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MODULO PSICOLOGIA GERAL

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PAGE 
58
 Psicologia Geral
PSICOLOGIA GERAL
ÍNDICE
5INTRODUÇÃO
7TEMA 1: A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
7Ciência e Senso Comum
8A CIÊNCIA
9Características da Ciência
10Conceito de Psicologia
11Importância da Psicologia
11Objecto de Estudo da Psicologia
12Estrutura e Tarefas da Psicologia
13Métodos da Psicologia
16Relação da Psicologia com outras Ciências
17Evolução da Ciência Psicológica
171.
Os Grandes Períodos de Evolução da Psicologia
172.
O Pensamento Psicológico Antes e Depois do Século XVIII
17Os primórdios da Psicologia Científica
18A Psicologia entre os Gregos
19A Psicologia no Império Romano
20A Psicologia no Renascimento
22A PSICOLOGIA CIENTÍFICA
23As Primeiras Abordagens Teóricas da Psicologia
23O Funcionalismo (Escola funcionalista)
23O Estruturalismo (Escola estruturalista)
23O Associacionismo
24As Principais Teorias da Psicologia do Século XX
24O Behaviorismo ou Comportamentalismo
25Análise experimental do comportamento
26A Psicologia da Forma: A Escola da Gestalt
27A Psicanálise/Freud
27A Psicanálise e os Mecanismos de Defesa da Personalidade
30TEMA 2: O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA HUMANA
30O Homem como Unidade bio-psico-social
30A Vida Antes do Nascimento (o Desenvolvimento Pré-Natal)
31Fundamentos Biológicos da Conduta
32O Papel da Hereditariedade e do Meio na Conduta
33Hereditariedade e Meio: o Princípio fundamental da Psicologia
33Psicofisiologia do Sistema Nervoso
33Sistema Nervoso Central (SNC)
35Desenvolvimento Filogenético do Psíquico
36O Surgimento da Consciência no Processo da Actividade Humana
37Teorias de Desenvolvimento do Psíquico
39TEMA 3: A PSICOLOGIA EVOLUTIVA OU ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO
41A Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de PIAGET
44A Teoria do Desenvolvimento Psicossexual segundo FREUD
45A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial segundo ERIKSON
47A Teoria do Desenvolvimento Moral segundo KOHLBERG
50TEMA 4: INTRODUCAO AO ESTUDO DA PERSONALIDADE
50Génese e Formação da Personalidade
50Conceito de Personalidade
50Estrutura da Personalidade
50Teorias da Personalidade
61TEMA 5: PROCESSOS PSÍQUICOS/COGNITIVOS INTRODUCAO AO
61Sensação
61Percepção
61Memória
62Pensamento
63O Pensamento e Linguagem
63Imaginação
64TEMA 6: ESFERA EMOCIONAL, SENTIMENTAL E VOLITIVA DA PERSONALIDADE
67BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indirectamente, a uma Academia de Ciências, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca incessante do saber científico
. Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões envolvidas em Psicologia. Trata-se, tão-somente, de uma contribuição para consulta por parte dos estudantes dos cursos de Bacharelato em Regime Semi-presencial, a decorrer na UP-Nampula, através das Extensões Universitárias distritais. Pode também servir de instrumento de consulta a outros interessados em saber um pouco mais sobre Psicologia, esta ciência que se ocupa do estudo do Comportamento humano. Os aprofundamentos teóricos ou práticos poderão ser buscados nos materiais sugeridos na bibliografia no final deste trabalho, assim como em outros recursos.
Nossa intenção é apenas facilitar a busca dos estudantes no que diz respeito aos trabalhos de pesquisa académica. A estrutura deste trabalho, por si só, serve de modelo para um trabalho realizado em sala de aula. Além disso, procuramos apresentar e explicar as regras para cada parte de um trabalho científico.
Dada a complexidade dos temas e fenómenos psicológicos, os temas apresentados neste módulo são abordados de uma maneira sintética visando facilitar a leitura e interpretação dos mesmos.
O módulo foi elaborado respeitando ao programa curricular de Psicologia, da UP, orientando-se para o alcance dos seguintes objectivos:
· Conhecer a diferença entre a Psicologia do senso comum e a Psicologia Científica: objecto, métodos, ramos da psicologia, assim como áreas de aplicação dos conhecimentos psicológicos;
· Conhecer a evolução do pensamento psicológico (as três grandes fases da evolução da Psicologia)
· Relacionar a psicologia com outras áreas de conhecimento.
· Saber os fundamentos biológicos, sociais, genéticos do comportamento; surgimento da consciência, teorias do psiquismo;
· Definir o conceito de desenvolvimento, seus factores; desenvolvimento psicossexual; psicossocial; cognitivo e moral; 
· Compreender as teorias da personalidade e suas propriedades individuais
· Conhecer os processos psíquico-cognitivos;
· Dominar conhecimentos referentes à esfera emocional, sentimental da personalidade.
· Caracterizar o grupo, o colectivo e as relações sociais e interpessoais dentro do grupo social.
Segundo afirmamos, o módulo está organizado de forma que facilite a consulta, obedecendo a lógica de agrupamento temático das matérias. O texto apresenta a seguinte estruturação dos conteúdos programáticos:
Tema 1: A Psicologia como Ciência
· Psicologia do senso comum e Psicologia Científica
· O objecto e importância da Psicologia
· Estrutura e tarefas da psicologia e métodos da Psicologia
· Resenha histórica sobre a origem e desenvolvimento da Psicologia
· Algumas teorias da Psicologia
Tema 2: Desenvolvimento do Psíquico e da Consciência Humana
· O Homem como unidade bio-psico-social;
· Fundamentos biológicos da conduta;
· Psico-fisiologia do sistema nervoso;
· O papel da hereditariedade e do meio na conduta;
· Desenvolvimento filogenético do psíquico e suas teorias;
· Surgimento da consciência no processo da actividade humana
Tema 3: Psicologia Evolutiva/Desenvolvimento
· Conceito de Desenvolvimento;
· Factores do desenvolvimento e de crescimento;
· Desenvolvimento e a socialização;
· Desenvolvimentos (cognitivo, psicossocial, psicossexual moral)
· Teorias do desenvolvimento humano
Tema 4: Psicologia da Personalidade 
· Conceitos da personalidade e sua estrutura;
· Génese e evolução da Personalidade
· Factores gerais que influenciam a Personalidade;
· Teorias da Personalidade;
Tema 5: Processos Psíquicos/Cognitivos 
· Conceito de sensação, percepção, memória, pensamento, imaginação;
· Leis, características, propriedades ou particularidades dos processos psíquicos;
· Teorias dos processos psíquicos;
· Perturbações dos processos psíquicos;
· Pensamentos e linguagem, suas relações, aquisição e desenvolvimento
Tema 6: Esfera Emocional, Sentimental e Volitiva da Personalidade 
· Conceitos de Sentimento, Emoção e Vontade
· Bases fisiológicas dos Sentimentos, Emoções e Vontade
· Funções dos Sentimentos, Emoções e Vontade
· Características das Emoções, dos Sentimentos e da Vontade
· Teorias e tipos de Emoções, Sentimentos e da Vontade
· Diferenças entre Emoções humanas dos animais
TEMA 1:
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Ciência e Senso Comum
Antes de iniciarmos o estudo da Psicologia (nosso propósito neste trabalho), mostra-se importante apresentarmos de forma breve uma visão básica sobre ciência, para que possamos compreender a Psicologia como ramo científico.
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenómeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida quotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos, dos leões, e outros animais considerados irracionais; precisamente porque não têm a capacidade pensante, que caracteriza o homem.
Ao criarmos este sistema de símbolos, através daevolução da espécie humana, permitimo-nos também ao pensar e, por consequência, a ordenação e a previsão dos fenómenos que nos cerca.
Existem diferentes tipos de conhecimentos:
O senso comum: conhecimento da realidade
Existe um modo de vida que pode ser entendido como a vida por excelência: é a vida do quotidiano. É no quotidiano que tudo fluí, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que sentimos a realidade.
Quando fazemos ciência baseamo-nos na realidade quotidiana e pensamos sobre ela. O conhecimento do quotidiano (senso comum) e o conhecimento científico aproximam-se e afastam-se contemporaneamente. Aproximam-se enquanto a ciência se refere à realidade e afastam-se enquanto a ciência abstrai a realidade para compreender melhor, isto é, transforma a realidade em objecto de investigação permitindo a construção do conhecimento científico sobre o real.
Sem o conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativa e erros, a nossa vida quotidiana não teria o devido sentido, de vida.
A esta experiência acumulada no quotidiano chamamos de senso comum, ou seja, é o conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros que facilitam a nossa vida no dia-a-dia. (imaginemos ter que pensar sempre que atirando algo da janela cai; que o carro em velocidade se aproxima, etc.). Esta experiência torna-se hábito e passa de geração em geração e assim o senso comum vai construindo suas «teorias» médicas, físicas, psicológicas (poder de persuasão de um vendedor, um amigo que escuta bem, etc.).
