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1 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria Caso Clínico 1- Imunologia Linfonodomegalia: linfonodos crescidos; Ectoscopia: análise de pele e fâneros; Tiragem intercostal: observação da região lateral das costelas a cada incursão respiratória- indica esforço ou não ao respirar; Fúrcula supraesternal: abaulamento de acordo com esforço respiratório; Aumento do frênico toracovocal: palpação para comparar os pulmões direito e esquerdo, paciente verbaliza palavras com consoantes para ver se há aumento da vibração da caixa torácica; perceber consolidações ou acúmulos de secreção; Sibilos: sons expiratórios patológicos com estreitamento da via respiratória; Crepitação: consequência das secreções; ICTOS: local da caixa torácica onde há como palpar o coração, entre a 4 e 5 costelas, na linha mediana da clavícula; impalpável= normal; 2 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria 1) Qual a importância do local de residência da paciente para o desenvolvimento da doença em questão? A asma é uma condição crônica na qual as vias aéreas do corpo (os brônquios) ficam inflamadas e estreitas, reduzindo a passagem de ar para os pulmões e provocando sintomas como tosse, aperto no peito e dificuldade para respirar. De maneira geral, os poluentes gasosos tendem a provocar irritação nas vias aéreas. Essa condição gera lesões no tecido e danos à atividade dos minúsculos cílios que revestem os brônquios, tornando-os mais vulneráveis à ação de bactérias e vírus. O dióxido de carbono (CO2), o óxido nítrico e o dióxido de nitrogênio (NO2) são os principais poluentes encontrados nas grandes cidades. Eles são emitidos por automóveis movidos a diesel e gasolina e constituem as substâncias que mais geram e agravam doenças respiratórias. Responder: O desenvolvimento da asma tem como fator significativo, além de uma predisposição genética, a exposição a um ambiente marcado pela inalação desses gases. O local de residência da paciente se localiza em um setor industrial, ou seja, o ar daquele local, provavelmente, é um ar poluído e carregado de partículas prejudiciais as vias aéreas. Outro possível desencadeador, é que a paciente pode ser uma fumante passiva, pois seu pai é tabagista e há estudos que correlacionam o tabagismo com o desenvolvimento ou agravamento da asma. 2) Quais as características do agente sensibilizador do processo asmático? Contextualize. Baixo peso molecular, antígenos ambientais e muitas vezes esses antígenos são inócuos a exemplo o grão de pólen, feno, casca de barata, ácaro etc. Tem que ser algo proteico ou ligado a proteína, pois no processo de sensibilização (etapa de apresentação) exige isso. Pois o MHC só apresenta moléculas de cunha proteico. Ou seja, as características dos agentes desencadeantes muitas vezes são de natureza ambiental, inofensivo ao organismo e de natureza proteica. 3) Qual a relação do horário da crise na HMA com a fisiopatologia da doença? A asma é frequentemente pior à noite, referida como asma noturna. Estudos de asma noturna sugerem que existe uma variação circadiana e relacionada ao sono nos hormônios e na função respiratória. O maior decréscimo na função respiratória ocorre em torno das 4 h da manhã, momento em que os níveis de cortisol estão baixos, os níveis de melatonina estão altos e a atividade dos eosinófilos está aumentada. O cortisol é um antiinflamatório e estimula o aumento da produção de lipocortina, essas proteínas fazem a estabilização de membrana, evitando a degranulação dos mastócitos. 4) Quais as características histopatológicas do trato respiratório do paciente com asma crônica? O trato respiratório pode ser visto como uma unidade morfofuncional. A mucosa nasal e brônquica tem arquitetura semelhante, caracterizada por epitélio pseudoestratificado, com células ciliadas colunares apoiadas sobre a membrana basal. Em praticamente toda a sua extensão, a mucosa do trato respiratório é rica em mastócitos e tecido linfóide, constituindo o chamado "tecido linfóide associado à mucosa ou ao brônquio". Na submucosa, encontram-se 3 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria vasos sanguíneos, glândulas mucosas, nervos e células inflamatórias, a saber, monócitos, linfócitos, mastócitos e eosinófilos. Tétrade clínico patológica (devido a vários episódios esporádicos as células Th2 não se dissipam, residindo no tecido respiratório, liberando frequentemente citocinas, alterando o tecido) - Obstrução intermitente e reversível de vias aéreas - Inflamação crónica dos brônquios em E0 - Hipertrofia de M. liso e L. Basal - Hiperreatividade e broncoconstrictores - O indivíduo que tem sucessivos recontatos com o fator alergênico, causando sucessivos episódios crise alérgica, isso vai modificando a morfologia do tecido respiratório. Então os linfócitos Th2 que vão migrar para essa região em decorrência dessa deflagração, desse acionamento dos mastócitos, vão acabar residindo nesse tecido de maneira perene. Esses linfócitos Th2 que estão residindo no tecido, vão secretar citocinas com frequência, em consequência disso vamos observar a alteração morfológica desse tecido – Multi-estratificação das células dessa camada muscular, hiperplasia de células caliciformes, espessamento da lâmina basal - Grande quantidade de muco (obstruindo ainda mais) - Além dessa camada muscular modificada, quando libera histamina, que provoca vasodilatação, vai acabar provocando broncoconstricção. Então essa musculatura robustecida (forte/grossa) vai acabar contraindo, diminuindo ainda mais o calibre do vaso. - A cada episódio vamos observar a piora do paciente - Vamos observar grande quantidade de eosinófilos 5) O que é ligação cruzada e qual a importância desse fenômeno para o desencadeamento da crise? Ligação cruzada: é o mecanismo de disparo da resposta efetora dos mastócitos (pelo menos 2 IgE ligadas no mesmo antígeno) Nas superfícies de mastócitos e basófilos temos receptores de IgE, só que esses receptores são diferentes, eles têm uma alta afinidade sobre a porção FC desses anticorpos. Quando um anticorpo IgE se instala nesses receptores, a IgE de superfície pode ficar meses na superfície dos basófilos, esperando um dia entrar em contato com o alérgeno/antígeno tal qual ela é específica. Quando entra em contato várias IgE de superfície podem interagir com esse alérgeno de maneira simultânea O mecanismo é a conexão (pelo menos duas) das IgE de superfícies de basófilos e mastócitos com o alergênico que o indivíduo é reator, ocorrendo o acionamento da resposta efetora dos mastócitos, degranulando. Quanto maior a quantidade de IgE na conexão com o alérgeno, maior será a degranulação e maior será a resposta inflamatória. Desencadeando uma crise 6) Quais as fases de um episódio isolado de hipersensibilidade tipo 1? É possível identificar essas fases durante uma crise em paciente asmático crônico? - Fase inicial: Reações vasculares Ocorre minutos após a exposição - Fase tardia: Infiltração de células: E0, M0, N0 e linfócitos TH2 Ocorre