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Sociologia Jurídica Básica

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******ebook converter DEMO Watermarks*******
Sociologia Jurídica Básica
Hugo Assis Pinheiro
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Copyright © 2021 Hugo Assis Pinheiro
Todos os direitos reservados.
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Contents
 
Title Page
Copyright
1. RELAÇÕES SOCIAIS E RELAÇÕES JURÍDICAS
2. CONTROLE SOCIAL E DIREITO
3. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E O DIREITO
4. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DA ADMINISTRAÇÃO
JUDICIÁRIA
5. CONFLITOS SOCIAIS E OS MECANISMOS DE SUA
RESOLUÇÃO
6. CASO DAS FAVELAS NO RIO DE JANEIRO
7. NOVA POLÍTICA JUDICIÁRIA
8. DIREITO, COMUNICAÇÃO SOCIAL E OPINIÃO PÚBLICA
About The Author
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1. RELAÇÕES SOCIAIS E RELAÇÕES
JURÍDICAS
1.1. O Direito como uma ordem necessária
De onde vem o Direito? Da sociedade.
De onde vêm as relações jurídicas? Das relações sociais.
O Direito e a sociedade estão intimamente ligados. Não existe sociedade
sem Direito, e não existe Direito sem sociedade.
O Direito é uma exigência da própria vida social.
Os seres humanos são animais sociais.
A vida em sociedade gera conflitos, pois a sociedade é um ambiente de
escassez (não há recursos ilimitados).
O papel do Direito é, exatamente, colocar ordem nesse ambiente
conflituoso (regular a comunidade potencialmente conflituosa).
“Ubi societas ibi jus”: onde há sociedade, há o Direito.
1.2. O Direito como regra de conduta
O Direito apresenta um conjunto de regras sobre como a sociedade
deseja que cada indivíduo se comporte.
A sociedade depende de normas sociais para funcionar, e o Direito é
uma dentre várias normas sociais.
Normas sociais: costumes; moda (etiqueta: pequena ética); religião,
Direito.
Normas sociais pertencem ao plano do dever-ser (plano normativo).
Plano normativo estabelece expectativas de comportamento. Seu
descumprimento não significa sua inexistência.
1.3. Teoria Social Clássica
Século XIX, autores deram base à sociologia.
Revolução industrial e capitalismo: transformações na sociedade
europeia que favoreceram o surgimento dos autores.
Há 3 autores fundamentais: Marx, Durkheim e Weber.
1.3.1. Marx
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Autor nascido na Alemanha, estudou Direito.
Foi para a Inglaterra estudar a sociedade mais avançada da época, pois
era o centro do capitalismo mundial.
Marx formulou seu pensamento social a partir de seu grande interesse
pela economia.
“Os valores do ser humano são condicionados por relações materiais de
produção”.
Se a economia se altera, as relações sociais também se alteram
(elemento espiritual está condicionado pelo elemento material). Não está
claro em que medida esse condicionamento existe.
“O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral
de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que
determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina sua
consciência”. Daí surge a ideia do determinismo.
Segundo Marx, partindo da ideia de que o que ele afirma está correto, o
papel dos filósofos seria de alterar essa realidade social (distanciamento da
filosofia tradicional).
1.3.2. Durkheim
É ainda mais importante, por consolidar a percepção de que as relações
sociais são fruto de elementos materiais.
“Sociologia tem como objetivo a compreensão de fatos sociais”.
Cada sociedade tem seu próprio conjunto de fatos sociais.
As ciências humanas tentaram se apropriar da metodologia da ciência
exata. Na concepção de Durkheim, a compreensão dos fatos sociais deveria
ser objetiva, independente de valores individuais.
Ciências exatas pretendem descrever os fenômenos. Ciências humanas
pretendem compreender os fenômenos (daí a diferença entre as
metodologias).
Há influência da metodologia da ciência exata na humana, mas não
chega a ser uma física social.
Assim com Marx, Durkheim entende que o Direito resulta de
determinados fatos sociais. Portanto, o Direito não tem a sua origem em
fatos abstratos. Visão diferente do jusnaturalismo, que acreditava em
verdades universais e que o Direito era uma dedução dessas verdades.
Para a sociologia, o Direito é fruto de relações concretas/materiais.
Fica mais claro a mutabilidade/variabilidade do Direito.
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“A disseminação de ordenamentos contratuais em sociedades
diferenciadas pela divisão do trabalho não altera o fato de que o Direito,
como regra moral, é expressão da solidariedade de uma sociedade. O tipo
de solidariedade necessária, e com isso também o Direito, seria
condicionado pela forma da diferenciação social e modificar-se-ia com o
desenvolvimento da própria sociedade” - Luhmann.
O Direito reflete a diferenciação social vigente.
Sociedade mais primitiva: diferenciação social menor.
Sociedade mais evoluída: diferenciação social maior, mais complexa.
1.3.3. Weber
Também alemão, também estudou Direito.
Construção mais bem acabada da sociologia.
Influenciou Kelsen.
