga). É característica também do sistema inquisitório a inexistência de contraditório. A gestão da prova será feita pelo juiz, podendo fazê-lo tanto na fase inquisitorial quanto na fase do processo. Em síntese, podemos apontar como características do sistema inquisidor: • A função de acusar, defender e julgar encontram-se concentrados em uma única pessoa, que assume assim as vestes de um juiz acusador (concentração de poderes); • Juiz inquisidor parcial; 9 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. Sistema Inquisitivo Sistema Acusatório Sistema Misto 25 • Não observância do contraditório e da ampla defesa; • Sigiloso (inexistência de publicidade dos atos processuais); • O julgador é dotato de ampla iniciativa probatória; • O acusado era considerado mero objeto da demanda processual; • A confissão é considerada a rainha das provas (sistema tarifado das provas). O Códigode Processo Penal já foi objeto de várias reformas pontuais, de modo que diversas dos dispositivos nele constante possuem ainda resquícios de um sistema inquisitorial. Com o advento do Pacote Anticrime, o qual passou a prevê de forma expressa a adoção do sistema acusatório, parte da doutrina já começa a argumentar no sentido uma possível revogação tácita desses artigos com caráter inquisitorial. Exemplos de dispositivos presente no CPP com resquícios do sistema inquisitorial: art. 127 do CPP; art. 156 do CPP; art. 196 do CPP; art. 209 do CPP; art. 242 do CPP; art. 385 do CPP. Referem-se à diligências de ofício por parte do magistrado que vai de encontro as características do sistema acusatório. b) Sistema acusatório: conforme explica o prof. Noberto Avena10, próprio dos regimes democráticos, o sistema acusatório caracteriza-se pela distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, que deverão ficar a cargo de pessoas distintas. Nesse sistema existe uma clara separação entre os órgãos de acusação e julgamento. O juiz é um terceiro imparcial e a produção de provas está na mão das partes. O juiz é absolutamente inerte e imparcial, com contraditório e ampla defesa assegurados e com publicidade dos atos. No sistema acusatório, as funções serão exercidas por partes distintas. As funções de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas diversas. No referido sistema haverá respeito ao contraditório. O acusado deixa de ser considerado mero objeto e passa a configurar como sujeito de direitos. A gestão da prova, em um sistema acusatório puro, o juiz não poderia produzir prova de ofício. Por outro lado, a outra parte da doutrina aduz que o juiz pode produzir prova de ofício na fase processual. Assim, na fase investigatória não é dada ao juiz produzir prova de ofício, porém, na fase processual lhe é permitido, desde que atue de forma residual. 10 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 26 Por oportuno, cumpre destacarmos que o art. 3-A do CPP acrescido pela Lei 133.964/2019, ora suspenso, deixou expresso a adoção do sistema acusatório.11 Em síntese, podemos apontar como características do sistema acusatório: • A função de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas distintas; • Juiz equidistante das partes e imparcial; • Observância do contraditório e da ampla defesa; • O processo é público; • Oralidade nos procedimentos; • O julgador possui iniciativa probatória residual (a atuação do juiz é de natureza supletiva); • O acusado é sujeito de direitos e possui garantais constitucionais Corroborando ao exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista12: No sistema acusatório, cada sujeito processual tem uma função bem definida no processo. A um caberá acusar (como regra, o Ministério Público), a outro defender (o advogado ou defensor público) e, a um terceiro, julgar (o juiz). A lição de José Frederico Marques merece ser lembrada (Estudos de Direito Pro- cessual, Rio de Janeiro: Forense, 19, p. 23). O citado autor identifica as principais características do sistema acusatório, a saber: a) separação entre os órgãos da acusação, defesa e julgamento, de forma a se instaurar um processo de partes; b) liberdade de defesa e igualdade de posição das partes; c) vigência do contraditório; d) livre apresentação das provas pelas partes; e) regra do impulso processual autônomo, ou ativação inicial da causa pelos interessados (ne procedat judex ex officio). Diríamos, em acréscimo: o processo é público, salvo algumas situações previstas em lei. c) Sistema misto: o mestre e prof. Noberto Avena13 define o sistema processual misto como um modelo processual intermediário entre o sistema acusatório e o sistema inquisitivo. Isso porque, ao mesmo tempo em que há a observância de garantias constitucionais, como a presunção de inocência, a ampla defesa e o contraditório, mantém ele alguns resquícios do sistema inquisitivo, a exemplo da faculdade que assiste ao juiz quanto à produção probatória ex officio e das restrições à publicidade do processo que podem ser impostas 11 Rogério Sanches e Ronaldo Batista (2020): A nossa Bíblia Política de 1988 adota esse sistema. A Lei 13.964/19, obediente à Carta Maior, foi clara: o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação (art. 3º-A do CPP). A suspensão deste artigo pelo STF não permite concluir que nosso ordenamento, sob o comando da Constituição Federal, adota sistema diverso do acusatório. 