após várias horas 4 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria Reações de hipersensibilidade do tipo I também são conhecidas como reações imediatas e são vistas na anafilaxia, asma alérgica e eczema. O indivíduo deve ter sido sensibilizado pelo antígeno previamente para correr o risco de desenvolver uma reação destas. A primeira exposição produziria imunoglobulinas E (IgE) específicas ao antígeno, então uma memória para esta IgE é guardada pelas células de memória. A hipersensibilidade acontece na exposição subsequente ao antígeno, em que se induz grande produção de IgE, que por sua vez irá se ligaraos receptores Fcε dos mastócitos. A interação dos mastócitos ligados a IgE com o antígeno induz a sua degranulação e libera mediadores inflamatórios. Mastócitos contem histamina. Quando eles degranulam, a histamina liberada causa aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação que contribuem para o efeito imediato visto em reações de hipersensibilidade do tipo I. Outros fatores liberados pela degranulação são quimiotáticos, responsáveis pelo aumento de eosinófilos e basófilos na circulação, assim como fatores de ativação plaquetária, que contribuirão para as mudanças vasculares vistas nestas reações. Embora descrita como reação de hipersensibilidade imediata, estas reações em geral possuem componentes mais lentos, que ocorrerem de 4 a 6 horas depois. Estas reações mais demoradas possuem duas etiologias: a síntese de leucotrienos e prostaglandinas, que possuem propriedades vasoativas semelhantes à histamina e a liberação de interleucina-4 pelas células T helper 2 (Th2), resultando em um recrutamento ainda maior de células inflamatórias. Este secundo pico da reação é conhecido como a fase tardia e pode durar até 24 horas após a exposição. O uso de corticosteroides na fase imediata irá reduzir ou eliminar esta reação secundária. 7) Qual a relação entre as comorbidades asma e rinite, apresentadas pela paciente? Apesar de serem independentes, rinite alérgica e asma alérgica se relacionam estreitamente devido ao fato de serem manifestações de uma mesma doença, que é a alergia respiratória. Estudos indicam que os indivíduos que possuem rinite alérgica têm risco de desenvolver asma aumentado em pelo menos três vezes, em comparação com quem não é afetado pela rinite. Enquanto a asma provoca crises de falta de ar, chiado, sensação de aperto no peito e tosse, a rinite alérgica traz espirros, obstrução nasal, coriza e coceira no nariz, olhos, garganta e ouvidos. Outra contribuição fisiopatológica que estreita a conexão entre a via aérea superior e a inferior é a participação de vários mediadores como interleucinas, especialmente a IL-5, histamina e o óxido nítrico (NO) na resposta inflamatória da asma e da rinite alérgica. O NO encontra-se bastante elevado nas narinas e seios paranasais em relação às vias aéreas inferiores.33 A molécula participa de uma série de reações no trato respiratório, é considerada um marcador da inflamação eosinofilia e está elevada em pacientes com asma. A elevação dos níveis da fração exalada do óxido nítrico (FeNO) em pacientes com rinite alérgica sem asma reforça as inter-relações entre asma e rinite e a hipótese de que o óxido nítrico pode ser um dos responsáveis pela ligação entre ambas. 8) Quais os fatores de risco para o desenvolvimento da asma? Os fatores de risco podem ser divididos em: 5 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria - Ambientais: . exposição à poeira . infecções virais . alérgenos como ácaros, pólen, pelo de animais, fumaça de cigarro, irritantes químicos . poluição ambiental . mudanças climáticas . exercícios físicos vigorosos . estresse emocional . até mesmo alguns tipos de medicamentos. - Próprios do paciente: . aspectos genéticos . obesidade . sexo masculino (durante a infância os meninos apresentam constituição física pulmonar desprivilegiada em relação às meninas, no que concerne às manifestações clínicas da asma: apresentam menor fluxo aéreo, suas vias aéreas são mais estreitas e têm maior tônus da musculatura brônquica) - Fatores de risco pré-natais: . Tabagismo materno . dieta e a nutrição . o estresse . o uso de antibióticos . o tipo de parto também pode afetar o surgimento precoce de alergia e asma. 9) Correlacione as principais citocinas produzidas pelo programa TH2 com a ocorrência dos sinais clínicos e histopatológicos do paciente. A IgE é produzida pelo plasmócito (que é a diferenciação do linfócito Bfol), e o linfócito Bfol vai liberar IgE quando ele for licenciado pelo programa TH2. Vai ocorrer a produção de IL-4 para fazer com que o macrófago seja ativado pela ativação alternativa produzindo IL-10 e TGF-β (principal citocina que estimula o fibroblasto- e o fibroblasto produz matriz extracelular - provocando espessamento da membrana basal). O IL-4 vai provocar também a Multiestratificação da musculatura lisa. IL-13 estimula as células caliciformes, que vai produzir muco. IL-5 estimula a medula óssea a aumentar a produção imune. Aumenta o número de mastócitos, eosinófilos e basófilos 10) Quais as principais terapias não medicamentosas indicadas no tratamento da asma? - Evitar exposição à fumaça de cigarro – parar de fumar + evitar exposição. - Atividade física – regularmente, para benefícios gerais. Aconselhar sobre broncoconstrição associada ao exercício. - Asma ocupacional – perguntar sobre histórico laboral, eliminar agentes sensibilizantes. - Evitar medicações que possam agravar o quadro – AINES ou betabloqueadores - Técnicas respiratórias - Evitar exposição a alérgenos - Controle ambiental: manter a casa ventilada e limpa 1.Reduzir a Exposição a Irritantes e Alergias Internas Sair mais e gastar menos tempo em locais com grandes quantidades de ácaros, fumaça química e outras toxinas podem ajudar a controlar os sintomas de asma. Embora você possa pensar que estar ao ar livre expõe alguém a alergias 6 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria sazonais, com o tempo ele constrói a resiliência e pode ser benéfico. Limpar sua casa regularmente com produtos naturais, aspirar, difundir óleos essenciais e usar um umidificador também pode ser útil. 2. Melhore sua dieta e remova alimentos alérgicos A maioria das pessoas com asma tem algum tipo de alergia, que pode incluir alergias alimentares ou intolerâncias que contribuem para a má saúde intestinal, como a síndrome do intestino com vazamento. A remoção de alergênio e alimentos inflamatórios de sua dieta – como glúten, produtos lácteos convencionais e alimentos embalados com conservantes e produtos químicos – podem ajudar a diminuir os sintomas de asma 3. Pare com o tabagismo e reduza a exposição à poluição ambiental Fumar cigarros ou usar produtos de tabaco podem fazer com que os sintomas de asma sejam muito piores, para não mencionar que geralmente causam muitos outros problemas de saúde e pulmão. Também devem ser evitados fumaça ardente, inalação de gases e contato com detritos de construção. 