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Livro Texto - Unidade III Enfermagem em centro cirurgico

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ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
Unidade III
7 ANESTESIA
Atualmente, a anestesia é um procedimento bastante seguro e, dados os variados tipos existentes, 
há uma escolha adequada para cada paciente, em cada tipo de ato cirúrgico a ser realizado.
Lembremos também que o ato cirúrgico só poderá ser efetuado se o paciente estiver devidamente 
anestesiado. O procedimento anestésico, que antecede a cirurgia, é feito pelo anestesista (ou 
anestesiologista), médico especialista que avaliará as condições clínicas de cada paciente para elaborar 
o melhor planejamento anestésico para o caso. 
Antigamente os procedimentos cirúrgicos eram realizados praticamente sem anestesia alguma. O 
paciente que se submetia a uma cirurgia podia ingerir soluções de plantas medicinais para ser induzido 
ao sono, mas essas fórmulas nem sempre eram eficazes. Outros recursos utilizados na época consistiam 
em embebedar e mesmo imobilizar totalmente o paciente para a realização do procedimento. 
 Saiba mais
Leia o seguinte artigo de Marister Piccoli e Cristina Maria Galvão:
PICCOLI, M.; GALVÃO, C. M. Enfermagem perioperatória: identificação do 
diagnóstico de enfermagem risco para infecção fundamentada no modelo 
conceitual de Levine. Revista Latino‑Americana de Enfermagem, Ribeirão 
Preto, v. 9, n. 4, p. 37‑43, 2001. Disponível em: <http://www.revistas.usp.
br/rlae/article/view/1583>. Acesso em: 9 ago. 2017.
7.1 Breve histórico
O primeiro passo para a anestesia geral foi dado por Joseph Priestley, ao descobrir o dióxido de 
nitrogênio (NO2) em 1773. Coube a Humphry Davy, um aprendiz de farmácia na pequena cidade de 
Penzance, na Inglaterra, em 1796, experimentar os efeitos da inalação do NO2. Verificou ele que o 
gás produzia uma sensação agradável, acompanhada de um desejo incontido de rir (daí o nome de 
gás hilariante).
Historicamente, no entanto, a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral ocorreu apenas em 
16 de outubro de 1846. Nesse dia, o cirurgião John Collins Warren realizou a extirpação de um tumor 
no pescoço de um jovem de 17 anos. O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas 
68
Unidade III
Green Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado e batizado com o nome de letheon 
(esquecimento). A composição do letheon era apenas éter sulfúrico puro. 
Vale lembrar que, até então, os recursos usados para amenizar a dor do paciente durante o ato 
cirúrgico consistiam em extratos de plantas com princípios sedativos e analgésicos, hipnose ou bebidas 
alcoólicas, o que não dispensava, evidentemente, a contenção do paciente.
Ao NO2 e ao éter seguiu‑se o clorofórmio, utilizado pela primeira vez em 1847 pelo médico 
escocês James Simpson em um trabalho de parto. Posteriormente, em 1930, foi introduzido o 
ciclopropano e, em 1956, o halotano. Além disso, paralelamente à anestesia geral por inalação, 
desenvolveram‑se outros métodos de analgesia, como a anestesia local, a anestesia venosa, a 
raquianestesia e anestesia peridural.
A anestesia é uma técnica essencial não só em cirurgias, mas também em procedimentos que possam 
proporcionar sensibilidade álgica, permitindo que o paciente seja manipulado e tratado de forma mais 
controlada e segura. A anestesia, como vimos, é aplicada pelo médico anestesista, profissional que 
sempre deverá acompanhar o paciente nos períodos pré‑anestésico, intra‑anestésico e pós‑anestésico.
É importante que o enfermeiro conheça os princípios básicos da anestesia, pois é ele quem assiste o 
paciente durante o preparo e durante a recuperação pós‑anestesia.
7.2 Princípios básicos
A anestesia deve proporcionar analgesia (insensibilidade à dor), relaxamento (ausência de tensão 
muscular) e bloqueio (perda dos reflexos); além disso, ela também pode acarretar narcose (sono artificial).
 Com relação aos tipos de anestesia, a classificação se baseia na perda de sensibilidade total ou parcial do 
paciente: na anestesia geral há perda da sensibilidade em todo o corpo; já na locorregional, no bloqueio plexial e 
no bloqueio de neuroeixo (raquidural e peridural) ocorre apenas a perda parcial da sensibilidade no corpo.
A administração de certas drogas tem por finalidade abolir a dor, proporcionar amnésia e sedação, 
potencializar os efeitos do anestésico, bloquear os impulsos nervosos (nervo vago) e reduzir o metabolismo. 
A seguir uma lista com os principais grupos de fármacos utilizados:
• sedativos: ansiolíticos, hipnóticos e neurolépticos;
— ansiolíticos (benzodiazepínicos/diazepam): promovem sedação, relaxamento muscular e 
amnésia e são associados aos anestésicos locais;
— hipnóticos (barbitúricos/benzodiazepínicos): diminuem a atividade energética cerebral, 
desaceleram o metabolismo e induzem ao sono;
— neurolépticos: promovem indiferença neuromotora.
69
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• opioides: potencializam o efeito dos agentes anestésicos inalatórios e bloqueiam a dor;
• anticolinérgicos (atropina): possuem efeito antimuscarínico, facilitando a entubação;
• drogas curarizantes: bloqueiam a junção neuromuscular, relaxam a musculatura esquelética e 
facilitam o trabalho de entubação.
 Lembrete
Quando se pensa em anestesia, a primeira coisa que nos vem à mente 
é a analgesia. No entanto, é importante lembrar que essa não é a única 
função da anestesia: ela também bloqueia reflexos e provoca relaxamento 
muscular, além de poder induzir ao sono. 
7.2.1 Considerações para a escolha da anestesia
A anestesia produz uma depressão progressiva do sistema nervoso central, começando nos centros 
superiores (córtex cerebral) e terminando nos centros vitais da medula. 
Para que a anestesia seja efetiva, a técnica anestésica escolhida deve reunir algumas características 
essenciais, como:
• produzir o menor número de efeitos indesejáveis;
• possuir baixa toxicidade;
• ser de iniciação rápida e de fácil reversibilidade;
• proporcionar segurança ao paciente;
• possibilitar as melhores condições cirúrgicas;
• promover bem‑estar ao paciente;
• permitir analgesia eficaz e extensiva ao pós‑operatório; 
• ocasionar amnésia e relaxamento muscular adequado.
7.3 Fases de aplicação da anestesia geral
A fase pré‑operatória é aquela em que o paciente recebe a visita do anestesista, que deve avaliá‑lo 
de forma objetiva, centrando‑se nas suas necessidades e condições clínicas. Essa fase compreende 
principalmente realizar a compensação das alterações clínicas e/ou controlar a ansiedade pré‑operatória.
70
Unidade III
Já a fase intraoperatória envolve mais fatores, listados a seguir:
• Monitoração do paciente: monitorar todos os sinais vitais a fim de acompanhar a evolução 
anestésica do paciente. Como a monitoração do pacien te anestesiado torna‑se mais complexa a 
cada dia, os centros cirúrgicos, além de bem equipados, devem possuir equipes bem treinadas para 
manter o paciente seguro durante todo o ato anestésico‑cirúrgico.
• Acesso vascular: após monitorar o paciente, deve‑se providenciar um acesso venoso que, além 
de constituir uma via para a administração das drogas anestésicas e adjuvantes, permita a ma‑
nutenção da hidratação e da trans fusão sanguínea, bem como o uso de drogas para a reanimação 
cardiorrespiratória (caso seja necessária).
• Indução da anestesia: depois da monitoração satisfatória e da obtenção de uma boa via de 
infusão endovenosa, induz‑se a anestesia geral. É o início do processo anestésico, que pode ser 
descrito como fisiologicamente bastante agressivo, pois o paciente passará de um estado de 
consciência para um de inconsciência total, perdendo reflexos e reações espontâneas. Em regra, 
os agentes indutores endovenosos têm efeito de curta duração, tornando obrigatório o início da 
administração do agente de manutenção da anestesia logo que o paciente fica inconsciente. 
• Tubagem traqueal: no momento que os reflexos protetores forem rebaixados, inicia‑se o processo 
de entubação orotraqueal para pacientes que serão anestesiados com drogas que deprimem 
diretamente os centros nervosos responsáveispelo controle da respiração e que serão submetidos 
a cirurgias prolongadas ou colocados em decúbito que dificulta a ventilação. É necessário que a 
sala cirúrgica tenha equipamento adequado para manter a ventilação e oxigenação do paciente, 
aspirador de secreções, materiais como laringoscópio e cânulas orotraqueais, além de materiais 
básicos. A tubagem deve ser feita quando o paciente estiver em bom estado de relaxamento 
muscular.
• Ventilação artificial: um ventilador artificial para anestesia tem por função intro duzir a 
mistura gasosa anes tésica (composta usualmente de oxigênio e de um anestésico volátil) 
e remover o dióxido de carbono por ele produzido. O gás passa por um filtro que retira o 
dióxido e permite o reaproveitamento da mistura anestésica. Excetuando‑se as cirurgias de 
curta duração e que dispensam o relaxamento muscular, essa ventilação artificial é necessária 
para a maioria dos pacientes.
• Manutenção da anestesia: o anestesista deve acompanhar ininterruptamente os graus de 
analgesia, relaxamento muscular, indiferença neuromotora e hipnose do paciente para 
mantê‑lo anestesiado (e, dessa forma, sem interferir no ato cirúrgico). O nível de analgesia 
deve ser controlado de forma a não superficializar nem rebaixar excessivamente a condição 
do paciente. É importante ressaltar que o aprofundamento excessivo da anestesia pode levar 
o paciente a um colapso circulatório e respiratório, culminando possivelmente em óbito. A 
anestesia deverá ser mantida com a administração constante de um anestésico endovenoso 
ou inalatório, ou também com relaxantes musculares, hipnóticos ou outras medicações que o 
anestesista considerar adequadas.
