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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO EN- SINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 1ª edição Ipatinga – MG 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Carla Jordânia G. de Souza Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. ‘ Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 113 p. il. Inclui referências. ISBN: 978-65-990786-0-6 1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. CDD: 100 CDU: 101 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo apli- cado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científico (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações im- portantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões cit- adas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO A LÍNGUA MATERNA: DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E ENSINO DA LÍNGUA NA ESCOLA ............................................................................................... 9 1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 1.2 LÍNGUA, LINGUAGEM E DIVERSIDADE LINGUÍSTICA .................................. 9 1.3 TEORIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM .........................11 1.4 TEORIA INTERACIONISTA DE JEAN PIAGET ..................................................13 1.5 TEORIA INTERACIONISTA DE LEV VYGOTSKY ..............................................15 1.6 DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E ENSINO DA LÍNGUA NA ESCOLA ..............21 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................22 A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM PELA CRIANÇA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA UMA PROPOSTA DE ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA ................ 28 2.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................28 2.2 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: UM PROCESSO ESPONTÂNEO ..................28 2.3 APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM: UM PROCESSO SISTEMATIZADO .......29 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................32 O PAPEL DA ORALIDADE E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 36 3.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................36 3.2 A LÍNGUA FALADA NA SALA DE AULA .........................................................36 3.3 A LÍNGUA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................38 3.4 A LINGUAGEM DO DESENHO ........................................................................39 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................42 A RELAÇÃO ENTRE ORALIDADE E ESCRITA NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................. 46 4.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................46 4.2 EMILIA FERREIRO, A ESTUDIOSA QUE REVOLUCIONOU A ALFABETIZAÇÃO ....................................................................................................46 4.3 A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA .........................................................47 4.4 OS NÍVEIS ESTRUTURAIS DA ESCRITA ............................................................49 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................53 A LEITURA E A PRODUÇÃO DE TEXTOS ORAIS E ESCRITOS NA ESCOLA ...................................................................................................... 58 5.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................58 5.2 A LEITURA NA ESCOLA ...................................................................................58 5.3 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LEITURA NA SALA DE AULA ..................................................................................................................59 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................64 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 6 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E A BNCC DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ..................................... 69 6.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................69 6.2 PCNS - OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS .............................69 6.3 ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA ....70 6.3.1 Proposta da BNCC – Base Nacional Comum Curricular: uma nova Perspectiva do Ensino da Língua Portuguesa........................................................................................................................ 72 6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................76 FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................77 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 82 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 83 UNIDADE 06 7 8 CONFIRA NO LIVRO Quer saber a diferença entre língua e Linguagem? Você aprenderá isso e muito mais! Como a diversidade linguística é trabalhada em sala de aula? Vamos descobrir ainda mais sobre: Teorias do desen- volvimento da linguagem, Teorias Interiocinistas de Piaget, Teorias In- teracionistas de Vygotsky, Diversidade linguística e o Ensino da Lín- gua na Escola. A Aquisição da Linguagem pela Criança e suas Implicações para uma Propostade Escolarização da Infância é a nossa apresentação na unidade e o processo da linguagem como Espontâneo ou Siste- matizado? Leia como dá a aquisição dentro da escola e ao mesmo tempo na vida cotidiana. Apresentar a língua falada e língua escrita na Educação Infantil é o compromisso da unidade, por isso fique atento às informações que serão de grande importância para o papel do professor dentro do processo de alfabetização. Depois de apresentar a língua oral e escrita, vamos nessa unidade aprender a relação entre Oralidade e Escrita no Ensino da Língua Portuguesa na abordagem da Psicogênese da Língua Escrita e os níveis estruturais. Ler para produzir texto é um desafio que exige planejamento e es- tratégias. A unidade compromete a apresentar “A leitura na es- cola” e “O Planejamento e as Estratégias para o ensino da leitura em sala de aula. ” Na perspectiva da unidade apresentamos “Os Parâmetros Curricu- lares Nacionais e a BNCC do Ensino da Língua Portuguesa para Edu- cação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. E Alfabetiza- ção e o ensino de Língua Portuguesa na escola dentro da proposta da Base Nacional Comum Curricular. 9 A LÍNGUA MATERNA: DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E ENSINO DA LÍNGUA NA ESCOLA INTRODUÇÃO Quando pensamos em diversidade e linguagem, logo levamos em conta a situação, o lugar e os indivíduos envolvidos na ação da linguagem. Nesta unidade iremos refletir sobre o lugar onde a linguagem ocupa na rela- ção de interação com outro e seu entendimento. Ainda levarmos em discussão as primeiras teorias sobre o desenvolvimento da linguagem que foram baseadas em “Teorias ambientais” ou Teoria da Aprendizagem. A unidade 1 destaca-se por abordar a concepção da linguagem na visão de Piaget e Vygotsky, as relações humanas e o lugar onde se ocupa neste contexto. Relacionar a linguagem como um ato transformador dos sujeitos como ser his- tórico e social é uma forma de resgatar uma herança cultural. LÍNGUA, LINGUAGEM E DIVERSIDADE LINGUÍSTICA Para refletirmos sobre a linguagem precisamos saber: o que é língua? A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares etc., ela é apenas o principal desses sistemas (SAUSSURE, 1970, p.24). O interessante é que a língua tem característica própria, carregada de perfil do indivíduo e evoluindo em conjunto com a humanidade. Quem é o dono da lín- gua? Quando fazemos a pergunta, logo temos a resposta, os falantes. Eles sim man- dam na língua materna. Bloch e Trager (1942, p. 5) escreveram: “Uma língua é um sistema de símbolos vocais arbitrários por meio dos quais um grupo social coopera.” O que é impressio- nante nessa definição, em contraste com a de Sapir, é que ela não faz alusão, a não ser indiretamente e por implicação, à função comunicativa da lingua(gem). Em vez disso coloca toda a sua ênfase na função social. ” UNIDADE 10 O termo linguagem tem muitos significados e sentidos, mas uma delas é a fa- culdade cognitiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar e expressar simbolicamente sua experiência de vida, assim como adquirir, processar, produzir e transmitir conhecimento. Somos seres únicos e cada indivíduo tem sua ma- neira de se comunicar. Quais as concepções importantes sobre o ato de se comuni- car com o outro? Qual é a importância de se fazer entender em um mundo digital? Quais as dificuldades da linguagem? Conforme Sapir (1929, p. 8), “A linguagem é um método puramente humano e não instintivo de se comunicarem ideias, emoções e desejos por meio de símbolos volun- tariamente produzidos”. Tal definição apresenta alguns defeitos. Por mais am- pla que seja nossa concepção dos termos “ideia”, “emoção” e “desejo”, parece claro que há muito que se pode comunicar pela linguagem e que não é coberto por nenhum deles; particularmente “ideia”, que é inerentemente e impreciso. ” Por entender o termo como amplo, podemos que expressar através da linguagem cor- poral, isto é, através de gestos, expressões faciais, caracterizando assim, linguagem corporal; por isso Sapir relaciona a linguagem com emoção e ideias como sentimen- tos humanos. O que é Diversidade Linguística? A linguística refere à diversidade como um respeito às todas as línguas existen- tes e promove a preservação daquelas que se encontram em vias de extinção por falta de falantes. 