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1 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 ANEMIA A anemia é uma doença caracterizada pela diminuição de hemoglobina na corrente sanguínea, por diversas causas, desde uma alteração genética até a má alimentação. A identificação da anemia é feita através de uma análise de sangue em que se avalia a quantidade de hemoglobina. É considerada anemia quando o valorde hemoglobina é menor que 12 g/dL em mulheres ou 13 g/dL em homens. Em seguida, pode ser necessário fazer outros exames, como eletroforese da hemoglobina, contagem de reticulócitos ou exame de fezes, para identificar o tipo correto da anemia, e iniciar o tratamento adequado. Seja qual for a anemia que a pessoa possui, é importante que o tratamento seja iniciado, pois assim é possível diminuir o risco de desenvolver complicações que resultam em danos cerebrais irreversíveis, como demência, AVC e problemas cardiovasculares, por exemplo. Em pacientes com anemia ferropriva, por exemplo, há detecção de um valor reduzido na contagem de hemácias, associada com valores alterados dos índices hematimétricos. Através do VCM, será detectada a presença demicrocitose (presença de eritrócitos de tamanho pequeno). O HCM e CHCM, por sua vez, demonstrarão presença de hipocromia (eritrócitos pouco corados). A anemia megaloblástica é outro exemplo. Esse tipo de anemia ocorre devido a uma deficiência de folato ou vitamina B12. Como resultado dessa deficiência, há presença de eritrócitos grandes com formato oval, os quais possuem conteúdo normal de hemoglobina. Nesse caso, o VCM e o HCM estarão aumentados,mas o valor do CHCM estará normal. Além disso, ocorre anisocitose e, consequentemente, o valor do RDW estará aumentado. Já em macrocitoses de doenças hepáticas, as células são grandes devido a um excesso de membrana nos eritrócitos. Nesses casos, o RDW apresenta-se normal. A Tabela 2 faz uma correlação entre valores alterados de VCM e RDW em alguns tipos de anemia. É importante ressaltar que a determinação dos índices hematimétricos, assim como os outros parâmetros do eritrograma, podem ser feitos de forma manual ou através de utilização de analisadores hematológicos. Nesse caso, são utilizadas metodologias, como impedância e absorbância. Os índices hematimétricos exigem fórmulas matemáticas que dependem de valores referentes às contagens de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito. Metodologias manuais, além de terem execução demorada, também são menos precisas e suscetíveis a uma maior margem de erro desses valores. Nesse sentido, analisadores hematológicos, além de serem mais rápidos, também proporcionam resultados mais precisos e confiáveis. Contudo, deve-se considerar algumas situações em que interferentes podem gerar resultados falsos nas contagens dos parâmetros relacionados ao hemograma. ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS DESCRIÇÃO OBSERVAÇÕES CÁLCULO INTERFERENTES VCM Classificação quanto ao tamanho dos eritrócitos Normal: Normocitose Diminuído: Microcitose Aumentado: Macrocitose Auto aglutinação de hemácias Contagem elevada de leucócitos Hiperglicemia Contagem elevada de Leucócitos Auto aglutinação de hemácias Contagem elevada de leucócitos Hiperglicemia HCM Quantidade média de hemoglobina presente em cada eritrócito Normal: Normocrômica Diminuído: Hipocr\ômica Aumentado: Hipercrômica CHCM Peso médio de hemoglobina baseado em um volume de eritrócitos RDW Representa a variação do tamanho dos eritrócitos (anisocitose) RDW : Anisocitose Tabela 1 – Resumo esquemático dos índices hematimétricos Fonte: https://newslab.com.br/eritrograma-indices-hematimetricos/ https://newslab.com.br/eritrograma-indices-hematimetricos/ 2 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 Tabela 2 - Correlação dos valores de VCM e RDW em anemias Fonte: https://newslab.com.br/eritrograma-indices-hematimetricos/ Figura: