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Apostila psicologia geral 2014

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APOSTILA DE PSICOLOGIA GERAL 2014 
 
1 Produzido pelo Grupo de Disciplina de Psicologia Geral (Departamento 
de Ciencias de Educacao e Psicologia) 
 
Dra. Joana Elidio Matavele; Dr. Correia Hermenegildo Correia; Dr. 
Leonel Jone; Dr. Jorge dos Anjos Lufiande; Prof. Doutor Jose 
Matemulane. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente apostila de tem em vista facilitar aos estudantes do cursos de Licenciatura de 
diversas Faculdades a ter conhecimento gerais sobre a Introdução à Psicologia. Trata-se, tão 
somente, de uma contribuição para consulta por parte dos estudantes dos cursos em Regime 
Ensino à Distância (EaD), a decorrer na UP. Pode também servir de instrumento de consulta a 
outros interessados em saber um pouco mais sobre Psicologia como um corpo cientifico que se 
ocupa no estudo do Comportamento humano. Os aprofundamentos teóricos ou práticos poderão 
ser buscados nos materiais sugeridos na bibliografia, assim como em outros recursos. 
Nossa intenção é apenas facilitar a busca dos estudantes no que diz respeito aos 
trabalhos de pesquisa académica. A estrutura deste trabalho, por si só, serve de modelo para 
um trabalho realizado em sala de aula. Além disso, procuramos apresentar e explicar as regras 
para cada parte de um trabalho científico. 
Dada a complexidade dos temas e fenómenos psicológicos, os temas apresentados nesta 
apostila são abordados de uma maneira sintética visando facilitar a leitura e interpretação dos 
mesmos. 
A apostila foi elaborada respeitando ao programa curricular da cadeira de Psicologia 
Geral, orientando-se para os seguintes objectivos: 
a) Objectivos gerais: 
• Conhecer a diferença entre a Psicologia do senso comum e a Psicologia Científica: objecto, 
métodos, tipos de psicologias assim como áreas de aplicação dos conhecimentos 
psicológicos; 
• Conhecer a evolução do pensamento psicológico 
• Saber os fundamentos biológicos, sociais, genéticos do comportamento; surgimento da 
consciência, teorias do psiquismo; 
• Saber o conceito de desenvolvimento, seus factores; desenvolvimento psicosexual; 
psicosocial; cognitivo e moral; 
• Compreender as teorias da personalidade e suas propriedades individuais 
• Conhecer os processos psíquicos cognitivos; 
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Dra. Joana Elidio Matavele; Dr. Correia Hermenegildo Correia; Dr. 
Leonel Jone; Dr. Jorge dos Anjos Lufiande; Prof. Doutor Jose 
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• Dominar conhecimentos referentes à esfera emocional, sentimental da personalidade. 
 
b. Objectivos específicos: 
• Explicar o objecto, os métodos, a estrutura e as tarefas da psicologia científica 
• Relacionar a psicologia com outras áreas de conhecimento 
• Caracterizar as três grandes fases da evolução da Psicologia 
• Explicar as concepções psicológicas a partir do século XVIII 
• Descrever o processo de desenvolvimento e seus factores 
• Caracterizar o grupo, o colectivo e as relações sociais e interpessoais dentro do grupo 
• Demostrar as diferenças entre desenvolvimento cognitivo, psicosocial, psicossexual e 
moral 
Segundo afirmamos, o módulo está organizado de forma que facilite a consulta, 
obedecendo a lógica de agrupamento temático das matérias. O texto apresenta a seguinte 
estruturação dos conteúdos programáticos: 
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS 
Tema 1: A Psicologia como Ciência 
❖ Psicologia do senso comum e Psicologia Científica 
❖ O objecto e importância da Psicologia 
❖ Estrutura e tarefas da psicologia e métodos da Psicologia 
❖ Resenha histórica sobre a origem e desenvolvimento da Psicologia 
❖ Algumas teorias da Psicologia 
Tema 2: Desenvolvimento do Psíquico e da Consciência Humana 
❖ O Homem como unidade bio-psico-sócio-cultural; 
❖ Fundamentos bioló gicos da conduta; 
❖ Psico-fisiologia do sistema nervoso; 
❖ O papel da hereditariedade e do meio na conduta; 
❖ Desenvolvimento filogenéntico do psíquico e suas teorias; 
❖ Surgimento da consciência no processo da actividade humana 
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Tema 3: Psicologia Evolutiva/Desenvolvimento 
❖ Conceito de Desenvolvimento; 
❖ Factores do desenvolvimento e de crescimento; 
❖ Desenvolvimento e a socialização; 
❖ Desenvolvimentos (cognitivo, psicosocial, psicosexual moral) 
❖ Teorias do desenvolvimento humano 
Tema 4: Psicologia da Personalidade 
❖ Conceitos da personalidade e sua estrutura; 
❖ Génese e evolução da Personalidade 
❖ Factores gerais que influenciam a Personalidade; 
❖ Teorias da Personalidade; 
Tema 5: Processos Psíquicos/Cognitivos 
❖ Conceito de sensação, percepção, memória, pensamento, imaginação; 
❖ Leis, características, propriedades ou particularidades dos processos psíquicos; 
❖ Teorias dos processos psíquicos; 
❖ Perturbações dos processos psíquicos; 
❖ Pensamentos e linguagem, suas relações, aquisição e desenvolvimento 
Tema 6: Esfera Emocional, Sentimental e Volitiva da Personalidade 
❖ Conceitos de Sentimento, Emoção e Vontade 
❖ Bases fisiológicas dos Sentimentos, Emoções e Vontade 
❖ Funções dos Sentimentos, Emoções e Vontade 
❖ Características das Emoções, dos Sentimentos e da Vontade 
❖ Teorias e tipos de Emoções, Sentimentos e da Vontade 
❖ Diferenças entre Emoções humanas dos animais 
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A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA 
Ciência e Senso Comum 
Antes de iniciarmos o estudo da Psicologia (nosso propósito neste trabalho), mostra-se 
importante apresentarmos de forma breve uma visão básica sobre ciência, para que possamos 
compreender a Psicologia como ramo científico. 
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno 
qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em 
nossa vida quotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras 
de livros e artigos diversos. 
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e 
transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por 
diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar 
um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registar nossas próprias experiências e 
passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos 
diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos, dos leões, e outros animais considerados 
irracionais; precisamente porque não têm a capacidade pensante, que caracteriza o homem. 
Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie humana, 
permitimo-nos também ao pensar e, por consequência, a ordenação e a previsão dos fenômenos 
que nos cerca. 
Existem diferentes tipos de conhecimentos: 
O senso comum: conhecimento da realidade 
Existe um modo de vida que pode ser entendido como a vida por excelência: é a vida do 
quotidiano. É no quotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que 
sentimos a realidade. 
Quando fazemos ciência baseamo-nos na realidade quotidiana e pensamos sobre ela. O 
conhecimento do quotidiano (senso comum) e o conhecimento científico aproximam-se e 
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afastam-se contemporaneamente. Aproximam-se enquanto a ciência se refere á realidade e 
afastam-se enquanto a ciência abstrai a realidade para compreender melhor, isto é, 
transforma a realidade em objecto de investigação permitindo a construção do 
conhecimento científico sobre o real. 
Sem o conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativa e erros, a nossa vida quotidiana 
não teria o devido sentido, de vida. 
A esta experiência acumulada no quotidiano chamamos de senso comum, ou seja, é o 
conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros que facilitam a nossa vida no dia-a-dia. 
(imaginemos ter que pensar sempre que atirando algo da janela cai; que o carro em velocidade 
se aproxima, etc.). Esta experiência torna-se hábito e passa de geração em geração e assim 
o senso comum vai construindo suas «teorias» médicas, físicas, psicológicas (poder de 
persuasão de um vendedor, um amigo que escuta bem, etc.). 