4. Manter um regime saudável de peso e exercício A obesidade está ligada ao maior risco de asma e outros problemas respiratórios, incluindo a apneia do sono. Embora o exercício às vezes possa causar sintomas em pessoas que já têm asma, permanecer ativo geralmente é muito benéfico para melhorar a função imunológica, prevenir a obesidade e baixar a inflamação. 5. Evite condições que possam desencadear ataques Mudanças de temperatura muito drásticas, umidade, altas temperaturas ou frio extremo podem fazer com que os sintomas da asma piorem. 11) Em linhas gerais, qual a farmacodinâmica dos principais medicamentos usados na asma? (slide da aula fala os nomes) O tratamento da asma deve ser baseado na terapia de longo prazo com fármacos anti- inflamatórios (suprimem a inflamação das vias aéreas), principalmente os corticoides inalatórios. Os betamiméticos conseguem um bom controle dos sintomas por causarem relaxamento do músculo liso das vias aéreas, porém não atuam sobre o processo inflamatório. Se não se estabelece um tratamento anti- inflamatório eficaz, com o tempo ocorrem mudanças estruturais progressivas na anatomia das vias aéreas, que perpetuam a obstrução. Brometo de ipratrópio é um agente antimuscarínico, que tem sido usado efetivamente para o tratamento de asma agudaou crônica, podendo potenciar os efeitos broncodilatadores de agonistas ß2-adrenérgicos, porém o exato papel do fármaco no manejo dessa condição permanece por ser completamente elucidado. Devido ao início de ação do ipratrópio ser mais lento que o de broncodilatadores agonistas ß2-adrenérgicos e o pico de efeitos broncodilatadores geralmente menos pronunciados, os agonistas adrenérgicos em geral são inicialmente preferidos para o alívio sintomático do broncoespasmo em pacientes com asma. Corticosteroides têm provado ser eficazes no tratamento da asma, como em várias outras doenças inflamatórias, devido a sua multiplicidade de atividades antiinflamatórias, 7 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria incluindo um amplo efeito sobre a transcrição de muitos genes. Além de suprimir a inflamação das vias aéreas, a hiperresponsividade tipicamente decresce por um fator de 2 a 4 vezes. Desfechos clínicos benéficos incluem menos sintomas asmáticos, função pulmonar aumentada, melhor qualidade de vida relacionada à asma, e menos exacerbações asmáticas, incluindo ataques graves resultando em hospitalizações ou morte. Beclometasona é um corticosteroide inalatório que possui ação anti-inflamatória segura e eficiente no tratamento da asma, sendo usado por inalação oral para a prevenção em longo prazo, de broncos espasmos em pacientes com asma. Beclometasona é contraindicada na exacerbação aguda da asma. Estudos clínicos bem controlados têm mostrado que a inalação oral de dipropionato de beclometasona alivia os sintomas da asma (tosse, dispneia, respiração ofegante) e melhora a função pulmonar (ex. volume expirado forçado em 1 segundo) na maioria dos adultos e crianças. Hidrocortisona consiste em um corticosteroide sistêmico apresentado na forma injetável. Assim como os outros corticosteroides, a hidrocortisona possui eficácia e aplicabilidade no tratamento da asma, principalmente em suas exacerbações. Estudos mostram que, não diferentemente dos outros corticosteroides, o referido fármaco alivia os sintomas, melhora os indicadores espirométricos, possibilita uso de menor dose de simpaticomiméticos, reduz o tempo de permanência no serviço de emergência e reduz o número de internações e de retornos à emergência. Revisão sistemática mostrou que se a administração do corticosteroide for feita na primeira hora no atendimento de emergência, haverá redução significativa na taxa de admissão hospitalar. Por se apresentar em forma injetável, o seu uso se aplica em casos de asma aguda grave, principalmente, quando não há resposta satisfatória com nebulização de beta2- adrenérgicos, sendo uma alternativa aos corticoides orais. Prednisolona é um metabólito endócrino que possui ação anti-inflamatória. Prednisona é um fármaco pertencente à classe dos corticosteroides de ação sistêmica, podendo ser utilizado no tratamento de diversas patologias, inclusive a asma. Devido ao estabelecimento do uso de corticoides inalatórios como primeira escolha para o controle em longo prazo da asma persistente, os corticoides orais, como a prednisona, são recomendados como adjuvantes dos beta-agonistas de curta duração para acelerar a recuperação e prevenir a recorrência de crises em pacientes com asma moderada ou grave e em casos de asma grave refratária ao tratamento de primeira linha, sendo usados em tratamento contínuo. Além do uso no controle da doença, a prednisona também consiste em uma alternativa na remissão das crises de asma, tendo eficácia comprovadamente semelhante aos corticosteroides injetáveis, havendo apenas diferenças farmacocinéticas . Salbutamol ou albuterol, que consiste em mistura racêmica e levalbuterol (o R-enantiômero) são aminas simpaticomiméticas que estimulam receptores ß-adrenérgicos. Esses fármacos são ß2-agonistas relativamente seletivos. Sulfato de albuterol é usado por inalação oral para o manejo sintomático do broncoespasmo em pacientes com doença reversiva das vias aéreas e para prevenção do broncoespasmo induzido pelo exercício. Albuterol solução para nebulização é usada para o tratamento sintomático e controle 8 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria do bronco espasmo agudo, potencialmente recorrente em pacientes com doença obstrutiva das vias aéreas, bronquite pulmonar, enfisema pulmonar e fibrose cística. Administração de broncodilatador beta-agonista adrenérgico via nebulização geralmente é reservado para pacientes com doença grave que não respondem adequadamente a terapia mais convencional e para pacientes (ex. crianças) que acham difícil ou são incapazes de inalar adequadamente o fármaco oralmente via inalador. 12) No que se baseia a proposta terapêutica da dessensibilização asmática? → Exames auxiliares ao diagnóstico da alergia -RAST: ∙ exame de sangue ∙ pesquisar a presença de anticorpos IgE -Teste cutâneo (Prick teste): ∙ inoculação intradérmica de alérgenos. ∙ leitura após 20 minutos ∙ reação é positiva: pápula igual ou maior que 3mm → Inoculações repetidas de pequenas quantidades do alérgeno junto a indutores do programa de Th1, o programa Th1 produzirá INF- gama e IL-2, que por sua vez, estimulam os macrófagos a se ativarem da via clássica (realizam fagocitose). E de certa forma a produção de INF-gama inibe o programa Th2, ou seja, inibe a produção IgE. → Administração sistêmica de anticorpos monoclonais humanizados anti-IgE 13) Qual a diferença entre a fisiopatologia da asma, bronquite, enfisema e pneumonias? Pneumonia: toda inflamação aguda nos pulmões. Infecção bacteriana ou viral e tem inflamação Bronquite: Inflamação da mucosa dos tubos brônquicos, que transportam o ar para dentro e para fora dos pulmões. infecção bacteriana ou viral, tem inflamação, pode ser de cunho alérgico também. Enfisema: doença que destrói as fibras elásticas do tecido respiratório distal, ocasionada