11 O objetivo é fazer a ligação entre a aprendizagem e o respeito às diferenças de vocabulário de cada país ou região, por exemplo. Vivemos em um país em que a diversidade linguística é uma realidade, por isso precisamos discutir sobre o respeito, a aceitação e a comunicação entre elas. Sabemos que a língua é viva e dinâmica, simplesmente pode ao longo do tempo sofrer variações como, por exemplo, deixar de usar ou adicionar algumas palavras, isso se dá o nome de variação linguística histórica. Há ainda dentro do mesmo contexto de variação da língua a forma de falar de determinada localidade, isto é, direcionada aquela região ao damos o nome de variação linguística geográfica ou regional e outra característica tão im- portante como estas, a variação linguística social/cultural que é determinada por um tipo linguagem utilizada por determinado grupo social, que por preferências, ativida- des e ou nível socioeconômico adota um linguajar próprio. Podemos exemplificar com os grupos de profissionais como advogados ou surfistas. Para iniciarmos o assunto desenvolvimento da linguagem, veremos algumas teorias. TEORIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM Explicar como a criança desenvolve a habilidade da linguagem, como aprende a língua materna é um desafio para a psicologia do desenvolvimento. Há de se pensar na teoria do ambiente que influencia diretamente nesse contexto da língua. As primeiras teorias sobre o desenvolvimento da linguagem foram baseadas em “Teorias ambientais” ou Teoria da Aprendizagem, visto que se dizia que a criança aprendia através de imitação, porém a imitação não era uma base sólida, já que não se pode explicar toda a aquisição da linguagem. Logo, os pais têm um papel fundamental no desenvolvimento linguístico da criança, pois os mesmos moldam através dos esforços sistemáticos e gradualmente recompensando aproximações cada vez melhores da fala adulta, que segundo Skin- ner (1957), esta teoria chamada de “Teoria do Reforço”, porém a teoria de Skinner não se consolidou, pois quando os pesquisadores observaram a interação dos filhos com os pais, eles constaram que as atitudes dos pais eram diferentes ao que Skinner propôs. Ambiente Linguístico 12 É obvio que quanto mais uma criança é exposta ao ambiente da linguagem maior será sua aquisição e ampliação de vocabulário, porém quanto menos a cri- ança for submetida, mais tardia será a qualidade e quantidade do desenvolvi- mento. Segundo uma pesquisa realizada pela National Longitudinal Survey of Labor Market Experience of Youth (NLSY), o Teste de Vocabulário por Imagens de Peabody (PPVT). Os desenvolvimentistas descobriram que a quantidade e a qualidade da lin- guagem que uma criança ouve variam com o nível de renda da mãe: mães pobres falam menos com seus filhos, usam frases menos complexas e leem menos para eles. Os dados revelam que uma consequência da pobreza para as crianças é um risco consideravelmente alto de habilidades deficientes de linguagem. Verificou-se também que crianças aos 4 anos de vocabulário entre as mais pobres e crianças em melhor situação financeira é alto, porém a diferença se amplia na idade escolar. Segundo Catherine Snow (1997), verificou que crianças de 4 anos criadas na pobreza usam frasesmais curtas e menos, já que as mães conversam menos com os filhos. E muitos são os fatores que contribuem, dentre eles, quando se lê para uma criança maior será seu desenvolvimento linguístico e ampliação de seu vocabulário. Já as “Teorias Nativistas” apoiam suas evidências em dois fenômenos: “A ex- trema complexidade da tarefa que a criança deve realizar e as aparentes semelhan- ças nos passos e nos estágios do desenvolvimento da linguagem das crianças entre línguas e entre todas as crianças. “Noam Chomsky (1965, 1975, 1986, 1988). Dan Slobin (1985a, 1985b), outro nativista influente, defende a ideia de que toda criança nasce com a capacidade básica para a linguagem. Difere das “Teorias Construtivistas” de outras abordagens por se apoiar em par- ticular, alguns teóricos afirmam de maneira veemente que o importante não são as tendências ou os princípios operantes inatos, mas a construção da linguagem da cri- ança como parte do processo mais amplo de desenvolvimento cognitivo (Akhtar, 2004). Segundo a visão de Melissa Bowerman coloca a ideia dessa forma: “quando a linguagem começa a aparecer, ela não introduz novos significados à criança. An- tes, ela é usada para expressar apenas aqueles significados que ela já formulou inde- pendentemente da linguagem” (1985, p. 372). Entretanto, Bowerman (2007), também 13 observa que quando a criança começa a usar linguagem para expressar as ideias que estão começando a entender, o próprio fato de criar estruturas linguísticas para elas, ajuda a entendê-las melhor. Para os Construtivistas, “o desenvolvimento cognitivo e da linguagem são pro- cessos interdependentes, e a pesquisa na tradição construtivista busca ligações en- tre avanços nos dois domínios. Por exemplo, o jogo simbólico (como fingir beber de um copo vazio) e a imitação de sons e gestos aparecem ambos aproximadamente ao mesmo tempo em que surgem as primeiras palavras da criança, sugerindo algum “entendimento simbólico” mais amplo que é refletido em uma série de comporta- mentos. Veremos duas frentes teóricas que se destacam na linha interacionista, Pi- aget e Vygotsky. TEORIA INTERACIONISTA DE JEAN PIAGET Figura 1: JEAN PIAGET Disponível em: https://bit.ly/3fD6f8M. Acesso em: 02 mar. 2021 Jean Piaget foi um psicólogo suíço e importante estudioso da pedagogia in- fantil. Revolucionou os conceitos de inteligência e desenvolvimento cognitivo. Jean Piaget (1896-1980), nasceu em Neuchâtel, na Suíça, no dia 9 de agosto de 1896. Seu pai era professor universitário de Literatura Medieval. Desde criança, já mostrava in- teresse pela natureza. Na adolescência, escreveu artigos científicos e trabalhou gra- tuitamente para o Museu de História Natural. Jean Piaget descobriu através de avaliações, que as crianças da mesma faixa etária cometiam os mesmos erros, o que o levou a acreditar que o pensamento ló- gico se desenvolvia gradativamente. Começou então, a estudar o desenvolvimento 14 das habilidades cognitivas das crianças. Em 1921, Piaget voltou para a Suíça, onde assumiu a direção do Instituto Jean-Jacque Rousseau, na Universidade de Genebra. Em 1923, publicou “A Linguagem e o Pensamento da Criança”. Nesse mesmo ano casa-se com Valentine Châtenay, com quem teve três filhas, que foram impor- tantes para o desenvolvimento de suas pesquisas. Em 1924, publicou “O Juízo e o Raciocínio da Criança”. Em 1936, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade de Harvard. Lecionou em diversas universidades da Europa, entre elas a Universidade de Sorbonne, em Paris. Jean Piaget organizou seus estudos a partir da observação ao desenvolvi- mento de seus três filhos. Direcionou seus estudos sustentados por dois pilares: A lógica e a Psicologia Genética defendida por Soares em (2006, p.2). Pautado, sobretudo na relação com a inteligência sendo uma das formas de manifestações da vida, Piaget relacionou ação e interação em um processo contí- nuo. Classificou que as crianças do 0 aos 2 anos como estágio sensório-motor, isto é, uma forma prática de adaptação ao mundo exterior, pois nesta fase o bebê tem suas primeiras experiências de interação real com o meio ambiente. A conduta sen- sório-motor dita por Piaget está relacionada ao sistema de sucção, audição e visão, sendo assim, como seu primeiro sistema de ação a sucção e logo se estendem a outras ações, tais como pegar objetos e levá-los a boca. Mais tarde, o bebê classifica e reflete sobre a distância temporal entre ele e o objeto, o que faz despontar aos poucos uma abstração ilimitada. Ele explica que nessa fase a criança - utiliza da imitação e cópia dos gestos dos adultos, que ao longo do processo transformam-se em atos de inteligência representativa e jogos sim- bólicos acompanhados de palavras ou vocalizações. Quanto mais a criança se de- senvolve, suas estruturas mentais, seus rabiscos e depois as garatujas já podem sim- bolizar o que ela tem em mente. Para Piaget a função da linguagem está no pensamento e transmite ao indi- víduo um sistema todo preparado de noções classificações, de relações, enfim, um potencial de inesgotáveis créditos que se reconstroem em cada indivíduo, susten- tado por modelos multisseculares já elaborado por gerações anteriores. Já o estágio pré-operacional abrange um período que se estende dos 2 a 6 anos de idade. É nessa fase que a criança vai pouco a pouco interiorizando o meio, e podendo representá-lo mentalmente. Com o desenvolvimento da função semió- tica, ela começa a utilizar os símbolos mais organizados para representar a realidade. 