O conhecimento intuitivo não é suficiente para as exigências do desenvolvimento humano;
Os gregos, por volta do século 4 a.C. já dominavam complicados cálculos matemáticos, ainda hoje difíceis, mas eles precisavam entender para resolver problemas arquitectónicos, navais, agrícolas, etc. Com o tempo tais conhecimentos especializaram-se, até atingirem um nível de satisfação que permitiu ao Homem de atingir a lua. A este tipo de conhecimento, que definiremos com mais cuidado logo adiante, chamamos de Ciência. Deste modo foram-se constituindo várias áreas de conhecimento, entre as quais podemos citar:
· Filosofia – Forma mais geral de perceber e compreender a natureza. A especulação em torno deste tema forneceu um corpo de conhecimentos denominados de filosofia. A Filosofia é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenómenos, gerando conceitos subjectivos. Busca dar sentido aos fenómenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Leis mais gerais sobre os componentes do conhecimento, por exemplo os gregos se preocuparam com a origem e o significado da existência humana
· Religião – Formulação de um conjunto de conhecimentos sobre a origem do Homem, seus mistérios, princípios morais. A fonte destas tradições e crenças é a Bíblia (registo do conhecimento religioso judaico-cristão), base da conduta para muitos, diferente da história. É um conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.
· Ciência (Conhecimento Científico) – procura conhecer, além dos fenómenos, suas causas e leis. É o conhecimento racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica.
· Arte – traduz a emoção, o belo e a sensibilidade, na pré-história encontramos desenhos do corpo humano nas paredes das cavernas que exprimiam tal sensibilidade e emoção. 
· Ética (moral) – valores morais, normas de conduta.
Ciência, Arte, Ética, Religião, Filosofia, e Senso Comum são domínios do conhecimento humano. Nosso objectivo é definir a Psicologia como ciência. Para tal constitui imperativo analisar o que é ciência?”, para que possamos compreender a psicologia como ciência.
A CIÊNCIA
Como as explicações magicas, baseadas no senso comum, não bastavam para compreender os fenómenos, os seres humanos evoluíram para a busca de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência, metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica permite que os seres humanos sejam capazes de reflectir sobre o significado de suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes.
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência.
Ciência: do latim «scire» que significa conhecimento, pode ser definida como o conjunto de conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de estudo) expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de forma:
Características da Ciência
A Ciência é racional, sistemática, exacta e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o Conhecimento Científico:
- É racional e objectivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exactidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (Galliano, 1979, apud Paiva Bello, 2004;s/p).
A ciência é um processo; facto que um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido onde negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança;
A Ciência deve verificar a objectividade; suas as conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoções, para tornarem-se válidas para todos.
A Ciência possui objecto específico, linguagem rigorosa/técnica; possui métodos e técnicas específicas, 
O processo cumulativo do conhecimento, a objectividade faz da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o senso comum. Contudo, não existe um divisor nítido entre o conhecimento empírico e científico, visto que a pesquisa científica não se realiza no «vácuo intelectual», mas sempre está mergulhada em um contexto – o conhecimento científico nasce, em ultima instância, de problemas observados e acontecimentos encontrados na experiência humana.
Objectivos/propósitos da Ciência
1. Oferecer uma explanação objectiva, factual e útil do universo. Neste caso, ela procura uma explanação verificável dos fenómenos naturais e sociais, diferentes, pois, da abordagem artística, religiosa, etc. (central)
2. Controlar – controle prático da natureza e vida social (ervas daninhas, agricultura; inseminação artificial, clonagem, etc.
3. Descrever, compreender o mundo – curiosidade natural do Homem, compreender o mundo, tornando-o inteligível é uma necessidade, é possível compreender o mundo somente se conhecemos a relações e inter-relações das variáveis dos fenómenos estudados – como controlar a malária, por exemplo, se não forem descritas as suas características ou os seus sintomas, se não for conhecida a causa e a evolução da doença?
4. Prever – a sistematização objectiva da ciência permite uma generalização no espaço e no tempo e graças a este objectivo muitas vidas tem sido salvas de terramotos, maremotos, vendavais, etc.
Conceito de Psicologia
Depois desta breve alusão geral à noção de Ciência, iniciemos agora o estudo da Psicologia.
O termo Psicologia é de origem greco-latino, e etimologicamente pode traduzir-se no seguinte: psiychè = alma; logia=logos=estudo ou ciência. Assim, a palavra Psicologia significa estudo da alma ou ciência da alma, ciência que estuda as ideias, sentimentos, e determinações cujo conjunto constitui o espírito humano.
Esta definição permaneceu até aos meados do séc. XIX devido ao seu desenvolvimento `condicionado´ com a Filosofia.
Como uma ciência autónoma com um objecto de estudo e métodos próprios de investigação,ela é definida como ciência que estuda o comportamento do homem e dos outros animais.
A psicologia supõe-se a outras ciências sociais, especialmente a sociologia. Mas, enquanto a sociologia concentra sua atenção nos grupos, processos grupais e forças sociais os psicólogos sociais concentram-se nas influências que os grupos e a sociedade exercem sobre os indivíduos. A ênfase da psicologia está no ser humano a diferença dos fisiólogos (biologia) que se concentram no sistema nervoso, cérebro, memória, atenção, movimento, fome, impacto das drogas, etc.
Actualmente a psicologia é definida como a ciência que se concentra no comportamento e nos processos mentais – de todos os animais.
· Ciência: enquanto a ciência oferece procedimentos disciplinados e racionais para a condução de investigações válidas e a construção de um corpo de informações coerentes e coesas.
· Comportamento: abrange tudo o que pessoas e animais fazem: conduta, emoção, formas de comunicação, processos de desenvolvimento.
Assim, o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento dos seres vivos especificamente homens e animais, isto é, a Psicologia estuda a resposta ou conjunto de respostas observáveis de um individuo ou de um grupo, a uma situação ou estímulo.
· Processos mentais – incluem formas de cognição ou formas de conhecimento, de entre elas: perceber, participar, lembrar, raciocinar, ou resolver problemas. Sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança são também processos mentais.
Importância da Psicologia
Por ser uma ciência multiperspectiva e se aplicar em todas as áreas da vida humana, tais como no Ensino, na Saúde, na Família, no Comércio, no Desporto, etc., a Psicologia possui uma vasta importância. 
· No ensino permite ao professor conhecer as particularidades individuais dos alunos para melhor planificar e administrar as aulas, identificar e resolver os problemas de aprendizagem segundo o desenvolvimento dos alunos e fazer uma avaliação do processo de ensino e aprendizagem.
· Na saúde permite ao profissional de saúde estabelecer uma melhor comunicação com o paciente e vice-versa.
· Para os governantes a Psicologia permite uma óptima comunicação com as massas. 
· Também permite ao Homem conhecer-se a si próprio e a natureza de diferenciação dos outros Homens; ajuda o Homem a resolver os seus problemas do dia-a-dia, conhecer a forma de agir de cada um, as tendências compartimentais, as atitudes, as motivações dos outros Homens.
Objecto de Estudo da Psicologia
O objecto ou assunto de estudo de uma determinada ciência é a realidade ou o aspecto da realidade que ela se propõe a estudar, descrever ou explicar.
Para compreender o objecto de estudo da Psicologia é preciso compreender a diversidade de objectos definidos por várias correntes psicológicas;
A diversidade dos objectos de estudo da psicologia
· Behaviorismo ou comportamentalismo: segundo estes teóricos o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento;
· Psicanálise: para esta escola o objecto de estudo da psicologia é o inconsciente.
· Outros psicólogos: o objecto de estudo da psicologia é a consciência ou ainda a personalidade humana.
Razões da dificuldade de definição do objecto
· Por ser uma área de conhecimento cientifico que se constituiu recentemente (final do séc. XIX) não obstante a sua existência dentro do da filosofia como preocupação humana;
· Outro motivo que dificulta a definição do objecto de estudo da Psicologia é o facto do cientista – o pesquisador confundir-se com o objecto a ser pesquisado – a concepção do Homem `contamina` inevitavelmente a sua pesquisa;
· Em terceiro, dificuldades justificam-se pelo facto dos fenómenos psicológicos serem tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação, não podem ser sujeitos aos memos padrões de descrição, medida, controle e interpretação.
A Subjectividade como objecto de estudo da Psicologia
Considerando toda esta dificuldade na definição única do objecto da psicologia, podemos considerar como objecto a subjectividade.
A identidade da Psicologia é o que diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando que cada um desses ramos enfoca o Homem de maneira particular (economia, política, história) trabalham essa matéria-prima de maneira particular, construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A psicologia colabora com o estudo da subjectividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana.