https://docente.ifsc.edu.br/felipe.seixas/MaterialDidatico/An%C3%A1lises%20Quimicas/Exames%20laboratoriais.pdf A seguir segue quadro comparativo dos tipos de anemias, suas causas, características (valores hematimétricos), sinais e sintomas, diagnóstico, achados laboratoriais e tipo de tratamento. QUADRO COMPARATIVO DOS TIPOS DE ANEMIAS TIPOS Anemias Causas Características (hematimetria) Sinais e sintomas Diagnóstico Achados laboratoriais Tratamento Anemia ferropriva Ocorre quando o corpo não tem ferro suficiente tendo como etiologia primária a perda crônica de sangue. Em adultos: perdas menstruais, má absorção do ferro na alimentação, hemorragias, gestações repetidas sem devida complementação, verminoses (ancilostomíase, ascaridíase e estrongiloidíase), hemorróidas e câncer gastrointestinal. Microcítica VCM: < 82 fL Hipocrômica HCM < 27Pg CHCM < 31,6 RDW costuma apresentar-se aumentado. Os sintomas são típicos e incluem palidez, cansaço, falta de apetite, apatia, palpitações e taquicardia. Trombocitose e leucocitose em alguns casos. Hemograma: Avaliar a hemoglobina e os valores de VCM, HCM CHCM e RDW. Marcadores químicos: Dosagem de ferro sérico; Capacidade de transporte de ferro; Índice de saturação; Ferritina sérica; Baixa concentração de ferritina e aumento dos receptores de transferrina; Diminuição na contagem de reticulócitos (reticulopenia); Contagem de Suplementação de ferro por aproximadament e 4 meses e uma dieta rica em alimentos que contém ferro, como feijão preto, carne e espinafre, por exemplo. Lembrando que em cada hemácia encontram-se aproximadamente 250 milhões de hemoglobinas. https://newslab.com.br/eritrograma-indices-hematimetricos/ https://docente.ifsc.edu.br/felipe.seixas/MaterialDidatico/An%C3%A1lises%20Quimicas/Exames%20laboratoriais.pdf 3 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 ANEMIAS CARENCIAIS Em crianças: alta ingestão de leite de vaca, prematuridade, dieta carente e verminoses. Figura 1 – Anemia ferropriva Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/1221940/ Saturação da transferrina. plaquetas levemente aumentada. Anemia Megaloblástica Com a deficiência da vitamina B12 ou do folato ocorre o aumento das hemácias. A formação defeituosa do DNA em consequência da falta de ácido fólico, componente importante das reações bioquímicas da síntese do DNA, ocorre a presença de megaloblastos (precursores hematpoiéticos de tamanho grande e anormais). Figura 2 – Anemia megaloblástica A- Macrovolócitos; B – Neutrófilo hipersegmentado Fonte: https://www.sanarmed.com/anemias-carenciais Macrocítica VCM > 98 fL Normocrômica HCM > 33 pg CHCM 31,6 – 34,9 Em adultos: Perda de peso, anorexia, diarreia, náuseas, gastrite atrófica grave, fraqueza, cansaço, perturbações mentais, parestesia e dormência nas extremidades do corpo. Em crianças, a anemia megaloblástica pode comprometer o seu crescimento e desenvolvimento, podendo gerar puberdade tardia, além de afetar a capacidade de aprendizagem. Hemograma: 1- Avaliar a hemoglobina e os valores de VCM, HCM CHCM e RDW; 2- Concentração do nível sérico de vitamina B12 e análise de concentração no soro de ácido metilmalônico, homocisteína e plaquetas anormais. Presença de megaloblastos; anemia macrocítica com anisocitose e poiquilocitose, grandes eritrócitos ovais (macro- ovalócitos), corpos de Howell-Jolly (fragmentos residuais do núcleo), neutrófilos hipersegmentados e reticulocitopenia Varia conforme a causa da doença. Normalmente são aplicadas injeções ou suplementos de vitamina B12 e ácido fólico. A ingestão de vitamina C também é importante, uma vez que ela auxilia a absorção do ferro. Anemia perniciosa (anemia de Addison) A causa mais provável da anemia perniciosa é imunológica. Diminuição das hemácias devido à ausência do fatorintrínseco, proteína especial, onde a vitamina B12 se liga para ser absorvida pelo trato gastrointestinal. A falta do fator intrínseco pode