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Histórico dos problemas ambientais Profª. Juliana Velloso Durão Descrição O histórico dos problemas ambientais, a relação da atividade humana, do modelo de sociedade e do desenvolvimento predominante e os consequentes problemas ambientais. Propósito Compreender a forma como a ação humana tem provocado crescentes impactos e desafios ambientais é fundamental para o profissional de meio ambiente e sustentabilidade, que deve conhecer os principais problemas ambientais da atualidade e sua associação com o atual modelo de desenvolvimento para uma atuação profissional eficiente na área. Objetivos Módulo 1 Histórico da relação do homem com o meio ambiente Reconhecer o histórico de problemas ambientais enfrentados pela humanidade desde a industrialização. Módulo 2 Principais marcos ambientais Identificar os principais marcos ambientais. Módulo 3 Modelo de desenvolvimento e urbanização da sociedade Descrever o modelo de desenvolvimento atual como promotor de problemas ambientais. Módulo 4 As nove fronteiras planetárias Listar as nove fronteiras planetárias. É inevitável que o ser humano cause algum impacto ambiental como consequência de suas ações e escolhas. Entretanto, esses impactos se tornaram expressivos a partir da industrialização, mais especificamente, a partir do estabelecimento da sociedade de consumo, que segue a lógica produção-consumo-descarte. O modelo de desenvolvimento atual baseado em crescimento contínuo, cujo indicador de progresso é medido pelo produto interno bruto (PIB), só tem ampliado e agravado o histórico de problemas ambientais. Introdução 1 - Histórico da relação do homem com o meio ambiente Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o histórico de problemas ambientais enfrentados pela humanidade desde a industrialização. O homem e o meio ambiente antes da Revolução Industrial Nós, humanos, somos moradia de outros seres vivos, nutrimo-nos de outros organismos e, quando morremos, os micro-organismos Diante disso, desde a metade do século XX, a humanidade vem enfrentando desafios ambientais cada vez mais complexos, tanto locais como globais. Com o passar do tempo, devido à falta de priorização dessas questões, tais desafios ganharam cada vez mais relevância e passaram a representar grande ameaça para a vida da Terra. Atualmente, a partir de muitos relatórios e estudos científicos, sabe-se que a humanidade enfrenta o maior desafio ambiental de todos os tempos: a questão climática. Além disso, sabe-se também que ultrapassamos a maioria das nove fronteiras planetárias, que são essenciais para a sobrevivência da espécie humana no planeta. A partir de agora, prepare-se para a reflexão sobre um assunto que envolve todos nós. reaproveitam a matéria orgânica que formava nossos corpos. A história humana diz respeito ao modo como a humanidade se relaciona entre si e com a natureza externa a ela, que chamamos de meio ambiente (ALBUQUERQUE, 2007). Ao longo do tempo, a humanidade vem se relacionando de diferentes maneiras com o meio ambiente. Desde a descoberta do fogo, da agricultura e da pecuária, a capacidade de transformar e alterar a natureza gradualmente se tornou cada vez mais expressiva. No início, os humanos mais se adaptavam ao meio do que tentavam alterá-lo; no entanto, em algum momento, começaram a alterá-lo para colocá-lo a seu serviço e, utilizando suas potencialidades, construíram diversas civilizações, dominaram o fogo, inventaram a roda, plantaram sementes escolhidas e domesticaram animais (ALBUQUERQUE, 2007, p. 27). Impactos ambientais ocorrem desde que o homem surgiu no planeta. Recursos naturais importantes, como madeira, por exemplo, já se tornaram elementos escassos para diferentes civilizações e em diferentes períodos, como na Grécia, no final do século V a.C. Os romanos, em período a.C., já reclamavam da poluição do ar, demonstrando a ocorrência de impactos ambientais a partir da ação humana em diferentes épocas e contextos. A grande questão, no entanto, é a magnitude e a escala do impacto do homem no meio ambiente. Nem sempre as interferências causadas pela humanidade geraram tantos problemas como estes com que nos deparamos hoje. Como tem sido a relação da humanidade com o meio ambiente desde a industrialização? A Revolução Industrial pode ser considerada um marco emblemático. A partir dela, mais precisamente do estabelecimento da sociedade de consumo, os impactos ambientais da raça humana sobre o meio ambiente se tornaram insustentáveis e destrutivos. Revolução Industrial: marco da relação do homem com o meio ambiente A Revolução Industrial é um símbolo relevante da mudança de trajetória da espécie humana no planeta, pois alteram-se os padrões de produção e consumo nos séculos XVIII e XIX, que começam a basear-se na exploração crescente de recursos naturais e do trabalho que se tornou predatória para obtenção de crescente capital e alterou significativamente as relações entre o homem e o meio ambiente. Saiba mais A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, institucionalizou o capitalismo industrial com novas formas de produção apoiadas no uso de máquinas, na produção em grande escala e no consumismo como alicerce da economia (LEAL et al., 2018). Quando as primeiras indústrias foram criadas, os problemas ambientais eram pouco expressivos, pois ainda não havia concentração populacional e a produção era de baixa escala. Não existiam exigências ambientais e o símbolo do progresso era a fumaça saindo de chaminés das fábricas sem nenhuma ou pouca associação à poluição que já era gerada. Ilustração de fábrica em pleno funcionamento, em 1860. O agravamento da situação começou com a Segunda Revolução Industrial, quando é estabelecida e consolidada a sociedade de consumo. Empresas passam a aumentar suas escalas produtivas e precisam escoar a produção. Os cidadãos se tornam consumidores, que precisam consumir de forma contínua e crescente. A Revolução Industrial é um importante marco histórico da epistemologia ambiental. Foi naquele momento em que as cidades ou a burguesia ganhavam forças perante o sistema feudal/absolutismo, que a noção de apropriação da natureza ganhava coro, tornando o grau de desenvolvimento e progresso de determinada sociedade totalmente vinculados à capacidade de dominação e emancipação do homem perante o meio. (NAVES; BERNARDES, 2014, p. 21) Com a industrialização e a sociedade moderna, foram criadas novas tecnologias e, com isso, a indústria começa a ganhar escala e produtividade. À medida que mais produtos são fabricados, mais recursos naturais são necessários, mais itens são consumidos e mais resíduos são gerados, ocasionando maior poluição do ar, do solo e da água. Assim, mais impactos ambientais são evidenciados e acirrados. Nesse momento, consolidou-se a ideia de que uma natureza intocável é um entrave ao desenvolvimento da economia dos países, bem como pensou-se que não é possível ter crescimento econômico sem a apropriação dos recursos naturais. É importante ressaltar a incoerência existente, pois os recursos naturais, apesar de abundantes, são finitos, em sua grande maioria. Ilustração demonstrando despejo de poluentes industriais. A consolidação da industrialização fez crescer a construção de fábricas, que se concentravam e geravam mais ambientes urbanos, tornando-se um espaço de grande circulação de recursos materiais e humanos, com geração exacerbada de resíduos, assim como grandes quantidades de poluentes lançados no ar, na água e no solo. Um marco na relação homem-meio ambiente: Antropoceno Antropoceno é um termo cunhado por Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química em 1995, e demonstra o momento que vivemos, no qual o humano (antropo) domina a atual era geológica (ceno). Paul Crutzen (1933-2021) Estamos na Era dos Humanos, com uma população de mais de sete bilhões de pessoas, que segue crescendo e dominando todas as outras espécies do planeta. Não existe atualmenteuma região na Terra que não seja afetada direta ou indiretamente pela espécie humana e isso é inédito. De acordo com Alves (2020), o Homo sapiens surgiu e se espalhou pelo mundo no Pleistoceno e apenas no Holoceno a civilização emergiu e a espécie humana se tornou onipresente no planeta. A população mundial era de cerca de 5 milhões de habitantes no princípio do período Holoceno, há 12 mil anos. O termo antropoceno foi criado com base na dimensão do impacto destruidor das atividades humanas sobre o ambiente, legitimando a época da dominação humana. O Antropoceno representa algo negativo, um período da história da Terra em que o ser humano se tornou a grande força por trás da degradação ambiental e o propulsor de ações que provavelmente levarão a catástrofes ecológicas. A destruição de florestas através das queimadas provocadas pelo homem. O Antropoceno simboliza uma expressiva mudança da relação do homem com o meio ambiente, na qual a humanidade se destaca das demais espécies animais por seu impacto crescente e negativo no planeta. O homem se converteu em uma força geológica, assemelhando-se a forças naturais, no que diz respeito ao impacto e à capacidade de modificar o planeta. Assumiu, portanto, papel de destaque na geologia e na ecologia. Considerando a perspectiva química, biológica e das ciências ambientais, vive-se hoje o momento em que o ser humano alterou e está alterando cada vez mais o equilíbrio do sistema terrestre. Comentário Sabemos que o homem tem modificado o planeta e, em alguns casos, de forma irreversível. Sabemos ainda que os conceitos do Holoceno não podem mais ser usados. Logo, o futuro da humanidade no planeta depende do estabelecimento de ações urgentes para otimizar a relação do homem com o meio ambiente. Pegada ecológica A pegada