O conhecimento intuitivo não é suficiente para as exigências do desenvolvimento 
humano; 
Os gregos, por volta do século 4 a.C. já dominavam complicados cálculos matemáticos, 
ainda hoje difíceis, mas eles precisavam entender para resolver problemas arquitectónicos, 
navais, agrícolas, etc. Com o tempo tais conhecimentos especializaram-se, até atingirem um 
nível de satisfação que permitiu ao Homem de atingir a lua. A este tipo de conhecimento, que 
definiremos com mais cuidado logo adiante, chamamos de Ciência. Deste modo foram-se 
constituindo várias áreas de conhecimento, entre as quais podemos citar: 
▪ Filosofia - Forma mais geral de perceber e compreender a natureza.. A expeculação em 
torno deste tema forneceu um corpo de conhecimentos denominados de filosofia. A 
Filosofia é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre 
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do 
universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Leis mais gerais sobre os 
componentes do conhecimento, por exemplo os gregos se preocuparam com a origem e 
o significado da existência humana 
▪ Religião - Formulação de um conjunto de conhecimentos sobre a origem do Homem, 
seus mistérios, princípios morais. A fonte destas tradições e crenças é a Bíblia (registo 
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do conhecimento religioso judaico-cristão), base da conduta para muitos, diferente da 
história. É um conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por 
sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de 
cada indivíduo. 
▪ Ciência (Conhecimento Científico) - procura conhecer, além dos fenómenos, suas 
causas e leis. É o conhecimento racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. 
Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. 
▪ Arte - traduz a emoção, o belo e a sensibilidade, na prehistória encontramos desenhos 
do corpo humano nas paredes das cavernas que exprimiam tal sensibilidade e emoção. 
▪ Ética (moral) - valores morais, normas de conduta. 
Ciência, Arte, Etica, Religião, Filosofia, e Senso Comum são domínios do conhecimento 
humano. Nosso objectivo é definir a Psicologia como ciencia. Para tal constitui imperativo 
analisar o que é ciencia?”, para que possamos compreender a psicologia como ciência. 
A CIÊNCIA 
Como as explicações mágicas, baseadas no senso comum, não bastavam para 
compreender os fenômenos, os seres humanos evoluíram para a busca de respostas através de 
caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência, metódica, que 
procura sempre uma aproximação com a lógica. 
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta 
característica permite que os seres humanos sejam capazes de refletir sobre o significado de 
suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a 
seus descendentes. 
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua 
característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por 
sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência. 
Ciência: do latim «scire» que significa conhecimento, pode ser definida como o 
conjunto de conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de estudo) 
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expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser 
obtidos de forma: 
Características da Ciência 
A Ciência é racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. Sua origem está nos 
procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o 
Conhecimento Científico: 
❖ - É racional e objetivo. 
❖ - Atém-se aos fatos. 
❖ - Transcende aos fatos. 
❖ - É analítico. 
❖ - Requer exatidão e clareza. 
❖ - É comunicável. 
❖ - É verificável. 
❖ - Depende de investigação metódica. 
❖ - Busca e aplica leis. 
❖ - É explicativo. 
❖ - Pode fazer predições. 
❖ - É aberto. 
❖ - É útil (Galliano, 1979, apud Paiva Bello, 2004;s/p). 
A ciencia é um processo; facto que um novo conhecimento é produzido sempre a partir 
de algo anteriormente desenvolvido onde negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos 
aspectos, e assim a ciência avança; 
A Ciência deve verificar a objectividade; suas as conclusões devem ser passíveis de 
verificação e isentas de emoções, para tornarem-se válidas para todos. 
A Ciência possui objecto específico, linguagem rigorosa/técnica; possui métodos e 
técnicas específicas, 
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O processo cumulativo do conhecimento, objectividade fazem da ciência uma forma 
de conhecimento que supera em muito o senso comum = características que permitem que 
denominemos científico a um conjunto de conhecimentos. 
Não existe um divisor nítido entre o conhecimento empírico e científico, visto que a 
pesquisa científica não se realiza no «vácuo intelectual», mas sempre está mergulhada em um 
contexto – o conhecimento científico nasce, em ultima instância, de problemas observados e 
acontecimentos encontrados na experiência humana. 
Objectivos/propósitos da Ciência 
1. oferecer uma explanação objectiva, factual e útil do universo. Neste caso, ela procura 
uma explanação verificável dos fenómenos naturais e sociais, diferentes, pois, da 
abordagem artística, religiosa, etc. (central) 
2. Controlar – controle prático da natureza e vida social (ervas daninhas-agricultura; 
inseminação artificial, clonação (pecuária).... 
3. Descrever, compreender o mundo - curiosidade natural do Homem, compreender o 
mundo, tornando-o inteligível é uma necessidade, é possível compreender o mundo 
somente se conhecemos a relações e inter-relações das variáveis dos fenómenos 
estudados – como controlar a malária, por exemplo, se não forem descritas as suas 
características ou os seus sintomas, se não for conhecida a causa e a evolução da 
doença? 
4. Prever: a sistematização objectiva da ciência permite uma generalização no espaço e no 
tempo e graças a este objectivo muitas vidas tem sido salvas de terremotos,maremotos, 
vendavais, etc. 
Conceito de Psicologia 
Depois desta breve alusão geral à noção de Ciência, iniciemos agora o estudo da 
Psicologia. 
O termo Psicologia é de origem grego-latino, e etimologicamente pode traduzir-se no 
seguinte: psiychè = alma; logia= logos= estudo ou ciência. Assim, a palavra Psicologia significa 
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estudo da alma ou ciência da alma, ciência que estuda as ideias, sentimentos, e determinações 
cujo conjunto constitui o espírito humano. 
Esta definiçao permaneceu até aos meados do séc. XIX devido ao seu desenvolvimento 
`condicionado´com a Filosofia. 
Como uma ciência autónoma com um objecto de estudo e métodos próprios de 
investigaçao, ela é definida como ciencia que estuda o comportamento do homem e dos 
outros animais. 
A psicologia supõe-se a outras ciências sociais, especialmente a sociologia. Mas, 
enquanto a sociologia concentra sua atenção nos grupos, processos grupais e forças sociais os 
psicólogos sociais concentram-se nas influências que os grupos e a sociedade exercem sobre 
os indivíduos. A ênfase da psicologia está no ser humano a diferença dos fisiológos (biologia 
) que se concentram no sistema nervoso, cérebro, memória, atenção, movimento, fome, impacto 
das drogas, etc.. 
Actualmente a psicologia é definida como a ciência que se concentra no comportamento 
e nos processos mentais – de todos os animais. 
o Ciência: enquanto a ciência oferece procedimentos disciplinados e racionais para a 
condução de investigacoes válidas e a construçao de um corpo de informaçães coerentes 
e coesas. 
o Comportamento: abrange tudo o que pessoas e animais fazem: conduta, emoção, 
formas de comunicação, processos de desenvolvimento. 
Assim, o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento dos seres vivos 
especificamente homens e animais, isto é, a Psicologia estuda a resposta ou conjunto de 
respostas observáveis de um individuo ou de um grupo, a uma situação ou estímulo. 
o Processos mentais - incluem formas de cognição ou formas de conhecimento, de entre 
elas: perceber, participar, lembrar, raciocinar, ou resolver problemas. Sonhar, fantasiar, 
desejar, ter esperança são também processos mentais. 
Importância da Psicologia 
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Por ser uma ciência multiperspectiva e se aplicar em todas as áreas da vida humana, tais 
como no Ensino, na Saúde, na Família, no Comércio, no Desporto, etc., a Psicologia possui uma 
vasta importância. 
• No ensino permite ao professor conhecer as particularidades individuais dos alunos para 
melhor planificar e administrar as aulas, identificar e resolver os problemas de 
aprendizagem segundo o desenvolvimento dos alunos e fazer uma avaliação do processo 
de ensino e aprendizagem. 
• Na saúde permite ao profissional de saúde estabelecer uma melhor comunicação com 
o paciente e vice-versa. 
• Para os governantes a Psicologia permite uma óptima comunicação com as massas. 
• Também permite ao Homem conhecer-se a si próprio e a natureza de diferenciação 
dos outros Homens; ajuda o Homem a resolver os seus problema s do dia – a- dia, 
conhecer a forma de agir de cada um, as tendências compartimentais, as atitudes, as 
motivações dos outros Homens. 