12 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista, atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto. 13 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 27 em determinadas hipóteses. No sistema misto, há duas fases distintas – uma primeira fase inquisitorial, destinada a investigação preliminar, e em seguida, teria uma segunda fase, essa última de viés mais de sistema acusatório. Possui uma primeira fase inquisitorial, com investigação preliminar e instrução conduzidas por um juiz, seguida de uma fase acusatória que consiste na separação entre acusação, defesa e juiz. NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM SABER QUE: No sistema inquisitório não se tem a observância do princípio do contraditório e ampla defesa, o juiz centraliza todas as funções (acusar, defender e julgar), o acusado não é sujeito de direitos, mas sim objeto do processo. No sistema acusatório a iniciativa é primordialmente das partes, o juiz atua apenas como gestor das provas, além disso o processo é um ato de três pessoas (juiz, acusação, réu ou defesa), todos com atribuições distintas, tendo a presença marcante do princípio do contraditório e ampla defesa, tendo em vista que o acusado é sujeito de direitos processuais. Por fim, no sistema misto ou francês, mescla os dois sistemas anteriores, é bifásico, com “uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e a uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do processo acusatório. Em RESUMO: Inquisitório Acusatório Misto/francês • Juiz inquisidor: concentra as funções de julgar, acusar e defender. • Ausência de contraditório; • Processo sigiloso ; • Processo instaurado pelo juiz e provas produzidas por ele; • Não é adotado no Brasil; • O sujeito é considerado objeto. • Não respeita princípios e garantias fundamentais. • Juiz equidistante das partes (igualdade de tratamento entre as partes). • Juiz, defensor e acusador — 3 personagens • Contraditório e ampla defesa • Processo público • Provas produzidas pelas partes e não pelo juiz; • O sujeito é considerado detentor de direitos e garantias fundamentais. • Adotado no Brasil — CF, Art. 129, I e CPP, Art. 3º-A (PAC – 13.964/19). O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. 1ª fase inquisitorial 2ª fase acusatória • Não é adotado no Brasil, tendo em vista que essa fase inquisitorial e a fase acusatória seria dentro da ação penal. 28 Candidato, qual foi o sistema adotado no Ordenamento Jurídico Brasileiro? O sistema acusatório é o adotado pela Constituição Federal. Vejamos: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. A função de acusar nas ações penais públicas é do Ministério Público, sendo assim o sistema acusatório, não é a outra a conclusão que poderíamos ter, haja vista que a CF outorgou a titularidade da persecução penal ao referido órgão, por excelência. Por fim, conforme destacamos acima, a adoação do sistema acusatório no OJ Brasileirofoi reafirmanda com o advento do art. 3-A do CPP, oriunda do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019). Corroborando ao exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista: A Lei 13.964/19, obediente à Carta Maior, foi clara: o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação (art. 3-A do CPP). A suspensão deste artigo pelo STF não permite concluir que nosso ordenamento, sob o comando da Constituição Federal, adota sistema diverso do acusatório. Lembre-se! O PAC – pacote anticrime reforçou a adoção do sistema acusatório, mas não tornou o sistema Brasileiro como acusatório puro, tendo em vista que ainda temos dispositivos que permitem a atuação do juiz, como, por exemplo, o Art. 212 do CPP. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? (Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia. A referida classificação do sistema brasileiro como um sistema acusatório, desvinculador dos papéis dos agentes processuais e das funções no processo judicial, mostra-se contraditória quando confrontada com uma série de elementos existentes no processo.” (FERREIRA. Marco Aurélio Gonçalves. A Presunção da Inocência e a Construção da Verdade: Contrastes e Confrontos em perspectiva comparada (Brasil e Canadá). EDITORA LUMEN JURIS, Rio de Janeiro, 2013). Leia o caso hipotético descrito a seguir: O Ministro OMJ, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), de arquivamento do inquérito aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e da suspensão dos atos praticados no âmbito dessa investigação, como buscas e apreensões e a censura a sites. Assinale a alternativa INCORRETA quanto a noção de sistema acusatório. A. Inquérito administrativo instaurado no âmbito da administração pública. B. A determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz. C. A Instauração de inquérito policial pelo Delegado de Polícia. 29 D. A requisição de instauração de inquérito policial pelo Ministério Público. E. Inquérito instaurado por comissões parlamentares. Gab. B. No sistema acusatório, o juiz deve buscar se manter equidistante das partes para não comprometer a sua imparcialidade. Desse modo, a atuação de ofício é contrário a essa tese. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o a) inquisitivo formal. b) acusatório formal. c) inquisitivo. d) inquisitivo unificador. e) acusatório. Gab. E. O Ordenamento Jurídico Brasileiro adota o sistema acusatório. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AP. Prova: Defensor Público). O sistema acusatório: a) se caracteriza por separar as funções de acusar e julgar e por deixar a iniciativa probatória com as partes. b) se verifica quando a Constituição prevê garantias ao acusado. c) tem sua raiz na motivação das decisões judiciais. d) vigora em sua plenitude no direito brasileiro. e) privilegia a acusação, sedo próprio dos regimes autoritários. Gab. A. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? (FCC - DPE-RS - Defensor Público) No Brasil, segundo a maioria dos doutrinadores, vige o sistema processual penal do tipo acusatório. São características deste sistema processual penal: a) a imparcialidade do julgador, a flexibilização do contraditório na medida da necessidade para reconstrução da verdade real e a relativização do duplo grau de jurisdição. b) o sigilo das audiências, a imparcialidade do julgador e a vedação ao duplo grau de jurisdição. c) a igualdade das partes, o contraditório e a publicidade dos atos processuais. 30 d) a absoluta separação das funções de acusar e julgar, a publicidade dos atos processuais e a inexistência da coisa julgada. e) o sigilo absoluto do inquérito policial, a publicidade dos atos processuais e o duplo grau de jurisdição. Gab. C. Vamos REFORÇAR? SISTEMAS PROCESSUAIS INQUISITIVO ACUSATÓRIO Funções Reunidas nas mãos do Juiz (acusar, defender e julgar) Há separação de funções (acusar, defender e julgar) Réu Objeto da investigação Sujeito de direitos Atos Sigilosos Públicos, salvo exceções legais Gestão da Prova Juiz é gestor da prova, podendo atuar de ofício, seja na investigação, seja no processo criminal. Partes são gestoras da prova. O juiz só atua quando provocado e excepcionalmente de ofício nos casos previstos em lei. Sistema da Prova Sistema da Prova Tarifada (confissão como rainha das provas) Sistema do Livre Convencimento Motivado ou da Persuasão Racional Presunção De Culpabilidade, podendo utilizar-se de tortura e meios cruéis para obter a confissão. Da Não Culpabilidade ou Inocência Julgador Parcial Imparcial e Equidistante Garantias Processuais Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal. Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento. Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira. 1.10. Já Caiu. Vamos Treinar? 1. (Ano: 2018. Banca: FUNDATEC. Órgão: PC-RS. Prova: Delegado de Polícia). Considerando a disciplina da aplicação de lei processual penal e os tratados e convenções internacionais, assinale a alternativa correta. a) A lei processual penal aplica-se desde logo, conformando um complexo de princípios e regras processuais penais próprios, vedada a suplementação pelos princípios gerais de direito. b) A superveniência de lei processual penal que modifique determinado procedimento determina a renovação dos atos já praticados. c) A lei processual penal não admite interpretação extensiva, ainda que admita aplicação analógica. d) Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. e) Em caso de superveniência de leis processuais penais híbridas, prevalece o aspecto instrumental da norma. 31 2. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). Sobre os sistemas processuais penais, assinale a alternativa correta de acordo com a doutrina majoritária, legislação e jurisprudência vigentes. a) Pelo estudo e analise histórica dos sistemas processuais penais, é possível constatar que houve uma evolução linear do sistema inquisitório para o acusatório e, ao final, para o misto em compasso com a valorização do réu como sujeito de direitos e não apenas como um objeto do processo. b) O princípio unificador tem por objetivo proporcionar coerência aos diversos elementos do sistema processual penal, a exemplo do princípio acusatório que decorre dos princípios democrático e republicano e requer um processo em que os sujeitos parciais possuem tratamento igual, com paridade de armas, ao defenderem suas pretensões em juízo. c) Os modelos de sistemas processuais penais estão diretamente relacionados ao exercício do poder penal estatal, o qual integra um plano político, social e cultural. Dessa forma, as visões históricas e teóricas sobre o sistema processual penal brasileiro permanecem em constante convergência e facilitam a identificação do modelo vigente. d) A Constituição Federal de 1988 traça um processo penal acusatório, porém diversos dispositivos do Código de Processo Penal apresentam núcleo inquisitivo exigindo uma filtragem constitucional. Nesse contexto, é defeso ao juiz assumir a gestão das provas, auxiliar o Delegado de Polícia na colheita de elementos de informação e fundamentar sua decisão em provas antecipadas. e) O Código de Processo Penal permite que o inquérito policial, nos crimes de ação pública, seja iniciado mediante requisição da autoridade judiciária; que a autoridade policial realize as diligências requisitadaspelo juiz; e que este realize pessoalmente busca domiciliar. Tais dispositivos são considerados como exceções dentro do sistema acusatório, nos casos de crimes de natureza grave, v.g., crimes hediondos. 3. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). As fontes do Direito Processual Penal são classificadas pela doutrina com a distinção daquelas que criam a norma das que a exteriorizam. Sobre esse tema, afirma-se, com exatidão, que a) os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos, ratificados pelo Brasil por meio do procedimento exigido pela norma constitucional, são considerados como fontes materiais do Direito Processual Penal, pois equivalem às emendas constitucionais. b) cabe à União, de forma exclusiva e privativa, a elaboração de normas processuais penais, bem como legislar sobre direito penitenciário. Em questões específicas de direito local, aos Estados-membros pode ser atribuída a competência para legislarem sobre processo penal, através de lei ordinária. c) o costume, considerado fonte de cognição supletiva, é admitido para afastar ou tornar inaplicável norma processual penal e, com isto, revogar dispositivos legais, principalmente aqueles que não se compatibilizam com o sistema processual democrático inaugurado pela Constituição Federal de 1988. d) apesar de a lei processual penal não autorizar explicitamente a utilização dos princípios gerais do direito, são constantemente utilizados diversos princípios processuais constitucionais na interpretação dos casos concretos. e) o Presidente da República, somente por meio de Decreto, pode legislar sobre indulto e comutação de penas. Trata-se de competência privativa instituída pela Constituição Federal vigente, embora possa tal atribuição ser delegada por aquele aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. 32 4. (Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: PC-PE. Prova: Delegado de Polícia). Em consonância com a doutrina majoritária e com o entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta acerca dos sistemas e princípios do processo penal. a) O princípio da obrigatoriedade deverá ser observado tanto na ação penal pública quanto na ação penal privada. b) O princípio da verdade real vigora de forma absoluta no processo penal brasileiro. c) Na ação penal pública, o princípio da igualdade das armas é mitigado pelo princípio da oficialidade. d) O sistema processual acusatório não restringe a ingerência, de ofício, do magistrado antes da fase processual da persecução penal. e) No sistema processual inquisitivo, o processo é público; a confissão é elemento suficiente para a condenação; e as funções de acusação e julgamento são atribuídas a pessoas distintas. 5. (Ano: 2014. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia). Segundo Aury Lopes Junior, “A palavra processo vem do verbo procedere, significando avançar, caminhar em direção a um fim [...]” e POR ISSO envolve a ideia de temporalidade, de um desenvolvimento temporal desde um ponto inicial até alcançar-se o ponto desejado. Analisando a relação proposta entre as duas assertivas acima, assinale a opção CORRETA. a) As duas assertivas são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas assertivas são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) A primeira assertiva é uma proposição verdadeira e a segunda é falsa. d) A primeira assertiva é uma proposição falsa e a segunda é verdadeira. e) As duas assertivas são proposições falsas. 