Neutralidade axiológica: Weber entendia que o ser humano é incapaz de
conhecer a verdade a respeito dos valores (justiça, liberdade), pois esses
valores são essencialmente relativos. Essa concepção fundamentou todo o
pensamento de Weber. Se os valores são relativos, a postura metodológica
das ciências sociais diante dos valores deve ser de neutralidade.
Kelsen: a justiça não é o fundamental dentro da teoria do Direito, pois
justiça é um valor e, como todo valor, é relativa. É impossível conhecer a
justiça cientificamente, somente sendo possível conhecer cientificamente a
norma jurídica.
Desencantamento do mundo: quer expressar um processo de contínua
racionalização da sociedade (processo de desenvolvimento das sociedades
modernas).
Nas sociedades primitivas, a magia/encantamento estava presente nas
relações sociais.
Ex.: Ordálias eram um meio de prova no Direito antigo. Quando não
estava claro se o sujeito era culpado ou não, mandavam-no andar sobre as
brasas.
À medida que a sociedade evolui, ocorre um desencantamento com o
mundo. Desaparece a magia e as coisas são vistas sob um ponto de vista
mais racional.
Dominação (tipos de poder legítimo):
Seres humanos se organizam em sociedade. Por que a sociedade é tão
duradoura? Por que a pessoas que estão sujeitas à sociedade obedecem às
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regras e normas impostas por ela?
As pessoas vêm o exercício do poder, dentro da sociedade, como um
exercício de poder legítimo, que detém legitimidade. Dominação tem a ver
com legitimidade.
Mais fundamental do que o monopólio do exercício da violência, é a
legitimidade.
Weber traça 3 tipos de exercício legítimo de poder:
• Dominação/poder tradicional: fundada naquilo que Weber chama
de “autoridade do passado”, ou seja, tradição, costumes, autoridade
de determinada sociedade solidificada pelo tempo. As pessoas
obedecem porque sempre foi assim. Ex.: senhor tradicional de terras
e chefe de família.
• Dominação/poder carismático: fundada nas qualidades e dons
especiais de determinada pessoa. Tende a se concentrar na figura de
um chefe/líder. Ex.: demagogo; chefe político autoritário; general
popular que assume poder político (Napoleão).
• Dominação/poder legal/racional: fundada na ideia/princípio da
legalidade, na crença de que determinado ordenamento jurídico é
válido. Se impõe por meio de regras e normas jurídicas que são
fruto de determinada vontade política, a qual obedece determinado
processo legislativo previsto na Constituição. Esse poder tem uma
racionalidade e, por isso, é típico de nossa época (sociedades
democráticas), onde as coisas são cada vez menos mágicas e mais
racionais.
Cada forma se encaixa melhor em determinada época.
Weber afirma que é raro encontrar uma forma de poder presente de
maneira pura. Normalmente, eles convivem, com a prevalência de um
deles.
1.4. Sociologia do Direito
Reação antiformalista:
O pensamento jurídico vigente no início do séc. XIX era essencialmente
formalista, com base no jusnaturalismo.
A reação antiformalista começou a se desenvolver com a chamadaescola histórica do Direito (a história é fundamental para conhecer o
Direito).
Produto social:
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O Direito é um produto social, derivado da realidade social em que
vivemos e, portanto, varia de acordo com a sociedade e a cultura. Assim,
não é possível pensar o Direito a partir de certos fatores abstratos que
servem de parâmetros para uma sociedade específica.
Busca por uma ciência empírica do Direito:
Baseada na observação dos fatos.
Realidade social do Direito:
Verificar se as normas são, de fato, cumpridas.
O Direito só é Direito se tem eficácia, caso contrário, será letra morta.
Para conhecer o Direito, é necessário conhecer, de fato, a sociedade.
Realismo jurídico (Escola Clássica – Escandinávia e EUA):
• Escandinavo: rejeita, fortemente, uma visão metafísica do Direito
(derivado de uma ordem abstrata de fatores). Sendo assim, o Direito
deriva das relações sociais. Também rejeita o Direito natural.
• EUA: também acredita que o Direito deriva das relações sociais.
Ícone: Oliver Wendell Holmes (“o Direito é aquilo que os tribunais
dizem que o Direito é”). O fundamental, no Direito, é a eficácia. A
decisão de um juiz é influenciada por diversos fatores, que nem
sempre são jurídicos (a formação do juiz e seu momento também
influenciam). Obs.: Direito formal (law in books) X Direito vivo
(law in action).
Objeto da sociologia do Direito:
Renato Treves (autor italiano): o objeto de estudo da sociologia pode ser
dividido em 3 elementos básicos:
• 1°: estudo da eficácia das normas jurídicas e seus efeitos sobre a
sociedade.
• 2°: estudo dos meios de solução de conflitos.
• 3°: estudo da opinião pública a respeito do Direito e suas
instituições.
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2. CONTROLE SOCIAL E DIREITO
O Direito é uma norma e realiza um controle social, faz uma certa
padronização de comportamentos.
As atividades realizadas em sociedade podem ser divididas em 2 tipos:
Atividades de cooperação;
Atividades de concorrência.