ecológica é uma metodologia criada por pesquisadores da instituição Global Footprint Network (GFN), em 1993, para mensurar os impactos do consumo humano sobre os recursos naturais. Ela fornece elementos para repensar nosso impacto e nossos hábitos de consumo, bem como estabelecer atitudes para adequá-los à capacidade ecológica do planeta. É uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo da humanidade sobre os recursos naturais. Ela permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se são compatíveis com a capacidade ecológica da Terra. Permite também avaliar a demanda humana por recursos naturais renováveis com a capacidade regenerativa do planeta. A pegada ecológica equivale ao tamanho da área produtiva de terra e de mar necessária para gerar produtos, bens e serviços utilizados no cotidiano. É um meio de interpretar, em hectares (ha), a extensão territorial que uma pessoa ou uma sociedade utiliza, em média, para sustentar seu consumo. O cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer os recursos naturais renováveis utilizados, com as que são ocupadas por infraestrutura, como cidades, por exemplo, e as áreas necessárias para a absorção de gases de efeito estufa — GEE (WWF, 2013). A pegada ecológica do Brasil é mensurada pela instituição ambiental WWF e, segundo a organização (WWF, 2013), estudos recentes acenderam um alerta vermelho ao demonstrar que o consumo exagerado e sem controle está extrapolando a capacidade ecológica do planeta. Desde a década de 1960, a demanda mundial por recursos naturais tem crescido de forma expressiva a cada ano e, a partir de 1966, dobrou. Atualmente, a humanidade demanda o equivalente a um planeta e meio para suprir o estilo de vida da sociedade. O cálculo da pegada ecológica envolve: A pegada ecológica brasileira é de 2,9 hectares globais por habitante, indicando que o consumo médio de recursos ecológicos pelo brasileiro é bem próximo da média mundial da pegada ecológica por habitante, de 2,7 hectares globais. Você sabe o que é biocapacidade? Carbono Áreas de cultivo Representa a capacidade dos ecossistemas em produzir materiais biológicos úteis e absorver os resíduos gerados. Assim como a pegada ecológica, a biocapacidade é expressa em uma unidade comum, o hectare global (gha). Dia da Sobrecarga Global Acompanhe agora a especialista Juliana Velloso Durão apresentando o conceito de Dia da Sobrecarga da Terra. Vamos lá! Após apresentarmos esses conceitos, temos uma pergunta para a sua reflexão: Qual é o tamanho da sua pegada ecológica? Você troca os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos a cada modelo novo que surge no mercado e adora um importado? E como você se locomove pela cidade? Usa o carro para tudo? Ou utiliza mais o transporte público, a bicicleta? E na hora de se alimentar, o que você escolhe? Seus alimentos são produzidos perto de casa ou você consome apenas produtos industrializados e importados? Você come carne, frango ou peixe todo dia ou consome mais legumes e vegetais frescos? As perguntas acima parecem estranhas, mas as respostas a elas interferem na sua pegada ecológica. Embora não percebamos, todas as decisões que tomamos no nosso dia a dia geram impactos sobre o planeta. Nossa passagem pela Terra deixa marcas, ou pegadas, que podem ser maiores ou menores, só depende da escolha diária que fazemos como cidadãos e consumidores. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Você já ouviu falar do antropoceno? Módulo 1 - Vem que eu te explico! Você já mediu sua pegada ecológica? Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Revolução Industrial é considerada um marco na relação do homem com o meio ambiente, quando os impactos ambientais se tornam cada vez maiores e desafiadores. Indique a mudança provocada pela Revolução Industrial que agravou a relação entre o ser humano e o meio ambiente: A A Revolução Industrial diminuiu o consumo de recursos naturais e legitimou uma trajetória de crescimento contínuo na economia. A Revolução Industrial alterou os padrões de d ã b B produção e consumo, que começaram a basear-se em exploração crescente de recursos naturais e do trabalho, institucionalizando a busca por um crescimento econômico contínuo. C Com a Revolução Industrial, a sociedade passou a se desenvolver em termos socioeconômicos e a buscar alternativas para diminuir os impactos ambientais, que têm diminuído ao longo do tempo. D A Revolução Industrial trouxe avanços expressivos para a sociedade; com os aprimoramentos tecnológicos, promoveu o aumento expressivo do consumo e, consequentemente, da qualidade de vida da humanidade. E A Revolução Industrial alterou os padrões de consumo e produção que começaram a basear em consumo apenas de recursos renováveis, promovendo o crescimento econômico contínuo concomitante à diminuição das desigualdades. Parabéns! A alternativa B está correta. A Revolução Industrial promoveu a alteração dos padrões de produção e consumo da sociedade, que passaram a se basear em exploração crescente de recursos naturais e do trabalho. Além disso, a revolução preconiza a busca por um crescimento econômico contínuo pela sociedade. Questão 2 A pegada ecológica é uma metodologia que permite mensurar o impacto ambiental individual ou de uma sociedade ao longo de um período definido. Os componentes utilizados para o cálculo da pegada ecológica são A carbono, áreas de cultivo, pastagens, florestas, áreas construídas e estoques pesqueiros. B carbono, área industrial, agricultura, florestas, área desmatada e estoques pesqueiros. 2 - Principais marcos ambientais Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais marcos ambientais. O livro Primavera silenciosa e sua C emissão de oxigênio, recursos hídricos, agricultura, área plantada, área desmatada e estoques agrícolas. D carbono, área urbana, área rural, transportes, agricultura, florestas, área desmatada e estoques pesqueiros. E carbono, área industrial,área rural, florestas, estoques alimentícios e estoques pesqueiros. Parabéns! A alternativa A está correta. A pegada ecológica é calculada com base em: carbono, áreas de cultivo, pastagens, florestas, áreas construídas e estoques pesqueiros. importância na questão ambiental Em 1962, a bióloga Rachel Louise Carson lançou o livro Primavera silenciosa e se tornou responsável pela maior revolução ecológica dos Estados Unidos e do mundo. Embora o título remeta a um romance ou a uma poesia, seu objetivo foi denunciar a presença duradoura de produtos químicos tóxicos na água e na terra, a presença de DDT(Dicloro-difenil-tricloroetano) até no leite materno, bem como sua ameaça a outras criaturas, especialmente pássaros canoros. Rachel Louise Carson (1907-1964) Carson documentou no livro a observação de quatro anos dos perigos do uso de pesticidas e herbicidas. Seu título era uma referência ao silêncio dos pássaros mortos pela contaminação dos agrotóxicos. Nunca um livro havia feito tanto barulho a favor do meio ambiente. Em seu primeiro capítulo, intitulado “Uma fábula para o amanhã”, descreve, de forma lírica, um lugar onde as árvores não davam folhas, os animais morriam, os rios contaminados não tinham peixes e, principalmente, os pássaros que cantavam na primavera haviam sumido. Você relaciona essa paisagem descrita na década de 1960 com o que vivenciamos hoje? O livro é considerado o ponto de partida que fez a sociedade olhar com mais atenção para os descasos ambientais. Ele divulgou de forma clara, em uma linguagem não científica, os problemas ambientais ocasionados pelo uso indiscriminado de pesticidas agrícolas e o processo de bioacumulação deles nos organismos. Agricultor utilizando pesticidas agrícolas. A partir da publicação do livro e ao longo dos 16 anos seguintes, Carson explicou e denunciou o perigo dos pesticidas para o mundo. Seu livro é emblemático na área ambiental e é um dos grandes marcos que demonstram o agravamento da relação do homem com o meio ambiente. Em 1972, o uso do DDT foi proibido nos Estados Unidos, e a revista Time incluiu a autora na lista das 100 pessoas mais influentes do século XX. Em 1992, um grupo de escritores americanos elegeram Primavera silenciosa como o livro mais influente dos últimos 50 anos naquele país e no mundo. Você sabia que os defensivos agrícolas mais utilizados no mundo são os herbicidas à base de glifosato? O glifosato foi descoberto pela Monsanto em 1970 e é o agrotóxico mais popular do Brasil. O defensivo é usado para eliminação de ervas daninhas na agricultura. O glifosato é um herbicida não seletivo, ou seja, mata a maioria dos vegetais. Por conta disso, seu uso na agricultura se popularizou associado a culturas geneticamente modificadas para resistir ao princípio ativo. Na União Europeia, desde 2015, há um amplo debate sobre a possibilidade de proibição do uso do glifosato, após um relatório da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) ter classificado a substância como "provável carcinógeno humano", ou seja, como possível agente causador de câncer. Na Europa, atualmente, a autorização do uso do glifosato vale até dezembro de 2022. A Áustria se tornou o primeiro país da região a banir o produto, em 2019, enquanto a Alemanha planeja prescindir do herbicida a partir de 2024. Glifosato A água brasileira pode ser considerada potável contendo até 500 microgramas de glifosato por litro, enquanto a água da União Europeia pode ter no máximo 0,1 micrograma de glifosato, o que demonstra que o limite brasileiro é 5 mil vezes maior do que o limite da União Europeia. (CARRANÇA, 2021.) A importância do livro Primavera silenciosa Neste vídeo, a especialista Juliana Velloso falará sobre a importância do livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, para a sensibilização acerca do impacto