 A subjectividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural. É a síntese que nos identifica por ser única e nos iguala à medida em que os conhecimentos que a constituem são experienciados no campo comum da objectividade social. É o mundo de ideias, significados, emoções, construído inteiramente pelo sujeito a partir das suas relações sociais, suas vivências e sua constituição biológica. É a fonte das manifestações afectivas. A subjectividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar, e de fazer de cada um. É o nosso modo de ser.
Entretanto a subjectividade não é inata. Ela se constrói, apropriando-se do material do mundo social e cultural.
A subjectividade em Psicologia é vista em dois níveis: subjectividade social e individual. A subjectividade individual representa o espaço pessoal dos sentidos que se atribui ao mundo real (valor, cultura, experiência, ideias) e a subjectividade social é comparável com o sentido que a sociedade atribui ao mundo real.
Estrutura e Tarefas da Psicologia
Psicologia industrial: estuda a estruturação do trabalho, a conduta dos trabalhadores, a selecção dos trabalhadores, o incremento da produção e da produtividade, a avaliação dos funcionários e as greves dos trabalhadores.
Psicologia pedagógica (escolar) ou de aprendizagem: estuda as leis psicológicas de ensino e de educação do Homem. Estuda a formação do raciocínio dos alunos, os problemas do governo do processo de assimilação dos meios e dos hábitos da actividade intelectual, revela os factos psicológicos que influenciam o processo de aprendizagem, as relações dentro da colectividade de alunos, as diferenças psicológico individuais dos alunos, as particularidades psicológicas da educação e do ensino das crianças com desenvolvimento psiquismo anormal.
Em suma: estuda a problemática psicológica no quadro escolar. Tenta compreender os problemas de adaptação, de relações e de aprendizagem.
Psicologia clínica: dedica-se a prevenção e terapia dos desajustamentos de conduta qualquer que seja o seu grau de gravidade.
Psicologia social: estuda a conduta humana na perspectiva de grupos de colectividades. Investiga o processo de interacção entre membros do grupo e as influências grupais sobre a dinâmica dos individuais.
Psicologia jurídica: analisa as questões psicológicas relacionadas com a realização do sistema do direito
Psicologia militar: estuda a conduta do Homem no campo de combate, os aspectos psicológicos das relações entre os chefes e os subalternos, os problemas psicológicos de uso de materiais de guerra.
Psicologia experimental: estuda os princípios psicológicos básicos; (sensação, percepção, atenção, motivação, memória, pensamento, pensamento e emoções) em situação laboratorial visando a solução de problemas práticos de dia-a-dia da humanidade.
Psicologia do desporto: analisa as particularidades psicológicas do indivíduo e da actividade dos desportistas, as condições e os métodos da sua preparação psicológica, os parâmetros psicológicos de preparação e da capacidade do desportista e os factores psicológicos relacionados com a organização de competições.
Métodos da Psicologia
O estudo da Psicologia como ciência pressupõe o uso de métodos, que possa facilitar a análise do seu objecto de estudo, os fenómenos psíquicos (memória, percepção, a sensação, o pensamento, assim como a imaginação) que numa só linguagem são reduzidos em comportamentos. 
Método: na perspectivapsicológica é o caminho ou via utilizado para esclarecer as manifestações ou causas de um comportamento, de manifestações psíquicas.
Em psicologia, o conjunto dos métodos específicos engloba todos aqueles que frequentemente são usados pelos psicólogos como:
a) Introspecção ou método introspectivo
Descrição cuidadosa dos fenómenos psíquicos que os estados da consciência acusavam, mas feita pelo próprio indivíduo. Consiste na orientação da consciência reflexiva para aquilo que se passa em nós, ou seja, concentração do espírito sobre si mesmo para analisar os fenómenos que o indivíduo experimenta.
É a observação e a descrição que o indivíduo faz dos seus estados psíquicos. Supõe um desdobramento do sujeito que é ao mesmo tempo observador e observado. O sujeito é o próprio objecto.
A introspecção pode ser pessoal ou laboratorial. A introspecção pessoal consiste na auto-análise, isto é na observação interior e análise. Na introspecção laboratorial o experimentador (sujeito) estabelece as condições de experiência, anota e interpreta os resultados.
b) Extrospecção ou método extrospectivo (de Expressão)
Consiste na observação, descrição e explicação dos comportamentos dos outros. Portanto, as manifestações exteriores do sujeito, são devidamente anotadas por um observador.
c) A observação (Método de observação)
A observação como método em psicologia consiste na percepção directa ou indirecta, atenciosa, racional, planificada e sistemática, das manifestações do comportamento nas suas condições naturais, com o objectivo de dar uma explicação científica da sua natureza.
d) A experimentação (Método experimental)
Consiste na relação entre o objecto de investigação e a situação experimental com o objectivo de descobrir a natureza dessa relação e as variáveis das quais ela depende. Pressupõe a possibilidade de intromissão activa do pesquisador na actividade da pessoa submetida a experiência.
Ë a actividade na qual o investigador provoca o fenómeno a estudar e controla os possíveis factores e condições que podem incidir na sua produção e desenvolvimento com o objectivo de conhecer a natureza interna do processo psíquico e desta forma descobrir as leis objectivas que o explicam.
A experimentação como método em psicologia usa-se geralmente em estudo de casos ao nível animal porque é difícil manipular o comportamento humano, por razões morais, éticas até mesmo razões ligadas à saúde.
e) Método estatístico
Usa-se para fazer o estudo ao nível dos grupos maiores, isto é, para a compreensão de fenómenos de massa.
f) Método de entrevista
É uma conversação entre investigador e o sujeito investigado através da qual o investigador obtém informações sobre o psiquismo. Geralmente se utiliza para enriquecer e aprofundar a informação obtida a partir da observação e experimentação. Ela permite a obtenção directa dos dados. O investigador faz a pergunta e o entrevistado apenas responde a pergunta.
g) Questionário
Consiste num conjunto de perguntas cujo conteúdo e extensão dependem dos objectivos da investigação e se aplica como substituto da entrevista quando se trabalha com amostras grandes.
h) Método comparativo
Serve para fazer extrapolação de uma conclusão feita sobre o estudo de um animal para relacionar ao Homem, permite a formação de um perfil comportamental.
i) Método analítico ou psicanalítico
É um método interpretativo que busca o significado oculto, isto é, que torna claro o significado daquilo que é manifestado por meio das palavras e acções.
j) Testes psicológicos
Consistem num sistema de tarefas, perguntas, seleccionadas, que tem como objectivo a avaliação e comparação de sujeitos quanto a qualidade da personalidade, habilidades, nível de desenvolvimento intelectual, efectuando-se esta comparação sobre a base de normas estabelecidas previamente.
Existem testes psicológicos para medir tanto aspectos cognitivos como aspectos afectivos da personalidade.
Os testes psicológicos não consistem em obter dados novos que serão necessários para o aprofundamento dos conhecimentos científicos, mas sim em estabelecer as qualidades psicológicas da pessoa submetida à experiência para se analisar se corresponde ou não as normas ou padrões revelados anteriormente
Este grupo de testes é utilizado para revelar a existência ou a ausência de certas capacidades, aptidões, caracterizar com o máximo de precisão certas qualidades do indivíduo para exercer certa profissão, etc. Podem ser: testes de inteligência, de capacidades, de aptidões, de personalidade.
k) Métodos de estudo individual ou histórico do caso
Neste método são empregue muitos métodos e técnicas combinadas. Para se estudar o comportamento de um indivíduo importa conhecer o maior número possível de factos sobre o mesmo, a fim de que possam ser compreendidas as principais forças e influências que orientam seu desenvolvimento.
O estudo do caso é frequentemente empregue pelo orientador educativo, visando ajudar os alunos na solução de seus problemas.
Podemos citar também alguns métodos particularmente usados na Psicologia de desenvolvimento, que é um ramo da Psicologia; através do qual se estuda o desenvolvimento humano
l) Métodos longitudinais
É um processo de observação que se faz no sentido de duração. Os estudos longitudinais têm fornecido informações excelentes e decisivas para a explicação e compreensão do desenvolvimento humano, quer relativamente ao crescimento físico e desenvolvimento dos processos cognitivos, quer sobre a evolução da personalidade e a aquisição da linguagem. Este método procura seguir os sujeitos, em intervalos de tempo convenientemente escolhidos, para determinar a curva ou lei de crescimento e desenvolvimento.
O Método longitudinal estuda, no tempo, em períodos mais ou menos espaçados, o comportamento dos sujeitos ou amostragens de sujeitos.
m) Métodos de corte ou de selecção transversal
Trata-se de um tipo de observação que pode estudar um grande número de sujeitos num espaço de tempo relativamente curto. Por exemplo, no mesmo espaço de tempo, o investigador pode observar diferentes ou vários aspectos da estrutura do sujeito em diferentes faixas etárias através de amostragens significativas. Pode observar crianças dos 0 aos 2 anos, de 1 aos 3 anos, dos 2 aos 4 anos sob um determinado número de aspectos da sua personalidade e estabelecer curvas de desenvolvimento através de processos estatísticos de cada um desses aspectos e do seu conjunto como integrantes ou componentes de uma mesma estrutura, a estrutura da personalidade.
n) Métodos mistos (perspectiva eclética)
Esta perspectiva de uso de métodos é baseada particularmente no recurso a diversos e variados métodos de estudo. São aplicados simultaneamente um tipo de método em conjugação com outros métodos. Os métodos são usados em forma de complementaridade entre um e outros, permitindo o alcance de vários resultados.
