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LIVRO EM PDF PENSAMENTO CIENTIFICO UNIDADE 1, SEÇÃO 1.

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13/04/2022 16:32 lddkls211_pen_cie
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NÃO PODE FALTAR
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O SENSO COMUM E O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO?
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
CONVITE AO ESTUDO  
Caro aluno,
Observe o quanto o mundo real é baseado em dois principais pilares: ciência e
tecnologia. Hoje, mais do que em outras épocas, a relação desses dois campos
proporcionou inovação global e facilidade de acesso à informação.
Fonte: Shutterstock.
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Áudio disponível no material digital.
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A inovação contribuiu para o rápido progresso tecnológico da sociedade,
principalmente com a automatização provocada pelo uso de Inteligência Arti�cial, e
o acesso à informação aumentou com a ascensão da Internet. Os mecanismos de
buscas das grandes empresas, como o Google e o Bing, uni�caram esses dois
elementos e, com base em algoritmos cada vez mais re�nados, proporcionaram a
emergência de anúncios e resultados de buscas cada vez mais personalizados de
acordo com os dados de acessos dos usuários. No entanto, o rápido progresso
tecnológico não preparou cognitivamente a população para a avaliação crítica das
informações recebidas nos meios digitais com acesso à Internet.
Atualmente, em todo o mundo, enfrentamos o problema da fake news, que é um
conceito em inglês para designar notícia falsa. A fake news atinge todos os setores
da atividade humana, trazendo sempre algum dano real, como a consequência dos
boatos do movimento antivacina, que contribuíram para que doenças até então
erradicas no Brasil, como a febre amarela, voltassem à tona.
A fake news se aproveita da falta de entendimento do grande público sobre o que
é conhecimento e como avaliá-lo. Dessa forma, o indivíduo-alvo acaba não tendo o
fundamento e as ferramentas necessárias para identi�car o quão real é a
informação recebida.
Ao decorrer do livro, você será capaz não apenas de entender os diversos tipos de
conhecimentos, mas também de identi�car um tipo peculiar de crença psicológica
que �nge ser cientí�ca, geralmente sustentando narrativas fantasiosas ou
sensacionalistas.
O resultado será a compreensão da atividade cientí�ca, da importância de sua
aplicação na vida cotidiana e do impacto que o falso conhecimento, elemento de
estrutura das fake news, provoca na sociedade contemporânea.
PRATICAR PARA APRENDER 
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Você já precisou procurar alguma informação para a realização de um trabalho? É
muito provável que sim. Qual o principal meio de busca para encontrar a resposta
que você precisa? Provavelmente, você responderá Google, Bing ou algum outro
site de pesquisas online. Diferentemente, nas gerações anteriores ao surgimento e
popularização da Internet, as buscas eram realizadas através de bibliotecas, livros,
sumarizações e enciclopédias. 
A Era da Informação trouxe uma enorme facilidade, no sentido de praticidade, do
encontro de informações. No entanto, com o excesso de informações, é possível
que não tenhamos acesso a algo verídico. Portanto, será necessário questionar: “As
primeiras respostas do Google realmente são o conhecimento mais coerente
frente à realidade?”
Com o advento do mundo contemporâneo, o indivíduo que tem um conhecimento
sólido em sua prática pro�ssional é muito valorizado, mesmo sendo preciso que
ele esteja disponível para aprender e atualizar sua formação pro�ssional, exigindo
cada vez mais uma busca por conhecimentos mais avançados em sua área de
atuação.
Pensar cienti�camente é uma ótima maneira para garantir uma progressão de
aprendizado, autocorreção e adaptação conforme a necessidade. Sendo assim, o
pro�ssional cienti�camente orientado pensará nos meios de maximizar sua
produtividade, levando em conta os impactos que o trabalho excessivo poderia
causar em seu estado de saúde e, ao mesmo tempo, proporcionando maior
capacidade de gestão na organização de tarefas em equipe.
Em uma sala de aula, quatro estudantes são desa�ados pelo professor de Filoso�a
a responderem a três questões, que são recorrentes ao longo da história da
humanidade. 
1. De onde viemos?
2. Para onde vamos após a morte?
3. Por que estamos aqui?
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Cada aluno, em seu modus operandi, adota uma postura diferente em relação às
respostas. Um vê o mundo a partir do (A) conhecimento cientí�co; outro, do (B)
religioso; o seguinte, do (C) �losó�co e, por �m, o último, através do (D) senso
comum. Diante dessa situação, a resposta de cada um é:
Aluno A: Tudo se iniciou no Big Bang, e através de um processo de evolução por
meio da seleção natural. Após a morte, nossa consciência não mais existe. Não há
nenhum propósito especial, com base no que conhecemos através da ciência. 
