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Filosofia e História da Ciência

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FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA 
RESUMO 
 
HENRY, John. Religião e Ciência. In: ______. (org.). A revolução científica e as origens da 
ciência moderna. Rio de Janeiro: Editora Ltda, 1998. p. 82-101. 
 
➢ Capítulo 5 e 6: A revolução científica e as origens da ciência moderna 
 
Em primeira partida, o texto nos introduz sobre como a Religião e a Ciência são pontos 
opostos e incompatíveis à compreensão das verdades acerca do mundo, mas a história não acaba 
por aí, tampouco é somente isso. É falado sobre a Teoria Copernicana, onde a mesma foi 
combatida por razões religiosas, tanto por católicos como por protestantes, embora tivesse sido 
julgado o heliocentrismo, a Igreja católica suspendeu o livro até que ela mesma fizesse 
mudanças textuais para que a obra saísse de acordo com suas diretrizes, porém para todo efeito 
a Igreja declarou a obra herético com a condenação de Galileu em 1633. Mesmo o fato da 
condenação de Galileu e da exclusão do livro ter sido por motivos totalmente específicos. O 
talento de Galileu manteve o Copernicanismo longe do interesse da Inquisição. Contudo, nas 
décadas de 1610 à 1620 ele conseguiu fazer inimigos poderosos como os dominicanos e os 
jesuítas, tornando contra ele até seu então defensor Papa Urbano VIII. Podemos ver que vários 
pensadores que contribuíram substancialmente para a Revolução Científica tiveram suas 
motivações em questões religiosas e até mesmo suas filosofias se baseiam em alguma parte 
sacra, pois era sua realidade na época, era o material primordial que eles tinham para trabalhar 
suas ideias. Temos o exemplo de Kepler que se via como um “sacerdote de deus”. Ele dizia que 
ao pensar a maneira que deus colocou no cosmo, estava pensando como ele. O maior empenho 
dos filósofos mecânicos, era mostrar para as pessoas como deus interagia com o mundo 
mecânico, pois tinham uma dependência com conceitos semi-atomistas da matéria, desse jeito 
era logo associada a Epicuro, o atomista, que era supostamente ateu da Grécia Antiga, o mesmo 
dizia que tudo poderia ser explicado em função das consequências necessárias da colisão entre 
átomos. Já Descartes, tinha que implementar uma estratégia diferente, visto que seu sistema se 
fundava no pressuposto de que a matéria era completamente passiva e inerte. Então ele acabou 
recorrendo diretamente a Deus para explicar as várias interações da matéria, ele falava que na 
criação deus colocou diferentes partes da matéria no mundo, assegurando que os movimentos 
fossem transferidos de uma porção da matéria para outro de acordo com as três leis da natureza 
e às sete regras do impacto. 
Assim, as concepções de Descartes sobre a força, continuaram causando controvérsias 
entre os historiadores especializados nessa filosofia e depois foram desconsideradas pelos 
contemporâneos do pensador. Alguns, acreditavam que as leis da natureza de Descartes e 
algumas regras do impacto pareciam ser suficientes para explicar o funcionamento do mundo 
sem precisar de Deus, já que admitia que ele deu impulso a esse sistema. Então, desenvolver 
uma versão ateia dessa mesma explicação, onde bastava admitir como Aristóteles fez, onde o 
mundo era eterno e sempre existia como existe agora. Portanto, pensou que como o sistema não 
tinha nenhum início, Deus não necessário e por essa razão alguns seguidores de Descartes 
desenvolveram essa noção de ocasionalismo, onde Deus era a única causa eficiente em ação do 
mundo. O ocasionalista mais influente na época foi o padre oratoriano Nicolas Malebranche, 
no qual afirmava que as leis da natureza não expressavam relações causais de maneira mais 
genuína. Para vários contemporâneos isso parecia tornar Deus diretamente responsável pelo 
mal corriqueiro e pelo mal absoluto. Então, Leibniz se opôs à implicação ocasionalista de que 
a física era um milagre, e insistia em um retorno a uma filosofia da natureza em que os corpos 
tinham sua própria força. Para ele, era importante preservar a existência do seu Deus e então, 
ele acreditava que era preciso tornar todos os corpos em a fonte de sua própria atividade. 