15 No estágio operatório concreto, ocorre dos 6 anos aos 12 anos de idade. Há um desenvolvimento cognitivo das operações mentais consideráveis, pois já conse- gue pensar logicamente sobre eventos concretos ainda que tenha dificuldade de lidar com conceitos hipotético-abstratos. Por exemplo, conforme Yves de La Tai- lle(2013), se alguém disser a uma criança que todos os planetas são quadrados, ela irá concluir pela lógica que essa afirmação se aplica à Terra, mesmo que ela saiba que o nosso Planeta é redondo. O último estágio operatório formal corresponde da idade dos 12 anos em di- ante, a criança tem a capacidade pensar e raciocinar de forma hipotético-lógico- dedutiva, pois está apta para operações mentais que possa realizar. Por exemplo: Se disser a uma criança o provérbio que se encontra no estágio operatório formal “de grão em grão a galinha enche o papo”, a criança consegue trabalhar a lógica do provérbio e com a ideia da galinha comendo os grãos. É nesse momento que a criança consegue representar pelo desenho e pela escrita alfabética. Figura 2: Esquema do processo de construção do conhecimento Disponível em: https://bit.ly/3fv8gDS. Acesso em: 03 mar. 2021 Em suma, para Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando acon- tecem ações físicas ou mentais obre objetos que, provocando o desequilíbrio, resul- tam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em cons- trução de esquemas ou conhecimento. TEORIA INTERACIONISTA DE LEV VYGOTSKY Figura 3: LEV VYGOTSKY 16 Disponível em: https://bit.ly/32mbuWg Acesso em: 03 mar. 2021 Lev Semyonovich Vygotsky, ou Vygotsky, (1896 – 1934) foi um psicólogo bielor- russo, autor da psicologia cultural-histórica. O pensador enfatizava o papel da lin- guagem e do processo histórico social no desenvolvimento intelectual do indivíduo. Só foi descoberto pelos acadêmicos ocidentais muitos anos após sua morte, mas sua influência foi profunda no sentido de mudar a percepção hegemônica de que o aluno seria apenas o sujeito da aprendizagem. Lev Vygotsky relacionou sua pesquisa às funções psicológicas superiores típicas do comportamento humano, tais como: pensar, falar, agir e ter consciênciadas coi- sas. Para Vygotsky a relação com as pessoas, denominada interação social, reforça que é no contato cultural com algum “grupo social”, determinará a transformação de um sujeito, apropria-se da linguagem em interação do com outro e organiza seu comportamento intelectual. A fala possibilita a criança um controle de suas ações sobre o meio, (Pino, 2017). Conforme Vygotsky, a fala não é determinada por mundo simbólico e sim, aos signos em termos como, gestos. Para ele, a criança depende de signos externos para significar as ações direcionadas aos objetos. E para entendermos signo é um ser meio inventado pelos homens para representar-se a realidade, material ou imaterial. Já o sistema simbólico, isto é, a linguagem tem um papel essencial na constru- ção do pensamento, na interação em os grupos sociais, pois possibilita a concepção e a organização real. A função simbólica pode ser internalizada e estabelecer uma forma de discurso interior, que terá avanços no decorrer do processo da linguagem. “A linguagem age decisivamente na estrutura do pensamento e é ferramenta básica para a construção de conhecimentos”. Intervém no desenvolvimento intelec- 17 tual da criança desde seu nascimento (STADLER et al). “A linguagem fornece os con- ceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento” (FOSSILE, 2010). Para Vygotsky, a linguagem está ligada ao pensamento, já que, conforme a fala privada se desenvolve, a criança torna-se capaz de orientar e dominar ações (MIRANDA; SENRA, 2012). São pilares básicos do pensamento de Vygotsky: 1) “As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral”. O cérebro é um sistema aberto, pois é mutável. Suas estruturas são mol- dadas ao longo da história do homem e de seu desenvolvimento individual; 2) O funcionamento psicológico tem como base as relações sociais, dentro de um contexto histórico; 3) A cultura é parte essencial do processo de construção da natureza humana; 4) A relação homem-mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. Entre o homem e o mundo existem elementos mediadores – ferramentas auxiliares da atividade humana Segundo Vygotsky, as funções psicológicas tais como: ações e pensamentos inteligentes que só encontramos no homem, como pensar, refletir, organizar, catego- rizar, generalizar, são desenvolvidas ao longo tempo, conforme as histórias sociais do homem. Para ele, a mediação, isto é, a interação que o indivíduo tem com o meio e com outros indivíduos, mediado por um conhecimento e/ou experiência assimilado anteriormente. “Por isso, ele tem a sua teoria como socioconstrutivista, pois percebe que interação é mediada por várias relações, diferentemente do construtivismo, em que o sujeito age diretamente com o objeto” (MAGALHÃES, 2007). Figura 4: Mediação 18 Fonte: Elaborado pelo autor (2020) A mediação, conceito central de sua obra, é a intervenção de um elemento intermediário em uma relação. Para Vygotsky, existem dois elementos mediadores: os instrumentos e os signos. Ambos oferecem suporte para a ação do homem no mundo. Instrumento é todo objeto (externo) criado pelo homem com a intenção de facilitar seu trabalho e sua sobrevivência, enquanto os signos são instrumentos psico- lógicos (internos), que auxiliam o homem diretamente nos processos internos. Quando o homem cria uma lista para ir ao mercado, está criando signos, ou seja, instrumentos psicológicos que o auxiliarão, mais tarde, na realização da ação (com- pras no mercado). As representações da realidade e a linguagem são sistemas simbólicos que fazem a mediação do homem com o mundo. É o próprio grupo cultural quem for- nece as representações e o sistema simbólico, pois, ao interagir com o outro, o indi- víduo vai interiorizando as formas culturalmente construídas, as mesmas que possibili- tam as relações sociais. Vygotsky defende ainda que o meio social é determinante do desenvolvi- mento humano e que isso acontece fundamentalmente pela aprendizagem da lin- guagem, que ocorre por imitação e mediado através da interação com os outros (BRUNER, 1987). “ [...] linguagem e atividade social se aprende através de interação com o outro” (WELLS, 1986 apud CABRERA. VILLALOBOS, 2007, p. 413). A premissa básica da teoria de Vygotsky é a de que toda forma de atividade mental humana de ordem superior é derivada de contextos sociais e culturais. Todas as atividades mentais de ordem superior são inicialmente criadas através da interação social e só posterior- mente se convertem em processos mentais internos. Segundo Vygotsky, a aprendiza- gem da criança é assistida e mediada pelo professor e ambiente, e a maior parte 19 dessa comunicação é orientada através da linguagem, ou seja, o psicólogo acredi- tava que o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da linguagem, das conversas e interações das crianças com os adultos (família, professores etc.), por isso a escola e a família devem trabalhar em parceria para que o desenvolvimento da criança ocorra de maneira agradável e efetiva. Dentro dos estudos desenvolvidos por Vygotsky está incluída a aprendizagem assistida e Zona de Desenvolvimento Proximal na qual veremos um pouco abaixo. Aprendizagem Assistida e Zona De Desenvolvimento Proximal Outro conceito de Vygotsky é a zona de Desenvolvimento Proximal, isto é, a distância entre as práticas que a criança já domina e aquela que precisa de ajuda. Para ele, o caminho entre esses dois pontos que ela pode se desenvolver mental- mente por meio da interação e da troca de experiências. Não basta, portanto, de- terminar o que um aluno já aprendeu para avaliar seu desempenho. A zona de de- senvolvimento proximal é uma metáfora criada para explicar como ocorre a apren- dizagem. É a distância entre o nível real e nível potencial da criança (MAGALHÃES, 2007). Já a Aprendizagem Assistida consiste em uma última análise, fazer com que os alunos trabalhem cada vez mais sozinhos, porém com orientação (assistência) prévia, o sentido de fornecer informações, pistas, lembretes, incentivos no momento certo etc. Desta forma, o professor assiste a aprendizagem conduzindo os alunos pelos pas- sos de um problema complicado, permitindo que o aluno gradualmente alcance a aprendizagem. Como saber que tipo de ajuda oferecer e quando oferecê-la é algo que está diretamente relacionado com o conceito de ZDP. Veja o esquema e compreenda a Teoria Sociocultural de Vygotsky. 