Metáfora da orquestra: a sociedade é como uma orquestra, em que cada
componente toca um instrumento, e o funcionamento perfeito depende da
cooperação de todos os integrantes, sob a regência de um maestro. Mas
também há concorrência entre seus integrantes.
Atividades de cooperação: convergência de interesses.
Atividades de concorrência: divergência de interesses.
Das 2 atividades podem surgir conflitos, e é necessário verificar qual
interesse deve prevalecer (divergência) ou qual a melhor forma do interesse
prevalecer (convergência).
2.1. As funções sociais do Direito
2.1.1. Função preventiva
Melhor do que solucionar conflitos é prevenir que eles surjam.
Prevenção geral: coação psicológica que o Direito realiza sobre os
indivíduos (intimidação).
Prevenção especial: aplicação de uma pena/sanção pelo
descumprimento de uma norma. Também inibe ações futuras.
2.1.2. Função compositiva
Superação dos conflitos de interesses que existem em determinada
ordem social. Ex.: acordo, conciliação, sentença judicial.
É resultado de um longo desenvolvimento histórico do Direito. O
Direito primitivo tinha como base a ideia de vingança. Ex.: Lei de Talião,
olho por olho, dente por dente.
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Em determinado momento histórico, surge a pessoa de um terceiro que
está acima das partes e soluciona a lide.
2.2. Função social do Direito na atualidade
Função social da propriedade:
Primeira ideia para se entender a função social do Direito na atualidade.
É resultado de um desenvolvimento histórico que se inicia no fim do
séc. XVIII.
Rousseau: estava muito preocupado com as razões pelas quais as
pessoas em sociedade eram desiguais (“Dos princípios das razões da
desigualdade entre os homens”).
Conclusão: a razão da desigualdade está, fundamentalmente, na ideia de
propriedade (base para a desigualdade).
Ideia de Rousseau se desenvolve durante o séc. XIX.
Socialismo: se apropriou da ideia de Rousseau. Critica a ideia de
propriedade privada (que é a base do liberalismo).
Constituição mexicana (1917) e Constituição de Weimar (1919): são um
marco dentro do desenvolvimento da função social da propriedade. A
propriedade não pode mais ser um fim em si mesmo. O exercício da
propriedade deve estar inserido no funcionamento de toda a sociedade.
Socialidade:
Um dos fundamentos do CC/02 (Miguel Reale).
CC/16 tinha como base o liberalismo.
Está relacionado com a ideia de ver o Direito em função do
social/coletivo e não do individual.
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3. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E O
DIREITO
Análise dos efeitos sociais que o Direito produz e do efeito que as
transformações sociais têm sobre o Direito (via de mão dupla).
3.1. O problema da eficácia da norma jurídica (efeito social)
A eficácia é a principal preocupação da sociologia do Direito.
Eficácia: força para a lei realizar os efeitos sociais para os quais ela foi
criada.
O problema da eficácia diz respeito a toda a sociedade, não sendo uma
preocupação exclusiva da sociologia jurídica. Ex.: o legislador deve pensar
nos efeitos que a lei terá na sociedade.
3.2.O Direito como produto social
O Direito é um produto das relações sociais, refletindo as condições
sociais de uma determinada época. Essa é a visão da sociologia do Direito.
Se opõe a ideia do jusnaturalismo, o qual defendia que o Direito é fruto
de uma divindade ou de princípios morais universais/eternos/imutáveis.
Savigny (Escola Histórica do Direito, séc. XIX; Volksgeist - Espírito do
Povo) também se opunha ao jusnaturalismo.
O Direito muda, porque a sociedade muda.
3.2.1. Fatores que contribuem para a mudança do Direito
Fatores econômicos:
As relações econômicas interferem no Direito (Karl Marx).
Ex.: Roma antiga tinha economia fundada na escravidão. Direito
romano da época previa e permitia a escravidão.
Fatores políticos:
O Estado é fator fundamental, pois detém o monopólio da aplicação do
Direito (quem controla o Estado controla o Direito).
Kelsen: Estado = Direito.
Há autores que entendem que Estado é diferente de Direito.
Há, também, autores que entendem que o Direito estatal não é o único
Direito (pluralismo jurídico).
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O regime político do Estado influenciará o Direito.
Fatores culturais:
Conjunto de crenças/valores/práticas vigente em determinada época.
A cultura é fruto de um longo desenvolvimento, e as mudanças culturais
influenciam o Direito.
Fatores religiosos:
A religião sempre interferiu no Direito, desde o início da história
humana.
Essa influência se dá de formas diversas conforme a época (em alguns
momentos estavam entrelaçados, sem separação nítida).
Ex.: Direito Hindu antigo, palavra dharma significa dever. Mas tinha
sentido amplo, jurídico, moral e religioso.
A religião fornece às sociedades um conjunto de valores, traduzindo
uma série de práticas. Tais ideias interferem no Direito. Ex.: aborto,
eutanásia.
Princípio da dignidade da pessoa humana: atualmente, é fundamento
das ordens jurídicas modernas, sendo fruto de um longo desenvolvimento
histórico que se iniciou no Cristianismo.
