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NEFROLOGIA O ritmo de filtração glomerular . CONCEITOS GERAIS . ● O rim é o único órgão vital cujas funções podem ser substituídas a longo prazo, sem necessidade de transplante. ● Ele faz uma ULTRAFILTRAÇÃO inicial, e depois reabsorve o que for necessário. ● O glomérulo é envolto pela cápsula glomerular (cápsula de Bowman) e corresponde a um emaranhado (um tufo) de vasos sanguíneos (capilares) que chegam à cápsula através da arteríola aferente e sai da cápsula a partir da arteríola eferente. BARREIRA DE FILTRAÇÃO: ● ENDOTÉLIO CAPILAR: é o primeiro ponto da barreira de filtração. Ele colabora para o controle do que passa do capilar para o espaço de Bowman (espaço entre a camada parietal e visceral, onde o ultrafiltrado se acumula). ● MEMBRANA BASAL GLOMERULAR: esqueleto do tufo glomerular ● FENDA PODOCITÁRIA: DINÂMICA DA MICROCIRCULAÇÃO GLOMERULAR: ● A pressão hidráulica no início do sistema é a própria pressão arterial. ● Ao longo da arteríola aferente ocorre uma queda acentuada da pressão hidráulica. ● A pressão hidráulica permanece constante por um longo trecho, correspondente ao capilar glomerular. ● A segunda queda nessa pressão se dá ao longo da arteríola eferente. ● O valor do platô corresponde à Pcg (pressão capilar glomerular) e depende de dois fatores básicos: nível da PA e relação entre Ra (resistência da arteríola aferente) e Re (resistência da arteríola eferente). DETERMINANTES DA ULTRAFILTRAÇÃO: ● Diferença de pressão hidráulica através das paredes glomerulares: se a diferença de pressão através das paredes capilares for nula, a ultrafiltração simplesmente não ocorre, sejam quais forem os valores dos demais determinantes. ● Concentração de proteínas no plasma sistêmico: os capilares glomerulares sofrem também a influência da pressão coloidosmótica, que tende a trazer fluido para o interior do capilar, opondo-se ao efeito da diferença da pressão hidráulica. ● Para que ocorra o processo de ultrafiltração, a força hidráulica deve superar a força oncótica. ● A concentração plasmática de proteínas se eleva continuamente com a distância a partir da arteríola aferente. ● O coeficiente de ultrafiltração: quanto maior ele, mais “poroso” (permeável) e mais fácil é o processo de ultrafiltração. ● A taxa de filtração é diretamente proporcional tanto ao coeficiente de ultrafiltração quanto à pressão efetiva de ultrafiltração do capilar. ● O fluxo plasmático glomerular inicial: o fluxo medido na arteríola aferente. ● Quanto maior o fluxo (vasodilatação da arteríola aferente), menor a elevação da concentração de proteínas e, dessa forma, a ultrafiltração é mantida por mais tempo, graças à diferença significativa entre as forças hidráulica e oncótica. . FATORES INFLUENCIADORES . ● O RFG é profundamente influenciado pela resistência arteriolar pré e pós-glomerular. ● A arteríola eferente é menos eficaz como reguladora, mas exerce um papel fisiológico fundamental, mantendo alta a pressão do capilar glomerular. ● Graças a essa alta pressão, os capilares glomerulares se distinguem dos demais capilares e são capazes de filtrar intensamente. ● A fisiologia da autorregulação do RFG não está totalmente esclarecida. ● O RFG mantém-se relativamente constante diante de variações consideráveis da PA, sendo autorregulada. ● A autorregulação do RFG é obtida por variações isoladas da resistência da arteríola aferente (com pequena participação da arteríola eferente). ALTERAÇÕES DA RESISTÊNCIA VASCULAR: ● TEORIA MIOGÊNICA: as arteríolas aferentes, como qualquer outra arteríola, respondem ao aumento da pressão sanguínea com uma contração de sua musculatura lisa e um consequente aumento de sua resistência, de modo a minimizar o aumento do fluxo sanguíneo renal. ● TEORIA METABÓLICA: qualquer variação do fluxo sanguíneo renal desencadeia a produção de metabólitos cujo efeito vascular tende a se contrapor ao distúrbio inicial. ● TEORIA DA REALIMENTAÇÃO TÚBULO-GLOMERULAR: a mácula densa, estrutura localizada entre a porção espessa da alça de Henle e o início do túbulo distal, monitora continuamente a quantidade de NaCl que chega, sendo capaz de detectar