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ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• Manutenção da respiração: o anestesiologista deve verificar constantemente as condições de 
ventilação, corrigindo‑as, se necessário, com base em gasometrias arteriais seriadas. A ventilação 
deficiente bem como a oxigenação excessiva podem causar efeitos prejudiciais ao paciente.
• Manutenção circulatória: os anestésicos podem afetar a força de contração do coração, provocar 
arritmias cardíacas e alterar a resistên cia dos vasos periféricos. Para proporcionar uma circulação 
estável, o anestesiologista deve acompanhar e avaliar ininterruptamente o balanço hidroeletrolítico 
e sanguíneo. Medicamentos e materiais de urgência e ressuscitação cardiopulmonar devem estar 
disponíveis para eventuais ocorrências.
• Manutenção ácido‑base: a ventilação artificial e as soluções utilizadas para a hidratação 
transoperatória costumam alterar o estado ácido‑base do paciente, tanto com relação ao 
metabolismo quanto com relação à respiração. Quanto mais prolongada for a cirurgia, mais 
chances de o paciente apresentar tais alterações, as quais devem ser monitoradas por meio de 
gasometrias seriadas.
• Manutenção hematológica: o anestesista deve controlar, juntamente com o cirurgião, as perdas 
sanguíneas durante todo o procedimento. Muitas vezes essas perdas exigem a transfusão 
sanguínea rápida de reposição ou de manutenção. Alguns hemocomponentes podem ser repostos 
a fim de evitar complicações hipovolêmicas e decréscimo de células sanguíneas. Vale lembrar 
que é fundamental a tipagem sanguínea prévia para todos os pacientes e a reserva de bolsas de 
sangue para pacientes que já apresentem riscos de perda sanguínea.
• Manutenção metabólica: envolve a monitoração, o diagnóstico e o tratamento de alterações 
endócrinas, tais como o diabetes mellitus, o hipertireoidismo, o hipotireoidismo e a insuficiência 
adrenal. O controle da temperatura corporal do paciente também é importante, pois a hipotermia 
pode ter consequências graves, principalmente nos pacientes pediátricos e idosos.
• Manutenção da integridade física: durante a anestesia geral, o paciente não é capaz de se 
defender de qualquer tipo de agressão física. Portanto, assim como o enfermeiro é responsável 
por posicionar anatomicamente o paciente na mesa, o anestesiologista é responsável por manter 
o paciente fisicamente bem na mesa. Ele também deve se preocupar em manter a integridade 
ocular do paciente anestesiado, para evitar o ressecamento pelo oxigênio e pela secura do ar 
ambiente, ocluindo os olhos. Deve, ainda, se preocupar com o alinhamento da cabeça e da coluna, 
com a proteção de face e orelhas, com a integridade da boca em relação à pressão do tubo 
orotraqueal e com a punção venosa, evitando extravasamento ou flebites.
A fase de recuperação ocorre da seguinte forma.
• Superficialização: assim que a cirurgia terminar, o anestesiologista fará o processo inverso da 
indução, interrompendo a administração dos fármacos até então utilizados para manter o paciente 
anestesiado. A superficialização da anestesia tem início quando se suspende a administração do 
agente inalatório e/ou endovenoso.
72
Unidade III
• Antagonização: muitas drogas utilizadas durante a anestesia não têm seu efeito interrompido 
rapidamente, fazendo‑se necessário administrar uma outra droga, que reverta seu efeito, a qual 
é chamada, por isso, de droga antagonista. A antagonização é importante para que o paciente 
tenha uma reversão mais rápida e mais segura de seu quadro anestésico.
• Desmame do ventilador: após o paciente começar a recuperação da função muscular e respiratória, 
ele deve receber oxigênio para recuperar e reassumir sua ventilação espontânea. O anestesista 
aplicará a técnica que julgar mais segura, desconectando o tubo e administrando oxigênio ou 
conectando o paciente a uma pressão contínua positiva das vias aéreas (CPAP, do inglês continue 
positive airway pressure).
• Extubação traqueal: assim que o paciente apresentar condições de ventilação normalizada, poderá 
ser desentubado (ou extubado, ou seja, poderá ser removido o tubo orotraqueal que o mantinha 
conectado ao ventilador mecânico). O procedimento é feito pelo anestesista e sob criteriosa 
avaliação das condições respiratórias e ventilatórias do paciente. O paciente deve continuar 
recebendo suplementação de oxigênio, através de máscaras faciais, nos primeiros momentos que 
se seguem à retirada do tubo endotraqueal.
• Critérios de alta: todos os pacientes deverão ser criteriosamente avaliados pelo anestesiologista 
com relação ao retorno adequado de funções neuromusculares, à resposta às perdas de reflexos 
protetores e aos indícios de retorno à consciência e orientação. Deverão ser encaminhados à 
unidade ou sala de recuperação anestésica para poderem ser mais bem assistidos e avaliados 
pelo enfermeiro e pelo anestesista. Pacientes que porventura não conseguirem manter resposta 
satisfatória de estabilização de sinais vitais, consciência e respostas neuromotoras, ou apresentarem 
complicações anestésico‑cirúrgicas, deverão ser encaminhados à unidade de terapia intensiva 
acompanhados pelo anestesista.
7.4 Tipos de anestesia
As anestesias podem ser classificadas em geral (endovenosa ou inalatória) ou parcial (como a 
anestesia local, de bloqueio regional, de plexo ou de neuroeixo).
Cada tipo de anestesia possui uma característica específica e deve ser escolhida de acordo com as 
características clínico‑cirúrgicas de cada paciente.
7.4.1 Anestesia geral
A anestesia geral pode ser inalatória ou endovenosa. O primeiro anestésico inalatório utilizado 
com sucesso durante uma cirurgia foi o éter dietílico. Esse agente volátil foi uma contribuição de 
grande valia para o desenvolvimento da cirurgia como ciência médica. Posteriormente outros agentes 
surgiram, prometendo vantagens em relação ao éter, embora a maioria tenha sido abandonada diante 
das desvantagens e complicações acumuladas no decorrer de seu uso. Apenas recentemente surgiram 
fármacos anestésicos endovenosos.
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ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
A anestesia endovenosa mo derna envolve o uso de drogas analgésicas, relaxantes, blo queadoras 
vegetativas e hipnó ticas muito potentes e com ação extremamente curta. Essas drogas podem ser 
administradas através de bombas de infusão automáticas e programáveis.
7.4.1.1 Anestesiageral endovenosa
A seguir estão destacadas as principais características da anestesia geral endovenosa:
• induz ou complementa a anestesia geral inalatória;
• complementa anestesias regionais;
• pode ser usada como agente único em procedimentos de curta duração ou pouco dolorosos.
São vantagens do uso desse tipo de anestesia:
• simplicidade do material utilizado;
• indução rápida e menos desagradável que a inalatória;
• não existem riscos ambientais;
• baixa incidência de náuseas e vômitos no pós‑operatório.
Entre os inconvenientes da anestesia geral endovenosa, temos:
• riscos de flebite, trombose e laringo/broncoespasmo;
• relaxamento muscular superficial.
A opção pela anestesia geral endovenosa está relacionada a certos fármacos:
• opioides – morfina, fentanil, sufentanil, alfentanil, meperidina;
• não opioides – propofol, diprivan, cetamina, etomidato; 
• hipnóticos – thionembutal (tiopental);
• benzodiazepínicos – diazepam, midazolam;
• relaxantes musculares – pavulon, norcuron, tracrium, suxametônio.
74
Unidade III
7.4.1.2 Anestesia geral inalatória
Trata‑se da administração de anestésicos líquidos voláteis, oxigênio e indutor, os quais se transformam 
em vapor e são inalados por meio de máscara ou tubo orotraqueal, promovendo a anestesia. Após 
inalados, os anestésicos passam para o sangue e para os capilares pulmonares, atingindo os centros 
cerebrais e ocasionando a perda de consciência e de sensibilidade. A interrupção da administração 
favorece a imediata eliminação do vapor (ou gás) por meio da respiração.
 Inalação dos anestésicos – sangue/capilares pulmonares – centros cerebrais = perda da consciência 
e da sensibilidade.
• Interrupção da administração = eliminação do vapor ou gás (pela respiração).
São vantagens desse tipo de anestesia:
• grande variedade de fármacos; 
• controle fácil;
• segurança na administração.
Quanto às desvantagens:
• sensação desagradável em razão do odor;
• requer controle da dosagem certa e da oxigenação adequada.
Os anestésicos inalatórios dividem‑se em gasosos e líquidos voláteis. A seguir estão listados os 
principais fármacos utilizados em sua composição:
• óxido nitroso;
• fluotano = halotano (hidrocarboneto halogenado);
• enflurano = etrane (éter halogenado);
• isoflurano = forane (éter halogenado);
• sevoflurano/desflurano = sevorane (éter fluorado).
75
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
7.4.1.3 Estágios da anestesia geral
A anestesia geral apresenta estes quatro estágios:
• Analgesia: com o comprometimento da consciência e a diminuição da resposta aos estímulos 
dolorosos, o paciente pode experimentar sensações de calor, tontura e formigamento, embora 
ainda consiga se movimentar. Vale destacar que os neurônios da substância gelatinosa do 
corno dorsal da medula espinal são sensíveis aos anestésicos mesmo em baixas concentrações. 
Depois de algum tempo, ocorre a interrupção da transmissão de estímulos sensoriais, 
inclusive dos estímulos nociceptivos (referentes à dor). Nesse estágio, o paciente se mantém 
consciente. 
• Excitação: caracterizado por agitação psicomotora, falas sem sentido, riso ou choro; o pulso 
torna‑se acelerado e a respiração irregular. Se o anestésico for administrado de forma inadequada, 
o paciente pode apresentar ausência de resposta aos estímulos dolorosos e abolição do reflexo 
óculo‑palpebral. Nessa fase ocorre o aumento da concentração dos anestésicos, resultado de 
mecanismos complexos que incluem o bloqueio de pequenos neurônios inibitórios.