6. (Ano: 2014. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia). Em matéria de prova no processo penal, assinale a alternativa INCORRETA a) No Sistema Acusatório não há distribuição de cargas probatórias, posto que a carga da prova está inteiramente nas mãos do acusador. b) O problema da carga probatória é uma regra para o juiz, proibindo-o de condenar alguém cuja culpabilidade não haja sido provada. c) Incumbe ao acusador provar a presença de todos os elementos que integram a tipicidade, ilicitude e a culpabilidade, bem como a inexistência das causas de justificação. d) O princípio do contraditório relaciona-se intimamente com o princípio do audiatur et altera pars, com a oitiva de ambas as partes, sob pena de parcialidade do magistrado. e) Em termos de valoração das provas, o Brasil adota o sistema legal de provas. 7. (Ano: 2014. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-RO. Prova: Delegado de Polícia Civil). Assinale a alternativa em que se encontra uma característica do sistema acusatório. 33 a) O julgador é protagonista na busca pela prova. b) As decisões não precisam ser fundamentadas. c) A atividade probatória é atribuição natural das partes. d) As funções de acusar e de julgar são concentradas em uma pessoa. e) As decisões são sempre sigilosas. 8. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). A lei processual penal a) tem aplicação imediata, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência de lei anterior. b) somente pode ser aplicada a processos iniciados sob sua vigência. c) tem aplicação imediata, devendo ser declarados inválidos os atos praticados sob a vigência de lei anterior. d) tem aplicação imediata, devendo ser renovados os atos praticados sob a vigência da lei anterior. e) é retroativa aos atos praticados sob a vigência de lei anterior. 9. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o a) inquisitivo formal. b) acusatório formal. c) inquisitivo. d) inquisitivo unificador. e) acusatório. 10. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Em se tratando de processo penal, assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, uma fonte direta e uma fonte indireta. a) Costume e lei. b) Costume e jurisprudência. c) Doutrina e jurisprudência. d) Princípios gerais do direito e doutrina. e) Lei e costume. 11. (Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). As normas genuinamente processuais 34 a) admitirão interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito. b) não admitem aplicação analógica, mas admitirão interpretação extensiva. c) não admitem interpretação extensiva, mas admitirão aplicação analógica. d) serão aplicadas desde logo, mas tornam inválidos os atos praticados sob a égide da lei anterior se desfavoráveis ao imputado. 12. (Ano: 2012. Banca: PC-SP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Historicamente, o processo penal acusatório distinguia-se do inquisitório porque enquanto o primeiro era a) escrito e público, o segundo era oral e sigiloso. b) escrito e sigiloso, o segundo era oral e público. c) misto (oral e escrito), o segundo era exclusivamente oral. d) oral e público, o segundo era escrito e sigiloso. e) oral e sigiloso, o segunde era escrito e público. 13. (Ano: 2008. Banca: CEFET-BA. Órgão: PC-BA. Prova: Delegado de Polícia). Sobre Sistemas Processuais, pode-se afirmar que o: a) Acusatório prega o respeito incondicional ao contraditório, à publicidade, à imparcialidade, à ampla defesa, bem como distribui a órgãos distintos as funções de acusar, defender e julgar. b) Inquisitivo fixa que o Contraditório deve sempre ser observado, havendo separação de poderes entre a autoridade policial, o juiz e o promotor. c) Inquisitivo, adotado pelo Brasil, determina que basta o Inquérito Policial para julgar alguns crimes ou contravenções, dispensando-se, nesses casos, o processo penal. d) Misto, apesar de ser uma fusão dos dois outros, prescreve que, em nenhum momento, as garantias constitucionais sejam observadas, daí porque a doutrina tece severas críticas. e) Acusatório confere mais poderes e prerrogativas ao Ministério Público do que ao réu, visto como objeto da relação processual. 14. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AP. Prova: Defensor Público). O sistema acusatório a) se caracteriza por separar as funções de acusar e julgar
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