da ação humana no meio ambiente. Vamos lá! O relatório Limites do Crescimento Outro marco importante para demonstrar o agravamento dos problemas ambientais foi a divulgação do relatório do Clube de Roma denominado Limites do Crescimento em 1972. O relatório foi encomendado pelo Clube de Roma, um grupo de cientistas liberais, economistas e políticos, fundado em 1968. Naquele ano, o empresário italiano Aurelio Peccei, presidente honorário da Fiat, e o cientista escocês Alexander King se juntaram para promover um encontro com o objetivo de discutir o futuro da humanidade na Terra e avaliar questões de ordem política, econômica e social com relação ao meio ambiente. Em 1972, o grupo pediu a uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), liderada por Dennis e Donella Meadows, para elaborar um estudo que simulasse a interação do homem com o meio ambiente, levando em consideração o aumento populacional e o esgotamento dos recursos naturais. O relatório produzido sinalizou uma perspectiva sombria sobre o futuro da humanidade na Terra, defendendo que o crescimento econômico e populacional esgotaria os recursos do planeta e causaria o colapso econômico antes de 2070. Dennis Meadows. Por meio do relatório, chegou-se à conclusão de que se a humanidade continuasse a consumir os recursos naturais como na época, por consequência da industrialização, eles se esgotariam rapidamente e levariam a problemas ambientais cada vez mais graves. Quase meio século após seu lançamento, as principais conclusões do relatório continuam atuais. Recentemente, um grupo de pesquisadores independentes atualizaram o trabalho usando ferramentas analíticas mais sofisticadas, e as perspectivas não são nada otimistas. Segundo a atualização do relatório, o mundo não conseguirá atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas — um conjunto de metas sociais, ambientais e de prosperidade para 2030. Conferência de Estocolmo A partir da crescente preocupação científica e da sociedade sobre questões ambientais, a Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou a Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente em 1972. Durante essa conferência histórica, também chamada de Conferência de Estocolmo, foi dado o primeiro grande alerta mundial sobre os graves riscos ambientais sofridos pelo planeta. A preocupação da comunidade internacional com os assuntos ambientais era crescente e já se refletia em medidas de racionalização dos recursos naturais, no planejamento industrial e urbano, e em esforços para controle da poluição, sobretudo atmosférica e marinha. A Conferência de Estocolmo é reconhecida como um marco nas tentativas de melhorar a relação do homem com o meio ambiente, e também por ter instaurado a busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e redução da degradação ambiental, que mais tarde evoluiria para a noção de desenvolvimento sustentável. Essa conferência contou com a presença de chefes de 113 países e de mais de 400 instituições governamentais e não governamentais. Uma das maiores divergências encontradas foi entre os países em desenvolvimento e os países desenvolvidos. Se, por um lado, os países desenvolvidos buscavam compromissos maiores com o meio ambiente, em detrimento do crescimento industrial, por outro lado, os países em desenvolvimento visavam ao crescimento industrial independentemente das questões ambientais. Saiba mais Embora não tenha sido possível atingir um acordo que estabelecesse metas concretas a serem seguidas pelos países participantes, durante a conferência foi concebido um importante documento político denominado Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, publicado em 6 de junho de 1972. Este foi o primeiro documento do direito internacional a reconhecer o direito do ser humano a ter um meio ambiente de qualidade que permita que ele viva com dignidade. Nas duas décadas seguintes à conferência, observou-se um crescente aperfeiçoamento das legislações nacionais, acompanhado de um cuidado gradual em estender a cooperação internacional à preservaçãoe melhoria do meio ambiente. Relatório de Brundtland Em 1987, foi lançado o relatório Brundtland, também conhecido pelo seu título Nosso Futuro Comum. Esse documento foi emblemático por cunhar o termo, muito usado até hoje, de desenvolvimento sustentável. Gro Harlem Brundtland Em 1983, a médica Gro Harlem Brundtland, mestre em Saúde Pública e ex-primeira ministra da Noruega, estabeleceu e presidiu a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Brundtland foi escolhida para essa posição por ser responsável por um trabalho pioneiro à época, buscando enxergar a saúde relacionada ao meio ambiente e ao desenvolvimento humano. O relatório já abordava temáticas relevantes para a humanidade, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, mas que ainda eram pouco difundidas na sociedade. Além disso, ele estabeleceu uma série de metas que deveriam ser seguidas pelos países para evitar a trajetória de destruição ambiental e conter o aquecimento global. Foi a primeira vez que as nações tentaram criar um consenso para buscar uma trajetória de desenvolvimento sustentável. O termo desenvolvimento sustentável é definido pelo relatório como o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Uma trajetória que não esgote os recursos naturais para uso futuro. Entre as medidas apontadas pelo relatório, constam soluções, como: Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo. Protocolo de Montreal A Terra é envolta por um gás chamado ozônio (O3). Ele filtra os raios ultravioleta, protegendo animais, plantas e seres humanos. Sem a camada de ozônio, os raios ultravioleta poderiam acabar com a vida no Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia). Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas. Limitação do crescimento populacional. Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis. Aumento da produção industrial nos países não industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas. Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores. planeta. No entanto, na superfície terrestre, ela contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Proteção da Terra pela camada de ozônio em relação aos raios solares. Cientistas britânicos detectaram, em 1977, um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, há diversos registros de que a camada está se tornando cada vez mais fina em diversas localidades do mundo, especialmente nas áreas próximas aos polos. O problema é que diferentes substâncias químicas destroem o ozônio quando reagem com ele. A lista dos produtos que impactam negativamente a camada de ozônio inclui os óxidos nítricos e nitrosos expelidos por exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Os mais destrutivos, no entanto, são os clorofluorcarbonetos, CFCs, que são geralmente usados como propelentes em aerossóis, como isolantes em equipamentos de refrigeração e para a produção de materiais plásticos. O CFC presente em aerossóis é muito prejudicial à camada de ozônio. De acordo com o Ibama (2021), o Protocolo de Montreal foi acordado com o objetivo de proteger a camada de ozônio. Para isso, definiu a necessidade de eliminar a produção e o consumo das substâncias que causam sua destruição. Esse tratado é consequência da Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio, da qual o Brasil é um dos países signatários. Tal protocolo destaca-se como um dos tratados ambientais mais bem- sucedidos. Isso porque, desde sua origem, países foram estimulados a assumir o compromisso com a eliminação gradual da produção e do consumo das substâncias anteriormente referidas. Curiosidade O protocolo de Montreal é o único acordo ambiental das Nações Unidas a ser ratificado por todos os países do mundo, onde as partes participantes eliminaram 98% das substâncias que destroem a camada de ozônio e com isso cerca de dois milhões de pessoas são salvas do câncer de pele todos os anos.(PNUMA, 2019). Rio-92 Em 1992, o Rio de Janeiro foi sede da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco-92 ou Rio-92. A conferência fez com que a conscientização ambiental e ecológica entrasse definitivamente na agenda dos cinco continentes do mundo (IPEA, 2009). Delegações de 175 países, entre chefes de Estado e ministros, se reuniram para definir medidas a fim de enfrentar os problemas crescentes da emissão de gases causadores do efeito estufa, entre outros desafios ambientais. Representantes de movimentos sociais, da sociedade civil e da iniciativa privada também estiveram presentes em peso com o objetivo de propor e apoiar um novo modelo de desenvolvimento econômico que contemplasse a proteção da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais. Entre os principais consensos da Rio-92, concluiu-se que as nações mais desenvolvidas eram as maiores responsáveis pela destruição do meio ambiente e que os países em desenvolvimento, como o Brasil, ainda necessitavam de suporte financeiro e tecnológico para atingir um modelo sustentável de crescimento. Como resultado da conferência, foi ratificada a Agenda 21, que estabelecia diversas políticas e ações compromissadas com a responsabilidade ambiental. Além disso, apontava as mudanças necessárias dos padrões de consumo, em relação à proteção dos recursos naturais e ao desenvolvimento de tecnologias capazes de melhorar a gestão ambiental dos países. Também foram estabelecidos outros importantes tratados, como as convenções da Biodiversidade, das Mudanças Climáticas e da Desertificação, a Carta da Terra e a Declaração sobre Florestas. Protocolo de Quioto O Protocolo de Quioto é um acordo que resultou da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC). Com o objetivo de combater o aquecimento global, foi