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NPJ - PEÇA CIVIL - ESTAG SUP I - SEÇÃO II

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 3ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE PORTO REAL – ESTADO DA BAHIA.
Processo nº...
MYRCELA LANNISTER brasileira, (estado civil), (profissão), inscrita no cadastro de pessoas físicas sob o nº ..., residente à Clínica Trono de Ferro, localizada à Rua do Porto, nº ... na cidade de Porto Real – BA, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, fulcro no art. 752 e 335 do CPC, apresentar
CONTESTAÇÃO
Ao pedido inicial contra ela ajuizado por JOFFREY LANNISTER e TOMMEM LANNISTER, já qualificados nos autos em epigrafe.
Argumentam os autores, em síntese, que a ora contestante está internada na clínica de recuperação Trono de Ferro, nesta cidade e comarca de Porto Real, Estado da Bahia, devido a problemas psiquiátricos e vício em substâncias tóxicas, desde o ano de 2004. Afirmando, inclusive, que a contestante possui histórico recorrente de prodigalidade.
Tendo em vista o falecimento de seu pai, Robert Baratheon, os autores interpuseram ação de interdição, sob alegação de que a contestante não possui capacidade para gerir seu património, requerendo ação, que seja lhe seja nomeado curador.
Inconformada com os fatos narrados na exordial, não restou alternativa a contestante, senão procurar o judiciário para ver salvaguardado seus direitos.
1– Preliminar
a) Da nulidade de citação
O art. 238 do Código de Processo Civil é cristalino ao definir o conceito de citação, sendo que, em não sendo esta efetivada, a relação processual não se aperfeiçoa. A fim de garantir a efetiva abertura do contraditório e ampla defesa no curso da relação processual, é indispensável a realização de citação válida, nos exatos termos do art. 239 do citado codex.
Conforme é possível extrair do teor dos autos, Myrcela Lannister tomou conhecimento da ação porque a citação foi enviada erroneamente para o e-mail de sua prima, cujo prenome é idêntico ao seu, sendo esta citada em seu nome por equívoco.
Em que pese a possibilidade de citação eletrônica nos termos impostos pelo art. 246 do Código de Processo Civil, esta deve ser realizada por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiçam o que não foi o caso, sendo utilizado para tanto, e-mail de terceiro fornecido pelos autores, o que não se coaduna com os ditames legais.
O Código de Processo Civil é taxativo ao impor em seu art. 242 que a citação será pessoal, o que, por obvio, não ocorreu na instrução processual, sendo, portanto, nula de pleno direito, ferindo, o direito ao contraditório constitucionalmente garantido.
b) Da indevida concessão de gratuidade de justiça
A possibilidade de impugnação ao pedido de gratuidade de justiça em contestação é prevista no art. 100 do Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Quando da interposição da ação de interdição, os autores alegaram que estão desempregados, não possuindo condições de arcar com as despesas decorrentes da instrução processo, apresentando para tanto, carteira de trabalho em branco.
Ocorre que tal afirmação não condiz com a realidade econômica dos mesmos, até porque, em que pese a juntada aos autos da carteira de trabalho, os autores possuem uma vinícola de sucesso no sul do país.
Desta forma, preliminarmente, é imperiosa a revogação do benefício da justiça gratuita concedida aos autores, principalmente visando não banalizar o instituto.
I – Do mérito
a) Na inexistência de razões para interdição
Ao contrário das afirmações feitas pelos autores, a requerida em pleno gozo de suas faculdades mentais, não possuindo mais qualquer resquício de problemas psicológicos, não fazendo uso de qualquer substância psicoativa e ainda, não apresentando qualquer episódio de prodigalidade, posto que os valores que alegam terem sidos gastos em uma única noite, não tiveram nenhuma relação com drogas.
O art. 749 do CPC é didático ao definir que ônus da prova cabe aos autores:
Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou.
O único lastro probatório apresentado pelos autores diz respeito à sua internação há mais de 15 anos, ocorre que os autores deixam de citar que a ora requerida optou por viver na clínica devido ao acolhimento que sempre lhe foi dado e os fortes laços de amizade que formou, vivendo no local por livre e espontânea vontade e não por necessidade.
b) Da impossibilidade nomear os autores como curadores
Não obstante ao apontado, cabe frisar que os autores postulam a possibilidade de se tornarem curadores da requerida. Ora Excelência, tal situação não deve ser admitida.
O art. 1.781 do Código Civil é didático ao impor que as regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela.
A relação da requerida com seus irmãos é tão ruim que ela os considera seus inimigos, desta forma, a aplicação analógica do art. 1.735, III do Código Civil impõe que não podem exercer a curatela os inimigos da interditanda.
Ademais, há claro conflito de interesses entre as partes, posto que o intuito dos autores é claramente se apoderar dos valores depositados nas contas bancárias de seu falecido pai, antes da efetiva abertura do inventário.
Quando a impossibilidade de nomeação de curador com conflito de interesses, os tribunais têm decidido de maneira uniforma:
EMENTA: LEVANTAMENTO DE INTERDIÇÃO - SUSPENSÃO DAS FUNÇÕES DA CURADORA - NOMEAÇÃO DE NOVO CURADOR - POSSIBILIDADE - CONFLITO
DE INTERESSES. Demonstrando a prova dos autos que o interditando através de tratamento de saúde, detém, atualmente, condições de gerir os atos de sua vida civil e havendo conflito de interesses com a curadora nomeada, deve ser determinada a suspensão de suas funções, com a nomeação interina de outro curador. (TJMG - Agravo de Instrumento - AI 0563319-62.2011.8.13.0000 – j. 20-01-2012)
Assim, na remota hipótese de ser julgada procedente a ação interposta, imperiosa a nomeação de curador que não tenha interesse na demanda, sugerindo-se, assim, o Dr. Ramsay Bolton, administrador da clínica de recuperação “Trono de Ferro”.
II – Dos pedidos
Ante o exposto, requer o recebimento e processamento da presente contestação, e ainda:
a) O acolhimento da preliminar aventada, declarando-se a nulidade da citação, procedendo a anulação de todos os atos subsequentes e a revogação das benesses da gratuidade de justiça concedidas aos autores, por não serem estes pobres na acepção jurídica do termo.
b) Quanto ao mérito, em não sendo acolhida a preliminar de nulidade de citação, sejam os autos julgados improcedentes ante a clara existência de condições psicológicas por parte da requerida para administrar seus bens, condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, à razão de 20% do valor da ação;
c) Alternativamente, na remota hipótese de serem os autos julgados procedentes, requer-se a 
d) nomeação do Dr. Ramsay Bolton, administrador da clínica de recuperação “Trono de Ferro”, como curador da requerida.
e) Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados.
Nestes termos,
Rio de Janeiro, data, nome, assinatura, advogado e OAB.

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