Objecto de Estudo da Psicologia 
O objecto ou assunto de estudo de uma determinada ciência é a realidade ou o aspecto 
da realidade que ela se propõe a estudar, descrever ou explicar. 
Para compreender o objecto de estudo da Psicologia é preciso compreender a 
diversidade de objectos definidos por várias correntes psicológicas; 
A diversidade dos objectos de estudo da psicologia 
• Behaviorismo ou comportamentalismo: segundo estes teóricos o objecto de estudo 
da Psicologia é o comportamento ; 
• Psicanálise: para esta escola o objecto de estudo da psicologia é o inconsciente. 
• Outros psicólogos: o objecto de estudo da psicologia é a consciência ou ainda a 
personalidade humana. 
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Razões da dificuldade de definicão do objecto 
• Por ser uma área de conhecimento cientifico que se constituiu recentemente (final do 
sécu 19) não obstante a sua existencia dentro do da filosofia como preocupaçao humana; 
• Outro motivo que dificulta a definição do objecto de estudo da Psicologia é o facto do 
cientista – o pesquisador confundir-se com o objecto a ser pesquisado – a concepçao 
do Homem `contamina` inevitavelmente a sua pesquisa; 
• Em terceiro lugar esta dificuldade justifica-se pelo facto dos fenómenos psicológicos 
serem tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação, não 
podem ser sujeitos aos memos psdrões de descrição, medida, controle e interpretação. 
A Subjectividade como objecto de estudo da Psicologia 
Considerando toda esta dificuldade na definição única do objecto da psicologia, podemos 
considerar como objecto a subjectividade. 
A identidade da Psicologia é o que diferencia dos demais ramos das ciências humanas, 
e pode ser obtida considerando que cada um desses ramos enfoca o Homem de maneira 
particular (economia, política, história) trabalham essa matéria-prima de maneira particular, 
construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A psicologia colabora com o 
estudo da subjectividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a 
compreensão da totalidade da vida humana. 
A subjectividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo 
conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural. É 
a síntese que nos identifica por ser única e nos igua-la na medida em que os conhecimentos que 
a constituem são experienciados no campo comum da objectividade social. É o mundo de ideias, 
significados, emoções, construído inteiramente pelo sujeito a partir das suas relações sociais, 
suas vivências e sua constituição biológica. É a fonte das manifestações afectivas. A 
subjectividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar, e de fazer de cada um. É 
o nosso modo de ser. 
Entretanto a subjectividade não é inata. Ela se constrói, apropriando-se do material do 
mundo social e cultural. 
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A subjectividade em Psicologia é vista em dois níveis: subjectividade social e individual. 
A subjectividade individual representa o espaço pessoal dos sentidos que se atribui ao mundo 
real (valor, cultura, experiência, ideias) e a subjectividade social é comparável com o sentido 
que a sociedade atribui ao mundo real. 
Estrutura e Tarefas da Psicologia 
Psicologia industrial: estuda a estruturação do trabalho, a conduta dos trabalhadores, 
a selecção dos trabalhadores, o incremento da produção e da produtividade, a avaliação dos 
funcionários e as greves dos trabalhadores. 
Psicologia pedagógica (escolar) ou de aprendizagem: estuda as leis psicológicas de 
ensino e de educação do Homem.Estuda a formação do raciocínio dos alunos, os problemas 
do governo do processo de assimilação dos meios e dos hábitos da actividade intelectual, revela 
os factos psicológicos que influenciam o processo de aprendizagem, as relações dentro da 
colectividade de alunos, as diferenças psicológico individuais dos alunos, as particularidades 
psicológicas da educação e do ensino das crianças com desenvolvimento psiquismo anormal. 
Em suma: estuda a problemática psicológica no quadro escolar. Tenta compreender os 
problemas de adaptação, de relações e de aprendizagem. 
Psicologia clínica: dedica-se a prevenção e terapia dos desajustamentos de conduta 
qualquer que seja o seu grau de gravidade. 
Psicologia social: estuda a conduta humana na perspectiva de grupos de colectividades. 
Investiga o processo de interacção entre membros do grupo e as influências grupais sobre a 
dinâmica dos individuais. 
Psicologia jurídica: analisa as questões psicológicas relacionadas com a realização do 
sistema do direito 
Psicologia militar: estuda a conduta do Homem no campo de combate, os aspectos 
psicológicos das relações entre os chefes e os subalternos, os problemas psicológicos de uso 
de materiais de guerra. 
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Psicologia experimental: estuda os princípios psicológicos básicos; ( sensação, 
percepção, atenção, motivação, memória, pensamento, pensamento e emoções) em situação 
laboratorial visando a solução de problemas práticos de dia-a-dia da humanidade. 
Psicologia do desporto: analisa as particularidades psicológicas do indivíduo e da 
actividade dos desportistas, as condições e os métodos da sua preparação psicológica, os 
parâmetros psicológicos de preparação e da capacidade do desportista e os factores 
psicológicos relacionados com a organização de competições. 
Métodos da Psicologia 
O estudo da Psicologia como ciência pressupõe o uso de métodos, que possa facilitar a 
análise do seu objecto de estudo, os fenómenos psiquicos (memória, percepção, a sensação, o 
pensamento, assim como a imaginação) que numa só linguagem são reduzidos em 
comportamentos. 
Método: na perspectiva psicológica é o caminho ou via utilizado para exclarecer as 
manifestações ou causas de um comportamento, de manifestações psíquicas. 
Em psicologia, o conjunto dos métodos específicos engloba todos aqueles que 
frequentemente são usados pelos psicólogos como: 
a) Introspecção ou método introspectivo 
Descrição cuidadosa dos fenómenos psíquicos que os estados da consciência 
acusavam, mas feita pelo próprio indivíduo. Consiste na orientação da consciência reflexiva para 
aquilo que se passa em nós, ou seja, concentração do espírito sobre si mesmo para analisar os 
fenómenos que o indivíduo experimenta. 
É a observação e a descrição que o indivíduo faz dos seus estados psíquicos. Supõe um 
desdobramento do sujeito que é ao mesmo tempo observador e observado. O sujeito é o próprio 
objecto. 
A introspecção pode ser pessoal ou laboratorial. A introspecção pessoal consiste na auto-
análise, isto é na observação interior e análise. Na introspecção laboratorial o experimentador 
(sujeito) estabelece as condições de experiência, anota e interpreta os resultados. 
b) Extrospecção ou método extrospectivo (de Expressão) 
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Consiste na observação, descrição e explicação dos comportamentos dos outros. 
Portanto, as manifestações exteriores do sujeito, são devidamente anotadas por um observador. 
c) A observação (Método de observação) 
A observaçâo como método em psicologia consiste na percepção directa ou indirecta, 
atenciosa, racional, planificada e sistemática, das manifestações do comportamento nas suas 
condições naturais, com o objectivo de dar uma explicação científica da sua natureza. 
d) A experimentação (Método experimental) 
Consiste na relação entre o objecto de investigação e a situação experimental com o 
objectivo de descobrir a natureza dessa relação e as variáveis das quais ela depende. Pressupõe 
a possibilidade de intromissão activa do pesquisador na actividade da pessoa submetida a 
experiência. 
Ë a actividade na qual o investigador provoca o fenómeno a estudar e controla os 
possíveis factores e condições que podem incidir na sua produção e desenvolvimento com o 
objectivo de conhecer a natureza interna do processo psíquico e desta forma descobrir as leis 
objectivas que o explicam. 