ser causada por gastrite atópica, fatores hereditários, doença celíaca, acidúria metilmalônica (doença Macrocítica VCM > 98fL Normocrômica HCM > 33 pg CHCM 31,6 – 34,9 Muitas vezes não apresentam sintomas. No entanto, a ausência da vitamina B12 no corpo pode causar diarreia, constipação, fadiga, palidez, déficit de atenção, perda de apetite, inchaço na língua, sangramento da gengiva e dificuldade de respiração. Hemograma: 1- Avaliar a hemoglobina e os valores de VCM, HCM CHCM e RDW; 2- Hemograma completo para medir os níveis de vitamina B12 e de ferro no sangue; exame de deficiência de vitamina B12 para Nível baixo de hemoglobina. Alto volume globular ou corpuscular médio (VGM). Aumentar os níveis de vitamina B12, através da injeção mensal da B12 no organismo. Se o nível de vitamina do paciente for https://slideplayer.com.br/slide/1221940/ https://www.sanarmed.com/anemias-carenciais 4 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 hereditária que afeta o metabolismo), cirurgia bariátrica, tratamento da tuberculose com base no ácido para- aminosalicílico e má nutrição na infância. Figura 3 - Anemia Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/anemia.htm Figura 4 - Aspirado da medula óssea de paciente com anemia perniciosa não tratada Fonte: https://www.mymedfarma.com/pt/galeria-da-saude/2-condicoes- sistemicas-linfaticas-e-vasculares/112-anemia-perniciosa avaliar os seus níveis de vitamina B12. Exames laboratoriais: Verificação da concentração de vitamina B12 na urina (teste de Schilling). Mielograma: Exame que indica como está o funcionamento da medula óssea, que no caso da anemia perniciosa revela a presença de precursores eritroides grandes e imaturos muito baixo, o médico pode recomendar injeções mais de uma vez por mês. TIPOS Anemias Causas Características (hematimetria) Sinais e sintomas Diagnóstico Achados laboratoriais Tratamento ANEMIA POR DOENÇA CRÔNICA (ADC) Típica de pacientes que apresentam doença prolongada classificada como crônica. Também é conhecida como anemia sideropênica ou siderose reticuloendotelial. Processos associados: 1- Doenças inflamatórias (artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Crohn, sarcoidose); 2- Doenças infecciosas fúngicas, bacterianas e virais (Tuberculose, bronquiectasia, abcesso pulmonar, pneumonia Endocardite, miocardite, osteomielite, meningite Doença inflamatória pélvica Infecção pelo HIV, parvovírus B19); 3- Doenças neoplásicas (linfoma, mieloma múltiplo e carcinoma). Mecanismos envolvidos na etiopatogenia: 1- Diminuição da vida média eritrocitária; 2- Resposta medular inadequada; 3- Distúrbio do metabolismo do ferro. Normocítica VCM 82-98 fL Normocrômica HCM > 26 pg CHCM 31,6 – 34,9 Hipoproliferativa Os sintomas relacionados à anemia de doença crônica são, em geral, aqueles das doenças de base, podendo ter piora por causa de eventual anemia sintomática. Em particular, nos pacientes com comprometimento pulmonar, febre ou debilidade física, uma redução moderada do transporte de O2 causada pela queda de Hb pode agravar sobremaneira os sintomas do paciente. O diagnóstico geralmente requer a presença de doença inflamatória crônica, como infecção, doença autoimune, doença renal ou câncer. Avaliar a possibilidade de outros fatores complicadores associados, como deficiência de vitamina B12, ácido fólico ou ferro. Parâmetros laboratoriais: 1- Hemograma; 2- Morfologia eritrocitária; 3- Contagem de ferro sérico; 4- Índice de saturação da transferrina; 5- Dosagem de ferritina sérica; 6- Receptor solúvel de transferrina; 7- Análise do ferro medular; Em geral, os níveis de Hb variam entre 7 e 11 g/dL, não necessariamente com sintomas relacionados a anemia. Níveis de Hb abaixo de 8,5 g/dL são vistos em cerca de 20% dos casos. A contagem absoluta de reticulócitos é baixa, em geral com menos de 25.000 céls/mm3. Níveis de ferritina abaixo de 15 g/dL são marcadores da ausência de depósitos