negociado e adotado no Japão, na cidade de Quioto, em 1997, e entrou em vigor em fevereiro de 2005. A redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE) foi um dos compromissos discutidos no protocolo de Quioto. Os países signatários se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), que são os causadores do aquecimento global. À data do início de vigência, o acordo alcançou a meta de 50% de ratificações dentre os 84 signatários originais. O protocolo tem por base premissas comprovadas pela ciência de que o aquecimento global é real e causado pela ação antrópica. Ele foi considerado um dos compromissos ambientais mais importantes já firmado no mundo, visto que as mudanças climáticas, consequência do aquecimento global, representam o maior desafio ambiental já enfrentado pela humanidade. O protocolo foi ratificado por 192 países, além da União Europeia (UE) — embora os Estados Unidos tenham assinado, se negaram a ratificá-lo. Segundo o acordo, 37 economias industrializadas (denominadas países do Anexo 1) se comprometeram a reduzir as emissões totais dos seis principais gases — dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido de nitrogênio (N20) e três fluoretos (HFC, PFC, SF6) — em pelo menos 5% até 2012 em comparação com os níveis de 1990. Os países em desenvolvimento (do Anexo 2) não foram associados a um compromisso de reduzir os GEE por ainda precisarem avançar em aspectos socioeconômicos. Eles se comprometeram somente a buscar reduzir a poluição, sob o princípio de que os países ricos são os responsáveis históricos pelo aquecimento global e deveriam se comprometer mais fortemente para as mudanças necessárias. Rio+20 Em 2012, 20 anos após a Rio-92, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, na cidade do Rio de Janeiro, também denominada Rio+20. Essa conferência também teve ampla participação de líderes mundiaise de representantes de diversos setores da sociedade civil. Participantes da Rio+20. O objetivo da conferência foi reafirmar o compromisso dos países e demais instituições com a busca por um desenvolvimento sustentável. Os principais temas abordados foram: economia verde, inclusão social, pobreza e, obviamente, desenvolvimento sustentável. O documento final da Rio+20 estabeleceu compromissos, como o desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza, o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a criação de um Fórum Político de Alto Nível Internacional, entre outros. Infelizmente, a Rio+20 não obteve êxito em razão de seus impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O documento final apresentou diversas intenções e encaminhou, para os próximos anos, a definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Comentário Muitos analistas defenderam que a crise econômica mundial iniciada em 2008, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, acabou impactando negativamente as negociações, as tomadas de decisões e o estabelecimento de compromissos durante a conferência. Acordo de Paris O Acordo de Paris é um tratado mundial que possui um único objetivo: promover a redução do aquecimento global. Ele foi discutido entre 195 países durante a COP21, no ano de 2015, em Paris. Aprovado em 12 de dezembro de 2015, entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016, um tempo recorde para um acordo climático tão relevante para a sociedade. No ano de 2020, passou a vigorar como substituto do Protocolo de Quioto. Esse tratado tem como principal objetivo a busca pela redução das emissões de GEE para limitar o aumento médio de temperatura global a 2°C, quando comparado a níveis pré-industriais. No entanto, idealmente, para que as consequências não sejam tão drásticas, o esforço maior deveria ser para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C. Uma grave consequência do aquecimento da temperatura no planteta é o derretimento das calotas polares. O acordo também prevê recomendações quanto à adaptação dos países signatários às mudanças climáticas, em especial para os países menos desenvolvidos, com os seguintes objetivos: Reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos. Fomentar o suporte financeiro e tecnológico dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento e mais vulneráveis. Promover o desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia e capacitação para adaptação às mudanças climáticas. Estimular a cooperação entre a sociedade civil, o setor privado, instituições financeiras, cidades, comunidades e povos indígenas para ampliar e fortalecer ações urgentes de mitigação e adaptação do aquecimento global. Em relatório publicado em agosto de 2021, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) evidenciou que não é inequívoco a ação humana como causador do aquecimento global e, caso ações drásticas não sejam colocadas em prática e o uso de combustíveis fósseis não diminua de forma expressiva, as consequências climáticas serão desastrosas e poderão tornar o planeta um lugar inóspito para sobrevivência humana e de outras espécies. O relatório do IPCC deixa claro que não estamos lidando com uma crise climática, e sim com uma emergência climática. A partir de todos os marcos apresentados, salienta-se o agravamento dos problemas ambientais: hoje a sociedade se encontra em um momento crucial para sua sobrevivência no planeta. Além da questão climática, a ação humana tem provocado diversos outros impactos ambientais que trazem consequências desastrosas para a vida no planeta. Devastação provocada pelas chuvas em cidade da Bélgica em julho de 2021. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Rio+20 – A Agenda 21 Módulo 2 - Vem que eu te explico! Mudanças climáticas – a COP26 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Desde a década de 60, quando a questão ambiental começou a ter relevância na sociedade, a humanidade iniciou a tomada de consciência sobre seu impacto ambiental. Um dos livros que legitimaram a necessidade de se olhar para esse tema foi escrito por Rachel Carson. Qual era o assunto abordado? A Destruição da floresta amazônica B Uso indiscriminado de herbicidas C Extinção de animais silvestres D Acidificação dos oceanos E Mudanças climáticas Parabéns! A alternativa B está correta. O livro Primavera silenciosa trouxe à tona o resultado do uso de herbicidas nos Estados Unidos, que estava provocando o desaparecimento de diversas espécies da fauna e da flora. Questão 2 As mudanças climáticas representam o grande desafio ambiental enfrentado hoje pela humanidade. Caso o aquecimento global não seja contido, trará consequências desastrosas para a vida no planeta. Qual opção abaixo representa marcos importantes na agenda climática? A Protocolo de Quioto e Acordo de Paris. B Eco-92 e Rio+20. C Conferência de Estocolmo e relatório Brundtland. D Primavera silenciosa e Limites do Crescimento. E Desenvolvimento sustentável e relatório Brundtland. Parabéns! A alternativa A está correta. O Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris representam os acordos globais em prol da contenção do aquecimento global, o maior desafio que a humanidade já enfrentou em termos ambientais. 3 - Modelo de desenvolvimento e urbanização da sociedade Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever o modelo de desenvolvimento atual como promotor de problemas ambientais. Modelo de desenvolvimento da sociedade atual O modelo de desenvolvimento atual se baseia na produção e consumo crescentes de bens e serviços, com leis do mercado que ditam as regras na perspectiva do individualismo e da competitividade. Nesse sentido, nossa sociedade se fundamenta em um modelo industrial/tecnológico de globalização da economia, no qual os interesses econômicos são sempre colocados na frente de questões sociais e ambientais. Um dos principais indicadores que mensura o progresso da sociedade atual é o produto interno bruto (PIB). Ele é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas e mensuram o desenvolvimento de suas economias a partir dele. O modelo contemporâneo preconiza o crescimento constante do PIB a partir da utilização crescente de recursos naturais e de uma maior produção, maior consumo e, consequentemente, maior descarte. Ele propõe que a mão invisível do mercado consegue resolver todas as questões mediante a lei da oferta e demanda, no entanto, isso não acontece na prática. O crescimento econômico pode ajudar na promoção de melhorias em aspectos sociais, quando os recursos financeiros são bem alocados com esse objetivo. Contudo, a sociedade atual enfrenta níveis de desigualdade exorbitantes e outras inúmeras mazelas. Enquanto poucos concentram a maior parte da riqueza, a grande maioria vive na pobreza e sem acesso a bens e serviços necessários para uma vida digna. É importante ressaltar que há regiões do mundo menos desiguais, entretanto, na América Latina, onde fica o Brasil, a desigualdade é gritante. A desigualdade social é um dos grandes problemas de muitos países. Embora o processo de globalização tenha alguns aspectos positivos, como a promoção de maior riqueza e bem-estar social e o acesso a diferentes bens e serviços, isso não ocorreu de forma homogênea no mundo. Iniciada na década de 90, a globalização possibilitou o aumento das relações comerciais entre os países, que começaram a produzir mais para exportar e, ao mesmo tempo, a demandar mais produtos de outras nações. Nesse sentido, trouxe consigo muitas consequências negativas: acirrou desigualdades e problemas sociais e descaracterizoumuitas culturas, tornando hegemônico o viés em prol do consumo. Assim, configurou e disseminou o modelo seguido pela sociedade atualmente. Os descartáveis, principalmente os plásticos, causam grande impacto ambiental. O que antes era produzido