geralmente por fuligem de fumaça. Essa fuligem vai matando os pneumócitos, e isso ocorre a necrose das células. Dessa forma os macrófagos recrutados vão liberando enzimas de remodelamento e isso vai gerando a destruição dos septos alveolares. Bronquite: inflamação nos brônquios e bronquíolos causada pelo tabagismo, ocorre a metaplasia dessa área. Asma: fatores ambientais que são os agentes, broncocontrição, edema, inflamação das vias respiratórias. Tétrade Clínico patológica − Hipertrofia de M. Liso e L. Basal − Hiperreatividade a broncoconstrictores − Obstrução intermitente e reversível de vias aéreas − Inflamação crônica dos bronquíolos com E0 A asma é uma inflamação crônica das vias aéreas, o que pode causar uma limitação no fluxo de ar e afetar a saúde do paciente. A principal característica fisiopatogênica da asma é a inflamação brônquica, resultante de um amplo e complexo espectro de interações entre células inflamatórias, mediadores e células estruturais 9 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria das vias aéreas. Ela está presente em todos os pacientes asmáticos, inclusive naqueles com asma de início recente, nas formas leves da doença e mesmo entre os assintomáticos. Já a bronquite se configura como uma dpoc, ocorre uma inflamação do epitélio respiratório, resultando em um inchaço (edema) e consequentemente uma maior produção de muco. Assim, como também no enfisema pulmonar, há uma diminuição no fluxo de ar na expiração. A bronquite é desencadeada por agentes nocivos, compostos químicos, fumaças, ambientes com poluição, tabagistas. No caso de enfisema pulmonar, também se caracteriza como uma DPOC, e há um aumento dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, além disso também ocorre a destruição das paredes alveolares. Enfisema pulmonar pode ser desencadeada pelos mesmos fatores da bronquite, como a fumaçade cigarro, lugares ambientais com fumaça, os fatores são o mesmo da bronquite. Por outro lado, a pneumonia se caracteriza como uma inflamação do parênquima pulmonar, causada por um agente microbiano. Existem vários tipos de pneumonia, como a hospitalar, ou da comunidade, sendo essas causadas por diferentes agentes CASO CLÍNICO 02 10 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria 1) Explicar fisiopatologia da doença do soro? Consiste numa reação de hipersensibilidade (HS) do tipo III, mediada por imunocomplexos (IC) que se depositam na parede de pequenos vasos, levando à ativação do sistema do complemento, com a consequente libertação de mediadores inflamatórios e lesão tecidular. A doença do soro é uma reação imunológica tardia de hipersensibilidade do tipo III, devido à união de um anticorpo com um antígeno. Ocorre após a administração de soro heterólogo. A administração de antígenos proteicos estranho no organismo estimula o desencadeamento da formação de anticorpos contra esse antígeno. O antígeno junto com o anticorpo forma o complexo imune, que em excesso não conseguem ser destruídos pelo sistema reticulo endotelial do baço e, assim, ficam em acúmulo no organismo. Esse excesso de complexo imune no organismo começa a depositar em paredes de pequenos vasos, o que por sua vez, induz a ativação do sistema complemento com a liberação de mediadores inflamatórios e lesão tecidual. Esse processo de recrutamento e ativação das células inflamatórias, principalmente, neutrófilos, faz que a deposição seja predominante em artérias pequenas, sinovial de articulações e glomérulos renais, o que leva à formação das vasculites cutâneas de pequenos vasos (CVPV), artrite e nefrite. *Para ocorrer a vasculite na doença do soro, deve-se ter a ligação de vários anticorpos com o antígeno (complexo imune ou imunocomplexos), superando a capacidade de remoção do organismo. Assim, as hemácias não conseguirão carrear esses complexos para o retículo endotelial do baço para serem destruídos e se acumularão cada vez mais na superfície dos vasos - vasculite. 2) Explicar a fisiopatologia do sistema complemento nas manifestações clínicas da doença do soro. As manifestações clínicas mais comuns são febre, artralgias e lesões cutâneas (urticária, 11 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria angioedema). O complexo se forma na circulação quando os antígenos se ligam aos anticorpos. O acúmulo acontece quando sua produção aumenta significativamente e rapidamente, e o sistema reticuloendotelial não consegue eliminar todos na mesma proporção e velocidade. Algumas variáveis influenciam onde os complexos irão se depositar. Grandes complexos são mais fáceis de serem eliminados do que os médios e pequenos. Quanto maior a afinidade da ligação mais chances de eles depositarem-se no tecido. Os principais locais para a deposição dos complexos são rins, articulações e capilares sanguíneos. O sistema complemento é ativado pela via clássica, liberando mediadores anafilatoxinas que causam inflamação, ou seja, são responsáveis pelos sinais e sintomas clínicos visto que a inflamação é observada pela ativação do endotélio em que há vasodilatação, retração e recrutamento. 3) Explicar a participação do sistema complemento na remoção dos complexos imunes O sistema complemento é parte fundamental da imunidade inata e contribui na remoção de complexos imunes e na ativação de processos inflamatórios. Essas proteínas representam um meio rápido e eficiente de proteção do hospedeiro contra microorganismos invasores. Sob condições fisiológicas, o complemento contribui efetivamente na eliminação de microorganismos recobertos de anticorpos, promovendo a remoção dos complexos imunes. Entretanto, quando os complexos imunes não são eliminados, o complemento torna-se cronicamente ativado, promovendo a inflamação. Os complexos imunes antígeno-anticorpo irão se aglomerar para que seja desencadeada a Via Clássica do Sistema Complemento. Com a ativação do sistema ocorrerá a deposição de C3b. Já que as hemácias possuem receptor CR1 para C3b, esses complexos ficam ligados a elas e são transportados para o retículo endotelial de baço. Nesse local, encontram-se macrófagos com receptores de grande afinidade para porção Fc das imunoglobulinas presentes nos complexos, que assim removem esses imunocomplexos. *Complexos imunes: anticorpo ligado a um antígeno no qual a porção FC do anticorpo fica exposta para que seja desencadeada a via clássica do sistema complemento. A via clássica do sistema complemento, por sua vez, ao ser ativada pelos anticorpos ligados ao antígenos exógenos (complexos imunes), faz com que a enzima C3-convertase realize a clivagem do C3 em C3b (pode ativar a via alternativa ou, se fixado na superfície, interage com outras moléculas formando a C5-conversate que cliva C5 em C5b e C5a -anafilatoxina, além da clivagem que permite que a C9 faça o MACcitolítico provocando desequilíbrio da célula) e C3a (relacionado a ativação do endotélio). Então, o sistema complemento, quando ativado pela via clássica para remoção dos complexos imunes, atua para liberação de anafilatoxinas (mediadores inflamatórios de origem plasmática) que promovem a ativação do endotélio: vasodilatação, retração e recrutamento. 