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QUESTÕES DE IMUNOLOGIA 1.Você é contratado para atuar como médico(a) veterinário (a) em uma Clínica Veterinária. Em um dos atendimentos você recebe um Cão (Canis familliaris) que teve contato (por meio de uma picada) com apenas uma abelha (Apis mellífera), todavia, o animal apresentou uma reação aguda com Edema expressivo no local da picada. Qual provável diagnóstico? Discorra sobre o processo de resposta imunológica referente ao caso. Trata-se de uma reação de hipersensibilidade aguda causada pela apitoxina. Essa hipersensibilidade vai agir rapidamente no organismo animal, liberando mediadores como mastócitos, basófilos e o recrutamento de moléculas inflamatórias no local da picada. A reação de hipersenbilidade gerada foi a hipersensibilidade imediata (tipo I), resultante de respostas a alérgenos e essa hipersensibilidade do tipo I é mediado por IgE. Nessa resposta, vai sim ter a liberação de mediadores vasoativos por macrófagos e o recrutamento de células inflamatórias, gerando assim uma resposta inflamatória aguda. Um choque anafilático - Reação de hipersensibilidade aguda que age rapidamente no organismo animal, envolvendo a liberação de mediadores como mastócitos, basófilos e o recrutamento de células inflamatórias ao local. ✓ Pode ser de forma sistêmica (no caso da anafilaxia) e respostas localizadas (como em uma dermatite alérgica). ✓ Leva à liberação do conteúdo dos grânulos dos basófilos e mastócitos, levando à inflamação. ✓ Se fossem várias picadas, poderia levar a uma toxicose (reação tóxica sistêmica). ✓ Alérgenos são substâncias que provocam reações de hipersensibilidade pelo sistema imunológico, ocasionando um processo inflamatório local ou sistêmico. “São os antígenos das reações de hipersensibilidade”. ✓ Diagnóstico: hipersensibilidade do tipo I causada pela picada da abelha. 2. Um vírus foi identificado como a causa da morte de centenas de focas no mar do Norte e no Báltico. Ao penetrarem no organismo, as primeiras células que esses vírus invadem e prejudicam são os macrófagos e os linfócitos. Explique por que as focas infectadas tornam-se extremamente vulneráveis ao ataque de outros microrganismos patogênicos. Primeiramente, como esses vírus atacam diretamente os macrófagos e os linfócitos, eles atacam diretamente as células imunológicas responsáveis pela defesa, prejudicando tanto a imunidade inata (macrófagos) quando a imunidade adaptativa (linfócitos), pois também essas vias bioquímicas e celulares do sistema imune são interligadas e portanto nenhuma resposta imune é restrita a somente a um mecanismo de defesa, são múltiplos mecanismos que se organizam em conjunto para assegurar a destruição microbiana. Se eu tenho múltiplos mecanismos de defesa, isso maximiza a eficácia do sistema imune e minimiza as chances de patógenos evadirem essas defesas. Dessa forma, se eu tenho um animal que está com uma imunodepressão, há a redução da eficiência desses mecanismos e consequentemente aumentam as chances de uma infecção secundária. • Isso é o que chamamos de imunodeficiência adquirida. • Além disso, são os macrófagos que possuem a função de fagocitose e apresentação de antígenos também. São células sentinelas, ficam rondando e reconhecem e respondem a invasores. • Linfócitos – eles que coordenam a regulação do sistema imune adaptativo (T) e produção de anticorpos que vão se ligar aos antígenos específicos. É pela imunidade adaptativa que há o combate a vírus (microrganismos intracelulares), e se o vírus ataca essas células, essa resposta não vai ser eficiente e o sistema imune vai se encontrar deprimido. • E nós sabemos que a perda da imunidade adaptativa leva a infecções descontroladas e consequentemente à morte. Veja bem, se esse organismo não se adaptar e produzir um anticorpo para combater especificamente esse antígeno viral ou se outros microrganismos patogênico persistirem no organismo (se a infecção secundária não for tratada), isso vai resultar em doença severa e possivelmente morte. 3. Um paciente canino(Canis familliaris) foi observado com dor, atrofia, inchaço dos músculos mastigatório, manifestados por meio de uma dificuldade em abrir ou fechar os maxilares. Qual doença autoimune apresenta essa sintomatologia clínica? Discorra sobre o processo de etiopatogenese referente ao caso. É a miosite dos músculos mastigatórios ou miopatia mastigatória auotimune. Basicamente é um distúrbio neuromuscular causado por uma resposta imunomediada contra fibras 2M, que são fibras musculares constituídas pelas miosinas dos músculos mastigatórios. No caso, então é uma miopatia inflamatória autoimune restrita aos músculos mastigatórios, onde há a produção de anticorpos contra as fibras 2M e a formação de imuncomplexos, inflamação muscular e lise da membrana celular das fibras musculares. • Essa doença autoimune causa edema dos músculos da mastigação e dor ao manipular a mandíbula. Também o animal fica com a impossibilidade de abrir a boca, e ainda pode progredir para uma atrofia dos músculos masseter, temporais e pterigoides. Esse condição de trismo (inabilidade ao abrir a mandíbula) pode ser apresentada mesmo sob condições de anestesia. • Apresenta sintomatologia local, diferente do tétano que é sistêmico. • Diagnóstico: fazer a biópia muscular, pra ver a fagocitose das fibras musculares do tipo 2M e um intenso infiltrado perivascular de linfócitos e plasmócitos. • A anamnese, o exame físico e o acompanhamento periódico do paciente são importantes para se chegar ao diagnóstico e ao tratamento adequado com drogas imunossupressoras. • Tutor pode dizer: meu animal não bebe água, não consegue comer, a cara está inchada, está com atrofia muscular. A MMM pode se manifestar a partir de sinais clínicos inespecíficos (letargia, anorexia ou hiporexia e febre), bem como por uma clínica mais característica (edema ou atrofia dos músculos mastigatórios, inabilidade ao abrir a boca, exoftalmia ou enoftalmia, alterações no latido e até mesmo cegueira devido à neurite óptica). A dor e edema são características da fase aguda do MMM, enquanto a atrofia muscular é representativa da fase crônica, quando os músculos da mastigação são substituídos por tecido fibroso. Os casos agudos apresentam bom prognóstico, diferentemente dos animais com doença crônica em que as fibras musculares foram extensamente substituídas por tecido fibroso, o que resulta em prognóstico reservado. A terapia é com base de imunossupressores de corticoides até que as funções e condições mastigatórias se normalizem. Depois de alcançada a melhora clínica, inicia-se a administração de doses remissivas para a retirada da corticoterapia. Entretanto, a menor dose é mantida em dias alternados por pelo menos seis meses.
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