de Fe, sendo, na prática, O tratamento de escolha é o da doença de base, seja cirurgia ou quimioterapia para neoplasias ou antibioticoterapi a para doenças infecciosas ou qualquer outra modalidade de tratamento cabível para as doenças associadas. A anemia nestes pacientes costuma ser moderada e compatível com as limitações https://brasilescola.uol.com.br/doencas/anemia.htm https://www.mymedfarma.com/pt/galeria-da-saude/2-condicoes-sistemicas-linfaticas-e-vasculares/112-anemia-perniciosa https://www.mymedfarma.com/pt/galeria-da-saude/2-condicoes-sistemicas-linfaticas-e-vasculares/112-anemia-perniciosa 5 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 Fonte: https://www.medicinanet.com.br/ 8- Eritropoiese; 9- Alterações bioquímicas; 10- Dosagem sérica das citocinas. patognômonicos de anemia ferropriva. funcionais das doenças de base. Fonte: (Tabela 2 e 3) https://www.scielo.br/j/rbhh/a/7D3gPvKffhJXmhGkcKPHGxP/?format=pdf&lang=pt https://www.medicinanet.com.br/ https://www.scielo.br/j/rbhh/a/7D3gPvKffhJXmhGkcKPHGxP/?format=pdf&lang=pt 6 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 TIPOS Anemias Causas Características (hematimetria) Sinais e sintomas Diagnóstico Achados laboratoriais Tratamento ANEMIAS HEREDITÁRIAS (GENÉTICAS) Anemia falciforme Doença genética (mais frequente em afrodescendentes) com mutação pontual na cadeia β-globina, localizada no cromossomo 11 (troca o ácido nucleico GAC (ácido glutâmico) por GTG (valina) no sexto códon. As alfa-globinas e beta-globinas são codificadas por genes em diferentes cromossomos. A mutação leva à produção de HbS, substituição de um nucleotídeo no sexto códon do gene da beta-globina. Em consequência, gera uma proteína com resíduo de valina hidrofóbica, em vez de ácido glutâmico hidrofílico, com tendência a polimerização e desoxigenação. Isso concorre para que os eritrócitos assumam o formato de foice (drepanócitos). As células morrem prematuramente, causando uma escassez de glóbulos vermelhos saudáveis. Normocítica VCM normal Normocrômica HCM normal CHCM normal RDW aumentado A anemia falciforme é considerada grave quando o RDW (índice relacionado ao tamanho eritrocitário) está acima de 19%, apesar de apresentar CHCM (concentração de hemoglobina na hemácia) normal. Obstrução do fluxo sanguíneo, causando dor (crise de dor). Infecções, dores, mal-estar ou tontura, baixo nível de oxigênio no corpo e fadiga. Dores locais: nas articulações ou ossos Tipos de dor: súbita no peito No desenvolvimento: atraso no desenvolvimento ou puberdade atrasada No trato urinário: incapacidade de produzir urina concentrada ou diluída ou sangue na urina Também é comum: dedos das mãos ou dos pés inflamados, disfunção orgânica, distúrbio de visão, falta de ar, inchaço, infecção, palidez, pele e olhos amarelados ou quebra anormal de glóbulos vermelhos. Exame eletroforese alcalina. O teste de falcização, chamado também de teste de hemoglobina S No hemograma são avaliados o leucograma, eritrograma e plaquetograma, sendo que pacientes com anemia falciforme possuem valores baixos de hemoglobina e índices hematimétricos. Na observação do esfregaço sanguíneo, observa-se a presença de hemácias em formato de foice, sendo denominado drepanocitose. A presença de leucocitose (aumento leucocitário) indica aumento de hemólises, processo pelo qual os monócitos destroem as hemácias através da fagocitação. Aumento dos reticulócitos indica atividadeproliferativa compensatória da medula óssea frente ao aumento de hemólise. Os tratamentos incluem medicamentos, transfusões de sangue e, raramente, transplante de medula óssea. Tabela 4 – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS SÍNDROMES FALCIFORMES Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf Figura 5 – Comparação de hemoglobina normal e da hemoglobina presente na anemia falciforme Fonte: https://kasvi.com.br/eletroforese-hemoglobina/ https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf https://kasvi.com.br/eletroforese-hemoglobina/ 7 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 ANEMIAS HEREDITÁRIAS (GENÉTICAS) Continuação Talassemias e suas classificações A talassemia é um distúrbio caracterizado pela ausência ou redução de uma ou mais cadeias globina que forma as hemoglobinas, afetando assim, a quantidade normal de glóbulos vermelhos no sangue. 