A experimentação como método em psicologia usa-se geralmente em estudo de casos 
ao nível animal porque é difícil manipular o comportamento humano, por razões morais, éticas 
até mesmo razões ligadas á saúde. 
e) Método estatístico 
Usa-se para fazer o estudo ao nível dos grupos maiores, isto é, para a compreensão de 
fenómenos de massa. 
f) Método de entrevista 
É uma conversação entre investigador e o sujeito investigado através da qual o 
investigador obtem informações sobre o psiquismo. Geralmente se utiliza para enriquecer e 
aprofundar a informação obtida a partir da obsrvação e experimentação. Ela permite a obtenção 
directa dos dados. O investigador faz a pergunta e o entrevistado apenas responde a pergunta. 
g) Questionário 
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Consiste num conjunto de perguntas cujo conteúdo e extensão dependem dos objectivos 
da investigação e se aplica como substituto da entrevista quando se trabalha com amostras 
grandes. 
h) Método comparativo 
Serve para fazer extrapolação de uma conclusão feita sobre o estudo de um animal para 
relacionar ao Homem, permite a formação de um perfil comportamental. 
i) Método analítico ou psicanalítico 
É um método interpretativo que busca o significado oculto, isto é, que torna claro o 
significado daquilo que é manifestado por meio das palavras e acções. 
j) Testes psicológicos 
Consistem num sistema de tarefas, perguntas, seleccionadas, que tem como objectivo a 
avaliaçào e comparação de sujeitos quanto a qualidade da personalidade, habilidades, nível de 
desenvolvimento intelectual, efectuando-se esta comparação sobre a base de normas 
estabelecidas previamente. 
Existem testes psicológicos para medir tanto aspectos cognitivos como aspectos 
afectivos da personalidade. 
Os testes psicológicos não consistem em obter dados novos que serão necessários para 
o aprofundamento dos conhecimentos científicos, mas sim em estabelecer as qualidades 
psicológicas da pessoa submetida á experiência para se analisar se corresponde ou não as 
normas ou padrões revelados anteriormente 
Este grupo de testes é utilizado para revelar a existência ou a ausência de certas 
capacidades, aptidões, caracterizar com o máximo de precisão certas qualidades do indivíduo 
para exercer certa profissão, etc. Podem ser: testes de inteligência, de capacidades, de aptidões, 
de personalidade. 
k) Métodos de estudo individual ou histórico do caso 
Neste método são empregue muitos métodos e técnicas combinadas. Para se estudar o 
comportamento de um indivíduo importa conhecer o maior número possível de factos sobre o 
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mesmo, a fim de que possam ser compreendidas as principais forças e influências que orientam 
seu desenvolvimento. 
O estudo do caso é frequentemente empreque pelo orientador educativo, visando ajudar 
os alunos na solução de seus problemas. 
Podemos citar também alguns métodos particularmente usados na Psicologia de 
desenvolvimento, que é um ramo da Psicologia; atraves do qual se estuda o desenvolvimento 
humano 
l) Métodos longitudinais 
É um processo de observação que se faz no sentido de duração. Os estudos longitudinais 
têm fornecido informações excelentes e decisivas para a explicação e compreensão do 
desenvolvimento humano, quer relactvamente ao crescimento físico e desenvolvimento dos 
processos cotgnitivos, quer sobre a evolução da personalidade e a aquisição da linguagem. Este 
método procura seguir os sujeitos, em intervalos de tempo convenientemente escolhidos, para 
determinar a curva ou lei de crescimento e e desenvolvimento. 
O Método longitudinal estuda, no tempo, em períodos mais ou menos espaçados, o 
comportamento dos sujeitos ou amostragens de sujeitos. 
m) Métodos de corte ou de selecção transversal 
Trata-se de um tipo de observação que pode estudar um grande número de sujeitos num 
espaço de tempo relactivamente curto. Por exemplo, no mesmo espaço de tempo, o investigador 
pode observar diferentes ou vários aspectos da estrutura do sujeito em diferentes faixas etárias 
através de amostragens significativas. Pode observar crianças dos 0 aos 2 anos, de 1 aos 3 
anos, dos 2 aos 4 anos sob um determinado número de aspectos da sua personalidade e 
estabelecer curvas de desenvolvimento através de processos estatísticos de cada um desses 
aspectos e do seu conjunto como integrantes ou componentes de uma mesma estrutura, a 
estrutura da personalidade. 
n) Métodos mistos (perspectiva eclética) 
Esta perspectiva de uso de métodos é baseada particularmente no recurso a diversos e 
variados métodos de estudo. São aplicados simultaneamente um tipo de método em conjugação 
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com outros métodos. Os métodos são usados em forma de complementariudade entre um e 
outros, permitindo o alcance de vários resultados. 
Relação da Psicologia com outras Ciências 
A Filosofia, a Antropologia, a História, a Sociologia e a Biologia, estão entre as ciências 
que contribuem para a compreensão do comportamento humano, em particular. Vejamos a 
possível relação que se estabelece: 
Filosofia: a correlação que existe entre o corpo e a alma na Filosofia vai permitir de modo 
que a psicologia especule e forneça hipóteses empiricamente testados. Neste sentido, pode-se 
afirmar que a Filosofia forneceu á psicologia os primeiros quadros conceptuais. 
Antropologia: interessa-se pelas formas culturais dos povos. Esses dados são 
importantes porque dão ao psicólogo a consciência da relactividade cultural dos valores, dos 
motivos, das aspirações dos indivíduos, o que obriga a ter presente a influência da cultura no 
comportamento do indivíduo. 
História: permite-nos conhecer o desenvolvimento do Homem através dos tempos e 
compreender a partir dessa evolução as características actuais das várias realidades sociais que 
influenciam no comportamento do indivíduo. 
Sociologia: estuda a sociedade, as instituições sociais, a estrutura dos grupos e o seu 
funcionamento. Estuda, também, o comportamento humano na perspectiva dos grupos. 
Biologia: estuda o funcionamento e a estrutura do Sistema Nervoso, as glândulas 
secretoras e o seu funcionamento. O sistema nervoso capta estímulos, os organiza e emite 
respostas ou actos de conduta e, a secreção de hormonas permite que Sistema Nervoso fique 
estimulado numa determinada direcção. 
Um dos principais ramos da Biologia que se relaciona com a Psicologia é a Genética. A 
Genética estuda os processos hereditários subjacentes ao comportamento. Esquematicamente: 
 
 
 
FILOSOFIA 
Estudo do Homem 
HISTÓRIA 
Importância do factor 
tempo e espaço social 
PSICOLOGIA 
Estudo do 
comportamento 
BIOLOGIA 
Estudo do S.N. e glândulas 
secretoras; Processos 
hereditários no 
comportamento 
ANTROPOLOGIA 
Influência da cultura no 
comportamento 
SOCIOLOGIA 
Influências sociais no 
comportamento 
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Evolução da Ciência Psicológica 
 
1. Os Grandes Períodos de Evolução da Psicologia 
Pode-se considerar três grandes períodos/fases da evolução da psicologia. 
Fase filosófica 
É a fase relacionada com a Ética e a Filosofia. Compreendia o estudo da natureza dos 
reflexos da mente e da alma. Era um saber especulativo, de carácter racional. Os filósofos 
explicavam os fenómenos da natureza (formação de cosmos e origem do próprio Homem) de 
forma mitológica. O saber psicológico estava envolto à vasta área do conhecimento filosófico, 
portanto, classificado como especulativo, por nãso poder provar suas conclusões. 
Fase pré-científica (psicologia empírica) 
Dedicava-se ao estudo dos factos psíquicos que eram interpretados com base na 
experiência do dia-a-dia, isto é, do quotidiano vivido. É nesta fase que se abre o caminho para a 
cientificidade da psicologia. A interpretação e consequenteconhecimento dos fenómenos 
psíquicos era fundamentada em parte pelo saber filosófico, influenciado pela experiência 
quotidiana (social e reflexão sistemática) dos cientistas. 
Fase científica 
Estuda os fenómenos e processos psíquicos, descreve-os, explica e estabelece as 
relações causa-efeito. Nesta fase a psicologia torna-se ciência autónoma: define o seu objecto 
de estudo, métodos e técnicas próprias, leis e princípios que regem o estudo da psicologia, utiliza 
uma linguagem rigorosa e determina os seus objectivos e finalidades. 
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Contribuiu de forma marcante para a cientificação da Psicologia a institucionalização, pelo 
psicofisiologista alemão Wilhelm Wundt, em 1879, de um laboratório de Psicologia, na cidade 
alemã de Leipzig. O laboratório permitiu o desenvolvimento de métodos de estudo próprios, a 
reverificação do objecto de estudo, e concequente afirmação de seu conceito como ciência que 
estuda os fenómenos psiquicos, ou simplesmente, estudo do comportamento. 