Antes do Cristianismo: era humano quem era cidadão (condição
humana condicionada à condição política).
Cristianismo: todos nós somos criaturas de um mesmo Criador. Há uma
igualdade entre todos os seres humanos.
Outros fatores sociais:
Clima, território, grupos sociais, opinião pública, número de habitantes,
recursos naturais.
Ex.: China teve política estatal do filho único, materializada no Direito e
com fundamento no número de habitantes do País.
3.3. O Direito como fator de mudança social
O Direito é, ao mesmo tempo, condicionado pela sociedade e
condicionante dessa mesma sociedade.
3.3.1. Efeitos da norma jurídica sobre a sociedade
Efeitos positivos:
Efeito transformador: transforma as práticas dentro da
sociedade, ao obrigar as pessoas que estão sujeitas a ela. Ex.:
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normas trabalhistas,lei seca, lei Maria da Penha.
Efeito educativo: esclarece a sociedade e a opinião pública.
Efeito conservador: conservar determinados valores/práticas
considerados valiosos dentro de determinada sociedade. Ex.:
família, instituições democráticas, proibição do retrocesso.
Efeitos negativos:
Desatualização da lei: a legislação nem sempre consegue
acompanhar a mudança social.
Abismo entre a lei e a realidade social: há um limite no poder
de transformação que o Direito tem sobre a sociedade. É
necessário que o legislador tenha prudência, visando produzir
normas que possam ser absorvidas pela sociedade.
Omissão da autoridade em aplicar a lei: muitas vezes, a
legislação existe, mas não é observada nem mesmo pelo Poder
Público.
Falta de estrutura adequada à aplicação da lei: não deixa de ser
uma consequência da omissão acima tratada. Ex.: colônias
agrícolas e casas de albergado.
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4. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DA
ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA
Como se realiza a administração da Justiça.
Artigo do autor português Boaventura de Sousa Santos é a base deste
tema.
Sociologia do Direito tradicional:
Criticada por Boaventura, foi altamente influenciada pelo normativismo
jurídico (analisa o Direito apenas sob a ótica do problema da norma
jurídica, esquecendo outras dimensões).
4.1. Debate sobre o Direito
Boaventura identifica 2 vertentes na sociologia sobre o problema do
Direito:
Durkheim: Direito é algo que indica como a sociedade está
estruturada para atingir o bem comum (indicador da solidariedade
social).
Marx: Direito é uma expressão dos interesses da classe
dominante (instrumento de dominação).
É possível afirmar que o Direito desempenha ambas as funções.
4.2. Ehrlich
Analisa o problema do Direito algumas décadas após Durkheim e Marx.
Tratou do tema sob 2 vertentes:
Direito vivo: contraposição entre o direito formalmente válido
e a normatividade real das relações sociais.
Criação judiciária do Direito: contraposição entre a
normatividade abstrata da lei e a normatividade concreta (decisão
judicial).
A decisão judicial tem um papel fundamental na concepção do que é o
Direito.
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É necessário compreender o que está por trás de uma decisão judicial e
como o Poder Judiciário está organizado.
4.3. Max Weber
Início de uma nova concepção da sociologia, com fundamental
preocupação com o estudo das instituições (principalmente a burocracia
estatal dos Estados capitalistas).
Burocracia estatal: corpo de funcionários profissionais, especializados
na aplicação do Direito estatal.
Nesse momento histórico, o Direito se origina da instituição que tem o
monopólio da aplicação da Justiça, com intenção de ser o único Direito
existente.
4.4. Mudança no eixo da análise da sociologia jurídica
(décadas 50 e 60 do séc. XX)
Condições teóricas:
Sociologia das organizações: influenciada pelo pensamento de
Weber, a análise se volta para as instituições.
Tribunais enquanto instância de decisão e poder político: as
questões políticas também fazem parte da organização judiciária
(se opõe à concepção tradicional da sociologia, que via o juiz
como a boca da lei, em posição de absoluta neutralidade).
Desenvolvimento da antropologia do Direito: a antropologia do
Direito se voltou para a análise dos ordenamentos jurídicos de
sociedades africanas, orientais e da América Latina, encontrando
formas diferentes de soluções para os litígios (mais rápidos,
menos formais). Foi importante para estabelecer um contraponto
com o Judiciário que se conhecia (europeu).
Condições sociais:
Lutas sociais (grupos marginais, como negros, estudantes,
mulheres): produz um certo impacto nas sociedades modernas.
Produziram um efeito positivo, de aprofundamento do regime
democrático, tornando as democracias ocidentais mais liberais.
As desigualdades passam a ser vistas como algo negativo.
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Diretamente relacionado ao acesso à Justiça. Grupos marginais
passam a ser agasalhados pelo Direito. Estabelecimento da noção
de hipossuficiente (tratamento diferenciado para os necessitados).