• Período cirúrgico/cessação dos movimentos espontâneos: o estado anestésico vai se aprofundando 
– ocorrem o relaxamento muscular e a recuperação da respiração regular e superficial, cessam os 
movimentos involuntários e o paciente entra em estado de inconsciência. Alguns reflexos ainda 
estão presentes (como o da faringe) e se percebe a presença de algum tônus muscular; este, no 
entanto, com o aprofundamento da anestesia, diminui. Os reflexos desaparecem e a respiração 
fica cada vez mais lenta com o diminuir da atividade dos músculos intercostais e, posteriormente, 
do diafragma. Há uma progressiva depressão sensório‑motora até o relaxamento muscular. 
• Depressão do centro respiratório: há uma diminuição/parada cardiorrespiratória e uma severa 
depressão do centro vasomotor da medula e também do centro respiratório. Os neurônios desses 
dois centros são relativamente resistentes aos efeitos dos anestésicos, mas com a intensificação da 
dose também são atingidos. Ocorre um colapso cardiorrespiratório, e a morte advém rapidamente 
se não há suporte artificial circulatório e respiratório.
7.4.2 Anestesia parcial
7.4.2.1 Breve histórico
O início do uso de anestésicos locais remonta à segunda metade do século XIX: por volta de 1860, 
Albert Niemann isolou um alcaloide em sua forma cristalina, que seria o primeiro anestésico local 
utilizado na prática clínica: a cocaína. 
Pouco depois, em 1897, Heinrich Braun adicionou uma solução de epinefrina à cocaína. 
A epinefrina causava vasoconstrição, levando a uma menor absorção do anestésico e, 
consequentemente, reduzindo sua toxicidade; essa vasoconstrição, por diminuir o suprimento 
sanguíneo da região, também aumentava a duração do efeito anestésico. No entanto, os 
76
Unidade III
vasoconstritores causavam uma elevação da pressão arterial em pacientes com doenças 
cardiovasculares. Vale ressaltar que hoje em dia a cocaína não é mais utilizada para esse fim, 
tendo sido substituída por outras substâncias.
Outras drogas desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX, como a procaína e a lidocaína, 
popularizaram as técnicas de anestesia local e permitiram o desenvolvimento da anestesia regional.
7.4.2.2 Algumas definições
Anestésicos locais são substâncias que bloqueiam a condução dos impulsos nervosos quando 
em contato com tecido nervoso, insensibilizando partes do corpo. Podem atingir apenas os 
axônios (superficial) ou abranger o bloqueio de nervos periféricos, de plexos nervosos ou de 
neuroeixo, como as anestesias raquidiana e peridural. Dependendo da concentração, é possível 
produzir desde um bloqueio sensitivo até um bloqueio motor. Seus efeitos são temporários e 
completamente reversíveis.
A anestesia local infiltrativa (também chamada periférica, terminal ou locorregional) é aquela em 
que o anestésico é infiltrado diretamente no tecido que vai sofrer a operação, sem visar ao bloqueio de 
um nervo, de um plexo ou da medula espinal. 
Já nas diferentes técnicas de anestesia regional, utiliza‑se um anestésico local (AL) para bloquear 
nervos (bloqueio de um nervo ou troncular), plexos (como o plexo braquial por via axilar) ou a medula 
espinal (agindo sobre o neuroeixo, como as anestesias peridural e raquidiana).
A anestesia parcial consiste em uma técnica segura desde que respeitado o limite de doses preconizado 
para cada tipo de anestésico local e levadas em consideração as características de cada paciente e do 
procedimento cirúrgico a ser realizado.
O tempo de duração de uma anestesia local varia de acordo com alguns fatores, como a região a ser 
infiltrada, as características do anestésico empregado (bem como sua quantidade e concentração) e as 
características individuais de cada paciente.
7.4.2.3 Anestesia locorregional (ou local)
A anestesia locorregional bloqueia reversivelmente a condução dos impulsos ao nível do axônio, 
inibindo a sensação de dor em áreas específicas e superficialmente. São fatores que modificam a 
absorção sistêmica do anestésico local no sítio de aplicação:
• dosagem;
• local da injeção;
• ligação da droga ao tecido;
77
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• presença de substância vasoconstritora;
• propriedades do fármaco.
O anestésico local pode ser definido como uma droga que bloqueia de forma reversível a transmissão 
do estímulo nervoso no local onde é aplicada, sem ocasionar alterações no nível de consciência. Existem 
muitas drogas que, além de seu uso clínico habitual, exercem atividade anestésica local, porémaqui 
tratamos das drogas que são utilizadas especificamente por suas propriedades de anestésico local. 
A seguir estão alguns fármacos empregados em sua composição:
• lidocaína; 
• bupivacaína; 
• procaína; 
• benzocaína. 
São fatores que alteram o grau de absorção sistêmica do anestésico local no ponto de aplicação:
• dosagem do fármaco;
• local de aplicação do anestésico;
• ligação da droga ao tecido que recebe o anestésico (tecidos inflamados não fazem uma ligação 
eficaz com a droga);
• presença de substância vasoconstritora no anestésico;
• propriedades específicas do fármaco.
Quanto aos efeitos colaterais dos ALs:
• Toxicidade sistêmica causada por concentrações sanguíneas excessivas: injeção intravascular 
e administração de grandes quantidades. Riscos: convulsões, depressão respiratória e colapso 
cardiovascular. Precauções: administração de doses menores, emprego de técnicas apropriadas e 
uso de vasoconstritores.
• Respostas teciduais locais: anestésicos locais geralmente não causam irritação aos tecidos.
• Alterações alergênicas: raramente ocorrem reações alérgicas e reações anafiláticas; não existem 
testes alérgicos para anestésicos locais.
78
Unidade III
• Áreas irrigadas por artérias terminais (nariz, dedos, pênis) devem receber atenção especial em 
razão da vascularização intensa. 
• A resposta adversa do paciente à aplicação deverá ser contornada com tratamento rápido e eficaz 
administrado pelo anestesista.
7.4.2.4 Anestesia regional intravenosa
No bloqueio de Bier o membro é exsanguinado e é colocado um torniquete (insuflado) – como que 
um garroteamento do membro –, com o anestésico injetado numa veia previamente canulada (ou seja, 
puncionada nesse mesmo membro garroteado). 
A isquemia de membros por garroteamento começou a ser utilizada em clínica cirúrgica há pouco 
mais de cem anos. No fim do século XIX, Johannes Friedrich August von Esmarch, professor de cirurgia em 
Kiel, na Alemanha, descreveu a faixa elástica que conservou seu nome, mas que foi bastante modificada 
e aperfeiçoada. O garrote pneumático é um equipamento mais moderno para garrotear o membro e 
promover o bloqueio de Bier ou bloqueio anestésico.
Quanto ao intervalo de tempo, é preciso atentar ao fato de que o garrote não deve ser retirado 
nos primeiros 15‑20 minutos após a injeção, para que haja difusão retrógrada e dessensibilização da 
área, mas também não deve permanecer por mais de 60‑90 minutos, o que poderia levar à necrose 
das estruturas distais.
Entre as indicações e contraindicações, relativas e absolutas, bem como as vantagens e desvantagens 
da anestesia regional intravenosa (ARI), deve‑se destacar o menor custo financeiro para o procedimento 
anestésico (quando comparado com o da anestesia geral).
7.4.2.5 Anestesia por bloqueio de nervo
O anestésico é injetado em torno dos plexos nervosos, ocorrendo anestesia de toda a área suprida 
por esses nervos (com bloqueio das funções motoras e sensitivas).
A mais utilizada é o bloqueio do plexo braquial para as cirurgias dos membros superiores (pode ser 
usada qualquer AL). Determina bloqueio sensitivo e motor.
7.4.2.6 Anestesias de bloqueio de neuroeixo (anestesia raquidiana e anestesia peridural)
Desde a descoberta do efeito anestésico da cocaína por Carl Koller, em 1884, a anestesia geral 
endovenosa vem sendo utilizada. Ele percebeu que a cocaína apresentava efeito anestésico sobre 
a superfície conjuntival. No ano de 1885, Leonard Coming, estudando o efeito da cocaína sobre os 
gânglios paravertebrais de cães, acidentalmente perfurou o canal raquidiano e promoveu a primeira 
anestesia subaracnoide.
79
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
Bloqueios subaracnoides (raquianestesia)
A raquianestesia é realizada pela deposição do medicamen to anestésico no espaço subarac noide, 
uma vez que a membra na aracnoide está justaposta à dura‑máter. Nesse local, o anestésico bloqueia a 
condução ner vosa, gerando insensibilida de aos estímulos dolorosos.
Após a anestesia da pele e dos planos profundos da região normalmente entre L2 e L4 com 
anestésico local, uma agulha específica é introduzida em direção ao canal raquidiano. A agulha 
rompe a pele, o tecido celu lar subcutâneo, os ligamentos supraespinhoso, interespi nhoso e amarelo, o 
espaço peri dural e, finalmente, a dura‑máter; nesse momento, sente‑se seu rompimento, ganhando 
o espaço subaracnóideo. O correto posicionamento da agulha é identificado pela saída de líquor 
cefalorraquidiano pela agulha. O anestésico é, então, depositado nessa região, onde exercerá sua 
ação.
O anestésico introduzido no espaço subaracnóideo sofre, inicialmente, uma diluição pelo 
líquor durante os primeiros minutos. Logo após, difunde‑se em razão do movimento molecular 
do anestésico; ao mesmo tempo que ocorre a difusão do anestésico no líquor, ele passa a se 
fixar nos nervos, onde irá exercer sua ação, bloqueando a condução elétrica. Toda essa massa de 
anestésico é, então, lentamente absorvida pelos vilos coriais, linfáticos e, principalmente, pelos 
capilares venosos.