1- α- talassemia: mutação no cromossomo 16 – deleção de 1 ou mais genes. A talassemia alfa tem os seguintes tipos: 2) Hidrópsia fetal: deleção completa (- -/- -); b) Doença da hemoglobina Hb-H: deleção tripla (α -/- -); c) α-talassemia menor: dois genes funcionantes (α α /- -) ou (α - / α -); d) Portador silencioso: três genes funcionantes (α α / α -). Microcítica VCM: < 82 fL Hipocrômica HCM < 27Pg CHCM < 31,6 O quadro clínico das talassemias é semelhante, mas variam em termos de gravidade de acordo com a quantidade de hemoglobina normal existente. Dentre os sintomas pode ocorrer fadiga ou fraqueza, palidez e crescimento lento. Também é comum: deformidades ósseas, falta de ar, incapacidade de se desenvolver ecterícia, palidez ou pele e olhos amarelados. 1- α- talassemia: • Esfregaço do sangue periférico; • Hemograma; • Eletroforese de Hb; • Laboratório de ferro. Anisopoiquilocitose (muitas células juntas com formas diferentes), leptócitos (eritrócito de paredes muito delgadas) e eritroblastos. Anemia micro/hipo. Hb Barts + 0% HbA caso grave; HbH de 5-40% + HbA2 e HbF - ou reduzido Laboratório de ferro. Quelantes de feroo; Avaliação cardiovascular e ferro; Transfusão de sangue; Reposição de ácido fólico. 2- β- talassemia: mutação de uma das cadeias do cromossomo 11. A talassemia beta tem os seguintes tipos: a) β-talassemia maior (anemia de Cooley): forma mais grave em que a cadeia β não é produzida (β°/β° ou β°/β+); b) β-talassemia intermediária: não depende de transfusão (β + homozigótico); c) β-talassemia menor: alterações hematológicas discretas; d) β-talassemia mínima: não apresenta sinais clínicos (β silencioso). Microcítica VCM: < 82 fL Hipocrômica HCM < 27 pg CHCM < 31,6 2- β- talassemia: • Esfregaço do sangue periférico; • Hemograma; • Laboratório de ferro; • Eletroforese de Hb. Anisopoiquilocitose (muitas células juntas com formas diferentes), leptócitos (eritrócito de paredes muito delgadas) e eritroblastos. Anemia micro/hipo. Reservas normais (dosagem de ferritina). Anemia de Cooley: * Transfusão crônica; * Esplenectomia; * Quelante de ferro; * Transplante de medula óssea. Anemia intermediária e menor: * Transfusão; * Avaliação cardiovascular e ferro pela hemocromatose * Quelantes de ferro. Reposição de ácido fólico. Figura 6 – Estrutura da Hemoglobina Fonte: https://www.google.com/search?q=hemoglobina+cadeias+alfa+e+beta https://www.google.com/search?q=hemoglobina+cadeias+alfa+e+beta 8 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 ANEMIAS HEREDITÁRIAS (GENÉTICAS) Continuação Esferocitose Esferocitose (continuação) É uma anormalidade hereditária dos eritrócitos, causada por defeitos nas proteínas (anquirina, β-esperctrina, α- esperctrina, banda 3, e proteínas4.2) estruturais da membrana dos eritrócitos (defeito no citoesqueleto). Tipos de herança genética: * herança autossômica dominante (80% dos casos) *herança autossômica recessiva (casos restantes) Figura 7 - Esferócitos Fonte: https://www.google.com/search?q=compara%C3%A7%C3 %A3o+entre+esfer%C3%B3citos+e+eritr%C3%B3citos+n ormais Figura 8 – Esplenomegalia Fonte: https://www.google.com/search?q=esplenomegalia Microcítica VCM: < 82 fL Hipocrômica HCM > aumentado CHCM > aumentado Icterícia moderada e sintomas de anemia nos casos graves. A esplenomegalia é quase sempre invariável, mas raramente causa apenas desconforto abdominal. Pode haver hepatomegalia. A colelitíase (cálculos pigmentares) é comum e pode ser o sintoma de apresentação. Anormalidades esqueléticas