2. O Pensamento Psicológico Antes e Depois do Século Xviii 
Psicologia e História 
Por de trás de qualquer produção humana material ou espiritual (cadeira, computer, 
religião), existe sempre uma história 
Cada um tem uma história pessoal, longa ou curta, a psicologia tem cerca de dois mil 
anos de história 
Para compreender a psicologia é necessário compreender a sua história, história essa 
que está ligada a cada momento histórico, ás exigências do conhecimento da humanidade, as 
demais áreas de conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade 
económica e social e pela insaciável necessidade do Homem de compreender a si mesmo. 
A Psicologia entre os Gregos 
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. 
Defacto, os avanços permitem que os cidadãos se ocupem de coisas do espírito, como a 
filosofia e a arte – homens como, Sócrate, Platão, Hipócrate e Aristóteles dedicam-se a 
compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou 
a especular o Homem e a sua interioridade. O próprio termo Psiché= alma e logos= logos 
(razão), portanto etmologicamente Psicologia significa `estudo da alma``. 
Filósofos pré-socráticos - preocupam-se em definir a relação do Homem com o mundo 
através da PERCEPÇAO = o mundo existe porque o Homem o vê ou o Homem vê o mundo que 
já existe – oposição entre idealistas ( a ideia forma o mundo) e materialistas (a matéria que 
forma o mundo já ´dada para a percepção). 
Sócrate (496-399 a.C.) 
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Com ele a Psicologia na antiguidade ganha consistência: segundo Sócrate o que 
distingue o Homem do animal é a RAZÃO porque permite ao Homem de sobrepor-se aos 
instintos, que seriam a base da irracionalidade – definindo a razão como essência e peculiaridade 
do Homem, Sócrate abre um caminho que será explorado pela Psicologia: fruto desta reflexão 
são por exemplo, as Teorias da consciência que de certa forma são resultado desta 
sistematização na Filosofia. 
Platão (427-347 a.c) 
Discípulo de Sócrate, procura o «lugar» para a razão no nosso corpo (cabeça), onde se 
encontra a ALMA do Homem. A medula será o elemento de ligação da alma com o corpo - 
este elemento era necessário porque Platão concebia a alma separa do corpo (dualismo). 
Quando alguém morria a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro 
corpo (reincarnação). 
Hipócrate e a Teoria dos Humores (496-361 a.c) 
Uma análise mais acurada das diferenças individuais, estreitamente ligadas a uma 
reflexão mais sistemática na relação mente-corpo, foi feita com Hipócrate de Cosmes. Médico e 
a sua ciência era finalizada á medicina, mas, enquanto filósofo, funda uma verdadeira e própria 
ciência do Homem onde confluíram observações sociológicas, psicológicas e fisiológicas. O 
contínuo esforço de síntese e de sistematização de tais observações não tiveram precedentes 
na história do pensamento humano e permanecerão em seguida apreciados por um período de 
20 séculos. 
Todavia, a medicina hipocrática passou na história como aquela que se baseava na 
teoria dos quatro humores. 
Hipócrate defende que existem 4 humores no corpo humano: o sangue, a fleuma, a bílis 
amarela e a bílis preta. Segundo a prevalência de cada um destes elementos sobre o outro a 
pessoa desenvolverá um certo temperamento que poderá ser respectivamente: sanguíneo, 
fleumático, colérico e melancólico e também vários tipos de predisposições á doença. O 
Homem é «são» quando estes humores estão «reciprocamente bem temperados por 
propriedade e quantidade» e a mistura é completa. Contrariamente a isto o Homem é doente 
quando existe excesso ou defeito destes elementos. 
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Mais importante ainda são os seus estudos neurológicos. Numa das suas obras afirma 
que o cérebro é o órgão mais potente do corpo e que os órgão de sentido actuam em base á sua 
capacidade de discernimento. Ainda nesta obra Hipócrate descreve os delírios e alucinações e 
afirma na dependência de anomalias das faculdades intelectuais dos traumas crânicos. 
Com estas afirmações, Hipócrates põe em relevo uma concepção que se está afirmando 
no pensamento grego, isto é, que o Homem é parte da natureza e pode ser estudado com os 
métodos da ciência natural. Esta concepção encontrou a sua expressão mais forte em 
Aristóteles. 
Aristóteles (384-322 a.c) 
Discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da filosofia – 
superou o dualismo da dissociação entre a alma e o corpo (inovação). Para ele a psyché era o 
princípio activo da vida, isto é, tudo aquilo que cresce, se reproduz e alimenta possui a sua 
psyché ou alma (vegetação, animais, Homem, possuem alma: 
▪ alma vegetativa – vegetais: função reprodutiva e alimentar 
▪ alma sensitiva – animais: função de percepção e movimento 
▪ vegetativa, sensitiva + racional – função pensante 
Aristóteles estuda as diferenças entre a RAZÃO, PERCEPÇÃO E SENSAÇÕES, estudo 
sistematizado no “Da Anima” o qual pode ser considerado o primeiro tratado de Psicologia. 
Portanto, 2300 anos antes do advento da Psicologia Científica, os gregos já haviam 
formulado duas “Teorias”: Platónica – que postulava a imortalidade da alma e a concebia 
separada do corpo, e a Aristotélica – que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de 
pertecimento ao corpo. 
 
A Psicologia no Império Romano 
O império romano nasce ás véspera da era cristã, domina parte da Grécia, Europa e do 
Oriente Médio 
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Característica deste período é o advento do cristianismo. Força religiosa que passa á 
força política dominante que não obstante as invasões barbarias de 400 d.C, que levam á 
degradação territorial e económica, o cristianismo sobrevive e até se fortalece, tornando-se a 
religião principal da Idade Média, período que então se iniciara: 
Falar da psicologia neste período é relacionada ao conhecimento religioso, o qual 
dominando o poder económico e político monopolizava também o saber e, consequentemente o 
estudo do psiquismo. 
Santo Agostinho (354-430 d.C) 
Inspirado em Platão faz cisão entre corpo e alma, a diferença para ele é que a alma, não 
é somente a sede da razão mas também a prova de uma manifestação divina no Homem. A alma 
era imortal por ser o elemento que liga o Homem á Deus e sendo a alma também a sede do 
pensamento a Igreja passa a se preocupar também com a sua compreensão. 
São Tomás de Aquino (1225-1274) 
Vive numa período que preanuncia a ruptura da Igreja católica, o advento do 
protestantismo – época que prepara a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e 
a revolução industrial na Inglaterra. Perante esta crise social e económica a Igreja devia 
encontrar novas justificações em relação ao conhecimento como a relação com Deus e o 
Homem. São Tomas d’Áquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência 
– como Aristóteles, ele considera que o Homem, na sua essência, busca a perfeição através da 
sua existência mas introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrario de Aristóteles, afirma que 
somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, 
a busca da perfeição do Homem seria a busca de Deus. 
S. Tomás encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua 
garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo. 
A Psicologia do Renascimento 
+ 1200 depois da morte de S. Tomás inicia uma época de transformações radicais no 
mundo europeu: RENASCIMENTO ou RENASCENCA – o mercantilismo, e a descoberta de 
novas terras (América, Índia, Rota pacífica) propicia a acumulação das riquezas para a Franca, 
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Itália, Inglaterra, Franca, Espanha. Na transição para o capitalismo emerge nova forma de 
organização social e económicas, dá-se também um processo de valorização do Homem. 
As transformações ocorrem no sector humano: 
+ 1300 Dante escreve a “Divina Comédia” 
+ 1475-1478 - Leonardo da Vinci pinta o “” quadro da Assunção” 
+ 1513 – Maquiavel escreve o “Príncipe”, obra clássica da política 
 Alguns marcos que definiram o avanço da ciência: 
• 1543 – Copérnico mostra que o nosso planeta não é o centro do universo 
• 1610 Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras experiências da física 
moderna – avanço que principia o inicio da sistematização do conhecimento científico 
- começam a estabelecer-se métodos e regras básicas para a construção de 
conhecimento cientifico. 
René Descartes (1596-1659) 
um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência postula a separação entre 
a mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o Homem possui uma substancia material e 
e uma substancia pensante e que o corpo, desprovido do espírito era somente uma máquina 
- dualismo corpo e mente que torna possivel o estudo do corpo humano morto, o que era 
impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede 
da alma) e dessa forma possibilita o avanço da anatomia e da fisiologia que inicia a contribuir 
muito para o progresso da Psicologia. 