Bloqueios subaracnoides (anestesia peridural)
A anestesia peridural é reali zada pela deposição do anesté sico no espaço epidural, onde irá se difundir 
e bloquear a con dução nervosa, produzindo insensibilidade aos estímulos do lorosos. Nessa técnica, o 
aneste siologista não perfura a dura‑máter; deposita o anestési co no espaço epidural. Esse espaço é de 
forma triangular, limitado pelo ligamento ama relo, externamente, e pela dura‑máter, internamente, 
estando preen chido por tecido adiposo.
O anestésico injetado no espaço peridural, inicialmente, difunde‑se nesse espaço e, 
posteriormente, para outros locais, como o espaço subaracnóideo. Após a difusão, o anestésico 
local fixa‑se ao tecido nervoso, bloqueando raízes nervosas intradurais e extradurais. O fenômeno 
de absorção dessa massa anestésica pelos vasos sanguíneos limita o tempo de ação do anestésico, 
e parte do anestésico local transferido ao espaço subaracnóideo, pela difusão, sofre o fenômeno 
de diluição.
80
Unidade III
Quadro 1 – Tipos de anestesia e bloqueios subaracnoides
Tipos de anestesia
Anestesia local Anestesia regional Anestesia geral
O anestésico é infiltrado 
diretamente sobre o local da 
incisão cirúrgica. O paciente 
permanece acordado, mas não 
sente dor em virtude do bloqueio 
da transmissão da sensibilidade 
dolorosa na região dos nervos 
periféricos, não ocorrendo bloqueio 
de plexos nervosos ou do neuroeixo 
(medula espinal).
O anestésico é injetado em um local 
mais distante da incisão cirúrgica. Como 
resultado, ocorre a anestesia de uma 
região mais extensa e que envolve o 
local da cirurgia, como um dos membros 
superiores ou mesmo apenas um dedo. 
O anestésico é infiltrado em um plexo 
nervoso.
Anestesia que leva à inconsciência 
do paciente por meio da 
administração de medicação 
anestésica intravenosa e/ou 
inalatória. A administração desse 
anestésico é feita de forma gradual 
e progressiva, levando à perda 
total da sensibilidade do paciente a 
estímulos.
Bloqueios subaracnoides (neuroeixo)
Peridural Raquianestesia
Consiste na injeção de anestésico no espaço epidural 
através de uma punção, frequentemente na região 
lombar. Esse tipo de anestesia bloqueia completamente 
a sensibilidade dolorosa, porém apenas parcialmente o 
tato. O paciente permanece consciente.
Ocorre por meio da injeção de anestésico local na área 
de emergência das raízes nervosas da medula espinal. 
O anestésico local é introduzido no líquido que envolve 
o sistema nervoso central chamado líquor, bloqueando 
a sensibilidade dolorosa e tátil e a motricidade da área 
alcançada. O paciente permanece consciente.
 Lembrete
A escolha da anestesia deve ser feita por meio de um planejamento 
criterioso e bem definido pelo anestesista, a fim de atender as necessidades 
individuais de cada paciente.
8 RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA
Agora que entendemos como funciona a unidade de centro cirúrgico, suas características e atividades 
específicas, vamos conhecera unidade de recuperação anestésica, local para onde os pacientes são 
encaminhados após a cirurgia e no qual permanecem até terem condições de receber alta. 
8.1 Estrutura físico‑funcional, organizacional e administrativa 
8.1.1 Definições e objetivos da recuperação anestésica
Tão logo termine o ato cirúrgico, o paciente é encaminhado para a área de recuperação anestésica, 
onde, sob os cuidados do enfermeiro e do anestesista, se recuperará da anestesia. 
São finalidades da recuperação anestésica:
• fornecer suporte ao paciente na fase de recuperação da anestesia, até que seus reflexos protetores 
estejam presentes e haja recuperação da consciência, normalização dos reflexos neuromotores e 
estabilidade dos sinais vitais; 
81
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• prevenir ou tratar possíveis intercorrências ou complicações resultantes do ato 
anestésico‑cirúrgico;
• estabelecer medidas e ações para aliviar a dor no pós‑operatório imediato e mediato;
• proporcionar atendimento seguro: a RA é uma unidade que deve possuir recursos materiais e 
humanos capazes de atender o paciente no período de recuperação imediata, considerado crítico.
 Observação
É importante não confundir os conceitos de recuperação anestésica 
e recuperação operatória. A recuperação anestésica está relacionada 
à retomada de consciência pelo paciente após o procedimento 
cirúrgico; já a recuperação operatória se refere à retomada das 
condições orgânicas normais. A recuperação anestésica é mais breve 
que a recuperação operatória. 
Sua localização próxima às salas de operação se deve a dois fatores: 
• evitar distúrbios circulatórios e outras intercorrências (provocadas pelo transporte); 
• promover facilidade de acesso para cirurgiões e anestesistas. 
8.1.2 Planta física 
Conforme a RDC nº 50/2002, essa área pertence à planta física do centro cirúrgico e, portanto, deve 
possuir as mesmas características arquitetônicas, a saber:
• forma retangular ou semicircular (para proporcionar visão e observação constante de todos os 
pacientes, compondo‑se como um sistema aberto);
• área que permita facilidade de locomoção das equipes;
• posto de enfermagem centralizado, sendo um para cada 12 leitos de RA; 
• leitos colocados lado a lado com duas macas no mínimo, sendo o número de macas igual ao de 
salas cirúrgicas mais um;
• sala de guarda de materiais e equipamentos;
• expurgo;
• ambiente calmo e agradável (sem ruídos desnecessários);
82
Unidade III
• temperatura adequada (possibilitando aquecimento e bem‑estar);
• instalação hidráulica adequada (água quente, água fria e esgoto);
• instalações elétricas (110 v, 220 v e para equipamento de raios X móvel); 
• sistema de vácuo clínico, O2 e ar comprimido medicinal; 
• sistema de ar condicionado;
• sistema de comunicação adequado (para emergências).
• piso, teto e paredes de acordo com as mesmas especificações descritas para o centro cirúrgico; 
• iluminação que permita boa visualização dos pacientes; 
• janelas lacradas com persiana entre vidros para controle de luminosidade.
A unidade de recuperação anestésica deve ser considerada uma unidade de tratamento semi‑intensivo 
e estar totalmente dotada de equipamentos especiais, materiais de atendimento de rotina e emergencial 
e medicações. Os equipamentos específicos dessa unidade são:
• macas ou leitos sobre rodízios;
• mesas auxiliares;
• escada de dois degraus;
• negatoscópios;
• foco de luz portátil;
• monitores cardíacos ou multiparamétricos;
• oxímetros;
• régua com saídas de gases (oxigênio, ar comprimido e vácuo);
• eletrocardiógrafo;
• estetoscópio e esfigmomanômetro;
• respirador artificial;
83
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• desfibrilador/cardioversor;
• carro para atendimento de parada cardiorrespiratória;
• aspirador portátil.
A seguir, a lista de materiais:
• ambu adulto e infantil;
• cânulas de Guedel;
• material para entubação;
• laringoscópio completo;
• termômetros;
• material para nebulização e inalação;
• material para aspiração de vias aéreas; 
• máscaras de Venturi;
• materiais de uso rotineiro (seringas, agulhas, micropore, sondas etc.);
• medicamentos diversos (analgésicos, anti‑inflamatórios, antieméticos, corticoides, antiarrítmicos, 
anti‑hipertensivos, diuréticos, antibióticos e soros).
Essa unidade conta ainda com a assistência aos pacientes por parte de enfermeiros, técnicos de 
enfermagem, auxiliares de enfermagem e médicos (principalmente anestesistas), que monitoram 
o paciente desde sua saída da sala de cirurgia até a recuperação da consciência, com o paciente 
devidamente orientado e recuperado da anestesia recebida no ato operatório.
 Observação
RA, RPA, URPA ou SRA?
Várias denominações podem ser dadas a essa área: recuperação 
anestésica (RA), recuperação pós‑anestésica (RPA), unidade de recuperação 
pós‑anestésica (Urpa), serviço de recuperação anestésica (SRA), entre 
outras. No entanto, todas fazem referência à unidade onde os pacientes 
devem permanecer após a cirurgia, seguindo as especificações legais.
84
Unidade III
8.1.3 Recursos humanos
A unidade de RA é uma unidade de atendimento a pacientes críticos, e o médico anestesiologista é 
responsável por acompanhá‑los até a sua alta, seja para o quarto, seja para outro destino. O tratamento 
e o atendimento do paciente são conduzidos pelo enfermeiro, que deve ser auxiliado pelo técnico de 
enfermagem. O auxiliar administrativo pode fazer parte dessa equipe, não sendo, no entanto, obrigatória 
a presença desse profissional na unidade.
Ao enfermeiro assistencial da RA cabe:
• manter atualizadas as normas e as rotinas da unidade;
• ter conhecimento de farmacodinâmica da anestesia e da analgesia, além de fisiologia e patologia;
• receber as informações clínicas do paciente na recepção da recuperação anestésica em conjunto 
com o anestesiologista;
• fazer o exame físico dos pacientes, principalmente na admissão e na alta da recuperação anestésica;
• elaborar o plano de cuidados, supervisionar sua execução e realizar os cuidados complexos de 
enfermagem com a utilização da Saep, desde a admissão até a alta do paciente na recuperação 
pós‑anestésica; 
• prestar o cuidado de enfermagem ao paciente, conforme planejamento;
• aplicar o índice de Aldrete e Kroulik ao longo da permanência do paciente na unidade;
• avaliar e registrar a evolução clínica do paciente em recuperação anestésica;
• avaliar e registrar as condições clínicas de alta do paciente e encaminhar à unidade de origem 
com segurança;
• realizar e registrar a avaliação pós‑operatória da assistência prestada;
• informar ao coordenador as ocorrências relacionadas aos pacientes e ao pessoal auxiliar sob 
sua responsabilidade;
• elaborar e supervisionar a confecção de escalas mensais, semanais e diárias de trabalho;
• controlar os entorpecentes, tanto com relação ao uso como medicação para os pacientes da 
unidade como com relação à solicitação de reposição;
• informar e orientar os familiares sobre as condições clínicas dos pacientes sob sua responsabilidade. 