Aluno B: Deus criou o Céu e a Terra tal qual está escrito na Bíblia. Para o paraíso ou
inferno. Para atender aos desígnios de Deus.
Aluno C: Qual é a origem do Universo? Qual é a melhor teoria cientí�ca? Podemos
advogar pela defesa do Big Bang? É necessário submeter ao escrutínio da �loso�a
analítica a análise semântica das teorias cientí�cas. Do mesmo modo, é necessário
clari�car o conceito de morte, olhando pelas implicações do conhecimento
cientí�co. Essa pergunta traz problemas de ordem metafísica, portanto, é
necessário analisar o signi�cado do conceito de propósito.
Aluno D: Depende do contexto. Um indiano, provavelmente, responderia com base
em suas crenças culturais regionais, manifestando explicações de caráter
hinduísta. Se fosse um japonês, provavelmente advogaria pelo zen budismo. Um
brasileiro responderia conforme as crenças compartilhadas de sua região, por
exemplo, existem regiões no Brasil onde há prevalência de mitos da origem da vida
e do universo que têm uma relação intrínseca com crenças religiosas africanas,
enquanto outras são fortemente in�uenciadas pelo catolicismo europeu. Nesse
sentido, como foi explicado no texto, o conhecimento popular absorve sempre
aspectos de outros conhecimentos quando incorporados fortemente pela cultura.
Nessa interação, percebemos que cada aluno apresenta sua perspectiva pessoal
frente às três grandes questões. Assim, recomenda-se instigá-los sobre as
possíveis consequências das adoções de certos tipos de conhecimento e crenças
para os desa�os de sua vida diária e do mundo contemporâneo, tratando de fazê-
los responder qual o melhor tipo de conhecimento para uma situação especí�ca e
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como conciliá-lo com outros. Por exemplo, como a adoção de uma crença oriunda
do conhecimento religioso poderia impactar em questões de saúde individual e
coletiva? Qual consequência o conhecimento vulgar, aquele de senso comum,
traria para a sociedade ao enriquecer mais rapidamente do conhecimento
cientí�co? A absorção do conhecimento cientí�co, tanto no âmbito individual como
coletivo, nos tornaria melhores tomadores de decisão? Essas questões,
consequentemente, reforçariam a existênciade diferentes tipos de conhecimentos
no âmbito da vida cotidiana e fomentariam o pensamento crítico dos alunos. 
CONCEITO-CHAVE
DOXA, O CONHECIMENTO VULGAR DA SOCIEDADE
Desde Aristóteles, o conceito de conhecimento tem sido central no debate
�losó�co. Inicialmente, conhecimento era tratado como um tipo de crença
racional, verdadeira e justi�cada. Crença, porque faria relação com um estado
psicológico do sujeito; racional, porque envolveria o exercício de nossas faculdades
cognitivas; verdadeira, porque faria alusão a objetos ou fenômenos da realidade; e,
principalmente, justi�cada, porque requereria um conjunto de enunciados
estruturados logicamente. Essa de�nição, porém, não dá conta dos diversos tipos
de conhecimentos existentes, alguns dos quais serão tratados ao longo do livro.
Para começar nossa jornada, vamos entender um pouco o conceito de
conhecimento vulgar, também chamado senso comum ou saber popular.
Etimologicamente, refere-se ao conceito aristotélico de doxa, ou simplesmente
opinião.
O conhecimento vulgar trata-se de um conhecimento que não quer nenhum tipo
de exercício crítico, também não envolve nenhum tipo de veri�cação experimental.
Geralmente, ele é transmitido culturalmente, de gerações a gerações, muitas vezes
preservando mitos que eram aceitos em determinada época. Por exemplo, o mito
Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se traduz na forma que você recolhe, julga, maneja e,
sobretudo, onde e como aplica esta informação.
— Carl Sagan, trecho do documentário Cosmos (1980).“
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de que o chinelo virado com a sola para cima traz azar, ou a ideia de que um trevo
de quatro folhas traz sorte. No entanto, também é verdade que alguns
ensinamentos transmitidos pelo conhecimento vulgar possam ser verdadeiros,
como a ideia de não colocar a mão no fogo para não se queimar, ou mesmo não
entrar em uma lagoa se não souber nadar, porque é possível se afogar.
O conhecimento vulgar também pode se enriquecer do conhecimento cientí�co,
especialmente quando este último se torna bastante popularizado ao ponto de seu
entendimento se tornar familiar por quase toda população. Por exemplo, a ideia
de que certos alimentos, como carnes, são mais bem preservados quando
congelados, evitando sua contaminação e exposição a microrganismos no
ambiente aberto.