A Origem da Psicologia Científica 
No século XIX, o papel da ciência torna-se necessário devido ao crescimento na ordem 
económica – CAPITALISMO que traz a INDUSTRIALIZAÇAO. A ciência deve dar novas 
respostas e soluções práticas no campo da técnica. Para melhor compreensão, analisemos as 
características da sociedade nalgumas fases do desenvolvimento influenciadas pela política 
social e económica: 
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PERÍODO FEUDAL: 
Caracteriza-se pela: 
• Produção de subsistência 
• Relação Senhor feudal – servo 
• Sociedade estável 
• Papéis ascristos 
• Hierarquia – base de verdade; centralização do poder; 
Esse mundo fechado é o universo finito, reflectia e justificava a hierarquia social 
inquestionável do fundo. 
PERÍODO do CAPITALISMO 
Põe o mundo em movimento com a necessidade de abastecer os mercados e produzir 
mais. algumas caracteristicas desta fase: 
▪ Buscou nova matéria – prima na natureza 
▪ Criou novas necessidades; questiona as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero 
dos seus lugares há séculos estabelecidos 
▪ O universo também foi posto em movimento, o sol tornou-se o centro do universo, que 
passou a ser visto sem hierarquização; 
▪ Superou-se o antropocentrismo (o Homem – centro do universo), passando a ser visto 
um ser livre, capaz de construir o futuro; 
▪ O servo, liberto do seu vínculo com a terra pode escolher seu trabalho e seu lugar 
social 
▪ o capitalismo torna todos os Homens consumidores, em potências das mercadorias 
produzidas 
▪ O conhecimento tronou-se livre, independente da fé, os dogmas da Igreja foram 
questionados e a racionalidade do Homem apareceu como a grande possibilidade de 
construção do conhecimento. 
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A BURGUESIA: 
O Capitalismo tráz como consequência a formação de uma nova classe, a burguesia, 
com as seguintes características: 
▪ Disputa o poder e surge como nova classe social e económica 
▪ Defende a emancipação do Homem para emancipar-se também 
▪ Era preciso quebrar a ideia do universo estável, para poder transformá-lo, era preciso 
questionar a NATUREZA para viabilizar a sua exploração em busca de matérias 
primas – condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna: 
CONHECIMENTO COMO FRUTO DA RAZÃO 
▪ Possibilidade de desvendar a natureza e leis de observação rigorosa e objectiva – não 
mais submetidos a leis ou dogmas religiosos ou pela actividade eclesial e portanto 
sentiu-se a necessidade da ciência: 
A possibilidade de realizar trabalhos de pesquisa mais aprofundados, que exigiam algum 
tipo de suporte financeiro (só possivel com a classe dos burgueses) fez com que surgissem 
novos contornos nas diversas áreas do saber. S~ao exemplos disso: 
▪ Surge Charles DARWIN – enterra o antropocentrismo com a sua tese evolucionista. 
(teoria da evolução das espécies – selecção natural). 
▪ HEGEL – sublinha a importância da história para a compreensão humana – a ciência 
avança e se torna referencial para o mundo – verdade procurada na ciência; a própria 
filosofia adapta-se aos tempos. 
▪ Augusto COMTE - com o seu Positivismo, postula a necessidade de maior rigor 
científico na construção dos conhecimentos nas ciências humanas, desse modo 
propunha o método das ciências naturais: física, como modelo de construção do 
conhecimento 
Consequências 
Na metade do século XIX temas e problemas até então estudados pelos filósofos passam 
a ser estudados pela fisiologia, neurofisiologia em particular – formulação de teorias dobre o 
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SNC, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram 
produtos deste sistema. 
O capitalismo trouxe uma “maquina” - criação fantástica que determinou a forma de ver 
o mundo ( o mundo visto como uma máquina), o mundo como um relógio, todo o universo como 
se fosse uma máquina, isto é, que podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade, 
as suas leis, uma forma de pensar que atingiu as ciências humanas, facto que, para se conhecer 
o psiquismo humano passa a ser necessário compreender o mecanismo e o funcionamento da 
máquina de pensar do Homem: o CÉREBRO! 
Assim a psicologia começa a trilhar os caminhos da fisiologia, da neuroanatomia e da 
neurofisiologia. 
Resultado disso, em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da acção 
directa ou indirecta de diversos factores sobre as células cerebrais; Neuroanatomia descobre 
que a actividade motora nem sempre está ligada á consciência para não estar necessariamente 
na dependência dos centros cerebrais superiores, p.ex. quando alguém queima a mão na chapa 
quente, primeiro tira a mão para depois perceber o que aconteceu, fenómeno denominado 
REFLEXO, e o estímulo que chega a medula espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais 
superiores, recebe uma ordem para a resposta, que é tirar a mão; caminho natural dos 
fiosologistas, estudo da fisiologia do olho e a percepção das cores – fenómenos psicológicos. 
Foram importantes os estudos do psicofisiologista russo Ivan PAVLOV sobre o reflexo 
condicionado. 
Em 1860 é formulada uma lei no campo da psicofísica, a lei de Fechner–Weber que 
estabelece a relação ESTÍMULO – SENSAÇÃO, permitindo a sua mensuração – aumento da 
intensidade de uma luz e o seu efeito – com esta lei os fenómenos psicológicos vão adquirindo 
status científicos, porque, para a concepção da ciência da época o que não era mensurável, não 
era possível de estudo científico 
Wilhelm Wundt (1832-1926), da Universidade de Leipzig, na Alemanha, cria um 
laboratório para realizar experimentações naárea da psicofísiologia – por este facto e da 
extensa produção teórica na área é considerado o Pai da Psicologia Moderna, Psicologia 
científica. 
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Em resultados de seus estudos Wundt desenvolve a concepção de: 
▪ Paralelismo psicofísico: aos fenómenos mentais correspondem fenómenos 
orgânicos, por exemplo, estimulação física: picada de agulha na pele teria uma 
correspondência na mente deste indivíduo. 
▪ Método: para explorar a mente ou a consciência do indivíduo, Wundt, cria um 
método que denomina introspecionismo – o experimentador pergunta ao sujeito, 
especialmente treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu 
interior por uma sensorial (a picada de agulha por exemplo). 
A PSICOLOGIA CIENTÍFICA 
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha de final do século 19. Wundt, Weber e 
Fechner trabalharam juntos na Universidade de Leipzing – seguiram para aquele País muitos 
estudiosos dessa nova ciência; como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James. 
Seus status de ciência é obtido a medida que se “liberta” da filosofia, que marcou a sua 
história até aqui e atrai novos estudiosos e pesquisadores , que sob novos padrões de produção 
de conhecimento, passam a: 
• Definir seu objecto de estudo (comportamento, a vida psíquica, a consciência) 
• Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento 
como a Filosofia, Fisiologia 
• Formular métodos de estudo deste objecto 
• Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na área 
A Psicologia científica nasce na Alemanha mas se desenvolve, cresce rapidamente nos 
Estados Unidos como resultado de grande avanço económico colocado na vanguarda do sistema 
capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram 
origem ás enumeras teorias que existem actualmente. Essas abordagens são: 
O Funcionalismo, de William James (1842-1910) 
O Estruturalismo, de Edward Titchner (1867 – 1927) 
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O Associacionismo, de Edward Thorndike (1874-1949) 
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As Primeiras Abordagens Teóricas da Psicologia 
As primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem às enumeras 
teorias que existem actualmente são consideradas como tendo sido as seguintes: 
O Funcionalismo (Escola funcionalista) 
Primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psiclologia – 
numa sociedade que exigia o pragmatismo para o seu desenvolvimento económico acaba por 
exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Portanto, para a escola funcionalista de 
James importa responder “o que fazem os homens e “por que o fazem”. Para responder a isto, 
James elege a consciência como o centro de suas preocupações e bisca a compreensão do seu 
funcionamento, na medida em que o Homem usa para adaptar-se á realidade. 