Relação da Psicologia com outras Ciências
A Filosofia, a Antropologia, a História, a Sociologia e a Biologia, estão entre as ciências que contribuem para a compreensão do comportamento humano, em particular. Vejamos a possível relação que se estabelece:
Filosofia: a correlação que existe entre o corpo e a alma na Filosofia vai permitir de modo que a psicologia especule e forneça hipóteses empiricamente testados. Neste sentido, pode-se afirmar que a Filosofia forneceu à psicologia os primeiros quadros conceptuais.
Antropologia: interessa-se pelas formas culturais dos povos. Esses dados são importantes porque dão ao psicólogo a consciência da relatividade cultural dos valores, dos motivos, das aspirações dos indivíduos, o que obriga a ter presente a influência da cultura no comportamento do indivíduo.
História: permite-nos conhecer o desenvolvimento do Homem através dos tempos e compreender a partir dessa evolução as características actuais das vàrias realidades sociais que influenciam no comportamento do indivíduo.
Sociologia: estuda a sociedade, as instituições sociais, a estrutura dos grupos e o seu funcionamento. Estuda, também, o comportamento humano na perspectivados grupos.
Biologia: estuda o funcionamento e a estrutura do Sistema Nervoso, as glândulas secretoras e o seu funcionamento. O sistema nervoso capta estímulos, os organiza e emite respostas ou actos de conduta e, a secreção de hormonas permite que Sistema Nervoso fique estimulado numa determinada direcção.
Um dos principais ramos da Biologia que se relaciona com a Psicologia é a Genética. A Genética estuda os processos hereditários subjacentes ao comportamento. 
Esquematicamente:
Evolução da Ciência Psicológica
1. Os Grandes Períodos de Evolução da Psicologia
Pode-se considerar três grandes períodos/fases da evolução da psicologia.
Fase filosófica
É a fase relacionada com a Ética e a Filosofia. Compreendia o estudo da natureza dos reflexos da mente e da alma. Era um saber especulativo, de carácter racional. Os filósofos explicavam os fenómenos da natureza (formação de cosmos e origem do próprio Homem) de forma mitológica. O saber psicológico estava envolto à vasta área do conhecimento filosófico, portanto, classificado como especulativo, por não poder provar suas conclusões.
Fase pré-científica (psicologia empírica)
Dedicava-se ao estudo dos factos psíquicos que eram interpretados com base na experiência do dia-a-dia, isto é, do quotidiano vivido. É nesta fase que se abre o caminho para a cientificidade da psicologia. A interpretação e consequente conhecimento dos fenómenos psíquicos era fundamentada, em parte pelo saber filosófico, influenciado pela experiência quotidiana (social e reflexão sistemática) dos cientistas.
Fase científica
Estuda os fenómenos e processos psíquicos, descreve-os, explica e estabelece as relações causa-efeito. Nesta fase a psicologia torna-se ciência autónoma: define o seu objecto de estudo, métodos e técnicas próprias, leis e princípios que regem o estudo da psicologia, utiliza uma linguagem rigorosa e determina os seus objectivos e finalidades.
Contribuiu de forma marcante para a cientificação da Psicologia a institucionalização, pelo psicofisiologista alemão Wilhelm Wundt, em 1879, de um laboratório de Psicologia, na cidade alemã de Leipzig. O laboratório permitiu o desenvolvimento de métodos de estudo próprios, a reverificação do objecto de estudo, e consequente afirmação de seu conceito como ciência que estuda os fenómenos psíquicos, ou simplesmente, estudo do comportamento. 
2. O Pensamento Psicológico Antes e Depois do Século XVIII
Os primórdios da Psicologia Científica
Por de trás de qualquer produção humana material ou espiritual (cadeira, religião), existe sempre uma história
Cada um tem uma história pessoal, longa ou curta. A psicologia tem cerca de dois mil anos de história.
Para compreender a psicologia é necessário compreender sua história, história essa que está ligada a cada momento histórico, às exigências do conhecimento da humanidade, as demais áreas de conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade económica e social e pela insaciável necessidade do Homem de compreender a si mesmo.
A Psicologia entre os Gregos
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. De facto, os avanços permitem que os cidadãos se ocupem de coisas do espírito, como a filosofia e a arte – homens como, Sócrates, Platão, Hipócrates e Aristóteles dedicam-se a compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou a especular o Homem e a sua interioridade. O próprio termo Psiché=alma e logos=logos (razão), portanto etimologicamente Psicologia significa estudo da alma.
Filósofos pré-socràticos – preocupam-se em definir a relação do Homem com o mundo através da PERCEPÇAO = o mundo existe porque o Homem o vê ou o Homem vê o mundo que já existe – oposição entre idealistas (a ideia forma o mundo) e materialistas (a matéria que forma o mundo já dada para a percepção).
Sócrates (496-399 a.C.)
Com ele a Psicologia na antiguidade ganha consistência: segundo Sócrates o que distingue o Homem do animal é a RAZÃO porque permite ao Homem de sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade – definindo a razão como essência e peculiaridade do Homem, Sócrates abre um caminho que será explorado pela Psicologia: fruto desta reflexão são por exemplo, as Teorias da consciência que de certa forma são resultado desta sistematização na Filosofia.
Platão (427-347 a.C.)
Discípulo de Sócrates, procura o «lugar» para a razão no nosso corpo (cabeça), onde se encontra a ALMA do Homem. A medula será o elemento de ligação da alma com o corpo – este elemento era necessário porque Platão concebia a alma separa do corpo (dualismo). Quando alguém morria a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo (reincarnação).
Hipócrates e a Teoria dos Humores (496-361 a.C.)
Uma análise mais acurada das diferenças individuais, estreitamente ligadas a uma reflexão mais sistemática na relação mente-corpo, foi feita com Hipócrates de Cosmes. Sendo médico, sua ciência era finalizada à medicina, mas, enquanto filósofo, funda uma verdadeira e própria ciência do Homem onde confluía observações sociológicas, psicológicas e fisiológicas. O contínuo esforço de síntese e de sistematização de tais observações não tiveram precedentes na história do pensamento humano e permanecerão em seguida apreciados por um período de 20 séculos. Todavia, a medicina hipocrática passou na história como aquela que se baseava na teoria dos quatro humores.
Hipócrates defende que existem 4 humores no corpo humano: o sangue, a fleuma, a bílis amarela e a bílis preta. Segundo a prevalência de cada um destes elementos sobre o outro a pessoa desenvolverá um certo temperamento que poderá ser respectivamente: sanguíneo, fleumático, colérico e melancólico e também vários tipos de predisposições à doença. O Homem é «são» quando estes humores estão «reciprocamente bem temperados por propriedade e quantidade» e a mistura é completa. Contrariamente a isto o Homem é doente quando existe excesso ou defeito destes elementos.
Mais importantes ainda são os seus estudos neurológicos. Numa das suas obras afirma que o cérebro é o órgão mais potente do corpo e que os órgãos de sentido actuam em base à sua capacidade de discernimento. Ainda nesta obra Hipócrates descreve os delírios e alucinações e afirma a dependência de anomalias das faculdades intelectuais dos traumas cranianos.
Com estas afirmações, Hipócrates põe em relevo uma concepção que se está afirmando no pensamento grego, isto é, que o Homem é parte da natureza e pode ser estudado com os métodos da ciência natural. Esta concepção encontrou a sua expressão mais forte em Aristóteles.
Aristóteles (384-322 a.C.)
Discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da filosofia – superou o dualismo da dissociação entre a alma e o corpo (inovação). Para ele a psyché era o princípio activo da vida, isto é, tudo aquilo que cresce, se reproduz e alimenta possui a sua psyché ou alma (vegetação, animais, Homem, possuem alma:
· alma vegetativa – vegetais: função reprodutiva e alimentar
· alma sensitiva – animais: função de percepção e movimento
· vegetativa, sensitiva + racional – função pensante
Aristóteles estuda as diferenças entre a RAZÃO, PERCEPÇÃO E SENSAÇÕES, estudo sistematizado no “Da Anima” o qual pode ser considerado o primeiro tratado de Psicologia.
Portanto, 2300 anos antes do advento da Psicologia Científica, os gregos já haviam formulado duas “Teorias”: Platónica – que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo, e a Aristotélica – que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo.