Apesar de estabelecer uma pequena relação com o conhecimento cientí�co, o
conhecimento vulgar não é su�ciente para explicar a realidade, exatamente por
preservar em seu núcleo ensinamentos que podem ser falsos ou simplesmente
mitos.
CONHECIMENTO RELIGIOSO
O conhecimento religioso pode se enriquecer do conhecimento vulgar,
especialmente das tradições culturais e religiosas cultivadas ao longo do tempo.
Por exemplo, na preservação dos mitos gregos de que os deuses reinavam nos
céus, apropriada pelas religiões politeístas.
Esse tipo de conhecimento requer um elemento-chave para alcançá-lo, ao menos
da forma como defenderam diversos pensadores da Idade Média, que é a
iluminação religiosa como método para conhecer a verdade ou a Deus.
Essa iluminação religiosa seria como um sentimento de vislumbre por uma
paisagem maravilhosa, como relatou o cientista Francis Collins (apud SHERMER,
2012) em sua experiência pessoal. É como um sentimento de inspiração e
encantamento com algo notoriamente belo, diante do qual uma pessoa não
encontra palavras para expressar tal sensação. No entanto, essas experiências
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religiosas podem ser despertadas mediante o uso de substâncias psicoativas,
como alucinógenos ou antidepressivos, ou podem ser vivenciadas igualmente por
qualquer pessoa que tenha apreço pela natureza, de modo que seu principal
método não caracteriza uma forma autêntica e racionalmente justi�cada para
conhecer a realidade. Por conta da subjetividade envolvida durante a iluminação
religiosa, não é possível demonstrar que a observação pessoal produziu cenas
reais no cérebro dessas pessoas.
Outro método comumente cultivado na construção do conhecimento religioso é a
hermenêutica. A hermenêutica é um tipo de �loso�a subjetivista, como defendeu o
cientista e �lósofo argentino Mario Bunge, porque ela dependeria simplesmente
da interpretação do autor para trazer à luz dos escritos bíblicos a extração de um
suposto fato vivenciado em tempos remotos.
A hermenêutica é uma abordagem problemática, pois ela não exige a investigação
empírica da realidade, como a recolha de dados para contrastar fatos históricos
bem documentados com a interpretação pessoal do hermeneuta ou teólogo.
O hermeneuta e o teólogo são os responsáveis por construir esse tipo
conhecimento, embora o primeiro contemple uma atividade mais geral, podendo
abarcar o uso da hermenêutica para textos literários ou �losó�cos. No entanto,
como foi apontado anteriormente, o simples fato de invocar a subjetividade do
interpretador, ao invés de fatos objetivos, lança um desa�o na validade desse tipo
de conhecimento.
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO: EMPÍRICO E RACIONALISTA
O conhecimento �losó�co é amplo, abarcando diversos posicionamentos ao longo
da história da �loso�a, especialmente o empírico e o racionalista. Esse tipo de
conhecimento também pode incluir o religioso, uma vez que a base de todo
conhecimento são os pressupostos �losó�cos. Noções de verdade, intuição,
dedução, cognoscibilidade, crença, realidade, fenômeno, utilidade e outras são
conceitos �losó�cos indispensáveis em qualquer tipo de conhecimento. O
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conhecimento empírico pressupõe a cognoscibilidade dos fenômenos com base
nas experiências sensíveis do sujeito, enquanto o racional pressupõe que o
conhecimento já é derivado da mente do sujeito, independentemente de qualquer
experiência empírica.
David Hume e John Locke eram �lósofos empiristas e, portanto, defendiam que a
fonte de conhecimento derivava dos dados sensíveis. René Descartes, por outro
lado, acreditava que o conhecimento eterno ou matemático poderia ser alcançado
pelo simples uso da razão, sem a necessidade de qualquer experiência empírica.
Embora seja verdade também que ele tenha defendido que uma junção de mais
fatores era condição necessária para alcançar verdades absolutas ou irrefutáveis,
por via de seu método cartesiano, que estabelecia, no mínimo, quatro condições,
como evidência, análise, ordem e enumeração, ele deduzia que todos esses
princípios eram alcançados mediante o uso da razão.
Embora Descartes tivesse defendido o papel da razão como principal responsável
pelo conhecimento absoluto, ele fez investigações empíricas durante toda sua vida,
especialmente nos campos da anatomia e da �siologia, contribuindo para uma
descrição de partes do cérebro humano, como a glândula pineal, e especulando
sobre sua real função no organismo.