O Estruturalismo 
Começa com Wundt e continua com Titchner, os quais definem como o objecto de estudo 
da psicologia também mas focalizando os seus aspectos estruturais, isto é os estados 
elementares da consciência como estrutura do SNC. Inaugurada por Wundt mas somente o seu 
seguidor Titchner usa o termo estruturalismo pela primeira vez para diferenciá-lo do 
funcionalismo. O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o 
introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente 
experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório. 
O Associacionismo 
Edward Thorndike, primeiro fundador de uma teoria de aprendizagem na Psicologia de 
aprendizagem na Preocupação da aplicação prática da psicologia e não só especulação 
filosófica. 
Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por processo de 
associação das ideias mais simples ás mais complexas. Assim para aprender algo complexo 
precisamos de aprender as ideias simples associadas aquele conteúdo. 
Thorndike formula a “lei de efeito” que seria de grande importância na psicologia 
comportamentalista. De acordo com essa lei “todo o comportamento de um organismo vivente 
tende a se repetir, se nós o recompensarmos (efeito) o organismo assim que repetir/emitir o 
comportamento. Por outro lado o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for 
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castigado (efeito) após a sua ocorrência. (ex. se apertarmos o botão da rádio formos premiados 
pela música, em outras oportunidades apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos 
essa aprendizagem para outros aparelhos, como toca discos, gravadores, etc. 
As Principais Teorias da Psicologia do Século XX 
A psicologia enquanto ramo da Filosofia estuda a alma, a psicologia científica que Wundt 
preconiza, a “psicologia sem alma”, o conhecimento científico produzido no laboratório com uso 
de instrumentos de medição/mensuração. Da subordinação á Filosofia a Psicologia se liga á 
medicina, usando o método de investigação das ciências naturais como critério rigoroso da 
construção do conhecimentos. 
A psicologia científica, que se constituiu de 3 escolas (Associacionismo, Estruturalismo e 
Funcionalismo) foi substituída neste século XX, por novas Teorias. 
As três mais importantes tendências teóricas da psicologia neste século consideradas por 
enumeros autores são: Behaviorismo, Gestaltismo e a Psicanálise. 
O Behaviorismo ou Comportamentalismo 
O Comportamentalismo, ou Teoria S-R do inglês Stimuli – Response, nasce com o 
americano Watson e se desenvolve na Ámerica em funcao das aplicacoes práticas, tornou-se 
importante por ter definido o facto psicológico de modo concrecto a partir da nocao de 
comportamento (behavior). 
Em 1913, o americano John Watson numa revista intitulada “Psicologia – como os 
behaviorista a veêm”, inaugura o termo behaviorismo. Behavior, comportamento postulado por 
Watson como objecto da Psicologia, dá á psicologia a consistencia procurada por séculos: 
objecto observavel, mensurável cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes 
condicoes e sujeitos. 
O carácter observável do objecto contribui para o alcance de status da ciência da 
psicologia, ou seja para a ruptura “definitiva” com a filosofia. Watson defende uma perspectiva 
funcionalista para a psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como funcao de 
certas variáveis do meio. 
Watson busca uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e 
métodos subjectivos e que tenha a capacidade de prever e controlar. 
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R – S + para referir-se ao que o organimo faz e as variáveisambientais que interagem 
com o sujeito 
Comprtamento – unidade básica de descricao = ponto de partida para o desenvolvimento 
da ciência do comportamento 
O comportamentalismo nega o estudo da consciência: o comportamentalismo representa 
uma reviravolta radical no que se refere ao objecto de estudo da psicologia, do 
momento em que se limita ao estudo do comportamento observável e nega o estudo 
da consciência. Watson afirmou que a psicologia deve considerar-se a ciência do 
do comportamento, pois a “consciência” e a alma são objectos de pesquisa inconsistentes para 
uma ciência empírica. Segundo Watson, a tarefa da psicologia consistia no estudar as relações 
cientificamente determinadas entre as situações estimulantes (S) e a reacção provocada (R): 
• Paradigma comportamentalista: Estímulo (S) Resposta (R) 
Estudadas as conexões, os seus mecanismos, e identificadas as leis , pode-se explicar 
cada uma das reacções como resultado de um determinado estímulo e poder prever qual reacção 
pode seguir uma determinada situação estimulante. 
Os comportamentalistas admitem entre o estímulo e a resposta esteja presente a 
actividade do cérebro e do SNC, mas afirma que tal actividade está fora do alcance e que a 
psicologia não deve interessar-se daquilo que acontece dentro do organismo (processos 
neurofisiológicos, processos inconscios, etc.). Concessão esta dita “black box” sustenta que a 
psicologia deve interessar-se daquilo que entra (input) na “caixa preta” e daquilo que sai (output) 
sem ter que se ocupar necessariamente da complexa actividade desenvolvida pelo cérebro no 
seu interior. Deste modo os comportamentalistas reduzem o âmbito da psicologia somente ao 
estudo do comportamento observável mediante o uso dos métodos objectivos de verificação, 
estudando a regularidade do comportamento independente dos correlatados neurofisiológicos. 
 
 “black box” 
Estimulo(R) 
Resposta(R) 
 
 
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Processos neurofisiológicos 
 
 Processos inconscientes 
O quadro negro representa a “blac box” ou seja simboliza tudo aquilo que não é do 
interesse para o estudo do psicólogo comportamentalista. 
Análise experimental do comportamento 
Frederik SKINNER (1904-1990), americano, é considerado o mais importante sucessor 
de Watson. A sua teoria tem até hoje uma influência. Inaugura o behaviorismo radical, termo 
cunhado pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da ciência do comportamento 
(que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento. Algumas 
noções importantes no behaviorismo de Skinner são: 
COMPORTAMENTO OPERANTE: base da corrente formulada por Skinner, entendendo 
este conceito é necessário retroceder aos conceitos de comportamento reflexo ou respondente. 
1) comportamnto respondente: usualmente chamada de “não voluntário”e inclui as 
respostas que são (“produzidas”) por estímulos antecedentes do ambiente --- interacção 
estímulo –resposta (ambiente – sujeito) incondicionadas (não dependem da 
aprendizagem (limão -salivação; ou as famosas “lágrimas de cebola”, etc. 
Reflexos condicionados – estímulos acompanhados/pareados com outros que produzem 
resposta. 
2) comportamento operante ( tem efeito sobre o mundo: ex: tocar um instrumento musical) 
Nos anos de 1930, na Universidade de Haward (EUA), Skinner desenvolvendo o seu 
trabalho de estudo do comportamento respondente, teoriza sobre um outro tipo de relação 
indivíduo-ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise da ciência: comportamento 
operante, o qual teria a maioria das nossas interacções com o ambiente – comportamento 
operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa quer indirectamente e abrange um 
leque amplo de actividade humana, da actividade do recém nascido (balbuciar, acatar-se a um 
objecto, etc.) aos mais sofisticados apresentados pelo adulto. 
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Para Keller o comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos 
quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em 
redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa, quer 
indirectamente”. 
A Psicologia da Forma: A Escola da Gestalt 
Gestalt é um termo alemão que se pode traduzir como «forma»; «figura»; 
«configuração»; entendendo também um aspecto de organização da que se entende melhor 
quando se fala da percepção visível; 
As principais figuras da Gestal são os alemães: Max Wertmeir, Wolfgang Kohler e Kurt 
Kofka. 
A Gestalt nega decompor a consciência nos seus elementos mais elementares, nega a 
concepção e métodos que discendem deste estudo e que tendem a uma teoria elementista 
Os psicólogos da gestalt estudam em particular os processos cognitivos em particular 
a percepção visual e o pensamento 
Conceito fundamental da psicologia da forma é o aforisma: «o todo é mais da soma 
das partes» atraverssa todos os escritos da Gestalt 
 
 
 
 
 A B 
As leis da percepção visiva: são leis sobre a constituição das totalidades percepctivas 
que eram chamadas Gestalten ou factores estruturantes. Essas leis afirmam que as partes de 
um campo perceptivo tendem a constuir outras gestalts (formas unitárias) que são de tal forma 
coerentes e unidas, quanto mais os elementos são 
1. vizinhos (lei da aproximação) 
2. semelhantes (lei da semelhança) 
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3. tendem a forma formas fechadas (lei do fechamento) 
4. dispostos ao longo duma mesma linha (lei da continuação) 
A Psicanálise/Freud 
Sigmund FREUD (1856-1939), médico vienense (Aústria), alterou, radicalmente, o modo 
de pensar a vida psíquica. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo”, suas 
“regiões obscuras”, isto é as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, 
como problemas científicos. A investigação sistemática destes problemas levou Freud á criação 
da Psicanálise. 