20 Figura 5: Teoria Sociocultural de Vygotsky Disponível em: https://bit.ly/3h5eXwu. Acesso em: 05 mar. 2021 Araújo (2009), analisando a teoria criada pelo autor Vygotsky, diz que a apren- dizagem na sala de aula é resultado de atividades que proporcionam interação, co- operação social, atividades instrumentais e práticas. Filatro(2008) enfoca que as ati- vidades em sala de aula devem ser colaborativas, possibilitando que o aluno vá além do que seria capaz sozinho. Em suma, o professor deve mediar as atividades, utilizando estratégias que le- vem ao aluno se tornar independente, preparando-o para o espaço da linguagem interação. Qual é o papel da escola e família no desenvolvimento e a relação entre linguagem e pensamento segundo Piaget e Vygotsky? 21 DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E ENSINO DA LÍNGUA NA ESCOLA Vivemos em um país onde a diversidade linguística se faz presente, pois o Brasil abriga várias regiões e com variação no dialeto português; na verdade há uma ri- queza cultural e linguística que se faz interagir com tudo e com todos. Um país onde as riquezas naturais, culturais e de povos que congregam a nação. Além da línguaportuguesa temos também mais 180 línguas indígenas em todo território nacional. Já parou para pensar nessa diversidade linguística? Podemos pensar em um país multi- linguista e quais os problemas que podemos encontrar em tanta diversidade e como resolvê-lo? Uma das primeiras dificuldades seria na área da Educação, que conflita com as questões de identidades socioculturais de comunidades minoritárias. Então como resolver e ensinar a língua e atingir a todos sem distinção. Penso que deverá criar um Sistema bilíngue com diretriz filosófica norteadora de Políticas Públicas Na- cionais para as comunidades indígenas. Brasil, um país colonizado e que ao longo desse processo de colonização não respeitou a identidade dos nativos, sua cultura, sua etnia e por fim sua língua. É um desafio para o Brasil toda essa diversidade; os linguistas brasileiros vêm lutando para evitar a “Diglossia”, concepção genuína de Fishman (1967). Diglossia, segundo o In- fopédia significa “situação lingüística em que uma comunidade utiliza duas línguas distintas na mesma área geográfica, sendo que cada língua é frequentemente vo- cacionada para um uso concreto. Por exemplo, durante o período colonial, era fre- quente que a língua do país fosse utilizada com objetivos institucionais, como o en- sino, a escrita, a legislação e a religião, enquanto que as línguas autóctones eram mantidas dentro dos grupos familiares mantidas vivas e em circuitos informais. Ferguson (1959) entende que as diversidades linguísticas país são funcionais e que tem um valor a mais em relação as demais, e devem ser adquiridas e exposta 22 em um grau maior de estrutura e plenitude. Soares (1998), acredita que o letramento é a saída para responder a esta questões apresentadas. Vale ressaltar que do ponto de visita educacional não há vantagem em avaliar os alunos quanto à variação linguística. Atitudes preconceitu- osas são equivocadas científica e pedagogicamente aumenta assim, a distância entre a linguagem dos alunos e a variedade padrão, levando a consequências de outra ordem, como baixa autoestima, bloqueio dos alunos e interação em sala de aula. Portanto precisamos nos atentar aos falantes e observarmos a qual grupo lin- guístico faz parte, sem pré-conceitos. Dentro da sala de aula é comum que esta va- riação linguística fique exposta e o professor necessita fazer a mediação com muito respeito e polidez, valorizando as experiências dos falantes. FIXANDO O CONTEÚDO Como é possível vincular as questões linguísticas a fatores e as barreiras de exclusão e mobilidade social? A apropriação da cultura letrada e a utilização adequada de recursos linguísticos são suficientes para indicar os espaços que os indivíduos ocupam na escala social e/ou de- terminar mobilidade social? 23 1. Relacione os conceitos de língua (I) e linguagem (II) às definições a seguir. ( ) Forma de expressão que uniu o pensamento do significado e o significante. ( ) Sistema de comunicação de uma comunidade linguística. ( ) Expressão do pensamento pela escrita ou outros sinais. ( ) Faculdade que permite ao homem se comunicar com o mundo. Assinale a alternativa que corresponde à sequência correta de conheci- mento dos parênteses. a) I, II, I, II. b) II, II, I, I. c) I, I, I, II. d) II, I, I, II. e) II, I, II, II. 2. Explicar como a criança desenvolve a habilidade da linguagem, como aprende a língua materna é um desafio para a psicologia do desenvolvimento. Dentre as diversas teorias, uma é baseada em Teorias Ambientais. Marque a alternativa que representa uma característica da “Teoria Ambien- tal”. a) Também conhecida como “Teoria da Aprendizagem”, visto que se dizia que a criança aprendia através de imitação, porém a imitação não era uma base só- lida, já que não se pode explicar toda a aquisição da linguagem. b) Tem como característica o papel fundamental dos pais no desenvolvimento lin- guístico da criança, pois os mesmos moldam através dos esforços sistemáticos e gradualmente recompensando aproximações cada vez melhores da fala adulta c) Apoiam suas evidências em dois fenômenos: “A extrema complexidade da tarefa que a criança deve realizar e as aparentes semelhanças nos passos e nos estágios do desenvolvimento da linguagem das crianças entre línguas e entre todas as crianças. d) O desenvolvimento cognitivo e da linguagem são processos interdependentes, e 24 a pesquisa na tradição construtivista busca ligações entre avanços nos dois do- mínios. e) Todas as alternativas são características da Teorias Ambientais. 3. Nos primeiros estágios de desenvolvimento, a fala, segundo Vygotsky, pode as- sumir uma importante função de: a) A Memória e pensamento para a criança através da fala mediada por conheci- mentos recém assimilados. b) Rotulação, pois permite à criança identificar um objeto particular, separá-lo e distingui-lo dos outros. c) Causadora de dependência progressiva do campo sensorial, que se caracteriza como primeiro contato da criança com o mundo. d) De lembrete para a criança da importância da interação social para seu apren- dizado e para o estabelecimento de relações. e) Nenhuma das alternativas. 4. As ideias de Piaget foram de grande relevância qualitativa na compreensão do desenvolvimento humano, na medida em que é evidenciada uma tentativa de integração entre o sujeito e o mundo que o circunda. Após a afirmação, marque a alternativa que demonstra claramente a teoria de Piaget. a) Para ele, a criança depende de signos externos para significar as ações direciona- das aos objetos. E para entendermos signo é um ser meio inventado pelos homens para representar-se a realidade, material ou imaterial. b) A função da linguagem está no pensamento e transmite ao indivíduo um sistema todo preparado de noções classificações, de relações, enfim, um potencial ines- gotável créditos que se reconstroem em cada indivíduo, sustentado por modelos multissecular já elaborado por gerações anteriores. c) A linguagem tem um papel essencial na construção do pensamento, na interação em os grupos sociais, pois possibilita a concepção e a organização real. d) A função simbólica pode ser internalizada e estabelecer uma forma de discurso interior, que terá avanços no decorrer do processo da linguagem. e) A extrema complexidade da tarefa que a criança deve realizar e as aparentes semelhanças nos passos e nos estágios do desenvolvimento da linguagem das 25 crianças entre línguas e entre todas as crianças. 5. As Teorias Interacionistas de Lev Vygotsky contribuíram para determinar a impor- tância da influência do Meio Social no desenvolvimento do sujeito. Diante do ex- posto, marque a alternativa que apresenta na íntegra seus argumentos. a) A função da linguagem está no pensamento e transmite ao indivíduo um sistema todo preparado de noções classificações, de relações, enfim, um potencial ines- gotável créditos que se reconstroem em cada indivíduo, sustentado por modelos multissecular já elaborado por gerações anteriores. b) Classificou que as crianças do 0 aos 2 anos como estágio sensório-motor, isto é, uma forma prática de adaptação ao mundo exterior, pois nesta fase o bebê tem suas primeiras experiências de interação real com o meio ambiente. c) As condutas sensório-motor dita estão relacionadas ao sistema de sucção, audi- ção e visão, sendo assim, como seu primeiro sistema de ação a sucção e logo se estendem a outras ações, tais como pegar objetos e levá-los a boca. d) Para Vygotsky a relação com as pessoas, denominado interação social, reforça que é no contato cultural com algum “grupo social”, determinará a transformação de um sujeito, apropria-se da linguagem em interação do com outro eorganiza seu comportamento intelectual. e) Todas as alternativas são referentes as Teorias Interacionistas Vygotsky. 6. Variante histórica – Enem 2014 Em bom português No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim: – Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem. Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, 26 vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresen- tarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher. SABINO, Fernando. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado). A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que: a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. b) a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações. c) o emprego de palavras com sentidos diferentes. d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante. e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões. 7. Vivemos em um país onde a diversidade linguística se faz presente, pois o Brasil abriga várias regiões e com variação no dialeto português; na verdade há uma riqueza cultural e linguística que se faz interagir com tudo e com todos. A linguagem utilizada na tirinha a) é formal, pois pai e filho apresentam certa intimidade. b) sofre uma variação linguística por conta de diferenças de lugar. c) sofre uma variação linguística por conta de diferenças históricas. d) sofre uma variação linguística por conta de diferenças de classe social. e) apresenta o dialeto caipira, como em “drumi” “fio”. Do ponto de vista linguístico essa fala é considerada errada e não é aceita. 27 8. Brasil, um país colonizado e que ao longo desse processo de colonização não respeitou a identidade dos nativos, sua cultura, sua etnia e por fim sua língua. É um desafio para o Brasil toda essa diversidade; os linguistas brasileiros vêm lu- tando para evitar a “Diglossia”. Marque a alternativa que melhor explica a pala- vra que está grifada. a) Situação linguística em que uma comunidade utiliza uma língua na mesma área geográfica, sendo que a outra língua não é aceita para o uso. b) Situação linguística em que uma comunidade utiliza duas línguas distintas na mesma área geográfica, sendo que cada língua é frequentemente vocacio- nada para um uso concreto. c) Durante o período colonial, não era frequente que a língua do país fosse utilizada com objetivos institucionais, como o ensino, a escrita, a legislação e a religião, enquanto que as línguas autóctones eram mantidas dentro dos grupos familiares mantidas vivas e em circuitos informais.” d) Diglossia é o termo usado para diferenciar as pessoas que falam uma língua es- trangeira. e) Nenhuma das alternativas são corretas. 28 A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM PELA CRIANÇA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA UMA PROPOSTA DE ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA INTRODUÇÃO A unidade fará uma abordagem sobre a aquisição da linguagem pela Cri- ança e suas Implicações para uma Proposta de Escolarização da Infância. Explicita- remos as propostas metodológicas e alguns problemas de caráter interdisciplinar. E o que as propostas favorecem ou dificultam o processo de escolarização. Sabemos que cada criança tem o seu tempo de aprendizagem, devido a fa- tores internos e externos. Cabe ao professor inserir em seu planejamento propostas metodológicas capazes de uma educação eficaz na resolução de problemas, faci- litando assim o processo de escolarização que atenda a todos os alunos sem distin- ção. Como fazer com que a criança aprenda? Como melhorar o desempenho dos alunos? Como promover uma educação eficaz através dos métodos de caráter in- terdisciplinar? AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: UM PROCESSO ESPONTÂNEO Aquisição da linguagem é um processo espontâneo, que acontece natural- mente entre os falantes da língua. É uma interação social, familiar e comunitária. Du- rante o processo a criança cria intimidade com a fonologia da língua, amplia o vo- cabulário, melhorando seu desempenho oral e compreensão nas diferentes situa- ções de comunicação. Portanto está ligado a habilidades adquiridas pela criança de ordem fonológica, morfológica, sintático, semântico e pragmático da língua do lugar onde ela vive. Analisar a aprendizagem de uma língua que se dá de uma maneira formal, sistematizada dentro dos padrões determinados pela língua, na escola, é muito mais UNIDADE 29 complexo e profundo, pois nesse processo o aluno aprende através da transmissão de conhecimentos e competências gramaticais dentro do sistema linguístico. Schurtz (2004), porém tudo realizado em um sistema didático-pedagógico, a fim que o aluno obtenha o conhecimento e sua aprendizagem seja efetiva. Em resumo, aquisição da linguagem é processo espontâneo e aprendizagem da linguagem é um processo Sistematizado. APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM: UM PROCESSO SISTEMATIZADO Sabemos que humanidade passou por vários períodos dentro esfera da lin- guagem escrita e falada. Surgimos desde os pictogramas e pinturas rupestres a fase alfabética da linguagem oral e escrita. O processo de aprendizagem da linguagem é complexo e contínuo, pois a criança desde os primeiros dias de vida há um contato com a linguagem e a aqui- sição é feita de maneira gradativa e de acordo com os estímulos, ou seja, quanto mais exposta à linguagem, maior será o seu vocabulário. Desde muito cedo as cri- anças devem aprender os sons usados na sua língua de forma organizados, pois até os 7 anos, esses sons são incorporados pela criança. Numa esfera de aprendizagem é necessário atentarmos para o processo do desenvolvimento do sistema fonológico https://bit.ly/2PEI6X4. 30 na criança. A fonologia, segundo Cagliari, (2010, p.75), “estuda os sons da língua do ponto de vista de sua função”. Iremos abordar aspectos interpretativos dos sons e suas estruturas nas línguas para uma aprendizagem eficaz. E para entender esses sons é necessário entender o valor linguístico que os sons têm na língua. Segundo Cagliari (2010), o valor linguístico diz respeito às funções de um som dentro de uma organização sistemática da língua e cita como exemplo a letra (p) da palavra “pato” que quando trocamos pela letra (b), agrega ou significado “bato”; sendo assim valores distintivos. Ainda cita outro exemplo como valor não dis- tintivo aborda a palavra “cadeira e cadera”, que quando pronunciada não altera o significado. Para entendermos melhor o processo, primeiramente devemos saber que a linguagem se divide em unidades que são denominadas signos. E o signo linguístico na visão de Cagliari (2010), é a união de um significado com um significante, ou seja, significado é o conceito da palavra, por exemplo: casa – moradia e o significante corresponde ao som (K + a + s + a). Para haver um aprendizado efetivo, o professor deve ensinar os sons e a dife- rença entre eles e ao mesmo a função na sílaba oupalavra, pois a língua portuguesa dentro da gramática ocorre fenômenos fonológicos, o acento marca presença e acarreta mudanças dentro do contexto linguístico; segundo Engerbelt (2012, p.97), explica ainda os processos mais importantes na língua como: Palatalização, Nasali- zação ou Nasalidade, Harmonia vocálica, Epêntese, Ditongação e Monotongação, Hipercorreção, neutralização das vogais átonas e apagamento. Abordaremos de forma explicativa os processos importantes da língua: Palatalização é um processo que ocorre em vários dialetos, ou seja, os sota- ques. Um exemplo simples é a variação livre de oclusivas como (t) e (d) diante da letra (i) como em dia. Nasalização ocorre durante o processo fonológico, e na nasalidade na foné- tica. A palavra ponte se produz em ressonância nasal em contraposição à palavra pote. É a Nasalização (processo fonológico) que acarreta mudança de significado. Harmonia vocálica é o processo que consiste na mudança de uma ou mais vogais para se harmonizarem com outra vogal na mesma palavra. Exemplo: Tea- tro/tiatro; pepino/pipino; escola/iscola. Epêntese é o processo de modificação silábica onde há uma inserção da vo- 31 gal para tornar a sílaba mais adequada. Exemplo: pneu/pinéu; advogado/adivo- gadu. Ditongação e Monotongação, no primeiro processo, o núcleo silábico simples é um ditongo. Exemplo: (capaz/capaiz; dez/deiz. Já a monotongação é o oposto, a simplificação do ditongo em um único segmento vocálico. Exemplo: Baixa/baxa; queijo/quejo. Hipercorreção consiste na aplicação de uma regra quando não há necessi- dade. Construções como bandeija ou carangueijo são tipos de hipercorreção. Neutralização das vogais átonas depende da tonicidade da sílaba. Vejamos os exemplos: Seco(adjetivo) Seco(verbo); soco(substantivo), soco(verbo); topo (ad- jetivo) topo(verbo). Exemplo: xícara/xicra; óculos/oclos; os verbos comer/comê e sair/sai; dentre outras palavras, viagem/viagem; bobagem/bobage. O professor precisa conhecer e ao mesmo tempo entender como ocorre o processo fonológico para intervenção durante o processo de aquisição da lingua- gem na escola, por isso a observação contínua e diagnóstica fará toda a diferença durante o processo. 