Houve também pensadores de grande importância da �loso�a que tentaram unir
os dois tipos de conhecimentos, sendo o mais famoso o �lósofo Immanuel Kant,
que lançou as bases de seu método racioempirista. Esse método consistia em
tomar elementos que ele considerava verdadeiros do empirismo e do
racionalismo. Kant apropriou-se do fenomenismo dos empiristas, em que a fonte
de conhecimento se dá através dos fenômenos, e não da realidade em si. Kant
acreditava que não poderíamos conhecer nadaalém das aparências, de modo que
todo o mundo estaria subordinado a impressões ou dados sensíveis, tal como
acredita Hume. Mais ainda, Kant buscou resgatar o apriorismo do racionalismo,
argumentando sobre a plausibilidade de verdades independentes da experiência,
que, segundo ele, estariam ali, prontas na mente.
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O racioempirismo kantiano levou a discussões calorosas no campo da �loso�a e,
junto com outros pensadores, inspirou posições bem diferentes entre si na
�loso�a – especialmente, a fenomenologia e o positivismo lógico.
O incômodo com a posição de Kant é que ele havia se apropriado de elementos
problemáticos de ambos os conhecimentos empírico e racionalista, não levando
em consideração a própria ciência da época na elaboração de sua �loso�a. Os
astrônomos Galileu Galilei e Johannes Kepler, por exemplo, já investigavam a
realidade além dos fenômenos limitados a dados sensíveis. Galileu estendeu sua
percepção com um telescópio que ele havia aprimorado e descobriu três satélites
de Júpiter, enquanto Kepler havia calculado a trajetória das elipses planetárias
usando ferramentas matemáticas, hipóteses auxiliares e instrumentação de
medidas. Isaac Newton, um dos maiores nomes da revolução cientí�ca,
estabeleceu leis cientí�cas que poderiam se aplicar a quaisquer objetos não
diretamente observáveis, mas com velocidades menores do que a da luz. Isso,
porém, não foi su�ciente para ruir a possibilidade de uni�cação entre empirismo e
racionalismo.
No século XX, o cientista e �lósofo Mario Bunge procurou uni�car o empirismo com
o racionalismo, resgatando o conceito de racioempirismo, mas se desvinculando
das posições kantianas notoriamente emblemáticas. Bunge uniu a experiência
empírica com a condição de exercê-la mediante uso crítico da razão como forma
de investigar a realidade. Mais ainda, ele estabeleceu que seria necessária a
uni�cação do realismo com o cienti�cismo proclamado dos �lósofos da ala radical
do iluminismo francês, sobretudo com Condorcet, para formular verdades mais
profundas sobre o mundo.
O realismo é a �loso�a que advoga a existência de um mundo independente do
sujeito (realismo ontológico) e que ele pode ser conhecido (realismo
epistemológico), mesmo que indireta e parcialmente, enquanto o cienti�cismo é a
posição segundo a qual a ciência pode produzir o conhecimento mais profundo e
verdadeiro da realidade, em comparação com outras formas de conhecimentos,
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como o religioso proveniente da iluminação religiosa ou mesmo do
interpretacionismo hermenêutico. Porém, diferente da concepção caricata
difundida sobre o conceito de cienti�cismo, ele não é uma posição preconceituosa
e nem autorrefutável, mas uma atitude esperada de qualquer pesquisador
interessado em investigar a realidade e que acredita que o progresso cientí�co é
possível e desejável. Mais ainda, o cienti�cismo é um tipo de �loso�a que
enriquece a ciência, favorecendo a investigação cientí�ca, em vez de focar a
atenção exclusiva na contemplação excessiva de leituras sagradas ou de ideias do
próprio indivíduo, como faziam os �lósofos irracionalistas e teólogos, que
negligenciaram séculos de progressos cientí�cos. O cienti�cismo, hoje, está
entrelaçado com o realismo, dando origem à posição conhecida como realismo
cientí�co.
O realismo cientí�co é a �loso�a que admite que podemos tratar teorias cientí�cas
como descrições ou representações verdadeiras do mundo, mesmo que sejam,
por vezes, incompletas. É a posição mais defendida dentro da �loso�a da ciência,
em comparação com sua concorrente antirrealista. O antirrealismo, por sua vez,
evita fazer uso de a�rmações ou teorias que não correspondam diretamente à
observação pura da realidade, desconsiderando o progresso contínuo provocado
pela física de partículas ao estudar acontecimentos ou elementos que são
imperceptíveis diretamente à nossa experiência sensível ou mesmo a teorização
ou modelagem matemática de fenômenos macrossociais que escapam da
observação individual do pesquisador sociológico.