Eclosão da crise da administração da Justiça: nas sociedades
mais avançadas, ocorre na década de 50 e 60. No Brasil, chega
cerca de 2 décadas depois. Fatores da crise: direitos sociais e crise
do Estado de bem-estar social. Direito sociais exigem uma
participação mais ativa do Poder Público. Se o Estado falha em
concretizá-los, o cidadão irá acionar o Poder Judiciário. Isso
levou a um aumento explosivo do volume de processos, causando
um problema para a administração da Justiça. A partir da década
de 70, o Estado de bem-estar social sofre com crises financeiras
(principalmente em função do petróleo), e não consegue
cumprir/concretizar os direitos sociais conquistados nas décadas
anteriores. Esse problema também gera um aumento significativo
do volume de litígios judiciais.
Novo campo de estudos da sociologia:
Administração da Justiça.
Organização dos tribunais.
Formação/seleção dos magistrados.
Motivações das decisões judiciais.
Ideologias políticas/sociais/econômicas.
Morosidade da justiça.
Custo da justiça.
4.5. O problema do acesso à Justiça
Expressa a diferença entre a igualdade formal e a igualdade material.
Discussões surgem, sobretudo, após a 2° Guerra Mundial, exatamente
em função dos direitos sociais que foram criados e precisavam ser
concretizados.
O papel do Judiciário era exatamente garantir o exercício dos direitos
sociais. Ocorre que as pessoas com condições econômicas piores tinham
dificuldades de acesso ao Judiciário. Mas não era só uma questão
econômica.
Boaventura aponta os seguintes tipos de obstáculos ao acesso à Justiça:
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Econômicos: pagamento de custas judiciais, de advogados etc.
Sociais e culturais: estão intrinsecamente ligados. Segundo o
autor, quanto menor o nível de instrução do indivíduo, menor será
sua disposição para litigar. Algumas vezes tem o direito violado e
não sabe, outras vezes reconhece a violação do direito, mas não
sabe o que fazer. Além disso, em populações mais pobres,
costuma ser criada uma cultura de se evitar o Poder Judiciário, em
decorrência de uma desconfiança muito grande.
4.5.1. Inovações tecnológicas para lidar com o problema do
acesso à Justiça
Defensorias Públicas:
Substituem a chamada advocacia pro bono. Profissionais qualificados,
selecionados por concurso público, são bem remunerados para defender os
direitos da população.
Proteção dos interesses difusos:
Viabiliza a proteção dos direitos de um grande número de pessoas por
meio de uma única ação.
No Brasil:
Criação dos juizados de pequenas causas;
Lei de arbitragem;
Lei dos Juizados Especiais;
Reformas do CPC;
Lei 11.441: possibilitou divórcio e outros institutos
extrajudicialmente.
4.5.2. Administração da Justiça enquanto instituição política e
profissional
Segundo Boaventura, na sociedade existem estímulos, pressões,
ideologias políticas/sociais que irão gerar decisões sociais (a sociologia vê
as decisões judiciais como produto dessas pressões).
Cada magistrado tem um conjunto de valores que irá contribuir de modo
decisivo na maneira que ele irá decidir. Portanto, surge a preocupação com
a formação dos magistrados.
Falência da concepção do Judiciário como um Poder neutro, já que é
próprio do ser humano ter concepções pré-concebidas sobre um
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determinado assunto.
Fim do mito do “Judiciário apolítico”.
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5. CONFLITOS SOCIAIS E OS
MECANISMOS DE SUA RESOLUÇÃO
Inicia com alguns estudos de antropologia social, que depois são
apropriados pela sociologia. O objeto de estudo era o direito de sociedades
menos avançadas (primitivas), africanas e latino-americanas.
O Direito encontrado era de baixa abstração, eram pouco
especializados, preocupavam-se com uma solução rápida dos litígios
(mecanismos retóricos), favoreciam a mediação.
O fundamental na retórica é o convencimento,a pacificação, a
conciliação, e não a descoberta da verdade.
A sociologia do Direito, se apropriando dos estudos antropológicos,
identificou o pluralismo jurídico (Direitos diferentes convivendo em uma
mesma sociedade). Não há apenas um Direito, o estatal, sendo este um entre
outros Direitos. Se opõe à concepção do Direito moderno, de que o Estado
detém o monopólio da aplicação do Direito.
Sociologia do Direito vai buscar o estudo do Direito a partir do litígio,
do problema/disputa entre as partes. Preocupa-se menos com a norma
jurídica.
Sociologia do Direito vai desenvolver estudos para que se chegue a uma
resolução informal dos conflitos (maior celeridade). Visa resolver o
problema da morosidade dos processos.
5.1. Sistemas não judiciais de composição de litígio
Principal problema atual da Justiça é a morosidade, sendo tais sistemas
uma alternativa.
O Estado não tem o monopólio da resolução dos conflitos (pluralismo
jurídico). Três meios:
Autotutela;
Autocomposição;
Arbitragem.
5.1.1. Autotutela
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Entre os três, é a forma mais antiga de solução de litígios.
Importa o sacrifício integral dos interesses de uma das partes.
Relacionada com a lei do mais forte (aplicação da força).
Típica de sociedades primitivas, no atual ordenamento jurídico é algo
excepcionalíssimo. Ex.: legítima defesa; penhor legal, desforço imediato.