32 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Estudamos sobre a aquisição do processo de linguagem da criança e apresenta- mos duas vertentes: O espontâneo e o Sistematizado. Marque a alternativa que melhor caracteriza o Processo de linguagem espontâneo. a) Acontece naturalmente entre os falantes da língua. É uma interação social, fami- liar e comunitária. Durante o processo a criança cria intimidade com a fonologia da língua, amplia o vocabulário, melhorando seu desempenho oral e compreen- são nas diferentes situações de comunicação. b) Acontece naturalmente entre os falantes da língua, porém não há uma intera- ção social, familiar e comunitária. c) Realizado em um sistema didático-pedagógico, a fim que o aluno obtenha o co- nhecimento e sua aprendizagem seja efetiva. d) Para haver um aprendizado efetivo, o professor deve ensinar os sons e a diferença entre eles e ao mesmo a função na sílaba ou palavra, pois a língua portuguesa. e) Todas as alternativas são verdadeiras. 2. Sobre o processo sistematizado de aquisição da linguagem é correto afirmar que a) Para haver um aprendizado efetivo, o professor deve ensinar os sons e a diferença entre eles e ao mesmo a função na sílaba ou palavra, pois a língua portuguesa. b) Realizado em um sistema didático-pedagógico, a fim que o aluno obtenha o co- nhecimento e sua aprendizagem seja efetiva. c) Numa esfera de aprendizagem é necessário atentarmos para o processo do de- senvolvimento do sistema fonológico na criança. d) Desde muito cedo as crianças devem aprender os sons usados na sua língua de forma organizados, pois até os 7 anos, esses sons são incorporados pela criança. e) Todas as alternativas estão corretas. 3. Aquisição da linguagem é um processo espontâneo, que acontece naturalmente entre os falantes da língua. É uma interação social, familiar e comunitária. Por- tanto está ligado a habilidades adquiridas pela criança de ordem a) fonológica; 33 b) morfológica; c) sintático; d) semântico e pragmático da língua do lugar onde ela vive. e) Todas as alternativas estão corretas. 4. É correto definir Fonologia como a área que estuda: a) Os sons da língua do ponto de vista de sua função. b) O sistema alfabético de uma língua. c) As vogais e as consoantes na construção da escrita. d) A estrutura da língua. e) Os segmentos e as sílabas da língua. 5. Indique se as afirmações a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F). Pela consciên- cia fonológica, a criança. ( ) Amplia o conhecimento sobre a língua. ( ) Pode manipular as produções de sons da fala. ( ) É capaz de refletir sobre os sons da fala. ( ) Escreve as palavras corretamente. ( ) Produz melhor as sílabas das palavras. Assinale a alternativa correspondente à sequência correta de preenchimento dos parênteses. a) V, V, F, V, F. b) F, F, V, F, V. c) F, F, V, V, V. d) V, V, V, F, F. e) V, F, F, V, F. 6. Leia a tira sobre Significante e Significado. 34 O signo linguístico (palavra) é composto de duas partes chamadas SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO. 1. Significante: parte física da palavra(grafia + som). 2. Significado: conceito transmitido pelo significante. Marque a alternativa que demonstra a palavra que a mulher da charge não sabe o significado, já que sabemos que o significante RECÍPROCO. a) Eu te amo. b) Recíproco. c) Não sei o que é. d) Não sabe. e) Nenhuma das alternativas. 7. Marque a alternativa que representa o exemplo de Neutralização das vogais áto- nas a) Teatro/tiatro; pepino/pipino; escola/iscola. b) pneu/pinéu; advogado/adivogadu c) Seco(adjetivo) Seco(verbo); soco(substantivo), soco(verbo); topo (adjetivo) topo(verbo). d) xícara/xicra; óculos/oclos; os verbos comer/comê e sair/sai. e) viagem/viagem; bobagem/bobage. 35 8. Classifique as afirmações a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F), de acordo com os processos fonológicos que fazem referência à sílaba: ( ) O apagamento consiste em um processo de assimilação. ( ) Na palatalização ocorre um processo de nasalização. ( ) Na Epêntese há a inserção de uma vogal para tornar a sílaba mais adequada. ( ) A ditongação consiste na simplificação de um ditongo em um único segmento vocálico. ( ) Harmonia vocálica é o processo que consiste na mudança de uma ou mais vogais para se harmonizarem com outra vogal na mesma palavra. Assinale a alternativa correspondente à sequência correta de preenchimento dos parênteses. a) V, V, F, V, F. b) F, F, V, F, V. c) F, V, V, V, F. d) F, F, F, F, F. e) V, F, F, V, F. 36 O PAPEL DA ORALIDADE E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL INTRODUÇÃO Nesta unidade, abordaremos o papel da oralidade e da escrita na Educação Infantil. Como ensinar? O que ensinar? Qual é o objetivo de ensinar através da orali- dade? Os desafios são muitos e qual é a relação entre a fala e a escrita no ensino infantil? A oralidade para a escrita e a escrita para a oralidade. A fala e a escrita apresentam conforme, Marcushi (2001) os mesmos traços: dialogicidade, usos estratégicos, funções interacionais, envolvimento, negociação, situacionalidade, coerência e dinamicidade. Portanto estudaremos a diferença, a particularidade de cada modalidade na Educação Infantil. A LÍNGUA FALADA NA SALA DE AULA Anteriormente estudamos sobre a diversidade linguística que há em nosso país colonizado pelos os europeus. Enfatizaremos o texto oral em sala de aula. Avaloriza- ção da fala e da diversidade linguística ocupa na sala de aula lugar de destaque, pois através da oralidade, de trocas de experiências e mudança de contexto. Narrar, contar histórias, explorar o mundo social e expressar através da orali- dade suas as experiências vividas, ajuda a criança a organizar a narrativa e o tipo da informação na qual deseja compartilhar e poder relatá-las com espontaneidade faz parte do processo de aquisição da linguagem oral. Para relatar algo que aconteceu, a criança precisa de duas habilidades, uma delas é lembrar o fato ocorrido e a outra organizá-la em forma de narrativa conven- cionada culturalmente. E para fazê-lo é necessário que a narrativa seja situada em um contexto apropriado, o ouvinte saiba o que aconteceu e o ouvinte entenda por que a narrativa foi interessante. Fazer intervenções pode ajudar a criança na organi- zação dos fatos nos discursos e ter autonomia na elaboração e produção oral. Na sala de aula uma estratégia para promover a linguagem oral é a leitura de textos literários, contribuindo para que as crianças sejam leitoras voluntárias e autônomas, UNIDADE 37 bem como o desenvolvimento do senso crítico. Incorporados a prática na sala de aula, a literatura enriquece e contribui para o processo pedagógico. A literatura deve ser integrada a um projeto desafiador, fazendo com que a criança seja moti- vada à leitura. A oralidade permite que a criança conte a história do seu jeito, com suas expressões do seu dia a dia, sem normas linguísticas convencionadas. A oralidade na literatura deve seguir dois caminhos. Um deles é o uso de ex- pressões coloquiais em registros clássicos da oralidade que está ligada diretamente ao léxico e outro é o discurso aleatório que ajuda na articulação da narrativa, po- dendo usar forma de diálogos diretos e indiretos de modo geral. A oralidade é um objeto de estudo sobre o letramento, pois muitas crianças são consideradas letradas por dominarem as estratégias orais mesmo antes de serem alfabetizadas, pois ouvem histórias contadas pelos adultos e são estimuladas mesmo antes de irem à escola. Sabemos que a oralidade está relacionada à fala, por isso devemos motivar a criança a desenvolver a oralidade como prática social que está presente em vários gêneros textuais e contextos de uso. A poesia, por exemplo, em sala de aula promove a leitura e a escrita, além de Três funções básicas que é servir como suporte para alfabetização, auxiliar na forma- ção da leitura em geral e como fomento literário. Diante do exposto, o professor deve estar atento às experiências de seus alunos e auxiliá-los a narrativa, pois “preservar relações entre a literatura e a escola, ou o uso comum do livro em sala de aula, de- corre de ambas compartilharem um aspecto em comum: a natureza formativa.” Estudar o texto oral de forma contextualizada, observando todos os aspectos de organização e complexidade, leva o aluno a ter consciência dos traços da orali- dade e contribui para o desenvolvimento de inferências, levantar hipóteses e sugerir possibilidades diversificadas para o trabalho em sala de aula. Outra perspectiva diz a respeito do trabalho que parte da fala para se chegar à escrita. Trata-se da retextualização que consiste em transformar um texto falado em um texto escrito. É um processo que necessita de interpretação e compreensão da forma e do conteúdo. Portanto não podemos desvincular a língua falada da língua escrita. O que precisa é realizar um trabalho com o aluno de uma forma que o mesmo possa refletir nas diferenças encontradas no texto oral e escrito e operar com domínio a língua materna. 