localmente, em menor escala e velocidade, passou a ser produzido em diferentes partes do mundo e transacionado por meio de longas distâncias. Além disso, com os avanços tecnológicos e com o crescimento do uso de combustíveis fósseis e de plástico, se estabeleceu também a sociedade do descartável: antes os itens eram produzidos para durar e serem consumidos em menor velocidade, com embalagens retornáveis. Com o estabelecimento do modelo atual de desenvolvimento, instituiu-se a sociedade do consumo excessivo e contínuo, e os cidadãos se tornaram consumidores. Anteriormente em um contexto rural, muitas vezes baseado no setor agrícola e na economia de subsistência, as cidades, principalmente as grandes, começaram a ser polos de produção e a atrair novos habitantes, promovendo uma mudança expressiva na população rural e urbana no mundo. Com a urbanização, agravou-se ainda mais a problemática ambiental: cidades começaram a crescer e a se tornar polos de produção, consumo, poluição, degradação, pobreza, violência e desigualdade. É importante mencionar que há exceções, mas, de forma geral, a urbanização trouxe consigo mais mazelas do que benefícios para a maior parte da população. Urbanização como vetor de problemas ambientais Nem sempre a humanidade viveu em cidades. Os primeiros habitantes eram nômades e, por isso, não tinham residência fixa e viviam da caça, pesca e coleta. Nessa fase, o impacto ambiental associado ao ser humano era muito inexpressivo. Com o passar do tempo, a maioria das comunidades nômades deixou essa condição para se tornarem produtores. Esse foi o início do processo de aglomeração em localidades, que se transformaram em cidades. O ser humano, com o desenvolvimento de atividades econômicas, foi se concentrando em centros urbanos. A urbanização é caracterizada pelo deslocamento de pessoas das zonas rurais para as cidades, formando aglomerações de pessoas em áreas delimitadas. Na maioria das vezes, essas pessoas estão buscando empregos nas diversas atividades produtivas e no setor de serviços. Essas áreas deixam de ser agrícolas para se tornarem áreas industriais, onde o comércio e a prestação de serviços também predominam. O processo de urbanização pode ser dividido em duas fases marcantes: Primeira fase Ocorreu no período da Revolução Industrial, no fim do século XVIII, com a enorme migração de pessoas das áreas rurais rumo às cidades. Nesse período, entretanto, a urbanização concentrava-se apenas nos países envolvidos na revolução. Segunda fase Aconteceu após a Segunda Guerra Mundial. Essa urbanização não foi motivada pela industrialização, mas sim pela crença de que as cidades seriam melhores para se viver e ofereceriam melhores condições de vida, oportunidades de estudo e trabalho. Conforme vimos, a urbanização não ocorreu simultaneamente no mundo, iniciou-se nos países industrializados. No caso dos países em desenvolvimento e de industrialização tardia, como é o caso do Brasil, o crescimento urbano aconteceu mais tarde, de forma acelerada e muito desordenada. A falta de planejamento dessa migração rural-urbana tem promovido a proliferação de graves problemas, como favelização, falta de infraestrutura, violência, poluição de todos os tipos, desemprego e pobreza. Com o crescimento acelerado e desordenado das áreas urbanas, a maior parte do contingente que migra da área rural para as cidades acaba em favelas, onde os serviços de água, luz e esgotamento geralmente são precários ou inexistentes. Isso acontece porque, muitas vezes, o Estado não consegue acessar tais locais para oferecer serviços básicos, como esgotamento sanitário, devido à violência, que institui um estado paralelo. Com isso, acabam-se acirrando os impactos ambientais. Durante as décadas de 1970 e 1980, o Brasil sofreu um intenso processo de êxodo rural, resultado da mecanização da produção agrícola, que expulsou trabalhadores do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho e sobrevivência. Atualmente, o deslocamento do campo para a cidade é bem menor (IBGE, 2021). De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, a maior parte da população brasileira, 84,72%, vive em áreas urbanas, enquanto 15,28% da população vive em áreas rurais (IBGE, 2021). Esse intenso processo de urbanização vivido no Brasil gerou o fenômeno chamado de metropolização, que define a ocupação urbana que ultrapassa os limites das cidades. Com isso, foram desenvolvidos grandes centros metropolitanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Goiânia, Manaus, entre outros, que enfrentam diversos problemas sociais e ambientais. E como ocorreu o processo de urbanização no Brasil? Os problemas ambientais urbanos impactam de maneira significativa o meio ambiente das cidades e podem se originar de causas naturais, mas geralmente ocorrem pela ação antrópica. Dentre eles, destacamos os principais: No Brasil, esses transtornos estão relacionados à expansão desordenada dos centros urbanos, o que tem ocorrido nas últimas décadas. Eles geram consequências econômicas e ambientais graves, impactando a disponibilidade e a qualidade dos recursos ambientais, bem como resultam em inúmeras vidas perdidas devido aos grandes desastres naturais. Com a geração de resíduos pelo consumo crescente, cria-se um modelo de sociedade insustentável. É bom lembrar que nosso planeta possui recursos finitos e que a humanidade convive com diversas outras espécies e formas de vida. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável instituídos pelo IBGE Está na hora de falarmos sobre a sociedade de consumo e seus impactos negativos na saúde humana e do planeta. Com a palavra a especialista Juliana Velloso. Poluição Ilhas de calor Sociedade de consumo Consumir é um ato necessário para a manutenção da vida, seja um insumo, um alimento, um vestuário, um produto qualquer, ou algum serviço. No entanto, nunca se viu uma oferta de produtos e serviços tão expressiva quanto se observa nos dias de hoje, nem tanta demanda para produtos descartáveis, feitos para durar pouco (BASSI e LOPES, 2017). O consumo é importante para suprir as necessidades do ser humano, entretanto, após a Revolução Industrial, a produção de bens de consumo passou a ser acelerada e em escala. Assim, o ato de consumir extrapolou o necessário, chegando a um consumismo desenfreado e muitas vezes irracional, cultural, fomentado para sustentar o modelo capitalista que vigora na sociedade. Somado à crescente produção de bens de consumo, a televisão e, bem mais recentemente, a internet, com elaboradas estratégias de marketing e muitas propagandas, estimulam o consumo descontrolado. Além disso, os produtos são feitos para durar determinado período, quando, na verdade, poderiam durar muito mais, fenômeno chamado de obsolescência programada. Desse modo, as empresas induzem os consumidores a sempre comprarem novos itens de consumo. Ocorre quando um produto vem de fábrica com a predisposição a se tornar obsoleto ou parar de funcionar após um período específico de uso — geralmente um tempo curto. Dessa forma, as empresas lançam produtos no mercado para que sejam rapidamente descartados e substituídos por outros. Por exemplo: apesar do avanço tecnológico, hoje nossos eletrodomésticos duram muito menos do que há 50 anos. Os produtos são fáceis de comprar, mas são desenhados para não durar. Como efeito, os consumidores são obrigados a descartar os produtos adquiridos em um prazo consideravelmente menor e Você sabe o que é obsolescência programada? substituí-los por novos, que provavelmente também tiveram sua durabilidade alterada. Além do prejuízo ao consumidor, essa ação causa um impacto ao meioambiente, pelo uso de recursos naturais e de energia e pela geração de resíduos. A máquina de lavar roupas, por exemplo, tem sido um grande alvo da obsolescência programada. Quando criada, ela durava muitos anos, mas as fabricantes notaram que venderiam apenas um número limitado de unidades. Por isso, passaram a disponibilizar no mercado modelos menos duradouros e com uma eficiência menor, embora o objetivo do eletrodoméstico continuasse o mesmo. Na área tecnológica, a obsolescência programada pode ser vista com maior frequência. Geralmente, durante o período de garantia, smartphones, desktops e notebooks de alguns fabricantes funcionam normalmente. No entanto, após o fim desse prazo, passam a apresentar defeitos. Na quase totalidade dos casos, o preço do conserto é tão alto que não vale a pena, e os consumidores são impelidos a adquirir um produto novo. (IDEC, 2018) Resumidamente, nossa sociedade é moldada pelo consumismo, caracterizado pelo desperdício e pelo excesso. O resultado disso é uma sociedade que não vivencia o bem-estar associado ao consumo, apresenta inúmeros problemas ambientais e sociais, além de ser formada por muitos cidadãos com crescentes problemas psicológicos sérios. O modo de vida é orientado por uma busca crescente pelo consumo de bens ou serviços, em sua relação simbólica com prazer, sucesso, felicidade, que acabam não ocorrendo na prática. Isso demonstra que a sociedade de consumo falhou em diversos aspectos e é necessário mudar radicalmente essa trajetória. Bauman traz uma boa reflexão sobre essa condição: A sociedade de consumidores representa o tipo de sociedade que promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial consumistas, e rejeita todas as opções culturais alternativas. Uma sociedade em que se adaptar aos preceitos da cultura de consumo e segui-los estritamente é, para todos os fins e propósitos práticos, a única escolha aprovada de maneira incondicional. Uma escolha viável e, portanto, plausível — e uma condição de afiliação. (BAUMAN, 2008, p. 54) O ato de consumir acabou estabelecendo relações de poder: é mais poderoso aquele que mais