Imaginou que apenas o indivíduo genuíno poderia ser ativo por si mesmo. Então apresentou 
dificuldades para uma concepção corpuscularista dos corpos na filosofia mecânica. Entendeu 
que, um corpo composto de átomos ou corpúsculos poderia ser um indivíduo genuíno? Isso 
conduziu a Leibnz à sua filosofia madura em que o mundo não era constituído de átomos e sim 
de mônadas, que seriam criaturas vivas dotadas de corpo e alma, e por isso genuínos como seres 
humanos. Os conceitos de espaço foram uma importante fonte de discussões sobre o lugar de 
Deus no mundo. Para Newton, no qual era influenciado por pensamentos platônicos, um efeito 
iminente de Deus, um transbordamento do ser de Deus que produziu a imensidão do mundo. O 
conceito de espaço absoluto de Newton, foi importante para elaboração do princípio da 
matemática, onde foi ditado pelo seu conceito de Deus. Leibniz discordou, onde buscava mais 
uma vez preservar a distante transcendência de Deus, insistiu que o espaço ou 
dimensionalidade, podia ser um atributo de Deus Se fosse isso, Deus seria formado de partes, 
o que ele considerava absurdo. Muitas vezes é possível observar que as filosofias naturais 
divergentes, se fundam em pressupostos básicos opostos com relação à natureza da providência 
de Deus. A teologia voluntarista pressupõe que a vontade de Deus é um atributo dominante, 
enquanto a intelectualista enfatiza a razão de Deus. Por exemplo, o experimentalismo dos 
filósofos naturais ingleses, tão diferente de atitudes adotadas no continente com relação ao 
experimento, pode ser visto como perfeitamente ajustado ao compromisso com a onipotência 
de Deus. 
Uma das grandes preocupações religiosas dos filósofos mecânicos era o conceito de 
alma. Membros da primeira geração de construtores de sistemas mecânicos como Gassendi, 
Descartes, Sir Kenelm Digby e Walter Charleton afirmavam que sua filosofia mecânica 
fornecia uma certeza bem maior da imortalidade da alma do que o aristotelismo. A abordagem 
deles eram praticamente a mesma, em que determinava que toda mudança e dissolução eram 
apenas um resultado da redistribuição ou da dispersão das partículas materiais que constituem 
um corpo, assim eles puderam inferir que a alma racional era incapaz da mudança e imortal, ou 
seja, sendo imaterial não era composta de partículas. Porém esse argumento só é válido se 
aplicado à alma racional, que era concebida como distinguida pelos humanos das demais 
criaturas. Os filósofos mecânicos tentaram explicar o funcionamento das almas vegetal e animal 
em termos de movimentos de partículas sutis. Já Descartes, utilizou da sua filosofia mecânica 
para apoiar um dualismo extremado, de acordo com o que havia no mundo dois tipos de 
substâncias, res extensa e res cogitans. Acreditando-se que a mente ultrapassava os limites da 
mecânica filosófica e Descartes continuou especialmente em silêncio em relação aos 
questionamentos que colocariam seus seguidores à prova. Por exemplo, como essa substância 
imaterial poderia levar o corpo a efetuar atos deliberados da vontade? E se o fizesse, isso não 
resultaria a cada vez num aumento da quantidade de movimento no mundo? Tais 
questionamentos foram problemas para o cartesianismo, mas talvez não para Descartes. Para 
ele as razões metafísicas para supor a existência de uma alma ou mente desencarnada estavam 
cheias de dificuldades, tendo base apenas com a nossa pouca experiência inteiramente subjetiva 
de que existimos como seres pensantes dentro de um corpo que é separado de nós como 
realmente somos. O fato de Descartes, ter continuado com seu compromisso com seu sistema 
dualista, apesar das dificuldades, e encará-lo demonstrando a imortalidade da alma, mostra suas 
preocupações religiosas em seu pensamento. Sendo visto o mesmo com os outros filósofos 
mecânicos. Essas diferenças das explicações religiosascom as diferenças nas várias 
perspectivas religiosas. Assim como a teoria da alma de Descartes gerou dificuldades para seu 
sistema, o mesmo ocorreu com a teoria da matéria causou dificuldades para sua igreja. Como o 
milagre da eucaristia, em que o pão se transformou no corpo de Cristo. Pois em termos 
aristotélicos era de fácil explicação. As substâncias sempre vinham com vários atributos 
acidentais, como a cor, gostos, além de outras propriedades sensíveis. No milagre da eucaristia 
as propriedades do pão eram as mesmas, mas a substância mudava. Descartes eliminou a 
concepção de corpo, e atribuiu as propriedades (cor e gosto) a configurações de partículas que 
formam o corpo. Em face do poder e sua lealdade a religião Descartes, tentou fugir dessas 
dificuldades, de duas formas, uma que a superfície do continuava a mesma na eucaristia, 
fornecendo assim uma informação sensorial inalterada, em contrapartida a interior se convertia 
em carne. Ele foi influente e sua filosofia ganhou muitos adeptos, tendo aumentos nos currículos 
das universidades, porém o problema da transubstanciação da eucaristia foi proibido pela 
congregação do índice dos livros proibidos de 1663. A oposição contra a filosofia de Descartes 
foi a mais vigorosa interferência da Igreja católica, desde o caso de Galileu, porém, a de 
Descartes atraiu a ira das autoridades protestantes. Portanto, podemos concluir que a religião 
foi suma importância para a filosofia de Descartes e uma profunda influência sobre os detalhes 
do desenvolvimento e da forma final de pensamento. Assim, não podendo haver nenhuma 
incompatibilidade fundamental entre pensamento religioso e científico. De acordo com uma 
tradição historiográfica, há argumentos fortes e positivos sobre a germinação da ciência por 
uma instituição religiosa particular. Sendo o sucesso da filosofia natural na Inglaterra no séc. 