4) O que é sistema reticulo endotelial? E explicar sua participação na remoção dos complexos imunes O sistema retículo endotelial é um dos mecanismos que o organismo tem para remover 12 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria o excesso de complexo imune que o organismo venha desenvolver. Desse modo, esse excesso é enviado para o baço, onde se encontram os macrófagos grande, que vai fagocitar esses complexos e destruí-los. Eles vão para o baço porque na superfície do eritrócito, da hemácia, existe o receptor CR 1 que interage com moléculas do sistema complemento. Como está no sangue, a hemácia vai passando e o receptor se liga a essa molécula que está opsonizando um grande complexo imune, que é arrancado e levado para o baço. 5) Por que ao contrário do que acontece no lupos, essa doença e considerada autolimitada? Porque se refere a uma doença que tem um período limitado e determinado com resolução completa em 7 a 21 dias A doença do soro é uma patologia auto limitada, a sintomatologia some ao passo que os imunocomplexos vão sendo eliminados do organismo. Ou seja, o soro será administrado apenas uma vez e, como são os componentes do soro que causam a reação de hipersensibilidade (agindo como o antígeno), ela não ocorrerá novamente se não tiver uma nova exposição ao soro. Em contrapartida, a doença lúpica é considerada progressiva porque não envolve cura. É uma doença que vai atacando os tecidos saudáveis em várias partes do corpo. Ou seja, o antígeno que causa a hipersensibilidade é próprio e sempre estará no organismo. O uso de corticoide melhora de maneira significante os sinais clínicos. Logo, o tratamento é paliativo, apenas para melhora dos sintomas. Obs. André: Doença autolimitada: o sistema imune irá remover a grande quantidade de imunocomplexos que foi se depositando e assim, irá acabar a doença. Em contrapartida, nas doenças progressivas, o próprio corpo da pessoa produz constantemente esses imunocomplexos, sendo assim, a doença é progressiva. 6) Correlacionar os exames complementares com o quadro clínico da doença do soro -Hematócrito: acima dos valores de referência, pois houve exsudação (anasarca), devido à inflamação sistêmica no organismo -Leucocitose: pode indicar defesa do organismo contra as infecções ou um descontrole das divisões celulares -Elevação de creatina: indicaque os rins apresentam alterações patológicas. Isso acontece devido aos anticorpos danificarem os glomérulos e os pequenos canais dos rins, os túbulos. Além disso, o aumento da concentração de ureia no sangue pode indicar que há grande quantidade de ureia sendo metabolizada pelo fígado ou que os rins não estão funcionando corretamente, havendo alteração no processo de filtração do sangue. Velocidade de hemossedimentação alta: serve como uma complementação e é um marcador de lesão não específico. Serve basicamente para detectar a presença de inflamação causada por uma ou mais doenças/estados clínicos como infecções, tumores ou doenças autoimunes. PCR alta: representa atividade inflamatória no organismo. Em doenças autoimunes não é comum a PCR estar elevada, exceto em situações de artrite, sorosite ou lesões 13 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria teciduais causadas por vasculite, o que é percebido no quadro do paciente, por essa razão a PCR apresenta-se alta. Os níveis de C3, C4 e CH50 encontram se diminuídos em decorrência da elevação no consumo do sistema complemento, ou seja, sugere ativação da via clássica Presença de albumina e eritrócitos na urina Obs. André: Devido à alta pressão hidrostática, ocorre o acúmulo de imunocomplexos na arteríola aferente do néfron, o que desencadeia um processo inflamatório. A ativação do sistema complemento na região resulta na secreção de anafilatoxinas (C3a e C5a), as quais são responsáveis por atraírem neutrófilos e monócitos para a região. Por fim, principalmente os neutrófilos, na tentativa de degradar esses imunocomplexos, secretam radicais livres e enzima lisossômicas que ocasionam na destruição do endotélio e de tecidos adjacentes, resultando em uma glomerulonefrite. Esse quadro compromete a filtração glomerular, o que leva ao acúmulo de creatinina e ureia no sangue e à passagem de proteínas, como a albumina, e de eritrócitos pela luz do néfron (que assumem uma forma cilíndrica, conforme à morfologia dos tubos) 7) Como são produzidos os anticorpos? Os linfócitos B são responsáveis pela imunidade humoral que se caracteriza pela produção e liberação de anticorpos capazes de neutralizar, ou até mesmo destruir, os antígenos (Ag) contra os quais foram gerados. Para tal, os LB devem ser ativados, o que acarreta um processo de proliferação e diferenciação, que culmina na geração de plasmócitos com produção de imunoglobulinas com alta afinidade para o epítopo antigênico que originou a resposta. Para ativação, é preciso que o BCR se liga a um epítopo antigênico, o que desencadeia uma sequência de eventos intracelulares. Além do reconhecimento do antígeno, a ativação dos LB depende também de um segundo sinal ativador. →Resumindo: Eles são produzidos por um tipo especial de leucócito, o linfócito B (plasmócito, quando maduros), que é produzido pela medula óssea e distribuído pelo corpo via sistema linfático. 8) Como são produzidos os soros antiofídicos? O soro antiofídico é utilizado como antídoto quando uma pessoa é picada por uma serpente. Esse produto é formado por anticorpos e o seu principal objetivo é neutralizar o veneno que se encontra no sangue e nos tecidos da pessoa que sofreu a picada. Os soros antiofídicos são produzidos a partir do veneno retirado da própria serpente e da hiper imunização de animais. Primeiramente, obtém-se o veneno da serpente da qual se deseja produzir o soro. Posteriormente, esse veneno é inoculado em um animal, normalmente o cavalo, que produz anticorpos 14 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria contra esse antígeno. Após a produção dos anticorpos, é realizada uma sangria, em que se retira cerca de 3% do peso total do animal em sangue. Após a retirada do sangue, este é enviado para laboratórios, que separam a parte ativa e verificam a qualidade do produto produzido. Existem diferentes tipos de soro antiofídico, que são fabricados a partir do veneno de diferentes serpentes. Sendo assim, é importante capturar a serpente ou descrevê-la ao médico no momento da aplicação do soro para que o profissional consiga escolher o produto adequado para aquela determinada espécie. Entre os principais tipos de soro antiofídico produzidos no Brasil, podemos citar: -Anticrotálico: Soro utilizado para o tratamento de acidentes com cobras cascavéis (gênero Crotalus). -Antibotrópico: Soro utilizado para o tratamento de acidentes com jararacas (gênero Bothrops). -Antielapídico: Soro utilizado para o tratamento de acidentes com serpentes da família das cobras corais. (gênero Micrurus). -Polivalente: Soro utilizado quando não se sabe a serpente que picou o paciente. Esse produto é feito com venenos de jararaca e cascavel. 