congênitas, ex: crânio em forma de torre, polidactilismo- (presença de dedos adicionais nas mãos ou pés) acontecem ocasionalmente. Embora, em geral, um ou mais membros da família tenham sintomas, muitas gerações podem ser poupadas em razão das variações do grau de penetração dos genes. Primeiras investigações a serem solicitadas: * Hemograma completo * Contagem de reticulócitos * Esfregaço sanguíneo * Bilirrubina sérica Teste de fragilidade osmótica eritrocitária, que mistura eritrócitos com concentrações variadas de soro fisiológico; Teste de auto-hemólise eritrocitária, que mede a quantidade de hemólise espontânea após 48 horas de incubação estéril; Teste direto de antiglobulina (Coombs direto), para excluir esferocitose decorrente de anemia hemolítica autoimunitária Os eritrócitos são esferoidais e se assemelham a microesferócitos. Fragilidade na regulação osmótica dos eritrócitos (hemolise). Usualmente os níveis de Hb entre 9-12g/dl nestes pacientes. A contagem de reticulócitos habitual é de 5 a 20 por cento. A esferocitose hereditária revelam anemia e reticulocitose em diferentes graus, dependendo da gravidade da mutação: * Traço: difícil de ser diagnosticada; * Leve: Sinais de esplenomegalia ou colelitíase (presença de cálculos na vesícula biliar); * Moderada grave: são mais raras, esplenomegalia e icterícia; * Grave: são mais raras e a intensidade da esplenomegalia e icterícia é maior podendo ocorrer falência de atividade da medula óssea e crise de aplasia medular. O tratamento depende da gravidade da hemólise e do grau de anemia, mas costuma ser de suporte para a maioria dos pacientes. Esplenectomia é o tratamento de primeira escolha para pacientes com EH grave. Deve-se evitar sua realização até pelos menos 6 anos de idade para reduzir o risco de sepse pós- esplenectomia. Figura 9 – Deformidades congênitas dos membros superiores . Fonte: https://www.scielo.br/j/rbort/a/n87kqV3xVwZdjMnLMWg5Zwp/?format=pdf&lang=pt https://www.google.com/search?q=compara%C3%A7%C3%A3o+entre+esfer%C3%B3citos+e+eritr%C3%B3citos+normais https://www.google.com/search?q=compara%C3%A7%C3%A3o+entre+esfer%C3%B3citos+e+eritr%C3%B3citos+normais https://www.google.com/search?q=compara%C3%A7%C3%A3o+entre+esfer%C3%B3citos+e+eritr%C3%B3citos+normais https://www.google.com/search?q=esplenomegalia https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1143/investigations#firstOrder https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1143/investigations#firstOrder https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/vis%C3%A3o-geral-da-anemia-hemol%C3%ADtica#v969808_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/vis%C3%A3o-geral-da-anemia-hemol%C3%ADtica#v969808_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/anemia-hemol%C3%ADtica-autoimunehttps://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/anemia-hemol%C3%ADtica-autoimune https://www.scielo.br/j/rbort/a/n87kqV3xVwZdjMnLMWg5Zwp/?format=pdf&lang=pt 9 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 ANEMIAS HEREDITÁRIAS (GENÉTICAS) Continuação Deficiência de G6PD A deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase é um defeito enzimático ligado ao cromossomo x (ocorre mais no sexo masculino). A G6PD é uma enzima importante para se manter a integridade dos eritrócitos, uma vez que participa da via enzimática (shunt da pentose) responsável pela proteção da célula contra danos oxidativos. O rompimento dos glóbulos vermelhos ocorre em resposta a certos fatores: * Infecções: salmonela, Escherichia coli, estreptococo β-hemolítico, riquésia (bactéria carregadas como parasitas por vários carrapatos, pulgas e piolhos) e vírus da hepatite; * Medicamentos: salicilatos, sulfonamidas, nitrofurantoína e agentes antimaláricos; * Favismo: exposição a substâncias oxidantes existentes na vicia faba (espécie de feijão). É mais comum em descendentes de africanos e mediterrâneos. Sequência de