Em resumo, o conhecimento �losó�co é amplo, contemplando posições muitas
vezes compatíveis ou relacionáveis com a ciência, enquanto outras vezes
apresentando um tipo de conhecimento totalmente oposto ao cientí�co. Sua
característica mais fundamental é o exercício de análise lógica dos enunciados e
das teorias cientí�cas, geralmente realizadas por �lósofos analíticos ou �lósofos da
ciência. Seu mérito reside no fato de que ele alimenta tacitamente a ciência em um
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processo de feedback positivo, proporcionando um vocabulário mais re�nado para
a ciência e, ao mesmo tempo, alimentando seu repertório de problemas com os
novos dados da investigação cientí�ca.
ASSIMILE 
1. No mínimo, existem quatro tipos de conhecimentos, cada qual com sua
utilidade e aplicação no mundo real.
2. O conhecimento �losó�co também tem uma relação de absorção com
outros tipos de conhecimentos, principalmente com o cientí�co,
contribuindo para o fornecimento de um tratamento conceitual
adequado e o levantamento de problemas sobre a realidade.
3. Apenas o conhecimento cientí�co possui um mecanismo de
autocorreção com o qual ajuda a ciência a se ajustar cada vez mais à
realidade.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento cientí�co é um tipo de conhecimento sui generis, ou seja, uma
classe de conhecimento único em sua forma. Esse tipo de conhecimento levou
séculos para que fosse desenvolvido e teve a participação de diversos �lósofos ao
longo da história, especialmente o egípcio Ibn al-Haytham e o �lósofo inglês Robert
Grosseteste, além de �guras notoriamente conhecidas como Francis Bacon, Galileu
Galilei e David Hume.
Haytham é considerado o primeiro cientista, porque aplicou métodos empíricos de
investigação para estudar a óptica, sobretudo os efeitos da luz. Grosseteste, por
outro lado, é uma �gura comumente negligenciada em livros históricos, mesmo
tendo importância central no desenvolvimento das bases do método cientí�co. Por
outro lado, a literatura vigente considera apenas as contribuições de Bacon,
Galileu, Hume e Descartes.
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Bacon advogava pela noção de conhecimento intuitivo, ou seja, a ideia de que, com
base em observações particulares, era possível realizar generalizações. Galileu, por
outro lado, é conhecido por realmente ter aplicado um método cientí�co para a
investigação de objetos celestes, indo além do que os empiristas defendiam, ao
usar o raciocínio abstrato, a imaginação e a instrumentalização adequada para
ultrapassar suas experiências sensíveis. Hume, porém, limitava-se a propor um
método atrelado à percepção, de modo que se fôssemos levar ao pé da letra sua
posição, não seria possível algo como biologia molecular, cosmologia e
principalmente mecânica quântica, já que essas disciplinas transcendem a pura
percepção do investigador cientí�co.
Descartes, no entanto, conciliou um aspecto importante que Hume também
defendia, o chamado ceticismo metodológico. O ceticismo metodológico é a
posição quenos permite duvidar de certas conjecturas ou hipóteses que não
foram submetidas à prova. Essa posição é basicamente uma dúvida razoável,
nunca absoluta, na falta de boas evidências. Em resumo, essa é a posição que
norteia toda a atividade cientí�ca ainda hoje.
Com base numa compreensão mais profunda da realidade, os �lósofos do século
XX tentaram caracterizar de forma objetiva o conhecimento cientí�co, buscando
delimitá-lo de outras formas de conhecimentos, sendo a �gura mais importante
dessa atitude o �lósofo austríaco Karl Popper.
REFLITA 
1. O que torna o conhecimento cientí�co con�ável?
2. Como o conhecimento �losó�co pode contribuir com o conhecimento
cientí�co?
3. De forma satisfatória, é possível estabelecer um critério de demarcação
entre ciência e pseudociência, indo além das concepções propostas no
século XX?
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Karl Popper (2013) tentou propor um critério de demarcação entre ciência e não
ciência (onde se incluem artes, �loso�a e pseudociência), com o objetivo também
de responder ao problema de Hume. Sua ideia era de que nenhuma observação é
su�ciente para con�rmar uma teoria, que bastaria um contraexemplo para
demonstrar sua falsidade. Analogamente ao exemplo mais tipicamente usado, o
fato de observar cisnes brancos em uma região não permite fazer uma
generalização apressada de que todos os cisnes são brancos, pois a observação de
um cisne negro refutaria a teoria. Então, Popper lançou a condição de que toda
teoria, para ser cientí�ca, deveria ser passível de falseabilidade ou falseacionismo,
ainda mais porque contribuiria para seu re�namento. A falseabilidade é a condição
de que teorias devem ter a capacidade de serem provadas falsas em alguma
circunstância.