A Psicologia no Império Romano
O império romano nasce às véspera da era cristã, domina parte da Grécia, Europa e do Oriente Médio
Característica deste período é o advento do cristianismo. Força religiosa que passa à força política dominante que não obstante as invasões barbarias de 400 d.C., que levam à degradação territorial e económica, o cristianismo sobrevive e até se fortalece, tornando-se a religião principalda Idade Média, período que então se iniciara:
Falar da psicologia neste período é relacionada ao conhecimento religioso, o qual dominando o poder económico e político monopolizava também o saber e, consequentemente o estudo do psiquismo.
Santo Agostinho (354-430 d.C.)
Inspirado em Platão faz cisão entre corpo e alma, a diferença para ele é que a alma, não é somente a sede da razão mas também a prova de uma manifestação divina no Homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o Homem à Deus e sendo a alma também a sede do pensamento a Igreja passa a se preocupar também com a sua compreensão. Santo Agostinho postula a famosa epístola: ”conhece-te, aceita-te, supera-te”.
São Tomás de Aquino (1225-1274)
Vive numa período que preanuncia a ruptura da Igreja católica, o advento do protestantismo – época que prepara a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e a revolução industrial na Inglaterra. Perante esta crise social e económica a Igreja devia encontrar novas justificações em relação ao conhecimento como a relação com Deus e o Homem. São Tomas de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência – como Aristóteles, ele considera que o Homem, na sua essência, busca a perfeição através da sua existência mas introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrario de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca da perfeição do Homem seria a busca de Deus.
S. Tomás encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.
A Psicologia no Renascimento
+ 1200 depois da morte de S. Tomás de Aquino, inicia uma época de transformações radicais no mundo europeu: RENASCIMENTO ou RENASCENCA – o mercantilismo, e a descoberta de novas terras (América, Índia, Rota pacífica) propicia a acumulação das riquezas para a Franca, Itália, Inglaterra, Franca, Espanha. Na transição para o capitalismo emerge nova forma de organização social e económica, dá-se também um processo de valorização do Homem.
Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI (anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento através das ideias. Neste período as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo. Neste período Michelangelo Buonarrote esculpiu a estátua de David e pintou o tecto da Capela Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é um termo que deriva do grego onde u =não + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis Bacon escreveu A Nova Atlântica; Voltaire escreve Micrômegas, Nicholas Maquiavel escreve O Príncipe, caracterizando um pensamento não descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser.
Já no fim do período do Renascimento, René Descartes (1596-1659), um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência postula a separação entre a mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o Homem possui uma substância material e uma substância pensante e que o corpo, desprovido do espírito era somente uma máquina – dualismo corpo e mente que torna possível o estudo do corpo humano morto, o que era impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da alma) e dessa forma possibilita o avanço da anatomia e da fisiologia que inicia a contribuir muito para o progresso da Psicologia.
No século XIX, o papel da ciência torna-se necessário devido ao crescimento na ordem económica – CAPITALISMO que traz a industrialização. A ciência deve dar novas respostas e soluções práticas no campo da técnica. Alguns dos períodos marcantes são o advento do FEUDALISMO, que se caracterizava basicamente por produção em massa para subsistência; pela relação senhor feudal–servo; sociedade estável; hierarquia–base de verdade; centralização do poder. Segue-se o período do CAPITALISMO, que põe o mundo em movimento com a necessidade de abastecer os mercados e produzir mais: criou novas necessidades; questiona as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero dos seus lugares há séculos estabelecidos; superou-se o antropocentrismo (o Homem – centro do universo), passando a ser visto um ser livre, capaz de construir o futuro; o servo, liberto do seu vínculo com a terra pode escolher seu trabalho e seu lugar social; o capitalismo torna todos os Homens consumidores, em potências das mercadorias produzidas; acima de tudo, o conhecimento tornou-se livre, independente da fé, os dogmas da Igreja foram questionados e a racionalidade do Homem apareceu como a grande possibilidade de construção do conhecimento. O Capitalismo traz como consequência a formação de uma nova classe, a BURGUESIA. No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma característica própria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática; disputa-se o poder e surge como nova classe social e económica, defende a emancipação do Homem; com tal, era preciso quebrar a ideia do universo estável, para poder transformá-lo, era preciso questionar a NATUREZA para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-primas – condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna: CONHECIMENTO COMO FRUTO DA RAZÃO. Em resultado disso, abre-se a possibilidade de se desvendar a natureza e leis de observação rigorosa e objectiva – não mais submetidos a leis ou dogmas religiosos ou pela actividade eclesial e portanto sentiu-se a necessidade da ciência:
A possibilidade de realizar trabalhos de pesquisa mais aprofundados, que exigiam algum tipo de suporte financeiro (só possível com a classe dos burgueses) fez com que surgissem novos contornos nas diversas áreas do saber. São exemplos disso:
Na Sociologia Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o Positivismo, vindo logo após outros pensadores;
Na Economia, Karl Marx procurou explicar a relações sociais através das questões económicas, resultando no Materialismo-Dialético;
Charles Darwin revolucionou a Antropologia, ferindo os dogmas sacralizados pela religião, com a Teoria da Hereditariedade das Espécies ou Teoria da Evolução (selecção natural).
A ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das explicações dos fenómenos sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais.
Consequências para a Psicologia
Na metade do século XIX temas e problemas até então estudados pelos filósofos passam a ser estudados pela fisiologia, neurofisiologia em particular – formulação de teorias dobre o SNC, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos deste sistema.
O capitalismo trouxe uma “maquina” – criação fantástica que determinou a forma de ver o mundo (o mundo visto como uma máquina), o mundo como um relógio, todo o universo como se fosse uma máquina, isto é, que podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade, as suas leis, uma forma de pensar que atingiu as ciências humanas, facto que, para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender o mecanismo e o funcionamento da máquina de pensar do Homem: o CÉREBRO!
Assim a psicologia começa a trilhar os caminhos da fisiologia, da neuroanatomia e da neurofisiologia.
Resultado disso, em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da acção directa ou indirecta de diversos factores sobre as células cerebrais; Neuroanatomia descobre que a actividade motora nem sempre está ligada à consciência para não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores, p.ex. quando alguém queima a mão na chapa quente, primeiro tira a mão para depois perceber o que aconteceu, fenómeno denominado REFLEXO, e o estímulo que chega a medula espinal, antes de chegar aos centros cerebrais superiores, recebe uma ordem para a resposta, que é tirar a mão; caminho natural dos fisiologistas, estudo da fisiologia do olho e a percepçãodas cores – fenómenos psicológicos. Foram importantes os estudos do psicofisiologista russo Ivan PAVLOV sobre o reflexo condicionado.
Em 1860 é formulada uma lei no campo da psicofísica, a lei de Fechner–Weber que estabelece a relação ESTÍMULO – SENSAÇÃO, permitindo a sua mensuração – aumento da intensidade de uma luz e o seu efeito – com esta lei os fenómenos psicológicos vão adquirindo status científicos, porque, para a concepção da ciência da época o que não era mensuràvel, não era possível de estudo científico
Wilhelm Wundt (1832-1926), da Universidade de Leipzig, na Alemanha, cria um laboratório para realizar experimentações na área da psicofísiologia – por este facto e da extensa produção teórica na área é considerado o Pai da Psicologia Moderna, Psicologia científica.
Em resultados de seus estudos Wundt desenvolve a concepção de:
· Paralelismo psicofísico: aos fenómenos mentais correspondem fenómenos orgânicos, por exemplo, estimulação física: picada de agulha na pele teria uma correspondência na mente deste indivíduo.
· Método: para explorar a mente ou a consciência do indivíduo, Wundt, cria um método que denomina introspeccionismo – o experimentador pergunta ao sujeito, especialmente treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma sensorial (a picada de agulha por exemplo).
A PSICOLOGIA CIENTÍFICA
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha de final do século 19. Wundt, Weber e Fechner trabalharam juntos na Universidade de Leipzig – seguiram para aquele País muitos estudiosos dessa nova ciência; como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James.
Seus status de ciência é obtido a medida que se “liberta” da filosofia, que marcou a sua história até aqui e atrai novos estudiosos e pesquisadores, que sob novos padrões de produção de conhecimento, passam a: 
· Definir seu objecto de estudo (comportamento, a vida psíquica, a consciência)
· Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento como a Filosofia, Fisiologia
· Formular métodos de estudo deste objecto
· Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na área
A Psicologia científica nasce na Alemanha mas se desenvolve, cresce rapidamente nos Estados Unidos como resultado de grande avanço económico colocado na vanguarda do sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem inúmeras teorias que existem actualmente. Essas abordagens são O Funcionalismo (por William James, 1842-1910); O Estruturalismo (por Edward Titchner, 1867-1927), O Associacionismo (por Edward Thorndike, 1874-1949).
As Primeiras Abordagens Teóricas da Psicologia
As primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem às enumeras teorias que existem actualmente são consideradas como tendo sido as seguintes:
O Funcionalismo (Escola funcionalista)
Primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia – numa sociedade que exigia o pragmatismo para o seu desenvolvimento económico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Portanto, para a escola funcionalista de William James (1842-1910), importa responder “o que fazem os homens e “por que o fazem”. Para responder a isto, James elege a consciência como o centro de suas preocupações e bisca a compreensão do seu funcionamento, na medida em que o Homem usa para adaptar-se à realidade.