causas da deficiência da G6PD: 1º - Bloqueio do mecanismo protetor; 2º - A hemoglobina torna-se oxidada e desidratada; 3º - Formação de corpúsculo de Heinz; 4º - Lesão da membrana eritrocitária; 5º - O baço passa a retirar precocemente os eritrócitos da circulação; 6º - Principal manifestação: anemia hemolítica (ocasional, episódica ou aguda) Normocítica VCM normal Normocrômica HCM normal CHCM normal Quando os sintomas se desenvolvem, incluem febre, urina escura, dor abdominal e nas costas, fadiga e palidez na pele e icterícia. A maioria das pessoas se recupera em poucos dias sem tratamento. No entanto, os pacientes correm o risco de episódios recorrentes. Assim, é fundamental evitar os fatores desencadeantes. Teste do pezinho (após o nascimento); Exame de sangue – quantidade de enzima G6PD Diminuição da quantidade de hemoglobina (de 3 a 4 g/dL); Anemia hemolítica normo/normo; Policromatofilia; Esferócitos; Corpos de Heinz (não é exclusiva dessa condição); Evitar o gatilho de estresse oxidativo (medicamentos que iniciem o processo de hemólise); Transfusão sanguínea (casos raros). Figura 10 – Via da Hexose Monofosfato, Shunt da via de Embeden-Meyerhof (modificada de Schmitt, G. C. et al., 2006) Fonte: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10383/2/Yvanna_Loise_Dichristine_Oliveira_Santos.pdf Figura 11 Fonte: https://fernandobraganca.com.br/2018/02/13/teste-do-pezinho/ https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10383/2/Yvanna_Loise_Dichristine_Oliveira_Santos.pdf https://fernandobraganca.com.br/2018/02/13/teste-do-pezinho/ 10 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 TIPOS Anemias Causas Características (hematimetria) Sinais e sintomas Diagnóstico Achados laboratoriais Tratamento HEMOPARASIT OSES HUMANAS Doença de Chagas As doenças parasitárias por agentes etiológicos (parasitas) cujo ciclo evolutivo envolve a circulação sanguínea do hospedeiro humano, resulta em alterações hematológicas e consequentemente a anemia hemolítica. Infecções parasitárias causadoras de anemia hemolítica: * Hematozoários: plasmodium (malária), babesia (babesiose) * Filárias (nematodo): Wuchereria bancrofte (filariose linfática ou elefantíase); * Hemoflagelados (observados no esfregaço sanguíneo): Leishmania e o Trypanossoma (doença de chagas). O amastigota é forma do ciclo evolutivo que ocorre no citoplasma da célula do hospedeiro humano e a forma tripomastigota é encontrada no esfregaço sanguíneo. Normocítica VCM normal Normocrômica HCM normal CHCM normal Fase aguda: febre, mal- estar, linfodenopatia, hepatoesplenomegalia, anorexia, astenia, cefaléia, edema de face ou membros, mialgia e ascite. Complicações: miocardite e meningoencefalite – forma tripomastigota nos vasos sanguíneos e proliferam nas células causando sua destruição e processos inflamatórios. No coração: cardiopatia chargastica crônica – distúrbios de condução (arritmias e fibrilação arterial), fenômenos tromboembólicos, insuficiência cardíaca congestiva, cardiomegalia e aneurisma apical. Complicações digestivas; alterações funcionais e morfológicas no esôfago ou colon, manifestações clínicas (disfagia, regugitação, dor epigástrica, constipação intestinal crônica, distensão abdominal). Doença de Chagas: Diagnóstico direto: * Exame macroscópico de preparações a fresco (coloração vital azul de metileno); * Esfregaço e gotas espessas do sangue capilar ou venoso (para encontrar as formas tripomastigotas). Diagnóstico indireto: * Os métodos indiretos são baseados em mecanismos imunológicos, envolvendo reação de antígeno anticorpo e que têm aplicação quase sempre em inquéritos epidemiológicos, acompanhados ou não de exames de fezes. * Realizado através de técnicas laboratoriais imunológicas e moleculares, sendo o diagnóstico imunológico classificado em sorológico e a reação intradérmica (inoculação de antígenos do parasito). Doença de Chagas: A anemia é comum (presente