XVII, em parte pela ascensão do puritanismo. Parte das dificuldades encontradas pelos 
historiadores diante dos experimentos da tese do puritanismo e ciência, em particular enunciada 
pelo seu principal fundador Robert K. Merton, é difícil entender o puritanismo, sendo fornecido 
um estímulo à ciência. 
Os principais fatores que levavam a crer era o desejo de conhecimento do racionalismo 
juntamente com o empirismo, o que levava questionar a teologia natural, assim fazendo que 
ocorresse uma rejeição de decretos e dos dogmas impostos pela igreja. Charles Webster 
sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, escritor, orador, maçom e uma 
das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica, Além disso, possui um vasto 
conhecimento em diversas áreas do conhecimento, como química, medicina e educação. O 
próprio admite que a ciência moderna que crescia na época se deve principalmente à ideologia 
puritana, embora não especifique qual linha de pensamento influenciou. Outrossim, é o fato de 
afirmar que o pensamento focado no momento é o que excluiria e limitaria a influência do 
puritanismo que crescia na época. Robert K. Merton em sua tese chamada “Puritanismo e 
Ciência” fez um levantamento de uma amostra de puritanos na época, todavia isso foi 
considerado contraproducente por Webster, uma vez que a fim de solucionar as questões 
ocorridas suas pesquisas fazia o oposto, com isso a tese foi refutada na Royal Society. Todavia, 
nos dias de hoje a tese de Merton possui muita força Historiográfica (estudo de como a história 
é escrita e como nossa compreensão histórica muda com o tempo), na sua tese o ponto principal 
observado é a Anglicanismo latitudinário uma vertente moderada do Anglicanismo. O trabalho 
de Bárbara Shapiro e outros estudiosos afirmam que a repulsa fomentada na época pelos 
dogmas impostos pela igreja da ideia puritana findou fortalecendo ainda mais os movimentos 
céticos da ciência com metodologia empirista, o que iria contrário ao que se desejava. O texto 
traz o empirismo baconiano pois fazia críticas à ciência antiga, de origem aristotélica, pois a 
assemelhava a um puro passatempo mental apesar de contradições para o desenvolvimento 
científico por meio das intervenções religiosas (casos galileu e interdições nos escritos de 
descartes.) No final do século XVI e início do século XVII é onde podemos apontar a origem 
da ciência moderna e que dessa época possa ter surgido movimentos ateístas. É na ascensão da 
tradição ocorre principalmente depois da teologia física e teologia natural, onde podemos ver 
com maior clareza a tentativa de provar por meio da contemplação e complexidade a existência 
de Deus. Com isso buscava-se principalmente substituir filosofia aristotelismo, visto que 
Aristóteles era ateu e a disseminação dessa filosofia era uma das grandes preocupações da igreja 
como um todo. 
