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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Desidratação e Soroterapia Desidratação Distúrbio decorrente da perda de água e eletrólitos, frequente nas crianças com diarréia e/ou vômito. Causas menos comum: sudorese excessiva (ex: fibrose cística) ou baixa ingesta de líquidos. Avaliação do estado de hidratação A avaliação do estado de hidratação do paciente com diarreia deve ser criteriosa e inclui o exame do estado geral do paciente, dos olhos, se há lágrimas ou não, se o paciente tem sede, o nível de consciência, presença do sinal da prega cutânea, e como se encontra o pulso e o enchimento capilar. Outros achados podem ser importantes quando presentes, traduzindo a gravidade do quadro, tais como nível de alerta, fontanela baixa, saliva espessa, padrão respiratório alterado, ritmo cardíaco acelerado, pulso débil, aumento do tempo de enchimento capilar, extremidades frias, perda de peso, turgência da pele e sede. Outro parâmetro objetivo: diurese. Desidratação grave: Menores de 1 ano, cetoacidose diabética, cólera, desnutrição grave. TEC >10 segundos é grave. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Classificação do grau de desidratação O percentual de perda de peso é considerado o melhor indicador da desidratação. Volume necessário para correção do déficit corporal Solução de reidratação oral Eletrólito que é mais perdido: K. Composição do SRO: Glicose + NaCl + água A ativação do co-transportador Na-glicose no intestino permite uma reabsorção mais rápida da água (lembre: a água segue o Na). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Pessoa que está desidratada dar apenas o soro. Despois disso, se houver risco de voltar a desidratação canja, água de coco e água (complemento a re-hidratação). Tratamento conforme o grau de desidratação Após ser realizado exame físico completo com definição do estado de hidratação, deve ser seguido o esquema clássico de tratamento, distribuído em três categorias segundo a presença ou não de desidratação. Se o paciente está com diarreia e está hidratado deverá ser tratado com o Plano A. Se está com diarreia e tem algum grau de desidratação, deve ser tratado com o Plano B. Se tem diarreia e está com desidratação grave, deve ser tratado com o Plano C. É fundamental para o tratamento adequado a reavaliação pediátrica contínua. Lembrete: diarréia aguda pode durar até 14 dias. Plano A Tratamento no domicílio. É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de reidratação oral (reposição para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação com alimentos que não agravem a diarreia. Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente para prevenir a desidratação. Além do soro de hidratação oral, são considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras, água de coco, água. São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos comercializados, café. Ainda no Plano A, deve-se iniciar a suplementação de zinco e manter a alimentação habitual. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Plano B Administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das perdas vinculadas à desidratação). Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas durante o período da terapia de reparação por via oral). Criança desidratada, independente do grau, não vai para casa. TRO: Terapia de Reidratação oral 1) Pesar a criança (sem roupa – para saber o peso dela desidratada); 2) Oferecer SRO e registrar o volume que a criança tomou após 2 horas; 3) Examinar novamente a criança e ver se os sinais de desidratação melhoraram; 4) Pesar novamente a criança – saber o quanto que ela ganhou de peso do quanto ela tomou de líquido (índice de retenção = diferença de peso divido pelo volume ingerido). Sucesso da técnica quando índice de retenção > 20%. Sinais de sucesso da plano B: - Desaparecimento dos sinais clínicos; - Ocorrência de diurese abundante (pelo menos duas diureses – pois a primeira poderia ser a que já estava na bexiga e a segunda corresponde de fato a hidratação). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Sucesso da TRO Realimentar e passar ao plano A. Insucesso da TRO Passar ao plano C. Plano C Corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral. As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de consciência ou convulsões), choque hipovolêmico. Idealmente deve-se conseguir a punção de veia calibrosa. Quando necessário, sobretudo em casos de choque hipovolêmico, podem ser necessários dois acessos venosos. Caso não seja possível infusão venosa, considerar infusão intraóssea. 1) FASE DE EXPANSÃO (FASE RÁPIDA) Tirar o paciente da desidratação aguda. Paciente pode precisar de várias expansões até que esteja hidratado. Menores de 5 anos: 20 ml/kg em até 30 minutos. Exemplo 1: Paciente de 4 anos, desidratado grave, peso atual 18 kg Como é uma criança com menos de 5 anos, administrar 20 ml/ Kg de peso, ou seja, 20 ml x 18 kg = 360 ml de SF EV para correr em 30 minutos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Maiores de 5 anos: Faz a 1ª expansão com soro fisiológico e examina novamente. Se não foi o suficiente, passa para o Ringer. Exemplo 2: Paciente de 8 anos, desidratado grave, peso atual 25 kg Como é uma criança com mais de 5 anos, administrar 30 ml/ kg de peso, ou seja, 30 ml x 25 kg = 750 ml de SF EV em 30 minutos + 70 ml/kg de peso, ou seja, 70 ml x 25 kg = 1750 ml de Ringer EV em até 2h30 minutos. 2) FASE DE MANUTENÇÃO Oferecer o suficiente para as necessidades basais do paciente. I) Qual a necessidade calórica basal do paciente? Regra de Holliday ou do Peso Calórico: 1–10Kg – Atribuir 100 Kcal por kg de peso (até 1000 Kcal). 11–20kg – 1000 Kcal + 50 Kcal por kg excedente (até 1500 Kcal). > 20kg – 1500 Kcal + 20 Kcal por kg excedente. II) Necessidade basal Para cada 100 Kcal (calculadas anteriormente): - Volume = 100 ml; - Sódio = 3 mEq; - Potássio = 2.5 mEq; - Glicose = 4 a 8 g. III) Cálculo do soro – Regra das 3 caixas 1ª caixa – Necessidade Basal. 2ª caixa – Necessidade Basal aplicada ao paciente. 3ª caixa – Soro final. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C SG: Soro glicosado. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Se usar um soro glicosado de maior % e o volume ficar abaixo do necessário segundo a regra de Holiday, acrescentar água destilada. IV) Regra prática 1) Calcular a necessidade calórica basal (regra de Holliday). 2) Obter o volume total a infundir (que é numericamente igual ao ítem 1). 3) Soro: - 1/5 – SF; - 4/5 – SG 5%; - 1ml/100kCal – KCl. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3) FASE DE REPOSIÇÃO Além das necessidades metabólicas basais, é preciso repor o que o paciente está perdendo. Ocorre AO MESMO TEMPO que a fase de manutenção. 50 ml/kg: - metade em SG 5% - metade em SF. KCl 19,1%: - Acrescentar mais 1 ml para cada 100 ml da fase de manutenção. Exercício final: Paciente de 3 anos, 10 kg, desidratado grave com diarreia intensa. Fazer a prescrição completa de soros. 1) EXPANSÃO Como trata-se de uma criança com menos de 5 anos, administrar 20 ml/kg de peso, ou seja, 20 ml x 10 kg = 200 ml de SF EV aberto em até 30 minutos. Repetir até que a criança fique hidratada, quantas vezes for necessário!!! 2) MANUTENÇÃO São 100 Kcal para cada Kg de peso até 10 kg, ou seja, 100 x 10 = 1000 Kcal = 1000 ml (200 ml de SF + 800 ml de SG 5%) + 10 ml de K - EV em 24 horas. 3) REPOSIÇÃO 50 ml/ Kg = 500 ml dividido em = 250 ml SF + 250 ml SG 5% + 10 ml de K - EV em 24 horas.
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