9) O que é soro heterólogo e soro humanizado →O soro heterólogo é uma solução concentrada e purificada de anticorpos, preparada em equídeos imunizados contra o vírus da raiva. Deve ser conservado em geladeira, entre +2º a +8ºC, observando o prazo de validade do fabricante. A dose indicada é de 40UI/kg de peso do paciente. Deve-se infiltrar nas lesões a maior quantidade possível da dose do soro. Quando a lesão for extensa e múltipla, a dose do soro a ser infiltrada, pode ser diluída, em soro fisiológico, para que todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômica não permita a infiltração de toda a dose, a quantidade restante, a menor possível, deve ser aplicada por via intramuscular, na região glútea. Quando não se dispuser do soro ou de sua dose total, aplicar inicialmente a parte disponível. Iniciar imediatamente a vacinação e administrar o restante da dose de soro recomendada, antes da 3ª dose da vacina de cultivo celular. Após esse prazo, o soro não é mais necessário. O uso do soro não é necessário quando o paciente recebeu esquema profilático completo anteriormente. No entanto, em situações especiais, como pacientes imunodeprimidos ou dúvidas com relação ao esquema profilático anterior, se houver indicação, o soro deve ser recomendado. →Soro humanizado? O soro humanizado é o soro produzido e administrado em uma mesma espécie (homem →homem). É o plasma sem os fatores de coagulação e fibrinogênio. 10) Quais os ofídios de maior importância do brasil? Cobras. →Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de 15 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria uma peçonha através do aparelho inoculador (presas) de serpentes. No Brasil, as serpentes peçonhentas de interesse em saúde pública pertencem às Famílias Viperidae e Elapidae. Os acidentes estão divididos em quatro tipos: acidentes botrópicos (acidentes com serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias - jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia); acidentes crotálicos (acidentes com serpentes do gênero Crotalus - cascavel); acidentes laquéticos (acidentes com serpentes do gênero Lachesis - surucucu-pico-de-jaca); acidente elapídico (acidentes com serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus - coral- verdadeira). 11) Qual a vantagem em se administrar um soro específico ao invés de um soro polivalente? → Polivalente: Soro utilizado quando não se sabe a serpente que picou o paciente. Esse produto é feito com venenos de jararaca e cascavel. →Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. Como para todos os demais soros, não se recomenda o uso destes fora do ambiente hospitalar, pois a aplicação deve ser feita na veia e, sendo ele produzido a partir do plasma sanguíneo de cavalos, ao ser injetado no organismo humano, pode provocar reações alérgicas que precisam ser tratadas imediatamente. Além disso, é preciso conhecer os efeitos clínicosdos venenos para se indicar o tipo correto e a quantidade de soro adequada para a gravidade. 12) Em linhas gerais, quais as manifestações sistêmicas do envenenamento ofídico? O que a cobra tem em seu veneno As manifestações sistêmicas acontecem quando após a aplicação do soro, o organismo produz anticorpos e, consequentemente, diminui a quantidade de soro na circulação, aumentando a quantidade de complexos imunes, que começam a depositar no organismo, ocasionando os sinais clínicos até que haja a remoção dos complexos. Vasculite: inflamação dos vasos sanguíneos que, consequentemente, reduz o aporte sanguíneo nos órgãos e tecidos. Artrite: inflamação nas articulações. Nefrite: inflamação dos rins. Os acidentes ofídicos podem ser divididos em quatro tipos e para cada tipo de acidente, observamos uma manifestação sistêmica: Acidente botrópico: as complicações sistêmicas mais comuns são sangramentos em pele e mucosas, choque, a insuficiência renal aguda, a septicemia e a coagulação intravascular disseminada, tendo patogênese multifatorial e sendo causas frequentes de óbitos; Acidente crotálico: distúrbios de olfato e paladar, além de ptose mandibular e sialorreia podem ocorrer com o passar das horas. Raramente a musculatura da caixa torácica é acometida, o que ocasiona insuficiência respiratória aguda. Essas manifestações neurotóxicas regridem lentamente, porém são totalmente reversíveis. Pode haver gengivorragia e outros sangramentos discretos. 16 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria Progressivamente, surgem mialgia generalizada e escurecimento da cor da urina (cor de “coca cola” ou “chá preto”). A insuficiência renal aguda é a principal complicação e causa de óbito; Acidente laquético: as manifestações sistêmicas incluem hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarréia ("síndrome vagal"); Acidente elapídico: as manifestações sistêmicas incluem vômitos, fraqueza muscular progressiva, ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença de fácies miastênica ou "neurotóxica". Também podem surgir mialgia localizada ou generalizada, dificuldade para se manter na posição ereta, dificuldade para deglutir, devido à paralisia do véu palatino. A paralisia flácida da musculatura respiratória compromete a ventilação, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda e apnéia, semelhante ao que ocorre no acidente crotálico Questões de aprendizagem relativas ao caso clínico Hipersensibilidade IV(Caso clínico 3) Ag alvo: antígenos de membrana sinovial - colágeno II, proteínas citrulinadas, Ag artritogênico (nãos e sabe exatamente, mas esses antígenos estão presentes principalmente nas articulações) Mecanismo: -inflamação mediada por citocinas TH1 e TH17 -destruição de cartilagem, com erosão óssea e deformidade articular Manifestações articulares: Evolução: deformações incapacitantes -osteopenia peri-articulares -diminuição dos espaços articulares -erosões ósseas marginais -desvio ulnar e subluxação 1. O que é artrite reumatoide e qual o quadro clínico da doença? A artrite reumatoide é uma doença autoimune caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações, o que provoca inchaço, rigidez e dores nas juntas, capazes inclusive de limitar a movimentação no dia a dia. O distúrbio costuma atacar especialmente dedos, joelhos e tornozelos. 17 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria Se a inflamação crônica não for contida, leva a deformações e chega a degenerar inclusive os ossos. O comprometimento na qualidade de vida é ilustrado pela dificuldade de realizar tarefas tão simples como escovar os dentes. A artrite reumatoide é mais comum em mulheres na faixa dos 30 aos 50 anos. Hoje se sabe que seus danos não se limitam às juntas. O estado de inflamação instaurado pelo distúrbio aumenta o risco de entupimento nas artérias e, consequentemente, infartos e AVCs, além de repercutir na saúde dos olhos, dos nervos e dos pulmões. Edema, dor e calor local são características das articulações afetadas, que podem ainda apresentar rubor local. Deformações articulares ocasionadas por inflamação persistente, como boutonnière ou em “pescoço de cisne”, são características da AR não tratada. 