85
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
São tarefas do técnico de enfermagem da recuperação anestésica:
• prestar o cuidado de enfermagem ao paciente designado pelo enfermeiro, conforme 
a prescrição;
• realizar as tarefas diárias e semanais de preparo e manutenção da unidade para atendimento do 
paciente, conforme o planejamento e a orientação do enfermeiro;
• como parte do grupo de trabalho, contribuir para a melhoria dos processos da unidade, emitindo 
opiniões e sugestões;
• participar das reuniões convocadas pelo enfermeiro;
• participar de treinamentos, sugerindo e elaborando temas a serem abordados;
• zelar pela ordem e pela limpeza do ambiente de trabalho;
• manter condições ambientais que promovam segurança ao paciente, aos colaboradores e às 
equipes atuantes no setor;
• zelar pelo manuseio correto e pela limpeza de materiais e equipamentos pertinentes ao setor;
• conferir e providenciar materiais e equipamentos necessários para prestaros cuidados adequados 
ao paciente;
• aplicar índice de Aldrete e Kroulik;
• executar a prescrição médica;
• realizar a transferência e a alta dos pacientes com segurança para a unidade de origem;
• notificar o enfermeiro sobre as condições do paciente e suas intercorrências. 
São características do trabalho do auxiliar administrativo da recuperação anestésica:
• desenvolver as atividades coordenadas e orientadas pelo enfermeiro, visando ao adequado 
desenvolvimento do atendimento e à organização do serviço; 
• realizar pedidos de almoxarifado;
• controlar o estoque do almoxarifado;
• arquivar os documentos;
86
Unidade III
• fazer estatística diária do movimento na recuperação anestésica;
• reproduzir a escala mensal;
• solicitar consertos e reparos de equipamentos;
• fazer encaminhamentos de exames solicitados;
• manter e atualizar o arquivo da unidade;
• atender o público externo, quando necessário, conforme rotina do serviço;
• executar outras atividades burocráticas, segundo a necessidade do serviço.
8.2 Assistência na RA
A recepção na unidade de recuperação anestésica deve ser feita pelo enfermeiro, pelo técnico de 
enfermagem e pelo anestesista (anestesiologista), os responsáveis pelo setor.
O anestesista que atendeu o paciente em sala e o circulante da sala (auxiliar de enfermagem) devem 
retirar o paciente da sala cirúrgica e levá‑lo até a unidade de recuperação anestésica, onde deverão 
fornecer informações ao enfermeiro e ao técnico da unidade, como:
• dados de identificação do paciente;
• diagnóstico médico;
• cirurgia proposta e cirurgia realizada;
• técnica anestésica, anestesia executada, drogas utilizadas;
• posição cirúrgica;
• uso de bisturi elétrico e placa neutra dispersiva;
• uso de equipamentos especiais;
• perdas e reposições sanguíneas e volêmicas;
• intercorrências no pré‑operatório e no intraoperatório;
• antecedentes patológicos (como alergias e afins);
• estado geral do paciente ao deixar a sala de operação;
87
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• presença de sondas, cateteres e drenos;
• Saep.
A ação de atendimento aos pacientes na RA deve ser direta e intensiva por parte do enfermeiro 
responsável pela unidade. Ali ele realiza procedimentos como:
• conferir a identificação do paciente com o prontuário;
• orientar sobre o término da cirurgia;
• garantir a privacidade do paciente;
• verificar a frequência respiratória e a saturação de oxigênio;
• fazer a avaliação e a manutenção do nível respiratório (selecionar oxigenação);
• instalar nebulização com O2 úmido de acordo com a necessidade;
• fazer a manutenção das vias aéreas superiores (aspiração de secreções);
• ter um controle rigoroso dos sinais vitais;
• manter e observar infusões venosas e atentar para possíveis infiltrações e irritações cutâneas no 
local de inserção da agulha;
• aplicar índice de Aldrete e Kroulik;
• providenciar a sondagem nasogástrica, se necessária;
• preparar sondagem vesical (realizar manobras para o estímulo de diurese espontânea e/ou 
realizar cateterismo);
• fazer a observação, a manutenção, a avaliação e a troca dos curativos;
• cuidar do tratamento de lesões (preexistentes, recentes, incisão cirúrgica);
• controlar o débito de drenos abertos e fechados (inspeção do local de inserção);
• fazer a observação e a avaliação das respostas motoras e neurológicas;
• realizar a observação e efetuar medidas de prevenção de problemas relacionados às respostas 
hepáticas, gástricas e circulatórias; 
88
Unidade III
• observar e prestar cuidados diante de hemorragias ou sangramentos difusos;
• promover o cuidado intensivo a pacientes portadores de irrigação vesical contínua;
• cuidar da manutenção da integridade física e tegumentar (realizar breve inspeção física);
• promover proteção física para evitar lesões em nervos e músculos;
• atentar a queixas de desconforto (frio, calor etc.) e monitorar queixas de dor;
• realizar a coleta de amostras para exames;
• cuidar da administração de medicamentos prescritos;
• proporcionar assistência em situações de emergência;
• oferecer apoio psicológico;
• minimizar fatores de estresse evitando conversas desnecessárias que possam perturbar o paciente;
• aplicar a Saep, realizar anotações de todos os procedimentos e evoluir as condições do paciente;
• avaliar e implementar a alta do paciente da recuperação anestésica.
O período pós‑operatório imediato é crítico: paciente inconsciente, com diminuição dos reflexos 
protetores, sedado e sob efeitos de drogas. Vale lembrar que a observação deve ser constante até a 
completa recuperação, atendo‑se sobretudo a esses fatores:
• estabilidade hemodinâmica;
• frequência e amplitude respiratória normalizadas;
• saturação de O
2 nos limites normais;
• estabilidade da temperatura corporal;
• consciência mantida/recuperada.
8.2.1 Complicações pós‑operatórias e ações de enfermagem
Pacientes em recuperação anestésica podem apresentar alterações diversas, complicações que nem sempre 
podem ser previstas, mas que devem ser atendidas prontamente pelos profissionais que os assistem na unidade 
de recuperação anestésica. A seguir, descreveremos as principais complicações pós‑operatórias que o paciente 
pode apresentar, assim como o atendimento que deve ser dispensado para a sua pronta recuperação.
89
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
8.2.1.1 Dor pós‑operatória
Trata‑se de uma das formas mais prevalentes de dor aguda, podendo estar relacionada a afecções 
traumáticas, infecciosas ou inflamatórias, com expectativa de desaparecimento após a cura da lesão. 
Apesar de ser um sintoma, a Sociedade Americana da Dor, sediada em Chicago, Estados Unidos, 
considerou‑a o quinto sinal vital, pelo rigor exigido na sua avaliação e no seu registro (SOUZA, 2003). A 
seguir, apresentamos uma lista com alguns fatores relacionados à dor pós‑operatória:
• natureza e condução técnica da cirurgia;
• tempo de duração da cirurgia;
• orientação pré‑operatória e pós‑operatória (ansiedade);
• anestesia empregada;
• manipulação do paciente (posicionamento);
• resposta orgânica e sensitiva causada pelo procedimento invasivo;
• crenças e aspectos culturais.
Convém lembrar que o quadro álgico pode ser atenuado, acentuado ou perpetuado por variáveis 
biológicas (relacionadas às alterações do próprio organismo do paciente), psíquicas (relacionadas às 
alterações de percepção e manifestação psíquica do paciente) e socioculturais (relacionadas a valores 
sociais e culturais adquiridos durante sua vida).
Na dor do pós‑operatório (também chamada de dor aguda ou dor nociceptiva), o sistema analgésico 
endógeno (SAE) é acionado por estruturas suprassegmentares, corticais e da vida emocional (sistema 
límbico) por meio de neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e endorfina, liberados no 
tronco cerebral. O SAE interfere nas estruturas do corno da medula levando a uma modulação da dor.
A dor do pós‑operatório está relacionada à lesão tecidual e à resposta inflamatória que a acompanha. 
Nesse momento é sintetizada uma grande quantidade de substâncias algiogênicas (prostaglandinas, 
bradicininas e histaminas) que excitam as terminações nervosas livres, gerando o potencial de ação na 
fibra nociceptiva e transmitindo o impulso nervoso. O processo de transmissão dessas mensagens da 
periferia até a medula espinal é feito por fibras nervosas originadas de neurônios situados nos gânglios 
espinhais da cadeia paravertebral, as fibras A‑delta e C.
As fibras A‑delta e C estão presentes nas estruturas superficiais e profundas dos tegumentos, 
na parede das vísceras, dos vasos sanguíneos e dos músculos. Os nociceptores ligados às fibras C 
respondem a estimulação mecânica, térmica e química intensa; já os nociceptores ligados às fibras 
A‑delta respondem à estimulação mecânica e térmica intensa.
90
Unidade III
Com relação ao controle da dor na recuperação anestésica, cabe à assistência de enfermagem:
• realizar exame físico (enfatizando o local);
• identificar intensidade da dorpor meio de alguns fatores:
— escalas;
— respostas verbais;
— respostas comportamentais (choro, expressão facial, movimentos corporais);
— respostas neurovegetativas (alterações cardíacas vasculares e respiratórias).