Estado de natureza, de Hobbes: “o homem é o lobo do homem”.
5.1.2. Autocomposição
Atualmente, é um dos meios mais importantes, junto à arbitragem.
É gênero, tem como espécies:
Transação: Negociação, mediação e conciliação.
Renúncia.
Submissão.
Autocomposição é meio de solução de litígios por composição da
vontade das partes, por meio do consenso entre elas. Na maior parte das
vezes, significa sacrifício parcial, mas, também, pode ser integral por uma
das partes.
Transação:
Sacrifício recíproco de interesses. Tem 3 subespécies:
Negociação: transação entre as partes, sem a intervenção de
terceiros.
Mediação: há a presença de um terceiro, o qual não oferece
soluções (não faz propostas). Ele tem a função de construir um
diálogo entre as partes, para que elas mesmas encontrem uma
solução.
Conciliação: há a presença de um terceiro, que se encontra
equidistante entre as partes. O conciliador tem o papel de oferecer
soluções.
Renúncia:
O titular do direito abdica dele, acabando com o conflito.
Submissão:
O sujeito se submete à pretensão contrária, mesmo sabendo que tem o
direito.
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Na renúncia e na submissão, a decisão é unilateral (manifestação de
vontade unilateral), ao contrário da transação.
5.1.3. Arbitragem
É uma prática conhecida desde a antiguidade.
Caracterizada por dois elementos principais:
Eleição de um terceiro, que vai solucionar o conflito (o
árbitro).
Solução dada pelo árbitro é impositiva.
Ganhou impulso muito grande no Brasil com a Lei 9.307/96 (Lei de
Arbitragem).
5.1.4. Conclusão
Estado não tem o monopólio da solução dos conflitos.
Meios de soluções não judiciais podem ser alternativa viável para
diminuição da crise da administração da Justiça. Isso porque são mais
baratos, céleres e informais.
Não se trata de coisas excludentes, o que se busca é o convívio entre os
meios judiciais e os não judiciais.
Todos esses fatores contribuíram para reformas na administração da
Justiça em todo o mundo, inclusive no Brasil.
5.2. Reformas na administração da Justiça
Reformas no interior da própria Justiça:
Reforçar os poderes do juiz dentro do processo (dirigir o
processo, determinar a produção de provas), contribuindo para a
dinamização do processo.
Privilegiar alguns princípios, como a oralidade do processo.
Tentar construir, dentro do processo, uma relação mais
horizontal entre os participantes. Partes e sociedade mais ativos
no processo. Ex.: amicus curiae.
Reformas que visam a criação de alternativas:
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Busca soluções por meios não judiciais, que são mais
rápidos/baratos/informais.
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6. CASO DAS FAVELAS NO RIO DE
JANEIRO
Diretamente relacionado ao pluralismo jurídico.
Boaventura de Sousa Santos, na década de 70, viveu durante um tempo
em uma favela do RJ para fazer uma pesquisa de campo sobre a forma
como os conflitos, sobretudo sobre a propriedade da terra, eram
solucionados.
Verificou que os conflitos não eram solucionados, na sua grande
maioria, pelo Poder Judiciário, mas sim pela associação de moradores.
Boaventura não citou o nome da favela, a identificando como
“Pasárgada”.
Direito de Pasárgada: modo que a comunidade resolvia os conflitos.
Segundo Boaventura, o pluralismo jurídico pode ser explicado por
vários fatores:
Econômicos;
Raciais;
Profissionais;
Sociais (conflito de classes).
6.1. Surgimento do Direito de Pasárgada
Na década de 30, a comunidade analisada por Boaventura iniciou sua
formação, com a ocupação do espaço.
A ocupação foi, desde o início, ilegal. Os ocupantes sabiam da
ilegalidade.
Os moradores afirmaram que, no início, não ocorriam muitos conflitos,
pois o espaço disponível era grande.
Na década de 40, há uma explosão de conflitos, solucionados quase
sempre de forma violenta. Imperava a “lei dos mais forte”.
Na década de 70, há um volume muito maior de conflitos solucionados
de forma pacífica. Assim, as próprias relações sociais entre as famílias
ficaram mais pacíficas.
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Isso ocorreu porque a comunidade se organizou ao longo dos anos,
principalmente com a criação da associação de moradores.
A comunidade não confiava na polícia, por vê-la como força opressora.
Também não confiava e nem tinha acesso ao Poder Judiciário. Sendo assim,
restou construir um modo próprio de solução de conflitos: a associação de
moradores.
O presidente da associação atuava como um mediador.
6.2. Discurso jurídico de Pasárgada
Decisões que não resultam na subsunção, se baseiam em retórica.
Topo: lugar comum, senso comum. Decisões eram resultantes
essencialmente de topos, o que as pessoas consideravam justo naquele dado
momento.
Decisões baseadas no senso comum são graduais, provisórias e
reversíveis. Além disso, têm base na retórica (fundamentação).
Topos mais importantes:
Equilíbrio (igualdade);
Justiça;
Cooperação;
Boa vizinhança.
A decisão se baseava essencialmente em uma mediação (sacrifício
recíproco de interesses).