2- Por que a AR é classificada como hipersensibilidade tipo IV? Todas as hipersensibilidades do tipo IV têm a mesma fisiopatologia, ou seja, é uma reação exacerbada mediada por linfócitos T: TCD4 ou TCD8. Dito isso, a AR aparece em indivíduos geneticamente suscetíveis e resulta de uma reação inflamatória associada com fenômenos imunitários. Postula-se que antígenos (de agentes etiológicos desconhecidos) estimulem a resposta imunitária tanto celular como humoral. Linfócitos T auxiliares estimulados no foco inflamatório exercem papel importante no processo inflamatório por meio da produção de citocinas que: (a) ativam macrófagos e outros linfócitos nas articulações, os quais provocam lesões: (b) estimulam linfócitos B a produzirem anticorpos, alguns dos quais dirigidos a componentes do próprio organismo. Esta reação auto-imune parece ser o principal responsável pelas lesões e pela progressão da doença. 3- Explique a fisiopatologia da AR A AR é resultante da ação das células T e B autorreativas, que levam à sinovite, à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e remodelação óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró- inflamatórias e proteases e, em conjunto com osteoclastos e condrócitos, promove a destruição articular. Projeções de tecido proliferativo penetram na cavidade articular, invadindo a cartilagem e o tecido ósseo, formando o pannus, característico da AR. Diversas hipóteses tentam explicar a sequência de eventos observados no AR. A mais aceita sugere que modificações pós- traducionais induzidas por agentes ambientais tornam moléculas próprias imunogênicas. Em consequência da exposição prolongada ao cigarro ou a outros estímulos ambientais, a resposta do sistema imunológico adaptativo aos peptídios citrulinados pode preceder em anos o aparecimento dos sintomas clínicos da AR . Tanto o fribrinogênio como a vimentina citrulinados já foram identificados nas articulações de pacientes com AR e é provável que outras proteínas além dessas sofram reações de citrulinização. Apesar de a relação entre a positividade para o fator reumatoide (FR) e o desenvolvimento da AR não estar totalmente esclarecida, ambos estão intimamente relacionados. A presença de agregados de imunoglobulina do tipo G (IgG) ou de complexos de IgG-FR ativa o sistema complemento e resulta em diversos fenômenos inflamatórios. A ativação do sistema complemento pelos imunocomplexos pode ainda iniciar uma inflamação vascular com depósitos de FR em arteríolas, originando vasculites, cujo 18 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria impacto na qualidade e na expectativa de vida do paciente é significativo . Além disso, o reconhecimento dos complexos imunes por fagócitos promove liberação de diversas citocinas pró-inflamatórias, principalmente o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o que exacerba ainda mais o processo inflamatório. Recentemente, uma terceira classe de células T auxiliadoras foi caracterizada como células CD4+ produtoras de interleucina 17 (IL-17). Células Th17 parecem conferir proteção contra infecções, promovendo a eliminação do microrganismo por meio do recrutamento de neutrófilos e da ativação de macrófagos no sítio da infecção. Estudos recentes evidenciam um importante papel das células Th17 na modulação das respostas autoimunes relacionadas com AR e esclerose múltipla, doenças anteriormente consideradas Th1 dependentes. No que diz respeito à AR, as célulasTh17 parecem determinar o desenvolvimento da sinovite e a destruição articular por meio da interação com células dentríticas, macrófagos e células B. 4. Qual a epidemiologia da AR? A artrite reumatóide é um distúrbio relativamente comum, uma vez que os estudos epidemiológicos mostram que cerca de 1% da população é portadora deste quadro. Acredita-se que a frequência da doença é maior em moradores das cidades em relação aos moradores das zonas rurais. A artrite reumatóide pode se manifestar em qualquer idade, porém seu pico de incidência é de 50 a 75 anos. Os estudos epidemiológicos atuais revelam um aumento do número de casos da doença em pessoas até a sétima década de vida. Os parentes de primeiro grau de indivíduos com artrite reumatóide têm maior chance de desenvolver a doença em relação à população geral. O distúrbio afeta ambos os sexos, porém há predomínio de doentes do sexo feminino em relação aos homens, na proporção de 3 para 1. As referências epidemiológicas mais antigas acerca das incapacidades geradas pelas doenças reumáticas mostram que estas ocupam a terceira posição entre as enfermidades que levam à aposentadoria por invalidez, sendo superada apenas pelas doenças cardiovasculares e pelos transtornos mentais. *Questão hormonal: baixa de estrogênio nas mulheres 5. Quais os fatores de risco da AR Entre os fatores de risco envolvidos no desencadeamento da doença é válido observar a agregação familiar, além dos aspectos genéticos, sexo e a idade de início da doença no familiar afetado. A história familiar é o principal fator relacionado com o tempo necessário para o surgimento de erosão articular significativa. Pacientes com AR, cuja história familiar seja positiva, possuem 200% mais de chances de desenvolver lesão articular substancial do que indivíduos da mesma faixa etária sem história familiar. Estudos comparativos entre gêmeos têm sido desenvolvidos visando estimar a contribuição genética para o desenvolvimento da AR. Em populações caucasianas, essa contribuição se mostra em torno de 50% a 60%. Entretanto, essa influência pode variar de acordo 19 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria com a população estudada, em decorrência de variações nos fatores genéticos aditivos e não aditivos, bem como nos fatores ambientais envolvidos. 6. Qual a relação da ocorrência de doenças inflamatórias previas para o desencadeamento de autoimunidades? As doenças inflamatórias provocam resposta imunitária celular com a exsudação de células nos tecidos onde se localizam o antígeno indutor e pode ser expressa com características diversas. Nas hipersensibilidades do tipo IV, ocorre uma reação exagerada provocada pelo sistema imune e liberação de células, marcada por uma grande atuação de linfócitos T. Esse tipo de hipersensibilidade mediado por células é iniciado pelos linfócitos T ativados por antígenos (sensibilizados). Compreende as reações mediadas por linfócitos TCD4 e TCD8. É o principal padrão de resposta imune e, além disso, muitas doenças autoimunes são causadas por reações mediadas por células T. Possui dois padrões de lesão: Primeiro, quando um indivíduo é exposto pela primeira vez a um antígeno, os linfócitos TCD4 reconhecem os peptídeos derivados desses antígenos, associados a moléculas na superfície de células apresentadoras de antígenos. O encontro inicial provoca a diferenciação de linfócitos TCD4 em linfócitos TH1. Alguns dos linfócitos