Popper argumentava que a con�rmação trivial não assegurava uma boa teoria,
utilizando a psicanálise como exemplo de caso para mostrar que a observação do
analista geraria uma con�rmação excessiva, embora não su�ciente para avaliar
seu grau de verdade. Mais ainda, ele argumentou que a falta de condições de
refutação da teoria psicanalítica seria um elemento vital para sua fossilização,
como o caso do inconsciente freudiano, que admite a existência de três instâncias
psíquicas ou entidades desencarnadas (id, ego e superego), mas que nunca é
clari�cado se são conceitos meramente simbólicos ou objetos tão reais quanto
axônios, neurônios, sinapses e partículas.
Com seu critério de demarcação, Popper foi duramente criticado pelos �lósofos
irracionalistas, sobretudo Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Kuhn (2017) defendeu
que existiam, no mínimo, duas ciências: a normal e a extraordinária. A normal é a
ciência acerca da qual existe minimamente um consenso estabelecido entre a
comunidade cientí�ca. Em seguida, dentro da ciência normal, segundo Kuhn,
ocorre uma crise sem precedentes, ocasionada por uma nova descoberta,
passando a existir a di�culdade de estabelecimento de um consenso. Quando essa
nova descoberta se consolida, ocorre uma revolução cientí�ca, dando início à
etapa de uma nova e extraordinária ciência, rompendo com velhas concepções de
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mundo. Pense, por exemplo, na revolução cientí�ca ocasionada pela emergência
da teoria da relatividade geral, que, embora seja sempre lembrada como fruto do
trabalho de Albert Einstein, também teve a contribuição de outros grandes nomes
da física, como Henri Poincaré. A relatividade provocou uma reação de incerteza na
comunidade cientí�ca por conta de sua aceitação total ao longo de anos e das
limitações físicas agora evidentes das teorias newtonianas para o estudo de
objetos de grande massa. Isso, porém, não signi�ca que a relatividade geral
demoliu a física de Newton. Isso também não sustenta a defesa de Kuhn de que
não existe algo como progresso cientí�co. A teoria da relatividade e o uso da
mecânica de Newton têm permanecido de pé ainda hoje, sendo a última
responsável pela possibilidade de envio de foguetes ao Espaço.
Feyerabend (2011), por outro lado, foi ainda mais radical e sentenciou que não
existe algo como método cientí�co e que, na ciência, “tudo vale”, de modo que não
existiriam regras para serem seguidas, a ponto de, segundo ele, os cientistas
diversos romperem com os protocolos de investigação para formularem suas
ideias. Feyerabend foi seduzido por essa visão por conta de sua descrença na
medicina cientí�ca e a suposta experiência de cura por uma curandeira, o que o
levou a relativizar o status epistemológico da medicina em seus trabalhos. Sua
posição �cou conhecida como anarquismo epistemológico. Embora essa seja a
visão que mais prevalece na academia, ela é falsa, porque ignora que não existe
ciência sem método cientí�co (ou seja, sem regras minimamente estabelecidas
e/ou procedimentos experimentais de investigação, principalmente de acordo com
os princípios da pesquisa bioética) e, principalmente, sem ethos (ou código de
conduta) tacitamente aceito pela comunidade cientí�ca. Uma ciência sem método
não seria capaz de investigar a realidade em todos os seus níveis, também não
seria capaz de progredir ao longo dos anos e, mais importante, sem ethos tanto a
verdade como a mentira teriam pesos igualmente válidos dentro da comunidade
cientí�ca.
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O ethos da ciência foi primeiramente clari�cado pelo sociólogo da ciência Robert K.
Merton (1968). Ao investigar a comunidade cientí�ca, ele identi�cou alguns
princípios que norteavam a pesquisa cientí�ca, sendo eles: comunismo epistêmico,
universalismo, desinteresse, ceticismo coletivo e originalidade.
O comunismo epistêmico enfatiza que o conhecimento cientí�co é propriedade de
todos, portanto, ele deve ser sempre acessível; o universalismo advoga que todos
os cientistas, independente de sua etnia ou localização geográ�ca, podem
contribuir com a ciência; o desinteresse destaca que os cientistas devem agir
conforme a comunidade, de acordo com os interesses coletivos, sempre acima dos
interesses pessoais; o ceticismo coletivo determina que as reivindicações
cientí�cas devem ser submetidas à análise crítica da comunidade; e, �nalmente, a
originalidade diz respeito à ideia de que as demandas cientí�cas devem contribuir
com a novidade, seja na formulação de novos problemas, dados ou teorias. A
suspensão do ethos leva ao �orescimento da pseudociência.