A avaliação da dor na unidade de recuperação anestésica é de suma importância. Após a primeira 
hora, normalmente o paciente responde melhor, pois está mais desperto, conseguindo colaborar e 
interagir com a equipe. São sinais e sintomas da dor aos quais se deve atentar:
• agitação psicomotora;
• hipertensão;
• taquicardia;
• sudorese;
• taquipneia;
• ansiedade;
• náuseas e vômitos;
Nunca se pode subestimar a dor do paciente. É preciso avaliar constantemente seu estado e adequar, 
conforme o caso, o tratamento e os cuidados de enfermagem. Para isso, pode‑se lançar mão de:
• medicamentos (analgésicos, anti‑inflamatórios, opioides);
• apoio psicológico;
• conforto (coxins, travesseiros, massagem etc.);
• posicionamento adequado (auxiliar na mudança de decúbito).
91
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
As escalas de avaliação da dor têm por objetivo identificar a etiologia e compreender a intensidade 
da dor (subjetiva). São exemplos de escala para avaliação as escalas unidimensionais da dor e a escala 
de avaliação facial. Vejamos melhor cada uma delas.
Escalas de dor
Alguns exemplos de escalas de dor:
• Escala verbal numérica: pede‑se ao paciente que classifique sua dor de zero a dez, de acordo com 
a intensidade da sensação, com zero correspondendo à ausência de dor e dez à maior intensidade 
imaginável. Na prática, a nota dez seria virtual.
• Escala visual numérica: o fundamento aqui é o mesmo da escala anterior; 
a diferença é o acréscimo da escala concreta mostrada a seguir, na qual o 
doente indicará a intensidade de sua dor espacialmente com uma marca: 
0__1__2__3__4__5__6__7__8__9__10.
• Escala visual analógica: essa escala submete ao doente uma linha não graduada cujas extremidades 
correspondem a ausência de dor e pior dor possível.
A escala de avaliação facial consiste em outra forma de graduação da dor. Baseia‑se na avaliação 
comportamental do paciente por meio da chamada escala comportamental (EC). Ao comportamento 
álgico atribui‑se uma nota com base no relato do paciente sobre a intensidade de sua dor em função 
de suas atividades da vida diária. Trata‑se de uma escala mais elucidativa e que pode ser utilizada 
sobretudo para o caso de crianças ou adultos que precisem visualizar as feições dos desenhos para poder 
determinar o grau da dor que estão sentindo. Assim funciona a escala:
• nota zero: dor ausente ou sem dor;
• nota três: dor presente, havendo períodos em que é esquecida;
• nota seis: a dor não é esquecida, mas não impede que o paciente exerça atividades da vida diária;
• nota oito: a dor não é esquecida e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto alimentação 
e higiene;
• nota dez: a dor persiste mesmo em repouso, está sempre presente e não pode ser ignorada, 
tornando o repouso algo imperativo.
Figura 2 – Exemplo de imagens utilizáveis para a identificação do grau de dor do paciente
92
Unidade III
Como visto, muitas escalas podem ser utilizadas, cabendo, então, fazer a escolha de acordo com a 
padronização da unidade de cada centro cirúrgico.
 Saiba mais
Sobre a importância da avaliação da dor e as escalas, vale ler o 
seguinte artigo de Leonel Alves do Nascimento e Maria Clara Giorio 
Dutra Kreling:
NASCIMENTO, L. A.; KRELING, M. C. G. D. Avaliação da dor como quinto 
sinal vital: opinião de profissionais de enfermagem. Acta Paulista de 
Enfermagem, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 50‑54, 2011.
8.2.2 Soluços
Soluço é o nome dado ao espasmo inspiratório intermitente, com súbito fechamento da glote e 
contração do diafragma, com irritação do nervo frênico (entre a medula raquidiana e as ramificações 
terminais na superfície inferior do diafragma), resultando em um curto ruído inspiratório (som que 
resulta da vibração das cordas vocais fechadas quando o ar é eliminado subitamente dos pulmões, um 
áspero ic audível). As possíveis causas são:
• causa direta: irritação do nervo frênico, distensão estomacal, peritonite, abscesso diafragmático, 
distensão abdominal, pleurisia, tumor de tórax;
• causa indireta: toxemia e uremia;
• causa reflexa: irritação decorrente de tubo endotraqueal, exposição ao frio, ingestão de líquido 
muito quente ou muito frio e obstrução intestinal.
O soluço ocorre ocasionalmente após cirurgias abdominais (episódios moderados e transitórios) 
e costuma cessar espontaneamente ou com tratamento simples. No entanto, quando persiste, pode 
desencadear vômito, exaustão e deiscência da sutura (SMELTZER; BARE, 2002).
Com relação ao tratamento, são ações possíveis: 
• administração de fármacos (fenotiazinas, clorpromazina, benzedrina, barbitúricos);
• manutenção da oxigenação;
• administração de antieméticos;
• eliminação das causas de origem reflexa (se possível).
93
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
Os cuidados de enfermagem indicados nesse caso são:
• aquecer o paciente (manta térmica);
• administrar medicamentos conforme a prescrição;
• manter a oxigenação contínua;
• controlar os sinais vitais;
• realizar anotações de enfermagem;
• orientar e tranquilizar o paciente.
8.2.3 Náuseas e vômitos
Náusea é a sensação de desconforto ou enjoo gástrico, geralmente precedente do vômito, que é 
a ejeção forçada do conteúdo do estômago através da boca. Ambos são controlados pelo centro do 
vômito na medula.
Quando a vomição é estimulada, impulsos eferentes são enviados pelo nervo frênico, pelo nervo 
espinhal e pelos nervos cranianos para o estômago, o esôfago e o diafragma. A vomição também pode 
ser provocada por drogas (atuando na chamada zona quimiorreceptora do gatilho, ZQG) e por estímulos 
visuais, olfativos e corticais. A lista a seguir assinala as principais causas de náuseas e vômitos:
• ação direta dos anestésicos no centro do vômito;
• tipo de anestesia;
• acidose;
• distensão gástrica;
• hipoglicemia;
• hipóxia cerebral por hipotensão arterial;
• estimulação da orofaringe;
• ansiedade;
• dor intensa;
• fármacos utilizados;
94
Unidade III
• hipersensibilidade simpática;
• pós‑cirurgia intra‑abdominal;
• desidratação;
• cirurgia no ouvido médio;
• cirurgia na musculatura extrínseca do olho;
• ingestão de sangue, muco ou saliva abundante.
A náusea e o vômito podem trazer riscos no pós‑operatório, como o tensionamento dos pontos de 
incisão cirúrgica, a aspiração pulmonar e o aumento da pressão intracraniana (PIC) e ocular. Diante de 
tais perigos, depreende‑se que o tratamento mais efetivo é a prevenção.
Com relação à enfermagem, cabem os seguintes cuidados:
• manter o paciente em decúbito lateral (se possível), com a cabeça lateralizada;
• aspirar vias aéreas superiores; manter perviedade das vias aéreas superiores (VAS) e sondas;
• evitar mudanças súbitas de decúbito;
• manter a oxigenação;
• eliminar os fatores de estímulo do centro do vômito;
• monitorar os sinais vitais;
• tranquilizar o paciente que retorna à consciência;
• administrar medicações prescritas, analgésicos e antieméticos.
8.2.3.1 Antieméticos utilizados no pós‑operatório
Os antieméticos adotados no pós‑operatório são agrupados em:
• anticolinérgicos: atropina e escopolamina, que apresentam amônio quaternário na sua formulação 
e agem diretamente no centro do vômito;
• anti‑histamínicos: agentes antieméticos eficazes, que atuam no centro do vômito e nas vias 
vestibulares (como prometazina, dimenidrinato e hidroxizina); 
95
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• butirofenonas: atuam na ZQG e agem como antieméticos em razão de sua forte atividade 
antidopamina (como haloperidol e droperidol);
• antidopaminérgicos: não possuem ação anti‑histamínica e estimulam o sistema gastrointestinal 
(GI); aumentam o tônus do esfíncter esofágico inferior (EEI) e diminuem o tempo de esvaziamento 
gástrico, desenvolvendo atividade central e periférica (como metoclopramida).
• cloridrato diidratado(de ondansetrona): tem efeitos colaterais diminuídos, não causando sedação, 
hipotensão ou tremores.
8.2.4 Complicações respiratórias
As complicações respiratórias são as mais frequentes e mais sérias complicações que o paciente no 
pós‑operatório pode enfrentar. Elas são causadas por:
• efeitos depressivos dos anestésicos;
• doenças respiratórias preexistentes;
• broncoaspiração;
• imobilidade pós‑operatória prolongada;
• cânula endotraqueal;
• aumento da secreção na árvore brônquica;
• falhas no equipamento de anestesia ou falha humana.
As principais complicações respiratórias são discutidas na sequência.
8.2.4.1 Obstrução das vias aéreas superiores
Consequência de uma alteração nas propriedades mecânicas do pulmão, a obstrução das vias aéreas 
superiores é caracterizada pelo aumento do obstáculo na laringe e na traqueia, parcialmente reversível 
ao fluxo de ar expirado e inspirado. Os principais obstáculos são:
• queda da língua (relaxamento da mandíbula);
• laringoespasmo (estimulação na reversão anestésica);
• edema de glote (trauma, hipersensibilidade, entubação);
• corpo estranho (saliva, muco, vômito, sangue, dente etc.);
96
Unidade III
• tubo endotraqueal introduzido inadequadamente;
• insuflação excessiva do balonete/cuff do tubo.
Quadro 2 – Sinais e sintomas dos diferentes tipos de obstrução
Obstrução parcial Obstrução completa
Respiração dificultosa Ausência de ruídos respiratórios
Movimento abdominal e torácico desordenado Nenhum movimento de ar
Tosse, sibilos, estridor laríngeo Ausência de ruídos
Cianose Cianose e sinais de hipóxia
Batimentos de asa de nariz Disritmias e bradicardia
Inquietude, apreensão e agitação
8.2.4.2 Hipoventilação e hipoxemia
Chama‑se hipoventilação à ventilação alveolar anormalmente baixa, tanto em relação à absorção de 
oxigênio como à produção de gás carbônico. A hipoventilação pode ter duas consequências importantes: 
o aumento da pressão parcial do dióxido de carbono arterial (PACO2) e a redução do suprimento de 
oxigênio no sangue arterial (capilar ou venoso) ou da saturação de hemoglobina arterial, reduções essas 
conhecidas como hipoxemia arterial.
