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INFLUENCIA DO ESTRESSE NA REPRODUCAO DE SUINOS

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INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA REPRODUÇÃO DE SUINOS
INTRODUÇÃO
Na suinocultura o bem-estar dos mesmos é um dos pontos críticos, que tem ganhado importância nos últimos tempos através de estudos a fim de entender o nível de interferência na produção dos suínos, se levado em consideração o comportamento animal em relação ao aumento da qualidade de vida. Podendo influenciar positivamente na reprodução destes animais. Procedimentos dolorosos, desmame precoce, limitação de espaço e de interação social, falta de controle e/ou despreocupação com a temperatura do ambiente, por exemplo são alguns dos motivos para o estresse dos suínos e consequentemente o atraso no início da reprodução (Olke, 2021, p. 90).
Em nossa vida os componentes imprevisíveis geram uma alerta de emergência, que irá gerar mudanças endócrinas e metabólicos do organismo. Isso descreve, em termos fisiológicos, uma reação estressante (Möstl e Palme, 2002). Quando há uma longa dificuldade em alcançar o sucesso ao enfrentar uma determinada situação, resultará
na falência no crescimento, na reprodução e até em morte. (Broom e Molento, 2004).
O estresse pode ser definido como uma reação do organismo a qualquer alteração do ambiente, numa tentativa de manter a homeostase e, no caso de estresse térmico, realizar a termorregulação (Fuquay, 1981; Machado Filho e Hötzel, 2000). Qualquer estímulo ambiental sobre um indivíduo que sobrecarregue os seus sistemas de controle e reduza a sua adaptação ou tenha potencial para isto resulta em estresse (Fraser e Broom, 1990
Vários hormônios, como por exemplo o adrenocorticotrópico (ACTH), glicocorticóides, catecolaminas e prolactina, participam da resposta ao estresse. Sendo que, a glândula adrenal é essencial nas reações hormonais ao estresse, já que atua no eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA) e também no sistema simpato-adreno-medular (Möstl e Palme, 2002). Segundo Donin et al.,(2007) “Aumentos do ACTH são considerados um sinal clássico de estresse, e concentrações plasmáticas de ACTH ou cortisol frequentemente são utilizadas em conjuntos experimentais para
avaliar o estresse geral infligido a um animal por qualquer estímulo físico ou emocional.”
Inicialmente diante de situação adversas aciona a resposta da adrenal que irá aumentar a secreção de glicocorticoides e/ou catecolaminas. Diante do alto estresse crônico pode ocasionar a imunossupressão e atrofia dos tecidos de defesa do organismo, reduzindo a aptidão do indivíduo devido as altas concentrações de cortisol. Diante disso, o índice de reprodução dos animais reduz e comportamentos estereotipados são desenvolvidos (Möstl e Palme, 2002).
O eixo neuroendócrino adrenal é influenciado pelo mecanismo que controla a atividade do pulso gerador de hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH). Já que com a administração de CRH observasse a diminuição instantânea na liberação pulsátil de GnRH e de hormônio luteinizante (LH). Desta forma, é possível concluir que o estresse é inibidor do pulso de GnRH pela ativação e disponibilização de componentes neuroendócrinos do eixo hipotalâmico-hipofisárioadrenal, sendo este um dos mecanismos de ação do estresse, afetando a reprodução (Ferin, 1998 apud Donin et al., 2007).
Diversos são os tipos de estresse que os animais podem sofrer ao longo da vida. Tratando-se dos suínos podemos considerar condições climáticas inadequadas, espaços físicos insuficientes, instituição da hierarquia social do grupo, assim como mudanças diárias da rotina, por exemplo sons e substituição das pessoas responsáveis pelo manejo, higiene, conforto, entre outros (Nass, 2000). 
È valido ressaltar que um dos fatores de grande importância que pode causar alterações reprodutivas é a temperatura, sendo mais especifico, o calor e a umidade elevada. Pois no Brasil esse fator é um grande limitante, pois o clima tropical é predominante em sua maior parte. As altas temperaturas tendem a ser prejudicais para os suínos, em virtude das principais linhagens e raças explorados no país serem de origem europeia e norte asiáticas, o que os levam a ser adaptados a climas mais frios (MANNO et al., 2005; ZANGERONIMO; OBERLENDER; MURGAS, 2015 apud OELKE, 2021).