Retórica: teoria da argumentação. O estudo realizado por Boaventura
chamou a atenção para a importância da retórica no Direito.
Silogismo: premissa maior + premissa menor = conclusão. A concepção
tradicional do Direito era baseada no silogismo, sem muita importância para
a retórica.
A partir dos estudos, houve o aumento da importância da retórica, com
a redução do destaque do positivismo jurídico.
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7. NOVA POLÍTICA JUDICIÁRIA
Em face dos problemas apontados pela sociologia do Direito, buscou-se
uma forma de criar instrumentos que os sanassem.
7.1. Democratização da Justiça
Do ponto de vista interno, significa tentar aproximar os cidadãos da
produção da decisão jurídica. Maior participação da sociedade na produção
da decisão. Ex.: amicus curiae; audiência pública; oitiva de associações.
Do ponto de vista externo, está relacionado ao oferecimento de
instrumentos que democratizem o acesso à Justiça. Eliminar ou, ao menos,
diminuir as barreiras encontradas pelos cidadãos. Ex.: Defensorias Públicas.
Limites: estão no próprio direito material. É necessário modificar o
direito material e cumpri-lo.
7.2. Reformas no Poder Judiciário
Reforma da organização judiciária:
O maior problema da Justiça é a morosidade, e isso se deve,
principalmente, à má organização judiciária.
Reforma da formação e dos processos de seleção dos magistrados:
É necessário analisar a necessidade de conhecimento a partir dos novos
conceitos de Direito e Justiça.
A atividade de juiz não é mecânica, sendo necessário um conhecimento
amplo para se chegar a umadecisão consciente/racional.
Gadamer (autor alemão): se você quiser chegar a uma decisão que não
seja fruto de preconcepções inconscientes, é necessário saber o costume de
onde se encontra (tradição), as ideias que você defende etc. Caso contrário,
a decisão passa a ser fruto exclusivamente de preconcepções.
Para se chegar a uma decisão minimamente racional, o juiz deve
conhecer suas preconcepções. Essa decisão é fruto exclusivamente da
minha preconcepção sobre a matéria ou pode ser racionalmente justificada?
Conflito: decisionistas X racionalistas:
Decisionistas: as decisões são frutos da vontade de quem
decide.
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Racionalistas: as decisões são frutos do raciocínio, com
fundamento na lei, e não na vontade de quem decide.
O direito atual é pós-positivista e dá muito valor aos princípios. É
impossível um juiz decidir adequadamente sem conhecer o significado e o
valor de tais princípios. Por isso, a formação humanística passou a ter maior
importância na seleção dos juízes.
A nova política judiciária vem sendo construída desde meados da
década de 70.
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8. DIREITO, COMUNICAÇÃO SOCIAL
E OPINIÃO PÚBLICA
É o terceiro objeto de estudo da sociologia jurídica.
O primeiro é a eficácia do Direito, e o segundo é o estudo das formas de
resolução dos conflitos sociais.
8.1. Concepção de opinião pública
Opinião pública é um termo vago/impreciso/ambíguo, de difícil
definição.
Muitos autores afirmam que não existe opinião pública como uma
formação da soma de todas as opiniões dos indivíduos que vivem em uma
sociedade (Pierre Bourdieu).
Noção inicial: soma das opiniões individuais.
Bourdieu: é ilusório pensar que todas as pessoas que vivem em uma
sociedade possuem uma opinião a respeito de tudo.
Dentro de cada sociedade, existem os chamados grupos de pressão, que
podem criar opiniões que passam a ser adotadas por grande parte da
sociedade.
Diversas correntes de opinião: existem vários grupos dentro da
sociedade, e cada uma desses grupos terá uma opinião sobre um
determinado assunto. Sendo assim, é possível afirmar que diversas
correntes divergentes de opinião convivem na sociedade.
Ainda que convivam correntes divergentes, é possível afirmar que há
traços/concepções dominantes em cada sociedade. Essas concepções
dominantes são chamadas de opinião pública.
Conceito de opinião pública: é o pensamento predominante do grupo
sobre determinada pessoa/objeto/questão. É o juízo coletivo adotado e
exteriorizado por aquele grupo dominante em determinada sociedade, o
pensamento que predomina.
Não pode ser visto como a soma das opiniões individuais, pois é mais
complexo e mais restrito do que isso.
A opinião pública tem existência própria, que não se confunde com a
existência de indivíduos ou grupos.
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Comportamento individual X comportamento coletivo: a existência do
ser humano é, ao mesmo tempo, individual e coletiva. Há estudos que
demonstram que o comportamento do indivíduo varia quando ele está
sozinho e quando está em grupo.
A opinião pública representa a tendência geral.
A sociologia pode abordar a opinião pública de 4 formas:
Opinião pública como medida quantitativa da distribuição das
opiniões: como se distribuem, em uma determinada sociedade, as
diversas opiniões.
Opinião pública como força política: o interesse é em relação
às opiniões que os cidadãos têm e podem ser consideradas
relevantes do ponto de vista político. O que as pessoas
consideram relevante do ponto de vista político (relação com a
legitimidade do poder público).