em mais da metade dos pacientes) e pode ser devida em parte à hemólise imunomediada e à depressão da medula óssea relacionada à citocina; A série leucocitária apresenta-se com leucopenia, apresentando em algumas situações, desvio a esquerda; Leucocitose e trombocitopenia podem estar presentes, possivelmente relacionadas ao sequestro esplênico e liberação maciça de citocinas; A hipergamaglobulinemia, em grande parte relacionada a níveis elevados de IgM policlonal, também é característica e pode dar origem a resultados falso-positivos em testes sorológicos para outras doenças; Hipoalbuminemia, hipocomplementemia, a taxa de sedimentação de eritrócitos e proteína C-reativa elevadas são frequentemente observados. O tratamento pa ra a doença de Chagas deve ser iniciado assim que for feito o diagnóstico, sendo normalmente realizado com o uso de Benznidazol, que é um medicamento antiparasitário oferecido pelo SUS e que atua diretamente no T. cruzi. Além do uso de medicamentos que matam o parasita é importante também o controle dos sintomas. Figura 12 – Ciclo da doença de chagas Fonte: https://www.oestadonet.com.br/noticia/13768/doenca-de-chagas-santarem-registrou-8- casos-em-2017-e-contagio-e-associado-ao-consumo-do-acai/ https://www.oestadonet.com.br/noticia/13768/doenca-de-chagas-santarem-registrou-8-casos-em-2017-e-contagio-e-associado-ao-consumo-do-acai/ https://www.oestadonet.com.br/noticia/13768/doenca-de-chagas-santarem-registrou-8-casos-em-2017-e-contagio-e-associado-ao-consumo-do-acai/ 11 Por: Marcia Maria Issa Portinho em 09/03/2022 Malária Plasmodium vivax, parasita exclusivamente reticulócitos (hemácias jovens); Plasmodium falciparum infecta hemácias de todas as idades. No interior das hemácias, os merozoítos se multiplicam, causando hemólise e promovendo os primeiros sinais clínicos da doença. Normocítica VCM normal Normocrômica HCM normal CHCM normal RDW > Febre, calafrios, tremores, mialgia intensa, sudorese e mal-estar * Gota espessa corada com giemsa (padrão ouro); * Esfregaço delgado para avaliar as características morfológicas do parasita; * Análise microscópica para observar os estágios intraeritrocitário dos plasmódios (trofozoíto, esquizontes e gametócitos); * Hemograma: contagem aumentada de reticulócitos e presença do parasita intracelularnas hemácias; * Leucograma: apresenta desvio a esquerda com neutropenia ou com número normal de neutrófilos. A maioria das alterações descritas ocorre na linhagem de células vermelhas e plaquetas, causando anemia e trombocitopenia; Redução significativa na hemoglobina, na contagem de plaquetas e na contagem total de leucócitos; Os valores de RDW (valor de distribuição dos glóbulos vermelhos) são mais elevados nos doentes com malária do que nos doentes sem a infestação pelo plasmódio. A microscopia em preparação de esfregaço fino permite identificar as quatro espécies de Plasmodium (figura 7): P. vivax e P. ovale infectam apenas eritrócitos jovens, portanto a densidade de parasitas para essas espécies é tipicamente menor; P. falciparum e P. malariae infectam eritrócitos maduros e podem, portanto, cursar com densidade parasitária mais alta. Uma parasitemia de ≥5% é muito improvável em qualquer espécie exceto P. falciparum. Geralmente, pessoas que viajam para áreas onde a malária é comum tomam remédios preventivos antes, durante e depois da viagem. O tratamento inclui medicamentos antimaláricos. O tratamento da malária é feito com medicamentos antimaláricos que são gratuitos e fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e tem como objetivo, impedir o desenvolvimento do parasita. A dose pode variar de acordo com a gravidade da doença, espécie do parasita e idade e peso do paciente. Figura 10 – Espécies de plasmodium Fonte: https://www.fleury.com.br/medico/manuais-diagnosticos https://www.fleury.com.br/medico/manuais-diagnosticos
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