São causas de hipoventilação:
• depressão dos centros respiratórios em razão da administração de drogas anestésicas;
• acúmulo de secreção orotraqueal;
• alcalose metabólica;
• broncoespasmo;
• hipotermia;
• obesidade; 
• insuficiência cardíaca; 
• embolia pulmonar.
As ações indicadas para um caso de hipoventilação são as seguintes:
• aumentar a oferta de O2;
97
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• monitorar a PACO2;
• aspirar secreções orotraqueais (quando necessário);
• elevar o decúbito.
Já na hipoxemia, temos como causas:
• tremores e convulsões;
• hipertermia;
• hipoventilação;
• atelectasia.
As ações necessárias são:
• aumentar a oferta de O2;
• verificar circuitos do ventilador mecânico (falhas);
• administrar as medicações prescritas (digitálicos, vasopressores);
• colher a gasometria;
• solicitar ao paciente que respire profundamente;
• monitorar os sinais vitais.
8.2.4.3 Broncoespasmo
O broncoespasmo pode ser descrito como contrações da musculatura brônquica que acarretam 
sibilância, tosse, diminuição de saturação de O2, dispneia e chiados. Suas causas são: 
• irritação das VAS (secreção, tubo, conteúdo gástrico);
• reações anafiláticas (drogas ou transfusão).
Nessa situação, cabem as seguintes ações:
• administrar oxigênio e medicamentos prescritos (broncodilatadores, hidrocortisona);
• se o quadro persistir, será necessário providenciar materiais para entubação e ventilação mecânica.
98
Unidade III
8.2.4.4 Pneumotórax, hemotórax e hemopneumotórax
Pneumotórax é o acúmulo de ar na cavidade pleural, o que pode ocorrer espontaneamente pela 
ruptura de um alvéolo pulmonar ou por um trauma. Se houver apenas sangue na cavidade pleural, será 
chamado hemotórax, mas, se o sangramento for acompanhado dos traumatismos anteriormente citados, 
estaremos diante de um caso de hemopneumotórax. Veja a seguir as principais causas de pneumotórax:
• lesão pleural subsequente a cirurgia ou trauma;
• punção pleural acidental após bloqueio intercostal; 
• ruptura alveolar durante ventilação com pressão positiva intermitente.
Seus sinais e sintomas característicos são:
• dor torácica;
• dispneia;
• cianose;
• entrada de ar diminuída no lado afetado;
• pulso alternante.
A seguir, uma listagem com as ações cabíveis:
• preparar material para drenagem pleural;
• administrar oxigênio;
• posicionar o paciente em decúbito semissentado;
• tranquilizar o paciente;
• movimentar o paciente o menos possível.
8.2.5 Complicações cardiovasculares
8.2.5.1 Hipotensão arterial
Pode ser causada pelo uso de drogas anestésicas ou pelo próprio anestésico que leva a depressão 
miocárdica e consequente hipotensão. Pode também ocorrer devido a sangramentos ou transfusão 
incompatível (realizada no ato cirúrgico).
99
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
Atitudes a serem tomadas:
• verificar a PA a cada cinco minutos até haver estabilização;
• providenciar acesso venoso;
• manter a pressão arterial média (PAM) em níveis normais (medicações prescritas).
8.2.5.2 Hipertensão arterial
Pode ser causada por aumento de dor, bexigoma, hipoxemia, hipotermia, doença preexistente, 
transfusão sanguínea excessiva, depressão respiratória, cirurgias cardiovasculares ou drogas usadas durante 
a anestesia. O paciente pode apresentar cefaleia, alterações visuais, tonturas e mal‑estar generalizado.
Ações cabíveis:
• verificar a PA a cada cinco minutos até haver estabilização;
• providenciar acesso venoso;
• manter a PAM em níveis normais (medicações prescritas);
• aquecer o paciente.
8.2.6 Hemorragia
Trata‑se do decréscimo hipovolêmico provocado pela perda de sangue ou plasma. Pode ser classificada 
como externa ou interna. Nas hemorragias externas, o sangue é de cor vermelho‑viva e os ferimentos 
estão na superfície do corpo; já nas hemorragias internas, as características são mais variadas. Veja a 
seguir:
• hematêmese: vômito com sangue (escuro e digerido nas he morragias gástricas, e vermelho‑vivo 
nas hemorragias esofágicas);
• melena: expulsão de sangue pelo ânus, acompanhado ou não de fezes (neste caso, há sangue 
escuro e digerido; com a presença de fezes, essas são negras e pegajosas);
• hemoptise: sangue proveniente do aparelho respiratório (sangue de cor vermelho‑viva, com 
bolhas de ar, que lhe dão um aspecto espumoso);
• hematúria: presença de sangue de cor vermelho‑viva na urina; 
• hemorragia pós‑parto: perda de sangue vermelho‑vivo pela vagina, em quantidade bastante 
significativa, nas primeiras 48 horas depois do parto.
100
Unidade III
Outros tipos de hemorragia externa:
• hemorragia da mucosa nasal (epistaxe);
• hemorragia retal (enterorragia);
• hemorragia da mucosa oral.
A seguir estão listados os passos básicos válidos para o tratamento de todos os tipos de hemorragia:
• avisar o médico‑cirurgião e o médico anestesista; 
• aquecer o paciente, cobrindo‑o;
• mover com cuidado o paciente de acordo com a sua patologia, deixando‑o em posição confortável;
• não aplicar calor local;
• verificar se existe requisição de sangue para a cirurgia e quantas unidades foram preparadas no 
banco de san gue para o uso imediato na recuperação anestésica (caso não tenham sido usadas 
em sala de operação);
• realizar controles frequentes dos sinais vitais;
• usar luvas durante todo o procedimento;
• anotar as condutas adotadas;
• repor líquidos (EV) e sangue;
• tratar reações anafiláticas com adrenalina e anti‑histamínicos;
• não havendo contraindicação, posicionar o paciente em decúbito dorsal com os MMII elevados 
(aproximadamente a 20°);
• puncionar acesso venoso calibroso.
No caso de hemorragias externas, deve‑se:
• comprimir a região onde está o sangramento;
• fazer curativo compressivo (caso necessário e possível); 
• anotar as condutas adotadas.
101
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
Para hemorragias internas, convém:• colocar o paciente em decúbito dorsal;
• realizar exame físico direcionado;
• verificar os sinais vitais rigorosamente;
• administrar o tratamento segundo a prescrição médica; 
• fazer a coleta de amostras de sangue para exame;
• anotar todos os dados coletados durante o cuidado ao paciente na folha de anotações de 
enfermagem do prontuário.
8.2.6.1 Hemoptise
Na ocorrência de hemoptise, cabe ao enfermeiro:
• colocar o paciente semissentado elevando a cama, caso não haja contraindicação; 
• administrar oxigênio;
• administrar líquidos por via intravenosa;
• fazer sondagem nasogástrica, para aspiração do conteúdo gástrico;
• aspirar vias respiratórias;
• controlar a pressão venosa central;
• colher amostra de sangue para exame;
• solicitar as bolsas de sangue que estavam disponíveis para o paciente durante a intervenção 
cirúrgica ou pedir uma nova quantidade;
• observar a possível existência de dispneia ou cianose e o aparecimento de edemas;
• medir a quantidade de líquidos ingeridos e fazer o controle da diurese;
• administrar o tratamento segundo a prescrição médica;
• anotar todos os dados coletados durante o cuidado ao paciente na folha de anotações de 
enfermagem do prontuário.
102
Unidade III
8.2.6.2 Hemorragias da mucosa oral 
As hemorragias da mucosa oral são mais comuns em pacientes que foram submetidos a cirurgia oral 
ou a entubação para anestesia. O enfermeiro deve avaliar a mucosa, lavar a região com água estéril fria, 
posicionar o paciente em Fowler 30°, se possível, e fornecer recipiente para ele eliminar o sangue que 
está na boca. Sempre que necessário, aspirar a boca do paciente para ajudar a eliminar o sangramento/
hemorragia.
8.2.6.3 Epistaxe
Em caso de epistaxe, o enfermeiro deve:
• fazer leve pressão manual sobre as narinas (se possível);
• elevar a cabeça do paciente para evitar que ele engula o sangue;
• aplicar uma bolsa de gelo sobre a região (se não houver contraindicação).
8.2.7 Temperatura anormal
8.2.7.1 Hipotermia
A hipotermia causa:
• diminuição do volume intravascular;
• retardamento do metabolismo.
A termorregulação pode ser verificada pela presença dos seguintes sinais: 
• pele fria, pálida e seca; 
• tremores; 
• preenchimento capilar lento; 
• taquicardia; 
• leitos ungueais com cianose; 
• hipertensão; 
• piloereção associada a exposição prolongada ao frio. 
103
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
As ações de enfermagem cabíveis nesse contexto são:
• monitorar a temperatura corporal;
• remover a roupa umedecida;
• fornecer roupa de cama para aquecimento; 
• utilizar manta térmica ou colchão térmico.
8.2.7.2 Hipertermia
São características da hipertermia:
• infecção/sépsis; 
• processo hipermetabólico (hipertermia maligna).
As ações de enfermagem indicadas nesse quadro são:
• administrar medicação antipirética e iniciar antibioticoterapia imediata, conforme prescrição médica;
• aplicar compressas frias nas virilhas e axilas, caso haja febre persistente;
• monitorar exames laboratoriais – leucograma, hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb).