O Estruturalismo (Escola estruturalista)
Embora Inaugurada por Wundt, somente o seu seguidor Edward Titchner (1867-1927) usa o termo estruturalismo pela primeira vez para diferencià-lo do funcionalismo. O estruturalismo define como objecto de estudo da psicologia “os estados elementares da consciência, mas vistos como estruturas do SNC. O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.
O Associacionismo
Edward Thorndike (1874-1949), é considerado o primeiro fundador de uma teoria de aprendizagem na Psicologia de aprendizagem, na preocupação da aplicação pràtica da psicologia e não só especulação filosófica.
O Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por processo de associação das ideias mais simples às mais complexas. Assim para aprender algo complexo precisamos de aprender as ideias simples associadas aquele conteúdo. Thorndike formula a “lei de efeito” que seria de grande importância na psicologia comportamentalista. De acordo com essa lei “todo o comportamento de um organismo vivente tende a se repetir, se nós o recompensarmos (efeito) o organismo assim que repetir/emitir o comportamento. Por outro lado o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após a sua ocorrência. (ex. se apertarmos o botão da rádio formos premiados pela música, em outras oportunidades apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos essa aprendizagem para outros aparelhos, como leitores de discos, gravadores, etc.
As Principais Teorias da Psicologia do Século XX
A psicologia enquanto ramo da Filosofia estuda a alma, a psicologia científica que Wundt preconiza, a “psicologia sem alma”, o conhecimento científico produzido no laboratório com uso de instrumentos de medição/mensuração. Da subordinação à Filosofia a Psicologia se liga à medicina, usando o método de investigação das ciências naturais como critério rigoroso da construção dos conhecimentos.
A psicologia científica, que se constituiu de 3 escolas (Associacionismo, Estruturalismo e Funcionalismo) foi substituída neste século XX, por novas Teorias.
As três mais importantes tendências teóricas da psicologia neste séc. consideradas por inúmeros autores são: Behaviorismo, Gestaltismo e a Psicanálise.
O Behaviorismo ou Comportamentalismo
O Comportamentalismo, ou Teoria S-R (do latim Stimulus – Responsio), nasce com o americano John Watson (1878-1958), e se desenvolve na América em função das aplicações práticas, tornou-se importante por ter definido o facto psicológico de modo concreto a partir da noção de comportamento (behavior).
Em 1913, o americano John Watson num artigo de revista intitulado “A Psicologia tal como o behaviorista a vê”, inaugura o termo behaviorismo. 
Neste contexto, Watson lança bases para a postulação do behavior, comportamento como objecto da Psicologia, dá à psicologia a consistência procurada por séculos: objecto observável, mensurável cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.
O carácter observável do objecto contribui para o alcance de status da ciência da psicologia, ou seja para a ruptura “definitiva” com a filosofia. Watson defende uma perspectiva funcionalista para a psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio.
Watson busca uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e métodos subjectivos e que tenha a capacidade de prever e controlar.
R – S + para referir-se ao que o organismo faz e as variáveis ambientais que interagem com o sujeito
Comportamento – unidade básica de descrição = ponto de partida para o desenvolvimento da ciência do comportamento
O comportamentalismo nega o estudo da consciência: o comportamentalismo representa uma reviravolta radical no que se refere ao objecto de estudo da psicologia, do momento em que se limita ao estudo do comportamento observável e nega o estudo da consciência. Watson afirmou que a psicologia deve considerar-se a ciência do comportamento, pois a “consciência” e a alma são objectos de pesquisa inconsistentes para uma ciência empírica. Segundo Watson, a tarefa da psicologia consistia no estudar as relações cientificamente determinadas entre as situações estimulantes (S) e a reacção provocada (R):
· Paradigma comportamentalista: Estímulo (S) Resposta (R)
Estudadas as conexões, os seus mecanismos, e identificadas as leis , pode-se explicar cada uma das reacções como resultado de um determinado estímuloe poder prever qual reacção pode seguir uma determinada situação estimulante.
Os comportamentalistas admitem entre o estímulo e a resposta esteja presente a actividade do cérebro e do SNC, mas afirma que tal actividade está fora do alcance e que a psicologia não deve interessar-se daquilo que acontece dentro do organismo (processos neurofisiológicos, processos incónscios, etc.). Concepção esta dita “black box” sustenta que a psicologia deve interessar-se daquilo que entra (input) na “caixa preta” e daquilo que sai (output) sem ter que se ocupar necessariamente da complexa actividade desenvolvida pelo cérebro no seu interior. Deste modo os comportamentalistas reduzem o âmbito da psicologia somente ao estudo do comportamento observável mediante o uso dos métodos objectivos de verificação, estudando a regularidade do comportamento independente dos correlatados neurofisiológicos.
 “black box”
	
Estimulo(R) 
 Resposta(R)
Processos neurofisiológicos
Processos inconscientes
O quadro negro representa a “black box” ou seja, simboliza tudo aquilo que não é do interesse para o estudo do psicólogo comportamentalista.
Análise experimental do comportamento
Frederik Skinner (1904-1990), americano, é considerado o mais importante sucessor de Watson. A sua teoria tem até hoje uma influência. Inaugura o behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da ciência do comportamento (que ele se propôs defender) por meio da anàlise experimental do comportamento. Algumas noções importantes no behaviorismo de Skinner são: 
COMPORTAMENTO OPERANTE: base da corrente formulada por Skinner, entendendo este conceito é necessário retroceder aos conceitos de comportamento reflexo ou respondente.
1) comportamento respondente: usualmente chamada de “não voluntàrio”e inclui as respostas que são “produzidas” por estímulos antecedentes do ambiente: interacção estímulo–resposta (ambiente–sujeito) incondicionadas (não dependem da aprendizagem (limão -salivação; ou as famosas “lágrimas de cebola”, etc.
Reflexos condicionados – estímulos acompanhados/pareados com outros que produzem resposta.
2) comportamento operante (tem efeito sobre o mundo: ex: tocar um instrumento musical)
Nos anos de 1930, na Universidade de Haward (EUA), Skinner desenvolvendo o seu trabalho de estudo do comportamento respondente, teoriza sobre um outro tipo de relação indivíduo-ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise da ciência: comportamento operante, o qual teria a maioria das nossas interacções com o ambiente – comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa quer indirectamente e abrange um leque amplo de actividade humana, da actividade do recém-nascido (balbuciar, acatar-se a um objecto, etc.) aos mais sofisticados apresentados pelo adulto.
O comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa, quer indirectamente”.
A Psicologia da Forma: A Escola da Gestalt
A Gestalt surge em reacção ao associacionismo. Gestalt é um termo alemão que se pode traduzir como «forma»; «figura»; «configuração»; entendendo também um aspecto de organização da que se entende melhor quando se fala da percepção visual. As principais figuras da Gestal são os alemães: Max Wertmeir, Wolfgang Kohler (1887-1967) e Kurt Kofka.
A Gestalt nega decompor a consciência nos seus elementos mais elementares, nega a concepção e métodos que descendem deste estudo e que tendem a uma teoria elementista
Os psicólogos da gestalt estudam em particular os processos cognitivos em particular a percepção visual e o pensamento
Conceito fundamental da psicologia da forma é o aforisma: «o todo é mais da soma das partes» atravessa todos os escritos da Gestalt
A
B
As leis da percepção visual: são leis sobre a constituição das totalidades perceptivas que eram chamadas Gestalten ou factores estruturantes. Essas leis afirmam que as partes de um campo perceptivo tendem a construir outras gestalts (formas unitárias) que são de tal forma coerentes e unidas, quanto mais os elementos são
1. vizinhos (lei da aproximação)
2. semelhantes (lei da semelhança)
3. tendem a forma formas fechadas (lei do fechamento)
4. dispostos ao longo duma mesma linha (lei da continuação)
A Psicanálise/Freud
Sigmund FREUD (1856-1939), médico vienense (Áustria), alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo”, suas “regiões obscuras”, isto é as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A investigação sistemática destes problemas levou Freud à criação da Psicanálise.
Freud emprega o termine Psicanálise pela primeira vez em 1896. A Psicanálise constituiu-se como método e como teoria, e ainda como terapia. Como método consiste na interpretação e busca do significado do oculto daquilo que é manifesto por meio de palavras ou acções e como teoria pode ser definida como um conjunto de conhecimentos, sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.
Freud, como hebreu, herdou uma rica tradição do pensamento hebraico, e por outro lado, de formação clássica (filosofia antiga) e perito linguista, ele veio a contacto com a literatura antiga e moderna. Sobre esta base assentaram-se os seus estudos de medicina e ciências naturais, no campo da fisiologia, neuropsicológica e farmacologia. Teve o mérito de ter descoberto a sexualidade (base fundamental de seus estudos), embora este fosse um tema debatido antes da publicação do sua obra intitulada ”os três ensaios sobre a teoria sexual”.