TH1, que pode ser desencadeado também pelo padrão TH17, entram na circulação e podem permanecer no reservatório de memória de células T por longos períodos. Os linfócitos TH1 de memória reconhecem o antígeno apresentado pelas células apresentadoras de antígenos e são ativadas. Esses linfócitos TH1 secretam citocinas, principalmente Interferon gama, provoca licenciamento de muitas células, sendo um poderoso ativador de macrófagos. As citocinas produzidas pelos linfócitos T e macrófagos recrutam mais leucócitos para o local da reação. Esse tipo de inflamação é chamado algumas vezes de inflamação imune. Por outro lado, os linfócitos TCD8 assumem outro padrão de lesão caracterizado pela destruição de células-alvo que possuam o antígeno. Essas células efetoras são chamadas linfócitos T citotóxicos (CLTs). A destruição pelos CLTs pode ser um componente importante de muitas doenças mediadas por células T. *A delação direta é que nos proc. Infl. Os linfócitos T autorreativos se deparam com antígenos próprios em processo de inflamação: linfócito t desencadeia a autoimunidade 7. O que é o pannus reumatoide? Tecido que se cria nas articulações, que é justamente produzido pelo conjunto de células(remodelamento tecidual, deixando bem diferente da original) – formação de vilosidades Recrutamento Lin T(secretores de citocinas) para dentro da capsula sinovial, que irão liberar citocinas, que vão recrutar mais células, como macrófagos e agir sobre o tecido, remodelando (hiperplasia dos condrócitos – estimulam deposição de tecido cicatricial, hiperplasia dos cinoviócitos – crescimento da camada de células) Provoca a deformação da articulação. 20 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria 8. O que é o fator reumatoide e qual a sua importância para o diagnóstico da AR? Fator reumatoide O FR representa um grupo de autoanticorpos caracterizados pela habilidade de reagir com determinados epítopos da porção fragmento cristalizável (Fc) da IgG e atua ativamente na patogênese da AR, sendo sua presença sugestiva de prognóstico desfavorável. In vivo, o FR pode ser das classes IgA, IgG ou IgM, porém a classe IgM é a que se detecta sorologicamente com maior frequência. Teoricamente, um estímulo antigênico pode levar ao aparecimento de uma IgG anormal na sinóvia, resultando na produção de FR e no desenvolvimento posterior da doença reumática. Assim, o FR provavelmente não inicia o processo inflamatório na doença reumática, mas atua perpetuando e amplificando esse processo(59). O FR é utilizado com frequência para diferenciar AR de outras artrites crônicas, sendo que na AR geralmente é detectado em altos títulos. Sua sensibilidade é de aproximadamente 80% e sua especificidade, 70%, podendo ocorrer na população sadia com prevalência que varia de 1% a 4%. Apesar de a relação entre a positividade para o fator reumatoide (FR) e o desenvolvimento da AR não estar totalmente esclarecida, ambos estão intimamente relacionados. A presença de agregados de imunoglobulina do tipo G (IgG) ou de complexos de IgG-FR ativa o sistema complemento e resulta em diversos fenômenos inflamatórios. A ativação do sistema complemento pelos imunocomplexos pode ainda iniciar uma inflamação vascular com depósitos de FR em arteríolas, originando vasculites, cujo impacto na qualidade e na expectativa de vida do paciente é significativo. Além disso, o reconhecimento dos complexos imunes por fagócitos promove liberação de diversas citocinas pró-inflamatórias, principalmente o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o que exacerba ainda mais o processo inflamatório(12). Recentemente, uma terceira classe de células T auxiliadoras foi caracterizada como células CD4+ produtoras de interleucina 17 (IL-17). Células Th17 parecem conferir proteção contra infecções, promovendo a eliminação do microrganismo por meio do recrutamento de neutrófilos e da ativação de macrófagos no sítio da infecção. O FR é um anticorpo o qual pode ser detectado na circulação, porém nem todo paciente com FR positivo tem AR e nem todo paciente que possui AR possui FR positivo. Ele reage contra o Igg, formando imunocomplexos que atacam e destroem tecidos saudáveis, como as articulações. Assim a identificação do FR é importante para investigar a presença de doençasauto-imunes como a AR, as quais normalmente apresentam valores elevados dessa proteína. 9. Quais são as articulações mais afetadas na AR? E qual o padrão de acometimento? 21 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria As articulações mais frequentemente afetadas são as sinoviais periféricas, como metacarpo e metatarsofalangianas, tornozelos e punhos. No entanto, também pode haver comprometimento de joelhos, ombros, cotovelos e quadris. Articulações como a temporomandibular, as articulações sinoviais da coluna e a laringe são ocasionalmente afetadas, o que pode dificultar o diagnóstico. Padrão de acometimento: simétrico bilateral 10. Do que consiste nos nódulos reumatoides? Os nódulos reumatoides resultam da vasculite de pequenos vasos, e a consequente necrose com proliferação de fibroblastos e histiócitos epiteliais. *Eles são granulomas, com área central necrótica, circundados por macrófagos histiocíticos, todos envelopados por linfócitos, células plasmáticas e fibroblastos 11. Cite manifestações extra articulares que podem ser encontradas na AR Além dos sintomas articulares, manifestações extra-articulares são observadas em aproximadamente 50% dos pacientes, sendo a síndrome de Sjögren a mais comum. Outra manifestação extra-articular típica da AR é os nódulos reumatoides, que resultam da vasculite de pequenos vasos, e a consequente necrose com proliferação de fibroblastos e histiócitos epiteliais. -Neuropatia -Sindrome de Felty (AR, leucopenia e esplenomegalia) -episclerite e esclerite -nódulos reumatóides (semelhante aos granulomas caseósos da tuberculose) 22 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria -síndrome de Caplan (nódulos reumatóides + pneumoconiose) -pleurite 12. Defina: A. dedo em martelo é a deformidade em que a ponta do dedo fica dobrada e o paciente não consegue movê-la para cima ou sustentá-la reta. A última articulação da ponta do dedo funciona como uma dobradiça que somente dobra e estica. O movimento se dá através de um equilíbrio entre o tendão extensor e o flexor. B. dedo em botoeira a articulação interfalângica proximal do dedo (sua sigla é IFP), se flexiona para baixo e a articulação interfalângica distal (sua sigla é IFD) se hiperextende. C. Dedo em pescoço de cisne são uma curvatura (flexão) da base do dedo, uma retificação (extensão) da articulação central e uma curvatura (flexão) na última articulação. D. Dedos em fuso Aumento de volume (inflamação) da articulação interfalangeana proximal do quarto dedo da mão direita em paciente com artrite reumatóide. 23 Casos clínicos – Raphaela da Silva Faria E. Mãos em dorso de camelo Aumento de volume do punho e das metacarpofalangeanas e hipotrofia dos interósseos dorsais.
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