Freud emprega o termine Psicanálise pela primeira vez em 1896. A Psicanásile 
constituiu-se como método e como teoria, e ainda como terapia. Como método consiste na 
interpretacao e busca do significad ooculto daquilo que é manifesto por meio de palavras ou 
accoes e como teoria pode ser definida como um conjunto de conhecimentos, sistematizados 
sobre o funcionamento da vida psiquica. 
Freud, como hebreu, herdou uma rica tradição do pensamento hebraico, e por outro lado, 
de formação clássica (filosofia antiga) e perito linguista, ele veio a contacto com a literatura antiga 
e moderna. Sobre esta base assentaram-se os seus estudos de medicina e ciências naturais, 
no campo da fisiologia, neurofisiologia e farmacologia. Teve o mérito de ter descoberto a 
sexualidade (base fundamental de seus estudos), embora este fosse um tema debatido antes 
da publicação do sua obra intitulada ”os três ensaios sobre a teoria sexual”. 
Freud postula o inconsciente como objecto de estudo da Psicologia, damesma forma 
que quebra a tradição da psicologia como uma ciência da consciência e da razão. 
A Teoria da Personalidade segundo Freud 
Freud considerava a personalidade constituída de três grandes sistemas/estruturas cada um com 
sistemas próprios mas integrados: ID, EGO e SUPEREGO. 
O Id 
O ID ou incosciente (infra-eu) é o núcleo primitivo da personalidade. Não sofre as 
influências das forças sociais e conscientes que forma o indivíduo. A sua preocupação é 
satisfazer as necessidades instintivas de acordo com o princípio de prazer. O id é a estrutura 
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original básica e mais central. As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao id. O id é a sede 
das pulsões e dos desejos recalcados e representações recalcadas (recalcamento = processo 
mental pelo qual pensamentos insuportáveis ao eu consciente são reprimidos) (agressivas e 
sexuais). Não conhece juízos de valor, nem o bem do mal, nenhuma moralidade. Os conteúdos 
do id são quase todos incoscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela 
consciência. O id não suporta energia de muita tensão e o seu objectivo é reduzir a tensão 
dolorosa aos baixos níveis possíveis. O Id é baseado no princípio do Prazer. 
Ego (Eu) 
O Ego é a consciência propriamente dita . É a personalidade enquanto actua no momento 
presente. Caracteriza-se pela actividade consciente (percepções exteriores e elaboração de 
processos intelectuais) e a capacidade para estar em contacto com a realidade exterior. O Ego 
é dominado pelo princípio da realidade (pensamentos objectivos, actos socializados, actividade 
racional e verbal). Também caracteriza-se pelo estabelecimento de mecanismos de defesa 
contra as invasões da pulsão. As funções básicas do ego são: percepção, memória, 
sentimento, pensamento. Em suma, o ego tem a função de ajustar o homem ao meio da 
realidade física e social em que vive. É um instrumento de adaptação do indivíduo ao meio. O 
Ego é baseado no princípio do Realidade. 
O Ego, orientado à realidade do mundo que o circunda, é a chave da adaptação que 
procura de mediar as pressões ditadas pelo princípio de prazer, a busca do prazer e da 
gratificação imediata, com as exigências impostas pelo principio da realidade, provenientes do 
mundo externo. O ego utiliza a angústia como sinal de alarme diante dos perigos do mundo 
interno (pulsional), por outro lado, organiza mecanismos de defesa que consentem de moderar 
as exigências do Id com aquelas do mundo externo. 
Os mecanismo de defesa: são mecanismos que o indivíduo usa para deformação da 
realidade, ou melhor, são processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem 
independentemente da vontade do indivíduo. Os mais comuns são: 
o Recalcamento 
o Formação reactiva 
o Regressão 
o Projecção 
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o Racionalização 
o Sublimação 
o Negação 
Super-Ego (super-eu) 
O super-ego é o resultado da interiorização de censuras que a criança faz suas 
(identificação) e que lhe vêm dos pais ou do meio ambiente. O conteúdo do super-ego refere-se 
a exigências sociais e culturais. Representa o ideal do que é real. É defensor dos impulsos rumo 
a perfeição. Origina-se com o complexo de Edipo, a partir da interiorização das proibições, dos 
limites e da autoridade. O super-ego é o depósito das normas morais e modelos de conduta. As 
suas funções são a consciência, a auto-observação e a formação das ideias. Podemos afirmar 
que o Super-Ego é baseado no princípio da Moralidade/sociabilidade. 
A combinação das três camadas, segundo Freud constitui factor importante para a 
formmação e estruturação da Personalidade. 
As investigações sobre os conteúdos do Id, conduziram Freud à formulacão duma 
doutrina geral das pulsoes nas quais a libido exprime-se percorrendo as zonas eróticas, cada 
uma das quais representa uma determinada fase de evolução (os estadios do desenvolvimento 
psicosexual). O desenvolvimento da libido pode acontecer naturalmente ou enfrentar bloqueos 
por interferência da fixação o da regressão que bloqueiam o desenvolvimento psiquico e o 
reconduzem a fases precedentes, com consequências na formacao de sintomas nevróticos. Esta 
postulação chamou-se de teoria das pulsões. 
O princípio do Prazer e o principio da Realidade 
Contudo, segundo Freud, o bebé no nascimento é dominado duma unica estrutura de 
personalidade, o Id, fonte originaria de todas as motivacoes e energias. Ele procura de realizar 
esta desvarga de enrgia sem preocupar-se daquilo que é realizável o socialmente aprovável. O 
seu modo de funcionamento e regulado pelo principio de prazer, que procura a gratificacao 
imediata e completa das pulsoes. Mas desde o inicio dos primeiros meses de vida estas 
tentativas de obter uma gratificação imediata são frustradas ou punidas. Estas experiencias 
contribuem para a formação do ego (eu), o qual é governado pelo principio de realidade. 
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TEMA 2: 
O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA HUMANA 
(Evolução psíquica dos indivíduos) 
A evolução psíquica dos indivíduos depende da maturação e do desenvolvimento 
genético; dos estímulos sociais e afectivos. 
O Homem como Unidade bio-psico-social 
Todo ser humano à nascença já constitui-se como indivíduo, com qualidades de 
integridade próprias, particularidades que o distinguem dos outros. O mesmo não se pode dizer 
em relação à Personalidade. O ser humano forma sua personalidade em resultado da sua 
constituição biológica (características herdadas), das influências do meio social e cultural do 
contexto em que se encontra (aquisições do meio), assim como das experiências de vida 
(desenvolvimento), e sempre considerando seu desenvolvimento psicológico (estabilidade 
emocional, de sentimentos). Por tal se diz ser uma unidade bio-psico-social. 
Alguns termos importantes para compreender o desenvolvimento humano: 
Desenvolvimento: é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu 
ciclo de vida. É um processo multidimensional que engloba os aspectos físicos (crescimento); 
fisiológicos (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), sociais (socialização), e culturais 
(aquisição de valores, normas). 
Maturação : é a dimensão fisiológica do desenvolvimento. Refere-se ao grau de 
prontidão funcional dos diversos sistemas do organismo, nomeadamente do sistema nervoso. É 
que torna possível determinado padrão de comportamento. (por exemplo, a alfabetização das 
crianças depende da maturação neurofisiológica para manejar o lápis, e segurá-lo com as mãos 
é necessário um desenvolvimento neurológico o que a criança de 1 ou 2 anos não possui ainda. 
Maturidade: é o estádio de desenvolvimento do indivíduo indispensável para a execução 
de determinada tarefa, actividade ou função. 
Estado etário: fase de maturação e estruturação (anatómica, fisiológica, psíquica) 
correspondente a idade ou nível de desenvolvimento do indivíduo. 
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