Freud elaborou numa primeira instância uma teoria sobre personalidade, denominada 1ª tópica, na qual estruturava a personalidade como sendo constituída pelas seguintes instâncias: consciente, inconsciente e pré-consciente; Freud postula o inconsciente como objecto de estudo da Psicologia, da mesma forma que quebra a tradição da psicologia como uma ciência da consciência e da razão.
Pela necessidade de melhorar a 1ª tópica, elabora a 2ª tópica, em que considera a personalidade constituída de três grandes sistemas/estruturas cada um com sistemas próprios mas integrados: Id, Ego e Superego (ver no capítulo sobre teorias da personalidade)
A Psicanálise e os Mecanismos de Defesa da Personalidade
Os mecanismos de defesa: são formas que o indivíduo usa para deformação da realidade, ou melhor, são processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo. Os mais comuns são: Recalcamento; Formação reactiva; Regressão; Projecção; Racionalização; Sublimação; Negação.
Recalcamento
A medida defensiva fundamental do ego é o recalque. Freud considerou o recalque como a reacção normal do ego infantil. O recalque consiste na exclusão dos impulsos e suas representações ideacionais do consciente. Ocorre sempre que um desejo, um pulso, ou ideia, ao se tornar consciente, provoca um conflito insuportável, resultando em ansiedade. O recalque de um desejo, em contraste com sua rejeição consciente, é uma inibição num nível mais profundo da personalidade. O fato de ser inconsciente poupa a personalidade consciente um conflito penoso. 
A totalidade do acto transcorre fora do consciente. A rejeição é automática; se assim não fosse, o conteúdo mental inaceitável não poderia permanecer inconsciente. É uma inibição reflexiva que segue os princípios dos reflexos condicionados.
O estudo psicanalítico das neuroses e psicoses mostrou que as forças psicológicas recalcadas não deixam de existir. O ego deve tomar medidas defensivas contra elas, medidas que lhe esgotam os recursos dinâmicos e tornam-no menos capaz de exercer sua função adaptadora de perceber a realidade externa. No recalque ocorre uma supressão de parte da realidade, ou seja, o indivíduo “não vê” ou “não ouve”o que está acontecendo.
Repressão
A repressão é o esquecimentoou a negação inconsciente de detalhes significativos do comportamento, detalhe que são incompatíveis com o auto-retrato que estamos tentando manter. Na repressão há um bloqueio na consciência dos conflitos geradores de ansiedade ou de distúrbios na motivação. Eles são submersos no inconsciente.
Negação
Provavelmente é o mecanismo de defesa mais simples e directo, pois alguém simplesmente recusa a aceitar a existência de uma situação penosa demais para ser tolerada. Ex: Um gerente ser despromovido de um cargo que era obrigado a estar presente mais cedo e continuar chegando no mesmo horário.
Sublimação
É o mecanismo de defesa mais aprovado pela sociedade. Quando temos um impulso que não podemos expressar directamente, reprimimos a sua forma original, e deixamo-lo emergir sob uma feição que não perturbe a outrem ou a nós próprios. Geralmente usamos a sublimação para expressar motivos indesejáveis sendo que, como a maioria dos outros mecanismos de defesa, ela opera inconscientemente mantendo-nos desconhecedores das motivos indesejáveis.
Quando um impulso primitivo é inaceitável para o ego, é modificado de forma a se tornar socialmente aceitável, isso é sublimação.
Racionalização
A racionalização é utilizada nas mais diferentes situações, quer envolvendo frustração, quer envolvendo culpa. Ocorre pelo uso da razão na explicação de estados “deformados” da consciência.
O racional é usado para explicar o irracional, tomadas de posições sem sentido. Quando as pessoas fazem coisas que não deviam, é comum sentirem culpa, e ao invés de admitirem a razão real de seu comportamento, preferem com frequência racionalizar inventando razões plausíveis para o seu ato. Ex: Um funcionário que tira dinheiro do caixa e fala que estava precisando muito e que logo no próximo mês devolveria ao caixa o que tinha tirado.
Projecção
Às vezes as pessoas se recriminam ou se sentem mal por terem certo pensamento ou impulsos. Podem atribui-los então a alguém, projectando nessa pessoa os seus próprios sentimentos. Isso fica muito claro com relação a impulsos poderosos, como o sexo e a agressão. Ex: Um gerente que sempre chega atrasado no trabalho reclama ao superintendente geral que seu funcionário nunca chega pontualmente.
Deslocamento
Este mecanismo está relacionado à sublimação e consiste em desviar o impulso de sua expressão directa. Nesse caso, o impulso não muda de forma, mas é deslocado de seu alvo original para outro. Ex: Ao ser despedido de uma empresa, um funcionário leal sente raiva e hostilidade pela forma como foi tratado, mas usualmente tem dificuldade de expressar seus sentimentos de forma directa.
Formação Reactiva
Às vezes, quando as pessoas sentem-se ameaçadas por um impulso opressor, podem combatê-lo indo para o extremo oposto, e denunciando-o vigorosamente em outras pessoas. Assim, funcionários que trabalham sem motivação e de forma relapsa, pode ridicularizar seu companheiro de trabalho que cometeu algum deslize ou que também é relapso.
TEMA 2:
O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA HUMANA 
(Evolução psíquica dos indivíduos)
A evolução psíquica dos indivíduos depende da maturação e do desenvolvimento genético; dos estímulos sociais e afectivos.
O Homem como Unidade bio-psico-social
Todo ser humano à nascença já constitui-se como indivíduo, com qualidades de integridade próprias, particularidades que o distinguem dos outros. O mesmo não se pode dizer em relação à Personalidade. O ser humano forma sua personalidade em resultado da sua constituição biológica (características herdadas), das influências do meio social e cultural do contexto em que se encontra (aquisições do meio), assim como das experiências de vida (desenvolvimento), e sempre considerando seu desenvolvimento psicológico (estabilidade emocional, de sentimentos). Por tal se diz ser uma unidade bio-psico-social.
Alguns termos importantes para compreender o desenvolvimento humano:
Desenvolvimento: é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo de vida. É um processo multidimensional que engloba os aspectos físicos (crescimento); fisiológicos (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), sociais (socialização), e culturais (aquisição de valores, normas).
Maturação: é a dimensão fisiológica do desenvolvimento. Refere-se ao grau de prontidão funcional dos diversos sistemas do organismo, nomeadamente do sistema nervoso. É que torna possível determinado padrão de comportamento. (por exemplo, a alfabetização das crianças depende da maturação neurofisiológica para manejar o lápis, e segurá-lo com as mãos é necessário um desenvolvimento neurológico o que a criança de 1 ou 2 anos não possui ainda.
Maturidade: é o estádio de desenvolvimento do indivíduo indispensável para a execução de determinada tarefa, actividade ou função.
Estado etário: fase de maturação e estruturação (anatómica, fisiológica, psíquica) correspondente a idade ou nível de desenvolvimento do indivíduo.
A Vida Antes do Nascimento (o Desenvolvimento Pré-Natal)
O desenvolvimento pré-natal (gestação) é o período compreendido entre a fecundação e o parto. Este pode ser dividido em três períodos:
O zigoto
O zigoto forma-se após a fecundação e flutua livremente no fluido do útero. Ao fim de cerca de duas semanas, o zigoto (ovo) fixa-se na parede do útero recebendo oxigénio e alimentação do corpo da me. Dois ou três dias da sua implantação no útero o novo ser passa a chamar-se embrião.
Embrião
O segundo estádio do desenvolvimento pré-natal é o estádio embrionário. Este estádio começa cerca de duas semanas depois da fecundação, na altura em que o zigoto (ovo) se fixa à parede uterina.
O estádio embrionário dura cerca de oito semanas depois da concepção. As primeiras fases de vida do embrião humano apresentam características semelhantes com os outros mamíferos. A cabeça do embrião é grande em relação ao resto do corpo e membros não são diferenciados. No final deste período o organismo é claramente identificável como humano (tem face, olhos) e passa a se designar feto.
Feto
A partir da oitava semana até ao nascimento o novo ser passa a chamar-se feto. O feto é capaz de ouvir, movimentar os dedos (dar pontapés, fazer punho, levar o polegar a boca, escolher a posição de dormir, etc.) sentir sabor, etc. O desenvolvimento do feto culmina com o nascimento.
Nascimento
O nascimento é conjunto de fenómenos físicos que tem como finalidade expulsar o feto para o exterior. Quando a criança nasce pesa normalmente 2500 gramas e a placenta para de introduzir alimentos. Crianças com um período de gestação reduzido e peso inferior a 25000 gramas são consideradas pré-maturas. 