Com a ideia crescente de uma utilização da nova filosofia, houve na Inglaterra, um medo 
crescente de uma intensificação da difusão do ateísmo. Para contornar essa situação os filósofos 
naturalistas começaram a utilizar de estratégias apologéticas, com a proposição de argumentos 
que explicam a fé a partir de conceitos racionais, para conseguirem defender sua posição a favor 
das filosofias naturais como também não serem considerados ateus. Dentre umas das estratégias 
contra a propagação do ateísmo, Robert Boyle criou a conferência Boyle, uma série anual de 
conferências para combater os variados tipos de infidelidade. Outra estratégia desenvolvida 
pelos naturalistas da época, foi defender suas novas filosofias contra o ateísmo, a partir de 
estudos que comprovam a existência de Deus, pois a beleza e a complexidade da natureza eram 
impossíveis de serem explicadas sem a existência de um criador supremo. Porém dentre essas 
defesas surgiram dois posicionamentos menos previsíveis: o primeiro foi provar que o 
atomismo não era pagão, e sim uma filosofia antiga judaico-cristã, esse estudo foi, segundo os 
naturalistas, desenvolvido por um fenício chamado de Mochus; o segundo posicionamento seria 
tentar comparar a nova filosofia como uma crença ligada ao satanismo e feitiçaria. Porém, esses 
posicionamentos começaram a favorecer a filosofia mecânica, que acabou sendo uma 
ferramenta útil para defender o aumento do ateísmo. As estratégias de defender a religião, 
tomadas pelos filósofos naturalistas, são medidas que não se separam das que foram tomadas 
por Bacon, Boyle e Newton. Observando todo o desenvolvimento da ciência neste período é 
impossível responder que a teologia e religião não desempenharam um papel importante no 
desenvolvimento da ciência moderna. 
O próximo capítulo é destinado ao tópico sobre a ciência e a cultura mais ampla. Este 
capítulo aborda os elementos mais importantes da revolução científica. Segundo o autor do 
livro, a revolução científica surge logo no início do capitalismo. 
Para Bacon a filosofia natural deveria ser não um passatempo para reclusos cm uma 
torre de marfim, mas um grande esforço conjugado para o "bem comum" uma " espécie de obra 
régia" empreendida efetivamente por um departamento de Estado com seu próprio governador 
régio. Comentadores de Bacon muitas vezes ficaram perplexos com a natureza idiossincrática 
de seu experimentalismo, sobretudo porque sua noção de experimento não parece corresponder 
à nossa. Podemos ver agora que isso se deve principalmente à crença alimentada por Bacon de 
que a natureza podia ser investigada pelo mesmo método que um processo num tribunal. 
 O método de Robert Boyle, por exemplo, foi considerado um empreendimento 
baconiano em que é possível chegar à "certeza mora!" sobre as questões físicas lançando mão 
de experiências locais específicas, conhecimento do contexto, habilidade, perícia e razão a 
importância do testemunho público dos resultados experimentais, enfatizada por Boyle e outros 
colegas da Royal Society, era tida como garantia da confiabilidade dos pronunciamentos da 
sociedade, funda-se na autoridade dos procedimentos legais.Uma das missões dos jurados num 
julgamento, contudo, era deliberar quanto à confiabilidade das testemunhas. Pressupunha-se 
que algumas testemunhas tendiam a ser mais verdadeiras que outras. A reputação da Royal 
Society deveu muito à sua imagem, cuidadosamente promovida e preservada. 
Assim, para Bacon, os problemas do conhecimento, isto é, problema do melhor meio de 
chegar à verdade e o problema de convencer todos os observadores de que se trata da verdade, 
são estritamente do interesse de um estadista. De maneira semelhante, afirmou-se que, para 
Boyle e outros membros destacados da Royal Society, as soluções para os problemas do 
conhecimento eram vistas como soluções para o problema do estabelecimento e da manutenção 
da ordem no Estado. Só a observação confiável de experimentos por cavalheiros permitia 
estabelecer a verdade sobre o reino físico. Nesse caso era possível dizer que a verdade fora 
demonstrada sem nenhuma possibilidade razoável de desacordo. Para Boyle e pensadores de 
igual opinião na Royal Society, a filosofia natural confiável deveria ser confinada à verificação 
do que era factual. Teorizações e hipóteses eram evitadas, se não de fato, pelo menos no 
discurso. Essa solução para o problema da dissensão na filosofia natural poderia servir de 
modelo para evitar os conflitos na religião e na política. 
De maneira similar, o método experimental se desenvolveu na Inglaterra, como vimos, 
de maneira muito diferente da dos demais países. Tentativas sobre o desenvolvimento do 
método experimental na Inglaterra nessas duas esferas não são simples coincidência. Mas a 
Revolução Puritana também foi considerada um Fator na acentuada guinada que William 
Harvey deu na apresentação de suas ideias sobre o coração e o sangue, passando da ênfase no 
primado do coração em 1628 para a valorização do sangue em 1649. O que se sugere aqui não 
é que Harvey tenha se transformado, nesse meio tempo, de monarquista em republicano, mas 
que foi suficientemente influenciado por desenvolvimentos políticos para descrever, e talvez 
até para ver, o mundo natural de maneira diferente. 
