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Nathalia de Tarso Introdução à Anestesia e A Assistência de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico Introdução → A função básica da enfermeira do Centro Cirúrgico (CC) é estar apta a auxiliar e subsidiar as atividades que serão desenvolvidas pelo anestesiologista no procedimento anestésico. Sendo responsável, portanto pelo (a): o Controle e avaliação dos materiais/ equipamentos necessários à realização da anestesia; o Planejamento da assistência ao paciente cirúrgico no período perioperatório. → Desse modo, torna-se fundamental que a profissional reconheça as diferenças e especificidades dos tipos anestésicos utilizados, as diferentes demandas dos pacientes que devem ser assistidas, bem como reconhecer as complicações decorrentes dos diversos tipos de anestesias, configurando-se como uma das competências da enfermagem. Conceito → A etimologia do termo anestesia refere-se a “privação de sensibilidade”, sendo assim, esta é empregada para perda de qualquer tipo de sensibilidade, resultante de estados patológicos ou provocada artificialmente por agentes anestésicos. → Dessa maneira, a anestesia é caracterizada pela perda da sensibilidade dolorosa, com perda da consciência e com preservação da consciência (certo grau de amnésia). Objetivos do uso anestésico → Extirpar a sensibilidade dolorosa durante a cirurgia. → Promover relaxamento muscular. → Proporcionar condições ideais para a atuação da equipe cirúrgica. 5 Elementos da Anestesia Segura → Inconsciência → Analgesia → Relaxamento muscular → Controle de reflexos autonômicos → Amnésia Assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico A enfermeira desempenha o papel de assistir o paciente que será submetido a um procedimento cirúrgico antes, durante e depois do momento cirúrgico. Em linhas gerais, dentre essas atividades, temos: o Assistência no período pré-operatório: através da visita pois constitui uma função fundamental para o planejamento da assistência perioperatória, além de subsidiar o anestesiologista na escolha dos métodos e fármacos que serão utilizados. o Assistência no período intraoperatório: prestada ao paciente anestesiado, relevante não só pela previsão, provisão, controle e avaliação dos materiais e equipamentos utilizados nas anestesias geral e regional, mas também por sua atuação na indução anestésica, monitoração, intubação, extubação endotraqueal e em situações de emergência. Após o início da anestesia, alguns procedimentos, como o posicionamento adequado do paciente na mesa cirúrgica, a monitoração dos parâmetros clínicos, o acompanhamento da indução anestésica, o aquecimento do paciente e a sondagem vesical integram atividades desenvolvidas nesse período. o Assistência no período pós-operatório: ao término da cirurgia, na qual foco da assistência de enfermagem é a extubação do paciente, o controle dos sinais vitais, a aspiração endotraqueal, analgesia pós-operatória, havendo atuação na SRPA e demandando cuidados com a segurança do paciente e a sua transferência para a Unidade de Internação (UI) ou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além de atuar de forma preventiva e curativa em relação às possíveis complicações do Pós- Operatório Imediato (POI). Escolha do Tipo de Anestesia Tal escolha é influenciada por uma variedade de fatores como: → Condições fisiológicas do paciente; → Doenças preexistentes; → Condições mentais e psicológicas do indivíduo; → Recuperação pós-operatória; → Necessidade de manuseio da dor pós-operatória; → Tipo e duração do procedimento cirúrgico; Nathalia de Tarso → Posição do paciente durante a cirurgia e → Exigências particulares da equipe de cirurgia. Avaliação Pré-operatória de enfermagem Deve incluir os seguintes itens: → Estado de saúde do paciente. → História da doença atual: sinais e sintomas, exames realizados, hipóteses diagnósticas, tratamento e evolução da doença. → História de doenças preexistentes, que possam interferir no sucesso da anestesia, como a asma, que pode acarretar em broncoconstrição aguda grave no início da anestesia ou durante a intubação. → Infecção de vias aéreas superiores (VAS), que predispõe o paciente, principalmente as crianças, à complicações pulmonares, como broncoespasmo e obstrução de VAS por rolhas de muco. → Hipertensão, que pode aumentar a incidência de complicações pós-operatórias, como infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular encefálico (AVE). → Hérnia hiatal, com sintomas de refluxo esofágico, que aumenta o risco de aspiração pulmonar. → Uso de medicamentos, em especial anti-hipertensivos, antianginosos, antiarrítmicos, anticonvulsivantes e anticoagulantes. → Reações adversas a fármacos e alergias. → Antecedentes familiares de complicações anestésicas. → Tabagismo, que aumenta os riscos de complicações pulmonares. → Uso de álcool e drogas, que aumentam os riscos de complicações anestésicas. Medicamentos Pré-anestésicos → A fim de obter uma anestesia segura, que forneça inconsciência (hipnose), analgesia (ausência de dor), amnésia (perda temporária da memória), relaxamento neuromuscular, boa exposição visceral com total controle respiratório e dos reflexos autonômicos, ou até bloqueio da condução dos impulsos em tecidos nervosos, são necessárias várias drogas, com ações farmacológicas diversas, que são administradas simultaneamente. → Uma vez que não existe um único fármaco capaz de produzir todos os efeitos desejáveis. → Assim, diversas são as possibilidades de utilização desses fármacos, que podem ser administrados já no período pré- operatório, como medicação pré-anestésica. → São estes os benzodiazepínicos (diazepam, lorazepam, midazolam, barbitúricos), comumente usados. Estas visam: o Redução da ansiedade; o Sedação; o Amnésia anterógrada; o Analgesia; o Redução de secreções das vias aéreas; o Prevenção de respostas aos reflexos autonômicos; o Redução do volume do conteúdo gástrico e aumento do pH; o Efeito antiemético; o Redução da necessidade de anestésicos; o Facilidade de indução suave da anestesia e o Profilaxia das reações alérgicas. Função de Drogas Coadjuvantes → Difenidramina: profilaxia e tratamento de reações alérgicas, assim como os fenotiazínicos. → Opiáceos: analgesia preemptiva (iniciada antes do estímulo doloroso ser gerado) e supressão de tremores observados na emergência (fase do despertar) da anestesia geral ou na peridural, pela sua atuação no centro termorregulador. → Cetamina: efeito positivo de gerar estabilidade cardiovascular e a broncodilatação e como efeito negativo, as alucinações. → Agonista alfa-2 adrenérgico (clonidina): ação ansiolítica e sedativa, analgesia e diminuição das pressões ocular e arterial. → Anticolinérgicos: supressão do reflexo vagal. → Omeprazol, antiácidos e antagonistas de receptor H2: diminuição do risco de aspiração de conteúdo gástrico. → Bloqueadores neuromusculares: relaxamento muscular necessário para atingir o sítio cirúrgico, sem a interferência involuntária ou voluntária do paciente. Classificados em: o Adespolarizantes: quando agem competindo com a acetilcolina nos receptores colinérgicos (galamina, atracúrio, pancurônio, vecurônio e rocurônio); o Despolarizantes: quando simulam o efeito da acetilcolina (succinilcolina). Referências Bibliográficas Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação / Organizadoras Rachel de Carvalho, Estela Regina Ferraz Bianchi. – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2016. – (Série Enfermagem).
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