Hipertermia maligna
Hipertermia maligna é uma complicação grave que deve ser atendida prontamente quando 
manifestada. Ela é resultado da exposição do paciente a agentes halogenados, a anestésicos inalatórios e 
a succinilcolina. Pode levar a um distúrbio hipermetabólico do sistema musculoesquelético com alterações 
diversas dependendo do paciente e dos agentes desencadeantes. Acontece rapidamente uma hipercalcemia 
celular, que ativa as vias metabólicas — fator de ocorrência fisiopatológica relacionado ao evento.
• Manifestação:
— primeiras manifestações se dão ainda na sala de operação e outras na RA;
— distúrbio hipermetabólico nas células musculares esqueléticas que envolve mecanismos 
alterados do cálcio;
— taquipneia, hipóxia, acidose metabólica e respiratória, arritmias cardíacas, instabilidade 
hemodinâmica, rigidez muscular e elevação da temperatura corporal de um a dois graus a 
cada cinco minutos.
104
Unidade III
• Atendimento ao paciente:
— agir rapidamente: um fator determinante para a recuperação é o tempo reduzido de atendimento;
— interromper de imediato a administração de anestésicos voláteis e/ou succinilcolina; 
— hiperventilar o paciente;
— administrar 2mg/kg de dantrolene sódico IV (Dantrium);
– o dantrolene é um relaxante muscular esquelético que exerce efeito também sobre músculos 
cardíacos e vasculares, promovendo a transferência de cálcio para dentro do músculo 
sarcoplasmático;
– deve‑se diluir cada frasco/ampola com 20 mg de dantrolene e 3 mg de manitol em 60 ml 
de água estéril;
– é necessário manter, obrigatoriamente, um estoque mínimo de 36 frascos da droga na instituição;
— administrar bicarbonato de sódio IV conforme houver a diminuição do bicarbonato sérico;
— administrar NaCl 0,9% gelado para que haja resfriamento ativo em cavidades ainda abertas, 
fornecer ao paciente colchão térmico frio e distribuir gelo na superfície corporal (quando 
necessário e se a condição do paciente permitir);
— ter controle absoluto da temperatura.
Vale ressaltar que a hipertermia maligna passou a ser uma doença de notificação compulsória 
imediata no estado de São Paulo com a Resolução SS nº 59, de 22 de julho de 2004.
8.2.8 Choque hipovolêmico
O choque hipovolêmico é o estado de hipoperfusão tecidual caracterizado primariamente pela perda 
de volume circulante. Ele pode ser causado pela liberação de toxinas no trato gastrointestinal (TGI) 
pelo Vibrio cholerae, o bacilo da cólera. Essas toxinas, ao se ligarem aos receptores de sódio, causam o 
aumento da permeabilidade dos capilares e a liberação, por osmose, de água e cloro intracelulares, o 
que leva ao extravasamento de líquido plasmático e diarreias com hipersecreção de cloreto. O choque 
hipovolêmico pode ser classificado em hemorrágico e não hemorrágico:
• hemorrágico é aquele em que ocorre perda de sangue (como hemorragia digestiva alta e 
trauma abdominal);
• Não hemorrágico é aquele em que há perda de fluidos (como diarreia aguda, vômitos, queimaduras, 
perdas gastrointestinais e perdas para o terceiro espaço).
105
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
No caso do paciente que se submete a um tratamento cirúrgico, o maior risco de choque hipovolêmico 
está relacionado às perdas sanguíneas e hemorragias. 
São sinais e sintomas do choque hipovolêmico:
• queda da pressão arterial; 
• sudorese fria; 
• mucosas secas; 
• oligúria; 
• taquipneia e depressão do estado de consciência; 
• enchimento capilar lento;
• respiração rápida e superficial (no 1º momento, profunda e rápida);
• pulso periférico rápido e filiforme (fraco e irregular);
• pele úmida e fria (passando para pegajosa e úmida);
• palidez facial;
• débito urinário abaixo de 25 ml/h;
• PAM abaixo de 50 mm/Hg (sistólica abaixo de 80 mm/Hg);
• lábios e unhas cianóticas;
• depressão sensorial (confusão, estado comatoso).
Nesse caso, são indicados os seguintes cuidados de enfermagem:
• instalação de dois acessos intravenosos para administração simultânea de líquidos e derivados do sangue; 
• controle rigoroso da pressão arterial (PA);
• expansão volêmica com cristaloides, soluções hipertônicas e coloides;
• reposição do volume dos líquidos perdidos:
— sangue total (no choque hemorrágico);
106
Unidade III
— plasma e albumina humana (na perda de proteínas);
— soro fisiológico (SF) a 0,9% e Ringer simples ou lactato (para perda de água e eletrólitos ou 
para complementação da reprodução volêmica, enquanto se espera um líquido mais adequado 
para o caso);
— dextran, haemaccel e outros expansores plasmáticos (usados em substituição ao plasma ou à 
albumina ou mesmo ao SF a 0,9% em caso de necessidade de grande volume de reposição);
— líquidos que permaneçam dentro do compartimento intravascular, evitando, assim, 
a criação de deslocamento de líquidos do compartimento intravascular para o 
compartimento intracelular;
— Ringer lactato e cloreto de sódio são líquidos cristaloides e isotônicos que se deslocamlivremente 
entre os compartimentos líquidos do corpo, não permanecendo no sistema vascular;
— coloides como albumina e dextran a 6% (o dextran não é indicado se a causa do choque 
hipovolêmico for hemorragia, pois ele interfere na agregação plaquetária; a albumina expande 
rapidamente o volume plasmático, porém depende de doadores humanos);
• restauração da capacidade de transporte de oxigênio;
• preparo do paciente para cirurgia em caso de hemorragia persistente (como um trauma que 
requer correções cirúrgicas);
• administração de substâncias anti‑hemorrágicas prescritas pelo médico;
• administração de drogas vasoativas quando a reposição do volume no paciente não responder 
adequadamente; 
• controle e vigilância constantes do gotejamento das drogas vasoativas para a manutenção da PA 
em níveis aceitáveis.
PAM = P Sistólica + 2x P Diastólica 
 3
• manter vias aéreas respiratórias patentes; 
• administrar oxigênio;
• manter acesso venoso (dois acessos, Ringer e sangue);
• fazer infusão IV de SF ou Ringer lactato (expansor plasmático: aumenta o fluxo sanguíneo renal 
e o débito urinário);
107
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
• verificar sinais vitais (SSVV); se a pressão sistólica estiver abaixo de 80, há comprometimento da 
irrigação sanguínea das artérias coronárias, o que pode levar a isquemia, arritmia e baixo débito 
cardíaco;
• usar sonda vesical de demora (SVD) – controle do débito;
• colher gasometria arterial (pH baixo, PO2 reduzida e PCO2 aumentada);
• colher amostra de sangue para hemograma, eletrólitos e coagulação (normalmente apresenta 
hematócrito e hemoglobina baixos, contagem de plaquetas e hemácias baixa, e níveis séricos 
aumentados de K+, Na+, creatinina e ureia).
O enfermeiro e o anestesista devem aplicar a escala de Aldrete e Kroulik como forma de estabelecer 
os critérios de alta de cada caso, para que o paciente possa ser encaminhado ao seu destino, ou seja, à 
unidade de internação ou à alta hospitalar.
A escala de Aldrete e Kroulik avalia as principais alterações do paciente em recuperação da anestesia. 
O paciente somente deverá ser liberado da recuperação anestésica se a nota final for 9 ou 10 (nota 8 é 
relativa e deve ser avaliada pelo anestesista). A alta do paciente que está em recuperação anestésica é 
privativa do anestesiologista.
Quadro 3 – Escala de Aldrete e Kroulik
Atividade muscular
Movimenta os quatro membros 2
Movimenta dois membros 1
É incapaz de mover os membros voluntariamente ou sob comando 0
Respiração
É capaz de respirar profundamente ou de tossir livremente 2
Apresenta dispneia ou limitação da respiração 1
Tem apneia 0
Circulação
PA em 20% do nível pré‑anestésico 2
PA em 20% – 49% do nível pré‑anestésico 1
PA em 50% do nível pré‑anestésico 0
Consciência
Está lúcido e orientado em relação a tempo e espaço 2
Desperta, se solicitado 1
Não responde 0
Saturação de O2
É capaz de manter saturação de O2 maior que 92% respirando em ar 
ambiente 2
Necessita de O2 para manter saturação maior que 90% 1
Apresenta saturação de O2 menor que 90%, mesmo com suplementação 
de oxigênio 0
108
Unidade III
 Resumo
Nesta unidade conhecemos mais sobre os procedimentos realizados 
pelo profissional anestesista (também chamado de anestesiologista, 
uma especialização médica) e sobre os diferentes tipos de anestesia. O 
enfermeiro deve conhecer os princípios básicos que regem todo o ato 
anestésico‑cirúrgico, pois caberá a ele prestar os cuidados pós‑anestésicos 
ao paciente.
Também foram descritos as várias ações de enfermagem e os cuidados 
que o enfermeiro deve prestar ao paciente que já passou pelo procedimento 
anestésico‑cirúrgico e que se encontra em recuperação da anestesia.
Definimos as ações de enfermagem para atender as principais 
complicações pós‑operatórias e como se dá a avaliação para a alta do 
paciente da RA (recuperação anestésica) com a aplicação da escala de 
Aldrete e Kroulik.
Ao término da leitura deste livro‑texto, você terá adquirido informações 
relevantes e pertinentes à atuação como enfermeiro na unidade de centro 
cirúrgico, unidade complexa, que exige dedicação e conhecimentos 
específicos. Tais informações permitirão que você desenvolva seu trabalho 
de forma competente e eficaz. 
109
ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
MEDICINE‑1495707_960_720.JPEG. Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/
photo/2016/07/03/23/15/medicine‑1495707_960_720.jpg>. Acesso em: 29 mar. 2017.
Figura 2
Grupo UNIP‑Objetivo.
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portal.anvisa.gov.br/documents/33852/272166/Programa+Nacional+de+Preven%C3%A7%C3%A
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