Em 1649, o ano da execução de Carlos, Harvey descreve o coração em termos 
inteiramente funcionais. Em vez de escrever sobre a soberania do coração Harvey fala agora do 
"primado e da antiguidade do sangue" o sangue vive e é alimentado por si mesmo, em nada 
dependendo de qualquer outra parte do corpo, como superior ou mais valiosa que ele. Parece 
que em 1628 Harvey viu o funcionamento do coração e do sangue por analogia com a 
monarquia absolutista, mas que em 1649 ele pôde ver o sistema em termos mais próximos das 
teorias de contrato da monarquia que estavam sendo desenvolvidas. Por exemplo, por seu amigo 
e admirador Thomas Hobbes. Agora o coração servia ao sangue, como o rei servia ao povo. 
Em seu questionamento sobre o primado da antiguidade do sangue, William Harvey 
expõe em seus pensamentos sobre o sangue por si só ser algo importante, sem a finalidade de 
depender de outro órgão mais imponente dentro do corpo, ele enxerga o corpo além dos termos 
do corpo político. Essa sessão menciona que as análises estão feitas em uma época em que a 
religião, política e filosofia não estavam evidentes e definidas. Deus criou o mundo natural e o 
mundo social, para os pensadores pré-modernos esses conjuntos de caracteres se demonstram 
em ambos os mundos, pois bem, o reino político quando ordenado retratava a natureza de forma 
eficaz, sendo uma representação da verdadeira natureza por criação de Deus. Portanto, o 
simbolismo político possuía uma conexão a cosmologia, onde os planetas faziam ligações ao 
pensamento político, e o sol tinha sua representatividade como rei, atuando na autoridade 
política, outro fator exposto nesse sentido o esquema copernicano, onde opera o pensamento 
voltado a monarquia, no qual quanto mais a monarquia requer o seu domínio, fazendo com que 
o poder da pequena nobreza reduzisse, a cosmologia copernicana tornava-se proveitoso. Em 
toda a fundamentação dessas metáforas outro ponto surgia, os mecanismos de feedback que não 
foram utilizados na tecnologia medieval e período moderno inicial, esses mecanismos foram 
desmerecidos por toda a Europa, até a chegada de técnicos e engenheiros ingleses 
desenvolverem. Para maior compreensão do início da tecnologia, a metáfora do relógio é 
inserida nesse contexto. O relógio mecânico foi inventado no final do século XIII, passando a 
ser observado cada vez mais como regulador do mundo. Deus era visto como um relojoeiro e o 
serviço do relógio exibia a submissão do comando do sistema, tornando-se assim uma metáfora 
da competência da monarquia. Porém, a metáfora do relógio foi ignorada na Grã-Bretanha, pelo 
mesmo motivo que foi acolhida na Europa, a representação da autoridade total. 
Metáforas sexuais na revolução científica foram utilizadas para se defender à natureza. 
Francis Bacon, por exemplo, referiu-se à natureza como mulheres, e que o objetivo do cientista 
era "extrair da natureza, sob tortura, todos os seus segredos". Ele ainda pregava que "o homem 
restaura seus direitos à natureza, que lhe pertencem pelo poder divino ". Da mesma forma, 
Robert Boyle fala do desejo nutrido pelos filósofos naturais de controlar a natureza, tornando-
a "útil para seus fins particulares, seja saúde, ou de posses ou de deleite sensual". 
O desenvolvimento da filosofia mecânica não se deu devido à submissão das mulheres 
ou do movimento antifeminista. A realpolitik da dominação sexual certamente não necessitou 
da ajuda da filosofia natural. Mas as metáforas sexuais utilizadas pelos novos filósofos naturais 
despertaram a reflexão e ajudaram a moldar atitudes em relação ao conhecimento legítimo e 
facilitaram os produtores de conhecimento que sempre estiveram relacionados ao gênero. 
Uma visão geral que pode ser apresentada é que é ineficaz argumentar que a filosofia 
natural, embora útil para fins políticos, é “puramente intelectual". Com isso, percebe-se que 
alguns tópicos da estrutura social são intrinsecamente relevantes para a compreensão das 
origens da ciência moderna. 
 
APRESENTAÇÃO
Graduanda em Ciências Biológicas 
Atualmente trabalha na área da Genética
Humana e Médica, com enfâse em
Oncogenética
Integra o grupo de pesquisa sobre 
Epidemiologia e Genética de Câncer (EGC) 
Possui experiência nas principais
técnicas de Biologia Molecular

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