A primeira respiração imediatamente após o parto é difícil devido o oxigénio do ambiente que a criança recebe, pois tem inicio a respiração pulmonar. Se o pequeno cérebro não recebe oxigénio dentro de 8 (oito) minutos pode contrair lesões. Por regra, a primeira respiração é acompanhada por grito. O grito converte-se em breve numa forma de manifestação de dissabores ou transtornos (indisposição, desconforto, mal estar, alerta à mãe para acções de cuidado, isto é, um estímulo chave da mãe.
Em cada dor do parto, a criança está exposta a uma pressão com cerca de 25kg. Por isso, partos muito prolongados ou complicados colocaram a criança provavelmente numa situação de indisposição intensiva. O acto do nascimento por si só é uma lesão psíquica, o que serve de base para o medo original do homem, segundo a psicanálise.
Fundamentos Biológicos da Conduta 
Hereditariedade e comportamento: mecanismos básicos
Em última instância, as diferenças entre as espécies dependem da hereditariedade, ou herança física. A hereditariedade compartilhada por todas as pessoas permite uma série de actividades humanas distintas. Por termos herdados polegares opostos e dedos móveis, aprendemos facilmente a manipular ferramentas. A herança de imensos córtices cerebrais permite-nos processar vasta quantidade de informação.
Além das estruturas influenciadoras e dos comportamentos comuns a todas as pessoas, a hereditariedademodela o que é exclusivo a cada pessoa. Seus genes têm algo a dizer sobre uma capacidade de aprendizagem e se somos ou não propensos à depressão.
Genética do comportamento 
A genética do comportamento, um ramo da psicologia e também da genética, estuda as bases herdadas da conduta e da cognição. Abrange diferenças individuais e de espécie (evolutivas).
Os geneticistas do comportamento pressupõem que tudo o que as pessoas fazem depende, em algum grau, das estruturas físicas subjacentes. Sua tarefa é definir exactamente quanto de um determinado acto é modelado pela hereditariedade e quanto o é pelo ambiente. Eles pesquisam também os mecanismos biológicos pelos quais os genes afectam o comportamento e a cognição.
O Papel da Hereditariedade e do Meio na Conduta
Hereditariedade e do ambiente: uma parceria permanente
Estará tudo nos genes?
De acordo com Robert Plomin (1993), talvez o principal sobre a genética do comportamento na última década, o que os cientistas verificaram a repetidas vezes foi que hereditariedade e experiência influenciam conjuntamente muitos aspectos do comportamento. Além disto seus efeitos são interactivos – elas jogam uma com a outra. Por exemplo, em relação a esquizofrenia, embora a evidencia indique que factores genéticos influenciam o desenvolvimento da esquizofrenia, do outro lado não parece que alguém herde directamente o distúrbio mas um certo grau de vulnerabilidade a ela. Portanto, se a vulnerabilidade vai ou não se transformar num distúrbio real, isso dependerá das experiências de cada pessoa na vida.
O herdado e o meio: qual interacção?
O organismo e o ambiente fazem parte de um todo no qual são inter-relacionados e em constante interacção. O meio mobiliza ou favorece disposições hereditárias, mas por sua vez a acção do meio não é independente dessas disposições.
Por um lado, qualquer factor hereditário opera de modo diferente quando as condições do meio ambiente variam. Por outro lado, as condições do meio ambiente exercem diferentes influências sobre as características hereditárias.
As disposições hereditárias traçam o marco do desenvolvimento e oferecem-nos um plano de construção do organismo. Os genes exercem um papel ou acção directiva nos fenómenos do desenvolvimento embrionário e, especialmente, dos primeiros anos de vida, isto é, não se transmitem qualidades já desenvolvidas, mas apenas disposições ou possibilidades para configurar essas qualidades. Por exemplo, a estatura de um indivíduo depende de toda a carga genética, mas além disso, variará, entre outros factores de acordo com a alimentação recebida nos primeiros anos de vida e com as vicissitudes do desenvolvimento glandular posterior.
· Herança e meio são factores que contribuem para a formação do novo ser e se misturam de tal modo que é difícil distinguir o que corresponde a um e ao outro;
· Não podem ser considerados opostos ou antagónicos mas complementares;
· Era comum considerar a herança é rígida, fixa, imutável, irreversível algo como código ou lista de instruções e procedimentos que não admite modificações e na qual cada “instrução” age de modo independente das demais mas hoje tal posição não se sustenta por que também os genes podem sofrer uma mutação, brusca ou não.
Portanto, Dizer que um os “genes influenciam x ou y” não quer dizer que os “genes determinam x ous e y”. Tão pouco quer dizer que o ambiente tenha pouca influência sobre a qualidade em questão. Do início até ao fim da vida, os organismos estão sendo constantemente moldados tanto pela hereditariedade como pelo ambiente. A natureza e a extensão de uma influência sempre depende da contribuição da outra.
Hereditariedade e Meio: o Princípio fundamental da Psicologia
O princípio fundamental e o seu axioma principal é o de que o organismo é produto da hereditariedade, em interacção com o meio social e com o tempo, (história pessoal e colectiva) isto é, o comportamento não é resultado de uma única causa, mas sim de causas múltiplas (biológicas, sociais, culturais,...). É o resultado da hereditariedade a interagir com o meio e com o tempo.
O nosso potencial hereditário pode ser enriquecido ou empobrecido dependendo do tipo, quantidade e qualidade dos nossos encontros com o meio e depende do momento em que estes encontros ocorrem. É pela interacção entre determinantes da hereditariedade e a influência do meio que o indivíduo se forma, desenvolve e realiza.
Não se pode limitar aos aspectos educativos e os sócio-culturais pós-natais, os aspectos físicos, biológicos (alimentares, etc.), e psico-afecivos (emocionais) dos primeiros tempos da vida, nomeadamente pré-natais e perinatais são fundamentais na formação de todas as características do indivíduo.
Psicofisiologia do Sistema Nervoso
A comunicação no sistema nervoso é central para o comportamento. Em breves anotações examinaremos a organização do sistema nervoso.
Especialistas acreditam que há de 85 a 180 biliões de neurónios no cérebro humano. Obviamente isto é apenas uma estimativa. Se os contássemos sem parar a proporção de um por segundo, estaríamos contando por cerca de 6 mil anos! Multidões de neurónios no sistema nervoso têm de trabalhar junto para manter a informação fluindo eficientemente. Para fazer isso, eles estão organizados em equipas, várias das quais têm funções e deveres especializados que dependem, antes de tudo, de sua localização. 
Sistema Nervoso Central (SNC)
O sistema nervoso central (SNC) é a porção do sistema nervoso que fica dentro do crânio e da coluna espinal. Assim, o SNC compreende o cérebro e a medula e a medula espinal. O SNC é banhado na sua “sopa” nutritiva especial chamada fluido cérebro-espinal (FCE). Este fluido alimenta o cérebro e fornece-lhe uma protecção. Embora derivado do sangue, o FC é cuidadosamente filtrado.
Para entrar no FCE, as substâncias do sangue têm de passar pela barreira cérebro-sanguínea, um mecanismo membranoso semipermeável que impede a passagem de certas substâncias químicas entre a corrente sanguínea e o cérebro. Esta barreira evita que algumas drogas entrem no FCE e afectem o cérebro.
A medula espinal
A medula espinal liga o cérebro ao resto do corpo através do sistema nervoso periférico. Embora se pareça com um cabo do qual os nervos somáticos saem, ela é parte do sistema nervoso central e vai desde a base do cérebro até um nível abaixo da cintura, abrigando aglomerados axónios que carregam os comandos do cérebro aos nervos periféricos e conduzem sensações de periferia do corpo cérebro. Muitas formas de paralisia resultam de danos na medula espinal, facto que ressalta o papel crítico que ela representa na transmissão de sinais do cérebro aos neurónios que movem os músculos do corpo.
O cérebro
Evidentemente, a glória suprema do sistema nervoso central é o cérebro, que, anatomicamente, é a parte do sistema nervoso central que preenche a porção superior do crânio. Embora pese apenas cerca de 2 quilos e possa ser carregado em uma das mãos, ele contém biliões de células que interagem, integram informação de dentro, coordenam as acções do corpo e nos capacitam a falar, pensar, recordar, planear, criar e sonhar. 
O Sistema Nervoso Periférico
O primeiro e mais importante corte que separa o sistema nervoso central (cérebro e medula espinal) do sistema nervoso periférico. O sistema nervoso periférico é formado por todos os nervos que ficam fora do cérebro e da medula espinal. Nervos são aglomerados de fibras de neurónios (axónios) que estão no sistema nervoso periférico. Essa porção do sistema nervoso é exactamente o que parece, a parte que se estende para a periferia (parte de fora) do corpo. O sistema nervoso periférico pode ser subdividido em dois: somático e autónomo.
O Sistema Nervoso Somático é formado por nervos que se conectam aos músculos esqueléticos voluntários e aos receptores sensoriais. Estes nervos são os cabos que carregam informação dos receptores na pele, músculos e juntas ao sistema nervoso central e também ordens do sistema nervoso central aos músculos. Estas funções requerem dois tipos de fibras

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