O conceito de pseudociência, de antemão, exige uma compreensão do que é a
ciência. No entanto, nenhum �lósofo havia sido capaz de conceituar a ciência de
forma adequada, deixando sempre espaço para que reivindicações não cientí�cas
se passassem como ciência. O �lósofo Mario Bunge (2010) mostrou que a
concepção popperiana de ciência deixava espaço para que reivindicações
parapsicológicas fossem tratadas como ciência, simplesmente porque satisfaziam
o critério de falseabilidade. Porém, como Bunge enfatizou, o que torna um campo
cientí�co não é sua condição de falseabilidade, mas uma série de princípios, entre
os quais estão incluídos um fundo de conhecimento, uma base formal, uma
epistemologia realista, uma ontologia materialista, um ambiente livre de pesquisa
e, principalmente, a prática de um ethos entre membros da comunidade cientí�ca.
Nesse sentido, Bunge (2014) de�ne a ciência como um sistema de ideias
caracterizados como um conhecimento sistemático,racional, exato, veri�cável e,
portanto, falível, sendo uma representação conceitual do mundo. Além disso,
quando um campo falha em satisfazer a maior parte dos princípios de
cienti�cidade, ele pode ser considerado pseudocientí�co.
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A pseudociência, consequentemente, pode ser conceituada de forma oposta à
ciência, como sendo um sistema de crenças subjetivas, irracionalistas ou
puramente intuicionistas, inexata, inveri�cável e, portanto, dogmática, pois ela não
submete à prova suas crenças, não exige uma linguagem clara, precisa e objetiva,
nem um vocabulário articulado de ideias inter-relacionadas, e, quando se mostra
falha, como na hipótese da existência do inconsciente freudiano da psicanálise ou
das ondas psi da parapsicologia, ela permanece estagnada no tempo, não
atualizando suas crenças à luz de novas evidências.
Em resumo, o conhecimento cientí�co é um tipo especial de conhecimento, que
possui em seu aspecto central a revisão constante de hipóteses e teorias
cientí�cas, sempre submetendo à prova conjecturas e, mais ainda, proporcionando
a melhor representação da realidade em todos os seus níveis (físico, químico,
biológico, psicológico, social, arti�cial, etc.). Por ser um tipo de conhecimento
antidogmático por princípio, ele não deve ser confundido com a pseudociência, em
que, em sua característica mais essencial, o livre debate de ideias é substituído
pelo culto à autoridade e pela salvação contínua de crenças falsas, por conta do
sentimento de incerteza provocado pelo mal entendimento da ciência.
EXEMPLIFICANDO 
1. O conhecimento vulgar (ou senso comum) absorve todos os tipos de
conhecimentos ao longo dos anos. No entanto, ele pode conservar em
seu núcleo crenças falsas sobre a realidade. Por sua vez, o
conhecimento religioso possui, ao menos, duas abordagens principais,
como a que é baseada na iluminação religiosa e a interpretacionista,
advogada por teólogos ou hermeneutas. De forma semelhante ao
conhecimento vulgar, esse tipo de conhecimento pode manter ideias
falsas em seu núcleo, sobretudo por focar sua abordagem mais no
indivíduo subjetivo do que na investigação da realidade externa.
2. O conhecimento �losó�co é amplo em sua forma, sendo difícil delimitá-
lo. Por essa razão, ele pode ser desenvolvido em uma relação de
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dependência do conhecimento cientí�co, como também é possível fazê-
lo de forma independente. No entanto, sua característica mais
fundamental tem sido a clari�cação dos conceitos utilizados em
diversos tipos de conhecimentos. Além disso, ele é um tipo de
conhecimento que permite fazer certas generalizações sobre a
realidade. Por exemplo: todos os objetos existentes são materiais; todos
os objetos reais possuem propriedades físicas, como energia; a
realidade é um grande sistema emergente e material; as leis da
natureza revelam a impossibilidade da existência de entidades
desencarnadas, como almas, espíritos, inconsciente freudiano ou
cérebros dualísticos.
3. O conhecimento cientí�co é único em sua forma. É o tipo de
conhecimento que produz o entendimento mais profundo e verdadeiro
sobre a realidade, indo além das percepções empiristas, a partir do
momento que destaca o importante papel da teorização e modelagem
para representar a realidade com base nas evidências. Sua
característica mais fundamental é o mecanismo de autocorreção, que
permite corrigir imprecisões e, então, re�nar cada vez mais as
explicações sobre o mundo. Por sua natureza particular, é um
conhecimento antidogmático por princípio.