38 A LÍNGUA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Abordaremos “a linguagem escrita na Educação Infantil”, como o processo acontece? De forma treinadora, repetitiva e mecânica, ou de forma significativa, contextualizada, lúdica, criativa? Como enfim entender o processo de aquisição da escrita, comunicar, interagir, compreender, se fazer compreender nos aspectos da fala, mas como criar um elo com a escrita, já que demanda por parte da criança um esforço maior, de treinamento, repetição. Para se chegar linguagem escrita, a criança passa por um processo de aprendizagem que se constitui no interior das re- lações discursivas, orais e escritas e as estratégias devem ser ter funções diferencia- das. Para os estudiosos o estabelecimento das relações entre pensamento, lingua- gem e escrita, de um lado o ser social e do outro o cognitivo, tudo em conformidade com as relações sociais humanas. Segundo Piaget, Vygotsky e Luria defendiam que aquisição da linguagem na infância estabelece duas conexões: Filogênese (desen- 39 volvimento histórico da espécie humana como um todo) e ontogênese desenvolvi- mento do universo cognitivo infantil). A capacidade de simbolização do homem começa com uma repre- sentação de primeira ordem – isto é, figuras representando coisas -, para só mais tarde atingir uma etapa em que representa a fala, já em simbolização da segunda ordem. No trajeto entre essa primeira fase até a escrita alfabética, o homem vai tomando consciência das vá- rias unidades linguísticas: Palavras, sílaba e som Filogênese de Kato (1995). Por outro lado, a Ontogênese se destina a simplesmente a forma motora da escrita, resultando em grafismo ou rabiscos primitivos, evoluindo passo a passo e atri- buindo-lhe valor de escrita. Se pensarmos na escrita de uma forma geral, a mesma passa por transformações ao longo da vida da criança até chegar na concepção alfabética que pode ocorrer forma rápida. À medida que a coordenação motora é aprimorada, melhor será sua condição de desenhar, simbolizar e representar com mais destreza e clareza. Segundo Derdyk (1989, p.51), o desenho é a manifestação de uma necessidade vital de uma criança: agir sobre o mundo que a cerca, inter- cambiar, comunicar. Portanto quando analisamos os grafismos na Educação Infantil entendemos assim como os estudiosos que a criança está em processo de concepção represen- tação simbólica, evoluindo gradativamente e cada vez elaborando hipóteses e in- formações que combinem com o conhecimento anterior adquirido estruturado e consolidado mentalmente. A LINGUAGEM DO DESENHO Georges-Henri Luquet nasceu em Rochefort-sur-Mer em 21 de janeiro de 1876. Os estudos da lógica focalizaram tanto a lógica clássica quanto a logística, o pen- samento matemático, as relações entre matemática e realidade. O estudo do de- senho foi dedicado a tese de doutorado em cartas, os desenhos de uma criança, o livro de 1913 marca uma data: pelo método escolhido, pelos resultados. O método é monográfico. Só ele, explica Luquet, possibilita reconstruir a evolução gráfica da criança e identificar suas fases. Mas, para dar resultados convincentes, é necessário um número muito grande de documentos. Luquet apresenta quatro estágios para a representação do desenho infantil que direciona as fases evolutivas do desenho da 40 criança, dentre eles estão: Realismo Fortuito: (2 anos), tem por característica o ra- bisco, o qual é realizado pela criança sem a intenção de representar algo especí- fico; simples prazer de exercitar. Figura 6: Realismo fortuito Fonte: https://bit.ly/30aUM9C. Acesso em: 02 mar. 2020. Realismo fracassado, (3 a 4 anos), nessa fase a criança descobre a analogia entre a forma do seu traçado com o objeto; a criança procura aperfeiçoar o seu desenho para conseguir a forma original do objeto. Figura 7: Realismo fracassado Realismo visual (4 a 9 anos), caracterizada pela manifestação frustrada di- ante da execução do seu desenho. Diante de frustrações e sucessos, o desenho vai evoluindo. Realismo intelectual (10 e 12 anos), este é o último estágio,é uma prolonga- ção do estágio visual, ou seja, inicia-se aos 4 anos e se estende até aos 10/12 anos. 41 É considerada a fase principal do desenho infantil pelo fato da criança desenhar não só aquilo que vê, mas o que sabe sobre o objeto. Figura 8: Realismo visual e Realismo intelectual Fonte: https://bit.ly/2OwmdWb. Acesso em: 02 mar. 2020. Portanto na perspectiva de Luquet, assim como Piaget, a Teoria construtivista também prevê estágios para o desenvolvimento cognitivo da criança, direcionando o desenho gradativamente à aquisição da escrita. A próxima unidade aprofunda- remos no desenvolvimento e aquisição da linguagem escrita. 42 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Indique se as afirmações a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F) no que se refere ao desenvolvimento da linguagem oral. ( ) A criança não precisa compartilhar suas experiências para adquirir a linguagem oral. ( ) Narrar é explorar o mundo e estruturar histórias por meio das conversas. ( ) A construção do discurso dispensa que as crianças se lembre de fatos do pas- sado, basta narrar o presente. ( ) O adulto pode fazer intervenções verbais durante a narração da criança. ( ) À medida que a criança cresce, a sequência dos fatos contados ganha carac- terísticas diferentes. Assinale a alternativa correspondente à sequência correta de preenchimento dos parênteses. a) V, F, V, F, F. b) F, V, F, V, V. c) V, V, F, V, V. d) F, F, V, V, V. e) V, V, V, F, F. 2. A oralidade na literatura deve seguir dois caminhos é correto dizer que: a) Um deles é o uso de expressões coloquiais em registros clássicos da oralidade que está ligada diretamente ao léxico e outra é o discurso aleatório que ajuda na articulação da narrativa, podendo usar forma de diálogos diretos e indiretos de modo geral. b) Um deles é o uso de expressões da norma culta em registros simples da oralidade e que está ligada ao contexto da fala e outro relacionada à escrita. c) Ao discurso e as regras gramaticais. d) Somente ao uso da gramática normativa e a escrita correta das palavras. e) Todas as alternativas são corretas. 43 3. A respeito da oralidade e do letramento, assinale a alternativa correta. a) Ser letrado significa ter desenvolvida sua capacidade metalingüística. b) A oralidade compreende habilidades na língua falada. c) As atividades do cotidiano da criança, com a intervenção de um adulto, confe- rem à sua oralidade característica da sua oralidade letrada. d) A oralidade é um objeto de estudo do letramento. e) Todas as alternativas estão corretas. 4. Letramento é definido por Soares (2000, p.2) como “[... ] o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura que circulam na sociedade em que vive [...]. ” Com base na definição apresentada, é CORRETO afirmar que: a) Letramento significa a convivência do aluno com muitos materiais escritos. b) Letramento consiste na leitura de palavras e de diferentes gêneros textuais. c) Letramento refere-se às habilidades de uso da escrita em várias situações. d) Letramento é um processo de orientação sistemática da leitura e da escrita. e) Letramento é a relação entre oralidade, leitura e escrita. 5. Os estudos sobre a aquisição da linguagem evidenciam que a linguagem vai sendo constituída pouco a pouco desde o nascimento e sua aquisição exige a coordenação de várias funções e aptidões, bem como a intervenção de dife- rentes órgãos. Sobre esse processo, é CORRETO afirmar: a) A aquisição da linguagem vincula-se à evolução e à maturação cerebral e ocorre com base na coordenação dos órgãos bucofonatórios. b) A aquisição da linguagem é independente dos progressos do desenvolvimento psicomotor e da evolução cognitiva. c) A aquisição da linguagem não é afetada por fatores sociais e culturais. d) Fatores relacionados com o tipo de vínculo entre pais e filhos não interferem na 44 aquisição da linguagem. e) A aquisição da linguagem não sofre influência de fatores neurológicos e cogniti- vos. 6. Como acontece o processo a linguagem escrita na Educação Infantil? Marque apenas uma resposta correta. a) O processo da linguagem escrita na Educação Infantil acontece forma forçada, pois se não disciplinar as crianças não irão aprender. b) De forma não treinadora, repetitiva e mecânica, ou de forma significativa, con- textualizada, lúdica, criativa. c) Para se chegar linguagem escrita, a criança passa por um processo de aprendi- zagem que se constitui no interior das relações discursivas, orais e escritas e as estratégias devem ser ter funções diferenciadas. d) A escrita não deve ser estimulada ou trabalhada na Educação Infantil, deixando para o Ensino Fundamental. e) Nenhuma das alternativas se refere a linguagem escrita. 7. Segundo Piaget, Vygotsky e Luria defendiam que aquisição da linguagem na in- fância estabelece duas conexões são elas: a) Sociais e culturais. b) Alfabetização e Letramento. c) Expressão Corporal e visual. d) Filogênese e Ontogênese e) Todas as alternativas são corretas. 