O calor e umidade elevada podem leva-los a um estresse crônico, especialmente se acompanhados por uma ampla variação da temperatura, ocasionando uma redução alimentar e consequentemente interferindo em sua produção de espermatozoide, sendo assim, alterando diretamente em sua eficiência reprodutiva. Além disso altas temperaturas corporais sejam por altas temperaturas ambientais ou alguma doença, podem causar uma degeneração testicular, reduzindo a porcentagem de espermatozoides normais e férteis (Jainudeen e Hafez, 1995 apud Donin et al., 2007).
Alguns autores; Hansen (1999), Huang et al., (2000) e Rozeboom et al. (2000) apud, Donin et al, (2007) observaram que nas estações quentes a qualidade do sêmen caiu consideravelmente, já nos ambientes em que se tem um controle de temperatura, a motilidade e porcentagem acrossomas normais foram maiores. (Corcuera et al. 2002, apud Donin et al., 2007).
O organismo dos animais reage ao calor ou a outro estresse qualquer pela indução ou aumento na síntese de um grupo único de proteínas comumente denominadas como “heat shock proteins” ou HSPs (proteínas do choque térmico). Apesar de não conhecer tão bem a função dessas proteínas considera-se que uma de suas funções é proteger o organismo contra os impactos ambientais adversos. Em situação de estresse térmico ocorre uma redução dos níveis de HSP70 nos espermatozóides, indicando que machos suínos, durante estações quentes, não respondem eficientemente a altas temperaturas ambientais aumentando a expressão de HSP70. Desta forma pode-se correlacionar a quantidade dessa proteína à qualidade do sêmen. Uma menor quantidade de HSP70 é associada a um sêmen de menor qualidade (Huang et al., 2000 apud, Donin et al., 2007)
Os suínos são animais homeotérmicos, então para demonstrem bons índices de desempenho eles devem estar em conforto térmico. A zona termoneutra é a faixa de temperatura ambiente em que o animal se mantém com a taxa metabólica mínima e varia de acordo com a idade do animal, estado nutricional e variáveis ambientais (MOUNT, 1979; SCIENTIFIC VETERINARY COMMITTEE, 1997 apud OELKE, 2021).).
O ambiente ideal deve ser criado através de diversos fatores físicos, como a iluminação, conforto termico, tipo de piso e ventilação. Há os fatores sociais como a integração ou não do animal, hierarquia e dominância, grupo e tamanho. Existe também o manejo que compõe a dieta, as diretrizes do desmame, tipos de arraçoamento, piso, forros, equipamentos, taxa de renovação de ar, entre outros. Onde o ambiente interno é a junção de todas essas ocorrências (BALDWIN 1979, apud NASS 2000). 
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS
BROOM, D.M.1 ; MOLENTO, C.F.M.2 BEM-ESTAR ANIMAL: CONCEITO E QUESTÕES RELACIONADAS – REVISÃO. Disponível em: file:///C:/Users/WINDOWS%2010/Google%20Drive/FACULDADE/9%C2%BA%20Semestre/Fisiopatologia%20da%20Reprodu%C3%A7%C3%A3o/Trabalho%2001/BEM-ESTAR_ANIMAL_CONCEITO_E_QUESTOES_RELACIONADAS_.pdf. Acesso em 15 de abril de 2022.
DONIN, D. S.; HEINEMANN, R.; MOREIRA, N. Estresse térmico e suas consequências sobre as características do sêmen de machos suínos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 31, n. 4, p. 456-461, 2007.
Möstl E, Palme R. Hormones as indicators of stress. Dom Anim Endocrinol, v.23, p.67-74, 2002.. Disponível em: https://ag2.kku.ac.th/eLearning/137731/Download%5CHormone%20as%20indicator%20of%20stress.pdf Acesso em 15 de abril de 2022.
Seminário Internacional de Suinocultura, 5., São Paulo 2000, São Paulo. A INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE NA REPRODUÇÃO
DAS PORCAS. Autora NASS, 	Irenilza de Alencar. Disponível em: http://docsagencia.cnptia.embrapa.br/suino/anais/anais0009_alencar.pdf <Acesso em 15 de abril de 2022.
Suinocultura e avicultura [livro eletrônico]: do básico a zootecnia de precisão / Organizador Carlos Alexandre Olke. - Guarujá, SP: Científica Digital, 2021. Disponível em:https://downloads.editoracientifica.org/books/978-65-87196-89-3.pdf Acesso em 15 de abril de 2022.

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