consome. A sociedade se submeteu à lógica do mercado e segue os padrões e diretrizes ditados pela indústria do marketing, da publicidade e da propaganda. A lógica consumista se baseia na ganância, buscando sempre consumir mais, mesmo sem nenhuma necessidade. Com esse modo de vida, exaurimos nossos recursos naturais, que são finitos e muitas vezes escassos, além de gerarmos crescente poluição e inúmeros outros problemas ambientais que, segundo muitos cientistas, estão levando a humanidade ao colapso de sua espécie. De acordo com Bassi e Lopes (2017), o consumismo é o lado perverso do consumo e trouxe malefícios para a sociedade em termos econômicos, sociais e ambientais, tais como a condição de massificação na relação com as pessoas; a publicidade exagerada e enganosa; a ausência de civismo; a crescente e acelerada exaustão dos recursos naturais; a descartabilidade como conduta padrão; e a exclusão social crescente e insustentável. Mazelas ambientais associadas ao modelo de sociedade atual Como já vimos, o modelo de desenvolvimento atual, baseado no consumismo desenfreado, trouxe consequências ambientais sérias e irreversíveis. Dentre os inúmeros problemas, podemos citar: extinção crescente de espécies; buracos na camada de ozônio; desertificações; alteração da acidez dos mares; degelo das calotas polares; poluição plástica nos oceanos; alterações climáticas; alterações das correntes marítimas; improdutividade das terras; contaminação por uso de agrotóxicos. Com o estabelecimento da sociedade do consumo e o crescente aumento da velocidade da compra e do descarte, caminhamos para o esgotamento dos recursos naturais e para o atingimento de índices insustentáveis de poluição da atmosfera, da água e dos solos. Perdemos, dia após dia, nossa biodiversidade e a água potável, já escassa para tantos, se torna cada vez mais rara e preciosa. O consumo desenfreado pode ser causador do esgotamento de nossos recursos naturais, como a água. Há uma relação destrutiva entre o consumismo e o meio ambiente. O modelo de desenvolvimento insustentável em que vivemos tem feito a sociedade caminhar para pontos irreversíveis, o que pode tornar a terra inabitável para a espécie humana e para outras espécies. Nunca a humanidade gerou tamanho impacto ambiental e atingiu níveis tão alarmantes, que poderão, em breve, se tornar inalteráveis, caso a rota de desenvolvimento e o modelo baseado em consumo irracional e excessivo não sejam alterados. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! A sociedade de consumo Módulo 3 - Vem que eu te explico! Mazelas ambientais associadas ao modelo de sociedade atual Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O modelo de desenvolvimento atual, baseado no consumismo desenfreado, trouxe consequências ambientais sérias e irreversíveis. Dentre as opções a seguir, indique a aquela não representa uma consequência ambiental negativa do modelo de desenvolvimento predominante no mundo: A Acidificação dos oceanos B Aquecimento global C Escassez hídrica D Aumento da produção de alimentos E Poluição plástica nos oceanos Parabéns! A alternativa D está correta. O aumento da produção de alimentos, mesmo trazendo consigo impactos ambientais expressivos, não pode ser considerado uma consequência ambiental negativa do modelo de desenvolvimento predominante na nossa sociedade. Questão 2 A obsolescência programada pode ser caracterizada como: A uma forma de as empresas aumentarem sua produtividade e lucratividade. B um produto que vem de fábrica com a predisposição a se tornar obsoleto ou parar de funcionar após um curto período de uso. C uma forma de produzir minimizando os impactos ambientais associados. D um produto que é produzido para durar um longo período e que pode ser facilmente reparado quando quebrado. E um produto fabricado de forma ecoeficiente e que não gera impactos ambientais durante seu uso. Parabéns! A alternativa B está correta. 4 - As nove fronteiras planetárias Ao �nal deste módulo, você será capaz de listar as nove fronteiras planetárias. Introdução às nove fronteiras planetárias Em 2009, o ex-diretor do Stockholm Resilience Centre (SRC), Johan Rockström coordenou um grupo de 28 cientistas de renome internacional para identificar os nove processos que regulam a estabilidade e a resiliência do sistema terrestre. Os cientistas propuseram limites quantitativos planetários dentro dos quais a humanidade pode continuar a se desenvolver e prosperar pelas próximas gerações. Atravessar essas fronteiras aumenta o risco de gerar mudanças ambientais abruptas ou irreversíveis em larga escala, podendo impedir a vida humana na Terra. As fronteiras planetárias e as interações complexas entre elas podem ser difíceis de entender em um primeiro momento, mas precisam ser tomadas como prioridade na agenda de toda sociedade para que possamos pensar em um futuro viável para a raça humana no planeta. Nos tópicos seguintes, apresentaremos as linhas gerais das fronteiras planetárias. A obsolescência programada ocorre quando um produto vem de fábrica com a predisposição a se tornar obsoleto ou parar de funcionar após um curto período de uso, para que sejam rapidamente descartados e substituídos por outros. Por que de�nir as fronteiras planetárias e seus limites? Os limiares definem-se como transições não lineares no funcionamento de sistemas humanos-ambientais, por exemplo, o recuo do gelo marinho do Ártico causado pelo aquecimento global antropogênico. São características intrínsecas desses sistemas e são frequentemente definidos por uma posição ao longo de uma ou mais variáveis de controle, como temperaturae feedback gelo-albedo no caso do gelo marinho. Alguns processos do sistema terrestre, como a mudança no uso da terra, não estão associados a limites conhecidos na escala continental e global, mas podem, por meio do declínio contínuo das principais funções ecológicas (como sequestro de carbono), causar colapsos funcionais, gerando feedbacks que desencadeiam e aumentam a probabilidade de um limiar global em outros processos (como mudanças climáticas). Tais processos podem, no entanto, desencadear dinâmicas não lineares em escalas mais baixas, por exemplo, cruzamento de limiares em lagos, florestas e savanas, como resultado da mudança no uso da terra e da água e de alterações no carregamento de nutrientes. Essas mudanças não lineares, de um estado desejado para um indesejável, podem se tornar uma preocupação global para a humanidade, se ocorrerem em todo o planeta. Os limites, por outro lado, são valores, determinados pelo homem, da variável de controle definida a uma distância segura de um nível perigoso (para processos sem limites conhecidos nas escalas continental e global) ou de seu limite global. Determinar uma distância segura envolve julgamentos normativos de como as sociedades escolhem lidar com o risco e a incerteza. A escolha da variável de controle para cada limite planetário foi baseada em uma avaliação da variável que, em equilíbrio, pode fornecer o parâmetro mais abrangente, agregado e mensurável para limites individuais. Cada posição limite, proposta para cada fronteira, assume que nenhuma outra fronteira foi transgredida e foi baseada no conhecimento existente hoje sobre cada tema. O conceito proposto de fronteiras planetárias estabelece as bases para mudar as abordagens usuais que se baseiam essencialmente em análises setoriais dos limites do crescimento, visando minimizar apenas as externalidades negativas. Saiba mais Com a definição das fronteiras planetárias, objetivou-se definir uma estimativa do espaço seguro para o desenvolvimento humano. As fronteiras planetárias determinam, por assim dizer, as fronteiras do “campo de jogo planetário” para a humanidade, se o objetivo for evitar grandes mudanças ambientais induzidas pelo homem em uma escala global. Quais são as fronteiras planetárias? Os cientistas identificaram nove processos e sistemas da Terra, bem como suas fronteiras que marcam a zona segura para o planeta, como fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável e para a manutenção da humanidade no planeta. Com o rápido crescimento do uso de combustíveis fósseis e da sociedade industrial de consumo, as atividades antrópicas alcançaram níveis considerados irreversíveis e que podem causar mudanças ambientais abruptas, criando condições desfavoráveis para a vida humana no planeta. As pressões antropogênicas no sistema terrestre alcançaram uma escala em que mudanças ambientais globais abruptas não podem mais ser descartadas. Ao definir as fronteiras planetárias, foram definidos os limites planetários dentro dos quais espera-se que a humanidade possa operar com segurança. Transgredir uma ou mais fronteiras planetárias pode ser catastrófico devido ao risco de cruzar limiares que desencadearão mudanças ambientais abruptas e não lineares em sistemas de escala continental a planetária. As nove fronteiras planetárias são: 1. Mudanças climáticas 2. Perda da integridade da biosfera (perda de biodiversidade e extinção de espécies) 3. Destruição do ozônio estratosférico 4. Acidificação dos oceanos 5. Fluxos biogeoquímicos (ciclos do fósforo e do nitrogênio) �. Mudança do sistema terrestre (por exemplo, o desmatamento) 7. Utilização da água doce �. Carga atmosférica de aerossóis (partículas microscópicas na atmosfera que afetam o clima e os organismos vivos) 9. Introdução de novas entidades (por exemplo, poluentes orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais e microplásticos) As nove fronteiras planetárias. Duas dessas fronteiras, mudança climática e integridade da biosfera, são o que os cientistas chamam de limites centrais e fundamentais para a sobrevivência humana na Terra. A alteração significativa de qualquer um desses limites