alterações na carga filtrada de sódio e, portanto, da taxa de filtração do respectivo glomérulo. Em resposta a essas alterações, a mácula densa gera um sinal que, graças a sua justaposição com o glomérulo, alcança rapidamente a arteríola aferente, fazendo-a dilatar-se ou contrair-se de modo a manter constante o RFG. DIABETES MELLITUS: ● A diabetes mellitus aumenta cronicamente o RFG. ● Essa hiperfiltração é causada por uma dilatação anômala da arteríola aferente e, em menor grau, da eferente. ● A queda das resistências arteriolares leva a um aumento do fluxo plasmático glomerular. ● O mecanismo por meio do qual essas resistências se tornam cronicamente dilatadas nesses indivíduos ainda não foi elucidado. ● A hipertensão glomerular pode ser muito lesiva ao glomérulo e constitui uma das causas possíveis da nefropatia diabética. HIPERTENSÃO ARTERIAL: ● A alta da PA leva ao aumento da resistência da arteríola aferente, que acaba por deslocar o patamar fisiológico da autorregulação para a direita, de forma compensatória. ● Nesses casos, o tratamento inadequado da hipertensão pode, na verdade, trazer a pressão da circulação glomerular para abaixo do nível de autorregulação compensatório, provocando uma queda considerável do RFG e trazendo sérias consequências clínicas. REDUÇÃO DA MASSA RENAL: ● Trata-se da diminuição progressiva do número de néfrons observada, por exemplo, na doença renal crônica. ● Nesses casos, os néfrons remanescentes aumentam sua taxa de filtração a fim de atenuar a queda do RFG total. ● Ocorre uma grande hipertrofia do néfron como um todo, podendo haver até mesmo duplicação do volume glomerular. ● Ocorre uma elevação do fluxo glomerular e/ou da pressão capilar glomerular, que está associada à redução predominante da resistência da arteríola aferente. ● OBS: por conta da redução dessa resistência, a administração de drogas que dilatam a arteríola eferente (como os depressores do SAA) pode causar uma queda acentuada da RFG, induzindo a indicação equivocada de uma diálise crônica. ESTENOSE DE ARTÉRIA RENAL: ● É comum a elevação da PA sistêmica. ● Apesar dessa comum HAS, a pressão de perfusão renal nesses casos se encontra normal ou baixa, advindo de um rim hipoperfundido “bloqueado” pela estenose. ● Se a PA for reduzida rapidamente por farmacológicos, a pressão de perfusão renal pode cair a níveis muito baixos, ativando a autorregulação por dilatação da arteríola eferente, que, dependendo do tratamento, pode não conseguir compensar e o RFG cai. GLOMERULONEFRITES: ● Nesses casos, observou-se que o fluxo sanguíneo renal está acentuadamente diminuído. ● Em consequência, o perfil de variação da pressão oncótica está desviado e o fluxo baixo resulta na diminuição da filtração por néfron. SÍNDROME NEFRÓTICA: ● A síndrome nefrótica inicia-se a partir de uma perda maciça de proteínas (especialmente albumina) na urina. ● Consequentemente, cai a pressão oncótica do plasma, facilitando o aparecimento de edema e a produção excessiva de lipoproteínas (relacionada ao excesso de atividade biossintética do fígado, primeiramente destinada a compensar a perda plasmática de proteínas). CHOQUE HEMORRÁGICO: ● Ao perder rapidamente uma parcela significativa de seu volume sanguíneo, a pressão arterial pode cair acentuadamente e/ou, mesmo com a PA preservada, a microcirculação renal pode sofrer um processo de vasoconstrição (sobretudo na arteríola aferente) como parte da tentativa do organismo de defender a volemia arterial efetiva. ● A vasoconstrição e a baixa da pressão de perfusão renal podem levar a uma queda acentuada do fluxo plasmático renal. OBSTRUÇÃO URINÁRIA: ● A obstrução mecânica por cálculos, tumores ou outros processos patológicos causa uma elevação muito acentuada da pressão hidráulica da via urinária obstruída. ● Por conta disso, todo o sistema sofreuma elevação de pressão retrogradamente. ● A dinâmica de ultrafiltração glomerular comporta-se de modo que a diferença de pressão se reduz, em consequência da elevação da pressão do espaço de Bowman. ● Tem-se, nesse caso, uma dinâmica glomerular parecida com a dos choques hipovolêmicos.
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