Opinião pública como organização: busca identificar a opinião
vigente em um determinado grupo. Como as opiniões se unem até
formar uma organização, um grupo de pressão. A preocupação é
com os chamados fenômenos de massa.
Opinião pública como comunicação política: busca-se analisar
de que maneira os indivíduos e grupos buscam influenciar as
autoridades públicas para que elas atuem conforme suas
convicções políticas.
8.2. Importância da opinião pública
Ela cria e modifica o comportamento social.
A mudança de opinião pública é capaz de propiciar variados tipos de
mudanças.
8.3. Importância da opinião pública para o Direito
É uma espécie de termômetro social que o Direito pode consultar, para
verificar as necessidades da sociedade e se as instituições jurídicas estão em
consonância com a opinião pública (legitimidade).
A importância é fundamental, já que o Direito é produto social e é capaz
de promover mudanças na sociedade. Porém, o Direito não pode ficar
sujeito à opinião pública.
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8.4. O papel da mídia e a formação da opinião pública
A formação da opinião pública é um processo (lento, normalmente).
Quando determinadas ideias se solidificam/cristalizam na sociedade,
ocorre a formação da opinião pública.
As ideias, inicialmente, são formadas em círculos restritos e, por algum
motivo, ocorre sua publicização, ocasionando a adoção de tais ideias por
um número maior de pessoas.
Força das ideais: as ideias são o motor de uma série de ações que
causam muito impacto na vida em sociedade.
Isaiah Berlin (autor inglês): “vocês têm que ter em mente a advertência
feita por Heile a respeito das ideias: as ideias pensadas num gabinete de
estudos de um professor universitário podem arrasar uma civilização.”
Imprensa (mídia): hoje em dia, é o grande formador de opinião.
A população tem acesso a um grande volume de informações, ao qual
nunca teve na história humana, devido ao grande desenvolvimento da
mídia.
Mídia é um poder: pois tem capacidade de condicionar as pessoas.
Problemas/críticas em relação à mídia:
Alguns autores afirmam que a informação dada pela mídia é
previamente orientada pela chamada classe dominante.
Proximidade da mídia com o poder econômico.
Proximidade da mídia com o poder estatal.
Essa proximidade faz com que a informação chegue à
sociedade de acordo com o interesse dos detentores do poder
econômico/estatal.
A cultura possuída pelo jornalista (preconcepções) também
influencia a forma como as informações são publicadas.
Apesar dos problemas, a mídia é fundamental para o regime
democrático, pois tal regime se fundamenta na liberdade de informação.
Thomas Jefferson: “a base dos nossos governos sendo a opinião do
povo, o primeiro objetivo deve ser mantê-la exata; fosse deixado a mim
decidir se deveriam ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo,
não hesitaria um momento em preferir este último.”
8.5. Sentimento coletivo de justiça
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Todo ser humano traz consigo um sentimento daquilo que considera
justo.
Senso de justiça: alguns autores dizem que pode ser considerado algo
inato do ser humano.
O sentimento de querer igualdade entre os indivíduos pode ser
observado, inclusive, nos chimpanzés.
Senso de justiça se liga, também, à opinião pública, já que ela é capaz
de influenciar o que as pessoas consideram justo.
Direito e justiça: alguns autores afirmam que o Direito não passa de um
instrumento da classe dominante. Porém, uma dominação não se sustenta
no tempo se não houver legitimidade. Se falta legitimidade, o Direito passa
a ser visto simplesmente como coerção, e as pessoas irão se colocar contra
ele sempre que puderem. Sendo assim, o Direito não se sustenta se não for
sustentado por uma camada de justiça.
Agostinho: “afastada a justiça, que são na verdade os reinos, senão
grandes quadrilhas de ladrões?”
A opinião pública sobre o Direito não vai muito bem no Brasil.
É necessário um esforço de esclarecimento da própria opinião pública.
 
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About The Author
Hugo Assis Pinheiro
 
Formado em Direito pela Universidade FUMEC (Fundação Mineira de
Educação e Cultura), atuou como advogado no período de 2012 a 2015.
Especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela
ESUP - Escola Superior Associada de Goiânia.
Aprovado em concursos do TribunalRegional Federal da 1° Região, do
Ministério Público de Minas Gerais, do Tribunal Regional Eleitoral de
Minas Gerais e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Atua, desde 2015, como assistente de magistrado no Tribunal Regional do
Trabalho da 3ª Região, tendo elaborado mais de duas mil minutas de
decisões.
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	1. RELAÇÕES SOCIAIS E RELAÇÕES JURÍDICAS
	2. CONTROLE SOCIAL E DIREITO
	3. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E O DIREITO
	4. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DA ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA
	5. CONFLITOS SOCIAIS E OS MECANISMOS DE SUA RESOLUÇÃO
	6. CASO DAS FAVELAS NO RIO DE JANEIRO
	7. NOVA POLÍTICA JUDICIÁRIA
	8. DIREITO, COMUNICAÇÃO SOCIAL E OPINIÃO PÚBLICA
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