levaria o Sistema Terra a um novo estado, que nem os cientistas conseguem ainda saber qual seria. Saiba mais O estudo atualizado das fronteiras planetárias, publicado na revista Science em janeiro de 2015, revelou que já foram ultrapassadas as fronteiras de mudanças climáticas, de perda de integridade da biosfera, de mudança do sistema terrestre e de alteração de ciclos biogeoquímicos (fósforo e nitrogênio). Limites das fronteiras planetárias Das nove fronteiras planetárias identificadas, foram propostas quantificações para sete delas. Mudanças climáticas A concentração de CO2 na atmosfera precisa ser menor que 350ppm. Acidi�cação oceânica O estado de saturação média da água do mar superficial em relação à aragonita precisa ser maior ou igual a 80% dos níveis pré-industriais. Ozônio estratosférico É preciso haver redução menor que 5% na concentração de O3 do nível pré-industrial de 290 unidades Dobson. Ciclos biogeoquímicos Em relação ao ciclo biogeoquímico de nitrogênio (N), é preciso limitar a fixação industrial e agrícola de N2 a 35Tg N ano-1 e o ciclo de fósforo (P) não deve exceder 10 vezes o intemperismo natural de fundo de P, que é enviado para os oceanos. Utilização da água doce Os dois limites planetários adicionais, poluição química e o carregamento de aerossóis atmosféricos, ainda não tiveram seus limites calculados por dificuldades científicas para tal. As fronteiras planetárias são interdependentes, porque transgredir uma pode mudar a posição de outras fronteiras ou fazer com que sejam transgredidas. Os impactos sociais da transgressão de fronteiras serão uma função da resiliência socioecológica das sociedades afetadas. Importância da de�nição das fronteiras planetárias As atividades humanas influenciam cada vez mais o clima da Terra e os ecossistemas. O planeta entrou em uma nova época, o Antropoceno, na qual os humanos constituem o condutor dominante da mudança do sistema terrestre. O crescimento exponencial das atividades humanas está aumentando a pressão sobre o sistema, o que poderia desestabilizar sistemas biofísicos críticos e desencadear mudanças ambientais abruptas ou irreversíveis. Esse é um dilema profundo porque o paradigma predominante de desenvolvimento social e econômico permanece amplamente alheio ao risco de desastres ambientais induzidos pelo homem em escalas continentais a planetárias. É preciso ser menor que 4.000km3 ano-1 de uso consumptivo de recursos de escoamento. Mudança do sistema terrestre É preciso ter menos que 15% da superfície da Terra como áreas cultiváveis. Perda de integridade da biosfera Acerca da taxa na qual a diversidade biológica é perdida, é fundamental que a taxa anual de extinção por milhão de espécies seja menor do que 10. As fronteiras planetárias apresentaram um novo conceito para estimar um espaço operacional seguro para a humanidade no que diz respeito ao funcionamento do sistema terrestre. Primeiramente, identificaram-se os principais processos do sistema terrestre e depois se quantificou, para cada processo, o limite que não deve ser transgredido para evitarmos mudanças ambientais globais inaceitáveis. O ambiente relativamente estável do Holoceno, o atual período interglacial que começou há cerca de 10 mil anos, permitiu que a agricultura e as sociedades complexas, incluindo a atual, se desenvolvessem e florescessem. Essa estabilidade induziu os humanos, pela primeira vez, a investir de forma importante em seu ambiente natural, em vez de meramente explorá-lo. Apesar de algumas flutuações ambientais naturais nos últimos 10 mil anos (por exemplo, padrões de chuva, distribuição da vegetação, ciclo de nitrogênio), a Terra permaneceu dentro do domínio de estabilidade do Holoceno. A resiliência do planeta o manteve dentro da faixa de variaçãoassociada ao estado do Holoceno, com os principais parâmetros biogeoquímicos e atmosféricos flutuando dentro de uma faixa relativamente estreita. Ao mesmo tempo, ocorreram mudanças marcantes na dinâmica do sistema regional durante esse período. Embora a marca das primeiras atividades humanas seja vista em escala regional (por exemplo, regimes de fogo alterados, extinções de megafauna), não há evidências claras de que os humanos tenham afetado o funcionamento do sistema terrestre em escala global até muito recentemente. No entanto, desde a Revolução Industrial (o advento do Antropoceno), os humanos estão efetivamente empurrando o planeta para fora da faixa de variabilidade do Holoceno em muitos processos-chave do sistema terrestre. Sem essas pressões, o estado do Holoceno poderia ser mantido por mais milhares de anos futuros. Até recentemente, a ciência havia fornecido avisos sobre os riscos planetários de ultrapassar os limiares nas áreas de mudança climática e ozônio estratosférico. No entanto, a crescente pressão humana no planeta requer atenção a outros processos biofísicos que são importantes para a resiliência dos subsistemas da Terra e do sistema terrestre como um todo. A resiliência dos subsistemas do planeta está ameaçada quando longos períodos de condições aparentemente estáveis são seguidos por períodos de mudança abrupta e não linear, refletida em transições críticas de um domínio de estabilidade para outro quando os limiares são ultrapassados. O Antropoceno levanta uma nova questão: quais são as precondições planetárias inegociáveis que a humanidade precisa respeitar para evitar o risco de mudanças ambientais deletérias ou mesmo catastróficas em escalas continentais a globais? O estabelecimento das fronteiras planetárias é uma primeira tentativa de identificar os limites planetários para os principais processos do sistema terrestre associados a limiares perigosos, cujo cruzamento poderia empurrar o planeta para fora do estado Holoceno desejado. Comentário Esse esforço científico foi extremamente relevante para dar ciência à humanidade dos grandes desafios ambientais que enfrentamos e que podem provocar a extinção da raça humana neste planeta. A economia donut e os limites planetários Kate Raworth. A economista Kate Raworth, da Universidade de Oxford, propôs um modelo econômico simples, ambicioso, revolucionário e original: a economia donut. Ela defende a ideia de que devemos incluir os limites planetários na concepção de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico. A economista propõe expandir os horizontes do pensamento econômico, que ainda é bastante retrógrado ao não incorporar a questão ambiental como central em seus modelos, premissas e propostas. Na proposta da economia donut, a autora afirma que o modelo econômico vigente é ultrapassado e não contempla os grandes desafios contemporâneos. Ressalta a necessidade de transformarmos o capitalismo, que sustenta a sociedade de consumo, em um sistema sustentável do ponto de vista social e ambiental. Na economia donut, o bem-estar da humanidade estaria em primeiro lugar, ou seja, à frente de sistemas e modelos de desenvolvimento que perseguem o crescimento econômico infinito e desumano a qualquer custo. Nesse modelo, a economia é associada ao formato de uma rosquinha (daí o nome donut), na qual o círculo interno representa a base social — serviços e produtos como alimentos, saúde e habitação — enquanto o externo está associado às fronteiras planetárias. No espaço entre um e outro, vemos um ambiente seguro e justo para a humanidade viver e devemos compreender e aceitar que temos que estar dentro desse espaço. Diagrama da economia donut. A sociedade, nesse sistema econômico, é considerada próspera quando todas as bases sociais são atendidas sem ultrapassarmos nenhum dos limites planetários, tais como mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, poluição química, poluição por nitrogênio e fósforo, excesso de uso de água doce, danos à Terra, perda de biodiversidade, poluição do ar, destruição da camada de ozônio, entre outros. O grande desafio da humanidade para o século atual é atender e incluir todos dentro das possibilidades do planeta, ou seja, as fronteiras sociais e planetárias devem nortear o modelo de desenvolvimento da sociedade. Amsterdã: cidade que está seguindo as diretrizes da economia donut Acompanhe agora o caso da cidade de Amsterdã, que tem buscado incorporar, desde 2020, as diretrizes da economia donut. Com a palavra a especialista Juliana Velloso. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 4 - Vem que eu te explico! As Nove Fronteiras Planetárias Módulo 4 - Vem que eu te explico! A economia donut e os limites planetários Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As fronteiras planetárias foram divulgadas em 2009, após ampla pesquisa científica. Entre as opções abaixo, sinalize aquela que representa uma das fronteiras planetárias. A Fluxos climáticos B Queima de combustíveis fósseis C Degradação ambiental D Acidificação dos rios E Utilização da água doce Parabéns! A alternativa E está correta. As fronteiras planetárias são: mudanças climáticas, perda da integridade da biosfera, destruição do ozônio estratosférico, acidificação dos oceanos, fluxos biogeoquímicos, mudança do sistema terrestre, utilização da água doce, carga atmosférica de aerossóis e introdução de novas entidades. Questão 2 Sobre a economia donut, que incorpora em seu modelo as fronteiras planetárias, podemos afirmar que ela A defende um modelo de desenvolvimento baseado no crescimento econômico, no qual o PIB é o principal indicador de bem-estar econômico, social e ambiental. B defende que os aspectos ambientais são mais relevantes do que questões sociais e que o bem-estar da humanidade não é relevante. C defende uma mudança de paradigma, pois considera que o modelo econômico vigente é ultrapassado e não contempla os grandes desafios contemporâneos. Considerações �nais O sistema político e a indústria frequentemente tentaram negar previsões climáticas, que eram consideradas catastróficas e exageradas. Contudo, hoje enfrentamos cada vez mais desastres naturais relacionados a questões ambientais causadas pela ação humana e temos inúmeras e incontestáveis evidências científicas do impacto da humanidade no planeta. Logo, fica claro que mudar a trajetória do impacto ambiental antrópico é fundamental para a sobrevivência do ser humano na Terra. O que a humanidade viveu a partir de 2020, com a pandemia global do novo coronavírus, talvez já seja reflexo da ação humana. Embora mudanças estruturais e de paradigma sejam necessárias para que a humanidade possa, quem sabe, mudar sua trajetória, é fundamental que cada indivíduo se sensibilize e faça sua parte. Um dos primeiros passos para começarmos a agir é mensurar a pegada ecológica e montar um plano de ação para diminui-la em um espaço de tempo definido. Não adianta, infelizmente, esperar a ação de governos e empresas apenas. O papel dos cidadãos, seja cobrando os seus D defende que a sociedade de consumo é importante para promover o bem-estar da população que precisa aferir sempre bens de consumo. E defende o modelo de desenvolvimento baseado no capitalismo, sem mudanças relevantes, mas incorporando a variável ambiental nas tomadas de decisão. Parabéns! A alternativa C está correta. A proposta da economia donut defende uma mudança de paradigma, pois defende que o modelo econômico vigente é ultrapassado e não contempla os grandes desafios contemporâneos. Ressalta a necessidade de transformarmos o capitalismo, que sustenta a sociedade de consumo, em um sistema sustentável do ponto de vista social e ambiental. representantes e as empresas das quais consomem — ou parando de consumir delas — é fundamental! Afinal, as instituições,sejam elas governos ou empresas, são formadas por pessoas. Pudemos perceber claramente o impacto da ação humana no planeta e a necessidade urgente de mudança de rumo. Diante disso, esperamos sensibilizar e movimentar cada indivíduo em prol de um planeta mais próspero, justo e sustentável. Podcast Antes de finalizarmos, a especialista Juliana Velloso apresenta alguns casos de iniciativas sustentáveis e que minimizam os impactos ambientais em cidades brasileiras e europeias. Referências ALBUQUERQUE, B. P. As relações entre o homem e a natureza e a crise sócio-ambiental. Rio de Janeiro: EPSJV, 2007. ALVES, J. E. D. Antropoceno: a era do colapso ambiental. Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, 16 jan. 2020. BASSI, M. C. P. C.; LOPES, C. C. A sociedade do consumo e suas consequências socioambientais. Caderno PAIC, v. 18, n. 1, p. 100-125, 2017. BAUMAN. Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. CARRANÇA, T. Agrotóxico mais usado do Brasil está associado a 503 mortes infantis por ano, revela estudo. BBC News Brasil, 25 maio 2021. CIDREIRA-NETO, I. R. G.; RODRIGUES, G. G. Relação homem-natureza e os limites para o desenvolvimento sustentável. Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, v. 6, n. 2, p.142-156, 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. IBAMA. Protocolo de Montreal. Brasil, 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. IDEF. Entenda o que é obsolescência programada. 18 jun. 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. População urbana e rural. IBGEeduca. Brasil, 2021. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. IPEA. História Rio- 92. Ano 7, 56. ed. 10 de dez. 2009. LEAL, G. C. de G. et al. O processo de industrialização e seus impactos no meio ambiente urbano. QUALIT@S Revista Eletrônica, v. 7, n. 1, 2008. MENDONÇA, R. Conservar e criar: natureza, cultura e complexidade. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. NAVES, J. G.; BERNARDES, M. B. J. A relação histórica homem/natureza e sua importância no enfrentamento da questão ambiental. Geosul, v. 29, n. 57, p. 7-26, jan./jun. 2014. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. PNUMA. Protocolo de Montreal mira novos desafios após 30 anos de sucesso. 15 nov. 2019. STOCKHOLM RESILIENCE CENTRE. Planetary Boundaries. set. 2021. WWF. Pegada ecológica: nosso estilo de vida deixa marcas no planeta. Brasília, jun. 2013. Explore + Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema: Acesse a página da Pegada Ecológica para realizar sua medição. Pesquise o artigo intitulado Kate Raworth e a economia donut: uma alternativa ao crescimento a qualquer custo, publicado no portal da Firjan, e veja como é estruturada a economia donut. Acesse a página de Stockholm Resilience Centre e, em Planetary Boundaries, aprofunde os conhecimentos sobre limites planetários. Assista ao documentário A História das Coisas, disponível no YouTube, que trata dos impactos gerados pelo consumismo. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Transformações nas organizações e novas tecnologias de gestão Profª. Juliana Velloso Descrição Transformações recentes nas organizações e novas estratégias de gestão socioambiental. Propósito As novas estratégias de gestão da agenda socioambiental empresarial têm adquirido cada vez mais espaço e pressupõem que as empresas atuem além do que a legislação estabelece. Esse conhecimento permitirá que você esteja preparado para lidar com as mudanças e atualizações sobre os novos conceitos de gestão socioambiental. Objetivos Módulo 1 Desa�os sociais e ambientais Reconhecer os principais desafios sociais e ambientais das corporações. Módulo 2 Gestão socioambiental das empresas Identificar as principais ferramentas de gestão socioambiental das empresas. Módulo 3 Sistemas de gestão socioambiental Descrever os instrumentos de monitoramento de sistemas de gestão socioambiental. Módulo 4 Gestão ambiental compartilhada Identificar as características da gestão ambiental compartilhada. A teoria econômica tradicional baseia-se na premissa de que os homens são racionais e agem egoisticamente para maximizar a satisfação de seus interesses. Por essa razão, coube a uma instituição supostamente independente, o mercado, a responsabilidade pelo fluxo de todos os bens e serviços gerados por indivíduos e organizações. Por meio do livre jogo da oferta e da procura, o mercado seria capaz de garantir a distribuição dos bens entre a totalidade dos membros da sociedade, com a consequente satisfação de cada um. Contudo, para seu bom desempenho, o mercado precisa de Introdução 1 - Desa�os sociais e ambientais grande margem de liberdade, não devendo o Estado interferir ou regular seu funcionamento. Sabe-se que, no mundo real, economia e sociedade não estão dissociadas e que o mercado não é uma instituição perfeita. Assim, convidamos você a estudar as transformações nas organizações e as novas estratégias de gestão socioambiental que vêm sendo incorporadas pelas empresas. Inicialmente, abordaremos a importância do gerenciamento dos aspectos sociais e ambientais nas organizações e como é fundamental e crescente o comprometimento dessas instituições, muito além do pagamento dos impostos. Em seguida, apresentaremos as ferramentas de gestão das agendas socioambientais das empresas e as mudanças recentes. Também discutiremos os instrumentos de monitoramento de sistemas de gestão socioambiental e, para finalizar, possibilidades de gestão ambiental compartilhada, explorando a economia circular, mais especificamente o conceito de simbiose industrial. Conhecendo e compreendendo as novas estratégias e ferramentas de gestão socioambiental das empresas, podemos refrear e mitigar os impactos sociais e ambientais, e consequentemente evitar perdas financeiras, reputacionais e de mercado para as corporações, assim como utilizar a força dos negócios para promover soluções para problemas enfrentados pela sociedade contemporânea. Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os principais desa�os sociais e ambientais das corporações. Motivadores da agenda socioambiental empresarial Durante a Conferência de Estocolmo (1972), o representante do governo brasileiro defendeu que o controle da poluição era um entrave ao progresso e articulou a vinda para a cidade de Cubatão, em São Paulo, de indústrias altamente poluidoras, que estavam sendo expulsas dos países desenvolvidos. Naquela época, poluição ainda era sinal de progresso. Conferência de Estocolmo Evento que representou o primeiro alerta de grande repercussão sobre os graves riscos ambientais sofridos pelo planeta. Vista do interior do prédio de Sveriges Riksdag, onde foi realizada a Conferência de Estocolmo. Desde então, muita coisa mudou. Legislações foram instituídas, acordos foram estabelecidos e, com a difusão da tecnologia da informação, a visibilidade das ações do setor privado se tornou muito maior, dando espaço para crescente fiscalização e cobrança por parte da mídia e da sociedade. Além disso, como já demonstrado por meio de diversos estudos sobre as consequências das mudanças climáticas, o custo da inação é geralmente muito maior do que o de agir da forma correta. Assim, e por experiências práticas, o setor privado vem se conscientizando de que o custo financeiro de reduzir o passivo ambiental e de administrar conflitos sociais pode ser mais oneroso do que o custo de "fazer a coisa certa", isto é, de respeitar os direitos humanos e o meio ambiente de todos os povos. Inicialmente, essa mudança de comportamento foi motivada por restrições impostas pela legislação e por pressão da sociedade civil, mas terminou por influenciar o mercado, alterando as bases tradicionais da concorrência. Atenção Se as normas ambientais mais rigorosas representam um custo alto em pagamento de multas e mitigação dos danos ambientais, os acidentes e crimes ambientais provocam
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