No decorrer do livro, foram exempli�cados os diversos tipos de conhecimentos
existentes, bem como os desa�os que cada um deles enfrenta. Também foi
explicado como diferentes tipos de conhecimentos podem ser relacionados com
outros, como na relação recíproca entre o conhecimento �losó�co e o cientí�co,
em que um enriquece o outro, proporcionando um aumento gradual do
conhecimento na esfera da atividade humana. Dessa forma, espera-se que, com
base nessa introdução, você tenha a capacidade de distinguir os diversos tipos de
conhecimentos, bem como de procurar aprofundar seu conhecimento ao longo
dos anos.
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FAÇA VALER A PENA
Questão 1
A falseabilidade é o princípio �losó�co no qual uma teoria, para ser considerada
cientí�ca, deve ser capaz de realizar predições que sejam possíveis de serem
provadas falsas em alguma circunstância. Um exemplo bastante difundido para
expressar a ideia é a observação de um grupo de cisnes brancos não ser su�ciente
para a�rmar que todos os cisnes são brancos, já que a observação de um cisne
negro refutaria a a�rmação.
Qual o primeiro �lósofo a propor a falseabilidade como um critério de demarcação
para a ciência?
a. David Hume.
b. Karl Popper.
c. Francis Bacon.
d. René Descartes.
e. Robert Grosseteste.
Questão 2
O ethos da ciência é o conjunto de princípios éticos coletivos que norteia a
comunidade cientí�ca. Esses princípios foram percebidos, pela primeira vez, pelo
sociólogo da ciência Robert K. Merton, que destacou seus aspectos principais.
Quais princípios formam o ethos da ciência?
a. Autoritarismo - universalismo - niilismo - desinteresse - originalidade.
b. Comunismo - universalismo - ceticismo - desinteresse - originalidade.
c. Socialismo - relativismo - ceticismo - interesse - familiaridade.
d. Dogmatismo - irracionalismo - individualismo - interesse - falsidade.
e. Comunismo - absolutismo - ceticismo - desinteresse - originalidade. 
Questão 3
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A pseudociência é conhecida por conta de sua marginalidade frente ao
conhecimento cientí�co do momento, de modo que ela não segue nenhum critério
objetivo de investigação e nem sequer cultiva uma comunidade crítica para a
análise de suas ideias.
Quais são as características fundamentais da pseudociência?
a. Originalidade, ceticismo, racionalismo e claridade conceitual.
b.  Falsidade, dogmatismo, relativismo e claridade conceitual.
c.  Originalidade, ceticismo, racionalismo e obscurantismo.
d. Falsidade, subjetivismo, dogmatismo e obscurantismo.
e.  Falsidade, obscurantismo, ceticismo e claridade conceitual.  
REFERÊNCIAS
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Guinsburg. [S.l.]: Editora Perspectiva, 2010. 
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora Sudamericana,
2014.
BUNGE, M. Las pseudociencias ¡vaya timo! 2. ed. [S.l.]: Editora Laetoli, 2014.
BUNGE, M. In Defense of Realism and Scientism. Annals of Theoretical
Psychology, Boston, v. 4, p. 23-26, 1986. Springer US. Disponível em:
https://bit.ly/3b59Qg3. Acesso em: 24 nov. 2020.
BUNGE, M.; SCHLÖTTER, P.; RAYNAUD, D.; ROMERO, G. E.; MOLINA, E.; PIEVANI, T.;
LARRINAGA, V. J. S.; ELÍAS, C.; CAMPO, A. C.; FISAC, M. Á. Q. Elogio del
Cienti�cismo. Tradução de Gabriel Andrade. [S.l.]: Editora Laetoli, 2017. 
DESCARTES, R. Discurso Sobre o Método. [S.l.]: Editora Vozes de Bolso, 2018.
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KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Cientí�cas. [S.l.]: Editora Perspectiva,
2017.
MARCONDES, D. Textos Básicos de Filoso�a e História das Ciências: a revolução
cientí�ca. [S.l.]: Editora Zahar, 2016.
MERTON, R. K. Sociologia: teoria e estrutura. [S.l.]: Editora Mestre Jou, 1968.
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Cientí�ca. 2. ed. [S.l.]: Editora Cultrix, 2013.
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista como uma vela
no escuro. [S.l.]: Editora Companhia das Letras, 2006.
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