8. Ainda sobre as conexões estabelecidas na aquisição da linguagem na infância, leia. I. Filogênese (desenvolvimento histórico da espécie humana como um todo). II. Ontogênese (desenvolvimento do universo cognitivo infantil). III. A Ontogênese se destina a simplesmente a forma motora da escrita, resul- 45 tando em grafismo ou rabiscos primitivos, evoluindo passo a passo e atribu- indo-lhe valor de escrita. IV. A Filogênese se destina a consciência das várias unidades linguísticas: Pala- vras, sílabas e som. Sobre o exposto acima, marque a alternativa correta sobre as conexões na aquisição da linguagem. a) Apenas I, II. b) Apenas, I, II e III. c) Apenas II, III e IV. d) Apenas IV. e) I, II, III e IV. 46 A RELAÇÃO ENTRE ORALIDADE E ESCRITA NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA INTRODUÇÃO Na unidade 3 abordamos a língua falada e língua escrita de forma inicial, desde as primeiras representações e como se dá o processo da concepção até che- gar à escrita alfabética. Neste exposto iremos apresentar a Psicogênese da língua escrita. O que é a Psicogênese da escrita? Quais os níveis? E Como se dá o processo de aquisição através da hipótese silábica? São questionamentos que responderemos ao longo desta unidade, que nos ajudará a entender o processo de alfabetização, fazendo com que a criança aprenda efetivamente o sistema de escrita alfabética. E como professor fará as inter- mediações diagnósticas? Já explicitaremos os níveis do processo que segundo Ferreiro e Teberosky (1991), salientam que é preciso levar consideração quatro níveis estruturais recorren- tes na linguagem escrita das crianças, quais sejam: Pré-silábico, Silábico, Silábico-al- fabético e Alfabético. Através da psicogênese leitura e escrita, a criança constrói diferentes hipóteses sobre o sistema da escrita até apropriar-se completamente dele. EMILIA FERREIRO, A ESTUDIOSA QUE REVOLUCIONOU A ALFABETIZAÇÃO Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da cri- ança) ela continuou estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emilia é hoje professora titular do Centro de In-UNIDADE 47 vestigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do Mé- xico, onde mora. Além da atividade de professora - que exerce também viajando pelo mundo, incluindo frequentes visitas ao Brasil -, a psicolinguista está à frente do site (www.chicosyescritores.org), em que estudantes escrevem em parceria com au- tores consagrados e publicam os próprios textos. Figura 9: Emilia Ferreiro Disponível em: https://bit.ly/3fBULCl. Acesso em: 02 mar. 2020. Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança - ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método. Porém sua descoberta leva a conclusão de que as crianças são as protago- nistas no processo de ensino-aprendizagem. Elas constroem seu próprio conheci- mento, por isso a palavra “Construtivismo”. Para Ferreiro, o processo do conheci- mento é gradual, que dialoga com os princípios de Piaget, sabendo que cada avanço cognitivo depende de e uma assimilação e de uma reacomodação dos es- quemas internos, que necessariamente levam tempo. A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA Para início de conversa, precisamos entender o que é Psicogênese da língua 48 escrita. Segundo Goodman (1980), o que vem a ser o termo psicogênese, faz-se im- portante buscar nos dicionários o significado desta palavra e com isso temos no dici- onário informal, que a psicogênese faz parte da psicologia que se ocupa em estudar a origem e o desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas, das cau- sas psíquicas que podem causar uma alteração no comportamento. A psicogênese, na psicologia, trata de estudar a origem, o início dos processos mentais que irão gerar alterações comportamentais e a aquisição da leitura e da escrita é uma alteração mental na qual o indivíduo vai assimilando algo novo, algo que ele ainda não do- mina. O termo psicogênese é definido como um estudo das causas psíquicas sus- ceptíveis de explicar uma neurose ou uma psicose. Já em outro dicionário, o dicioná- rio Aulete, a palavra psicogênese é definida como o estudo da origem e desenvolvi- mento dos processos mentais ou psicológicos, da mente ou da personalidade. Então podemos dizer que o termo psicogênese, em suas diversas interpretações vem retra- tar uma mesma realidade, psico-mente / gênese: início, começo; seria então o início, o princípio das ações mentais que resultarão em uma alteração de pensamento ou comportamento (GOODMAN, 1980). O termo psicogênese vem acrescentar aos estudos ligados a alfabetização a ideia de que esta leitura e escrita antes de ser escrita e utilizada oralmente, foi pro- cessada através de processos psicológicos de apropriação do novo ao que já se possui sobre esta linguagem, e que essa associação dá origem ao que chamamos de leitura e escrita (GOODMAN, 1980). Vimos que a aprendizagem e o desenvolvimento da língua escrita estão rela- cionados diretamente ao processo de aquisição de novas aprendizagens. Partindo desse exposto, entendemos que é necessidade vital a criança expressar através sím- bolos ou desenhos sua relação com o mundo letrado. A aquisição da leitura e escrita ainda é para muitos educadores simplesmente a ação de codificar e decodificar ou somente repetições. Conforme Ferreiro (2000) e outros estudiosos da educação, a psicogênese da língua escrita é muito mais que códigos, mas sim, de se ter o signifi- cado através de sucessivas tentativas de escrita, na busca da compreensão e asso- ciação de tal língua a sua vivência. Entende-se a aquisição da língua escrita é avanço considerável no desenvolvimento de uma criança e que o domínio é com- plexo dos signos linguísticos, ocorre por etapas, promovendo formas diferentes de co- municação e interação. 49 Desse modo quando a criança chega à escola com suas experiências, du- rante o processo de alfabetização, ela percorre o caminho linear dos quatro níveis estruturais recorrentes na linguagem escrita, quais sejam: Pré-silábico, Silábico, Silá- bico-alfabético e Alfabético. Veremos a seguir os níveis estruturais citados. OS NÍVEIS ESTRUTURAIS DA ESCRITA Para Ferreiro e Teberosky é preciso levar em consideração quatro níveis estru- turais da língua escrita. O nível Pré-silábico que na alfabetização compreende como representação de sons e não de ideias, por isso é chamada de representação icô- nica, isto é, a criança ainda não tem noção da escrita alfabética e expressa o seu pensamento através de desenhos, pois para ela desenhar é escrever. Por sua vez, na representação não icônica, a criança expressa o seu pensamento através do desenho e de garatujas ou rabiscos, pois ainda desconhece o alfabeto e o valor de seu som. Exemplo de Representação não icônica. Figura 10: Exemplo de representação não-icônica Fonte: Revista Nova Escola Exemplo de Representação icônica. 50 Figura 11: Exemplo de representação icônica Fonte: Revista Nova Escola Na Escrita Silábica, a criança já supõe que a escrita representa a fala, desvin- culando, portanto, a palavra do objeto. É nesta fase que a criança começa a fone- tizar a escrita e dar valor sonoro as letras. Dessa forma cada sílaba é representada por uma letra com ou sem relação ao som. Na escrita de frases, cada palavra pode ser representada por uma letra ou sinal gráfico. Já na escrita silábica de valor sonoro, a criança escreve uma letra para cada sílaba, por vezes vogais ou consoantes, mas que representa corretamente ao som da sílaba. Figura 12: Exemplo do Nível Silábico Fonte: Revista Nova Escola Por sua vez, a Escrita Silábica-alfabética, a criança já apresenta uma escrita, contendo, às vezes, sílabas completas ou incompletas e outras vezes, omite alguma letra. 51 Figura 13: Exemplo do nível silábico-alfabético Fonte: Revista Nova escola Finalizando temos o nível Alfabético, nessa fase a criança compreende os fo- nemas (som) e os grafemas (letras) e faz a correspondência na hora do registro. Ar- ticula de forma compreensível e tende a escrever como fala, pois ainda não con- cebeu as questões ortográficas. Figura 14: Exemplo do Nível Alfabético Fonte: Revista Nova escola Portanto, vimos na unidade a evolução dos níveis da escrita, a evolução da garatuja a aquisição da língua escrita adquirida durante o processo da psicogênese da leitura e escrita. E com base nos estudos, afirmamos que para criança aprender e compreender o sistema escrito alfabético e escrever com propriedade, o ensino e a aprendizagem da língua escrita deve partir de uma perspectiva teórico-cogniti- vista voltada para o letramento, pois para Ferreiro e Teberosky (1991), os níveis de escrita são caracterizados por esquemas complexos, sabendo que a representação 52 feita pela criança não são simplesmente informações do meio em que vive e que a passagem de um nível para o outro se dá de uma forma gradativa, efetiva, depen- dendo do trabalho que o professor fará com a criança. Acesse a Plataforma do Letramento e aprenda a Psicogênese da escrita na prática! Figura 15: Plataforma do letramento Disponível em: https://bit.ly/3m11NVf. Acesso em: 02 mar. 2020. 53 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O que é Psicogênese da língua escrita. Segundo Goodman, (1980)?
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